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30/11/2022 16:36 Educação Contemporânea

Educação Contemporânea
Prof.ª Pamela de Almeida Resende

Descrição

A história contemporânea da educação como determinante das transformações sociais e suas influências
até os tempos atuais.

Propósito

Demonstrar que a história é um discurso do presente que olha para o passado para entender melhor as
dinâmicas de seu tempo. Com isso, você verá as inovações trazidas por essas iniciativas, sem perder de
vista os desafios de pensar a educação no contexto da globalização e das desigualdades sociais.

Objetivos

Módulo 1

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Educação no mundo contemporâneo


Identificar as transformações da educação no mundo contemporâneo.

Módulo 2

Educação a partir de modelos educacionais brasileiros

Comparar as perspectivas futuras da educação a partir de modelos educacionais brasileiros e de outros


países.

Módulo 3

Desafios da sociedade tecnológica na educação

Reconhecer como a história da educação nos prepara para os desafios da sociedade tecnológica.

meeting_room
Introdução
Tente por um segundo imaginar uma grande inovação tecnológica. No mundo contemporâneo, o que mais
emblematicamente mostraria um mundo em transformação? Durante séculos, homens usaram seus pés,
animais, carroças e barcos para se locomoverem. Até que o desenvolvimento de sistemas, máquinas com
engrenagens, vapor e caldeiras aceleraram o mundo. A velocidade mudou quando colocamos a máquina a
vapor nos caminhos marcados com ferro e dormente. O mundo ficou menor, mais veloz. A integração entre
as pessoas tornou-se cada vez mais rápida, as trocas de mercadorias e informações aceleraram.

Precisávamos aprender mais, ter novas possibilidades. O trem, que estampa a nossa imagem de abertura, é
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um ícone da sociedade contemporânea e seus avanços. Passamos a ser supervelozes, andar por baixo da
terra e até mesmo por baixo do mar. A metáfora do trem serve para toda a Era Contemporânea, carregada de
conhecimentos cada vez maiores, mais velozes e intensos. O trem da tecnologia é o trem do conhecimento
e da educação, que, sem dúvida alguma, marcou os séculos XIX, XX e XXI. Sigamos viagem!

1 - Educação no mundo contemporâneo


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as transformações da educação no
mundo contemporâneo.

Escola e a relação histórica


Neste módulo, você será apresentado ao mundo contemporâneo e sua relação com a história da educação,
para que as discussões não pareçam ter surgido de um momento para o outro.

Este é um dos grandes desafios da disciplina: tirar a face de algo cristalizado para mostrar que está viva e
presente. A história é um exercício de discurso, uma reflexão sobre o presente, só que o presente não existe

sem essa memória, sem a reflexão sobre o passado.


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A verdade depende do ponto de vista, das influências que você tem, das escolhas que você faz, pois a
verdade não é uma realidade indiscutível. Em especial, nas ciências humanas.

No vídeo a seguir, veremos como a verdade pode ser diferente de acordo com o ponto de vista de cada
pessoa.

video_library
Relação com a escola
Pessoas respondem como se sentem em relação ao período que passaram na escola, e o professor Rodrigo
Rainha comenta.

Provavelmente, você já ouviu dizer que determinada pessoa é alguém à frente do seu tempo. Mas será que
existe alguém que viva fora do seu próprio tempo? A resposta é não. Todos nós somos, sem exceção, frutos
da nossa própria época.

Talvez você esteja se perguntando: “Eu aprendi na escola que a Idade Contemporânea começou após a
Revolução Francesa, lá no século XVIII. Como é possível, então, que a gente ainda seja contemporâneo?”.

A razão é simples: a ideia de separar o tempo foi criada por pessoas que viviam seu próprio tempo. Elas não
tinham noção de como aquele momento seria chamado no futuro.

Dessa forma, o tempo foi dividido em:

Dessa forma, o tempo foi dividido em:

Pré-história História antiga História medieval

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A visão de tempo europeia visava exaltar o que eles entendiam como seu auge: do desenvolvimento da
escrita em áreas próximas ao Mediterrâneo — com gregos e romanos, incluindo as civilizações
reconhecidas como poderosas, como os egípcios —, passando por um período considerado pouco produtivo
para o homem — Idade Média —, quando retoma o seu caminho de crescimento, na Era Moderna, até atingir
o ápice, no início da Era Contemporânea.

Antes de falarmos mais sobre isso, faremos uma provocação:

E se o tempo fosse contado de outra forma?

Maias, astecas, chineses e muçulmanos, por exemplo, têm calendários bem diferentes, em formato circular
ou espiral.

alendário circulares ou em espiral


O tempo para a tradição cristã ocidental é sempre linear, com um início e um fim, mas há culturas marcadas por
modelos de tempo circular, em ciclos, principalmente as orientais.

Outra forma de contar o tempo tem relação com o modelo solar, muito usado no ocidente, e o lunar, que é
presente, por exemplo, nas culturas tupi e islâmica.

Calendário maia

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Calendário chinês

Calendário asteca

Calendário muçulmano
Como vimos, a vitória da visão europeia construiu o conceito de um calendário, uma vivência e,
consequentemente, um mundo ocidental. Dessa forma, em sua divisão do tempo, tudo o que estava após o
seu auge passa a ser chamado de contemporaneidade. Em outras palavras, essas divisões cronológicas da
história foram pautadas pelos acontecimentos ocorridos na Europa e por sua forma de pensar os
acontecimentos históricos, ou seja, a história da humanidade ficou restrita, durante muito tempo, às
definições dos historiadores europeus.

A história contemporânea
Agora que já entendemos a história como um fenômeno ativo, dinâmico e, sobretudo, presente, que não é
apenas um amontoado de fatos e pessoas do passado, daremos o próximo passo. Se alguém lhe perguntar

em qual século estamos neste momento, a resposta é simples: século XXI! Se a mesma pessoa disser que
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nós somos contemporâneos dos homens e das mulheres que viveram no século XIX, por exemplo, você
saberia responder o que isso significa?

A contemporaneidade nada mais é do que a ideia de estar em seu próprio tempo. Estar no seu tempo é
perceber que a história é viva. Alguns dizem que é a recuperação da imagem de Cronos — dos gregos — e o
tempo que engole seus filhos. Mas, aqui, no nosso cronotopo, ele é constantemente recriado.

O que chamamos de contemporaneidade em história é a junção de dois grandes eventos europeus:

ronos
Titã grego, pai dos deuses gregos, Zeus, Poseidon e Hades. Em grego, cronos significa tempo.

ronotopo
Formas de ver e interpretar o tempo em sua sociedade.

Revolução Francesa

Nome dado ao levante da burguesia contra a nobreza e a Igreja no final do século XVIII. Seu principal
resultado é a mudança dos regimes políticos, com impactos no mundo inteiro.
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Revolução Industrial
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Fenômeno inglês do século XVIII. Desenvolvimento do uso de maquinário. No início, baseado em


máquinas a vapor e carvão mineral, e o foco era a indústria têxtil. Depois, com os transportes e a
mudança de todo o regime econômico.

