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COLÉGIO PRÓ-SABER BIO

GRUPO A – 2°B

VISÃO DE FILÓSOFOS E SOCIÓLOGOS A RESPEITO DE


SÃO PAULO

Segurança, cultura e acessibilidade.

SÃO PAULO

2023
KARL MARX

Karl Marx foi um filósofo, sociólogo, teórico político, historiador,


economista, jornalista, e revolucionário socialista alemão, Marx estudaram
direito e filosofia nas universidades de Bona em Berlim. Criou as bases
comunistas, na qual criticou o capitalismo.

O mesmo diz que o capitalismo é um sistema autodestruitivo com meios


de exploração que cessa em manter uma “vida útil” como sistema politico e
econômico de alta longevidade, o fim do mesmo impõe o fim da sociedade
como um tudo se não forem tomadas consequências prévias.

As ideias de Marx defende que a classe operária deve tomar os meios


de produção dos burgueses. Que o governo deve suprimir os burgueses para
que percam a autoridade na manutenção do poder que predominam juntas a
infraestrutura e a superestrutura.

Marx fala que a vitória do trabalhador proletariado faria uma nova


sociedade sem classes. Seria alcançado pela união da classe trabalhadora em
torno de um partido revolucionário.

CULTURA ATRAVÉS DE MARX:

Marx não se aprofundou muito em estudos sobre a cultura, porém tinha


a ideia que a cultura não é um elemento autônomo e do modo de produção
correspondente, e sim, um fenômeno da superestrutura.

Temos os estudos do marxismo cultural que defende que a tomada do


poder é a partir da destruição da cultura. O marxismo cultural é uma vertente
da teoria marxista que entende que a transformação da sociedade e da política
é feita com base em esforços académicos e intelectuais contínuos para
subverter a cultura

SEGURANÇA ATRAVÉS DE MARX:

Marx diz que a policia é a única força na sociedade que é


simultaneamente da burguesa e do estado, logo essa força maior exerce, por
meio da violência, um cenário de opressão as classes menores, para Marx
essa classe menor seria o proletariado, ou a periferia.

Pela policia - como força principal de segurança estatal em São Paulo –


ser opressora como é como a periferia pode se notar que com os residentes do
centro – a burguesia – a força da polícia funciona de maneira inversamente
proporcional, para cada jovem periférico de grupo hostilizado pela sociedade
tem se um jovem de maior influência politica e monetária sendo tratado como
mais que um simples cidadão nas áreas de menor risco.
Um bom exemplo dessa diferença é uma cena do filme La Haine, em
determinada parte do filme Saïd, um jovem revolucionária residente de
conjuntos habitacionais nos guetos da França, ao visitar Paris o rapaz diz a
seguinte frase: “os ‘coxinhas’ são educados por aqui, ele até me chamaram de
senhor!”. A surpresa de Saïd é tão grande ao ver que em Paris, o centro, a
policia age sim como uma força de segurança diferentemente de como ela os
trata nos conjuntos habitacionais franceses, ou nesse caso a periferia, que ele
sente certa comoção com a ação que deveria ser comum para qualquer
cidadão, seja burguês ou proletário.

ACESSIBILIDADE ATRAVÉS DE MARX:

Marx, ao contrário da ideologia liberal da burguesia não relaciona as


necessidades humanas básicas a um mínimo de subsistência.

As necessidades naturais do trabalhador segundo ele, como a


alimentação, roupa, combustível e habitação, variam de acordo as condições
físicas do seu país. Porém, o número e as proporções das chamadas
exigências indispensáveis são o produto de uma evolução histórica e
dependem do grau de civilização do país.

Isso sugere que embora as necessidades sociais sejam de difícil


quantificação precisa que elas por serem um fato objetivo, podem ser
identificadas e medidas em cada sociedade e em cada época.

LOCKE

Suas investigações sobre como a mente adquire conhecimento


resultaram no estabelecimento de limites para o papel da razão e estiveram
relacionadas com teorias científicas da época. Sua principal contribuição, como
pensador político, está expressa na relação entre governantes e governados: a
obediência só é devida mediante a proteção dos direitos naturais.

Aqui está uma análise robusta das questões sociais nas periferias e
centros urbanos, à luz das ideias de Locke:

 Nas periferias urbanas, a falta de acesso à propriedade e à terra limita


as oportunidades econômicas das comunidades. Locke argumentaria
que todos têm direito à propriedade e à terra para garantir sua
subsistência e liberdade individual.
 A disparidade educacional entre periferias e centros urbanos cria um
ciclo de pobreza. Locke defendia a igualdade de oportunidades como
um direito fundamental, destacando a importância da educação para
permitir que as pessoas realizem seu potencial máximo.
Um dos objetivos em tornar-se membro de uma comunidade política
seria ter seus direitos naturais preservados, como o direito à viva, à liberdade e
à propriedade. O pacto permitiria uma imparcialidade que não seria possível no
estado de natureza, garantindo esses direitos. O filósofo afirmou, ainda, que
quando o governo não presa pela garantia desses direitos, a rebelião é
legítima, pois ocorre a violação da lei de natureza. O mesmo tempo em que
Locke considera as criaturas como iguais, ele justifica a desigualdade a partir
de um desígnio divino. Assim, proprietários e não proprietários seriam
determinados não pela constituição da desigualdade como produto social, mas
por uma vontade que lhes é superior e externa.

FLORESTAN FERNANDES:

Florestan Fernandes foi um estudioso das relações étnico-raciais no


Brasil, sempre na perspectiva da dificuldade da integração democrática dos
povos não brancos na cultura brasileira branca. Em um Brasil que visava à
industrialização e a modernidade, e que havia deixado para trás o colonialismo
e a escravidão, fazia-se necessário buscar um modo de compreender a
exclusão social e as estruturas que permitem a exclusão, sobretudo de pobres
e negros, para buscar algum modo de alcançar essa situação.

 Desigualdade social: Florestan Fernandes viveu a desigualdade contra


os pobres e moradores da periferia. O sociólogo chegou a contar que os
empregos que conseguiu quando jovem eram estigmatizados e nada
melhor era oferecido a quem morava nos guetos de São Paulo. Havia
uma desconfiança daquela gente. Na sua visão, superar essa
desigualdade era a única possibilidade da nossa sociedade progredir
moralmente.
 Educação: o único modo de conseguir-se uma sociedade justa e livre da
desigualdade social era por meio da educação pública e de qualidade.
Junto de Darcy Ribeiro, elaboraram projetos de valorização da educação
básica e contribuíram com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Brasileira.
 Democracia: defensor de um ensino democrático, de uma democracia
das relações sociais e do acesso aos serviços básicos garantidos a
todos os cidadãos. Sobretudo foi defensora de relações democráticas
entre negros e brancos no Brasil. A teoria de Gilberto Freyre de convívio
harmonioso entre negros e brancos no Brasil, chamada por Fernandes
de “mito da democracia racial”, nunca existiu em um país como o Brasil,
que não conseguiu incluir o negro em sua sociedade capitalista.

