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ESTÁGIO SUPERVISIONADO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL E FORMAÇÃO DO PROFESSOR PEDAGOGO:


CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS.

Thamiris Dezingrini
Pedagogia: Docência e Gestão Educacional
Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, UNICENTRO
Campus Laranjeiras do Sul
Dr. Saulo Rodrigues de Carvalho

Resumo:
Este artigo apresenta a discussão sobre o Estágio como disciplina curricular do
curso de formação de professores pedagogos, em específico no curso de
Pedagogia, ofertado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO). Tendo cunho qualitativo, foi realizada pesquisa de campo, a
qual se concretizou por meio de questionários, buscando responder qual a
importância da disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental para formação e futura atuação do professor pedagogo,
especificamente, o formado pela instituição supracitada. Com base nos
resultados obtidos pode-se dizer que, a disciplina é fundamental para a
formação acadêmica dos graduandos, mas por si só não é suficiente para a
compreensão total da grandeza e importância da atuação dos professores
pedagogos na realidade escolar, bem como, na vida e formação dos alunos
que passam pelos bancos escolares diariamente.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado; Prática Docente; Curso de


Pedagogia; Formação de Professores.

INTRODUÇÃO
O presente artigo apresenta questões acerca do estágio supervisionado
nos anos iniciais do ensino fundamental, quais as contribuições e desafios
presentes nesta prática durante a graduação, e quais contribuições ela propicia
aos atuantes deste nível da educação básica.
Ao iniciar uma graduação muitos acadêmicos ainda não compreendem
os possíveis campos de atuação da profissão escolhida, ou mesmo, não têm
interesse em seguir a profissão na qual estão se graduando. Podendo ser o
estágio o momento em que este acadêmico se encontre ou desista de
prosseguir na carreira.
Deste modo busca-se discutir questões como: qual a natureza do
estágio supervisionado? Quais são os aspectos práticos e didáticos do estágio
2

supervisionado? Quais dificuldades e contribuições o estágio supervisionado


traz para a formação do professor pedagogo?
O estágio supervisionado é um componente curricular nos cursos de
graduação, previsto na Lei Nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, que
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), portanto, é
imprescindível pesquisar este campo de práticas que envolvem e levam os
acadêmicos ao futuro campo de atuação, permitindo uma aproximação com a
realidade que enfrentará depois de graduado.
Buscando fundamentar as questões levantadas e obter uma resposta
satisfatória, articularemos a pesquisa de campo com as pesquisas de alguns
autores como, Pimenta e Lima (2005/2006), Moreira (2009), Pelozo (2007),
Carvalho (2013), Drewiski; Guilhermeti; Padilha (2016), também nos valemos
da análise documental de resoluções de estágio da Universidade Estadual do
Centro-Oeste (PARANÁ, 2010), Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (BRASIL, 1996), Projeto Político Pedagógico da Universidade
Estadual do Centro-Oeste (PARANÁ, 2008).
Para uma melhor compreensão acerca do tema discorrido neste artigo,
pode-se observar uma organização da seguinte maneira: o texto apresenta três
seções, na primeira trata-se sobre o estágio nos cursos de graduação
enquanto disciplina, na qual serão abordadas questões legais do estágio, o que
é a disciplina de estágio e quais contribuições traz para os acadêmicos. Em
seguida, na segunda seção, é discorrido sobre o estágio supervisionado no
curso de Pedagogia: Docência e Gestão Educacional da Universidade Estadual
do Centro-Oeste (UNICENTRO), intitulada de Estágio Supervisionado em
Pedagogia, abordando especificamente o estágio na instituição de ensino
UNICENTRO, nos baseamos em documentos oficiais como Projeto Político
Pedagógico (PPP), e nos autores Carvalho (2013), Drewinski, Guilhermeti e
Padilha (2016) que darão suporte teórico para as discussões sobre a história
do estágio na instituição já mencionada, e a importância da disciplina na
formação acadêmica dos futuros pedagogos. Na terceira seção é discutida a
análise dos dados coletados, através de questionários de cunho qualitativo,
sendo que os entrevistados são professores pedagogos formados pela
instituição UNICENTRO, que emitem sua opinião sobre as contribuições e
desafios da disciplina para a formação e futura atuação do professor pedagogo
3

na educação básica, mais especificamente nos Anos Iniciais do Ensino


Fundamental.
Para finalizar, são apresentadas as considerações finais, que trazem um
breve apanhado do conteúdo discutido no decorrer do artigo e uma reflexão
sobre o estágio como disciplina curricular na formação de professores
pedagogos. Iniciaremos com os relatos sobre os componentes da disciplina
estágio supervisionado nos cursos de graduação.

1. ESTÁGIO ENQUANTO DISCIPLINA


1.1. O que é estágio supervisionado

Um curso de formação de profissionais necessita de um momento onde


os acadêmicos possam pôr em prática toda a teoria que aprenderam durante a
graduação, este momento recebe o nome de Estágio, e por este motivo pode
se perceber que o estágio é um momento muito importante para a formação do
indivíduo.
O Estágio Supervisionado é um componente curricular nos cursos de
graduação, prevista na Lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB).
No art. 61º parágrafo único, inciso segundo assegura que profissionais da
educação básica são aqueles que, dentre outras especificidades tiveram como
fundamentos em sua formação “a associação entre teorias e práticas, mediante
estágios supervisionados e capacitação em serviço” (BRASIL, 1996). Sendo
possível assim observar, que, o estágio é fundamental na formação do
indivíduo, não apenas o professor, mas todos os profissionais das mais
diversas áreas, preparando-os para sua futura atuação no meio profissional, e
o tornando um profissional com experiências reais na área em que atuará.
Durante o período de estágio este indivíduo poderá estabelecer relações
entre teorias e práticas, propor para si e para o seu grupo possibilidades de
experiências novas, desafiando-se a todo o momento, e percebendo se a área
ou campo em que está realizando o estágio identifica-se com a personalidade,
ou ainda, com o que pensou e desejou seguir quando iniciou a graduação.
Para Pimenta e Lima (2006, p.6),
4

[...] o estágio se constitui como um campo de conhecimento, o que


significa atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supera sua
tradicional redução à atividade prática instrumental. Enquanto campo
de conhecimento, o estágio se produz na interação dos cursos de
formação com o campo social no qual se desenvolvem as práticas
educativas.