A contemporaneidade é nosso tempo, nossa era. Ela começa com uma leve aceleração, mas, ao longo do
século XX, a velocidade só aumentou, e o fim do século também trouxe muitas mudanças:

As Revoluções Industriais mudam economicamente o mundo, criando novos padrões comerciais,


sedimentando o capitalismo que dominaria o século XX, além da mudança dos modelos políticos, com a
ascensão de repúblicas, democracias e federações.

O resultado da mudança é um incremento de trocas comerciais em todo o planeta e disputas intensas por
mercados, que fomentaram conflitos mundiais fortes, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, e ajudaram
a consolidar novas potências, como França, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética.

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Após os conflitos mundiais, as guerras não cessaram, mas se tornaram mais locais, dentro de novas
modalidades de comércio e disputa por hegemonia política, econômica e militar entre União Soviética,
socialista, e Estados Unidos, representando os interesses do capitalismo. A partir do início da Guerra Fria,
em 1947, o mundo se viu numa constante polarização ideológica entre as duas potências.

O Muro de Berlim cai em 1989, marcando o fim da Guerra Fria. Mais do que isso, consolida-se a ideia de
globalização e trocas comerciais que se materializam em todo o mundo.

As guerras não cessaram e continuaram definindo nosso cotidiano. Alguns exemplos de conflitos são:
Guerra do Golfo, Guerra do Iraque, Guerra da Síria, conflitos nos Balcãs, na África e na América Latina,
além da presença do terrorismo.

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A tecnologia é o grande marco, levando-nos à Era da Informação, com microcomputadores, redes de


internet, multiplicação de mídias e difusão de informações.

Por que estamos falando de tudo isso?

Para chamar sua atenção para o fato de que a compreensão europeia da história e da divisão do tempo
também esteve presente de forma marcante na maneira de fazer e pensar a educação. Essas ideias não
estão soltas ou desconectadas no tempo e no espaço.

A educação contemporânea é fruto de uma grande expansão das características da educação européia. Já
reparou como a escola vem mudando?

Será que mudou mesmo? Repare abaixo os modelos que herdamos dos europeus e como elas modernizam,
mas o formato é sempre muito parecido.

Shutterstock.com

Shutterstock.com
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As matérias que nós costumamos estudar, a implementação de linhas educacionais adotadas nas escolas,
as formas de construir a pedagogia e a didática e suas principais teorias: tudo isso foi produzido por
europeus ou intelectuais influenciados pelo pensamento eurocêntrico.

É claro que o mundo já mudou muito, que não seguimos mais cegamente o modelo europeu, pois cada país
tem buscado desenvolver novas formas de pensar, de educar, de aproximar as pessoas de sua forma de ver
o mundo. Sempre houve sociedades que resistiram mais a essa influência, como o mundo muçulmano, mas
também é inegável que os anos de dominação econômica europeia, depois expandida pela continuidade da
dominação estadunidense, marcaram o mundo.

A noção de mundo ocidental contemporâneo é um processo de expansão de valores europeus.

ensamento eurocêntrico
Voltado para o ponto de vista da Europa como centro do pensamento mundial. Um excelente exemplo é o modo
como os mapas mundi ainda são apresentados, com Greenwich, na Inglaterra, como o meridiano zero.

Esse impacto está vivo na educação.

Modelos pedagógicos europeus na realidade brasileira


A seguir, notaremos a quantidade de modelos pedagógicos europeus incorporados à realidade brasileira dos
últimos anos.

Atualmente, o mundo inteiro tende a dividir o processo de formação em:

school
Formação voltada às crianças

school
Formação voltada aos jovens

school
Formação voltada aos adultos
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Formação voltada aos adultos
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Não restam dúvidas de que o eurocentrismo, que marcava isoladamente a nossa cultura nas últimas
décadas, de 1980 em diante, sofreu a influência de novos fenômenos: a globalização, com maior integração
tecnológica, política e econômica, e o encurtamento de distâncias favoreceu esse movimento. Mas qual é a
origem desse modelo?

Podemos dizer que, atualmente, o mundo inteiro tem adotado uma educação mais técnica. Esse modelo é
bastante antigo, veio do grande movimento das industrializações, quando precisavam preparar funcionários
para assumir cargos e funções técnicas. Os primeiros eram empiristas, olhavam, tentavam, erravam e
acertavam, e, se acertavam mais do que erravam, viravam grandes técnicos, e passavam a treinar e formar
aqueles que os substituiriam.

Atente para o fato de que o capitalismo (conceito econômico adotado para quando as relações econômicas
passaram a ser fundamentadas em lastros financeiros) transformou a educação em um bem para o
trabalhador. Acreditava-se que as nações só iriam se desenvolver plenamente nesse novo urbano com a
formação de mão de obra mais qualificada.

lobalização
Globalização é um contexto criado para definir o conjunto de movimentos vividos ao fim da Guerra Fria. Nesse
contexto, a ideia de velocidade da informação, de troca política e comercial acelerada, passou a marcar
interações que nunca existiram. O sentido original de aldeia global foi substituído por mundo integrado pela
tecnologia da informação. Hoje em dia, o termo é utilizado como sinônimo das dinâmicas sociais entendidas
como pós-modernas.

mpiristas
Toda doutrina (especialmente as dos ingleses Locke e Hume) para a qual o conhecimento só pode ser
alcançado mediante a experiência sensorial, opondo-se assim a todo racionalismo e a toda transcendência
metafísica.

Não significa que o modelo pedagógico é tecnicista, mas sim que a formação é de
especialista, isto é, sujeitos que assumem como técnicos em uma função.

Durante o período da Primeira e da Segunda Guerra Mundial — entre 1914 e 1945 —, a educação passa a
ganhar um novo papel: atender aos anseios nacionalistas.

Saiba mais

Fascistas e nazistas apostavam no papel da educação como um importante instrumento de convencimento


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das massas, trabalhando de maneira incisiva a ideia de que o jovem precisava estar integrado à noção de
país, civilidade e nacionalismo. Tais valores deveriam ser estimulados e mantidos na escola.

Do lado da URSS e de seus signatários, a educação também era fomentada. Ali, seu papel era afastar os
jovens dos valores tradicionais da sociedade — entendidos como atrasados — para que atendessem aos
anseios do partido e da ideologia norteadora.

Uma reflexão interessante é notar que a educação se tornou vital para os governos como estratégia política.
Perceba que até mesmo regimes bem diferentes tinham uma coisa em comum: viam a educação como algo
vital. Repare:

Socialistas
Formar para atender aos anseios da sociedade e do governo.

Fascistas/nazistas
Formar para despertar paixão, ordem e respeito pela nação.

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Capitalistas
Formar para o mundo do trabalho.

Essas influências se espalharam pelo mundo e não devem ser entendidas de forma fechada, mas de uma
maneira dinâmica e com constantes adaptações.

