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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS:

ESPAÇOS NÃO ESCOLARES


AULA 3
COMUNICADO SOBRE A PANDEMIA COVID-19

Caro aluno,
Devido à pandemia que enfrentamos neste momento, estamos passando por
tempos desafiadores, juntos e com esforços de cada um, certamente
venceremos essas adversidades.
Pensando na saúde e bem-estar de todos os nossos alunos, corpo docente e
administrativo, e seguindo as determinações dos órgãos municipais, estaduais e
dos Ministérios da Saúde e da Educação, as práticas pedagógicas propostas
pelo seu curso deverão ser desenvolvidas em casa.
Precisamos nos assegurar de que nossos alunos estão em segurança e, por
isso, pedimos que você utilize sua criatividade, mas não deixe de realizar suas
práticas, pois elas são fundamentais para a sua formação.
FLUXO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
A parte de planejamento/organização e RELÁTORIO DAS ATIVIDADES devem
ser realizados em sua casa... NÃO HÁ PERDA DA QUALIDADE DO PRODUTO
A SER APRESENTADO!
PARTE PRÁTICA DE EXECUÇÃO DO PROJETO
Vale realizar as atividades propostas em cada projeto com os pais, irmãos,
sobrinhos (QUE RESIDAM EM SUA CASA...), vale fazer videoconferência com
a amiga que é professora, com o colega que trabalha como secretário, enfim,
use sua imaginação, mas não deixe de fazer suas práticas pedagógicas e postar
no portal, pois essas atividades compõem sua avaliação.
Se você residir sozinho(a), utilize a imaginação, mas execute o plano da
atividade que você está propondo para as PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
Temos certeza de que essa pandemia se trata de algo que iremos superar e,
rapidamente, poderemos normalizar nossas vidas.

Um abraço,

Equipe da UNIFAVENI
Escolha do
espaço e
planejamento

Abertura

Olá!

É bastante incomum imaginarmos um pedagogo atuando em espaços diversos


como um tribunal de justiça, sindicato ou agência de turismo.
Nesta aula, você estudante será convidado a refletir sobre alguns
questionamentos como por exemplo: O que o pedagogo poderá fazer em um
espaço não escolar como um tribunal? Que tipo de atividade o estudante de pedagogia
pode elaborar para ser aplicada em um espaço não escolar, como um sindicato? De que
forma eu, como futuro pedagogo, posso contribuir para que a aprendizagem ocorra em
um espaço não escolar como uma agência de turismo? Além disso, nesta aula
iniciaremos o desenvolvimento de nossas atividades que compõem a prática pedagógica em
espaços não escolares.

BONS ESTUDOS!
PRÁTICA PEDAGÓGICA EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

1° PASSO
Para iniciar este projeto é necessário escolher um espaço não escolar de sua
cidade ou região. Tal escolha, é importante, pois, somente a partir dela,
poderemos elaborar as atividades pedagógicas a serem desenvolvidas no referido
espaço.

DICA IMPORTANTE
Pense num ambiente em que se sinta confortável, familiarizado com o espaço para
que seu aproveitamento seja o mais satisfatório possível.
Por exemplo: não adianta eu escolher desenvolver atividades em um hospital ou em um
asilo, se não estou familiarizado com as circunstâncias encontradas nestes ambientes.
Veja algumas possibilidades:
• Igreja;
• Tribunais
• ONGs;
• Agências ou espaços de turismo;
• Hospitais ou unidade básica de saúde;
• Asilo ou Casa de Repouso.
• Sindicatos
• Associações de bairros

É importante que você visite o local com antecedência e solicite aos responsáveis
por ele uma autorização para atuar neste espaço. Apresente-se como
estudante de Pedagogia e explique que se trata de uma atividade acadêmica.

2° PASSO

Com a escolha do ambiente definida, agora é o momento de planejar suas atividades.


Não se esqueça de fazer suas anotações, pois elas serão importantes para a
elaboração de seu relatório final.
O ideal, neste caso, é que você elabore um diário de bordo, onde descreva passo
a passo todas as etapas que precisou concluir para desenvolver seu
projeto.
Assim, por exemplo, ao escolher desenvolver suas atividades em um asilo,
é importante conhecer seus dirigentes, anotar seus telefones de contato, endereço
do espaço, solicitar uma reunião com eles, para se apresentar e
apresentar seu projeto. Ter todas estas informações anotadas em um diário,
permitirá que você tenha acesso e não se esqueça de informações imprescindíveis
na elaboração do relatório final.
DICA IMPORTANTES:

Pense em atividades simples, possíveis de ser realizadas dentro do tempo que


você tem disponível e que respeite a faixa etária de seu público.!