NIETZSCHE
Para Nietzsche, a moral é uma criação humana, que corresponde a um
conjunto de costumes e valores que fazem parte de um momento e um período
específico, mantidos por uma série de pessoas que aderem a esta e a
reproduzem mais pelo hábito e pela submissão, do que pelo valor que ela
tenha, ou por suas vantagens. Depois de estabelecida, a moral se apresenta
como uma norma inquestionável para um determinado grupo de pessoas, que
valoriza inclusive a obediência a seus preceitos e o não questionamento, para
sua própria manutenção.

Toda moral é apenas um conjunto de valores que indica modos de ser


no mundo, e que adotamos, ou não. Porém, do mesmo modo que adotamos
certos modos de ser, podemos também adotar outros. Ele não propõe inverter
os valores morais, mas possibilitar uma revisão e uma reavaliação deles.
Segundo ele, um indivíduo se torna mais livre a partir do momento em que
começa a questionar a moral. Algo que faz bem para uma pessoa pode não
fazer bem para outra, assim como uma coisa que faz mal a uma pessoa pode
fazer bem a outra. Conforme tomamos contato com nossas experiências,
podemos buscar novos modos de vida, que sirva para nosso corpo e nossas
medidas.

A crítica à religião e à metafísica:

Para Nietzsche, o elemento religioso se mostra como resultado de um


instinto criador. A vida enquanto vontade de poder inventa a religião, novos
deuses, enfim, vários mecanismos capazes de fazer aumentar o seu poder.
Assim, o instinto religioso continua a forjar novas espiritualidades, novos
deuses para a vida.

A crítica de Nietzsche à metafísica ocidental dá-se com base na


oposição ao princípio de veracidade ontológica, ou seja, é contrária à crença na
existência de uma realidade subjacente e estável, enquanto oposto de uma
mera manifestação fenomênica mutável.

A metafísica platônica associada à religião compõe o alvo de maior


crítica de Nietzsche, o cristianismo. Assim, sua crítica a esta religião é
articulada à crítica à própria metafísica platônica, que nega a realidade terrena,
que nega a própria vida e os instintos.

A crítica ao niilismo:

Nietzsche identificou o niilismo como uma consequência da morte de


Deus e da rejeição dos valores tradicionais. No entanto, ele viu o niilismo não
apenas como um problema, mas também como uma oportunidade para a
reavaliação e criação de novos valores. Ele distinguiu entre o "niilismo
negativo", que simplesmente rejeita os valores existentes, e o "niilismo
positivo", que busca criar novos significados e valores.
Ele disse que niilismo é próprio do cristianismo (e de outras religiões)
quando essas crenças, ao invés de se dedicarem ao mundo real, preferem
apelar a um sobrenatural inexistente.

A vontade de poder:

A vontade de poder descrita por Nietzsche é a principal força motriz em


seres humanos, realização, ambição e esforço para alcançar a posição mais
alta possível na vida. Essa vontade não é cobiça, desejo, aspiração e também
não é a tendência a deter-se em uma posição já conquistada ou que se
ambiciona conquistar.

O super-homem (Übermensch):

Entre vários escritos, criou o termo super homem (Übermensch) para


designar um ser superior aos demais que, segundo Nietzsche era o modelo
ideal para elevar a humanidade. Para ele, a meta do esforço humano não
deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de indivíduos mais
dotados e mais fortes.

A ESCOLA DE FRANKFURT

A ênfase no componente “crítico” e “dialético” da teoria frankfurtiana são


aspectos fundamentais para elaboração de um arcabouço teórico. Assim, ela é
capaz de realizar a autocrítica como forma de rejeição de toda pretensão
absoluta.

Compreendida enquanto uma autoconsciência social crítica, a “teoria


crítica” busca a mudança e emancipação do ser humano por meio do
esclarecimento. Para tanto, rompe com o dogmatismo da “teoria tradicional”,
positivista e cientificista, da qual o principal atributo é a razão instrumental.
Portanto, a teoria crítica busca situar-se ela mesma fora das estruturas
filosóficas limitadoras.

Ao mesmo tempo ela cria um sistema auto reflexivo que explique os


meios de dominação e aponte os modos de superá-lo. O intuito é alcançar uma
sociedade racional, humana e naturalmente livre. Essa “autorreflexão” é
garantida pelo método de análise dialética, meio pelo qual podemos descobrir a
verdade ao confrontar ideias e teorias. Assim, o método dialético, aplicado a si
mesmo, consuma-se um método autocorretivo para as ciências que utilizam
este processo de pensamento.

Um estudo importante – e talvez o mais representativo da vertente


teórica da Escola de Frankfurt – é o que foi elaborado por Adorno e Horkhiemer
em 1947, intitulado Dialética do Iluminismo, também publicado com o título de
Dialética do Esclarecimento.

Nesse livro os autores denunciam as estruturas ideológicas da


dominação política (referindo-se à crise da democracia e à ascensão dos
regimes totalitários na Europa), a corrida armamentista, o desenvolvimento da
indústria bélica, além dos conflitos armados e das injustiças sociais gerados
pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista (ou seja, pelo
capitalismo industrial). Todos esses problemas são interpretados como
resultado da “crise da razão” e do Iluminismo.

Conforme registram os autores, o Iluminismo inaugurou a modernidade,


ao colocar a razão e a ciência como elementos potencializadores do
desenvolvimento e progresso social; e, por conseguinte, da emancipação
humana.

Theodor Adorno e Max Horkheimer, como de resto todos os intelectuais


frankfurtianos, não renegam o projeto da modernidade – cujo núcleo é formado
pela racionalidade ou reflexividade e a crença nos princípios do progresso
científico -, mas argumentam que tanto a racionalidade como a ciência se
transformaram em instrumentos de dominação política, social e econômica.

A crítica da “razão instrumental” é justamente a crítica dirigida contra os


obstáculos e os impedimentos à concretização do projeto emancipador do
homem, preconizados séculos atrás pelos ideólogos e filósofos iluministas.

Além disso, notam os autores que, no mundo moderno, o avanço da


ciência e da técnica é um processo inexorável, ou seja, permanente. O
progresso científico representou o domínio do homem sobre a natureza, mas
se desvirtuou por completo ao ser utilizado para ampliar a dominação do
homem sobre o próprio homem.

Dialética de Adorno

O pensamento de Adorno era contrário à ideia de total compreensão do


mundo por meio da razão. Esse apego ao racional se tornou muito popular
durante o século XVIII, principalmente com o florescimento dos ideais
defendidos pelo movimento Iluminista.

