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LICENCIATURA EM DIREITO
FORMAÇÃO DA SOCIEDADE
Lisboa, 2022.
Universidade Autónoma De Lisboa
“Luís De Camões”
Sociologia do Direito
O Prof. Alex Sander Xavier Pires
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Índice
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Introdução
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Desenvolvimento
A sociologia é uma disciplina que surgiu com o objetivo de sistematizar o estudo dos
fenômenos sociais, identificando suas causas e apontando formas de solucioná-los quando se
constituíssem em problemas para a sociedade.
Desse modo, foi sendo construído, ao longo dos anos, um modo de pensar que estabelece
naturalmente a ligação entre os diferentes indivíduos que formam as sociedades humanas,
visualizando, assim, as estruturas sociais em que vivem.
A sociologia
A sociologia consolidou-se ao longo do tempo como um dos ramos das ciências humanas,
pois surgiram inúmeras ciências para estudar cada dimensão do social, aprofundando o
conhecimento específico de determinadas relações sociais. No entanto, a sociologia
permanece como a única que tem como tema central de estudo as interações sociais
propriamente ditas.
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A vida dos seres humanos apresenta, assim, várias dimensões:
● Econômica
● jurídica
● Política
● Moral
● Religiosa etc.
que ocorrem e se desenvolvem durante a existência social do homem, ou seja, quando os seres
humanos estão interagindo uns com os outros. São essas interações, independentemente do
aspecto que possam assumir, que são o objeto central de estudo da sociologia.
Logo, a sociologia estuda a dimensão social da conduta humana, as relações sociais que a ela
estão associadas.
Tendo os seus elementos a destacar: os grupos sociais, a estrutura social, a família, as classes
sociais, e o papel que cada indivíduo desempenha e ocupa dentro de uma sociedade.
Para preservar a sobrevivência da coletividade, surgiu a sociedade, caracterizada por uma
agremiação de pessoas.
O ser humano é um ser social e vive em sociedade, que é onde aprende as habilidades e
adquire os conhecimentos que o identificam com um determinado modo de vida. As
sociedades podem ser pequenas comunidades rurais ou uma grande cidade, uma região ou
uma nação.
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assim, fosse mais fácil armazenar os alimentos e também como forma de proteção. A partir de
então, formaram-se as primeiras aldeias do mundo.
Uma sociedade é um grupo autônomo de pessoas que ocupam um território comum, têm uma
cultura comum e possuem uma sensação de identidade compartilhada. As sociedades são
unidas por meio de relações sociais, não só entre as pessoas, mas também entre as instituições
sociais (família, educação, religião, política, economia).
E, por estarem interconectadas, invariavelmente a mudança em uma conduz a mudança em
outras. As instituições sociais estabelecem vínculos entre o passado, o presente e o futuro.
A sociedade alcança o papel de protetora e organizadora da vida humana. Há nelas ainda uma
organização social feita por instituições, como a escola, a família, as instituições, o governo.
A Formação da mesma é baseada em vários temas:
● Política
● Jusnaturalismo
● Vontade Divina
● Contratualismo Jurídico
● Leviatã, o Homem é um Ser Gregário
Teoria do Jusnaturalismo
De acordo com o Jusnaturalismo, o direito é algo natural e anterior ao ser humano, devendo
seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade, direito à vida, à liberdade, à
dignidade, e ao ideal de justiça.
Desta forma, as leis que compõem o Jusnaturalismo são tidas como imutáveis, universais,
atemporais e invioláveis, pois estão presentes na natureza do ser humano.
A corrente do jusnaturalismo defende que o direito natural é imutável e universalmente
válido, valendo, portanto, para todos os tempos e para todos os homens é identificável através
da razão.
É independente da vontade humana, ele existe antes mesmo do homem e acima das leis do
homem, para os jusnaturalistas o direito é algo natural e tem como pressupostos os valores do
ser humano, e busca sempre um ideal de justiça. O direito natural é universal, imutável e
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inviolável, é a lei imposta pela natureza a todos aqueles que se encontram em um estado de
natureza.
A seguinte frase de Aristóteles representa o ponto principal do Jusnaturalismo; “assim como
fogo que queima em todas as partes, o homem é natural como a natureza e por isso todos tem
direito à defesa”.
Dentre alguns dos defensores do Direito Natural podemos citar Platão, Aristóteles, Heráclito,
Tomás de Aquino, Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau…
Na sua principal obra, Leviatã sendo um dos livros políticos mais importantes do Ocidente
publicada a 1651, Hobbes “desmembra” o Homem para mostrar as limitações cognitivas e as
suas fragilidades, chamando a isto o seu método resolutivo compositivo, onde faz uma análise
introspectiva e divide o Homem pela imaginação, sensação, linguagem. Para Hobbes o
Homem nasce sem razão, esta é apenas adquirida durante o seu crescimento.
Neste sentido, Hobbes aponta as três principais causas da discórdia: a competição, a descrença
e a glória. Vale ressaltar que para Hobbes a razão é adquirida, não nascendo com o indivíduo.
