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Os Três Momentos P edagógicos :

abordagem temática no ensino

Autoras
Valéria Marcelino
Cassiana Hygino

Sumário
Qual o objetivo do ensino que temos ministrado?........................................................................................5
Como contribuir para alterar essa realidade?..................................................................................................5
E o que o professor pode fazer em suas aulas para superar ou contornar esses obstáculos
pedagógicos?..............................................................................................................................................................8
A Metodologia dos Três Momentos Pedagógicos:.........................................................................................9
Como elaborar aulas ou sequências didáticas usando a metodologia apresentada?................... 10
Como se inspirar para escolher os temas?..................................................................................................... 15
Referências................................................................................................................................................................. 17
Qual o objetivo do ensino que temos ministrado?

Os Três Momentos Pedagógicos: abordagem temática no ensino


De acordo com as Orientações Curriculares Para o Ensi-
no Médio (BRASIL, 2008, p.15), nos últimos anos, o ensino
vem sendo marcado por uma dicotomia que constitui um
desafio para os educadores, ou seja, para eles ainda perma-
nece a ideia de que o currículo do ensino médio precisa es-
tar voltado, quase que exclusivamente, para a preparação do
aluno para os exames vestibulares, em detrimento das finali-
dades atribuídas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional - Lei Nº 9394/96 (BRASIL, 1996). Segundo Morin (2003) a
O que se observa é uma preocupação com a quantidade PRIMEIRA FINALIDADE do
de conteúdos a serem ensinados e nem sempre com o porquê ensino foi formulada por
ensiná-los e com a qualidade do processo de ensino e apren- Montaigne: mais vale uma
dizagem. cabeça bem-feita que bem
Sendo assim percebe-se a necessidade de mudanças no cheia. O significado de “uma
ensino e, consequentemente, na aprendizagem, as quais são cabeça bem cheia” é óbvio: é
também justificadas diante dos baixos resultados que o país uma cabeça onde o saber é
vem atingindo em avaliações de larga escala, como por exem- acumulado, empilhado, e não
plo, no PISA (INEP, 2016). dispõe de um princípio de
No ano de 2015, a Organização para a Cooperação e De- seleção e organização que lhe
senvolvimento Econômico (OCDE), responsável pela reali- dê sentido. “Uma cabeça bem-
zação do PISA, divulgou um ranking mundial de qualidade feita” significa que, em vez
de educação. Entre os 76 países avaliados, o Brasil ocupa a de acumular o saber, é mais
60ª posição. Muitos outros resultados envolvendo a qualida- importante dispor ao mesmo
de da educação do país revelam, então, essa necessidade de tempo de: – uma aptidão
mudanças (G1 Educação, 2015). geral para colocar e tratar
A fim de melhorar e tornar mais significativa a apren- os problemas; – princípios
dizagem diversos teóricos afirmam a necessidade de que organizadores que permitam
o ensino seja pautado em problemas e que estes proble- ligar os saberes e lhes dar
mas sejam próprios do cotidianos dos alunos. Encontra-se sentido.
também ressaltado nos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN) que o processo de ensino e aprendizagem deve se
pautar em problemas do cotidiano do aluno, bem como o
ensino possa ser contextualizado e possibilite estabelecer
relações entre diferentes áreas do conhecimento (BRASIL,
1999).

Como contribuir para alterar essa realidade?

Diante deste contexto é desejável que haja uma organiza-


ção curricular balizada na abordagem temática. (DELIZOI-
COV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2011)

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Os Três Momentos Pedagógicos: abordagem temática no ensino

