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UNIDADE TEMÁTICA 04

O DIREITO E O ESTADO
O Direito é o complexo de normas jurídicas correlacionadas entre si que regulam as relações
sociais. Ou seja, é o sistema de normas de criação estatal impostas com ajuda da máquina
repressiva para regular as relações sociais.

O Direito como fenómeno social está em constante transformação, donde resulta que, em direito
a verdade é uma questão do aqui e agora e amanhã já não é. Isto é, os conceitos nunca são
acabados.

FUNÇÕES DO DIREITO
1. FUNÇÃO MODERADORA – consiste em o Direito estabelecer padrões de
comportamentos individuais e colectivos. Consiste ainda, em fixar o que cada membro da
sociedade deve ou não fazer, bem como o que pode fazer, como e quando deve fazer. Isto
é, a função moderadora, consiste em fixar a disciplina que se revelar indispensável para
que haja convivência harmoniosa entre os membros da sociedade.

2. FUNÇÃO PROTECTORA – consiste em proteger a liberdade individual de cada


membro da sociedade assim como dos membros colectivamente considerados e, em
garantir que cada membro da sociedade exerça os seus direitos e liberdades sejam a nível
político, económico, social, cultural, etc,.

3. FUNÇÃO ORGANIZATÓRIA – consiste em o Direito organizar a sociedade. Fixar as


formas de organização social, política, económica. Isto é, compete ao Direito definir o
sistema económico, político, social e criar as instituições para o funcionamento do
Estado.

4. FUNÇÃO POLÍTICA – consiste em o Direito elevar à categoria de lei os pontos de


vistas, as intenções da Aristocracia dominante. Consiste na elevação da vontade política,
económica, social e cultural, para legitimar a sua vontade no lugar do geral. Consiste,
ainda, em legitimar todas as transformações políticas, económicas, sociais, culturais,
religiosas e que a classe detentora do poder pretende fazer num país. Esta função não se
cumpre de modo independente e, encontra-se inserida nas outras.

O Direito cumpre estas funções para atingir determinados fins, tais como, assegurar que cada
membro da sociedade viva em liberdade, igualdade, justiça, igualdade na distribuição das
riquezas sociais, no exercício do poder, no cumprimento dos deveres.
a) Assegurar que haja coexistência harmoniosa entre os membros da sociedade acompanhada
pela cooperação;
b) Assegurar a retribuição justa de cada um pelo trabalho efectuado;
c) Assegurar a subordinação dos membros da sociedade ao Estado.

ESTADO – é uma colectividade de indivíduos, ou seja, um Povo fixo num determinado


Território que, nos termos do poder constituinte que a si próprio se atribui, assume uma forma de

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Poder Político relativamente autónomo, para prosseguir os fins nacionais que se propõe realizar.
Ou seja, é uma sociedade politicamente organizada.

ELEMENTOS DO ESTADO
POVO – compreende os destinatários permanentes da ordem jurídica estatal que se encontram
ligados ao Estado por um vínculo jurídico de nacionalidade podendo ou não residir no território
do Estado.

TERRITÓRIO – é o termo de referência da área de segurança dos indivíduos, delimitação do


Estado e, assim, representa um meio de actuação Jurídico-Político do Estado. Ou seja, é um
espaço delimitado por fronteiras naturais ou convencionais no qual os órgãos do Estado tem a
faculdade de impor a sua autoridade ou sobre o qual o poder político é exercido.

Quando o País é banhado pelo mar, considera-se pertencente ao território a faixa das chamadas
águas territoriais, que abrange normalmente até doze milhas marítimas a contarmos da costa,
bem como a parte que prolonga a costa subjacente até ao mar (Plataforma submarina ou
continental).

Os limites do território são as fronteiras, linhas naturais ou convencionais de separação.

PODER POLÍTICO – exprime a autoridade própria de um povo de instituir órgãos que


exerçam, com relativa autonomia, a jurisdição sobre um território, nele criando e executando
normas jurídicas e usando os meios coercivos se necessário.

SOBERANIA – é lutar; poder de criar instituições, leis, sem depender de outros Estados. O
Estado age como deve agir. O exercício da soberania pressupõe o poder, mas, este poder político
não se apresenta na soberania.

A Soberania é um supremo poder e independente porque dentro do território nacional não é


limitado por nenhum outro e no plano internacional não se subordina a nenhum outro poder,
encontra sim, outros poderes que são paralelos.