Cabendo assim, aos acadêmicos, ter um olhar diferenciado quanto à


prática de estágio, não podemos esperar que ele solucione todas as dúvidas
que surgem durante o período de graduação, nem tampouco que esta
disciplina mostre todas as possíveis circunstâncias e conflitos que poderão
surgir durante o exercício da profissão escolhida. O estágio aproxima o
acadêmico da prática profissional, possibilitando os primeiros contatos com a
realidade do campo de trabalho escolhido.
Quando se fala em formação de professores, deve-se observar a LDB
em seu artigo 65 que assegura a formação de docentes compreendendo
práticas de no mínimo trezentas horas, e o Parecer CNE/CES n.º 744/97,
aprovado em 3 de dezembro de 1997, o qual define que as práticas de estágio
são todas as atividades desenvolvidas em escolas ou ambientes educativos, e
que estas práticas devem ser acompanhadas por supervisores das instituições
formadoras.E, deixa explícito quais são os campos de estágio e carga horária
mínima para uma qualificação adequada dos profissionais atuantes na
educação básica do país.
No Brasil, entre 1930 e1970 o estágio era visto como uma prática
isolada, em que se separavam as matérias teóricas das matérias práticas, o
famoso 3+1, (MOREIRA, 2009). Cursava-se 3 anos de teorias mais 1 ano de
prática. Fazenda (1991), explica melhor essa ideia de apreensão isolada de
práticas quando afirma que “[...] o estágio se configurava na apreensão isolada
e única de técnicas necessárias ao ensino” (FAZENDA apud MOREIRA, 2009,
p. 113). Deste modo, fica claro que o estágio era uma disciplina mecânica,
reservada a aprendizagem de métodos de ensino, onde os acadêmicos apenas
observavam as práticas de professores já atuantes nas escolas e as tomavam
para si, tornando-se apenas reprodutores de técnicas.
Mais tarde, com a promulgação da LDB em 20 de Dezembro de 1996, os
cursos de formação de professores passaram a ter obrigatoriamente carga
horária mínima de trezentas horas de práticas (estágios), sendo estas
5

cumpridas obrigatoriamente durante o curso, portanto, percebe-se que, essa


mudança trouxe uma nova visão para a formação acadêmica dos profissionais
da educação, pois, cumprindo-se estas trezentas horas no decorrer da
graduação os acadêmicos conseguem criar hipóteses e testá-las, relacionando
teorias aprendidas e analisando as técnicas observadas durante o período, de
forma a obterem uma formação mais significativa. Para uma melhor
compreensão pode-se observar as palavras de Pelozo (2007, p.1):

A disciplina Prática de Ensino nos cursos de Formação de


Professores assume uma posição de destaque na grade curricular,
uma vez que a mesma proporciona um elo entre as demais
disciplinas do curso, conciliando a teoria à prática docente e
possibilitando a reflexão científica.

E ainda Pimenta e Lima asseguram a importância da realização das


práticas de estágio durante a graduação, pois quando realizadas:

[...] desde o início do curso, possibilitando que a relação entre os


saberes teóricos e os saberes das práticas ocorra durante todo o
percurso da formação garantindo, inclusive que os alunos aprimorem
sua escolha de serem professores a partir do contato com as
realidades de sua profissão (PIMENTA, LIMA 2005/2006 p.21).

Ressalta-se que, o estágio pode contribuir para a escolha profissional


daqueles que nunca tiveram contato com a realidade escolar fora do contexto
de alunos, possibilitando aos acadêmicos que não tiveram a oportunidade ou
não fizeram a escolha de cursar a Formação de Docentes em nível médio1,
tenham contato com a realidade escolar e vivam experiências próximas das
enfrentadas diariamente antes de assumirem uma sala de aula como
professores pedagogos.
Portanto, compreende-se que, a disciplina prática faz-se essencial para
que o futuro professor crie e recrie métodos de atuação, avaliando o que é
necessário aprimorar e quais atitudes deram certo, sempre observando que a
teoria e prática jamais se dissociam. Para Pelozo (2007, p.1) “A Prática de
Ensino, por meio do estágio, permite aos discentes que não exercem o
magistério a construção de saberes e a formação da identidade profissional”.

1
Curso de formação de profissionais da educação básica em nível médio, o qual têm em sua
grade curricular a disciplina de prática de estágio nos níveis iniciais da educação básica, sendo
eles: Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
6

Esclarecendo e reafirmando assim que a disciplina prática durante a


formação é de importância indiscutível, pois é a prática que permite ao
acadêmico a edificação de saberes, compreendendo que o período de
graduação é um ‘laboratório’, onde o estudante tem a possibilidade de criar
experiências e testá-las, permitindo identificar onde ocorrem as falhas e quais
as formas de eliminá-las, para que, quando a graduação for concluída estas
sejam diminuídas, tendo como princípio evitá-las durante a atuação na
educação básica como professor pedagogo.
Este pensamento de Pelozo ainda faz sentido quando refletimos à cerca
das situações vivenciadas. Muitas dessas situações experimentadas no
período de estágios não ocorrem frequentemente nas salas de aula quando os
estudantes tornam-se regentes de salas e, por algumas vezes, uma ou outra
situação pode desanimar os acadêmicos e até motivar a desistência do curso,
pensando que estas ocorrências são rotineiras.