É fundamental que você elabore um cronograma detalhado de suas atividades


para que consiga cumpri-las e finalizar seu projeto dentro do prazo.

Elabore um cronograma das etapas dessa atividade e a ordem em que elas ocorrerão.

Abaixo você encontra um exemplo de cronograma de


atividades. Observe que elas estão distribuídas ao longo dos meses de um
ano. Caso você não disponha deste tempo, construa seu cronograma,
distribuindo as atividades em semanas ou mesmo nas datas específicas em
que pretende realizá-las.
RESPEITO À FAIXA ETÁRIA

Se eu escolho atuar em um asilo, é fundamental que eu elabore atividades condizentes


com a terceira idade. De nada vai adiantar se eu propuser, por exemplo, uma dança
das cadeiras para estas pessoas, que apresentam mobilidade reduzida.

DICA IMPORTANTE
Como se trata de um planejamento, ele deve ser flexível em virtude de imprevistos que
possam acontecer. Assim, é muito importante que você tenha um “'plano B', caso haja
um imprevisto e necessidade de troca de atividade.

Exemplo:: se eu escolho desenvolver uma atividadeqque necessite ser aplicada em quatro


dias consecutivos e, em conversa com os dirigentes da instituição, descubro que
não háá datas disponíveis, tenho dois caminhos possíveis:

1) Posso modificar minha atividade para que ela se encaixe nas datas disponíveis;;ou
2) Posso mudar a atividade inicial e aplicar meu plano B.

DICA IMPORTANTE

Para que sejam bem elaboradas e aplicadas, é fundamental que você se


baseie no conhecimento adquirido ao longo do curso de LICENCIATURA para a
concretização de seu trabalho.
EXEMPLOS DE ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

Asilo ou Casa de Repouso: Este público merece muito carinho e atenção. Que
tal propor“um resgate das memórias?”Pode ser uma atividade que
promova uma roda de conversa, com música e um belo chá da tarde para coroar a
experiência.

Agências ou espaços de turismo: Numa agência de turismo pode ser elaborada


uma atividade que auxilie os funcionários a vender pacotes turísticos, uma
atividade que apresente as características das várias regiões brasileiras, como o tipo de
clima, vegetação, referências à população etc.

Templos / Igrejas: atividades lúdicas de integração entre as crianças com a


confecção de desenhos, por exemplo. Ao término, você poderá organizar
uma exposição para a comunidade, assim, os resultados serão compartilhados e
apreciados por todos.!

Associações de bairros: atividades manuais e artesanato, por exemplo. Ao


término, você poderá organizar uma exposição e venda dos produtos
confeccionados pelos moradores, sendo o lucro revertido para melhorias do
bairro ou para a própria associação.
Referencial Teórico

Para aprofundar seu conhecimento acerca dos Espaços não Escolares, convidamos
a fazer a leitura do artigo abaixo:

EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: PEDAGOGIA SOCIAL TRANSFORMADORA E MOTIVADORA


Marcela Fernanda Ramos

Poucos são os estudos sobre a prática de educação não-formal, embora diferentes


seguimentos da sociedade venham direcionando o olhar para esta pedagogia social
como campos de conhecimento e de ação profissional. A escola é uma instituição que
desenvolve papel central na formação dos educandos que por ela passam,
exercendo principalmente acesso aos conhecimentos historicamente sistematizados.
Porém, a educação vai além do espaço delimitado pelos muros escolares e salas de aula. O
indivíduo ao longo de toda a trajetória de vida adquire conhecimentos concebidos por
suas próprias experiências, por relações sociais com outros indivíduos, no âmbito
familiar e em instituições educadoras formais e não formais. Esta última nada mais é
que um processo de aprendizagem social centrada no indivíduo, por meio do
desenvolvimento de atividades extra-escolares. É um processo voluntário de aprendizagem
e de educação fora da escola, que acontecem em ong's, instituições religiosas, iniciativas
particulares e programas sociais públicos. Essa prática é necessária e importante
quando se pensa em um processo educacional que priorize a prática de atividades que
favoreçam atividades culturais, de criação, esportes, rodas de conversas, relações de
trocas de vivências, entre diversas outras atividades educacionais. Tanto as
conceitualizações quanto os trabalhos empíricos, apresentam interdisciplinaridade e
flexibilidade como características desta modalidade de educação. A educação não-
formal pode se desenvolver nos mais variados espaços, sendo uma
modalidade crescente no cenário nacional e pouco explorada nos meios acadêmicos.

