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Metodológicos do Ensino
de História e Geografia
Professora Ma. Maria Helena Azevedo Ferreira
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira
Diretor Administrativo
Renato Valença Correia
UNIDADE I....................................................................................................... 6
Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino de História
e Geografia na Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino
Fundamental
UNIDADE II.................................................................................................... 31
Diferentes Abordagens Historiográficas e da Geografia
UNIDADE III................................................................................................... 60
Referencial Curricular e os Parâmetros Curriculares Nacionais
(Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental)
UNIDADE IV................................................................................................... 88
Diferentes Fontes e Linguagens no Ensino de História e Geografia
UNIDADE I
Fundamentos Teóricos e Metodológicos
do Ensino de História e Geografia na
Educação Infantil e Séries Iniciais do
Ensino Fundamental
Professora Mestra Maria Helena Azevedo Ferreira
Plano de Estudo:
• O ensino da Geografia, da História e dos Estudos Sociais na história da educação brasileira.
• Noções Básicas para a construção do conhecimento histórico e geográfico
• Experiências e propostas metodológicas para o ensino de Geografia e História.
Objetivos de Aprendizagem:
• Contextualizar o ensino de História e Geografia no panorama brasileiro.
• Apresentar as bases teóricas e metodológicas do ensino de História e Geografia.
• Propor atividades práticas em sala de aula.
6
INTRODUÇÃO
Foi apenas na década de 1930 que começaram a surgir as primeiras propostas para
o surgimento dos Estudos Sociais nas escolas estadunidenses. Inspirados pela psicologia
1 Referente à memorização.
Neste ponto da discussão, caro (a) estudante, gostaria que refletisse sobre como
o Estado brasileiro, sob a égide do regime autoritário, entre 1964 e 1985, se preocupou
especialmente com o ensino das humanidades na educação básica. Selva Guimarães
Fonseca (2015) infere que isso não diz respeito apenas a uma mudança curricular, mas
atendeu ao ideário de Segurança Nacional e também a um projeto de desenvolvimento
econômico.
SAIBA MAIS
A Lei 5.692 de 1971, promulgada durante o governo de Médici, trouxe mudanças
significativas para a estrutura do ensino no Brasil. Ela não apenas denomina o
período de escolaridade obrigatória como 1º grau – o que conhecemos hoje como
ensino fundamental, como também torna obrigatório o ensino profissionalizante no 2º
grau atual ensino médio, mas também foi especialmente prejudicial para o ensino das
humanidades, que tiveram sua carga horária diminuída (GUIMARÃES, 2015).
REFLITA
Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das
gerações na lógica atual do sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a
“prática da liberdade”, o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a
realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo (Paulo Freire).
Mas por que ensinar História? A História como disciplina, desde o século XIX, tem
sofrido modificações em suas abordagens e isso reflete em como é ensinada. Sobre isso é
necessário quebrar alguns paradigmas. Com base nos pressupostos de Guimarães (2015),
podemos dizer que a História não é universal e nem linear, ela acontece de modos distintos
em sociedades distintas, ou seja, ela é fragmentada por excelência.
Além disso, precisamos nos afastar da ideia que ensinar História é fazer uma
narrativa compromissada apenas com a transmissão de informação. A História deve permitir
a troca de experiências, pois é a partir deste processo que estudante e professor constroem
as suas narrativas. Portanto, a missão do (a) professor (a), ao lecionar a disciplina é,
para Guimarães (2015), “salvar” a História e isso significa “[...] fazer crescer a
consciência dos jovens por meio de um trabalho de reflexão e de reconstrução da
experiência humana.” (GUIMARÃES, 2015, p. 52)
Pensemos, agora, em uma ideia que, de tão repetida, parece ter esvaziado
seu sentido: “o professor que atua [...] [no nível] fundamental [...] não
deve assumir-se como aplicador passivo das orientações geradas pela
reflexão acadêmica”. Além disso, mesmo reconhecendo que essas
orientações costumam ser valiosas e bem elaboradas, convém lembrar que
sua aplicação na prática docente vai depender, sempre da compreensão
que o professor tiver delas (MICELI, 2009, p. 41).
SAIBA MAIS
Fonte:https://www.papodaprofessoradenise.com.br/conhecendo-o-proprio-corpo-com-
-diversao/
Esta atividade proposta por Santos e Souza (2012) pode ser aprimorada
trabalhando também a lateralidade, pedindo que se a mão esquerda, o pé direito, o joelho
esquerdo e assim por diante. Além disso, pode ser trabalhada de forma interdisciplinar,
articulando Educação Física e Artes, por exemplo. A aplicação da atividade ajuda a criança
a entender a noção de proporcionalidade, fundamental para que seja desenvolvida nos
posteriores a linguagem cartográfica, que envolve a correta leitura de mapas.
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=1126
Fonte: http://meusbrinquedosantigos.blogspot.com/2010/08/piao.html
• Traga um brinquedo antigo para a sala de aula e deixe que os alunos o manipulem
durante algum tempo.
• Depois inicie um diálogo perguntando: “Do que é feito o objeto?” “Para que
serve?” “Quais são suas características?” “Foi feito a mão ou por uma máquina?”
“Quem o fez? É possível saber disso?” e “Quando foi feito?”.
• Os alunos alfabetizados podem fazer uma lista das características do objetos,
os que ainda não são podem desenhá-lo.
• Os alunos podem depois buscar informações junto as outras pessoas ou mesmo
na internet e, com a mediação do (a) professor (a), conhecer mais sobre os usos
e significados do objeto no passado.