A Prática de Ensino e o estágio não garantem uma preparação


completa para o magistério, mas possibilita que o futuro educador
tenha noções básicas do que é ser professor nos dias atuais, como é
a realidade dos alunos que freqüentam a escola, entre outras. Essa
oportunidade de observação e reflexão sobre a prática permitirá que
o aluno/estagiário reafirme sua escolha pela profissão e resolva
assumir-se como profissional [...] (PELOZO 2007, p. 3).

Portanto, a prática de estagio não soluciona ou apresenta receitas e


fórmulas prontas para todas as possíveis situações que podem ocorrer nas
salas de aula, mas sim, possibilita noções básicas para que os acadêmicos
possam refletir e se conscientizar sobre a profissão escolhida e ainda
familiarizar-se com a mesma. Por este motivo Pelozo (2007), afirma que o
momento de estagio é um espaço privilegiado para aqueles que não vivenciam
o dia a dia da escola, vivenciem experiências reais e aprendam sobre a
profissão de professor.
Sendo assim, acredita-se que o estágio traz diversas contribuições para
os estudantes, mas, em contrapartida, cria variados desafios, cabendo ao
acadêmico internalizar as contribuições e superar os desafios, pois nenhuma
graduação prepara o sujeito para todas as situações que aparecerão em seu
cotidiano profissional, restando para o acadêmico a busca de soluções para
cada desafio presente em seu dia a dia, tanto para graduandos ou mesmo
7

depois de formados. A profissão de professor exige muito mais do que práticas


já realizadas ou a decoreba de teorias, o professor precisa se reinventar a todo
instante, contornar diversas situações inesperadas, planejar, replanejar e
mudar todo o planejamento sem prévios avisos, pois a nossa matéria-prima
são seres humanos que se transformam a todo instante.

2. ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PEDAGOGIA


2.1 Estágio na UNICENTRO

O Curso de Pedagogia na instituição de ensino UNICENTRO existe há


mais de 40 anos. Inicialmente a instituição recebia o nome de Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava (FAFIG), a qual foi criada em 1970,
e oferecia os cursos de licenciatura em Letras, História, Geografia e
Matemática. Em 1977 a Instituição passou a ofertar os cursos de Ciências
Licenciatura de 1º grau e Pedagogia (DREWINSKI; GUILHERMETI; PADILHA,
2016, p.23- 24).
Em 1990 ocorreu à junção da FAFIG à Faculdade de Ciências e Letras
de Irati (FECLI) e, a partir desta unificação, surge a UNICENTRO, que passa a
ser reconhecida como Universidade, tendo uma melhoria no corpo docente, e
ofertando programas de Pós-Graduação stricto sensu e articulação entre
ensino, pesquisa e extensão.
Para uma melhor compreensão da trajetória do curso de Pedagogia na
UNICENTRO, observemos o que diz o Projeto Político Pedagógico (PPP) do
Curso:

O curso de Pedagogia, na UNICENTRO, apresenta uma trajetória


histórica constituída de mudanças, ora provocadas pelo mercado de
trabalho ora pela legislação [...] O curso de Pedagogia foi criado em
20 de novembro de 1975. Inicialmente, a Lei nº 5.540/1968 aprovou a
formação do pedagogo composta por uma base comum e por
especialidades que compunham as habilitações. A base comum
estava direcionada para a atuação no Magistério, e as habilitações
estavam direcionadas à formação de técnicos para as escolas, cujas
funções estariam especificadas no mercado de trabalho que ainda
estava se constituindo. O curso foi reestruturado, nessa época, para
atender às necessidades do mercado de trabalho, e esta concepção
permaneceu até a LDB 9.394/96 (PARANÁ, 2008, p.4).
8

Em seguida surge uma nova proposta visando atender as demandas


regionais e nacionais. Essa proposta teve vigência entre 1996 e 2005, e
passou a formar os acadêmicos para atuação nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, e habilitá-los para a Educação Infantil e Supervisão Escolar,
além das habilitações já oferecidas na proposta anterior.
Em 1999 houve uma nova alteração, esta ocorreu para que fossem
cumpridas exigências da Lei 9394/96, também ocorreram mudanças na
nomenclatura de algumas disciplinas e a inclusão de novos componentes
curriculares na matriz do curso. Naquele ano também houve a aprovação da
oferta do curso de Pedagogia nas cidades de Laranjeiras do Sul e Pitanga, já
nos anos 2000 surge à oferta de habilitação em Educação Inclusiva,
possibilitando a abertura de um novo campo de atuação dos pedagogos
formados pela UNICENTRO (PARANÁ, 2008).
Desde 1975 a UNICENTRO oferta o curso de pedagogia, que visa
preparar os acadêmicos para a atuação na educação sendo na modalidade
escolar ou não escolar, buscando sempre o cumprimento dos seguintes
princípios: pesquisa, ensino e extensão, tendo como pilares o reconhecimento
da educação como um processo de construção sócio histórico e cultural, a
práxis, a pesquisa, compreensão das diferenças, concepção de uma sociedade
mais justa, gestão democrática, construção do conhecimento comprometido
com a sociedade e, formação e defesa da cidadania (PARANÁ, 2008).
Ainda para compreender as concepções do curso observamos o PPP, o
qual deixa explícito que:

O profissional formado no curso de pedagogia do campus Santa Cruz


da Unicentro, em fase de formação inicial, habilita-se na ênfase desta
formação, para atuar na educação formal, em ambientes escolares e
não escolares contribuindo para o desenvolvimento da própria
Pedagogia como Ciência da Educação. Os focos principais do
processo de formação (e consequente atuação) do (da) pedagogo(a)
são a docência e a gestão educacional, tendo a pesquisa como
princípio formativo, articulada ao ensino e a extensão(PARANÁ, 2008,
p. 20).