BOA LEITURA
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: PEDAGOGIA
SOCIAL TRANSFORMADORA E MOTIVADORA

Marcela Fernanda Ramos

RESUMO

Poucos são os estudos sobre a prática de educação não-formal, embora


diferentes seguimentos da sociedade venham direcionando o olhar para esta
pedagogia social como campos de conhecimento e de ação profissional.

A escola é uma instituição que desenvolve papel central na formação dos


educandos que por ela passam, exercendo principalmente acesso aos
conhecimentos historicamente sistematizados. Porém, a educação vai além
do espaço delimitado pelos muros escolares e salas de aula.

O indivíduo ao longo de toda a tragetória de vida adquire conhecimentos


concebidos por suas próprias experiências, por relações socias com outros
indivíduos, no âmbito familiar e em instituições educadoras formais e não
formais. Esta última nada mais é que um processo de aprendizagem social
centrada no indivíduo, por meio do desenvolvimento de atividades extra-
escolares. É um processo voluntário de aprendizagem e de educação fora da
escola, que acontecem em ongs, instituições religiosas, iniciativas
particulares e programas sociais públicos.

Essa prática é necessária e importante quando se pensa em um processo


educacional que priorize a prática de atividades que favoreçam atividades
culturais, de criação, esportes, rodas de conversas, relações de trocas de
vivências, entre diversas outras atividades educacionais. Tanto as
conceitualizações quanto os trabalhos empíricos, apresentam
interdisciplinaridade e flexibilidade como características desta modalidade
de educação. A educação não-formal pode desenvolver-se nos mais variados
espaços, sendo uma modalidade crescente no cenário nacional e pouco
explorada nos meios acadêmicos.
PALAVRAS – CHAVES: Educação não-formal; Educador social; Pedagogia
social.

INTRODUÇÃO

No campo educacional existem três práticas diferentes, que acontecem


separadas, porém, não independentes uma da outra, são elas: educação
formal, educação informal e educação não-formal.

Educação formal trata-se do que ocorre dentro de escolas públicas e privadas,


cursos de aperfeiçoamento e treinamento, etc., onde o desenvolvimento das
aulas acontece na maioria das vezes dentro de uma sala, por meio de livros
didáticos, lousa e caderno.

A educação informal está diretamente voltada ao comportamento, hábitos,


valores não intencionados e não institucionalizados.

A prática da educação não-formal ocorre no período inverso ao que o aluno


frequenta a escola regular.

De acordo com Libâneo (2002), podemos entender que a educação não-


formal refere-se às organizações políticas, profissionais, científicas, culturais,
agências formativas para grupos sociais, educação cívica, etc., com atividades
de caráter intencional. A educação não-formal vem apresentando
crescimento em nosso país, principalmente no estado de São Paulo onde
obras sociais, organizações não governamentais e instituições privadas e
religiosas, se preocupam com a realidade social de crianças e adolescentes
que vivem principalmente em bairros periféricos e de baixa renda.

A prática da educação não-formal desenvolvidas por diversas instituições,


ocupam o aluno com atividades produtivas e longe do tempo ocioso inverso
ao escolar, onde um número grande de crianças ficariam pelas ruas, sujeitas
à conhecerem uma realidade bastante real no país, como drogas, cigarro e
bebida. Ao contrário, a criança ou adolescente frequentadora de projetos
sociais, tem a oportunidade de aprenderem uma profissão, pelo fato de que a
maioria das instituições e projetos de educação não-formal desenvolvem seus
trabalhos por meio de oficinas culturais, esportivas e profissionalizantes.

“Talvez o maior problema para entender a tragédia do desenvolvimento


brasileiro, seja compreendê-lo subordinado à lógica econômica que trata as
classes sociais como se tivessem organizadas de forma contínua. Como se
Apartheaid só fosse racial e localizado na África do Sul.” (Cristóvão Buarque).