Para o autor, esses seriam os principais motivos que levariam o homem ao conflito, caso não
houvesse um poder capaz de mantê-los em harmonia, já que o homem é um ser tão crente e
fanático que é capaz de se destruir com suas próprias paixões.
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2- John Locke-( Liberdade)
Se Hobbes é considerado o precursor do positivismo jurídico, Locke, por sua vez, é o pai do
Estado Liberal.
Ao contrário de Hobbes, para além de ser liberal é também um jusnaturalista tradicional pois
acredita que existem certos direitos naturais anteriores ao Estado Civil. A sua crença nas leis
naturais visa que ocorram retaliações com intuito de proteger os direitos naturais quando estes
são danificados/violados. Para ele o Homem é um ser igualitário e racional livre diante dos
seus associados podendo aperfeiçoar-se através do empirismo, ao contrário de Hobbes, que
afirma que os homens são falíveis e que se deixam influenciar pelos seus medos e pelas
paixões vividas.
Quando se trata de insatisfação social, Locke diz que se pode destruir o governo retirando-lhe
o poder que lhe pertencia e devolver ao povo e da mesma forma existiriam liberdades
individuais. Por outro lado, tudo isto é inconcebível perante o Estado de Hobbes.
E por isso, quando os direitos naturais coletivos são ameaçados pelo poder político, os
tributários possuem a função de os dissolver, fazendo assim com que o poder retorne à posse
do povo que por fim acaba por ser o único e verdadeiro titular do poder supremo.
A situação criou desigualdades, desafetos e hedonismos. Já dizia Rousseau: “O povo, por ele
próprio, quer sempre o bem, mas, por ele próprio, nem sempre o conhece.”. Isto é, para ele o
Homem primitivo não conhecendo a sociedade não teria vínculos com outros Homens e assim
cada um viveria individualmente e isolados.
O Homem não detinha em si a razão, mas sim o amor de si, algo que era naturalmente
positivo e intolerante à sua alteração para algo mau, a não ser claro, que fosse a sociedade a
responsável pela sua alteração, a sua deturpação. Mais uma vez, é uma lógica que não
coincide com a lógica de Hobbes, pois para ele o Homem é garantidamente falível, viva
isoladamente ou não, e detém dentro de si por natureza uma determinada maldade.
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Com isso, Rousseau criticava as teorias de Hobbes e Locke, relativamente às desigualdades
existentes e mantidas mesmo depois do pacto social. Ou seja, Rousseau afirmava que mesmo
assim o contrato social mostrava-se inócuo visto que ainda se mantêm presentes o poder
político e o capital e que os direitos naturais devem garantir igualdade e a sua aplicação em
todos os indivíduos, não sendo então violados.
Dentro da lógica de Rousseau existia ainda a sua soberania, onde era aplicado o exercício da
vontade geral e coletiva, ou seja, onde existisse uma vontade coletiva essa seria logo ouvida e
realizada. Acompanhada desta lógica o filósofo afirmava ainda que é possível existir uma
aristocracia, uma democracia ou até mesmo uma monarquia sendo apenas destruída pelo
povo, se este assim o pretender.
Política
O filósofo grego Aristóteles definiu o ser humano como um animal político, ou seja, um ser
que inconscientemente busca a vida em comunidade, porque suas necessidades materiais e
emocionais só podem ser satisfeitas pela convivência com outras pessoas.
Além disso, o animal político se diferencia dos outros bichos pela sua capacidade de se
comunicar em nível complexo, diferentemente de outras espécies. Por meio da linguagem, o
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humano pode trocar ideias, imaginar o futuro e criar regras para compartilhar o mesmo
espaço.
A Vontade Divina
Comecemos por demonstrar isto, com referência às verdades que são acessíveis
à nossa razão natural. Com isto daremos uma resposta aqueles que consideram útil a
transmissão de tais verdades como objetos de fé por via de inspiração sobrenatural,
de vez que tais verdades nos são conhecidas através do nosso próprio conhecimento natural.
Contratualismo Jurídico
O contratualismo estuda a forma como se relaciona o homem em sociedade, uma vez que em
não sendo possível viver em um estado de natureza, sem a existência de instituições
governamentais, nasce o Estado Civil como forma de organizar e manter a ordem. Os
indivíduos têm que abdicar de certas vantagens/direitos para poderem assim ter um governo
organizador. E de acordo com a teoria contratualista, o medo, as falhas, a instabilidade da
natureza humana contribuíram para que fossem dados a determinadas pessoas determinados
poderes, esses responsáveis por colocar ordem nos seres de forma a garantir assim a
estabilidade e a segurança da ordem social.
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Importantes filósofos que contribuíram para o desenvolvimento do contratualismo
foram:
■ John Locke;
■ Thomas Hobbes;
■ Jean-Jacques-Rousseau;
Cada um desses filósofos apresenta conceitos diferentes sobre o que seria o estado de natureza
e a necessidade de interferência do poder estatal. Vejamos a seguir o que era pregado por eles.