Permitindo a nós a observação e constatação de que o curso visa


formação, gestão, pesquisa e à docência educacional como princípios
formativos para os futuros educadores, os quais permitem aos acadêmicos a
formação integral e aproximação da realidade da educação formal.
9

O Estágio Supervisionado em Pedagogia da UNICENTRO,

[...] é obrigatório e sua carga horária deve ser cumprida dentro do


período letivo como requisito para aprovação e obtenção de diploma
[...] envolve orientador de Estágio, Docentes, Discentes do curso e
Campos de Estágio 2 . [...] constitui-se um momento de interação,
análise e produção de conhecimento sobre os diversos campos de
atuação do pedagogo e das atividades educativas [...] (PARANÁ,
2010 p. 3-4).

Estas atividades compreendem observações, regências e intervenções


em diversos campos de atuação do pedagogo, sendo eles, Educação Infantil,
Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Formação de professores em nível
médio nas disciplinas pedagógicas e nos espaços de educação Formal e Não-
Formal (PARANÁ, 2010).
O objetivo principal da disciplina é proporcionar ao acadêmico situações
próximas da realidade profissional nas diferentes áreas de atuação do
pedagogo. Por meio de:

I - articulação dos conhecimentos teóricos/práticos na efetivação da


práxis educativa; II - fortalecimento entre o espaço de formação e o
campo de atuação do pedagogo; III - participação em situações reais
de trabalho em instituição escolar e não-escolar que desenvolvem
atividades pedagógicas, considerando suas múltiplas dimensões e
tendo como eixo os processos de ensino-aprendizagem;IV -
planejamento e desenvolvimento de projetos de atividades
pedagógicas no âmbito da docência na Educação Básica;V -
articulação entre as diferentes áreas do conhecimento num processo
permanente de ação-reflexão-ação, que estimule o discente a propor
soluções para problemas concretos;VI - consolidação de práticas
investigativas, interventivas e avaliativas voltadas para a
diversidade(PARANÁ, 2010, p.4).

Essas atividades obrigatórias apresentadas nos documentos oficiais


demonstram que existe uma grande preocupação com a apreensão e
experimentação dos campos de atuação do professor pedagogo. Essa
preocupação nos aproxima da realidade, mas não irá nos preparar
integralmente para essa atuação. Para Carvalho (2013, p.323),

Não são alguns meses de estágio e uma semana de regência que


irão definir quem “tem vocação” e quem “não tem vocação” para a
docência, até porque compartilho da ideia de que não existem

2
Os Campos de Estágio são considerados as instituições que ofereçam atividades na
modalidade presencial e que sejam preferencialmente públicas e conveniadas (PARANÁ,
2010).
10

aptidões inatas, e que, portanto, asseguradas às condições de estudo


e trabalho, todos são capazes de exercer o magistério.

Deixando claro que, apenas o estágio não prepara o profissional


integralmente para a futura atuação nas instituições Formais e Não-Formais.
Por este motivo, muitos graduandos durante o período de estágio desistem do
curso por não se identificarem, pensando muitas vezes que a atuação futura
resumir-se-á apenas aos problemas e enfrentamentos sofridos durante o
período de regência, não permitindo novas experimentações, tornando
impossível o descobrimento das possibilidades no trabalho com a educação.
Sendo assim, é necessário esclarecer que, o estágio é apenas um
primeiro contato com o campo de trabalho, e que, a partir do momento que o
sujeito estiver realmente inserido no ambiente educativo, poderá modelar a sua
prática de forma que possa atingir seus objetivos, cativando seu grupo de
trabalho, seus alunos, a comunidade, enfim, todos os envolvidos no processo
de ensino aprendizagem.
Quando o profissional inicia sua carreira passa a compreender e
transformar a educação, bem como, os sujeitos envolvidos nela e,
principalmente, se identificar ou perceber como sujeito transformador, que
também é parte fundamental para que os objetivos de uma educação crítica e
libertadora realmente aconteça e seja alcançada por todos.

3 ANÁLISE DE DADOS
3.1 Discussão e análise de questionários

Para que este artigo atingisse os objetivos propostos foram elaboradas


oito questões sobre a importância e as contribuições do estágio supervisionado
nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Os questionários foram distribuídos
para seis profissionais da educação atuantes ou que já atuaram nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental, sendo a faixa etária e ano de formação destes
bem diversificada. Dos seis questionários entregues obteve-se cem por cento
de devolução, porém, algumas questões não foram respondidas por alguns. É
importante salientar que a pesquisa de campo em questão é de cunho
qualitativo, portanto, cada questão se encaixa em uma categoria, e cada uma
delas será discutida na sequência.
11

3.1.1 Motivação
Discute-se inicialmente a categoria motivação, na qual a pergunta
principal foi: qual motivação levou o entrevistado(a) iniciar o curso de
graduação em Pedagogia? 50% dos entrevistados disseram que foi por falta de
opção e 50% comentam que por já estarem em contato com o meio
educacional decidiram aperfeiçoar-se, isso permite observar que quem já
atuava sentiu necessidade e preocupação em melhor conhecer e estudar a sua
área de atuação, não contentando-se apenas com a formação básica
(magistério na modalidade normal), buscando a graduação e aperfeiçoamento,
também foi possível constatar que quem iniciou o curso por falta de opção,
também se afeiçoou e compreendeu a importância e a grandeza de ser
professor. Segue uma das respostas, que nos permite observar a magnitude do
curso:

Na época foi por ter poucas opções de curso, porém aos poucos fui
tomando gosto pelo curso, que não trabalhava apenas conteúdos de
conhecimento, mas sim conteúdos para vida (ENTREVISTADO 2).