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL

“O homem não pode participar ativamente na história, na sociedade, na


transformação da realidade se não for ajudado a tomar consciência da
realidade e da sua própria capacidade de transformar [...] Ninguém luta
contra forças que não entende, cuja importância não meça, cujas formas de
contorno não discirna; [...] Isto é verdade se, se refere às forças sociais[...] A
realidade não pode ser modificada senão quando o homem descobre que é
modificável e que ele o pode fazer.” (PAULO FREIRE)

A expressão “educação não-formal” começa a aparecer relacionada ao campo


pedagógico simultaneamente a uma série de críticas ao sistema formalizado
de ensino, em um momento em que diferentes setores da sociedade como
serviço social, saúde, cultura, pedagógico e outros, veem o universo escolar e
a família, impossibilitados de representar todas as demandas sociais que lhes
são cabíveis, impostas ou ainda desejadas.

O termo educação não-formal apareceu no final da década de sessenta. Neste


período surgem discussões pedagógicas, vários estudos sobre a crise na
educação, as críticas radicais a instituição escolar, a formulação de novos
conceitos e seus paradigmas. Assim esta crise é sentida na escola e acaba por
favorecer o surgimento do campo teórico da educação não-formal
(TRILLA,1996).

Dentre os fatores considerados importantes para o surgimento da educação


não-formal, pode-se citar as mudanças ocorridas nas estruturas familiares de
classe alta, e até mesmo aquelas mudanças que resultaram devido às
modificações nas próprias relações de trabalho, assim como o fato das
crianças e jovens na atualidade não terem espaço seguro para desenvolverem
a socialização no mundo moderno e suas transformações, no sentido de
redirecionarem e reorganizarem a estrutura familiar conforme as
necessidades de espaço, trabalho e localidade, e até mesmo a preocupação de
deixar os filhos, sendo que os pais, por opção ou por necessidade, são
direcionados para o campo profissional.

Todas estas modificações, em seus contextos trouxeram a necessidade da


sociedade se reorganizar, respondendo às mudanças inclusive no campo
educacional.

Estes fatores levaram a percepção de que somente os modelos de educação


difundidos pela escola e pela família já não mais davam conta da realidade
social atual, entretanto não havia conhecimento, credibilidade e
amadurecimento das propostas para preencher as lacunas existentes.

Cada característica promoveu por um lado o fortalecimento de uma nova


maneira de compreender o papel da educação formal e por outro, para dar
visibilidade a outros fazeres educacionais fora do contexto da escola
tradicional, passando a legitimar e valorizar outras maneiras de educar e
educar-se e, por fim, a compreensão e aceitação de que o meio também educa.

A educação não-formal está sendo difundida, mas não se restringindo


somente aos processos de ensino-aprendizagem nas escolas formais, tem o
seu foco em oficinas artesanais, culturais, esportivas e recreativas.

Segundo Gohn (2008), esta modalidade aborda processos educativos que


acontecem fora da escola, em organizações sociais, movimentos não
governamentais (ONGs) e outras entidades filantrópicas atuantes na área
social.

Até os anos oitenta a educação não-formal era um campo com menos


importância no Brasil, tanto para as políticas organizacionais quanto aos
educadores.
Afonso (1992) entende a educação formal, como aquela organizada com uma
determinada sequência e proporcionada pelas escolas.

Os pais informalmente em casa, garantem a seus filhos as mesmas


oportunidades dos “saberes”, porém a escola vem trazendo um saber
elitizado e em muitas vezes, excluindo os já excluídos pela sociedade.

A educação transmitida pelos pais na família, na interação com os amigos, no


convívio diário em clubes, teatros, leituras de jornais, revistas, livros, etc; são
considerados temas da educação informal, aquela que ocorre nos espaços de
possibilidades educativas no decurso na vida, tendo caráter permanente. O
que difere a educação não-formal da informal, é que na primeira existe a
intencionalidade de dados, dispostos a criar, proporcionar ou buscar
determinadas qualidades com objetividade.

Inicialmente a educação não-formal era vista como um conjunto de processos


delineados para alcançar a participação de indivíduos a determinados grupos:

• De alcance rural;

• De envolvimento comunitário;

• De educação básica ou planejamento familiar.

As mudanças econômicas, sociais, principalmente com relação ao mundo do


trabalho, ocorrentes nos anos noventa trouxeram grandes destaques a
educação não-formal. Os processos de aprendizagens em grupos passaram a
serem valorizados, dando importância aos valores culturais que articulam as
ações dos indivíduos. Passou-se, ainda, a falar de uma nova cultura
organizacional que, em geral exige aprendizagem de habilidades extra-
escolares. Mas, o novo campo para a educação não-formal não se formou
apenas pelas mudanças econômicas e pelos apelos da mídia que utilizava
atividades e projetos desenvolvidos em entidades sociais como pano de fundo
para incentivos fiscais ou abatimentos em deduções fiscais.

