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AULA 55 | ​Geografia com Rafael Gama

TEMA | ​Velha e Nova Ordem Mundial

1 - VELHA ORDEM MUNDIAL

GUERRA FRIA - MUNDO BIPOLAR

A cooperação dos Aliados possibilitou a derrota das forças do Eixo na Segunda Guerra
Mundial. Com a esperança de construir uma paz duradoura e evitar futuras guerras, os
líderes Aliados planejavam cooperar após a guerra. Mas as relações entre a União
Soviética e os outros países Aliados logo deterioraram, gerando uma nova era de
tensão mundial.

CONFERÊNCIA DE BRETTON WOODS

A ​Conferência de Bretton Woods​, realizada em julho de 1944, tinha como objetivo a


reconstrução da economia mundial. Quarenta e cinco países aliados se reuniram em
Bretton Woods, nos Estados Unidos, onde ficou acordado a criação de duas
organizações internacionais: o Banco Mundial (conhecido também como Banco
Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento - Bird) e o Fundo Monetário
Internacional​(FMI). Nessa reunião, também foi definido o novo padrão monetário
internacional: o ​dólar ouro​. O Banco Central Americano (o Federal Reserve - Board of
Governors of the Federal Reserve System) garantia uma paridade fixa de 35 dólares
por uma onça (31,1g) de ouro.
O dólar se consagrava como a nova moeda de reserva mundial, com livre circulação
no mundo. A Conferência de Bretton Woods marcou o início da dominância econômica
americana.

FIM DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Ao fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa Ocidental deixou de ser o centro de


poder no mundo. A França e a Inglaterra estavam enfraquecidas e a Itália, a Alemanha
e o Japão, derrotados. Surgia uma nova fase geopolítica e econômica no mundo: os
Estados Unidos e a União Soviética haviam se tornado as duas maiores potências.
Apesar de sua aliança contra a Alemanha nazista, as relações entre os dois países -
mesmo durante o conflito - haviam sido frias. De fato, ao final da Segunda Guerra
Mundial, as duas superpotências se encontravam em condições bastante diferentes.
Os Estados Unidos não sofreram a destruição das batalhas. O país era rico em
recursos naturais e liderava a agricultura e indústria mundial. O país também detinha
armas nucleares, ameaça militar poderosa contra outros países.
Já a União Soviética sofreu enormes perdas no decorrer da Segunda Guerra Mundial.
Quatro anos de terríveis batalhas custaram a vida de milhões de soviéticos. Ademais,
as regiões ocidentais do país foram destruídas e os soviéticos estavam determinados
a proteger suas fronteiras ocidentais de futuros invasores.
Stalin usou o poder militar para estabelecer governos comunistas títeres nos países
que seu exército havia ocupado: Polônia, Checoslováquia, Hungria, Romênia e
Bulgária. Esses países eram conhecidos como "satélites" da União Soviética. Na
Albânia e Iugoslávia, os comunistas também ganharam poder após a guerra. Todas
essas nações tornaram-se parte do bloco soviético. A União Soviética estava
expandindo seu território e sua influência - delineando o que seria chamado de bloco
socialista.
Os EUA saíram da Segunda Guerra Mundial como potência hegemônica no mundo
capitalista e estenderam seu comércio para quase todas as nações, ocupando o 1º
lugar na produção mundial, enquanto a URSS surgia como potência do bloco
comunista.
Ao final da Guerra, os Estados Unidos e a URSS entraram em uma disputa acirrada
pela hegemonia no globo. A política de hostilidades entre os Estados Unidos e a União
Soviética no pós-guerra é chamada de Guerra Fria. O termo Cortina de Ferro era
usado para descrever a barreira política entre o bloco soviético e o Ocidente.
A Guerra Fria se estendeu de 1947 até o final dos anos 1980, quando ocorreu a queda
do Muro de Berlim (1989), grande símbolo do bloco socialista. O Muro de Berlim
(Alemanha) era um muro que separava Berlim Ocidental (capitalista) de Berlim
Oriental (comunista). O Muro visava evitar a fuga de cidadãos da República
Democrática da Alemanha, Oriental e comunista, para o Ocidente democrata. A
derrubada do muro se tornou um símbolo da queda dos regimes comunistas.

INÍCIO DA GUERRA FRIA

Guerra Fria

O rompimento total entre as duas potências ocorreu em 1947, com o desenvolvimento