Fonte:https://g37.com.br/c/divinopolis/projeto-mundere-realiza-roda-de-conversa-e-oficina-de-boneca-abayomi
Caro (a) estudante, no decorrer de nossa Unidade podemos ver como alguns
dos paradigmas que rondam as disciplinas de História e Geografia para o ensino infantil e
séries iniciais são articulados e como estes, por vezes precisam ser rompidos para que de
fato se promova uma educação libertadora.
A preocupação em pensar a história de ambas disciplinas no Brasil, residiu
em entender que nossas demandas curriculares também estão sujeitas as influências de
poder. Bem como, vimos que a História e Geografia foram objetos de preocupação
durante o regime militar, dada a sua relevância para a construção de um ideário de nação.
O fim do regime trouxe novas tendências e possibilidades para o ensino, trazendo um
aspecto democrático e mais plural.
Após compreendermos tais relações, fomos levados a responder questões
basilares do ensino de História e Geografia. A História, sendo a ciência do tempo e a
Geografia do espaço, são campos autônomos de conhecimento, com suas
especificidades. Assim, compreendemos que, apesar de suas interconexões, são
disciplinas distintas com objetos e métodos diferentes, mas que enriquecem a
compreensão do ser humano sobre si mesmo.
Isso nos levou a pensar em como trabalhar metodologicamente com as crianças,
que possuem formas de apreensão de espaço e tempo diferente da dos adultos. Por isso,
a necessidade do (a) professor (a) ter ciência das disposições teóricas, que possam
dar embasamento para a sua prática diária. Com base nisso, a nível de exemplo,
elencamos algumas atividades, nas quais você pode visualizar algumas apreensões
práticas das disciplinas.
LIVRO
• Título: Brasil de fio a pavio.
• Autor: Gilles Eduar.
• Editora: Ática.
• Sinopse: Ideal para o trabalho com as crianças, o livro traz três
divertidos personagens (um jacaré, uma capivara e uma arara) em
uma jornada pelos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal.
Cheio de ilustrações e com perguntas interativas, os alunos
são convidados a conhecerem a fauna e flora do Brasil. É um
interessante recurso para ser utilizado nas aulas de Geografia.
FILME/VÍDEO
• Título: Peixonauta, o caso do Indiozinho.
• Ano: 2016.
• Sinopse: O vídeo pode ser trabalhado no ensino infantil e
nos anos iniciais do ensino fundamental. Narra o encontro do
Peixonauta e sua turma com o indiozinho, mostrando valores com
o respeito, lendas, costumes e vocabulário indígena. O vídeo pode
ser utilizado como ponto de partida para inserir a questão do índio
em sala de aula.
• Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=GnBzR68OIhA&t=
Plano de Estudo:
• Diferentes abordagens historiográficas e da geografia
• A História tradicional positivista, o materialismo histórico e a história nova
• História regional, local e do cotidiano
• O desenvolvimento dos conceitos de tempo, espaço, território, sociedade, trabalho
Objetivos de Aprendizagem:
• Apresentar panoramas básicos das principais abordagens históricas
• Analisar a importância da História regional e local.
• Mostrar em linhas gerais a gênese da Geografia e das abordagens tradicional e crítica
• Refletir sobre o desenvolvimento dos conceitos de tempo, espaço, território, trabalho e
sociedade.
31
INTRODUÇÃO
A partir da citação acima podemos inferir que conferir um olhar diferenciado para
aquele ou outro fato com o passar do tempo, no âmbito da ciência, é um processo natural
que implica na multiplicidade de interpretações na História e na Geografia.
Assim como na História, na Geografia vemos caminhos epistemológicos, ou seja,
o repensar de estruturas de conhecimento que pareciam dadas, desde o seu surgimento
como ciência no século XIX. Segundo Milton Santos (2004), a Geografia foi ligada em
um primeiro momento a pretensões políticas de conhecimento e dominação do espaço,
em uma perspectiva colonial. Já no século XX a disciplina se enveredou para o que
se chama Geografia crítica, que toma para si as reflexões sobre as contradições e
problemas sociais, rompendo com a dicotomia entre Geografia Física e Geografia
Humana, buscando relacionar estes dois domínios na compreensão do espaço.
Até este momento é importante entender que História e Geografia são disciplinas
dinâmicas que estão sujeitas a diferentes abordagens, diferentes formas de enxergar
um mesmo fenômeno da realidade humana. Por isso, enquanto professores (as) é
preciso ter consciência que o conhecimento a ser compartilhado está sujeito a revisões
e novas hipóteses, desde possuam suporte teórico-metodológico. Disso implica a
necessidade de conhecermos mais detalhadamente algumas abordagens históricas e
geográficas, a fim de estimulá-lo a entender a pluralidade de posturas.
A escola metódica positivista teve expressão também na França, por meio das
publicações da Revue Historique, revista científica considerada das mais relevantes para
o movimento:
A Revue Historique se declarava neutra, imparcial, devotada à ciência
positiva, fechada às teorias políticas e filosóficas. Na prática, defendia a
República, combatia a Igreja Católica e, apesar de copiar os alemães, era
nacionalista. Os “positivistas” da Revue Historique passaram a controlar
todas as instituições históricas francesas: universidades, arquivos,
bibliotecas, museus, que conheceram um crescimento considerável (REIS,
1996, p. 16).