Sabendo que Lima e Pimenta (2005/2006, p.7), discutem que “O


exercício de qualquer profissão é prático, no sentido de que se trata de
aprender afazer ‘algo’ ou 'ação'”, compreende-se que o estágio é o momento
em que os acadêmicos constroem suas bases e aprendem sobre a profissão
escolhida, e é durante a disciplina de estágio que vivenciam experiências e
passam a identificar-se com o curso, percebendo assim qual a importância
desta para a transformação da sociedade, bem como para a transformação
pessoal do acadêmico que passará a viver a profissão cotidianamente,
buscando sempre a superação dos desafios encontrados diariamente em
qualquer profissão ou campo social.

3.1.2 Experiências de Estágio


Na sequência, os entrevistados foram questionados sobre a experiência
do estágio como uma disciplina que realiza elos entre teorias e práticas, nas
respostas foram elencadas as seguintes opiniões: 67% das respostas dizem
que teorias e práticas não se dissociam e o estágio é o momento em que se
12

realiza este elo, possibilitando testar e observar a dualidade das teorias e


reafirmar a importância de uma boa fundamentação teórica para bem realizar
as práticas.

O estágio é o momento aprendizagem não podemos ser uma ação


desvinculada do contexto de formação acadêmica, constitui um eixo
articulador que agrega os saberes teóricos e práticos dos
profissionais da educação (ENTREVISTADO 6).

Outros 33% das respostas dizem que o estágio também depende do


esforço do professor, e que, por diversas vezes os estagiários chegam às
escolas despreparados, “Os alunos são o reflexo de seus professores” afirma
um dos entrevistados. A seguir será exposta uma das respostas, a qual está
explicitamente ilustrando a opinião do entrevistado quanto á importância da
preparação do aluno/estagiário pelo professor.

Infelizmente a forma como alguns cursos/universidades aplicam a


prática de estágio não está sendo eficaz, falta-lhes melhores
orientações, tempo e preparação, ação/reação frente a problemas
durante a prática e principalmente para alguns alunos o choque de
realidade entre o sonhado e a realidade. Á disciplina quando bem
trabalhada vai situar o aluno em todos os pontos citados á cima.
Também é imprescindível que o professor de estágio na universidade
também conheça a realidade, principalmente das escolas públicas,
pois não conseguirá ensinar aos alunos aquilo que jamais conheceu,
ou se conheceu foi de modo superficial. Os alunos são o reflexo de
seus professores (ENTREVISTADO 2).

Entende-se que, nesta oportunidade este relatou suas angústias, pois


recebe diversos alunos/estagiários na instituição educacional onde atua, e
percebe as dificuldades dos alunos, observa e avalia-os de forma crítica,
destarte, acredita que a formação só será de qualidade quando a parceria entre
professor supervisor e aluno for levada a sério, buscando compreender a
realidade, assim como em sua resposta foi colocado, é imprescindível que
ambos conheçam a realidade onde irão aplicar suas práticas, logo não há
como promover uma educação transformadora e de qualidade
descontextualizada da realidade onde a escola está inserida.
Este pensamento vem de encontro com a fala de Freire (2015, p.40),
quando o mesmo diz que “Por isso é que, na formação permanente dos
professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É
13

pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a


próxima prática”.
Ao refletir na perspectiva das respostas, pode-se mais uma vez reafirmar
que para praticar este elo,

[...] é necessário explicitar-se os conceitos de prática e de teoria e


como compreendemos a superação da fragmentação entre elas a
partir do conceito de práxis, o que aponta para o desenvolvimento do
estágio como uma atitude investigativa, que envolve a reflexão e a
intervenção na vida da escola, dos professores, dos alunos e da
sociedade (PIMENTA E LIMA, 2005/2006, p.7).

Desta forma, fica evidente a importância do estágio para que haja uma
real práxis, deixando a teoria e a prática de serem atividades isoladas para se
tornarem uma única atividade de pesquisa que possibilite a reflexão e
construção de novas metodologias para a formação integral do acadêmico.

3.1.3 Vivências de Estágio


Ao serem questionados quanto às vivências de estágio, se estas se
aproximam ou não da realidade no dia a dia escolar os entrevistados foram
divergentes, 33,3% responderam que o estágio não se aproxima da prática
cotidiana, pois, quando se realizam as regências e observações os alunos se
comportam de maneira diferenciada, pois é algo diferente, e sentem-se
instigados e motivados a participar das atividades propostas pelos acadêmicos,
outra resposta foi a de que “No momento era bem diferente a teoria da prática,
poucas coisas se aproximavam da realidade diária da sala de aula”
(ENTREVISTADO 5).
Afirmam que, de certa forma, o estágio se aproxima da realidade 16,6%
porém, é muito mais cômodo realizar relatórios, observações e produzir planos
de aulas para serem aplicados alguns dias, do que estar diariamente
produzindo materiais, avaliando e transmitindo conhecimentos para os alunos,
afirma um dos entrevistados.
Segundo o entrevistado 4 “[...] estágio nos proporciona um imenso
aprendizado em como ‘lidar’ com os alunos e lhes dar aulas com qualidade”.
Deixando claro que, muitas vezes, as práticas de estágio são escassas e não
teriam proximidade com a realidade enfrentada todos os dias na escola.
14