Garcia (2007), cita Philip Coombs, como um dos primeiros autores a


considerar a educação não-formal no amplo contexto educacional sendo
reconhecido por outros autores como a origem da educação não-formal e
informal, aplicados a área da educação.

Alguns estudiosos e organismos internacionais como a ONU e a UNESCO


também têm contribuído para as discussões que giram em torno do assunto.

Em 09/03/1990 na Tailândia, foi realizada uma Conferência Mundial sobre


eduação para todos, dando origem a dois documentos denominados
“Declaração mundial sobre educação para todos e plano de ação para
satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem” onde as experiências das
ONGs em programas de educação foram consideravelmente delineadas como
possibilidade efetiva de trabalho na área educacional.

É possível concluir que, partindo deste documento, a educação-formal


começa a ser formalizada como campo pertencente ao setor educacional.
Parece ser este o momento do nascimento, não da ação da educação-não
formal, como área conceitual.

Mesmo existindo uma aceitação, ao menos por pesquisadores e estudiosos da


terminologia “educação não-formal” e de quais ações e propostas estão
presentes neste campo, os textos estudados nos mostram que há um processo
de aceitação de tudo isso, e que em alguns aspectos, ele é bastante lento, ainda
sem muita clareza sobre qual relação da educação não-formal com outras
áreas de conhecimento, como também uma “definição” do termo, fato que
ainda aponta discussões e necessidades de estudos e pesquisas.

EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: PRÁTICAS E REALIDADES

Entende-se como projeto social o conjunto de valores, crenças, propostas e


diretrizes que explicam e organizam a práxis de um movimento, grupo ou
organização social.

Este conjunto de idéias revela a opção política do grupo através de sua forma
de conhecer e atuar socialmente de forma concreta, de determinar suas
metas, objetivos e estratégias devendo ser extraído e compartilhado pelo
coletivo (GOHN, 2005).
A Organização não Governamental – ONG – é definida como uma organização
que não seja parte do governo, nem tenha sido fundada pelo Estado, dispondo
de autonomia administrativa e atuando sem fins lucrativos em áreas
específicas, como as de natureza social, cultural e com objetivos
essencialmente não comerciais. Parte de seus recursos tem origem privada.
Geralmente é associada à Organização das Nações Unidas.

Gohn (2008), ao estudar a educação não-formal, desenvolvida junto a grupos


sociais organizados ou movimentos sociais, chama nossa atenção para as
questões das metodologias e modos de funcionamento, por ser um dos
aspectos mais relevantes do processo de aprendizagem, mas lembra que é
preciso aprofundar as pesquisas ao redor dos movimentos sociais e seus
processos de encaminhamento.

Garcia, em palestra ministrada no GEMEC – Campinas em 09/08/2008, fala


que a educação não-formal tem que ser compreendida pela sociedade como
um direito e não como assistencialismo, embora este olhar de
assistencialismo para com as ONGs e os projetos sociais esteja impregnado da
visão de sociedade, até mesmo nas comunidades inclusas e nas entidades. Isso
acontece, segundo a estudiosa, porque muitas vezes a sociedade deixa de
cobrar do poder público, suas devidas obrigações, embora, mais a frente ela
afirme que em alguns casos realmente não se trata de projetos, mas sim de
assistencialismo, o que muitas vezes encontra-se guiado pela mídia ou pelo
enaltecimento pessoal.

A educação não-formal vai além do assistencialismo. Visa ao desenvolvimento


de valores, acreditando que a aprendizagem se dá por meio das práticas
sociais, respeitando as diferenças existentes para a absorção e elaboração dos
conteúdos implícitos ou explícitos no processo ensino e aprendizagem.

A flexibilidade é bastante presente no estabelecimento dos conteúdos que


permeiam a educação não-formal, assim como a criação e organização de seus
espaços, sendo criados e recriados conforme os modos de ação previstos nos
objetivos maiores que dão sentido ao fato de determinadas necessidades de
grupos sociais pertencentes à comunidade estarem se reunindo.

Os espaços de educação não-formal, segundo Simson e Park (2001), deverão


ser desenvolvidos segundo alguns princípios como:

• Apresentar caráter voluntário;

• Proporcionar elementos para a socialização e solidariedade;

• Visar o desenvolvimento social;

• Favorecer a participação coletiva;

• Proporcionar a investigação e, sobretudo proporcionar a participação dos


membros do grupo de forma descentralizada.