Contrário a essa abordagem cosmopolita, o alemão difundia a ideia de


que é impossível captar a plenitude da realidade a partir do exercício do
pensamento, como fizeram seus antecessores.

Antagonizando essa ideia, ele propôs uma parada que até então tinha
sido ignorada, em sua maior parte, pelos seus antecessores: a peculiaridade
daquilo que é individual. Assim, resgatando a discussão feita por Georg Hegel
em sua famosa “Fenomenologia do Espírito”, Adorno trouxe à tona uma
abordagem distinta do que era pregado nos séculos XVIII e XIX.

A dialética negativa

Retomando o sistema de Hegel, na qual a dialética se faz presente,


Adorno tentou refutar a vertente conciliadora, positivista e até fenomenológica
apresentada por Hegel. Em sua obra, o processo dialético é redesenhado
partindo dessa abordagem hegeliana. Você pode conferir com mais detalhes as
ideias de Hegel aqui mesmo em nosso blog, no texto Dialética de Hegel.

Em oposição a Hegel, meu camarada Adorno rejeitava essa ideia de


síntese conciliadora. Para ele, ao invés dessa vertente positiva, deve haver
justamente uma perspectiva negativa da dialética.

Ora, é somente através de uma dialética assim que se faz possível


reconquistarmos a experiência particular sem que esta seja obliterada pelos
conceitos universais. Portanto, a ideia de uma dialética negativa recusa a
formação de conceitos para apreender a experiência e traz consigo mais
materialidade à metafísica.

Os chamados conceitos abstratos são o reverbério do mundo


dissimulado, visto que a totalidade é algo falso. Com isso, Adorno defendeu a
necessidade de se pensar os particulares em detrimento dos grandes sistemas
filosóficos que tentavam englobar tudo que lhes era passível de existência.

Em suma, podemos entender a dialética negativa como a incapacidade


de compreender o todo por meio do pensamento. Ao contrário, Adorno buscou
um conhecimento da não identidade entre sujeito e objeto em vez de respaldá-
lo meramente na relação entre o indivíduo e o objeto a ser conhecido.

Indústria Cultural, Teoria Crítica e Filosofia Moral

Para além de uma dialética negativa, Theodor Adorno escreveu sobre


variados temas. A sua mais famosa obra foi escrita em conjunto com seu
camarada Max Horkheimer, a “Dialética do Esclarecimento”, que tratava das
mazelas que então nos afligiram com o surgimento do que eles chamaram de
Indústria Cultural. Para os filósofos de Frankfurt, um empreendimento que tinha
como desígnio a manipulação das consciências através dos meios de
comunicação.

Outro ponto importante do pensamento adorniano foi a sua concepção


estética. Na obra ‘Teoria Estética’ – Ästhetische Theorie – publicada nos anos
1970, ele discorreu sobre a recusa de todo o tipo de fetichismos, além de
algumas elucidações sobre a beleza e as artes.
Tais obras dever-se-iam estabelecer a fundamentação para o
pensamento adorniano, tornando-se os pilares que sustentariam suas ideias.
Todavia, o seu projeto acerca de uma filosofia moral ficara incompleto. Por
conta disso, os três pilares do pensamento de Adorno nunca se concretizaram
enquanto ele era vivo.

Por fim, Theodor Adorno foi um dos mais celebres pensadores da Escola
de Frankfurt. Foi um crítico ferrenho do holocausto e um escritor sem igual.
Suas ideias servem até hoje de base para o desenvolvimento de uma
educação mais humanizada, bem como um alerta para a dominação das
massas que o capitalismo faz através do condicionamento cultural.

A Dialética do Esclarecimento é considerada um marco teórico no


pensamento de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer. Nesse livro, escrito a
quatro mãos por esses dois membros do grupo de intelectuais conhecido por
Escola de Frankfurt, é feita uma crítica radical ao processo de formação da
racionalidade ocidental. Eles denominam de esclarecimento o movimento
histórico da formação da razão e da luta que esta trava para retirar o homem
de um estado de medo e menoridade diante das forças naturais. Diante dos
fenômenos históricos do século XX, que indicam uma ameaça de queda da
civilização na barbárie, Adorno e Horkheimer examinam a aliança entre razão e
poder que pode aniquilar as possibilidades de uma humanidade emancipada.
Entretanto, diversos opositores do pensamento de Adorno e Horkheimer, entre
os quais se poderia mencionar Jürgen Habermas, chegaram a acusar esses
autores de anularem a própria crítica. Segundo tais opositores, a Dialética do
Esclarecimento invalidaria seus próprios argumentos ao vincular totalmente
razão e poder. Entretanto, o presente trabalho procura indícios que permitam
vislumbrar uma proposta de uma nova escrita filosófica na Dialética do
Esclarecimento, que demonstre uma relação menos possessiva entre a razão e
o não idêntico. Essa escrita seria resultante de uma influência de Walter
Benjamin sobre os dois frankfurtianos, mas principalmente sobre Theodor
Adorno. A componente ensaística na Dialética do Esclarecimento indicaria que
essa obra não entra num beco sem saída pessimista em relação às
possibilidades emancipatórias da história. A própria forma de exposição desse
livro convidaria a pensar uma nova relação entre sujeito e objeto, espírito e
natureza, arte e filosofia.

Um estudo importante – e talvez o mais representativo da vertente


teórica da Escola de Frankfurt – é o que foi elaborado por Adorno e Horkhiemer
em 1947, intitulado Dialética do Iluminismo, também publicado com o título de
Dialética do Esclarecimento.

Nesse livro os autores denunciam as estruturas ideológicas da


dominação política (referindo-se à crise da democracia e à ascensão dos
regimes totalitários na Europa), a corrida armamentista, o desenvolvimento da
indústria bélica, além dos conflitos armados e das injustiças sociais gerados
pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista (ou seja, pelo
capitalismo industrial). Todos esses problemas são interpretados como
resultado da “crise da razão” e do Iluminismo.

Conforme registram os autores, o Iluminismo inaugurou a modernidade,


ao colocar a razão e a ciência como elementos potencializadores do
desenvolvimento e progresso social; e, por conseguinte, da emancipação
humana.

Theodor Adorno e Max Horkheimer, como de resto todos os intelectuais


frankfurtianos, não renegam o projeto da modernidade – cujo núcleo é formado
pela racionalidade ou reflexividade e a crença nos princípios do progresso
científico -, mas argumentam que tanto a racionalidade como a ciência se
transformaram em instrumentos de dominação política, social e econômica.

A crítica da “razão instrumental” é justamente a crítica dirigida contra os


obstáculos e os impedimentos à concretização do projeto emancipador do
homem, preconizados séculos atrás pelos ideólogos e filósofos iluministas.