A disciplina é fundamentalmente importante para a formação do


profissional, pois durante o estágio pode-se observar, imitar e reelaborar os
modelos vistos, para que o futuro professor pedagogo construa sua prática
embasada em atitudes que deram certo, e na reestruturação daquelas que não
tiveram sucesso, afinal, nunca estarão 100% prontos. A prática é como um jogo
de encaixes, ela nunca estará concluída, pois haverá peças que fundamentam
as bases das práticas, e no caminho surgirão peças novas ou será necessário
descartar algumas.
Sendo assim, fica evidenciada que a prática de estágio faz parte apenas
da formação inicial, que não habilitará completamente para a futura atuação,
precisando prosseguir na busca de conhecimentos em formações continuadas.
Outros 16,6% afirmam que o estágio se aproxima da prática cotidiana,
pois “O estágio nos propicia momentos de vivência e aprendizagem no intuito
de conhecermos o cotidiano escolar” (ENTREVISTADO 3).
Pimenta e Lima (2005/2006, p. 14), reafirmam o que acima foi descrito,
quando asseguram que:

[...] o estágio atividade curricular é atividade teórica de conhecimento,


fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, este sim objeto
da práxis. Ou seja, é no trabalho docente do contexto da sala de aula,
da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá.

33,3% responderam a mesma pergunta dizendo que, por já estarem


atuando no momento em que realizaram a disciplina de estágio, percebiam as
diferenças e semelhanças que existiam durante o período.

Como já atuava conhecia a realidade da sala de aula, e percebi que a


graduação muitas vezes está distante da realidade de sala de aula,
pois o que aprende pensa em colocar em prática, mas na realidade o
profissional da educação ter que ser polivalente (ENTREVISTADO 6).

Outro entrevistado que já atuava, afirma que seu curso é “antigo” e que
não realizou estágio nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, mas como
trabalhava nesta etapa da educação básica, sempre buscou orientações com
seus professores e profissionais mais experientes, bem como procurou
fundamentações teóricas de autores, para que assim pudesse construir uma
prática educativa de qualidade.
15

Como meu curso é “bem mais antigo”, da Lei 5694/71, meu estágio
foi na área de pedagogo (orientação ou supervisão), no magistério
(hoje formação de docentes) e disciplinas pedagógicas para o 2º grau
(sociologia e filosofia). Eu atuava nas séries iniciais do ensino
fundamental e educação infantil. Eram realidades totalmente
diferentes, porém o que fez toda a diferença foi eu já estar atuando
na educação e ter bons professores na graduação. Também buscava
bibliografias e sempre me aproximar dos profissionais das escolas
onde fazia o estágio. Humildade também ajuda (ENTREVISTADO 2).

3.1.4 Contribuições do Estágio


Na sequência, foram levantadas duas questões sobre as contribuições e
desafios que a disciplina de estágio supervisionado lhes proporcionou durante
o período de graduação, e quais destas foram levadas para o exercício da
profissão. Quando debatemos o tema contribuições durante a graduação
83,3% apontam apenas contribuições, nestas respostas aparecem
apontamentos do tipo: compreender as diferentes realidades presentes na
escola, associação da teoriaXprática na construção de novos saberes e
práticas sociais, vivência da realidade de uma sala de aula, troca de
experiências que assim enriquecem o trabalho pedagógico, aproximação da
prática e teoria e indicações de referências bibliográficas para embasamento
do trabalho.
Em meio a estas respostas positivas, 16,6% dizem que o período de
estágio proporcionou desafios como, falta ou falha de algum material
tecnológico, falta de tempo para quem trabalha, não estar ou já ter atuado na
área da educação, falta de conhecimento da realidade da escola.
Uma resposta muito interessante é a do entrevistado 5, que diz “Sim, o
estágio proporcionou muitas contribuições para a prática pedagógica, mas, que
paravam nas barreiras impostas pelo sistema”. Deixando dúvidas: o que o
sistema barrou? Será que hoje ainda existem barreiras impostas pelo sistema?
Certamente hoje ainda existem barreiras nas escolas, sistemas impondo ideais
que não condizem com a realidade de todas as instituições, ou ainda que não
venham ao encontro das ideias do professor, por sua vez, estes acabam tendo
que “cumprir as metas” ou “tarefas” impostas, mas isto não deve desmotivar a
prática profissional, nem fazer perder a vontade de lutar em busca de uma
educação de qualidade e transformadora, pois, a partir do momento que se
parar de lutar pela educação a sociedade iniciará o processo de definhação.
16

Quanto às contribuições para a atuação, 66,6% das respostas apontam


apenas contribuições da disciplina para o exercício da profissão. Foram
elencadas as seguintes opiniões: estudo de bibliografias, análises, elaboração
e solução de problemáticas, ações e reflexões coletivas e individuais,
construção da práxis, compreensão de como ocorrem às diferentes práticas
pedagógicas em diferentes realidades, métodos para inovar as aulas,
apreensão de atividades pedagógicas dinâmicas e lúdicas. Permitindo
compreender que a disciplina é considerada muito importante para egressos,
conforme afirmam Pimenta e Lima (2005/2006, p.7), quando dizem:

Muitas vezes nossos alunos aprendem conosco, observando-nos,


imitando, mas também elaborando seu próprio modo de ser a partir
da análise crítica do nosso modo de ser. Nesse processo escolhem,
separam aquilo que consideram adequado, acrescentam novos
modos, adaptando-se aos contextos nos quais se encontram. Para
isso, lançam mão de suas experiências e dos saberes que
adquiriram.