Os Três Momentos Pedagógicos: abordagem temática no ensino


O que é essa abordagem temática? A partir dessa proposta na qual os temas são o pon-
Segundo Delizoicov; Angotti; Pernambuco (2011) a abor- to de partida para que a aprendizagem dos alunos seja
dagem temática ou pautada em temas foi proposta por Paulo alcançada, o que se pretende é a superação pedagógi-
Freire e George Snyders e se baseia no pressuposto de que na ca de obstáculos que surgem no processo educacional.
programação e no planejamento didático-pedagógico (ela- O conhecimento oriundo da vivência do aluno deve ser
boração das aulas) duas categorias de conhecimentos preci- valorizado, mas também pode ser entendido como “uma
sam ser levadas em conta, o conhecimento científico e o co- limitação na possibilidade de perceber mais além” (Frei-
nhecimento do senso comum (presente nos conhecimentos re, 1975, p. 126 apud Delizoicov; Angotti; Pernambuco,
prévios dos alunos). 2011). Frente ao real, o que se pensa
Na abordagem temática, os conteúdos escolares ou cientí- Esses obstáculos que dificultam ao aluno a aprendi- saber, claramente ofusca o
que se deveria saber. Quando
ficos, que no ensino tradicional são a base da estrutura curri- zagem dos conceitos científicos foram denominados por
se apresenta ante à cultura
cular, agora são selecionados a partir de um tema significati- Bachelard como “obstáculos epistemológicos”, ele afirma científica, o espírito nunca
vo ao aluno. Tornando possível que o aluno possa interpretar que existe a necessidade de valorização do pensamento é jovem. Ao contrário é
e apreender o significado do tema, e a partir daí ter seus co- científico abstrato e aponta a experiência imediata como velhíssimo, pois tem a idade dos
nhecimentos prévios problematizados e, por fim, promover um obstáculo ao desenvolvimento dessa abstração (Lo- seus preconceitos (Bachelard,
um diálogo com os conhecimentos do professor, os conheci- pes, 1996). 1947, p. 16 apud Lopes, 1996).
mentos científicos. Bachelard foi um filósofo francês que também atuou
Esse diálogo caracteriza o que eles denominam dialogici- como professor, daí suas contribuições para o ensino de
dade. A dialogicidade nesse processo educacional não se res- ciências. Ele ressaltou a necessidade de nós, professores,
tringe ao diálogo entre professor e aluno, mas compreende conhecermos as concepções prévias dos alunos (seus co-
à apreensão mútua dos diferentes conhecimentos e práticas nhecimentos anteriores ao processo de ensino) e compre-
que eles têm sobre situações significativas envolvidas nos te- endermos que os alunos não compreendem a ciência com
mas abordados na aula. facilidade (Lopes, 1996).
Dessa forma pode-se resumir com o esquema apresenta- Também ressaltou a importância do erro,
do na Figura 1 como o processo ensino e aprendizagem de-
vem acontecer a partir da abordagem temática, a problema- Bachelard nos coloca o desafio de repensar como interpre-
tização dos conhecimentos e a dialogicidade entre os sujeitos tamos o erro no processo de ensino-aprendizagem. Se o erro
nele envolvidos. possui uma função positiva na gênese do saber, cabe procu-
rarmos pensar sobre a necessidade dos estudantes errarem
Figura 1: Esquema representando como se dá a no processo de ensino-aprendizagem. O erro deveria, então,
aprendizagem dos alunos a partir de temas deixar de ser encarado como o oposto do conhecimento ver-
dadeiro. O erro é constitutivo do processo de construção do
conhecimento (LOPES, 1996, p.269).

Ele diz que foi e é necessário superar ou contornar uma


série de obstáculos epistemológicos, isto é, entraves à apren-
dizagem, para que a construção do espírito científico se efe-
tive ou para que os conceitos científicos sejam aprendidos
pelos alunos.
São obstáculos que os professores devem estar atentos,
para que não estejam presentes em seu modo de ensinar,
no ambiente da sala de aula e nos recursos didáticos usa-
dos, como por exemplo, o livro didático. As metáforas e
analogias são também consideradas possíveis obstáculos,
ele as classifica como obstáculo verbal. Relaciona esses
obstáculos verbais com o uso desajustado de imagens,

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A Metodologia dos Três Momentos Pedagógicos:
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analogias e metáforas, quando, na prática pedagógica,
tendem a reforçar as concepções alternativas radicais no
imaginário infantil (Andrade et al, 2000).
Essa teoria acerca de obstáculos pedagógicos se apre- Essa metodologia é constituída de três momentos ou três
senta como algo real e presente na prática docente, o que passos esquematizados abaixo (Figura 2)
talvez pareça estranho aos professores é a forma como
tentar superar estes obstáculos e promover uma adequa- Figura 2: Três momentos característicos da metodologia.
da aprendizagem dos conceitos científicos, até por que a
promoção aprendizagem (ou não) é algo complexo para
os professores explicarem com base em sua formação
inicial.