CARACTERÍSTICAS DA SOBERANIA
A Soberania reveste-se das seguintes características:
a) Tem carácter de unicidade e indivisibilidade;
b) Tem carácter de inalienabilidade (não pode ser vendida, emprestada, etc.);
c) Tem carácter de imprescritibilidade (não prescreve, não tem prazo, fim, ela é um
fenómeno permanente que acompanha a vida do Estado);
d) Tem carácter irrenunciável (não pode ser renunciada, com excepção da mudança de
nacionalidade).

NACIONALIDADE – é o elemento de natureza jurídica; é o vínculo que liga uma pessoa a um


determinado Estado ou território.

A nacionalidade pode ser:


a) ORIGINÁRIA aquela que a pessoa adquire dos seus progenitores à nascença;

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b) DERIVADA ou ADQUIRIDA aquela que a pessoa adere de livre e espontânea vontade
e pode ser por naturalização ou por casamento.

AS FORMAS DE ESTADO
ESTADO UNITÁRIO, ESTADO FEDERAL E ESTADO COM REGIÕES AUTÓNOMAS

Existem duas formas fundamentais de Estado a saber: Unitário e Federal.

ESTADO UNITÁRIO – é um Estado simples, com um só poder político para todo o território
nacional.

ESTADO FEDERAL – é um Estado complexo formado por outros estados e, que o poder
político encontra-se dividido entre a autoridade federal que é independente dos outros estados
federados em relação a determinadas matérias e, as autoridades estaduais que decidem de forma
independente do estado federal relativamente a determinadas matérias.

Cada cidadão encontra-se vinculado a dois governos simultaneamente. Isto é, ao governo do seu
Estado e ao governo do Estado Federal (União). Cada Estado Federado tem o seu próprio povo e
poder político. Da conjugação dos vários territórios, povos e poder político superior instituído
por vontade dos poderes próprios constituiu-se o Estado Federal.

Por vezes é difícil distinguir o Estado Unitário do Estado Federal, na medida em que existem
Estados Unitários divididos em Províncias amplamente descentralizadas com faculdades
legislativas e executivas, por exemplo, na União Sul Africana, na República Italiana, etc,. Estes
são os chamados Estados Regionais.

No Estado Federal cada um dos estados federados possui poder político próprio, a autoridade
resulta da manifestação de vontade do seu povo, através da constituição estadual e através dos
estados federados, na Constituição Federal.

No Estado Unitário Descentralizado as Províncias ou regiões exercem poderes políticos


delegados ou atribuídos pela Constituição do Estado, ou pelos órgãos constituídos da Soberania
(Assembleia Legislativa).

CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FEDERAL


Este Estado caracteriza-se pelo poder constituinte dos estados federados: 1) elaboram as suas
Constituições; 2) intervêm através dos seus órgãos constituídos ou dos seus representantes, na
elaboração e modificação da Constituição Federal.

Chama-se Estado Descentralizado Politicamente quando possui uma única Constituição e tiver
sido elaborada por um órgão comum sem a participação das Regiões autónomas ou Províncias
como tais e, os poderes destas resultarem dessa Constituição ou de Leis Orgânicas emanadas
pelos órgãos legislativos centrais.

A CONFEDERAÇÃO – é uma liga de Estados soberanos, constituída por tratado internacional


para certos fins e determinados, conservando os Estados Confederados a sua personalidade

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internacional e a soberania em tudo o que não esteja abrangido no pacto de confederação. Aqui
não se cria um novo Estado como sucede com a Federação.

O órgão confederal é um conselho de representantes dos Estados, os quais são iguais em direitos,
dependendo a aprovação das resoluções da unanimidade ou então de uma maioria reforçada (três
quartos dos votos). Ex: NATO.

FINS (OBJECTIVOS) DA ACÇÃO DO ESTADO


Sempre que se cria algo, tem se em vista a prossecução de determinados objectivos a curto,
médio ou longo prazo. Assim, com a formação do Estado entanto que sociedade organizada
politicamente, tem-se em vista os seguintes fins:

1. A segurança de cada membro da sociedade individual e colectivo; cada um tenha


condições de alimentação, transporte, habitação, vestuário, etc. A Segurança assenta na
estabilidade para as pessoas e para os valores que a constituem. A segurança pode ser
interna ou ordem pública interna e paz da colectividade perante ameaças do exterior.
Assim, o Estado como detentor do poder político surge como um instrumento que garante
a segurança do indivíduo e da colectividade, através da emanação de normas jurídicas
executadas pelos órgãos competentes do Estado, enquanto realidade que envolve toda a
comunidade considerada.