Além disso, notam os autores que, no mundo moderno, o avanço da


ciência e da técnica é um processo inexorável, ou seja, permanente. O
progresso científico representou o domínio do homem sobre a natureza, mas
se desvirtuou por completo ao ser utilizado para ampliar a dominação do
homem sobre o próprio homem.

A indústria cultural

Theodor Adorno também é autor de importante estudo sobre a chamada


“indústria cultural”, conceito inovador que foi contraposto ao de “cultura de
massa”.

O conceito de indústria cultural foi elaborado por Adorno a partir da


análise crítica da obra de Walter Benjamin. Partindo da utilização da “técnica”
(ciência e tecnologia) na produção e reprodução das artes, em particular
aquelas associadas à comunicação social (cinema, rádio, televisão, imprensa e
outras mídias), Adorno demonstrou que na sociedade industrial capitalista a
produção da arte é explorada como um “bem cultural”.

A mercantilização da cultura, transformada em um empreendimento


empresarial, tolhe a consciência dos indivíduos e os transforma em meros
consumidores de bens culturais. As consequências são muitas, entre elas a
homogeneização ou massificação dos gostos a partir da imposição de um estilo
de consumo.

Nesse aspecto, não existe cultura de massa, pois é a indústria cultural


que determina e impõe à sociedade o consumo de bens culturais. Como um
empreendimento capitalista que persegue o lucro, a indústria cultural
também cria necessidades de consumo de bens culturais. Assim, o suposto
potencial revolucionário ou emancipador de algumas artes, como o cinema, por
exemplo, conforme apontam as teses de Benjamin, é flagrantemente criticado
no estudo pioneiro de Adorno.

A crítica da indústria cultural, principalmente dos chamados meios de


comunicação de massa, se aprofundou nos estudos de Jürgen Habermas,
cientista social alemão que integrou a segunda geração de intelectuais filiados
à Escola de Frankfurt.

Resumo

O artigo discute as contribuições da Escola de Frankfurt ao debate sobre


a cultura no capitalismo. São analisados escritos de Max Horkheimer, Theodor
W. Adorno e Herbert Marcuse que, com peculiaridades e nuances, partilham
um diagnóstico geral a respeito do funcionamento da cultura no capitalismo
tardio. O fio condutor do artigo é examinar como a cultura é investigada por
esses autores como uma esfera indispensável à reprodução ampliada das
relações capitalistas, na medida em que se instaura como uma instância
privilegiada de socialização e subjetivação, especialmente após a Segunda
Guerra Mundial.

O tratamento dispensado pela Escola de Frankfurt à cultura, sua


consideração baseada no entrelaçamento com a dominação social, pertence
ao coração da Teoria Crítica. Porque considera a cultura também como um
meio de subjugação e sujeição dos indivíduos, indispensável à manutenção e
ampliação do sistema capitalista, a teoria partilhada por Theodor W. Adorno,
Max Horkheimer e Herbert Marcuse permanecem até hoje polêmica. O
presente artigo discute em linhas gerais1 como se afigura a crítica da cultura
de acordo com esses autores.

Quando Horkheimer assumiu a direção do Instituto de Pesquisa Social


em 1930, a escalada autoritária na Alemanha foi incorporada como um tema de
pesquisa. Os estudos sobre autoridade e família, desenvolvidos nesse período,
buscavam dar conta dos componentes sociopsicológicos do comportamento
autoritário. Esse projeto, que sofreu diversas modificações ao longo das
décadas posteriores2, manteve-se, no entanto, como um centro gravitacional
em torno do qual giraram as obras do próprio Horkheimer, de Marcuse e de
Adorno. A “tendência” ao autoritarismo. Então diagnosticada parecia se difundir
cada vez mais. No prefácio de A personalidade autoritária, Horkheimer
apresenta a questão da seguinte maneira:

O tema central do trabalho é um conceito relativamente novo – o


advento de uma espécie “antropológica” que chamamos de tipo autoritário de
homem. Ao contrário do preconceituoso do estilo anterior ele parece combinar
ideias e habilidades que são típicas de uma sociedade altamente
industrializada com crenças irracionais ou antirracionais. Ele é ao mesmo
tempo esclarecido e supersticioso, orgulhoso de ser individualista e em
constante temor de não ser como todos os outros, zeloso de sua
independência e inclinado a se submeter cegamente ao poder e à autoridade.

O argumento central do excerto, que é também aquele desenvolvido em


coautoria com Adorno na Dialética do Esclarecimento, é o de que, no seio do
Esclarecimento, de uma sociedade altamente racionalizada, nasce seu oposto,
o mito, a irracionalidade, a violência em sua forma pura. A cultura, como parte
fundamental desse processo de Esclarecimento, precisava, seguindo a lógica
dessa abordagem, ser colocada sob escrutínio.

A partir da década de 1940, os autores não concentrariam mais a


análise apenas no fenômeno do nazi fascismo europeu. A vivência dos teóricos
críticos nos Estados Unidos traria um elemento central para essa discussão: a
indústria cultural ou cultura de massas3, ponto mais controverso de sua teoria
da cultura. Conforme expôs Marcuse em seu Homem unidimensional,
publicado em 1964, na sociedade industrial desenvolvida “a cultura, a política e
a economia se fundem num sistema onipresente que engolfa ou repele todas
as alternativas” (Marcuse, 2002, p. XLVII). É por meio da “indústria cultural”, da
sua generalização, do modo como esta substitui processos anteriores de
socialização e por seu caráter sistemático que a cultura se transforma num dos
principais meios de dominação no capitalismo tardio, ou seja, ela faz parte do
movimento de passagem do Esclarecimento em seu oposto, a barbárie e o
autoritarismo. Essa teoria crítica converge para a ideia de que a cultura não é
uma esfera apartada e superestrutural, constituída a posteriori, como reflexo da
infraestrutura, mas condição sine qua non para a reprodução do sistema
capitalista.

O processo de produção influencia os homens não só de maneira


completa e atual, tais como eles o experimentam em seu próprio trabalho, mas
também da forma como ele se situa dentro das instituições relativamente fixas,
ou seja, daquelas que só lentamente se transformam […] Para compreender o
problema porque uma sociedade funciona de uma maneira determinada,
porque ela é estável ou se desagrega, torna-se necessário, portanto, conhecer
a respectiva constituição psíquica dos homens nos diversos grupos sociais,
saber como seu caráter se formou em conexão com todas as forças culturais
da época.