E o que o professor pode fazer em suas aulas para


“Não adianta apenas inserir superar ou contornar esses obstáculos pedagógicos?
temas sociais no currículo, se
não houver uma mudança
significativa na prática e nas
concepções pedagógicas. Não
Em relação à superar estes obstáculos Paulo Freire en-
basta que as editoras dos livros fatiza a importância da problematização da compreensão
didáticos incluam, nos livros, dos alunos sobre os temas e a partir daí propõe uma estru-
temas sociais ou disseminem os tura dinâmica de interação em sala de aula, que deve levar No primeiro momento, problematização inicial,
chamados paradidáticos. Para em conta a dimensão dialógica do ensino e a dimensão apresentam-se aos alunos situações reais de modo que
estes autores, se não houver problematizadora do conhecimento (Delizoicov; Angotti; os mesmos sejam desafiados a expor o que estão pen-
uma compreensão do papel
Pernambuco, 2011), as quais foram abordadas anterior- sando sobre tais situações. A meta é problematizar o
social do ensino de Ciências,
pode-se incorrer no erro de
mente. conhecimento que os alunos vão expondo, com base em
uma simples maquiagem dos A fim de propor uma “dinâmica de atuação docente em poucas questões propostas relacionadas ao tema e as si-
currículos atuais com pitadas sala de aula” ou uma metodologia para aulas que contem- tuações. O aluno precisa entender esse momento como
de aplicação das ciências à ple os aspectos discutidos, Delizoicov, Angotti e Pernam- um problema a ser enfrentado e que para isso seja neces-
sociedade”. (Santos e Mortimer, buco (2011, p. 200) propõe o que eles denominam de “mo- sário à aquisição de outros conhecimentos que ele ainda
2000, p.13) mentos pedagógicos”, que por se caracterizarem por três não detém, os quais serão abordados no segundo mo-
momentos e tem sido tratados na literatura como “Três mento, o da organização do conhecimento.
Momentos Pedagógicos”. No segundo momento, organização do conhecimento, os
A proposta de elaboração da aula ou de uma sequência conhecimentos ou conteúdos selecionados como necessários
didática pautada nestes momentos pedagógicos pretende para resolver a problematização inicial são sistematicamente
contribuir para que os professores conheçam e reflitam estudados, sob a orientação do professor. Os mais variados
sobre um jeito diferente do tradicional de ensinar os con- recursos podem ser empregados, como a experimentação, o
teúdos científicos. Esta sequência de passos ou momen- uso de simulações computacionais, o uso de jogos educati-
tos não se constitui em algo rígido, visto que os saberes vos, etc. O professor deve desenvolver com os alunos a con-
dos professores são variados e heterogêneos em diferentes ceituação identificada como fundamental para uma compre-
sentidos (TARDIF, 2000), e estes diferentes saberes são ensão científica das situações problematizadas.
determinantes em sua prática. O terceiro momento, aplicação do conhecimento, des-
tina-se a abordar sistematicamente o conhecimento que
vem sendo incorporado pelo aluno, para analisar e in-
terpretar tanto as situações iniciais que determinam seu
estudo como outras situações que, embora não estejam
diretamente ligadas ao motivo inicial, podem ser com-