Houve também o incentivo do Estado francês que criou arquivos públicos e enviou
historiadores para outras regiões para fins de pesquisa. Assim, a disciplina foi ganhando
espaço no âmbito científico. Na figura de Fustel de Coulanges, por exemplo, historiador
SAIBA MAIS
O Positivismo
Fonte: ISKANDAR, J. I.; LEAL, M. R. Sobre positivismo e educação. Revista Diálogo Educacional,
Uma das influências mais marcantes para a História e para as ciências humanas
como um todo foi o materialismo histórico no século XIX, corrente que tem como
fundador o alemão Karl Marx, com grande contribuição de Friedrich Engels, também
alemão. Na verdade, o materialismo histórico é apenas um aspecto da ampla contribuição
de Marx para pensar o constructo social e entender a complexidade das relações
humanas, bem como estabelecer um pensamento crítico nas interpretações sobre a
Entendemos o porquê se trata de uma relação dialética, mas e por que é histórica?
Devemos ter mente que Marx e Engels procuravam explicações para as contradições
sociais que viam em sua época, momento de intensos conflitos sociais, principalmente
entre empregados e patrões (ZANIRATO, 2011). Então, como entender historicamente o
processo que culminou na existência do capitalismo como um sistema de exploração?
Para Marx e Engels (1998), a sociedade em seu processo evolutivo teria passado
pelos modos de produção, que são diferentes formas de organização econômica ocorridas
no decorrer do tempo que impactaram de modo significativo as relações de exploração, de
apropriação da matéria-prima e dos meios de produção pela burguesia na modernidade.
Os modos de produção, caracterizados por estágios diferentes que cada sociedade tem
Com relação à História do cotidiano, podemos dizer que ela quase sempre foi
tratada de forma contextualizada dentro dos recortes tradicionais. A reconstituição dos
gestos, hábitos, afetos e dia a dia dos personagens acontece tendo como panorama
aspectos de formação econômica, política, cultural de forma mais ampla
(BITTENCOURT, 2004). Assim, o estudo do cotidiano significa a análise da:
Assim, não se pode afirmar que eles fizessem ou cultivassem uma Ciência
geográfica, mas em seu saber prático, saber da experiência feita, e em sua
mitologia, suas crenças, eles cultivavam idéias de ordem geográfica e
lançavam as sementes que no futuro seriam desenvolvidas em uma
ciência, em um saber acadêmico (ANDRADE, 2008, p. 34).
Esses princípios, por mais que estivessem sendo empregados de maneira a-crítica
foram responsáveis por legitimar a disciplina enquanto campo autônomo de conhecimento.
Apesar disso, Moraes (2005) faz críticas a essa corrente alinhada ao positivismo, por
colocar a Geografia como uma “ciência síntese”, sustentada por Humboldt, que faria a
ponte entre um campo extenso de abordagens científicas, tratando de maneira
indiscriminada tudo o que acontece na superfície da terra.
Humboldt entendia a Geografia como a parte terrestre da ciência do cosmos,
isto é, como uma espécie de síntese de todos os conhecimentos relativos à
Terra. Tal concepção transparece em sua definição do objeto geográfico, que
seria: “A contemplação da universalidade das coisas, de tudo que coexiste
no espaço concernente a substâncias e forças, da simultaneidade dos seres
materiais que coexistem na Terra”. Caberia ao estudo geográfico:
“reconhecer a unidade na imensa variedade dos fenômenos, descobrir pelo
livre exercício do pensamento e combinando as observações, a constância
dos fenômenos em meio a suas variações aparentes” (MORAES, 2005, p.
16).
Ainda assim, na obra de Humboldt não aparece de maneira tão clara a pretensão
de se fundamentar uma ciência. Já na obra de Ritter Geografia Comparada, é definido o
conceito de “sistema natural” de uma área delimitada com uma individualidade e vemos sua
preocupação em propor uma Geografia, dessa maneira a disciplina “deveria estudar estes
arranjos individuais, e compará-los. Cada arranjo abarcaria um conjunto de elementos,
representando uma totalidade, onde o homem seria o principal elemento.” (MORAES, 2005,
p.16)
1 Isso não quer dizer que esta abordagem, que não chega a ser uma corrente homogênea, tenha apenas geógrafos
marxistas. Alguns geógrafos não eram marxistas, mas preocupados com questões sociais, outros tinham orientação
anarquista. (ANDRADE, 2008)
REFLITA
“A verdade, [...] é que tudo está sujeito à lei do movimento e da renovação, inclusive as
ciências. O novo não se inventa, descobre-se.” (SANTOS, 2004, p.17-18)
Fonte: SANTOS, Milton. Por uma Geografia Nova: da crítica à Geografia à uma Geografia Crítica. 6ª ed.
Nada do que você viu até agora desliga-se da prática diária da sala de aula. Por
mais que haja um distanciamento inegável das concepções formuladas na academia, das
particularidades e desenvolvimento teórico de cada disciplina, é preciso que o (a) professor
(a) esteja ciente que os conceitos trabalhados cotidianamente com os alunos tenha
propósito. Os propósitos, além das exigências curriculares – que veremos na próxima
unidade – vão ao encontro da junção das concepções teóricas com as práticas
pedagógicas. Neste sentido, o domínio de conceitos como tempo, espaço, território,
sociedade e trabalho toma como pressuposto o conhecimento destes preceitos e suas
aplicações.
5.1. Tempo
O conceito de tempo, categoria base do campo histórico, por mais que nos
acompanhe cotidianamente, assume uma forma abstrata e, por vezes, parece ser estranho
à compreensão infantil. A apreensão do tempo perpassa por algumas problemáticas:
Logo, o trabalho é uma das características mais fundamentais da sociedade e não nos
referimos apenas aquele que atende à uma lógica específica e enquadra as subjetividades
em um determinado plano. Mais do que isso, o realizar, o fazer, o experimentar e o criar,
devem fazer parte da constituição do indivíduo, sendo o que permite na conjuntura social a
superação de quadros de desigualdades.