1- John Locke
2- Thomas Hobbes
3- Jean Rousseau-Jacques
Segundo Jean-Jacques-Rousseau, “o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe”. Assim,
ao contrário de Hobbes, Rousseau acredita na existência desse homem bom, que somente é
corrompido pela sociedade, frente ao surgimento da propriedade privada.
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Para o filósofo, a função do Estado é garantir a igualdade entre o povo, de modo que todos
possam ter direito à propriedade privada e que os poderes não restem concentrados nas mãos
de poucos, possibilitando que a tomada de decisão seja com base na vontade geral (vontade
do povo).
Desta forma, o contratualismo estuda o surgimento do contrato social, em que o homem abre
mão do estado de natureza e aceita a intervenção do Estado e seu papel de organizar a
sociedade.
Para Hobbes, antes do homens viverem em sociedade, eles viveram em uma situação
(hipotética), denominada ‘estado de natureza’, em que o homem era sozinho e apenas se
preocupava em satisfazer suas necessidades e desejos, além de defender seus direitos naturais,
que são a vida e a liberdade. Afirma ainda que a natureza humana é egoísta, ou seja, quer
satisfazer seus desejos, mesmo que aquilo que queira pertença a outro homem.
É nessa situação em que compreendemos a famosa frase que em latim é traduzida como
“homini lupus homini” (o homem é o lobo do homem), justamente por que, pelo fato de
sermos egoístas e entrarmos em conflito uns com os outros, somos uma ameaça constante uns
aos outros, o homem é capaz de grandes atrocidades e barbaridades contra elementos da sua
própria espécie. Dessa forma, inevitavelmente, a guerra se torna geral. Todos são ameaças a
todos o tempo todo. A chamada "guerra de todos contra todos" (bellum omnia omnes).
Apesar de egoísta, o homem, movido pelo “medo da morte violenta” e pela racionalidade
(afinal o homem é racional, pensar), chega à conclusão que o bem maior e mais importante, a
vida, está em risco. E para defendê-la, só há um caminho possível: abrir mão da liberdade
total e fazer um pacto, um contrato, o “Contrato social”, pelo qual os homens saem da vida
solitária do ‘estado de natureza’ e vão viver juntos, sob um poder soberano, no ‘estado civil’,
ou seja, em sociedade.
No entanto, a única forma deste contrato dar certo, ou seja, que os homens respeitem o que
prometeram uns aos outros e que preservem a sua vida, é se houver um poder absoluto que os
obrigue a respeitar o contrato. Lembre-se: o homem é mau por natureza (egoísta) e viver em
sociedade não significa que essa natureza modificou. Se não houver um poder maior que, pelo
medo, imponha o cumprimento do pacto, o homem não respeitará o prometido. Justamente a
partir daqui é que podemos compreender a obra mais importante do filósofo, o "Leviatã".
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O poder do Estado Leviatã, a que Hobbes chama de “deus mortal”, deveria ser exercido por
um rei com poderes absolutos que, pelo medo, governaria a vida de todos. Seria o soberano e
os homens os súditos. Estaria acima das leis, sem limites para suas ações, desde que agisse no
cumprimento de sua parte no contrato: garantir a vida, a prosperidade e a paz. Os homens
abdicam de sua liberdade, pois sabem que, se não houver este poder soberano, a vida estaria
constantemente ameaçada, pois onde não há lei, não há limites.
Outra questão: será mesmo que o homem é mau por natureza ou somos resultado de nossa
cultura e condições materiais de vida? Se a maldade consistisse em uma característica natural,
isso significaria que todos, sem exceção, seriam mais, uma vez que é característica natural
inexorável. Portanto, a bondade, a caridade, a solidariedade, a alteridade dentre outras
virtudes, seriam impossíveis.
Sobre essa discussão, que diz diretamente respeito ao modo como encaramos a vida,
preferimos acreditar que o homem é resultado de sua história, que inclui todas as condições
materiais e humanas que fizeram parte de seu desenvolvimento como o acesso à informação;
formação de valores aprendidos em família; educação formal (escolar) de qualidade, que leve
à autonomia e à responsabilidade; respeito aos seus direitos fundamentais, como a dignidade,
que se expressa em uma vida material favorável, com saúde, alimentação, lazer, práticas
esportivas que desenvolvam um corpo e mente saudáveis dentre outros.
Se assim for, podemos ter fé no futuro pois, melhorando a realidade material e social dos
homens, o próprio homem melhorará!
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Conclusão
Tendo em vista o exposto pude perceber diferentes vertentes relacionadas com o surgimento
da ordem social na qual estamos inseridos desde os nossos primeiros anos. A formação da
Sociedade parte da totalidade da vida social de todos nós partiu de diversas teorias,
contradições, estudos, por parte de importantes figuras filosóficas daquela época.
O homem é um animal gregário por natureza necessitando de conviver com o seu semelhante
desde os tempos primórdios.
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Referências Bibliográficas
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