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As Dislipidemias constituem uma preendidas pelo mesmo conhecimento. A meta pretendi- De acordo com a metodologia a aula se dividiu em três
temática de grande importância da é capacitar os alunos para que estes articulem a con- momentos, embora não seja necessário explicar e delimitar
para a sociedade, visto que com o
ceituação científica com situações reais do cotidiano. junto aos alunos estes momentos.
avanço da tecnologia e a mudança
dos valores culturais da vida
A seguir (Quadro 2) será apresentado o primeiro mo-
moderna, os hábitos alimentares mento ou primeiro passo Em todos os momentos da aula
também têm sofrido grandes Como elaborar aulas ou sequências didáticas será apresentado no quadro o que foi realizado de forma prá-
transformações. Esta temática usando a metodologia apresentada? tica na aula.
está intimamente relacionada ao
aumento gradativo do consumo de Quadro 2: Exemplo prático do 1º momento pedagógico
alimentos industrializados como
Portanto, estes três momentos ou passos sugerem ao profes-
biscoitos, salgadinhos, comidas
fast food, sorvetes, chocolates, etc.,
sor como elaborar suas aulas, mas a fim de ilustrar apresenta-se PRÁTICA 1º MOMENTO/ REALIZADO NA AULA
esta pode ser utilizada como ponto a seguir um exemplo para aulas de Química, na qual o conteú-
A problematização inicial foi realizada por meio da exibição de 3 conjuntos de imagens
de partida em aulas de Química do de Funções Orgânicas foi abordado, mas para que o conteú- expostas em slides.
Orgânica que abordam conteúdos do fosse abordado a aula partiu do tema dislipidemias. Objetivo: gerar uma discussão problematizada com os alunos a fim de introduzir
referentes a funções orgânicas álcool, A aula foi ministrada para turmas de terceiro ano do Ensino conteúdos relativos a identificação das funções orgânicas álcool, ácido carboxílico e
ácido carboxílico e éster, bem como Médio. éster, bem como reação de esterificação.
reação de esterificação, uma vez Questionamentos: Conjunto 1 (Figura 2): Que tipos de alimentos podem ser usados para
Para a elaboração da sequência didática (aula) foi necessá-
que estes conteúdos relacionam-se sintetizar colesterol no nosso organismo? Qual a relação do HDL e LDL com o colesterol?
ao estudo dos lipídeos, permitindo
rio então (Quadro 1):
Qual a relação do colesterol com o fluxo sanguíneo nas nossas artérias e o que isso pode
assim que os alunos possam vir provocar ao coração?
a reconstruir significados para os Quadro 1: Sequência didática com tema dislipidemias
conceitos oriundos do senso comum, pautada na metodologia dos Três Momentos Pedagógicos Figura 2: conjunto 1
como é o caso dos óleos e gorduras.
de imagens para
As Dislipidemias, também chamadas
PARA ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA problematização
de hiperlipidemias, por sua vez, são
definidas como um quadro clínico I. Leitura sobre a metodologia e elaboração da sequência
caracterizado por concentrações didática (aula) seguindo os passos sugeridos,
anormais de lipídeos ou lipoproteínas II. Escolha do tema e conteúdos referentes ao tema para a aula;
no sangue. Sabe-se que as III. Elaboração da aula com os conteúdos em slides utilizando o
Dislipidemias são determinadas Power Point, poderia ter usado o quadro;
por fatores genéticos e ambientais. IV. Elaboração do jogo (impressão colorida do tabuleiro e das
Os níveis de lipídeos na corrente peças) ou outro recurso didático;
sanguínea estão associados ao hábito
de praticar exercícios físicos, de ingerir V.Escolhadasimagensparaseremusadascomocontextualização,
bebidas alcoólicas e principalmente poderia ser um texto, uma reportagem de revista ou jornal, um Conjunto 2 (Figura 3): qual o principal tipo de lipídeo presente na nossa alimentação? O
de ingerir carboidratos e gorduras artigo de divulgação científica, etc. Precisa ser um assunto que que a ingestão excessiva deste lipídeo pode provocar à saúde? Qual a principal função
(TORQUATO, 2012, p. 8). desperte o interesse dos alunos. deste lipídeo no nosso organismo?

Figura 3: conjunto 2 de imagens


para problematização

Escolha do Tema: os PCN (BRASIL, 1999) estabelecem a autonomia dos sistemas


e unidades escolares para contextualizar os conteúdos curriculares de acordo
com as características regionais e locais da vida do aluno e estabelecem a
contextualização como forma de organizar dinamicamente a abordagem
dos conteúdos articuladamente a temas sociais sem com isso desconsiderar a
existência de uma base nacional comum.

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Conjunto 3: Qual a função química do principal lipídeo presente na nossa alimentação? Depois de explicar os conteúdos espera-se que os alunos
Como este lipídeo é sintetizado? consigam resolver as questões propostas inicialmente, portan-
to, estas questões são retomadas e o professor deve promover o
Figura 2: conjunto 1
uso deste conhecimento em novos contextos, aplicar o conhe-
de imagens para
problematização cimento em uma situação diferente da exemplificada através
do momento inicial, como se evidencia no Quadro 4.