Outros 16,6% dizem que o tempo de estágio é muito curto e por isso não
traz contribuições para a prática diária, e ainda 16,6% preferiram não
responder.

3.1.5 Importância do Estágio para formação do pedagogo


Sabendo que o período de estagio é rico e de fundamental importância
para a formação não apenas do professor/pedagogo, mas sim de todos os
profissionais das mais diversas profissões, foi questionada a opinião dos
egressos quanto à importância da disciplina para a formação do professor
pedagogo.
Apenas cinco entrevistados responderam esta questão, e todos apontam
pontos positivos como identificação com a profissão, conhecimento de um dos
possíveis campos de atuação do pedagogo, enfrentamento de situações reais
do cotidiano escolar, reconhecimento da dinâmica e funcionamento das
instituições, compreensão da importância do planejamento prévio e flexível,
aplicação das teorias estudadas e o sentimento de ser professor e ‘estar à
frente da sala de aula’. Entretanto, também houve apontamentos negativos
quanto à disciplina, onde duas respostas se complementam dizendo que “o
estágio ainda está fora de contexto e falta diálogo entre escola, coordenação
17

de estágio e acadêmico” (ENTREVISTADO 2) e que o período de regências é


muito curto e proporciona o conhecimento de apenas uma turma, “[...] porém
ficamos só em uma turma e quando vamos trabalhar podemos ficar com
qualquer turma” (ENTREVISTADO 1).
Para discutir essas críticas deve-se observar o pensamento de Carvalho
(2013 p. 324),

O campo do estágio possui a especificidade em explorar uma esfera


particular do conhecimento do pedagogo. É, portanto, um processo
de conhecimento da prática escolar, delimitado pela prática escolar.
Mesmo a prática escolar não é acessada em sua totalidade, por ser a
prática de determinada sala de aula em determinada escola.

Sendo assim, deve-se compreender que a graduação é apenas a


formação inicial, e que ela não irá preparar integralmente para atuação em
todas as áreas pedagógicas, portanto, deve-se aproveitar e abstrair ao máximo
todas as experiências que serão vivenciadas nesta etapa da formação, para
que quando professor possa agregar e se aperfeiçoar diariamente, sempre
buscando referenciais teóricos que possam embasar as práticas, nunca se
esquecendo da formação continuada como forma de aprimoramento e
ampliação de novos horizontes na carreira docente.

3.1.6 A disciplina de Estágio


Para dar sequência à pesquisa foram elencadas duas perguntas sobre a
opinião de cada entrevistado quanto à disciplina. A primeira questão abordou
as dificuldades materiais encontradas para a realização do estágio, na qual
foram obtidas as seguintes respostas: 66,6% encontram dificuldades, 16,6%
disseram que não existem dificuldades e 16,6% preferiram não responder este
questionamento. Dentre as dificuldades elencadas, as mais recorrentes foram
às seguintes: falta de apoio da universidade, escassez de equipamentos
tecnológicos nas escolas como (TV’s, rádios, projetores, computadores, entre
outros.), compatibilidade de horários para aqueles acadêmicos que trabalham,
e gasto financeiro com a produção de materiais, jogos, brinquedos, cópias, e
outros.
O entrevistado que não encontrou dificuldades alega o seguinte:
18

Não encontro dificuldade neste século... acredito que a partir do


momento em que o aluno se dispõe na escolha do curso, deve saber
que vai ter custo como em qualquer outra profissão (ENTREVISTADO
2).

Analisando estas respostas percebe-se que a maioria dos acadêmicos


encontra dificuldades para realização dos estágios por diversos motivos,
porém, é necessário compreender a necessidade de alguns sacrifícios no
decorrer da graduação, é claro que pode haver modificações no decorrer da
disciplina para não ocorrerem prejuízos para ambas as partes (acadêmicos,
escolas e universidade), mas não cabe apenas a universidade ou a escola
criarem possibilidades para que este estágio seja realizado no período
proposto.
Neste sentido, para Pimenta e Gonçalves (1990), “[...] a finalidade do
estágio é a de propiciar ao aluno uma aproximação à realidade na qual atuará”
(PIMENTA E LIMA 2005/2006, p. 13), o que implicará passar por situações de
falta de materiais nas escolas, falta de apoio, necessidade de investimentos
financeiros e tempo fora do horário escolar para que a prática educativa
realmente aconteça.
Para finalizar os questionamentos, os participantes foram convidados a
apresentar sugestões sobre a disciplina, e nesta questão foram obtidas as
seguintes respostas: aumento das práticas, aulas práticas sobre o
preenchimento do livro de chamada, estágios desde o primeiro ano de
graduação, aumento da carga horária das atuações para que o acadêmico
tenha mais contato com métodos, didática, e organização de espaços
escolares, diminuição da carga horária de observações, diminuição de
documentos a serem preenchidos, repensar o modelo e a forma dos relatórios,
mais acompanhamento do professor orientador de estágio “inloco” durante todo
o período de estágio e não apenas nas aplicações, seleção de diferentes
espaços escolares para a realização das práticas, interação com os
professores regentes de turmas, realização de estágios em todas as séries e
em vários estabelecimentos.
Com a intenção de sugerir melhorias para a disciplina e para os novos
acadêmicos, os entrevistados expuseram todas as suas angústias e ideias,
portanto, cabe a toda comunidade acadêmica refletir acerca das respostas
concedidas, dado que nenhum egresso e agora pedagogo, iria sugerir ideias
19