Em outras palavras, será que isso é engessado e cada um faz de um jeito? Claro que não. Percebemos que a
educação se tornou um bem, um objeto governamental, parte do mundo do trabalho, uma marca do mundo
contemporâneo.

video_library
Valor da educação na história
Confira a fala do professor doutor Francisco Carlos Teixeira sobre o valor da educação na história recente do
Brasil, para entendermos melhor a educação em transformação com foco em nosso país.

Tendência: o mundo em contestação


A educação, ao mesmo tempo em que representa diálogo com o governo e manutenção da ordem, também
pode ser a base da luta contra determinadas estruturas políticas. É isso que visamos apresentar com as
tendências.

Com a Guerra Fria, eclodiu uma série de guerras locais na África, na Ásia e na América Latina. Entre as
décadas de 1950 e 1960, o mundo assistiu ao surgimento de movimentos de contestação da ordem política.
Toda essa efervescência também se fez sentir no campo educacional.

Vamos conhecer alguns desses movimentos e algumas das imagens que ficaram marcadas na história
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como símbolos dos importantes movimentos que influenciaram a educação.

Levante de Paris
Um dos movimentos mais famosos é o Levante de Paris. Em maio de 1968, os estudantes parisienses se
levantaram contra as formas tradicionais de ensino. Os temas abordados eram, em especial, o modo como
as academias de ciências sociais e economia davam base a novas formas de pensar, visando a uma nova
forma de fazer a educação.

O movimento também recebeu apoio dos trabalhadores e teve como marco a proposta de uma universidade
popular para abrir espaço para novos segmentos na educação universitária.

Barricadas em Bordeaux, em maio de 1968.

Estudantes franceses no protesto de maio de 1968.

Movimentos sociais – direitos civis


Provavelmente você já deve ter assistido a algum filme em que pessoas negras, nos Estados Unidos, não
podiam frequentar os mesmos espaços públicos que pessoas brancas. As leis de segregação racial

deixaram marcas que são sentidas até hoje na sociedade norte-americana. Mas, sobretudo após os anos
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1950, foram muitos os ativistas que lutaram e se insurgiram contra essas leis.

O pastor protestante Martin Luther King foi uma dessas personalidades que passaram a denunciar os
graves crimes que atingiam a população negra. Além dele, destacam-se Malcom X, líder da luta contra a
opressão e o racismo, e a resistente e silenciosa luta de Rosa Parks.

A educação também foi atingida em cheio pelas leis de segregação racial, já que existiam escolas
separadas para pessoas negras e brancas. Todos esses líderes foram formados em tais espaços.

Em uma das imagens abaixo podemos ver a pequena Ruby Bridges, em 1960, em Nova Orleans, sendo
escoltada por oficiais para ter o direito de frequentar uma escola, por meio de mandado judicial. Sobre a
relação entre os direitos civis e a educação, também podemos falar de Linda Brown.

O ativista judeu Joseph L. Rauh Jr. marchando ao lado de Martin Luther King durante um protesto em 1963.

Ruby Bridges, em 1960, em Nova Orleans, sendo escoltada por oficiais para ter o direito de frequentar uma escola.

Protesto da Praça da Paz Celestial


Durante a organização do modelo comunista na China, intelectuais foram perseguidos. No entanto, com a
chegada de Deng Chao Pin ao poder, o modelo chinês assumiu características reformistas.

Nesse contexto, Yaobang chega ao governo. As medidas políticas passaram a afastar os líderes mais
radicais do reformismo, e o secretário-geral foi afastado. Os estudantes iniciam um movimento lento de

ocupação da Praça Tian'anmen para pressionar o governo a desistir de suas ações. Liderados por
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estudantes, os protestos foram ganhando simpatizantes até a ocupação do local e a decisão do governo de
impor lei marcial contra os protestos.

Esse movimento, apesar de ter sido registrado pelas câmeras do mundo inteiro, foi negado pela China em
diversos momentos de sua história. Isso mostra que, mesmo em regimes diversos, como o chinês, a
educação e os estudantes são vistos como uma forma de negação ao poder estabelecido.

Tian'anmen em 1989. A manifestação estudantil foi dissolvida pelos militares, matando entre 200 e 2 mil pessoas.

O que destacamos aqui é a contradição central da educação contemporânea: seu crescimento é uma ação e
responsabilidade de Estados; no entanto, ela está envolta em projetos políticos e econômicos em que pode
funcionar como negação, libertação e crítica ao cotidiano social.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A relação entre contexto histórico e educação pode ser percebida quando observamos a questão da
industrialização, pois

A os modelos de divisão do trabalho se relacionam às divisões e às escalas educacionais.

B as escolas se organizam no século XX aos moldes das fábricas e do mundo do trabalho.

a educação passa a ser um capital passível de ser adaptado e instrumentalizado para as


C
empresas.

D os trabalhadores da educação lhes ofertam a possibilidade de lutar contra o sistema.


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E as fábricas eram quem organizavam as escolas para os filhos dos funcionários.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A Revolução Industrial é o fenômeno central, mas precisamos perceber a relação entre a mudança da
educação e esse fenômeno. Historicamente, todas as relações descritas nas alternativas acontecem
em alguma medida. No entanto, como relação direta entre contexto histórico e educação, o fenômeno
correto é a letra C, pois, a partir da industrialização, temos uma verdadeira explosão das fronteiras
educacionais para que trabalhadores possam atingir as fábricas.

Questão 2

A história da educação serve para perceber que não existe um passado inquestionável. Por exemplo: a
educação estadunidense era apresentada como modelo no Brasil pelo ideal tecnicista. No entanto,
aparece como algo atrasado e crítico durante a crise dos direitos civis. A relação entre direitos civis e
história da educação pode ser compreendida a partir

A do discurso de Martin Luther King sobre igualdade em Washington.

B da resistência de Rosa Parks ao se levantar da área segregada do ônibus.

C do levante da Praça da Paz Celestial contra a corrupção do governo.

D da luta pelo fim da segregação e ação na justiça movida por Linda Brown.

E da revolta cubana em prol do socialismo contra a imposição americana.

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Parabéns! A alternativa D está correta.

Todas as opções têm relação com o contexto, mas a referência específica à história da educação pela
ruptura que representa no sistema americano está representada por Linda Brown.

2 - Educação a partir de modelos educacionais


brasileiros
Ao final deste módulo, você será capaz de comparar as perspectivas futuras da educação a
partir de modelos educacionais brasileiros e de outros países.

Contexto histórico mundial


Ao nos debruçarmos sobre os modelos e as estratégias pedagógicas adotadas no Brasil e no mundo nas
últimas décadas, notamos que muita coisa mudou para melhor. Isso significa que o trabalho está terminado
e que o Brasil pode ser considerado um modelo quando o assunto é educação?

Provavelmente não. Embora a Constituição de 1988 determine que se trata de um direito inalienável, o Brasil
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ainda conta com altas taxas de analfabetismo, evasão escolar, falta de infraestrutura etc. Precisamos
caminhar bastante para chegar a um patamar em que a educação de qualidade seja considerada um direito
de todos.