Cara (o) aluna (o), durante nossas discussões foi possível a você enxergar que
todo conhecimento produzido é fruto de postulados científicos, que estão sempre em
constante modificação. Afinal de contas, o conhecimento não deve ser tomado como algo
estático e, mesmo quando apresentamos definições específicas de cada área,
esperamos que você tenha ciência que sua prática não está desligada de tais preceitos,
que mesmo de modo indireto na seleção de conteúdos está implícita a marca das
abordagens históricas e geográficas.
Por isso, abordamos a Escola Metódica como forma de mostrar que apesar de
ser uma corrente proveniente da Europa do século XIX, ela ainda se mostra importante,
pois foi a partir dela que a história se torna de fato uma ciência. Já com a apresentação do
materialismo histórico, deixamos claro que suas construções teóricas se ligam principalmente
ao contexto de desigualdades sociais e acontece por consequência um alinhamento da
História à estas demandas. Já na Nova História conseguimos entender a pluralidade, seja
de fontes ou objetos e com isso fazer do conhecimento algo mais abrangente e democrático.
Ao discutirmos sobre a gênese da geografia, vemos como a relação do homem com
o meio possibilitou aos poucos a construção de uma ciência. Na verdade, essa construção
foi necessária, sendo orientada para diversos fins, desde a guerra, até uma Geografia
Crítica, alinhada com princípios libertários e questionadora da condição humana atual.
Dado isso, alguns conceitos nos saltam aos olhos: tempo, espaço, território, trabalho
e sociedade Veja, são eixos norteadores que estão de maneira explícita ou implícita em cada
abordagem que apresentamos. Assim, você pôde ter a oportunidade de instrumentalizá-los
para sua futura prática docente.
LIVRO
• Título: Espaço e Tempo na Educação Infantil.
• Autores: Rosângela Doin de Almeida e Paula C. Strina Juliasz.
• Editora: Contexto.
• Sinopse: Desenvolver o raciocínio espacial em crianças de
educação infantil é possível e desejável. Este livro mostra como isso
pode ser feito, de forma clara e inovadora, por meio da linguagem
cartográfica. Exercícios e experiências efetivamente ocorridos
dentro da sala de aula, tendo como pano de fundo histórias infantis,
mostram que as crianças desenvolvem a capacidade de entender
conceitos de espaço e tempo em seu convívio com o mundo. A
obra é direcionada, principalmente, para professores da educação
infantil, mas também pode ser um instrumento para pesquisadores
da área da Geografia escolar.
FILME/VÍDEO
•Título: Organização do Espaço e do Tempo – Legislação,
Pesquisas e Práticas.
• Ano: 2010
• Sinopse: A partir de casos reais, o vídeo mostra como são
trabalhados na Educação Infantil conceitos como de espaço
e tempo. Concomitante a isso articula tais práticas a preceitos
teóricos.
• Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=Gdg2j_Y-BsQ
Plano de Estudo:
• Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) e Referencial Curricular (RCNEI): Educação
Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental
• O currículo de História e Geografia
• Conteúdos básicos para o ensino de História e Geografia
• Objetivos do ensino de História e Geografia
Objetivos de Aprendizagem:
• Apresentar os principais documentos que regem o ensino de História e Geografia.
• Discutir sobre o currículo de História e Geografia
• Situar os objetivos do ensino de História e Geografia
60
INTRODUÇÃO
Nossas ações, tudo o que fazemos em comunidade, são norteadas por leis, regras
e normas de convívio, não poderia ser diferente na educação, certo? Nosso objetivo nesta
unidade é mostrar alguns dos principais documentos que podem nortear sua prática nas
aulas de História e Geografia.
No primeiro tópico, discutiremos em linhas gerais sobre dois documentos específicos
que servem para reger a educação básica. O primeiro é o Referencial Curricular Nacional
da Educação Infantil, que traz esclarecimentos sobre as dimensões cognitivas, estéticas
e afetivas das crianças, a fim de que estas possam ter um bom desempenho quando
ingressarem no ensino fundamental. O segundo são os Parâmetros Curriculares Nacionais,
traçados por disciplinas e dão embasamento para os conteúdos trabalhados para História
e Geografia, bem como para as demais disciplinas.
O segundo tópico tem como foco conversar sobre o currículo de História e Geografia.
Fazemos isso, com base na Base Nacional Comum Curricular, instrumento do Estado
para nortear o currículo nas escolas brasileiras. Em seguida, discutiremos pontos centrais
sobre os conteúdos de História e Geografia que aparecem nos PCN’s, articulando a prática
docente com reflexões teóricas pertinentes.
Por fim, apresentaremos os objetivos das disciplinas de História e Geografia. Até
agora esperamos que tenha ficado claro a importância de ambas para a construção do
sujeito, por isso, é importante refletir quais objetivos podem ser alcançados junto aos alunos
da Educação Infantil e Ensino Fundamental – anos iniciais.
Bons estudos!
Para reconhecer o espaço e seus sujeitos algumas perguntas devem servir de guia
no processo didático, quando se direciona as crianças a pensar a localização de pessoas e
objetos. As perguntas são: “onde se localiza?”, “por que se localiza?”, “como se distribui?”
e “quais são as características socioespaciais?”.