da ​Doutrina Truman​.
Em resposta às atividades da expansão soviética, o presidente norte-americano Harry
Truman anunciou uma nova política internacional, chamada de Doutrina Truman.
Falando ao Congresso em março de 1947, o presidente pediu o envio de ajuda militar
e econômica para Grécia e Turquia. Pediu, ainda, que os Estados Unidos ajudassem
qualquer país necessitando de apoio para resistir ao comunismo. A Doutrina Truman
tornou-se a base política da Guerra Fria, tendo como objetivo conter a expansão
comunista em outras nações do mundo.
A Doutrina Truman visava impedir o expansionismo soviético. Complementado a
Doutrina Truman, em junho de 1947, o Secretário de Estado George C. Marshall
anunciou um programa ambicioso para ajudar essas nações, denominado de ​Plano
Marshall​. Esse plano era uma ajuda econômica a todos os países europeus que
precisavam de auxilio para sua reconstrução. O objetivo do Plano Marshall era
consolidar o capitalismo e frear a influência da URSS e do comunismo.
O Plano Marshall foi oferecido a todos os países europeus, mas Stalin impediu que os
satélites soviéticos aceitassem a ajuda. Em 1949, a União Soviética lançou um plano
de cooperação entre os países da Cortina de Ferro, que foi chamado de Comecon
(Conselho para Assistência Econômica Mútua). Mesmo assim a economia da Europa
Oriental não cresceu tão rapidamente quanto a dos países da Europa Ocidental.

Guerra Fria - guerra ideológica e de expansão de áreas de influência, representando


dois sistemas socioeconômicos distintos: o socialismo e o capitalismo.

MUNDO BIPOLAR
O período da Guerra Fria foi marcado em termos geopolíticos e econômicos por um
domínio bipolar. De um lado o líder do capitalismo - os Estados Unidos - e de outro o
líder do comunismo - a União Soviética.
As duas potências buscavam ampliar as "zonas de influência" interferindo em assuntos
internos de outros países com recursos econômicos e militares.
O mundo vivia em tensão e medo de uma Terceira Guerra Mundial, mesmo sendo um
tanto improvável. Ambas as potência possuíam armamentos com poderes
devastadores de destruição, que causariam estragos em escala mundial e sem
vencedores.
Em 1949 foi criada a ​OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte​. Seu
objetivo era defender o mundo ocidental da ameaça soviética. A OTAN era
inicialmente composta pelos Estados Unidos, Canadá e vários países da Europa
Ocidental como a Bélgica, França, Grécia, Holanda, Itália, Luxemburgo, Noruega,
Portugal e Reino Unido, entre outros.
Em resposta à criação da OTAN, os soviéticos instituíram o ​Pacto de Varsóvia ​-
organização militar de países socialistas. Criado em 1955, o Pacto de Varsóvia era
composto pela União Soviética e pelos países socialistas do Leste Europeu. O tratado
estabeleceu um acordo similar ao da OTAN: compromisso de ajuda mútua entre os
países membros no caso de agressão militar.
No final dos anos 50, as duas superpotências desenvolveram muito seu arsenal
nuclear - criando o perigo da destruição total (que poderia ocorrer pela disputa das
regiões essenciais). O perigo de destruição levou a uma busca de diminuição das
tensões. Com a morte de Stalin (1953), surgiram lideranças e tendências na URSS,
que passaram a pregar a não necessidade da violência para atingir-se o socialismo, ou
seja, "a coexistência pacífica".
A tendência de distensão foi ameaçada no governo de John F. Kennedy (incidente da
Baía dos Porcos e os mísseis soviéticos em Cuba), mas que se resolveu pelo recuo de
Nikita Kruschev.
A maior aproximação deu-se nos primeiros anos da década de 70, quando Henry
Kissinger (secretário de Estado norte-americano) deu início à "détente", discutindo-se
pacificamente sobre os conflitos. No final de 1972, Richard Nixon tornou-se o primeiro
presidente norte-americano a visitar Moscou. Durante sua visita, ele e o líder soviético
Brezhnev assinaram o primeiro tratado SALT que limitava o número e tipo de mísseis
que cada nação poderia ter.
O presidente Ford (que assumiu após a renúncia do presidente Nixon) e o presidente
Carter continuaram com a política de détente iniciada por Nixon. Ainda assim, ações
soviéticas tomadas durante a presidência de Carter fomentaram o medo
norte-americano em relação à expansão soviética. Em 1979, tropas soviéticas
invadiram o Afeganistão. O presidente Carter reagiu a essa invasão decretando um
embargo sobre as vendas de grãos norte-americanos à União Soviética e pedindo um
boicote aos Jogos Olímpicos de Moscou de 1980.
Em novembro de 1989 ocorreu a ​queda do Muro de Berlim​, símbolo do final do
comunismo e com isso o final da Guerra Fria. Com o colapso da União Soviética
acabava a geopolítica do mundo bipolar. Surge então uma ​nova ordem mundia​l.

2 - NOVA ORDEM MUNDIAL

Uma ordem mundial diz respeito às configurações gerais das hierarquias de poder
existentes entre os países do mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se
a cada oscilação em seu contexto histórico. Portanto, ao falar de uma ​nova ordem
mundial​, estamos nos referindo ao atual contexto das relações políticas e econômicas
internacionais de poder.

Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais que dominavam e polarizavam
as relações de poder no globo: Estados Unidos e União Soviética. Essa ordem
mundial era notadamente marcada pelas corridas armamentista e espacial e pelas
disputas geopolíticas no que se refere ao grau de influência de cada uma no plano
internacional. Este era o ​mundo bipolar​.