Uma das vantagens do encurtamento de distâncias promovido pelo processo de globalização em curso é
pensar como podemos aprender com outros modelos ao redor do mundo. E ensinar também. Por isso, este
módulo é um convite para pensarmos a educação brasileira contemporânea inserida em um contexto mais
global de iniciativas. Afinal de contas, uma das grandes características do mundo em que vivemos é
justamente a construção de redes que interligam pessoas e ideias. Sem dúvidas, a internet é um fator
fundamental nesse processo.

O Brasil está inserido no contexto mundial, ou seja, todas as principais mudanças que acontecem no mundo,
de alguma forma, chegam até nós.

Veja a linha do tempo do Brasil:

1989 1910 1930

Torna-se República. Brasil inicia seu processo de “Revolução” – chegada de


urbanização. Vargas ao poder.

Vejamos agora também a linha do tempo do mundo:

1789 1850 - 1900 1914 - 1918

Revolução Francesa. Imperialismo (domínio de Primeira Guerra Mundial.


África e Ásia).

Documentos importantes para educação


Qual é o grande ícone de “mundialização” da educação contemporânea? Sem dúvida, podemos indicar dois
documentos:

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Declaração Universal dos Direitos Humanos

No ano de 1948, no contexto do final da Segunda Guerra Mundial, foi aprovada a Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Naquele momento, o mundo teve conhecimento dos campos de concentração
(nazistas e soviéticos), responsáveis pela morte de milhões de pessoas. Assim, essa declaração nasceu
como uma forma de negar a guerra e todas as formas de violência. Outro ponto de destaque presente na
declaração é justamente a ideia que toda pessoa tem direito à educação.

Declaração Universal do Direito das Crianças

Essa declaração representa o reconhecimento da criança como um ente com os mesmos direitos, mas
com especificidades. O direito ao cuidado, ao desenvolvimento, à proteção e à segurança acabam criando
um pacto mundial nesse sentido. Alguns países, no entanto, demoraram a ser signatários desses
documentos. O Brasil só reconheceu e transformou seus fundamentos em lei em 1988, com a
Constituição Cidadã.

A despeito do proposto, veja estes números:

Mais de 100 milhões de crianças não têm acesso ao ensino primário.

Mais de 960 milhões de adultos são analfabetos, e o analfabetismo funcional ainda é um problema
significativo em países industrializados ou em desenvolvimento.
Cerca de 2,5 bilhões no mundo não têm acesso ao conhecimento impresso e às novas habilidades e
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tecnologias, que poderiam melhorar a qualidade de vida e ajudá-los a perceber e a adaptar-se às


mudanças sociais e culturais.

Mais de 100 milhões de crianças e adultos não conseguem concluir o ciclo básico. Além disso, milhões
de pessoas, apesar de concluí-lo, não adquirem conhecimentos e habilidades essenciais.

De 1988 para cá, houve muitas discussões, resultando em:

menu_book
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

gavel
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB)

article
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
Ainda, foram escritos outros documentos que pensavam a formação do professor, a estrutura das escolas,
entre outros. Mas qual é o resultado? Como podemos pensar a contemporaneidade em termos de
educação?

Como é possível imaginar, os desafios para melhorar os índices educacionais estão presentes no mundo
inteiro, não apenas no Brasil. Dessa forma, com o aprofundamento do processo de globalização, cada vez
mais presenciamos a necessidade de uma reflexão conjunta sobre como alcançar a justiça social e a
convivência harmoniosa entre os povos.

A solução para tornar a educação uma linguagem universal pode ser a cooperação internacional entre os
países, já que é um problema de todos.

As ações praticadas pela Unesco, por exemplo, têm essa perspectiva: contribuir para o estabelecimento da

paz entre os povos, a erradicação da pobreza, o desenvolvimento de políticas públicas para a educação, o
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estímulo à diversidade cultural etc.

nesco
A Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco) foi criada em 1945 e conta com 195
países membros.

Podemos perceber até aqui que desafio é a palavra-chave para todos aqueles que assumem a educação,
profissionalmente ou não, como algo com grande relevância na vida das pessoas. É nesse mesmo contexto
de desafios a serem enfrentados que somos levados a percebê-los também como perspectivas e
oportunidades.

Na impossibilidade de levantar todas as propostas e ações educativas da educação contemporânea,


destacamos aquelas que, de alguma forma, não somente estão ou podem estar relacionadas à reflexão
necessária sobre a educação que somos convidados a fazer cotidianamente, mas que afetam a prática
educativa que temos ou podemos ter nas próximas décadas.

Educação: um tesouro a descobrir


Tomemos como ponto de partida o documento Educação: um tesouro a descobrir, relatório para a Unesco
da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI. Esse relatório, publicado em 1996, foi
solicitado à equipe de educadores de várias partes do mundo, liderada por Jacques Delors, para que
pudesse refletir os caminhos da educação nos países ligados à ONU.

Esse documento influenciou de forma intensa e definitiva os rumos da educação, reforçando ou


questionando ações já realizadas e propondo novas ações a fim de alcançar seus objetivos. Este, aliás, é um
ponto de convergência: o mundo precisa dialogar aos moldes dos congressos que levaram à formação do
documento. A educação deve considerar o indivíduo, mas ainda é pensada como um fenômeno social.

No documento, Delors traz o conceito de que a educação é baseada em quatro pilares:

Juntos, esses pilares servem de base para a transmissão da informação e da comunicação adaptada à
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sociedade. Veremos um pouco mais sobre esse assunto no vídeo a seguir.

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Os pilares de Delors
O professor Rodrigo Rainha nos convida a conhecer os pilares de Delors a partir da prática de educadores
da cidade de São Paulo, vencedores do Prêmio Territórios Educativos.

Base Nacional Comum Curricular


Um importante passo para a educação brasileira foi a preparação e publicação da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Pelo menos dois aspectos são fundamentais para compreendermos melhor a
importância da BNCC:

Foi pensada na esteira da LDB/96, dos PCNs e das DCNEBs, portanto faz sentido pensar todos esses
documentos conjuntamente, como se um auxiliasse e completasse o outro.

É mais do que um documento que estabelece como, quando e por que determinados conteúdos serão
ensinados. Assim, o que importa é construir um projeto educacional que contemple todas as dimensões
do desenvolvimento humano, como os aspectos cognitivo e socioemocional, o desenvolvimento físico,
cultural etc. A ideia é que o aluno consiga aplicar o conhecimento aprendido no seu cotidiano. O objetivo
é formar o indivíduo para a vida cidadã, por meio da transmissão de valores que permitam a boa
convivência social.

Nesse sentido, o projeto político-pedagógico de cada escola ganha destaque no cenário, pois será preciso
que toda comunidade seja reunida para discutir, refletir e planejar os rumos do processo de ensino-
aprendizagem. Os professores também terão a incumbência de elaborar seus planos de aula de acordo com
a BNCC. Outro ponto importante a ser destacado é que a BNCC não é uma medida vinculada a determinado

governo ou partido. Ela é uma política de Estado, prevista no Plano Nacional de Educação, na LDB/96 e na
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Constituição de 1988.

