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Capítulo I – Constituição
Elementos do Estado
● Povo: Conjunto de cidadãos do estado definidos como aqueles
que têm um vínculo de nacionalidade que os liga ao estado em
causa. O povo português é um conjunto de cidadãos portugueses
que como tal são considerados por lei ou convenção
internacional. É um conceito jurídico, por responder a um
conjunto de todos aqueles para os quais vigora especificamente
uma ordem jurídica, e pela determinação de povo pelo vínculo
jurídico de cidadania.
Cidadania
É o vínculo jurídico que liga uma pessoa a um determinado estado,
não estando todavia excluída a possibilidade de alguém ter mais do
que cidadania (policidadania) ou não ter nenhuma (apátrida).
Originária: atribuída por lei, seja por mero efeito de lei, pelo concurso
da vontade ou condicionada à verificação de outros requisitos, decorre
do nascimento ou ato ou facto que reporte ao nascimento (artigo nº1
lei da nacionalidade), é insusceptível de oposição ( artigo 9º LN),
produz efeitos e garante a plenitude de direitos ao nascimento
(ARTIGO 11º L.N)
Adquirida: Não se reporta o nascimento, resultando da vontade (
artigos 2º, 3º, 4º L.N), da adoção (artigo 5º LN) e ou naturalização
(artigo 6º L.N).
Da atribuição de cidadania recorrem direitos que não são extensíveis a
estrangeiros, e deveres que são exclusivos aos cidadãos portugueses.
O regime dos estrangeiros e apátridas têm lugar no artigo 15º CRP,
estes desde que residam em Portugal usufruem dos mesmos direitos e
estão sujeitos aos mesmos deveres – Princípio de Equiparação.
Poder Político
A faculdade exercida por um povo de, por autoridade própria, instituir
órgãos que exerçam o senhorio de um território e nele criem e
imponham normas jurídicas, dispondo dos necessários meios de
coacção.
- O povo exerce por direito próprio;
- Autoridade constituinte, originária e subordinante ≠ poderes
políticos;
- Autoridade constituinte na instituição dos órgãos do governo e
instituição e definição da ordem jurídica da colectividade;
- Susceptibilidade do uso da força, reservado ao estado o
monopólio do uso da força.
Soberania
Estado soberano se apresenta como a comunidade política cujo poder
político reveste a forma de soberania
Estados Semi-Soberanos
● Estados Protegidos
● Estados Vassalos: o exercício da plenitude dos direitos
internacionais ficam dependentes de autorização prévia de um
estado suserano (ex. Egito-Turquia).
● Estados Exíguos: São dependentes de estados limítrofes devidos
as suas dimensões e não preenchem os requisitos mínimos para
participarem em organizações internacionais ( Mónaco)
● Estados Confederados: Estados em que a participação em uma
confederação limita a sua soberania.
● Estado Neutral: Em que o estatuto internacional o proíbe de
participar em qualquer conflito internacional.
● Estado Intervencionado: Em que a soberania é restringida em
virtude de uma crise econômica e financeira tem que recorrer a
ajuda internacional.
● Estados Falhados: Estruturas políticas e administrativas que não
conseguem responder às necessidades mais básicas dos seus
cidadãos.
Estado português é:
Estado Unitário: Só existe um poder soberano, um só poder constituinte
e um ordenamento jurídico aplicado em todo o território do estado.
Centralizado ≠ Estado Unitário Regional: Autonomia no plano
constitucional que abrange os poderes legislativos confiados a órgãos
electivos, este resulta de um processo de estruturação de um estado
unitário, que se aperfeiçoa por um processo jurídico imputável ao
próprio estado ≠ Estado Federal.
Estado Regional: Divisão de um estado precedentemente unitário.
Descentralização
Descentralização Administrativa – Autarquias locais
● Reconhecimento pelo estado de colectividades unidas pelos
mesmos interesses;
● Órgãos gerem os interesses;
● Controle administrativo limitado pelos órgãos do estado.
Estado Federal
● É aquele que abrange vários estados federados sendo que o
poder político fica dividido, sendo o estado federal os soberanos
e os estados federados os independentes;
● Cada estado federado elabora a sua constituição e organiza os
respectivos poderes em respeito com a constituição federal;
● Intervêm na vontade política federal, quer na câmara quer na
constituição federal;
● Só o estado federal tem soberania no plano internacional;
● Os estados federados não podem desvincular-se da federação;
● Os tribunais federais controlam a conformidade das constituições
e leis dos estados federados;
● Os estados federados têm poder político próprio – poder de se
darem uma constituição e exercício do poder constituinte.
○ Elaboram a sua própria constituição;
○ Participam através de representantes na feitura e revisão
da constituição federal;
○ Tem representantes próprios na câmara parlamentar do
estado federal;
○ Poder legislativo próprio em matérias de interesse
específico dos estados federados;
○ Poder tributário próprio;
○ Tribunais, administração e forças policiais próprias.