Assim, devem ser considerados os desejos e anseios da comunidade com a


qual se pretende trabalhar e partindo de estudos, do conhecimento da
realidade em questão, fazer uma integração com as ações a serem
desenvolvidas.

A partir destas caracterizações, fica claro que não há como pensar a educação
não-formal sem levar em consideração a comunidade, pois é muito difícil o
envolvimento voluntário e de doação das pessoas com algo a que não se
sintam pertencentes. Por estas razões, atualmente muitos projetos foram
fundados e contam não somente com voluntários, mas também com
funcionários contratados de acordo com as leis trabalhistas, dentre eles,
professores, secretários, assistentes sociais, psicólogos, etc. Em determinados
municípios esses projetos ou instituições recebem auxílio financeiro para o
pagamento de seus funcionários.

Quando a escola é vista como um espaço social, levando em conta os


constantes processos de construção de identidade, sendo eles de caráter
pessoal e social, automaticamente temos que pensar em práticas que o tempo
todo nos faça manter parceiros da sociedade, favorecendo processos, onde a
mesma possa integrar e transformar.
Muitas entidades e projetos sociais, organizam as suas atividades
enriquecendo seus espaços com atividades comumente denominadas de
oficinas.

Para Silva (2007), oficinas são espaços organizados por um grupo social, onde
são direcionadas propostas ligadas ao fazer, a aplicabilidade de determinadas
atividades que possibilitem o ato de aprender, não somente aquilo que é
ensinado, como também o que o meio lhe possibilita, levando em
consideração o espaço, materiais, memória, enfim, aquilo que esteja sendo
vivenciado e efetuado no momento dessas vivências.

A oficina que conscientiza e promove a transformação é aquela que propicia


ao sujeito a importância de sentir-se parte, parte das ações envolvidas e
desenvolvidas, que tem como foco de visão construir perspectivas de maiores
descobertas e potencialidades, que age como órgão facilitador de expressão.
Nesta idéia destacam-se algumas oficinas em evidência no cenário das obras
sociais.

O EDUCADOR SOCIAL

O educador, ou ainda, o educador social, segundo Caro e Guzo (2004), são


denominações dadas ao profissional que se insere em projetos sociais e ou em
ações existentes em projetos.

Segundo as autoras acima, o nome educador apareceu denominando este


profissional por falta de nomenclatura cabível, sendo que neste campo
educacional existem pedagogos ou estagiários e existe também um número
considerável de voluntários atuantes neste campo da educação sem formação
na área pedagógica, os “leigos”, como muitas vezes são chamados, porém, em
diversos casos, portadores de habilidades artesanais e culturais, que dispõem
de seu tempo para repassar seus conhecimentos à todos os alunos
frequentadores da entidade onde o mesmo (a) colabora.

Quando se trata de ter como foco o educador dentro das instituições,


entidades, ONGs, centros comunitários muitos profissionais optam por esta
área da educação por restrições do mercado de trabalho nas escolas formais,
questionando o ingresso na educação não-formal como opção ou necessidade
(TRILA, 2006).

Simson, palestrando para um grupo de educadores do GEMEC Campinas em


14/06/2008, aborda a relação do educador social com as práticas na
educação não-formal, afirmando serem uma constante busca de
transformação entre o negativo e positivo, procurando entender o peso do
excluído, sem fazer diferenças, pois as diferenças impossibilitam um espaço
de convivência, no sentido de poder captar e perceber as demandas e as
dificuldades dos educandos.

Esse autor também identifica, como falha, o fato do educador querer ver os
educandos de forma homogênea, sem levar em consideração que as crianças
inseridas neste campo educacional têm suas particularidades, (assim como as
demais), carregando consigo suas singularidades e seus problemas de
convívio social.

O educador social tem que mediar interesses, levando o educando a querer


buscar caminhos para a aproximação com o entendimento da vida em
sociedade, conhecendo suas histórias sem negar suas memórias, resgatando-
as de forma contínua.

As crianças e adolescentes, muitas vezes, levam consigo angústias e


sentimentos de injustiça para as oficinas, e suas expectativas são unicamente
serem ouvidos, cabendo ao educador utilizar-se de várias estratégias para
que o diálogo aconteça, buscando a compreensão e transformando-a em
valorização, fazendo da sua ação um multiplicador, capaz de transformar o
estigma em qualidade, reintegrando o educando ao caráter colocado
socialmente.