A relação dos indivíduos com a autoridade, relação preestabelecida pela


forma especial do processo de trabalho na época moderna, requer uma
contínua interação das instituições sociais com a criação e consolidação dos
tipos característicos que lhe correspondem. […] Se a fome e o medo de uma
existência miserável obrigam os indivíduos a trabalhar, então todas as forças
econômicas e culturais devem empenhar seu trabalho de novo em cada
geração para habituá-la a este trabalho em suas formas respectivas
(Horkheimer, 1990, p. 213).

A vida fora do escritório e da loja foi designada para revigorar a força do


homem para o escritório e para a loja; foi, logo, um mero apêndice, uma
espécie de cauda para o cometa do trabalho, medida, como o trabalho, pelo
tempo e denominada “tempo livre”. O tempo livre exige sua própria redução,
pois não tem nenhum valor independente. Se ele vai para além da recriação
das energias gastas, ele é considerado desperdício, a menos que seja utilizado
para treinar os homens para o trabalho (Horkheimer, 2002, p. 276).

A esfera privada, da qual se desenvolveram, por exemplo, tanto a família


quanto a arte no século XIX, no entanto, mantinha uma tensão em relação à
esfera do trabalho, ao menos, como ressalta Horkheimer, para uma parcela da
população:

A família existia para transmitir as exigências sociais ao indivíduo,


assumindo assim a responsabilidade não somente por seu nascimento natural,
como também por seu nascimento social. Era uma espécie de segundo útero,
em cujo calor o indivíduo reunia a força necessária para ficar sobre suas
próprias pernas fora dele (Idem, ibidem).

Contudo, no século XX, “a dissolução gradual da família, a


transformação da vida pessoal em lazer e do lazer em rotinas supervisionadas
até o último detalhe, nos prazeres do estádio e do cinema, do best-seller e do
rádio, trouxeram à tona o desaparecimento da vida interior” (Idem, p. 277).
Esse período seria marcado, assim, pelo aniquilamento dessas tensões entre a
esfera do trabalho e o mundo privado. As funções de socialização da família,
por exemplo, seriam transferidas para a “cultura de massas” que conduz ao
autoritarismo não só os países nos quais prevalecia a propaganda stalinista e
fascista, mas também os países “democráticos” – com uma diferença: nesses
últimos é mais difícil penetrar a não liberdade que aparece como liberdade de
consumo.

A oposição entre indivíduo e sociedade, e entre a existência social e a


privada, que dotou de seriedade o passatempo da arte, tornou-se obsoleta. Os
assim chamados entretenimentos, que assumiram a herança da arte, não são
hoje em dia nada além de tônicos populares, como a natação ou o futebol. […]
Nos países democráticos, a decisão final não cabe mais aos instruídos, mas à
indústria da diversão. A popularidade consiste na acomodação irrestrita das
pessoas àquilo que a indústria da diversão pensa que elas gostam. Para os
países totalitários, a decisão final cabe aos gerentes da propaganda direta e
indireta, a qual é, por sua natureza, indiferente à verdade. A competição de
artistas no livre mercado, uma competição na qual o sucesso era determinado
pelos instruídos, tornou-se uma corrida a favor dos poderes estabelecidos, cujo
resultado é influenciado pela polícia secreta. Oferta e demanda não são mais
reguladas pela necessidade social, mas sim por motivos de Estado. A
popularidade nesses países é tão pouca um resultado da livre atuação de
forças quanto qualquer outro prêmio; em outros países ela mostra uma
tendência similar (Idem, p. 289-290).

SÍLVIO LUÍS

Nos anos 1970, Kwame Turu e Charles Hamilton, no livro ”Black Power",
apresentaram pela primeira vez o conceito de racismo institucional: muito mais
do que a ação de indivíduos com motivações pessoais, o racismo está infiltrado
nas instituições e na cultura, gerando condições deficitárias a priori para boa
parte da população. É a partir desse conceito que o autor Silvio Almeida
apresenta dados estatísticos e discute como o racismo está na estrutura social,
política e econômica da sociedade brasileira.

No livro, o racismo é definido como "a aplicação de decisões e politicas


que consideram a raça com o propósito de subordinar um grupo racial e manter
o controle sobre esse grupo". Após essa definição, os autores afirmam que o
racismo é "tanto evidente como dissimulado". Marca-se, portanto, uma
importante separação entre o racismo individual, que corresponde a "indivíduos
brancos agindo contra indivíduos negros", e o racismo institucional, que se
manifesta nos "atos de toda a comunidade branca contra a comunidade negra",
O racismo individual consiste em atos evidentes de indivíduos, que causam
morte, ferimentos ou a destruição violenta de propriedades.

Já o racismo institucional é "menos evidente, muito mais sutil, menos


identificável em termos de indivíduos específicos que cometem os atos".
Porém, alertam os autores para o fato de que o racismo institucional "não é
menos destrutivo da vida humana", O racismo institucional se "origina na
operação de forças estabelecidas e respeitadas na sociedade e, portanto,
recebe muito menos condenação pública do que o primeiro tipo".

O exemplo contido na obra de Hamilton e Ture é bastante elucidativo de


como a concepção institucional do racismo opera de maneira diversa do
racismo quando visto sob o prisma individualista:

Quando terroristas brancos bombardeiam uma igreja negra e matam


cinco crianças negras, isso é um ato de racismo individual, amplamente
deplorado pela maioria dos segmentos da sociedade. Mas quando nessa
mesma cidade - Birmingham, Alabama-quinhentos bebês negros morrem a
cada ano por causa da falta de comida adequada, abrigos e instalações
médicas, e outros milhares são destruídos e mutilados física, emocional e
intelectualmente por causa das condições de pobreza e discriminação, na
comunidade negra, isso é uma função do racismo institucional. Quando uma
família negra se muda para uma casa em um bairro branco e é apedrejada,
queimada ou expulsa, eles são vitimas de um ato manifesto de racismo
individual que muitas pessoas condenarão pelo menos em palavras. Mas é o
racismo institucional que mantém os negros presos em favelas.

Concepção individualista

O racismo, segundo esta concepção, é concebido como uma espécie de


"patologia" ou anormalidade. Seria um fenômeno ético ou psicológico de
caráter individual ou coletivo, atribuído a grupos isolados; ou, ainda, seria o
racismo uma "irracionalidade" a ser combatida no campo jurídico por meio da
aplicação de sanções civis ou penais. Por isso, a concepção individualista pode
não admitir a existência de "racismo", mas somente de "preconceito", a fim de
ressaltar a natureza psicológica do fenômeno em detrimento de sua natureza
politica.

Sob este ângulo, não haveria sociedades ou instituições racistas, mas


indivíduos racistas, que agem isoladamente ou em grupo. Desse modo, o
racismo, ainda que possa ocorrer de maneira indireta, manifesta-se,
principalmente, na forma de discriminação direta. Por tratar-se de algo ligado
ao comportamento, a educação e a conscientização sobre os males do
racismo, bem como o estímulo a mudanças culturais, serão as principais
formas de enfrentamento do problema.