A partir do final da década de 1980 e início dos anos 1990, mais especificamente após
a queda do Muro de Berlim e do esfacelamento da União Soviética, o mundo passou a
conhecer apenas uma grande potência econômica e, principalmente, militar: os EUA.
Analistas e cientistas políticos passaram a nomear a então ordem mundial vigente
como ​unipolar​.

Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns analistas enxergavam que tal
soberania pudesse não ser tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de
ser medida pelo poderio bélico e espacial de uma nação e passava a ser medida pelo
poderio político e econômico.

Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às sucessivas crescentes


econômicas da União Europeia e do Japão, apesar das crises que estas frentes de
poder sofreram no final dos anos 2000. De outro lado, também vêm sendo notáveis os
índices de crescimento econômico que colocaram a China como a segunda maior
nação do mundo em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por esse motivo, muitos
cientistas políticos passaram a denominar a Nova Ordem Mundial como ​mundo
multipolar​.
Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma nação que possua o poderio
bélico e nuclear dos EUA. Esse país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas,
seriam capazes de destruir todo o planeta várias vezes. A Rússia, grande herdeira do
império soviético, mesmo possuindo tecnologia nuclear e um elevado número de
armamentos, vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta de
investimentos na manutenção de seu arsenal, em razão das dificuldades econômicas
enfrentadas pelo país após a Guerra Fria.

É por esse motivo que a maior parte dos especialistas em Geopolítica e Relações
Internacionais, atualmente, nomeia a Nova Ordem Mundial como ​mundo
unimultipolar​. “Uni” no sentido militar, pois os Estados Unidos é líder incontestável.
“Multi” em razão das diversas crescentes econômicas de novos polos de poder,
sobretudo a União Europeia, o Japão e a China.

A Divisão do Mundo entre Norte e Sul

Durante a ordem geopolítica bipolar, o mundo era rotineiramente dividido entre leste e
oeste. O Oeste era a representação do Capitalismo liderado pelos EUA, enquanto o
Leste demarcava o mundo Socialista representado pela URSS. Essa divisão não era
necessariamente fiel aos critérios cartográficos, pois no Oeste havia nações socialistas
(a exemplo de Cuba) e no leste havia nações capitalistas.

Contudo, esse modelo ruiu. Atualmente, o mundo é dividido entre Norte e Sul, de
modo que no Norte encontram-se as nações desenvolvidas e, ao sul, encontram-se as
nações subdesenvolvidas ou emergentes. Tal divisão também segue os ditames da
Nova Ordem Mundial, em considerar preferencialmente os critérios econômicos em
detrimento do poderio bélico.

EXERCÍCIOS

1. (Enem) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que
tratava da moeda única européia. Leia a notícia destacada a seguir.

“O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a
partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais importante realização deste continente
nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das
Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética.
Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do
passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da
sociedade européia. A “Euroland”, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica,
Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um
PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de
consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este
cacife, o Euro vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.”

​Gazeta Mercantil, 30/12/1998

A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do passado” que pode ser


entendida como

a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em


dois blocos ideológicos opostos.
b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais,
com o intuito de exercer o controle ideológico no mundo.
c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização
ideológica da antiga URSS.
d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de
unificação das duas Alemanhas.
e) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas, com o conseqüente fim
da Guerra Fria entre EUA e a URSS.

2. Em uma análise das condições socioeconômicas e geopolíticas entre o mundo


bipolar e multipolar, podemos assinalar como INCORRETO:

a) ambos os termos referem-se às ordens mundiais de seus respectivos períodos


históricos.
b) a bipolaridade caracterizou-se pela oposição entre duas ideologias, ao passo
que na multipolaridade não há esse tipo de dualidade.
c) a queda do Muro de Berlim foi o principal marco histórico da substituição do
mundo multipolar pelo contexto bipolar.
d) a multipolaridade pauta-se na disputa econômica; a bipolaridade era marcada
pela corrida armamentista.

3.​ G-20 adota linha dura para combater crise

Grupo anuncia maior controle para o sistema financeiro

Cercada de expectativas, a reunião do G-20, grupo que congrega os países mais ricos
e os principais emergentes do mundo, chegou ao fim, em Londres, com o consenso da
necessidade de combate aos paraísos fiscais e da criação de novas regras de
fiscalização para o sistema financeiro. Além disso, os líderes concordaram, dentre
várias medidas, em injetar US$ 1,1 trilhão na economia para debelar a crise.

Adaptado de http://zerohora.clicrbs.com.br
A passagem da década de 1980 para a de 1990 ficou marcada como um momento
histórico no qual se esgotou um arranjo geopolítico e teve início uma nova ordem
política internacional, cuja configuração mais clara ainda está em andamento.

Conforme se observa na notícia, essa nova geopolítica possui a seguinte característica


marcante:

a) diminuição dos fluxos internacionais de capital


b) aumento do número de polos de poder mundial
c) redução das desigualdades sociais entre o Norte e o Sul
d) crescimento da probabilidade de conflitos entre países centrais e periféricos

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