O ato do educador volta-se à busca da compreensão das mudanças


políticas e sociais que ocorrem independente de nossas vontades, cabendo a
ele descobrir nos educandos a corda que vibra, como dizia Dom Bosco (2005),
ao referir-se às jóias escondidas dentro de cada criança, de cada adolescente,
que eles próprios desconhecem a existência.
Todo educador deve ser um profissional reflexivo, ou seja, aquele que está
sempre se questionando, revendo, aperfeiçoando sua prática e se auto-
avaliando, este é o profissional crítico, aquele que leva o aluno a pensar. Dessa
forma, há uma troca, pois enquanto o educador está ensinando, ele também
está aprendendo.

Gadotti (2007, p.42) enfoca a constante preocupação do educador Paulo


Freire voltado para a formação do professor e destaca: “o professor precisa
saber muitas coisas para ensinar, mas o mais importante não é o que é preciso
saber, mas como devemos ser para ensinar. O essencial é não matar a criança
que existe ainda dentro de nós. Matá-la seria matar o aluno que esta à nossa
frente”.

Alguns educadores chegam até a educação não-formal por acaso, outros por
opção, e outros, ainda, por identificação com as lutas sociais, levando em
consideração que na visão dos movimentos sociais, a educação, seja ela
formal, não-formal ou informal é vista como uma luta de classes.

Os educadores que atuam neste contexto tem funções diferentes, não como
um quebra cabeça com peças prontas, mas como um encontro de peças que
se encaixam com a prática, com a vivência de cada um, com suas diferenças,
seus questionamentos.

Fator de grande importância na prática não-formal, é a flexibilidade que se


apresenta, que se faz necessária nesta educação, pois não é a atividade que
vai dizer o que ou quem é a educação não-formal, mas sim o projeto político
adotado e vivenciado pelo educador e consequentemente pela criança.

Assim, o educador social pode ver as possibilidades de contribuição para a


transformação, olhando para si e se vendo como agente transformador,
fugindo às propostas ideológicas que há por trás de tudo, fugindo da visão
salvadora de querer inserir a criança na sociedade sendo que ela já nasce
parte de uma sociedade.

Com base na vivência diária, o educador não deve usar o desânimo,


cruzar os braços ou dizer que não adianta contribuir, pois o cotidiano é que
faz a educação acontecer, quando se está com a criança e os adolescentes, os
valores e crenças também estão juntos.

Freire (1996, p.53 ) nos diz que como educador precisamos olhar para o que
os grupos com os quais trabalhamos trazem consigo não simplesmente para
o que falam deles, assim, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” e
continua, dizendo que um bom educador é aquele que sabe provocar
inquietudes, que aguça a curiosidade, mas que permite que o educando
busque com autonomia.

Ao falar do educador social, Caro e Guzo (2004) destacam a satisfação pessoal


como sendo um grande diferencial, além das qualidades adquiridas
independentemente de conhecimentos adquiridos na academia.

Este educador social também possui a consciência de sua pouca valorização e


da importância de sua relação com os educandos, sendo ciente da
responsabilidade social que o segue. Além disso, a competência técnica
científica precisa ser compatível com a amorosidade necessária as relações
educativas (FREIRE, 1996).

O educador precisa ser coerente em seu discurso e em sua ação prática. Só há


oportunidade de educar para a vida se a escola estiver imersa na realidade e
na vida cotidiana dos educandos, de suas famílias, comunidade, município e
país.

Park (2005) realizou uma pesquisa envolvendo educadores do ensino formal


responsáveis por possíveis pontes com projetos desenvolvidos por ONGs, a
perceber como enxergam os projetos vivenciados pela educação não-formal
e suas estratégias de ação. Foi interessante perceber no relato de uma vice-
diretora, ao falar das parcerias com as ONGs e outras entidades,
considerando-as importantes, porém abordava questões como falta de
práticas diárias nas relações, apontando também para questões como o
autoritarismo frequente. Apesar disso, enalteceu o trabalho das ONGs como
realmente necessários, principalmente onde o poder público não atuava.
Já na fala de outra educadora do ensino formal, fica clara a falta de
credibilidade, da inconstância em muitas atividades exercidas pela educação
não formal, citando como exemplo o reforço escolar relacionado aos modos
de compensarem as carências socioeconômicas dos atendidos e as
dificuldades estruturais das próprias organizações.