Competências na Base Nacional Comum Curricular


A palavra-chave da Base Nacional Comum Curricular é competências. Na introdução da BNCC, temos a
seguinte definição de competência:

[...] mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas


cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas
da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.

(BRASIL, 2018, p. 8)

Percebeu que aqui aparecem novamente, assim como está nos PCNs, a importância das três dimensões da
condição humana: estudo, cidadania e trabalho?

A BNCC propõe o desenvolvimento de dez competências distribuídas nas disciplinas curriculares e que
devem, por meio do desenvolvimento das diversas habilidades, serem respondidas pelas atitudes concretas
do aluno em todos os locais de sua convivência.

Ao longo da educação básica, as aprendizagens essenciais definidas na BNCC devem concorrer para
assegurar aos estudantes o desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito
pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento. Assim, cada área do conhecimento tem
competências específicas que foram traçadas a partir das dez competências gerais. As competências
específicas devem influenciar diretamente as habilidades que se pretendem formar ao estudar os
componentes curriculares.

Mas quais são essas dez competências gerais? Vamos conferir!

Competências gerais – BNCC

Confira as dez Competências Gerais da Educação Básica (Ensinos Infantil, Fundamental e Médio) (BRASIL,
2018, p. 9-10):

1. Conhecimento - Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,


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social, cultural e digital


para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a
construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

2. Pensamento científico, crítico e criativo - Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem


própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções
(inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.

3. Senso estético - Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais
para
fruir e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.

4. Comunicação - Utilizar diferentes linguagens — verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),
corporal, visual, sonora e digital —, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e
científica para expressar-se e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes
contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.

5. Argumentação - Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma


crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para
comunicar-se, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

6. Cultura digital - Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e


experiências para entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao
exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

7. Autogestão - Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8. Autoconhecimento e autocuidado - Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional


para compreender-se na diversidade humana e reconhecer suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.

9. Empatia e cooperação - Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação para


fazer-se respeitar e promover o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, suas identidades, culturas e
potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.

10. Autonomia - Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação para tomar decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis
e solidários.

Agora veja quais são as cinco áreas de conhecimento, de acordo com o Parecer CNE/CEB nº 11/2010:
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Linguagem (língua portuguesa, arte, educação fisica e língua inglesa)

Matemática

Ciências da natureza

Ciências humanas (geografia e história)

Ensino religioso

As competências previstas devem ser desenvolvidas nas atividades que serão realizadas nas salas de aula.
Dessa forma, haverá uma sintonia entre o que se espera alcançar a longo prazo e a curto prazo. Por isso, a
BNCC aponta os eixos estruturantes das práticas pedagógicas e as competências gerais da educação
básica. Todas as competências são igualmente importantes.

Desenvolvimento histórico de diretrizes educacionais

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Desafios propostos pela BNCC
O professor Francisco Carlos nos convida a pensar sobre a tradição curricular brasileira e os desafios que
estão sendo propostos pela BNCC.

Por se tratar de um documento novo, as diretrizes da BNCC podem parecer, em um primeiro momento, algo
muito difícil de ser implementado e realizado. A mudança de hábitos não é um processo fácil, sobretudo
quando envolve tantas pessoas ao mesmo tempo, não é mesmo? Mas o importante é dar o passo inicial!
Para os professores, é fundamental ler a BNCC em sua totalidade para pensar como introduzir as mudanças
no contexto da sala de aula. Os desafios são muitos, e a renovação passa por toda a comunidade escolar.

Para entendermos melhor, veremos uma linha do tempo começando na Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº
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9394/96) e finalizando na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

1996

Lei nº 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases.

1997

Parâmetros Curriculares Nacionais (primeiras quatro séries da educação fundamental).

1999

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, preparado para cada


disciplina.

2000

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, definidos pelas áreas de linguagens,
códigos e suas tecnologias.

2001

Criação do Plano Nacional de Educação.

2003

Lei nº 10639 – Obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira. Além disso,


t l dá i l di 20 d b
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entra para o calendário escolar o dia 20 de novembro, quando é celebrado o Dia da
Consciência Negra.

2004

Lei nº 10861: é criado o Sinaes – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.

2005

Lei nº 11096: criação do Prouni – Programa Universidade para Todos.

2006

Emenda Constitucional nº 53 cria o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da


Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.

2007

Decreto nº 6096: criação do Reuni – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e


Expansão das Universidades Federais.

2008

Lei nº 11465: obrigatoriedade do ensino de história e cultura indígena na rede de ensino.

2012
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2012

Lei nº 12711: Lei de Cotas raciais nas universidades federais.

2017

Homologação da Base Nacional Comum Curricular.

A proposta das competências do BNCC já estava sendo gestada e aplicada em outros países. Talvez o caso
mais emblemático seja o Common Core (Currículo Comum) dos Estados Unidos. Lançado em 2010, chegou
a receber apoio de 90% da população e de 80% dos professores. Atualmente, uma década após sua
implantação, esse índice caiu pela metade nos dois casos. Uma reflexão sobre isso pode nos ajudar a olhar
de forma perspectiva para a situação nacional.

O exemplo americano é importante para que tenhamos uma compreensão clara do que significa uma base
comum, seus limites e suas perspectivas positivas.

Modelos tradicionais de educação x Modelos inovadores


Um ponto bastante atual é a contradição (aparente ou não) entre os modelos tradicionais de educação e
aqueles considerados inovadores, uma situação presente em grande parte do mundo. Veja alguns
exemplos:

EUA

Nos EUA e em outras partes do mundo, algumas expressões assumiram um papel bastante emblemático,
como “educação centrada no aluno”. Talvez essa seja, atualmente, a grande perspectiva da educação
contemporânea. EUA, México, Espanha, entre outros países, têm assumido uma postura reflexiva, que busca
caminhos para inserir o aluno de forma mais efetiva no processo de aprendizagem.

É importante perceber que isso faz parte não somente de projetos oficiais desses países, mas de
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organismos e fundações que buscam auxiliar a educação no mundo. Um exemplo é o Google For Education.

Brasil

No Brasil, de forma muito mais sutil, parece que o interesse pela chamada educação clássica está
aumentando. Seja porque percebemos os fracassos sucessivos do país nas avaliações internacionais, seja
a revolução midiática já apontada, que permite o contato e o acesso — na maioria das vezes de forma
gratuita — a uma literatura específica sobre o tema. Por esses ou outros motivos, acreditamos que a
educação está viva na história, e não podemos negligenciar a oportunidade de entender esse processo e o
quanto isso poderá beneficiar, ou não, a educação no país.

França

A França, berço do Iluminismo — com a Revolução Francesa, como você já viu — e, consequentemente, de
um modelo educacional baseado nos ideais liberais burgueses, fundamentados em grande parte no modelo
tecnicista-meritocrático, que nasceu para combater o ensino clássico, parece estar recuando. Ou pelo
menos assim podemos interpretar, quando o Ministério da Educação francês assume a postura de proibir
celulares em sala de aula, além do retorno de línguas como latim e grego nas escolas.

