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O homem como ser pensante ou racional desenvolve esforços para se compreender a si próprio.
No quadro da luta pelo seu progresso, o homem procura, também, conhecer-se a si próprio, isto
é, saber como surgiu a sua espécie, como evoluiu quer no tempo quer no espaço.
Ele procura saber o que é que há de comum entre as raças humanas, o que há de diferente, o que
é que o confunde e o difere dos outros homens e saber qual é o seu futuro como espécie.
Esta necessidade de se conhecer, cria nele um certo interesse que é dele se estudar sob todos os
pontos de vista, físico, sociológico, psicológico, biológico, antropológico, bioquímico, histórico,
etc., cada um destes pontos de vista constitui objecto duma dada ciência criada pelo homem.
O problema da natureza do homem não é jurídico, não é de Direito; mas é sim o problema da
Sociologia. A Ciência do Direito dentro da qual se situa a nossa cadeira de Noções de Direito
não estuda o homem; não tem como seu objecto o homem. O Direito não estuda o homem como
facto cultural. A Ciência do Direito estuda as leis e, se a ciência do Direito estuda as leis não
como factos culturais, então, não pode estudar o problema da natureza do homem. Sendo este um
problema da sociologia, só a Sociologia devia estudar.
A Colaboração consiste em que cada um se sirva de bens produzidos por outros, cada um se
beneficia de serviços prestados por outros. Assim, os homens passam a vida trocando produtos,
serviços, colhendo experiências, conhecimentos, além do simples convívio. Por exemplo, o
vestuário que nos servimos não somos os produtores.
O homem desenvolve a sua actividade, a sua existência no plano com os outros homens. Esta
sociabilidade do homem, esta tendência para vida em colaboração é sua característica
natural ou é consequência do desenvolvimento?
Cada uma das teorias tem os seus defensores, tais como: Thomas Hobbes, Jean Jacque
Rousseau, Jonh Locke, Aristóteles, Karl Marx, Frederich Engels, etc, e, do leque dos
seguidores vamos privilegiar apenas dois a saber: a) Jean Jacques Rousseau e b) Aristóteles.
A teoria do estado pré-social, seguida por Hobbes, Rousseau e Locke, defende que o homem na
fase inicial da história da humanidade vivia segundo o seu bel prazer, vivia isolado dos outros
homens, vivia em plena liberdade não se sujeitava a nenhuma lei nem autoridade.
Partindo desta premissa de que o homem viveu em plena liberdade (isolamento) sem restrição de
leis, os defensores desta teoria concluíram que a vida do homem em colaboração é o resultado do
desenvolvimento, o que significa que só com o andar dos tempos decidiu, forçado pelas
dificuldades e pelo desenvolvimento organizar-se em sociedade, para isso, os homens assinaram
um acordo para poder viver em sociedade que eles designaram por “Contrato
Social”_Rousseau.
A sociedade política caracteriza-se por ter poder político ou Estado constituído por instituições,
isto é, caracteriza-se por ter leis. Esta autoridade, instituições, leis, limitam as liberdades de cada
membro da sociedade. Condicionam o exercício dessas liberdades, isto é, não permitem que cada
um faça o que lhe apetece sem observar as liberdades do outro.
Desta posição resulta a conclusão de que as leis existem porque o homem quer. As regras que
regem na sociedade e que influem no Direito são uma criação voluntária e podem se extinguir.
A teoria do estado pré-social do homem, teve o seu domínio nos Sécs. XVI-XVII e parte do Séc.
XVIII, quando a teoria da natureza social do homem ganhou força.
2. A Teoria do Estado Social do Homem ou Teoria da Natureza Social do Homem
Esta teoria é seguida por Aristóteles, Marx e Engels e, defendeu sempre que:
1) O homem não pode por si só, isto é, individualmente defender-se das agressões do meio
ambiente. Por exemplo, das cheias, do calor, da seca, do frio, dos terramotos, dos vulcões, dos
ciclones, dos sismos, etc.
2) O homem não pode de per si, suster ou evitar as agressões dos outros homens.
3) O homem não é capaz de por si só, produzir todos os bens, quer materiais quer espirituais de
que carece para a satisfação das suas necessidades.
4) Os dados da história mostram que já na idade primitiva, o homem colaborou entre si para a
recolecção de frutos silvestres, no fabrico de instrumentos para a caça, pesca, agricultura, para a
produção de utensílios domésticos e outros instrumentos de trabalho.
Com base nestes argumentos, a teoria conclui que a natureza do homem é viver em sociedade.
Isto é, o homem é um ser iminentemente social. Esta posição está de acordo com os resultados da
investigação histórica, antropológica e mesmo sociológica.
Hoje em dia, é um dado adquirido e assente que o homem é efectivamente um ser social por
excelência, um ser que só se pode realizar, afirmar-se, harmonizar o individual ou colectivo,
colaborar com os outros. Por exemplo, adquirindo experiências, bens, etc.. Daí, podemos
concluir que o homem pela inata necessidade que tem de reproduzir, colaborar e conviver não
pode viver fora da sociedade.
O homem não pode singularmente considerado, ou seja, de per si, defender-se dos animais
ferozes, nem sozinho dos outros homens. Ele não pode produzir todos os bens de que carece para
satisfazer as suas necessidades. Por exemplo, alimentação, vestuário, calçado, meios de
transportes, etc,.
A reprodução da espécie é uma necessidade imprescindível para a manutenção da mesma. O
homem não pode divertir-se, recrear-se sozinho. Carece sim, da colaboração com o seu
semelhante. Sendo esta uma necessidade natural (nata).
Conclusão:
Aristóteles em defesa desta teoria, escreveu a obra “A Política” e disse que para o homem viver
fora da sociedade tinha que ser mais Deus ou menos Bruto do que é. Isto significa que o homem
tinha que viver como Deus.
Daí a máxima latina: Ubi societas, ibi homes, Ubi Homes ibi jus.
Tecnicamente diz-se que o homem, a sociedade e o Direito constituem uma unidade dialéctica de
nascimento e de existência. O que significa que é inconcebível a sociedade sem homens,
impossível a sociedade sem direito, sem leis. A norma só faz sentido num contexto social. A
sociabilidade humana é uma questão natural.
Não se deve confundir viver em sociedade com o viver entre duas ou mais pessoas na mesma
casa, pois, não é o sinónimo de coabitação. Podemos encontrar pessoas que coabitam mas que
estejam a viver fora da sociedade. Por exemplo, 5 indivíduos que vivem na mesma casa mas que
são marginais.
EXERCÍCIOS:
1. Diga justificando quais as teorias que gravitam em volta da Natureza do Homem. E,
explique uma à sua escolha.
2. Comente a seguinte afirmação: “a questão da natureza do homem não é um problema
jurídico, mas sim Sociológico, então, porque estudar a natureza do homem no âmbito da
Ciência Jurídica”?
3. Diga qual é a essência da natureza do homem?
4. Diga justificando, se a sociabilidade do homem é sua característica natural ou é
consequência do desenvolvimento?
5. Diga o que significa o homem viver em sociedade?
6. Diga justificando se o homem pode ou não viver fora da sociedade?
BIBLIOGRAFIA
1. BÁSICA
2. COMPLEMENTAR
3. LEGISLAÇÃO
CÓDIGO CIVIL, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47344, de 25 de Novembro de
1966.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, de 2018.
Elaborado por: Francisco Manguene
Cel: 824550810, e-mail: fmanguenejunior@gmail.com