Mas, de forma geral, podemos observar que os educadores, sejam aqueles que
trabalham no ensino formal, sejam aqueles que trabalham nos projetos
considerados de educação não-formal, acreditam que todos poderão
beneficiar-se de um trabalho que acompanha as duas propostas educativas.

Segundo Trilla (1993) o setor educativo não - formal é disperso e


heterogêneo, mas enorme quanto à sua realidade atual e potencialidade
futura.

No contexto educação não-formal, o trabalho do educador e dos oficineiros,


necessitam de muita dedicação, criatividae e amor, pois para os educandos
manterem-se participativos diariamente, as atividades devem ser prazerosas
e dinâmicas, capazes de deixá-los envolvidos e compreendendo que aquele
espaço onde frequentam, é de grande valia para torná-los bons cidadãos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos: para que?. São Paulo:


Cortez, 2002.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática


educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

TRILLA, J. A pedagogia da felicidade. Porto Alegre: Artmed, 2006.

GOHN, M. Educação não-formal e cultura política. São Paulo: Cortez, 2007.

AFONSO, Almerindo Janela. Sociologia da educação não-formal. In: Park,


Margareth Brandini; FERNANDES, Renata Sieiro. Educação não-formal:
contextos, percursos e sujeitos. Campinas: Setembro, 2005.
GARCIA, Valéria Aroeira. Educação não formal do histórico ao trabalho
local. In: PARK; FERNANDES; CARNICEL (Org.). Palavras- chave em Educação
não- formal. Holambra: Setembro; Campinas/CMU, 2007.

SILVA, Carla Regina. Oficinas. In: PARK; FERNANDES; CARNICEL


(Org.). Palavras- chave em Educação não- formal. Holambra: Setembro;
Campinas/CMU, 2007.

CARO, S.M.P. GUZZO, R.S.L. Educação social e psicologia. Campinas: Alínea,


2004.

SIMSOM, Olga Rodrigues de Moraes von .; PARK, Margareth Brandini ;


FERNANDES, Renata. Sieiro. Educação não-formal: Cenários da Criação,
(Orgs). Campinas: Unicamp, 2001.

PARK, M. B.; FERNANDES, R. S. Educação não-formal: contextos, percursos e


sujeitos. In: PARK; FERNANDES; CARNICEL (Org.). Palavras- chave em
Educação não- formal. Holambra: Setembro; Campinas/CMU, 2007.
Portfólio

ATIVIDADE

PRÁTICA PEDAGÓGICA 1

Agora chegou a sua vez!!

Para esta prática, eleja um espaço não escolar onde deseje desenvolver sua
atividade pedagógica. Marque uma visita ao espaço e uma reunião com
seu dirigente. Nesta reunião, você deverá se apresentar como estudante e
explicar que as atividades que deseja conduzir nesta instituição compõem parte
de sua formação acadêmica. Faça uma entrevista com o dirigente, colhendo
informações importantes sobre a instituição, tais como:
• Data de fundação e História da Instituição
• Objetivos da Instituição
• Número de funcionários
• Número de pessoas atendidas
• Horários de funcionamento

Ao final, inicie o preenchimento de seu diário de bordo, descrevendo nele


todas as informações coletadas durante a reunião. Elas serão extremamente
valiosas para a organização de suas atividades e para a elaboração de
seu relatório final. Observação: se possível, colete detalhes no site da instituição e
tire fotos para usar em seu trabalho.

OBS: Para redigir sua resposta, use uma linguagem acadêmica. Faça um texto
com no mínimo 20 linhas e máximo 25 linhas. Lembre-se de não escrever em
primeira pessoa do singular, não usar gírias, usar as normas da ABNT: texto com fonte
tamanho 12, fonte arial ou times, espaçamento 1,5 entre linhas, texto justificado.
Pesquisa

Após ter escolhido a instituição, chega a hora de iniciar


seu planejamento. Elabore um planejamento e o cronograma de suas atividades

Independentemente de questões metodológicas e didáticas, o planejamento é


a base de qualquer projeto bem-sucedido, isto é, que alcance os resultados almejados.

Reflita sobre as atividades que pretende propor nesta prática e faça uma lista
das etapas que necessita cumprir para executá-la.

Em seguida, organize estas etapas em um quadro, contendo a data de execução


de cada uma delas, ou seja, elabore o seu cronograma de atividades.

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