Essa é uma situação no mínimo curiosa. Seu histórico, inclusive filosófico, de um perfil revolucionário e de
abandono das raízes que constituíram a Europa, permite que, ao menos, estranhemos tais medidas.

Finlândia

A Finlândia tem seu modelo educacional reconhecido mundialmente, e, cada vez mais, há pesquisadores e
políticos do mundo todo buscando fazer intercâmbios para compreender como uma escola com curta
jornada de estudo, quase ausência total de tarefas escolares para casa, pouquíssimas provas e
preocupação mínima com ranking internacional (o que contraria a maioria das tendências educacionais
atuais) pode ter tanto sucesso.

Japão

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Parte da Ásia tem mantido as primeiras posições no ranking internacional por vários anos seguidos,
assumindo uma posição mais centrada na disciplina e em longas horas de estudo. Historicamente, o Japão
se destaca de forma emblemática.

Embora a proposta da “educação centrada no aluno” não tenha sido aceita de forma unânime no exterior
(como o caso da pedagoga sueca Inger Enkvist), no Brasil, esse pensamento tem crescido e confunde-se
com a utilização das tecnologias digitais na educação por meio das chamadas metodologias ativas.

Vamos aprofundar um pouco mais o conhecimento sobre os modelos de ensino ao redor do mundo!

nger Enkvist
Professora de literatura espanhola na Universidade de Lund, na Suécia. Já publicou estudos sobre Miguel de
Unamuno, José Ortega y Gasset, Mario Vargas Llosa e outros, além de vários livros sobre educação, em sueco e
em espanhol. Nessas obras, critica as bases ideológicas da nova pedagogia, demonstra seus maus resultados
e suas consequências malignas para a cultura ocidental como um todo, e apela para a recuperação de
elementos da pedagogia tradicional, como o valor do conhecimento, da dedicação do aluno e da autoridade do
professor competente.

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Sistemas de ensino brasileiro X Sistemas de ensino
internacionais
O professor Antônio Giacomo faz um comparativo entre os sistemas de ensino brasileiro e internacionais.

Tendências
Para que não percamos a percepção do que isso significa, levantamos um questionamento simples:
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O que é uma educação de sucesso?

De acordo com publicação do jornal O Globo, os países nórdicos e asiáticos possuem altas taxas de
suicídio. Isso nos leva a perguntar por que, nos locais onde a educação é mais bem-sucedida e nos países
que possuem as maiores rendas per capita do mundo, as pessoas se matam? Essa reflexão é relevante para
que busquemos um modelo educacional que, além da formação técnica do indivíduo, possa formá-lo de
forma integral.

Imagens emblemáticas
Vejamos algumas imagens representativas de importantes acontecimentos relacionados à educação.

Malala Yousafzai

Malala Yousafzai foi baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola. Ela lutava para que as meninas
paquistanesas tivessem o direito de estudar.

Massacres

M tid t d t t à l
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Massacres cometidos por estudantes que retornam à escola em que estudaram têm se multiplicado. Isso
mostra como o ambiente escolar pode ser marcado pela exclusão e violência. Casos famosos, como
Columbine, nos Estados Unidos, e Suzano, em São Paulo, mostram a continuidade do problema.

Protestos

Protesto e organização de estudantes em prol de uma escola pública de qualidade em 2015.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

No ano de 1996, foi publicado o relatório Educação: um tesouro a descobrir, no âmbito da Unesco. Esse
documento foi importante porque sistematizou que a educação deveria estar ancorada em quatro
grandes pilares. Ao comparar a influência no Brasil e no restante do mundo, podemos apontar que

a educação não deve se centrar no exercício de mera transmissão, mas pautar-se no


A
retorno a elementos clássicos, exercícios que historicamente se mostraram eficientes.

a educação se tornou um elemento primordial para a formação de uma sociedade mais


B
justa e equilibrada, que permita aos sujeitos atingirem seu potencial.

C a educação no século XXI precisa refletir sobre si e sobre o papel que deve assumir para
atingir as demandas sociais do mundo contemporâneo.

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a educação no século XXI deve se pautar na necessidade do aluno; a busca do


D desenvolvimento da educação depende do interesse individual de cada sujeito e deve se
orientar de acordo com essa perspectiva.

E a educação do século XXI permanece inalterada pois é um modelo humano natural.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Os pilares organizados por Delors devem ser tratados como um documento histórico, sendo mais uma
das reflexões necessárias sobre os desafios da educação, mas tendo em vista que não existe uma
fórmula mágica, definitiva. Por isso, seu papel lida, ainda, com demandas sociais em que o sujeito está
inserido, não em demandas focadas exclusivamente no sujeito.

Questão 2

Na comparação entre o Brasil e o mundo em termos de educação na contemporaneidade, sobretudo


pensando nas influências da Unesco, podemos destacar como uma busca de integração com as
propostas mundiais

A a Base Nacional Comum Curricular.

B a Constituição de 1988.

C a Declaração Universal do Direito dos Homens.

D a adoção do modelo Common Care.

E a retomada conversadora nos fundamentos da educação.

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Parabéns! A alternativa A está correta.

A Base Nacional Comum Curricular é um debate histórico no Brasil, um país de dimensões continentais
que precisa ofertar condições básicas para sua educação, partindo de um atraso difícil de lidar.
Evoluímos, mas, mesmo com planos nacionais, estaduais e municipais, faltava a modernização, que foi
buscada de acordo com a linha de habilidades e competências proposta na BNCC. Todos os demais
movimentos aqui mencionados influenciam, mas somente a BNCC significa essa transformação.
Muitas das ideias presentes no relatório da Unesco podem ser visualizadas nas competências da
BNCC, por exemplo, o estímulo ao desenvolvimento das habilidades socioemocionais dos indivíduos.

3 - Desafios da sociedade tecnológica na educação


Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer como a história da educação nos
prepara para os desafios da sociedade tecnológica.

Educação no mundo globalizado

A partir das diversas leis, medidas e dos decretos estruturados para o âmbito educacional, é possível
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entender que uma das grandes inovações nas últimas décadas é a ampliação dos currículos escolares para
além do desenvolvimento das habilidades cognitivas. Isso significa que o espaço escolar não tem como
finalidade apenas transmitir conhecimento, mas proporcionar instrumentos para que as potencialidades dos
alunos sejam exploradas.

Shutterstock.com

Shutterstock.com

Afinal de contas, qual é o papel do ambiente escolar e de seus profissionais em um mundo globalizado?

O século XXI é marcado por muitas contradições. Imaginamos, de forma geral, o futuro do mundo e da
educação com o desenvolvimento de tecnologias velozes e poderosas.

Mas na prática o mundo ainda é marcado por:

Desigualdades
O agravamento das desigualdades sociais, sobretudo em regiões periféricas.
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Consumo acelerado
Aceleração da sociedade de consumo descartável em todos os sentidos.

Essa nova ordem mundial causou e ainda causa impactos profundos no ambiente escolar. Uma das dúvidas
colocadas para os educadores é como lidar com os chamados novos desafios do mundo contemporâneo,
que envolvem o conhecimento de tecnologias e a crescente competitividade no mercado de trabalho.

