WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Martin
Claret, 2015. 141 p.
Em 1919, Max Weber publica a obra "Ciência e Política: duas
vocações". Weber, expõe seus pensamentos sobre assuntos que sempre o interessaram, como as condições concretas da Alemanha na virada do século e os caminhos da ciência em um mundo em rápida mudança . Weber, apresenta seu entendimento na definição de Estado, Ciência, Política para a transformação social. Em "Ciência como vocação", Weber analisa como a prática científica pode ser exercida como vocação, destacando as diferenças estruturais, organizacionais e de funcionamento dos sistemas acadêmicos dos Estados Unidos e da Alemanha. Para Weber, a vocação científica é a condição crescente do conhecimento e da paixão por buscar "a experiência viva da ciência". A intuição científica surge do trabalho árduo e da paixão em busca de uma resposta, que será útil para o avanço do conhecimento. Em seguida, Weber, discute o ponto fundamental do ensaio, que é o significado da ciência para o mundo moderno. Para ele, a ciência não leva a um conhecimento compartilhado das condições de vida, mas sim a conclusão de que os fenômenos são racionais, que eles têm uma explicação por meio de domínio. Desse modo, Weber enfatizou a prática científica e sua contribuição para a vida política e pessoal. Weber diz que seu objetivo é alcançar a clareza, essa clareza ajuda pessoas a perceber o propósito final de suas ações, e apresentar as pessoas todos os elementos que podem interferir na decisão e responsabilizar sua atitude, na construção do conhecimento e permitir o domínio da vida por meio do conhecimento como na atividade cotidiana. O segundo ensaio, "A política como vocação" apresenta o significado da vocação política e não dos modos de dirigir o poder na vida prática. Ele considera a direção do agrupamento humano como uma política, como ele chama o Estado. Para Weber, no caso do Estado, apenas seus agentes podem utilizar a violência de modo legítimo dentro dos limites do seu território, pois o Estado seria o único órgão com direito ao uso da violência. O poder, para Weber, pode legitimar-se de três formas, respectivamente as dominações: Legal, Tradicional e Carismática. A dominação legal, estabelece-se por meio de uma convenção social estabelecida entre os indivíduos de uma mesma sociedade. Dominação tradicional, a forma de dominação é conferida pela forma do respeito à tradição, e dominação carismática, ocorre por meio da capacidade que uma pessoa tem de mobilizar as massas e liderar as pessoas. Os políticos desempenham suas atividades de duas maneiras, Weber distingue entre viver "da" política e viver "para" a política, distinguindo assim os que possuem uma vocação real. Os que vivem “da” política teriam fonte de rendas, e quem vive “para” a política tem o poder de transformar sua ação em seu fim de vida. Para Weber, esta é a diferença entre as duas categorias de políticos profissionais. Existem três qualidades determinantes do homem político: paixão, responsabilidade, e senso de proporção. Weber caracteriza a vaidade como o inimigo, contra o qual os políticos devem lutar diariamente, pois a vaidade pode impedi-los de enfrentar uma causa e uma responsabilidade. Segundo Weber, esses são os maiores pecados que um político pode cometer em sua carreira. A ética da convicção e a ética da responsabilidade, que são um complemento que relacionam-se com o instrumento de violência legítima com o qual é usado para concretizar as intenções do Estado. O conceito de Estado é de manutenção da ordem, o que denota uma atitude conservadora sem se preocupar com a real situação e existência da população. A preocupação com o poder que deve ser exercido por um grupo privilegiado eleito dentro de uma estrutura partidária reforça a postura conservadora. A preocupação com o fim do Estado não é relevante, pois está condicionada por um código moral e valor que varia em cada cultura. Para Weber, os políticos são responsáveis por se apropriar dos valores atuais e legitimar suas posições, com senso de proporcionalidade e responsabilidade. Neste caso, como para o cientista, preside à sua opção o código de valores que se considera válido e atual.