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GRADUAÇÃO EM DIREITO
MARINGÁ
2023
ANA MARIA MOLINARI
VITORIA PERES FERNANDES DE AZEVEDO
MARINGÁ
2023
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INTRODUÇÃO
1. A TEORIA WEBERIANA
1.1 O ESTADO
Max Weber ofereceu uma valiosa definição de Estado que continua a
influenciar o pensamento político e social até os dias atuais. Para Weber, o Estado é
uma entidade que reivindica com sucesso o monopólio do uso legítimo da força dentro
de um determinado território. Essa definição ressalta o papel central da coerção como
característica distintiva do Estado, estabelecendo-o como a única instituição autorizada
a empregar a força de maneira legal. Além disso, o sociólogo enfatiza a legitimidade
como um componente crucial desse monopólio de força.
A legitimidade é obtida através da aceitação geral da autoridade do Estado pela
população, seja por meio de tradição, legalidade racional ou carisma. Nesse contexto,
o Estado é visto como uma instituição que detém o poder não apenas devido à sua
capacidade de coerção, mas também por sua capacidade de convencer os cidadãos de
que suas ações são justas e legítimas.
Portanto, a definição weberiana de Estado vai além da mera estrutura
burocrática e territorial. Ela aborda a natureza do poder e da autoridade, destacando a
importância da legitimidade para a estabilidade e funcionamento de uma sociedade.
Ao compreender o Estado como uma entidade que controla o uso da força de maneira
legítima e mantém a confiança da população, pode-se explorar as dinâmicas
complexas que governam as relações de poder e a governança em nossas sociedades
contemporâneas.
submete passivamente às forças sociais, mas também as influências por meio de suas
ações e escolhas.
Ante o exposto, o papel do indivíduo para Weber é de protagonismo na
construção, interpretação e transformação da sociedade. Sua ênfase na ação individual,
nos significados subjetivos e nos tipos ideais enfatiza a importância de entender a
complexidade das interações sociais através das lentes das motivações e intenções dos
indivíduos.
opiniões preexistentes. Por outro lado, figuras públicas e políticos podem deliberadamente
espalhar fake news como uma tática para atingir objetivos políticos ou pessoais, aproveitando
sua influência para amplificar informações enganosas e moldar a opinião pública. Grupos
organizados, como grupos de interesse e organizações políticas, frequentemente empregam a
disseminação dessas desinformações como parte de suas estratégias para promover agendas
específicas, financiando campanhas de desinformação e utilizando táticas elaboradas para
alcançar seu público-alvo. Os bots automatizados nas redes sociais representam uma ameaça
significativa, pois podem espalhar falsas informações em grande escala, criando tendências
artificiais e influenciando discussões online ao se passarem por humanos. Adicionalmente,
plataformas de mídia falsa ou sensacionalista são frequentemente os criadores originais de
fake news, produzindo conteúdo enganoso com o objetivo de gerar tráfego para seus sites e
lucro por meio de anúncios. Ademais, influenciadores digitais também têm impacto, já que
sua grande audiência nas redes sociais os torna propagadores eficazes de desinformação, seja
por ignorância ou por interesse próprio.
Portanto, a combinação do carisma com a disseminação de informações falsas destaca
a importância de abordar não apenas a informação em si, mas também quem a está
divulgando e com que motivações carismáticas. Para combater eficazmente a disseminação de
informações falsas é crucial promover uma cultura de responsabilidade ética e incentivar uma
análise crítica das fontes de informação, independentemente de quão carismáticas possam
parecer.
Um exemplo literário que ilustra o tema da disseminação de informações falsas e sua
influência nas relações sociais é o livro "1984" de George Orwell. Nesta obra, observa-se um
cenário sombrio e distópico no qual um governo totalitário controla a realidade ao manipular
informações. Essa trama exemplifica vividamente a disseminação de informações falsas e
seus impactos na sociedade. Sob o regime do Partido, a "duplipensar" é utilizada para
reescrever o passado e alterar a verdade, mostrando como a distorção deliberada da
informação pode moldar as percepções e crenças das pessoas. Os "ministérios da verdade"
espalham mentiras convincentes, reforçando assim a relevância do conceito de Max Weber
sobre a manipulação da informação para consolidar poder e influência.
