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ÍNDICE

NOTA DE APRESENTAÇÃO............................................................................................................4
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................5
FUNDAMENTO DOS DIREITOS HUMANOS...................................................................................7
CONCLUSÃO.................................................................................................................................9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................10

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NOTA DE APRESENTAÇÃO

No que pensamos, por exemplo, quando constatamos o sofrimento de pacientes em filas


de hospitais públicos, a condição de exclusão a que são submetidos os mendigos e as
crianças em situação de risco, o drama dos desempregados e outros marginalizados
sociais? A resposta seria talvez “apelar a quem de direito para que dê respostas
urgentes para colmatar estas carências”. Mas para tal, seria necessário que os decisores
do país tomassem consciência do que são, verdadeiramente, os direitos humanos, que
segundo (FLORES, 2009) decorrem do reconhecimento da dignidade intrínseca a todo
ser humano e podem ser conceituados como “processos institucionais e sociais que
possibilitam a abertura e a consolidação de espaços de luta pela dignidade humana”.

No intuito de aprofundar os nossos conhecimentos ligados às matérias dos direitos


humanos que desembocam na justiça social, propuseram-nos um trabalho investigativo
a ser apresentado ao Instituto Superior Politécnico Católico do Huambo (ISPOC-
HUAMBO), como Trabalho de Avaliação da Primeira Frequência do II Semestre da
Unidade Curricular de Justiça Social e Direitos Humanos (JSDH), cujo tema é:
“Fundamento dos Direitos Humanos”.

Este trabalho está alicerçado num único capítulo que dá título ao mesmo “Fundamento
dos Direitos Humanos”. Onde na parte introdutória procuramos trazer um pouco do
enquadramento histórico do pensamento virado a protecção dos direitos do homem, de
seguida, abordamos claramente a razão da existência dos direitos humanos (o
fundamento) e, finalmente, concluímos que, para o êxito da prossecução dos direitos
humanos, é necessário ter um aliado chamado educação. Ou seja, pela educação é
possível vivenciar e compartilhar experiências discursivas que tenham como
fundamento a “formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da
promoção e da vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da
solidariedade, da paz…

Huambo/Caála, 10 de Abril de
2023

Júlio Avelino Sambambi

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INTRODUÇÃO

“As pessoas e os grupos sociais têm o direito a


ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o
direito a ser diferentes quando a igualdade os
descaracteriza” (SANTOS & NUNES, 2012).

A noção de direitos humanos do ponto de vista da proteção universal por parte dos
Estados é recente, e começa, efectivamente, a partir do século XVIII.

O mundo passou por sérias transformações políticas, econômicas e sociais. Os dois


principais eventos marcantes do início do século XX foram as duas grandes guerras
mundiais, que juntas provocaram a morte de milhões de pessoas e mudaram
significativamente a geografia política da Europa e do resto do planeta. Uma das
grandes questões levantadas pela última grande guerra foi o genocídio praticado contra
determinados povos, promovidos diretamente pelos Estados Totalitários, entre eles a
Alemanha Nazista.

Foi nesse contexto histórico que foi fundada, em 1945, a Organização das Nações
Unidas (ONU), órgão internacional criado pelos países vencedores da 2ª Guerra
Mundial, cujas finalidades principais eram de intermediar as relações entre nações antes
e durante conflitos (armados ou não), e buscar garantir os direitos dos indivíduos
independentemente de sua nacionalidade, classe social, cor ou gênero.

Como forma de manifestar publicamente um repúdio aos crimes contra a humanidade


cometidos pelas nações derrotadas durante a guerra, os membros da ONU aprovaram
em 1948 um documento intitulado Declaração Universal dos Direitos Humanos, este
documento abarcava e promovia uma variada gama de direitos considerados
fundamentais.

Repare que, na antiguidade já era possível verificar leis que limitavam o desejo humano
de oprimir o outro com esse pendor de proteção do homem. Por exemplo, o código de
Hamurabi, no qual preceituava a famosa lei de talião, "olho por olho e dente por
dente”, já era uma forma de respeitar o ser humano na medida em que só era permitida
a vingança na exacta medida da ofensa.