Nas bases legais dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, temos a reafirmação constante
de que a educação não deve ser estruturada a partir do acúmulo de conhecimentos, mas a partir da
preparação do aluno para o desenvolvimento da capacidade de lidar com os desafios da sociedade
tecnológica.

O volume de informações, produzido em decorrência das novas tecnologias, é


constantemente superado, colocando novos parâmetros para a formação dos
cidadãos. Não se trata de acumular conhecimentos. A formação do aluno deve ter
como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e
a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias reativas às áreas de atuação.

(BRASIL, 2000, p. 5)

Portanto, neste módulo, vamos buscar as respostas para as seguintes perguntas:

1. Qual é o papel da história da educação na observação do mundo contemporâneo em permanente


processo de mudança?

2. Será que a história não deve observar isso?

3. Devemos esperar esses movimentos ficarem mais velhos para analisá-los?


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O compromisso das ciências humanas é compreender como os estudos sobre a Educação nos fornecem
ferramentas para enfrentarmos os desafios da sociedade contemporânea e refletirmos sobre o futuro.

Os personagens da Educação no século XXI


Antes de mais nada, é preciso ter em mente que todos os modelos e as experiências pedagógicas que
vimos até agora são fundamentais para compreender o papel da Educação atualmente. O desafio é pensar
como o ambiente escolar e os profissionais que nele atuam estão respondendo a tantas mudanças
estruturais e éticas.

Durante muito tempo, a transmissão do conhecimento se dava da seguinte maneira:

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Professor
O detentor do conhecimento, que passava o conteúdo para os alunos sem muita crítica ou embasamento.

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Aluno
Absorvia o conteúdo sem questionamento sobre o que era transmitido pelo docente.

Precisamos provocar o olhar sobre esses personagens presentes na escola e avaliar nossa
responsabilidade como educadores.

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Conhecimento e suas significações
A professora Nilda Alves, doutora em Educação, tem como um de seus objetivos fazer a escola reconhecer

os conhecimentos do mundo e comenta sobre os saberes e seu papel.


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Esse cenário não mudou completamente, mas podemos afirmar que o ambiente escolar não é o mesmo. Ele
vem sendo reciclado continuamente.

Ainda assim, muitos educadores olham para as transformações com certa desconfiança. De fato, sair da
zona de conforto e se abrir para novas possibilidades não é tarefa fácil.

O uso de tecnologias em sala de aula confronta a falta de habilidade do professor em dominar as


tecnologias e suas linguagens: web, podcast, software, armazenar na nuvem, Google, Facebook etc. Ou seja,
é cada vez mais difícil supor que o docente em sala de aula seja o único detentor do conhecimento. Com a
explosão tecnológica, a um clique de distância, o aluno tem acesso a uma quantidade infinita de
informações de todos os tipos possíveis. Ao mesmo tempo, sabemos que, na Era da Informação, não faltam
conteúdos falsos ou notícias com fontes desconhecidas. São as famosas fake news!

No âmbito das novas propostas pedagógicas adotadas pela legislação brasileira, a ideia é que a educação
forneça instrumentos para que o aluno construa seu próprio conhecimento e tenha curiosidade sobre tudo
aquilo que o rodeia. A formação de um indivíduo para a vida cidadã parte, em primeiro lugar, da sua atuação
como sujeito ativo.

Vejamos o que pensa Paulo Freire sobre o assunto:

Conhecer não é o ato através do qual um sujeito transformado em objeto recebe dócil
e passivamente os conteúdos que o outro lhe dá ou lhe impõe. O conhecimento, pelo
contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação
transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica invenção e
reinvenção.

(FREIRE, 1985, p. 7)

A formação de sujeitos críticos implica, portanto, a revisão das práticas educativas.

Como já vimos, uma das propostas presentes na BNCC é a formação por competências. A ideia é que o
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aluno tenha autonomia para decodificar determinada informação, pesquisar outras referências, comparar
fontes e saber estabelecer conexões entre o passado e o presente.

A educação do futuro tem como pressuposto incentivar o aluno a construir seu próprio conhecimento,
associando o conteúdo ensinado na escola à sua trajetória de vida. Nesse sentido, a tecnologia, quando
usada de modo correto, é um instrumento bastante eficaz na democratização da informação e do
conhecimento.

O importante é capacitar o educador para que conheça as potencialidades e os limites dos recursos
virtuais.

Você considera que o projeto "Escola sem Partido" se encaixa nesse tipo de abordagem que supõe a
autonomia dos indivíduos na construção do conhecimento?

Aluno como agente central


Você provavelmente deve se recordar do seu tempo de escola. Se estudou em um colégio privado, mais
tradicional, ou mesmo em alguma escola pública que sofria em razão dos problemas de infraestrutura e
escassez de profissionais mais qualificados, deve lembrar que muitas aulas se resumiam a copiar o que o
professor escrevia no quadro.

Os espaços de discussão não eram incentivados, quase não havia dinamismo nas aulas, e era muito comum
que o corpo docente não entendesse por que os alunos pareciam tão pouco interessados em prestar
atenção no conteúdo.

A história da educação está atenta a esse debate e, atualmente, nota que tem se discutido a possibilidade
de que muitos desses problemas poderiam ser resolvidos a partir da adoção de modelos pedagógicos
ativos, que colocam o aluno como agente central no processo de aprendizagem.

Como isso pode ser feito na prática?

A despeito das ferramentas utilizadas, a noção é sempre a mesma: incentivar a autonomia, reconhecer e
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respeitar a diversidade no ambiente escolar e estimular a cooperação e a integração entre alunos,


estimulando a construção de projetos em grupos. Veja alguns exemplos:

Feiras de talentos

Mostras artísticas

Rodas de leitura
A ideia é que cada vez mais os projetos educacionais adotem a chamada metodologia ativa de
aprendizagem. Mas você já ouviu falar nesse termo? Talvez esse seja um conceito novo para você, mas que
já faz parte do seu cotidiano.

Metodologia ativa de aprendizagem


O psiquiatra americano William Glasser, a partir de suas pesquisas no campo da educação, construiu uma
pirâmide que avalia como aprendemos.

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William Glasser
Psiquiatra norte-americano conhecido por diversos estudos a respeito de saúde mental e comportamento
humano.
Segundo a teoria de Glasser, aprendemos mais com a metodologia ativa de aprendizagem.

A modalidade EaD (ensino a distância) é um ótimo exemplo da adoção da metodologia ativa de


aprendizagem.

Essa metodologia parte da ideia de que o aluno é o principal responsável pela sua própria aprendizagem. O
ideal é que ele seja estimulado a aprender a partir de exemplos concretos, que tenham correspondência
com seu cotidiano.

A transmissão de conhecimento levando em consideração a vivência do estudante confere mais dinamismo


e interatividade. Segundo essa lógica, a simples memorização de conteúdos não seria eficiente.

Qual é o caminho da aprendizagem nesse processo? É o que descobriremos no vídeo a seguir.