Além disso, o protagonista, Winston Smith, trabalha no Ministério da Verdade, onde
sua função é reescrever documentos históricos para se alinharem com a narrativa do Partido,
ilustrando a noção de manipulação de informações para atender a objetivos políticos. A leitura
crítica do livro destaca como as fake news podem ser usadas como ferramenta para reforçar
uma ideologia e suprimir perspectivas contrárias.
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aspecto ecoa o conceito de "ação social" de Weber, enfatizando que os indivíduos agem com
base em suas interpretações pessoais da realidade.
A "ética da responsabilidade" de Weber também se relaciona diretamente com o filme,
à medida que Beale e seus empregadores negligenciam as consequências das informações
falsas que estão transmitindo. O foco na audiência e nos lucros imediatos obscurece a
avaliação das ramificações sociais e éticas de suas ações, ilustrando como a falta de
responsabilidade ética pode contribuir para a disseminação de desinformação e prejudicar o
tecido social.
Assim como na teoria de Max Weber, "Rede de Intrigas" ressalta a importância das
instituições na sociedade moderna. No filme, a emissora de televisão exerce um poder
considerável na disseminação de informações, sem uma regulamentação eficaz para manter a
integridade das notícias. A falta de supervisão leva à rápida disseminação de informações
falsas, prejudicando a confiança nas instituições e destacando a necessidade de
regulamentação para garantir a precisão das informações compartilhadas.
O filme "Rede de Intrigas" é um exemplo impactante que espelha as ideias de Max
Weber sobre a disseminação de informações falsas, a manipulação da realidade e suas
implicações sociais e políticas. Através dessa obra cinematográfica é evidenciado os desafios
atuais relacionados à desinformação na era digital e da importância de uma sociedade bem-
informada e vigilante para preservar a integridade da informação e das instituições.
Em conclusão, a teoria de Max Weber oferece um arcabouço teórico robusto para
compreender os desafios contemporâneos da desinformação e fake news. Ao analisar esses
fenômenos sob a ótica da busca pelo poder, da ação social, da ética da responsabilidade e da
importância das instituições, podemos entender melhor as causas subjacentes e suas
consequências. A luta contra a desinformação requer uma abordagem multifacetada que
valorize a informação precisa, a responsabilidade ética e a regulamentação das instituições
digitais, a fim de preservar a integridade da informação e promover uma sociedade mais
informada e coesa.
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CONCLUSÃO
A análise dos desafios da desinformação e das fake news através da lente teórica de
Max Weber fornece visões profundas sobre a complexidade desse fenômeno na era digital.
Através dessa ótica percebe-se que a disseminação de informações falsas não é apenas um
problema de conteúdo, mas também um reflexo das dinâmicas sociais, políticas e éticas em
jogo. A busca pelo poder, a influência dos líderes carismáticos, a tendência humana de
confirmar crenças preexistentes, etc. são todos elementos-chave que contribuem para a
propagação da desinformação.
Para combater eficazmente esse desafio, é indiscutível adotar uma abordagem holística
que envolva educação, regulamentação e responsabilidade individual, promovendo uma
cultura de análise crítica da informação, incentivando a verificação de fontes confiáveis e a
consideração das consequências éticas das ações.
A obra literária "1984" de George Orwell e o filme "Rede de Intrigas" dirigido por
Sidney Lumet oferecem exemplos poderosos de como a manipulação da informação pode ser
usada para consolidar poder e influência, bem como as consequências devastadoras que isso
pode ter para a sociedade. Essas obras servem como lembretes vívidos da importância de
preservar a integridade da informação e da necessidade de uma sociedade vigilante e bem-
informada.
A batalha contra a desinformação é uma tarefa contínua que exige esforços coletivos e
um compromisso com a verdade, a ética e a integridade. A teoria de Max Weber nos
proporciona uma estrutura valiosa para compreender os mecanismos subjacentes desse
desafio, mas é por meio da ação coletiva e da promoção de uma cultura informacional
responsável que é possível efetivamente combater a disseminação de informações falsas e
salvaguardar a qualidade da informação para a sociedade.
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REFERÊNCIAS
RAMOS, Alberto Guerreiro. A sociologia de Max Weber . In: RAMOS, Alberto Guerreiro.
Revista do Serviço Público. Brasília: ENAP, 1946.
SELL, Carlos Eduardo. Max Weber. In: SELL, Carlos Eduardo. Sociologia clássica: Marx,
Durkheim e Weber. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. p. 45-69.