Contudo, é no período da Antiguidade Clássica (Grécia e Roma) que o ser humano


passou a ser considerado em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e
razão, não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais
(COMPARATO, 2008). Assim, na antiguidade clássica podemos notar que, ao se
afastar o pensamento mitológico e a partir do uso da razão, os gregos passam a colocar
o homem como a mais importante criatura do universo, neste sentido, recusavam-se a

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se submeter às imposições dos sacerdotes ou dos déspotas ou mesmo a se humilhar
perante os seus deuses (LAZARI & OLIVERIA, 2017).

Na idade média, o grande Doutor da Igreja Católica, São Tomás de Aquino em sua
obra “Suma Teológica” (1273), defendia a igualdade dos seres humanos e aplicação
justa da lei. Ainda na idade média, no período feudal, temos a aprovação da Magna
Carta inglesa de 1215 que limita o poder do Rei e consagrava algumas liberdades aos
súditos entre eles o direito de ir e vir que lançara as bases para a lei do Habes Corpus, é
instituto o tribunal do júri, o devido processo legal é a ideia de que ninguém esta acima
da lei. Sabemos que o conteúdo e a importância dos direitos humanos nem sempre estão
fixados na consciência das pessoas.

Não é evidente a todos os indivíduos que eles possuem determinados direitos, nem
tampouco, que estes devem ser respeitados. Por isso, precisamos primeiramente
entender o que significa a expressão direitos humanos.
Direitos humanos são aqueles princípios ou valores que permitem a uma pessoa afirmar
sua condição humana e participar plenamente da vida. Tais direitos fazem com que o
indivíduo possa vivenciar plenamente sua condição biológica, psicológica, econômica,
social, cultural e política. Ou seja, são valores que servem para proteger a pessoa de
tudo que possa negar sua condição humana.

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FUNDAMENTO DOS DIREITOS HUMANOS

Uma vez que já sabemos o que são os direitos humanos, cabe-nos agora encontrar o
sentido daquilo que é o mote do nosso trabalho, o fundamento de tais direitos.

É importante sublinhar que, os filósofos Platão e Aristóteles, na antiguidade clássica, já


defendiam a igualdade e a noção do bem comum, a importância do agir com justiça para
o bem de todos da pólis, mesmo em face de leis injustas. Assim, o mais importante seria
o ser humano e não a lei, o direito natural em detrimento do direito posto. Portanto,
podemos dizer que, foi na Grécia onde surgiu o fundamento filosófico para os direitos
humanos.

Quando falamos em fundamento dos direitos humanos, estamos nos referindo à sua
natureza ou ainda à sua razão de ser. Mas qual a razão de ser desses direitos? Uma
resposta possível seria: eles existem para zelar, proteger ou promover a humanidade que
há em todos nós, fazendo com que o ser humano não seja reduzido a uma coisa, a um
objeto qualquer do mundo. O fundamento pode também ser concebido como fonte ou
origem de algo. Nesse sentido, a ideia de fundamento serve, também, para justificar a
importância, o valor e a necessidade desses direitos. Ainda que não se possa afirmar a
existência de um fundamento absoluto que possa garantir a efetivação dos direitos
humanos – já que a noção do que vem a ser dignidade pode mudar no tempo e no
espaço – é possível considerar que haverá sempre uma ideia, um valor ou um princípio
que servirá para definir a natureza própria do homem.

No transcorrer da história do pensamento, muitas foram as tentativas de justificar a


existência dos direitos humanos e de fundamentá-los. Uma delas já se anunciava no
século XVII, com a ideia de que o homem naturalmente tem direito à vida e à igualdade
de oportunidades (LOCKE, 1978). Este preceito é seguido pela noção de que todos os
homens nascem livres e iguais (ROUSSEAU, 1985), ou ainda pela afirmação de que os
indivíduos possuem direitos inatos e indispensáveis à preservação de sua existência. Os
homens teriam, assim, direitos decorrentes de sua própria natureza.

A atribuição de direitos naturais ao indivíduo se inspira na ideia de que o homem é um


ser provido de sensibilidade e razão, capaz de se relacionar com o seu semelhante e de
constituir as bases do seu próprio viver. Todos esses elementos caracterizam a sua
humanidade e servem para justificar aquilo que marca a sua essência fundamental: a
dignidade.