para que o curso se debilite ou que ocorram defasagens neste, sabendo da


importância das universidades públicas e da boa formação inicial dos
professores todos devem buscar a qualidade no ensino, principalmente na
formação daqueles que irão futuramente educar crianças, jovens,
adolescentes, adultos, enfim, estarão inseridos na sociedade ocupando o papel
de pedagogos, os quais devem compreender e auxiliar todos os envolvidos no
processo educativo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer dos cursos de formação é a disciplina de estágio que vai
possibilitar aos acadêmicos realizar a relação de teorias e práticas, vivenciar a
realidade da profissão escolhida, e ainda, possibilita a compreensão da
complexidade de cada curso, fazendo com que os acadêmicos reflitam sobre a
importância da sua profissão para a sociedade e a importância de uma boa
formação para uma melhor execução dela.
Pensando neste viés e parafraseando Pimenta e Lima (2005/2006),
quando dizem que toda profissão é técnica, porém, ao professor não é
suficiente apenas o domínio de técnicas, pois apenas este não “dá conta” de
toda complexidade desta profissão.
Sabemos que aos professores pedagogos são confiadas vidas, de
diversas pessoas com diferentes etnias, religiões, cores, princípios, enfim,
pessoas com as mais diversas formas de aprender. Se apenas técnicas fossem
suficientes para a formação acadêmica e intelectual destes alunos, facilmente
os professores poderiam ser substituídos por máquinas, entretanto, para que a
formação destes alunos realmente aconteça é necessário que além de técnicas
exista afeto, compreensão, metodologias diversificadas que atendam cada
especificidade trazida pelos alunos diariamente nas salas de aula.
Também pode-se compreender que é no campo do estágio que os
orientadores e professores regentes de turma possibilitam aos acadêmicos
passar pelo processo real da rotina escolar, pois, durante o estágio os
acadêmicos precisam conhecer a turma e as individualidades dos
alunos,planejar, aplicar, avaliar, se auto avaliar, replanejar, relatar, aceitar
sugestões, construir ideias coletivamente, pedir ajuda, e ainda, é neste período
que percebe-se que a prática nunca será perfeita e completamente construída.
20

Considerando todas as seções e subitens deste trabalho, observa-se


que, este aborda uma pesquisa de campo de cunho qualitativo sobre a
disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental,
com objetivo de compreender as especificidades desta disciplina curricular no
curso de Licenciatura em Pedagogia: Docência e Gestão Educacional da
UNICENTRO, portanto, é de importância ímpar a compreensão de que este
artigo se debruça especificamente sobre esta disciplina da supracitada
universidade pública estadual.
Quando se fala sobre Estágio, automaticamente recorda-se de visitas
técnicas ou atividades práticas no campo onde o futuro profissional atuará,
mas, não se pode esquecer que a disciplina é muito mais ampla do que apenas
atividades práticas, que “dirão” se o profissional está apto ou não para exercer
a profissão.
Portanto, quando abordamos o estágio na Instituição de Ensino Superior
UNICENTRO, é necessário recordar que, a instituição em questão oferta este
curso há mais de 40 anos, cumprindo as exigências legais que surgiram no
decorrer da caminhada, cumprindo carga horária mínima exigida, aspirando à
pesquisa, ensino e extensão, como princípios formativos e buscando a
excelência de seus alunos.
Com o principal objetivo de trazer a realidade para perto de seus
acadêmicos, a UNICENTRO apresenta diversas estratégias de articulação,
participação, planejamento, execução e consolidação de práticas e projetos
pedagógicos visando à preparação dos acadêmicos para a atuação nos
diferentes campos de atuação do professor pedagogo.
Para finalizar, enquanto o artigo era formulado, foram encontradas certas
dificuldades quanto à aceitação dos entrevistados em responder os
questionários, e ainda na devolução dos mesmos, mas estas se tornaram
pequenas quando observado o resultado final da pesquisa. Foi gratificante
pesquisar sobre uma disciplina fundamental na formação do professor
pedagogo, bem como, fazer parte desta universidade e poder se tornar uma
pesquisadora sobre este tema.

REFERÊNCIAS
21

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996.


Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC, 1996.

BRASIL, Ministério da Educação, Parecer CNE/CES n.º 744/97, aprovado em


3 de dezembro de 1997.Orientações para cumprimento do artigo 65 da Lei
9.394/96 - Prática de Ensino. Ministério da Educação. Brasília, 1997.
Disponível
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Acesso em: 03 mar. 2019.

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Luz da Pedagogia Histórico-Crítica, Revista HISTEDBR On-line, Campinas, nº
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Acesso em: 28 mar. 2019.

DREWINSKI, Jane M.; GUILHERMETI, Paulo; PADILHA, Regina. O curso de


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Trajetória dos 40 Anos do Curso de Pedagogia da Unicentro. Ijuí: Ed. Da
Unijií, 2016.

FREIRE, Paulo. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: Saberes Necessários à


Prática Educativa, Rio de Janeiro, 52ª Ed., Paz e Terra, 2015.

LIMA, Maria Socorro Lucena, PIMENTA, Selma Garrido, Estágio e docência:


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PARANÁ, Universidade Estadual do Centro-Oeste, PROJETO POLÍTICO


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PELOZO, Rita de Cássia Borguetti, Prática de Ensino e o Estágio


Supervisionado enquanto mediação entre ensino, pesquisa e extensão,
Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, v. 5, n. 10, p. 1-7, Julho de 2007.
Disponível
22

em:<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/
2010/Pedagogia/apratestagiosuperv.pdf> Acesso em: 05 fev. 2019.

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