Após isso,
Essa análise se amplia no 5º ano, cuja ênfase está em pensar a diversidade
dos povos e culturas e suas formas de organização. A noção de cidadania,
com direitos e deveres, e o reconhecimento da diversidade das sociedades
pressupõem uma educação que estimule o convívio e o respeito entre os
povos (BRASIL, 2017, p. 404).
Entender que cada povo deixa vestígios munidos de uma linguagem específica,
insere os alunos na perspectiva de diversidade. Sua noção de sujeito coletivo, portanto,
aparece mais descentralizada, o que de certa forma se alinha as apreensões
contemporâneas do mundo globalizado (BRASIL, 2017).
Abaixo um exemplo do currículo do 1º ano presente na BNCC:
Fonte:BRASIL. Base Nacional Curricular Comum. Brasília: Ministério da Educação, 2017. Disponível
04/11/2019
Você, como professor (a), ou professor (a) em formação, já pensou nas possibilidades
de trabalho com a História local da comunidade em que vive? Já pensou na quantidade de
Por isso, a tendência deste eixo temático é favorecer reflexões críticas, desligar-se
de concepções homogêneas e lineares da História, expondo as permanências, mudanças,
as diferenças e semelhanças. É desejável que nesta fase os (as) alunos (as) compreendam
Fonte: https://pedagogiapmlll.blogspot.com/2014/07/objetivo-do-capitulo-analisar-o-uso.html
O eixo temático do estudo da paisagem local permite o trabalho de vários temas, tais
como: presença da natureza, conservação do meio ambiente, transformações da natureza
e o lugar e a paisagem (BRASIL, 1997).
Veja em mais detalhes os temas propostos pelos PCN’s:
• Tudo é natureza: esta abordagem tem como intuito fazer com que o aluno
perceba que natureza está em tudo e que não é algo distante, está em seu
bairro, nas atividades econômicas da sua comunidade, na forma como as
pessoas consomem. Além disso, é possível pensar com os alunos como o
trabalho modifica a natureza.
• Conservando o meio ambiente: é importante que professor traga situações do
dia a dia dos alunos que mostrem como o ser humano lida com natureza. Isso
abre espaço para discussão sobre o comportamento social com relação ao meio,
discutindo “atitudes conservacionistas em relação ao lixo, saneamento básico,
abastecimento de água, produção e conservação de alimentos” (BRASIL, 1997,
online).
• Transformando a natureza: este tópico é uma sugestão para que se discuta os
mecanismos de transformação da natureza, com isso, faz-se um bom diálogo
com a História. A partir de um estudo comparativo, com imagens por exemplo,
se pode mostrar as modificações durante o tempo de uma dada paisagem e
como grupos étnicos distintos modificaram as paisagens de acordo com seus
referenciais culturais.
• O lugar e a paisagem: esta temática busca aproximar o (a) aluno (a) do lugar
em que vivem. A partir das inferências do (a) professor (a) sobre a motivação
de viverem naquele local, como são as condições do lugar, se há uma estrutura
básica, dentre outros aspectos. O compartilhamento destas informações entre
os alunos faz com que cada um veja as particularidades do lugar do colega.
No segundo ciclo, o ensino de Geografia deve estar voltado para “as diferentes
Fonte: http://geoprofessora.blogspot.com/2008/07/escala-reduzindo-e-comparando.html
Em suma, de acordo com os PCN’s, o eixo temático que norteia o segundo ciclo
é a configuração das paisagens rurais e urbanas, com quatro temáticas centrais: “o papel
das tecnologias na construção de paisagens urbanas e rurais”, “informação, comunicação e
interação”, “distâncias e velocidades no mundo urbano e rural” e “urbano e rural”. Veja com
mais detalhes o desenvolvimento destes temas:
Sobre os objetivos a serem alcançados com alunos (as) do segundo ciclo, (4º e
5º ano) os PCN’s sugerem os seguintes pontos a serem assimilados:
REFLITA
“A educação, qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em
prática.” (Paulo Freire),
05/11/2019
LIVRO
• Título: Aprender e ensinar História nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
• Autores: Ana Claudia Urban e Teresa Jussara Luporini.
• Editora: Cortez.
• Sinopse: Este livro se constitui em um trabalho direcionado a
professores dos anos iniciais. Apresenta aspectos teórico-práticos,
construídos na vivência da sala de aula com a decorrente reflexão
propiciada pela produção de conhecimento sobre a formação
docente. Cada capítulo aponta a possibilidade de ação reflexiva,
de ação prática e de ação literária. Oferece, também, sugestões
aos professores para além da sala de aula, indicando referenciais
bibliográficos cuidadosamente selecionados para a ampliação e a
fixação de conhecimentos.
FILME/VÍDEO
• Título: História na BNCC.
•Ano: 2018.
• Sinopse: Neste vídeo a Professora Doutora Janice Theodoro
da Silva discute os principais pontos da Base Nacional Comum
Curricular para a área de Ciências Humanas, mais especificamente
para a disciplina de História.
• Link do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=1XDvfxFfty4
Plano de Estudo:
• Apresentação sobre diferentes linguagens no ensino de História e Geografia
• Apontamentos gerais sobre avaliação e planejamento
• Parâmetros sobre a construção de projetos interdisciplinares
• Reflexões sobre as tendências atuais do ensino de História e Geografia
Objetivos de Aprendizagem:
• Refletir sobre diferentes fontes e linguagens no processo de ensino-aprendizagem
• Caracterizar planejamento e avaliação
• Perceber as tendências atuais de ensino e trabalho por meio de projetos
interdisciplinares.