2. A Justiça - através da conservação da sociedade; criação de todas as condições que se


reputarem de essenciais para a conservação e manutenção da espécie humana. Traduz a
expressão do sentimento inato de igualdade. Exige a observância do princípio da
igualdade de tratamento e equivalência das prestações e contraprestações. Traduz-se,
ainda, na manutenção das relações de mútuo respeito e de equidade ou, simplesmente, a
justiça visa substituir nas relações entre os homens, o arbítrio pelo conjunto de regras
capazes de consensualmente estabelecerem uma nova ordem e, assim, satisfazer uma
aspiração sentida por todos.

3. O Bem-estar económico, social e espiritual - realização material, espiritual de cada um


e de todos; onde as pessoas formam-se, recreiam-se e realizam todas as actividades que
se inserem no espírito da alma.

FUNÇÕES DO ESTADO
O Estado realiza as funções para pôr em prática os seus fins.

FUNÇÃO – é um conjunto de actos (interdependentes ou aparentemente independentes uns em


relação aos outros), destinados à prossecução de um fim comum, por forma própria.

1. FUNÇÃO LEGISLATIVA – consiste em estatuir, criar normas, regras, leis de carácter geral
que são necessárias para o funcionamento da sociedade. Esta função é exercida por um órgão que
se designa nuns casos por Parlamento, noutros casos por Assembleia.

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É um meio pelo qual se criam os direitos e deveres fundamentais das instituições sociais e dos
indivíduos. É por via dela que se cria o Direito positivo. Embora a função legislativa seja do
Parlamento ou Assembleia, nada impede que possa ser repetida por outros órgãos.

Em Moçambique é exercida, igualmente, pelo Presidente da República (Decretos Presidenciais),


pelo Conselho de Ministros (Decretos e Decretos-Lei), pela Assembleia da República (Leis e
Resoluções) e pela Comissão Permanente (Monções).

2. FUNÇÃO EXECUTIVA – consiste em promover acções concretas que visam transformar o


conteúdo das Leis da Assembleia da República em soluções dos problemas das pessoas; Consiste
na gestão dos problemas do país. A função executiva é exercida pelo Governo e pelo Conselho
de Ministros.

1. FUNÇÃO JUDICIAL – consiste em realizar acções de justiça. Isto é, controlar a conduta


dos cidadãos, julgar os infractores, aplicar sanções e outras medidas em consequências das
violações. Esta função é controlada pelos Tribunais. Consiste no cumprimento e aplicação
das normas jurídicas pelos Tribunais, procedendo a declaração do direito aplicável, seja na
solução de litígios e na aplicação de sanções correspondentes às infracções.

2. FUNÇÃO POLÍTICA – consiste no facto de o Estado ao impor as leis estar a impor a


vontade dos detentores do poder como sendo vontade nacional. Esta função é exercida pelos
órgãos Judiciais, pelo Governo, pelo Conselho de Ministros, pelos Órgãos da Administração,
etc,. Exerce-se no momento em que se exercem as outras funções.

5. FUNÇÃO ADMINISTRATIVA – consiste na emanação de Regulamentos independentes


que concretizam e complementam a função política procedendo a satisfação constante das
necessidades colectivas e prestação de bens e serviços. No exercício desta função o órgão
competente goza de uma margem de liberdade e do exercício do Poder Discricionário.

ÓRGÃOS DO ESTADO
O Poder Político tem de ser exercido por uma vontade expressa. A colectividade constituída em
Sociedade Política actua como uma unidade; tem interesses colectivos próprios e, para realizar os
seus fins necessita de impor uma vontade.

As pessoas colectivas para manifestarem a sua vontade carecem de uma organização, isto é, de
uma estrutura com diferenciação de funções. Dentro da organização aparecem certos elementos
que lhes é reconhecido expressa ou tacitamente autoridade para exprimir a vontade
correspondente aos interesses da colectividade.

Ao elemento que se reconhece esta autoridade de exprimir a vontade da colectividade designa-se


por Órgão.

Assim, Órgão do Estado é o centro autónomo institucionalizado de emanação de uma vontade


funcional que lhe é atribuído, seja qual for a relevância, o alcance, os efeitos (internos ou
externos) que ela assume

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EXERCÍCIOS:
1. Diga o que entendes por Direito.
2. Explica a função organizativa do Direito.
3. Defina Estado, apresente os seus elementos e explique um deles à sua escolha.
4. Diga qual é o alcance da soberania do Estado.
5. Fale sucintamente da forma complexa do Estado.
6. Fale sucintamente da função legislativa do Estado.
7. Distinga função do fim do Estado.
8. Defina Órgão do Estado e apresente os Órgãos de Soberania do Estado.

Elaborado por: Francisco Manguene


Cel: 824550810, e-mail: fmanguenejunior@gmail.com

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