O racismo é uma imoralidade e também um crime, que exige que


aqueles que o praticam sejam devidamente responsabilizados, disso estamos
convictos. Porém, não podemos deixar de apontar o fato de que a concepção
individualista, por ser frágil e limitada, tem sido a base de análises sobre o
racismo absolutamente carentes de história e de reflexão sobre seus efeitos
concretos.

Concepção institucional

A concepção institucional significou um importante avanço teórico no


que concerne ao estudo das relações raciais. Sob esta perspectiva, o racismo
não se resume a comportamentos individuais, mas é tratado como o resultado
do funcionamento das instituições, que passam a atuar em uma dinâmica que
confere, ainda que indiretamente, desvantagens e privilégios com base na
raça.

Apesar de constituídas por formas econômicas e políticas gerais -


mercadoria, dinheiro, Estado e direito -, cada sociedade em particular se
manifesta de distintas maneiras. Por exemplo, dizer que as sociedades
contemporâneas estão sob o domínio de um Estado não significa dizer que os
Estados são todos iguais quando historicamente considerados.
As instituições são modos de orientação, rotinização e coordenação de
comportamentos que tanto orientam a ação social como a torna normalmente
possível, proporcionando relativa estabilidade aos sistemas sociais.

A estabilidade dos sistemas sociais depende da capacidade das


instituições de absorver os conflitos e os antagonismos que são inerentes à
vida social. Entenda-se absorver como normalizar, no sentido de estabelecer
normas e padrões que orientarão a ação dos indivíduos. Em outras palavras, é
no interior das regras, "boa aparência" para se candidatar a uma vaga de
emprego, que simultaneamente é associada a características estéticas próprias
de pessoas brancas. Ou seja, no caso do racismo antinegro, as pessoas
brancas, de modo deliberado ou não, são beneficiárias das condições criadas
por uma sociedade que se organiza baseando-se em normas e padrões
prejudiciais à população negra.

Por este motivo, Hamilton e Ture chamam atenção para o fato de que
sempre que "a demanda negra por mudança se torna forte", ou seja, sempre
que as normas e padrões que constituem a supremacia branca forem
desafiados, a indiferença em relação às precárias condições de vida da
população negra será substituída por uma oposição ativa "baseada no medo e
no interesse próprio".

Concepção estrutural

O conceito de racismo institucional foi um enorme avanço no que se


refere ao estudo das relações raciais. Primeiro, ao demonstrar que o racismo
transcende o âmbito da ação individual, e, segundo, ao frisar a dimensão do
poder como elemento constitutivo das relações raciais, não somente o poder
de um indivíduo de uma raça sobre outro, mas de um grupo sobre outro, algo
possível quando há o controle direto ou indireto de determinados grupos sobre
o aparato institucional.

Entretanto, algumas questões ainda persistem. Vimos que as instituições


reproduzem as condições para o estabelecimento e a manutenção da ordem
social. Desse modo, se é possível falar de um racismo institucional, significa
que a imposição de regras e padrões racistas por parte da instituição é de
alguma maneira vinculada à ordem social que ela visa resguardar.

Racismo como processo político

O racismo é processo político porque, como processo sistêmico de


discriminação que influencia a organização da sociedade, depende de poder
político; caso contrário seria inviável a discriminação sistemática de grupos
sociais inteiros. Por isso, é absolutamente sem sentido a ideia de racismo
reverso.
A própria ideia de racismo reverso é curiosa. Racismo é algo "normal”
contra minorias, porém, fora destes grupos, é "atípico", "reverso". O que fica
evidente é que a ideia de racismo reverso serve tão somente para deslegitimar
as demandas por igualdade racial.

Racismo reverso nada mais é do que um discurso racista, só que pelo


"avesso", em que a vitimização é a tônica daqueles que se sentem
prejudicados pela perda de alguns privilégios, ainda que tais privilégios sejam
apenas simbólicos e não se traduzam no poder de impor regras ou padrões de
comportamento.

A politicidade do racismo apresenta-se em:

 Dimensão institucional
 Dimensão ideológica

Costumamos tratar a questão do racismo como uma ''anormalidade'',


porém a noção que o racismo estrutural coloca é que o racismo não é algo
''anormal'', e sim algo normal. Normal não no sentido de aceitarmos, mas o
racismo é uma forma de racionalidade, é uma forma de normalização, de
compreensão das relações.

Quando abordamos a questão estrutural, estamos nos referindo a 3


dimensões segundo o filósofo Sílvio Luís, estamos nos referindo a economia,
política e subjetividade, são esses pontos que constituem a questão do
estrutural. No campo da economia, no Brasil, todo mundo reclama da questão
das taxas e dos tributos, os grandes empresários são os que menos pagam
tributos, mas os que mais reclamam. Porém pesquisas recentes apontam que o
grupo social mais afetado pela questão das taxas no Brasil, são as mulheres
negras. Isso acontece pois o sistema tributário brasileiro reproduz as condições
de desigualdade que colocam a mulher negra por último, no conceito de
pirâmide social. Pois as mulheres negras são as que recebem menor salário.

Outra ponto que não podemos esquecer, é justamente a questão das


mortalidades, a morte de jovens negros sistematicamente nas periferias, não
causa choque como deveria causar. Estima-se que de todos os jovens mortos
nos últimos anos, 77% desses jovens sejam jovens negros, e são estatísticas
surreais e absurdas que sequer causam uma influência ou revolta da maneira
que era necessário causar.

PIERRE BOURDIEU

Seus artigos científicos abordaram uma variedade de temas, incluindo


educação, cultura, poder e desigualdade social. Bourdieu desenvolveu o
conceito de "capital cultural", argumentando que o sucesso ou fracasso de um
indivíduo na sociedade é influenciado não apenas pelo capital econômico, mas
também pelo capital cultural, que inclui conhecimento, habilidades e educação.

Bourdieu concebe o indivíduo como influenciado por diferentes formas


de capital, como o econômico, social, cultural e simbólico. Ele destaca a
importância das diferentes culturas e como comportamentos e conhecimentos
são moldados pela cultura dominante.

Ao aplicar essas ideias à educação universitária, Bourdieu destaca que


as diferenças culturais afetam a forma como o conhecimento é adquirido e
valorizado. Ele argumenta que a cultura da elite está intrinsecamente ligada à
cultura escolar, tornando mais difícil para os alunos de origens menos
privilegiadas adquirirem as habilidades e atitudes valorizadas pela sociedade.
O texto ressalta que a escola não é um ambiente neutro, mas sim um espaço
de disputas políticas. O bibliotecário como mediador entre o conhecimento e os
usuários, deve adotar uma postura crítica e estar ciente das correlações de
poder presentes.