88
INTRODUÇÃO
89
1 DIFERENTES FONTES E LINGUAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA
É fato que estamos no século XXI e que nossos alunos em potencial são nativos
digitais e que a linguagem utilizada na prática docente deve levar isso em consideração.
Quando se trata de compreender conceitos tão abstratos que relacionam sociedade/
natureza no tempo e espaço, a instrumentalização da linguagem do (a) professor (a), como
critério metodológico, não depende de categorizações totalizantes. Depende, antes de tudo,
da sensibilidade e senso de oportunidade em compreender as necessidades dos alunos de
acordo com os recursos disponíveis.
Por isso,
Se considerarmos que o meio no qual um sujeito vive e se constitui interfere
nas experiências que estabelecerá com a leitura e a escrita, no nosso caso,
a leitura e a escrita do mundo que o circunda, podemos afirmar que ao
envolver estudantes desde os anos iniciais em um ambiente que tem por
intuito alfabetizá-lo, poderemos contribuir com o processo de alfabetização
de forma ampla, seja ela geográfica, histórica, científica, linguística dentre
outras (FERRONATTO, 2005 apud TOCANTINS; FERREIRA, 2017,
p.11225).
91
1.1. Diferentes fontes e linguagens para o ensino de História
Vimos na Unidade II que com a Escola dos Annales, há uma ampliação das fontes
para se conhecer História e isso reverbera nas questões educacionais, em como fazer
o aluno sujeito protagonista do processo de ensino e aprendizagem. Assim, as
possibilidades no uso de fontes são várias: fotos, imagens, músicas, história em
quadrinhos, história oral, dentre outras.
Elisabeth W. Medeiros (2005) argumenta que a História perdeu a
função moralizante de outrora e precisa vincular o saber escolar com a vida social, isso
porque há um descolamento com relação ao que as crianças vivenciam na sua
realidade e a forma como os (as) professores (as) trabalham em sala de aula,
ocasionando desinteresse e indisciplina. Busca-se, portanto, engajar o aluno na
construção do conhecimento histórico.
Uma das possibilidades para o ensino de História é o trabalho com as imagens,
especialmente com fotos. As fotografias são relevantes porque elas se munem da
reprodução do real, mesmo que haja a interferência do olhar do fotógrafo (MEDEIROS,
2005) A postura do (a) professor (a) ao mostrar uma fotografia em sala de aula deve
permear pelo questionamento, identificando “a época, estilo fotográfico, motivo da
fotografia [...] costumes e vestimentas da época, posição das pessoas na
foto.” (MEDEIROS, 2005, p. 64).
Por exemplo, a imagem abaixo mostra uma família de cafeicultores no
interior Paraná, durante a colheita, na década de 1950.
Fonte: https://www.jws.com.br/2019/03/retratos-de-familia-do-passado/
92
As perguntas podem ser: em qual local esta foto foi tirada? O que eles estão
fazendo? Como era o trabalho no campo naquela época? Toda a família participava? Sobre
o cenário, é uma plantação de quê? O que esta atividade significava naquele
período?Enfim, várias perguntas podem ser feitas com base em uma fotografia.
A fotografia serve também para estabelecer uma relação de comparação, de
diferenças e semelhanças entre presente e passado (MEDEIROS, 2005). Compare a foto
que apresentamos acima, com a foto a seguir:
Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/bomgourmet/marca-paranaense-cafe-perfetto-lanca-linha-100-ara-
bica-mercado-curitibano/
Nesta foto temos também a colheita de café no interior do Paraná, mas dessa vez
a fotografia é de 2019. Mostrando as diferenças e permanências reveladas pelas fotos, é
possível ver a permanência deste tipo de cultura, mas também notar as diferenças como a
substituição da mão de obra pelo maquinário, dentre outras características.
Outra possibilidade é o trabalho com música:
A música revela momentos, épocas e culturas, constituindo-se uma das
formas mais significativas da expressão humana. As atividades que
envolvem composições musicais proporcionam, na sala de aula, momentos
agradáveis, pois envolvem também o lúdico (MEDEIROS, 2005, p. 67).
O (a) professor (a) deve contextualizar não apenas a letra da música, mas também
chamar atenção para os instrumentos utilizados e as melodias. Em primeiro lugar, Costa
(2011) aponta que é necessário conhecer a cultura musical dos (as) estudantes, ou seja, o
estilo de música que mais atrai os (as) alunos (as). As músicas escolhidas sempre devem
93
estar relacionadas com o tema e/ou período histórico o qual se está discutindo. Todos os
(as) alunos (as) devem ter acesso à letra da música e ouvi-la atentamente. Em seguida,
alguns questionamentos podem ser feitos aos alunos após a apresentação da música:
Uma das formas que as histórias em quadrinhos possuem significância nas aulas
de história é por meio de sua utilização para que os alunos possam produzir interpretações
do passado. Ao selecionar um conteúdo, o (a) professor (a) precisar fornecer
embasamento teórico sobre este e apresentar algum quadrinho que verse sobre a
temática estudada. A leitura dos quadrinhos por parte dos alunos, permite com que façam
interpretações e criem novas visões, que precisam ser mediadas pelo (a) professor (a)
para que a assimilação do conteúdo seja efetiva. Outra fase fundamental do processo é a
produção dos quadrinhos, momento em que os alunos vão explorar o conteúdo por meio
deste artifício (PALHARES, 2008).
Ainda temos a possibilidade de lidar com outros elementos por vezes ignorados
pelos (as) professores (as), mas que são recursos interessantes para o ensino de história;
94
como a história da alimentação e utensílios. São objetos do cotidiano e de fácil
identificação por parte dos alunos. No caso da história da alimentação, o (a) professor (a)
pode versar, além da história em si dos alimentos, sobre sua produção e seu consumo
(MEDEIROS, 2005).