Quadro 4: Exemplo prático do 3º momento pedagógico


PRÁTICA 3º MOMENTO
O conteúdo exposto e explicado para os alunos foi utilizado neste momento para
analisar e interpretar os mesmos três conjuntos de imagens relacionados ao Tema
Gerador Dislipidemias, distribuídos ao final da aula.
As respostas inicias foram discutidas e reformuladas pelos próprios alunos.
Alguns exercícios contextualizados sobre o conteúdo foram propostos e os alunos
resolveram em grupo. Importante que estes exercícios sejam compostos por questões
que envolvam situações reais.
Após esse momento inicial a aula seguiu para o segundo
momento, relatado no Quadro 3.
Outra sequência didática sugerida partiu do tema “Gatos Gato de energia elétrica,
Quadro 3: Exemplo prático do 2º momento pedagógico de energia elétrica”, a fim de abordar os conteúdos referentes é o nome dado à ligação
elétrica clandestina destinada
à eletricidade no ensino de Física, normalmente ministrado
a furtar energia elétrica.
PRÁTICA 2º MOMENTO/ REALIZADO NA AULA na terceira série do Ensino Médio. Segundo a legislação brasileira,
Exposição dos conteúdos referentes à funções álcool, ácido carboxílico e éster, bem como
Para elaborar a sequência o professor precisou então: é um crime de furto ou de
reação de esterificação, necessários para compreensão do Tema Gerador Dislipidemias PARA ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA estelionato, dependendo do
Recursos didáticos: apresentação de slides com a teoria (conteúdo) e ainda com método que for aplicado. Quem
explicações sobre a dislipidemia, modelos moleculares tridimensionais (3D) elaborados I. Leitura sobre a metodologia e elaboração da sequência cometê-lo pode ser condenado
com palitos e bolas de isopor coloridas e um jogo de roleta intitulado “Quimicados”, didática (aula) seguindo os passos sugeridos, a uma pena que pode variar de
baseado no jogo “Perguntados” do facebook (Figura 5) um a quatro anos de reclusão,
II. Escolha do tema e conteúdos referentes ao tema para a
além de multa. O problema
aula;
é que além de prejuízos, essa
Figura 5: Imagem do jogo “Quimicados” e os modelos moleculares 3D III. Seleção de reportagens e vídeos para introduzir o tema; prática pode colocar em risco
a rede elétrica e o responsável
IV. Elaboração da aula com uso de quadro, recursos multimídia, pela ligação clandestina. Quem
para o jogo digital; faz uma ligação clandestina,
normalmente sobe em um
poste com cerca de 7,20 m de
A seguir no Quadro 5 apresenta-se os momentos que
altura e vai acessar uma rede
compuseram a aula ou sequencia de ensino: energizada. A pessoa pode
receber uma descarga elétrica
e perder a vida imediatamente.
As companhias de energia
também levam prejuízo com
A utilização dos modelos moleculares 3D teve como finalidade demonstrar a
o furto de energia. Mais de
síntese do triglicerídeo, facilitando a visualização da estrutura das moléculas das
27 mil gigawatts-hora, ou
substâncias.
cerca de 8% do consumo do
O jogo de roleta foi aplicado com o intuito de avaliar os conhecimentos adquiridos
mercado elétrico brasileiro, são
pelos discentes. Para Crespo et al., (2011), a aplicação de jogos e brincadeiras como
consumidos no país de forma
recursos didáticos, tem o objetivo de conciliar a diversão e o processo de ensino-
irregular. Os equipamentos
aprendizagem de conceitos científicos (CRESPO et al., 2011)
elétricos também correm risco

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Quadro 5: Exemplo prático dos Três Momento Pedagógico
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2º Momento
Neste momento é tratado o tema de circuitos elétricos. São abordados os conteúdos:
1º Momento corrente elétrica; tensão; resistência; resistores em série, paralelo e mistos; geradores;
Trabalha-se com duas reportagens seguidas de vídeos. medidores de corrente e tensão; bem como a montagem de circuitos.
Em seguida é realizada uma competição por meio de um jogo digital:
Na primeira trata dos riscos
dos gatos, como o caso
de incêndios:

http://www.cienciaweb.org.br/site/jogos/circuitrohms/
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/12/gato-de-energia-eletrica-provoca-incendio-
-e-destroi-2-casas-no-es.html Os jogos digitais se constituem em ambientes atraentes e interativos e que associados
ao ensino capturam a atenção do jogador ao oferecer desafios que exigem níveis
Na segunda reportagem crescentes de destreza e habilidades (Balasubramanian; Wilson, 2006).
trata da ligação de gatos
também em bairros de alta 3º Momento
classe social e dos custos Neste último momento o tema inicial é retomado e os alunos devem realizar a atividade
que causa aos consumidores; de projetar uma instalação elétrica.

Como se inspirar para escolher os temas?