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Ensino a distância como objeto de debate
Os professores Rodrigo Rainha, Guilherme Dutra e Luís Claudio Dallier dialogam sob o ponto de vista de
suas áreas acerca do ensino a distância.

Temas tranversais
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Temas tranversais
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Os chamados temas transversais não são disciplinas curriculares, mas debates de cunho social e político
presentes na sociedade contemporânea, como meio ambiente, ética, consumo etc. A função dos temas
transversais é conduzir o professor, em sua ação educativa, a sintonizar o cotidiano do aluno com a
aprendizagem cognitiva.

Os temas transversais anunciaram a responsabilidade de formar o indivíduo para a vivência cidadã em


todas essas dimensões. A ética é compreendida como o principal tema, que permeia os demais.

Escolas emblemáticas
Conheça algumas das escolas mais inovadoras da atualidade.

extension
Escola da Ponte
Consegue pensar em uma escola sem salas, sem séries, sem separações, sem turmas, com aulas sendo
pensadas e trocadas por projetos feitos pelos próprios alunos? Leia sobre a Escola da Ponte.

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Quest to Learn
E se as atividades da escola fossem feitas a partir de jogos? O tempo todo, os alunos estão praticando,
trocando e construindo com base em jogos e níveis de interações diferentes. Duvida? Conheça a Quest to
Learn, em Nova York.

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30/11/2022 16:36 Educação Contemporânea

Escola Meninos e Meninas do Parque


Escolas para recuperação de alunos, ou, ainda, para jovens infratores, crianças em condição de rua. É
preciso muita disciplina para controlar os alunos, certo? Não! Você precisa conhecer a Escola Meninos e
Meninas do Parque.

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Hole in the wall
“Em locais pobres, é impossível desenvolver centros de tecnologia”. Sugata Mitra discorda dessa afirmação
e, a partir da tecnologia, desenvolveu na Índia a busca de um novo modelo. Sua proposta consiste em leitura
de livre aprendizagem, sem a presença de uma autoridade, e pelo computador.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

(Adaptada de SEPLAG-MG, 2015) O uso das novas tecnologias na educação pode promover algumas
mudanças na abordagem pedagógica, tornando o processo de transmissão de conhecimento mais
dinâmico e criativo. Diversas habilidades podem ser praticadas no ensino escolar para facilitar os tipos
de comunicação e interação entre os professores e os alunos. Assinale a única alternativa que não se
adequa ao uso das novas tecnologias na escola.

A Oportunizar ao professor diferentes formas e recursos de ensino e aprendizagem.

B Estabelecer novas relações com o saber.

C Envolver os alunos para novas descobertas.

D Contribuir para as práticas educacionais.

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E Utilizar o computador somente como fonte de informação.

Parabéns! A alternativa E está correta.

A utilização de recursos tecnológicos no ambiente escolar pode significar importantes ganhos. Além de
aproximar o professor dos alunos, pode enriquecer a aula com suas experiências prévias, além de
estimular a autonomia e a integração coletiva. A tecnologia, usada de modo responsável, pode
contribuir de diversas formas na construção do conhecimento.

Questão 2

Os temas transversais, que constam nos PCNs, estão inseridos no contexto de renovação das práticas
de ensino e dos modelos pedagógicos nas últimas décadas. Qual alternativa melhor descreve a função
dos temas transversais?

A Educação de cunho tecnicista.

B A orientação sexual não é considerada um tema transversal.

C Valorização da individualidade.

D Foram criados para substituir os currículos escolares.

E O professor como mediador do processo de aprendizagem.

Parabéns! A alternativa E está correta.

Os temas transversais estão inseridos num movimento maior (incluindo a LDB/96, os PCNs e a BNCC)
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de renovação das práticas pedagógicas, que valoriza a participação ativa dos alunos no processo de
aprendizagem, cabendo ao professor atuar como mediador nesse contexto. O aluno é compreendido
como um indivíduo complexo e dotado de habilidades e competências.

Considerações finais
A educação contemporânea dialoga com a história contemporânea. A partir do momento em que foi
identificada a ascensão do mundo capitalista, a educação passou por profundas transformações. Ao longo
do século XX, o mundo começou a defender uma educação mais popular, mais disseminada. Os motivos
são muitos: industrialização, crescimento das cidades, desenvolvimentos dos Estados — olhando pelo
prisma do governo —, mas que geram linhas de resistência, isto é, educação que liberte, educação que
fortaleça disputas, educação como um bem individual.

Diante dessas transformações, chegamos ao século XXI ricos em debates, mas sem conseguir resolver
muitas de nossas mazelas históricas. Ainda que países como o Brasil tenham se fortalecido em termos
legislativos e de sistema de educação, trata-se de uma discussão que não cessa, como aponta a BNCC no
Brasil, e ainda existem divergências profundas mundo afora.

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Podcast
Para finalizar, relembre agora os principais pontos sobre educação contemporânea.

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Referências
ALMEIDA, M. E. B.; VALENTE, J. A. Tecnologias digitais, linguagens e currículo: investigação, construção de
conhecimento e produção de narrativas. São Paulo: Coleção Agrinho, 2012.

ANTUNES, C. Como desenvolver competências em sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Base Nacional Comum
Curricular. Brasília: MEC, 2018. Consultado em meio eletrônico em: 10 set. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares


Nacionais para o Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 1999.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares


Nacionais para o Ensino Fundamental: referentes às quatro primeiras séries da Educação Fundamental.
Brasília: MEC, 1997.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares


Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC, 2000.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Consultado em meio eletrônico em: 10 set. 2018.

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir (Relatório para Unesco da Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI). São Paulo: Cortez, Unesco e MEC, 2001.

FERACINE, L. O professor como agente de mudança social. São Paulo: EPU, 1990.

FERRETI, C. et al. Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Vozes,
1994.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz e Terra, 1985.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1996.

FREITAS, L. C. de. Mudanças e inovações na educação. 2. ed. São Paulo: EDICON, 2005.

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Confira as indicações que separamos especialmente para você!

Leia o artigo Perspectivas atuais da educação, de Moacir Gadotti, publicado na São Paulo em Perspectiva, v.
14, n. 2, 2000. Está disponível no portal SciELO.

Leia o artigo Maio de 1968 em Paris: testemunho de um estudante, de Michel Thiollent, publicado no Dossiê
Maio de 68, Tempo Social, v. 10, n. 2, out. 1998. Você também pode encontrá-lo no portal SciELO.

Veja a matéria de Jonas Valente, da Agência Brasil, publicada em 28 de setembro de 2019: Quase metade
do planeta ainda não tem acesso à internet, aponta estudo.

Conheça os importantes documentos mencionados neste material:

- Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.

- Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Temas transversais.

- Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

- Base Nacional Comum Curricular.

Veja a pesquisa do IBGE Índices da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

Assista aos filmes Forrest Gump (Robert Zemeckis, 1994), Duelo de Titãs (Boaz Yakin, 2001) e Ray (Taylor
Hackford, 2004) para saber mais sobre os movimentos sociais nos Estados Unidos.

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