A alimentação é uma das características mais vitais da sociedade e não
deveria ser de estranhar que estudá-la, até porque um prato de comida pode revelar,
em seus ingredientes, modos de preparos e ocasiões em que é servido, muito da
mentalidade e cultura de um povo. Conhecer mais detalhes da gastronomia de um povo,
pode incentivar o aluno a conhecer mais sobre a cultura dos outros e a própria
(MEDEIROS, 2005). Pode servir, por exemplo, para desconstruir alguns paradigmas
sobre alguns povos e consequentemente sobre seus costumes alimentares, como é o
caso do acarajé, que longe de ser apenas um prato turístico, conta uma longa história
sobre a presença africana no Brasil e o exercício da religiosidade.
Outra fonte para o ensino de história são os utensílios. Eles acompanharam
diferentes sociedades ao longo da história com finalidades diferentes.
Ao selecionar o material a ser trabalhado para ilustrar momentos
históricos, devemos indagar sobre sua origem, sua utilidade, atualidade,
contar sua história, procurando problematizar, fazendo relações com o
momento presente. Discutir questões ligadas à continuidade,
descontinuidade, semelhanças, di-ferenças e transformações (MEDEIROS,
2005, p. 69).
São variadas as linguagens e fontes que podem ser utilizadas para o ensino de
História para além das que citamos. Entendemos que utilizar as novas tecnologias constitui-
se como recurso válido, desde que essa não venha descompromissada com a prática
pedagógica e desorientada de sentido. Desse modo, o (a) professor (a) deve ser sensível
com relação ao seu público e ao conteúdo que está lecionando.
A Geografia Crítica, voltada para o âmbito do ensino, traz a concepção de que o (a)
aluno (a) não é um mero receptáculo de informações, mas também agente de transformação
da realidade. Em consequência disso, o (a) professor (a) é estimulado a buscar novas
formas de ensinar que rompa com a perspectiva tradicional de ensino e busque novas
linguagens, mais articulada com a vivência dos (as) estudantes (FERREIRA, 2017).
Nas atividades de todo o dia, os alunos adquirem um certo conhecimento do
espaço geográfico em que estão inseridos, ou seja, obtém algum
conhecimento sobre a geografia das coisas. Independentemente da
geografia que estudam na escola, os jovens e as crianças circulam pela
cidade, pelo bairro, no dia a dia, realizando suas atividades, criando, recriando
95
e organizando espaços. (SANTOS; SOUZA, 2012, p. 127).
96
As autoras salientam que as respostas nesta atividade serão de caráter pessoal.
É proposto que no seguimento da atividade os alunos relacionem os mapas apresentados
com o lugar onde vive. Caso não se pareça com nenhum deles, o aluno poderá apontar as
diferenças (SANTOS; SOUZA, 2012).
Outra possibilidade no ensino de Geografia são os jogos. Santos e Souza (2012)
inserem a possibilidade de se trabalhar, após o desenvolvimento conceitos como lugar e
localização, a concepção de coordenadas geográficas por meio do jogo Batalha Naval.
De acordo com Gonçalves e Costa Filho (2014), o uso da imagem, para além de
servir apenas como ilustração, não servindo apenas para embelezar o conteúdo ministrado
em sala:
Através da imagem o professor pode trabalhar, por exemplo, as
transformações que ocorrem no espaço geográfico ao longo do tempo,
quais agentes contribuem para essas mudanças, elas são positivas ou
negativas, assim os alunos estarão exercitando o seu pensamento crítico
acerca da realidade (GONÇALVES; COSTA Fº, 2014, p. 4).
O uso das imagens serve, portanto, para que os alunos façam suas
próprias interpretações e formulem hipóteses (GONÇALVES; COSTA, 2014). A
apresentação da imagem a abaixo, por exemplo, é uma forma de levar os alunos à
reflexão:
Figura 4: Imagem fotográfica sobre o desmatamento da Amazônia
Fonte: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/08/25/O-desmata-
mento-da-floresta-amaz%C3%B4nica-por-estado-e-munic%C3%ADpio
97
No caso, vemos o avanço do desmatamento do bioma amazônico. A partir da
apresentação da imagem, é possível inferir sobre a intervenção humana na floresta, os
interesses econômicos envolvidos, a importância da preservação, bem como as políticas
públicas em torno do meio ambiente.
Outras possibilidades podem ser acrescentadas para o ensino de geografia, como
maquetes que explorem a questão da paisagem, jogos eletrônicos, filmes, dentre outros.
Entretanto, qualquer que seja a fonte ou a linguagem adotada, estas devem estar vinculadas
aos objetivos do conteúdo e de acordo com o planejamento estipulado.
98
A avaliação educacional será, assim, um instrumento disciplinador não
só das condutas cognitivas como também das sociais, no contexto da
escola (LUCKESI, 2005, p. 32).
Objetivo geral:
100
Metodologia:
• Previamente, elaborar um questionário para que os estudantes levem para casa
e entrevistem seus responsáveis. O questionário deve conter: 1) Nome de todos
os integrantes da casa. 2) Data e local de nascimento dos membros da família.
3) Como os (as) responsáveis se conheceram. 4) Data e local de nascimento do
(a) aluno (a). 5) Como foi a experiência da chegada do (a) aluno (a) na família.