São várias as fontes de inspiração para os temas das au-


las, visto que estes temas precisam ter relação com o coti-
diano dos alunos, portanto, reportagens de jornais e revistas,
filmes, artigos de divulgação científica, livros, entre outros,
servirão para inspirar o professor. Alguns exemplos são apre-
sentados no Quadro 6.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2016/04/gatos-de-energia-eletrica-sao-encontrados- Quadro 6: Fontes de inspiração para escolha dos temas


-em-mansoes-do-rio.html
Fonte Exemplo Conteúdos
Após a leitura das reportagens e assistidos os vídeos questiona-se aos alunos: Química: indicadores de pH,
Que prejuízos podem causar os “gatos” na instalação elétrica? determinação pH, separação de
Você é contra ou a favor o uso de “gatos”? Reportagem misturas, funções inorgânicas.
de jornal Conteúdo específico:
Em seguida o assunto é discutido com os alunos e ressaltado a importância das
funcionamento do sistema
ligações elétricas de forma correta e segura. hidráulico da piscina
(O Globo 13/08/2016) 

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Referências
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Bioquímica: uso de anabolizantes
Reportagem e ação no metabolismo;
de jornal Interdisciplinar: Questões éticas e
sociais sobre uso de anabolizantes. ANDRADE, B. L. de; ZYLBERSZTAJN, A.; FERRARI, N. As ana-
logias e metáforas no ensino de ciências à luz da epistemologia
de Gaston Bachelard.  Ens. Pesqui. Educ. Ciênc.,  Belo Hori-
zonte ,  v. 2, n. 2, p. 182-192,  Dec.  2000 . 
Interdisciplinar: benefícios e
prejuízos sociais da ciência BALASUBRAMANIAN, N.; WILSON, B G. Games and Simula-
Livros tions. In: SOCIETY FOR INFORMATION TECHNOLOGY
e tecnologia (CTS), uso das
tecnologias na escola, AND TEACHER EDUCATION INTERNATIONAL CONFE-
RENCE, 2006. Proceedings v.1. 2006.
BRASIL.Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional: nº 9394/96. Brasília, 1996. Disponível em:. Acesso
em: 01 jun. 2013.
______. Ministério da Educação do Brasil. Parâmetros Curricula-
res Nacionais. Parte I, II e III. Brasília: 1999.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. En-
Interdisciplinar: abordagem sino de Ciências: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez,
CTS, feminismo, 2007.
combustíveis, água,
G1. Educação. Brasil ocupa 60ª posição em ranking de educação
Filmes escassez de recursos
O filme apresenta uma corrida de carros naturais, moléculas em lista com 76 países, 2015. Disponível em: (http://g1.globo.
no deserto e mostra o mundo depois orgânicas (hidrocarbonetos) com/educacao/noticia/2015/05/brasil-ocupa-60-posicao-em-
de uma guerra termonuclear, onde os e água como um óxido. -ranking-de-educacao-em-lista-com-76-paises.html. Acesso
recursos (água, gasolina..) são escassos ou em: 04 jun 2016.
estão contaminados. A sociedade a qual INEP. PISA Resultados, Disponível em: http://portal.inep.gov.br/
conhecemos foi destituída, e a integridade internacional-novo-pisa-resultados. Acesso em 28 jun 2016.
moral deu lugar a outras regras. Personagens
LOPES, Alice R. C. Bachelard: o filósofo da desilusão. Caderno
femininos são protagonistas da revolta.
Catarinense de Ensino de Física, 13(3), p.248-273, 1996.
SANTOS, W. L. P. dos; MORTIMER, E. F. Uma análise de pres-
supostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência – Tecnologia
– Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio - Pes-
quisa em Educação em Ciências. Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p.
1-23, 2000.
TARDIF, M. Saberes profissionais dos professores e conhecimen-
tos universitários: elementos para uma epistemologia da prá-
tica profissional dos professores e suas conseqüências em re-
lação à formação para o magistério. In: Revista Brasileira de
Educação. Jan/Fev/ Mar/ Abr., n. 13, 2000.
TORQUATO, Luiz Eduardo Silva. Ocorrência de Dislipidemias
em Portadores de Diabetes Mellitus Tipo 2. 2012. 23f. Mono-
grafia – Departamento de Farmácia, Universidade Estadual da
Paraíba, Campina Grande, 2012.

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Você também pode gostar