Uma das principais contribuições de Bourdieu foi sua crítica às


estruturas educacionais, mostrando como a escola reproduz e perpetua as
desigualdades sociais. Ele argumentou que a cultura dominante é favorecida
nas instituições educacionais, o que coloca os alunos de classes sociais menos
privilegiadas em desvantagem. Além disso, estudou a relação entre cultura e
poder, mostrando como o conhecimento e o gosto são utilizados como formas
de distinção social.

Pierre Bourdieu foi um pensador influente que desafiou as ideias


convencionais sobre educação, cultura e poder, proporcionando uma análise
crítica das estruturas sociais e suas implicações para a desigualdade. Bourdieu
resolveu essa crise demonstrando de que modo as estruturas sociais se
conectam com a vida prática de cada indivíduo. Apresenta, em suas teorias,
como é que os gostos pessoais e os comportamentos das pessoas têm a ver
com a posição que elas ocupam na sociedade.

O “capital”, junto com o “campo” e o “habitus”, são três conceitos que se


conectam. O capital diz respeito aos recursos que um indivíduo possui que lhe
fornece vantagens e privilégios em relação àqueles que não os tem. Capital
são as “armas” herdadas ou adquiridas por alguém. Esses capitais podem ser
econômicos, culturais ou sociais.

O conceito de campo está intimamente ligado ao de capital porque é no


campo que ocorrem as disputas de poder e posição na realidade social. De
fato, o campo é definido como uma rede ou uma configuração de relações
sociais que são organizadas em posições de dominância diferentes.
Qualquer espaço social em que há uma correlação de forças desiguais
em termos de capital – econômico, cultural ou social – entre diferentes pessoas
pode ser considerado um campo. Bourdieu descobre, por exemplo, que a área
da literatura é um campo, assim como a política, a ciência, ou a escola.

Ele é conhecido por sua crítica à ideia de que a cultura é um bem


universal que pode ser apreciado independentemente do contexto social. Em
vez disso, ele argumentou que a cultura é um recurso estratégico que é usado
para construir e manter poder e status social. Bourdieu argumentou que a
cultura é uma forma de capital, que pode ser convertida em outras formas de
capital, como econômico ou político.

Um dos conceitos centrais de Bourdieu é o de habitus, que se refere às


disposições duradouras de um indivíduo que são construídas a partir de sua
experiência social. O habitus é moldado pelas experiências de vida e
influências culturais, e serve como uma lente através da qual o indivíduo
percebe o mundo. Essas disposições podem ser inconscientes e moldar as
ações e escolhas de uma pessoa de maneira não intencional.

SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA

Ele pensava questões importantes; dentre elas, sobre o que faz do


Brasil, Brasil, ou seja, qual é a nossa identidade e qual marca cultural e
histórica nos distingue das demais nações.

O primeiro e mais difundido livro de Sérgio Buarque, Raízes do Brasil,


trata da formação do povo brasileiro baseada em uma visão muito controversa
que foi objeto de críticas e elogios ao longo do século XX. Esse livro faz um
macro interpretação do processo de forma.

Em seu livro Raízes do Brasil, Buarque cita alguns pontos como:

"O homem cordial era, segundo Sérgio Buarque, o brasileiro nato que
preferiria privilegiar os seus em detrimento de contribuir com o público."

Nessa citação Sergio Buarque diz que o centro é de certa forma,


privilegiado devido à cordialidade que se tem com os grandes cargos no Brasil,
isso fica claro, por exemplo, no nosso cenário político e empresarial, onde uma
grande parcela das pessoas com cargos importantes não receberam aquela
indicação ou o cargo em si pelo seu currículo, e sim por conhecer alguém ou
ser parente de alguém influente naquele meio, nesse caso, o centro ou o a elite
em comparação com a maior parcela populacional.

“O autor chegou a defender a mentalidade burguesa e os países


ibéricos. Os ibéricos não gostavam do trabalho manual, queriam ser senhores.”
Para Buarque os ibéricos (centro) não gostam do trabalho manual,
trabalho que acaba sendo executado pelas pessoas da periferia.

 Cultura: Sérgio Buarque ainda afirma que a própria língua portuguesa


era mais fácil para os indígenas e os negros, o que ajudou muito na
colonização. Outro elemento que facilitou a comunicação no Brasil
colonial foi a Igreja Católica que tinha uma forma de se comunicar muito
mais simpática que as igrejas protestantes. Concluiu o capítulo
mostrando que o resultado de tudo isso foi a miscigenação, que
possibilitou a construção de uma nova pátria.
 Acessibilidade: A acessibilidade no meio perífico, segundo a corrente de
pensamento cordial, é bem menor a do centro, pois a cordialidade nos
meios politico, empresariais (e consequentemente hierárquicos) formam
uma espécie de "bola de neve", não só a acessibilidade em questão de
necessidades físicas mas também intelectuais, um grande exemplo é a
falta de livros e incentivo a literatura nos ensinos básicos públicos no
Brasil, por consequência de uma má gestão financeira de verbas (devido
a má qualificação dos políticos na área da educação) e as pessoas que
ocupam grandes cargos que foram "conquistados" em concursos dos
quais os mesmo passaram por indicações ou seja, o exato significado da
Cordialidade.
 Segurança: A segurança na parte periférica é deixada de lado por certa
cordialidade, até por conta dos baixos cargos na policia serem exercidos
pelas pessoas que ficam na periferia, além de que a segurança na
periferia não é nem 5% da segurança do centro. Pessoas no centro têm
maiores cargos devido a cordialidade elas são tratadas de melhor forma
pela policia, isso reflete o racismo, preconceito, entre outros casos.

GILBERTO FREYRE

Gilberto Freyre, um renomado sociólogo brasileiro, é conhecido por sua


abordagem sobre as relações raciais, culturais e sociais no Brasil,
especialmente em sua obra "Casa-Grande & Senzala". Embora ele não tenha
focado especificamente em centro e subúrbio, suas ideias podem ser
relacionadas ao tema.

Freyre via a sociedade brasileira como uma sociedade única no contexto


das Américas devido à sua história de colonização e miscigenação. Ele
argumentava que a mistura de raças, como índios, europeus e africanos, era
fundamental para a construção da cultura e da identidade brasileira. Essa
mistura não se limitava apenas ao aspecto racial, mas também envolvia a
fusão de elementos culturais, como a culinária, a música e as tradições
religiosas.
Ao relacionar isso à divisão entre centro e subúrbio, pode-se argumentar
que o centro das cidades frequentemente representa a herança cultural e
histórica da elite branca e europeia, enquanto os subúrbios muitas vezes
abrigam uma população mais diversificada, resultado da miscigenação e da
migração do campo para a cidade. Portanto, o centro tende a manter tradições
mais conservadoras e elitistas, enquanto os subúrbios se tornam centros de
cultura popular e diversidade.