• Já em sala de aula, por meio de uma conversa informal, levantar junto aos
alunos as respostas obtidas dos membros da família, estimulando os alunos a
pensarem sobre episódios que ocorreram antes da sua chegada na família e
que ouçam os demais colegas sobre a composição de suas famílias.
• Em seguida, pedir que eles listem todos os membros de sua casa, do mais
velho para o mais novo.
• Questionar aos alunos sobre as primeiras lembranças que eles têm sobre a sua
família e pedir para que façam um desenho sobre este episódio.
Materiais/Equipamentos
Giz, Quadro, Lápis de cor
Avaliação
A partir de uma abordagem diagnóstica e contínua espera-se que o (a) aluno
(a) compreenda episódios que ocorreram antes da sua chegada, ou seja, do passado,
estabelecendo um paralelo entre passado e presente, por intermédio das entrevistas.
Referências
BRASIL. Base Nacional Curricular Comum. Brasília: Ministério da Educação, 2017
Este é um exemplo simples de plano de aula, que pode compreender uma duração
menor, maior, variedade de conteúdos, enfim, tudo que possa guiar o (a) professor (a) em
sua prática.
Para as aulas de História e Geografia é essencial que estes instrumentos, da
avaliação e do planejamento, andem lado a lado. No ímpeto de criar sujeitos que sejam
críticos à sociedade e possam intervir positivamente nela, o (a) professor (a) deve assumir
postura consciente sobre os procedimentos que toma em sua prática docente e não deixar
de se comprometer com o ensino.
101
2 O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS INTERDISCIPLINARES NO ENSINO DE HIS-
TÓRIA E GEOGRAFIA
103
gerou mais questionamentos e hipóteses nos alunos. A partir de conceitos centrais, como
“povos indígenas” e “floresta amazônica” a professora traçou uma rede de temática que
abrangia as mais diversas áreas do conhecimento, como podemos ver abaixo:
104
nos estudantes. Para os nossos propósitos apontaremos os conteúdos trabalhados em
História e Geografia:
História Geografia
Identidade
● Minha vida, minha idade e minha família
Memória Espaço Geográfico
● Fases: Infância ● Casa
● Infância: pais e avôs
Imaginário
● O brincar no presente
Cultura
● Caracterização da época atual: moradia, alimentação e
lazer
Espaço representado
Espaço
● Noção de espaço
● Minha casa
Tempo
● Noção de tempo: ordenação sucessão e simultaneidade
SAIBA MAIS
Temas transversais
O que você sabe sobre temas transversais? Eles são unidades temáticas presentes nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, que visam atender as dimensões afetivas, motoras,
de inserção e atuação social, buscando uma interconexão do currículo com o cotidiano,
que podem ser trabalhados de forma concomitante em várias disciplinas. . Os temas
transversais são distribuídos em seis áreas: ética, orientação sexual, meio ambiente,
pluralidade cultural e trabalho e consumo. Lembrando que o desenvolvimento destas
temas deve estar sempre vinculado a linguagens e especificidades de cada faixa etária.
Para saber mais acesse: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf
Fonte: POOLI, J. P.; ACOSTA, A. J.; SCHEIBEL, M. F.; et al. Projetos interdisciplinares. Curitiba: Inter-
saberes, 2013.
105
3 DIAGNÓSTICO E ANÁLISE CRÍTICA DA ATUAL REALIDADE DO ENSINO DE
GEOGRAFIA E DE HISTÓRIA
A Geografia, por sua vez, como aquela ciência que busca a totalidade, ou seja,
a relação da sociedade com natureza na transformação do espaço,
O raciocínio geográfico só é construído pelos alunos se for um processo
deles, que parta e se desenvolva deles, sem desconsiderar o papel do
conhecimento científico e da mediação do professor, alienados a atividades
dinâmicas, que envolvam um processo empírico social com outras áreas e
pessoas. Como as atividades de cooperação e de intercâmbio que são
importantes para o processo de socialização, para o desenvolvimento de
habilidades entre os alunos, o debate entre conhecimentos e visões
diferentes sobre o mesmo objeto (BARBOSA; ARAÚJO, 2013, p.10).
REFLITA
“Cada geração deve numa relativa opacidade descobrir sua missão, executá-la ou traí-la.”
(FANON, 1968, p.171)
FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Editora Civilização brasileira, 1968. Disponível em:
https://www.kilombagem.net.br/wp-content/uploads/2015/07/Os_condenados_da_Terra-Frantz-Fanon.
107
CONSIDERAÇÕES FINAIS
108
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
• Título: Angola Janga: uma história de Palmares.
• Autor: Marcelo D’Salete.
• Editora: Veneta.
• Sinopse: Para que o (a) professor (a) esteja a par das linguagens
que podem ser transpostas para a sala de aula, recomendamos
a leitura deste quadrinho, ganhador do prêmio Jabuti em sua
modalidade. A história insere o leitor no mundo do quilombo
dos Palmares, lançando um novo olhar histórico para este, e
adicionando elementos ficcionais que complementam a narrativa.
FILME/VÍDEO
• Título: Na natureza selvagem.
• Ano: 2007.
• Sinopse: Início da década de 90. Christopher McCandless (Emile
Hirsch) é um jovem recém-formado, que decide viajar sem rumo
pelos Estados Unidos em busca da liberdade. Durante sua jornada
pela Dakota do Sul, Arizona e Califórnia ele conhece pessoas que
mudam sua vida, assim como sua presença também modifica as
delas. Até que, após dois anos na estrada, Christopher decide
fazer a maior das viagens e partir rumo ao Alasca.
109
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113
CONCLUSÃO
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