Sublinhe-se que, por muito tempo a convicção de dignidade se restringia na crença


divina, isto é, todo ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus. Actualmente,
é, amplamente, defendido que a dignidade é concebida em virtude da racionalidade do
homem. É essa faculdade que funda a autonomia da sua vontade e a liberdade que
orienta sua acção no mundo.

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Uma vez que o fundamento é, como vimos anteriormente, aquilo que representa a causa
ou razão de ser de um facto, situação ou fenômeno, pode-se considerar o fundamento
dos direitos humanos como a essência que torna humano o nosso ser, ou seja, a
preservação e a proteção da vida, bem como assegurar o exercício da igualdade e
liberdade.

O fundamento dos direitos humanos (vida, igualdade e liberdade) está alicerçado no


conceito da dignidade. Portanto, os direitos humanos aparecem como um instrumento
de proteção do sujeito contra todo tipo de violência. Com isso, podemos afirmar que
eles têm, pelo menos teoricamente, um valor universal, isto é, devem ser reconhecidos e
respeitados por todos os homens, em todos os tempos e sociedades.

A dignidade é a qualidade que define a essência da pessoa humana, ou ainda, é o valor


que confere humanidade ao sujeito. Trata-se daquilo que existe no ser humano pelo
simples fato de ele ser humano. Tal noção nos permite afirmar que todo ser humano tem
um valor primordial, independentemente de sua vida particular ou de sua posição social.
Daí que, o homem deve ser considerado como um fim em si mesmo, e jamais como um
meio ou instrumento para a realização de algo (KANT, 1980). O homem é um ser cuja
existência constitui um valor absoluto, ou seja, nada do que existe no mundo lhe é
superior ou equivalente.

A dignidade é um valor incondicional, incomensurável, insubstituível, por isso, não


admite equivalência. Trata-se de algo que possui uma dimensão qualitativa, jamais
quantitativa. A dignidade possui um valor intrínseco, por isso, nenhuma pessoa pode ter
mais dignidade que a outra.

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CONCLUSÃO

Talvez seja adequado ponderar que o grande desafio da questão seja o caráter jurídico,
tendo em vista que os Estados devem prover medidas para que tais direitos não sejam
violados. Os direitos humanos só possuem eficácia definitiva quando são vivenciados,
a necessidade de praticá-los já demonstra um motivo e razão de ser. Por isso, autores
como Bobbio, refletem que “o problema grave do nosso tempo, com relação aos
direitos humanos, não é mais o de fundamentá-los e sim protegê-los’’, principalmente
em virtude dos desafios enfrentados em contraponto das diversas culturas, hábitos,
convenções e costumes de diversas sociedades, até porque, um único fundamento seria
incapaz de refletir as múltiplas noções e essências do homem.

Os homens são dotados da mesma dignidade, mas isso não evita que determinados
indivíduos sofram violações.

O homem é um ser passível de ser melhorado e superar instintos egoístas e prejudiciais


a sociedade. Para tal, é sempre importante defender a educação em direitos humanos,
baseada nos valores de solidariedade, justiça, respeito mútuo, liberdade e
responsabilidade. Devendo, por isso, o homem ser preparado para a vida em sociedade.

O respeito, a garantia e a promoção da dignidade humana são um processo que está


sujeito a recuos e fracassos. Por isso, tal tema deve ser discutido com seriedade no
cotidiano das pessoas.

“Não há judeu nem grego; não há escravo


nem livre; não há homem nem mulher;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus”
(Paulo 3, 28).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicómaco. Brasília: Editora da UnB, 1992.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1992.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos Direitos Humanos. 6ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2008.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes.


São Paulo: Abril, 1980, (Coleção Os Pensadores).

LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo civil. São Paulo:


Abril Cultural, 1978, (Coleção Os Pensadores).

PEQUENO, Marconi. Ética, direitos humanos e cidadania. In Curso de Formação de


Educadores em Direitos Humanos. João Pessoa:
Editora Universitária/UFPB, 2001.

SANTOS, Boaventura de Sousa; NUNES, João Arriscado. Introdução para ampliar o cânone
do reconhecimento, da diferença e da igualdade. Disponível em: Acesso em agosto, 2012.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato Social. São Paulo: Abril


Cultural, 1985, (Coleção Os Pensadores).

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