Uma citação relevante de Freyre é: "O brasileiro é um ser 'mestiço' por


excelência. Isso, antes de constituir uma inferioridade, significa uma riqueza".
Essa citação enfatiza a visão de que a mistura de culturas e raças é uma
riqueza cultural no Brasil.

Freyre acreditava que essa mistura e convivência entre diferentes


grupos culturais eram uma força positiva, pois enriqueciam a cultura brasileira.
Ele via o Brasil como uma nação em que a convivência entre diferentes raças e
classes sociais poderia levar à superação de preconceitos e à criação de uma
sociedade mais igualitária e harmônica.

Cultura

A cultura desempenha um papel fundamental na análise de Gilberto


Freyre sobre a dinâmica entre centro e subúrbio no Brasil. Freyre destacou que
a cultura brasileira é profundamente influenciada pela diversidade de origens
étnicas e culturais que compõem a sociedade do país. Ele via essa diversidade
como um elemento enriquecedor que contribui para a riqueza da cultura
brasileira.

No contexto do centro e subúrbio, a cultura desempenha um papel


importante na diferenciação entre essas áreas. O centro muitas vezes
representa a cultura dominante e a elite, com suas instituições culturais, como
museus, teatros e galerias de arte, que tendem a refletir as tradições e valores
da elite branca e europeia. Aqui, a cultura frequentemente é mais formal e
institucionalizada.

Por outro lado, os subúrbios costumam ser o lar de uma cultura mais
diversificada e popular. Freyre via os subúrbios como centros de cultura
popular, onde as influências de diferentes grupos étnicos e culturais se
mesclam de maneira mais livre e orgânica. Ele acreditava que essa mistura
cultural nos subúrbios criava uma identidade cultural brasileira autêntica e
única, onde elementos de diferentes origens se fundiam, resultando em novas
manifestações culturais, como a música popular brasileira e a culinária
regional.

Essa diferença cultural entre centro e subúrbio, conforme vista por


Freyre, ilustra como a diversidade cultural do Brasil está enraizada nas divisões
urbanas. Ao reconhecer essa diversidade e compreender a importância da
cultura nos centros urbanos e subúrbios, podemos ter uma visão mais
completa das dinâmicas sociais brasileiras. No entanto, é essencial observar
que a desigualdade cultural e a valorização desigual de diferentes culturas
também podem levar a tensões e desafios nas cidades brasileiras, e esses
problemas continuam sendo objetos de estudo e debate na sociedade
contemporânea.

Acessibilidade

A acessibilidade é um elemento crítico que se relaciona com as ideias de


Gilberto Freyre sobre a dinâmica entre centro e subúrbio no Brasil. Em sua
análise, Freyre enfatiza a importância de entender como diferentes grupos
sociais e culturas interagem nas cidades brasileiras. A acessibilidade
desempenha um papel significativo nessa interação, pois influencia a
capacidade das pessoas de participarem plenamente na vida urbana, seja no
centro ou nos subúrbios.

No centro das cidades, onde frequentemente se encontram as principais


instituições culturais, econômicas e políticas, a acessibilidade muitas vezes é
mais favorável. Isso inclui melhores infraestruturas de transporte, como metrôs,
ônibus e ciclovias, bem como serviços públicos de qualidade. Esses fatores
facilitam o acesso de pessoas de todas as classes sociais à cultura, à
educação e ao mercado de trabalho.

Por outro lado, nos subúrbios, onde a população pode ser mais
diversificada em termos de classe social e origem étnica, a acessibilidade pode
ser mais desafiadora. Freyre reconheceria que a falta de infraestrutura de
transporte eficaz e serviços públicos de qualidade nos subúrbios pode limitar o
acesso das pessoas a oportunidades educacionais, culturais e econômicas.
Isso pode contribuir para a perpetuação das desigualdades sociais.

Para abordar essa questão de acessibilidade, é essencial que as


políticas públicas busquem reduzir as disparidades entre o centro e os
subúrbios. Isso inclui a melhoria dos sistemas de transporte público,
investimentos em infraestrutura nas áreas periféricas das cidades e o
fornecimento de serviços públicos de qualidade em todos os bairros. Promover
a acessibilidade é um passo importante para criar uma sociedade mais
inclusiva e igualitária, algo que Freyre valorizava em sua visão para o Brasil.

Segurança

A questão da segurança destaca uma série de desafios e complexidades


na interação entre acessibilidade, cultura e segurança em contextos urbanos.

No centro das cidades brasileiras, onde frequentemente se encontram as elites


econômicas e instituições culturais, geralmente se observa um maior
policiamento e medidas de segurança. Essa concentração de recursos e
atenção à segurança está, muitas vezes, vinculada à proteção dos interesses
econômicos e culturais da elite branca e europeia, que historicamente ocupou
essas áreas. Isso pode criar uma sensação de segurança para aqueles que
vivem no centro, mas também pode levar à segregação e à exclusão das
classes sociais menos privilegiadas.

Nos subúrbios, onde a população é mais diversificada em termos de


origem étnica e classe social, a segurança pode ser mais precária devido à
falta de recursos para policiamento e à presença de desafios sociais, como a
pobreza e o desemprego. Isso pode criar preocupações de segurança que
afetam a acessibilidade das pessoas, pois podem se sentir inseguras ao usar o
transporte público, frequentar escolas e participar de atividades culturais nos
subúrbios.

A relação entre acessibilidade, cultura e segurança é complexa. A falta


de segurança nos subúrbios pode limitar a acessibilidade das pessoas,
dificultando sua participação em atividades culturais e sociais. Essa falta de
acesso pode afetar negativamente a riqueza da cultura local, bem como a
capacidade das comunidades dos subúrbios de participar plenamente na vida
urbana.

Além disso, a diversidade cultural e social nos subúrbios pode oferecer


oportunidades para abordagens inovadoras de segurança que considerem as
experiências e perspectivas únicas dos diversos grupos presentes. Valorizar a
diversidade cultural nos esforços de segurança pode contribuir para uma
sociedade mais inclusiva e equitativa.

Para enfrentar os desafios de segurança nas áreas urbanas, as políticas


públicas devem considerar as desigualdades sociais e culturais, buscando
promover a segurança de maneira equitativa em todos os bairros,
independentemente de estarem localizados no centro ou nos subúrbios. Isso
envolve investimentos em policiamento comunitário, programas de inclusão
social e medidas para melhorar a qualidade de vida nas áreas mais
vulneráveis. Ao fazer isso, a sociedade brasileira pode caminhar em direção a
uma realidade mais segura e coesa.

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