União Real
Estado composto, em dois ou mais estados, sem perderem a sua
autonomia, tem uma constituição comum, prevendo um ou mais órgãos
em comum, há uma fusão
Os fins do Estado
Segurança: Protecção dos interesses vitais da pessoa humana e da
comunidade, a organização da força colectiva, bem como a
determinação jurídica dos direitos e deveres de cada um.
● Proteger o homem contra a natureza;
● Proteger o homem contras os outros membros da sociedade;
● Paz social;
● Proteger o homem contra a incerteza e o arbítrio.
Funções do Estado
Atividades desenvolvidas de forma permanente pelos órgãos do poder
político do estado, tendo em vista a realização dos respectivos fins.
Marcelo Rebelo de Sousa
Função Jurisprudencial
Actividade de resolução de conflitos de interesses públicos e privados
(elemento material) através de órgãos independentes (elemento
orgânico), com garantias de imparcialidade e colocados numa posição
de passividade (elemento formal).
Função Administrativa
Actividade de execução de leis e satisfação de necessidades colectivas
que incube ao estado prosseguir (elemento material) através de
órgãos inseridos numa hierarquia (elemento orgânico), dotados de
iniciativa e visando a prossecução de interesse público (elemento
formal).
Sistema de Governo
Relacionamento institucional entre os diferentes órgãos do poder
político.
Sistema Parlamentar
● O governo é formado a partir da composição do parlamento,
depende apenas da confiança do parlamento e é politicamente
responsável perante o parlamento;
● O parlamento pode provar a demissão do governo;
● Apagamento do chefe de estado, não podendo praticar atos
políticos sem a referenda ministerial;
● Separação ou dualidade entre o chefe de estado e o chefe do
governo;
● O governo é solidário em relação ao seu programa e às
deliberações do gabinete.
Sistema Presidencial
● Chefe de estado é eleito por sufrágio universal;
● Não há dualidade no executivo , o chefe de estado é
simultaneamente o chefe do governo;
● Separação orgânica entre chefe de estado e parlamento.
- Presidencialismo Perfeito
- Presidencialismo Imperfeito
Sistema Semi-Presidencialista
Confluência entre componentes presidencialistas e parlamentaristas.
Traços Parlamentares
● O governo é formado pelos resultados das eleições
parlamentares e da subsequente composição do parlamento;
● O governo responde perante o parlamento;
● Diarquia no executivo, as funções do chefe de estado são
diferentes das funções do chefe de governo.
Traços Presidencialistas
● Eleição do chefe de estado e do parlamento por sufrágio
universal e direto;
● O governo responde politicamente perante o chefe de estado,
dupla responsabilidade política do governo;
● O chefe de estado dispõe de amplos poderes: poder de
dissolução do parlamento e veto suspensivo (função legislativa
do parlamento) e veto definitivo (governo)
Poder constituinte
Faculdade de um povo de se dar a si próprio uma constituição.
Formas Democráticas
O povo exerce o poder constituinte intervindo direta ou indiretamente,
livre e não condicionada, na feitura da constituição (direitos e
liberdades fundamentais, intervenção popular, inexistência de
condicionamentos à expressão dessa vontade).
● Eleição de representantes para Assembleia que vai discutir e
votar uma constituição (Democracia Representativa);
● Assembleia em que participem todos os cidadãos interessados
(Democracia Direta);
● Aprovação por voto popular em referendo de uma constituição
previamente elaborada por um órgão representativo
(Democracia Semidireta).
Referendo ≠ Plebiscito
Referendo: As normas objecto de consulta foram elaboradas por um
órgão eleito democraticamente.
Plebiscito: As normas foram elaboradas por um órgão monocrático ou
autocrático.
Poder de Revisão
Visões:
● Poder de revisão ⟶ poder constituinte originário ⟶ a revisão
total é sempre possível;
● Poder de revisão ⟶ é limitado pelo poder constituinte ⟶ a
revisão só é possível se a constituição a prever.
Limites Temporais
● Art.284 – a revisão constitucional só pode decorrer de 5 em 5
anos – Revisão Ordinária;
● A revisão pode ocorrer a qualquer momento desde que por
quatro quintos dos deputados em efetividade de funções –
Revisão extraordinária.
Limites Materiais
● Artigo 288º, as matérias que as leis de revisão não podem alterar
(Limites Materiais explícitos);
● Limites Materiais implícitos: Noção de constituição material;
● Relevância jurídica;
○ Relevância Limitada (M.N.B): As normas de limites da CRP
tem a mesma relevância do que qualquer outra norma da
constituição, e por isso também podem ser revistas, não
pondo em causa a obrigação de preservar a identidade da
CRP;
○ Irrelevância Jurídica (Marcello Caetano): Tudo o que está
na constituição pode ser revisito, os limites materiais devem
ser entendidos como meras orientações políticas;
○ Relevância Relativa (Jorge Miranda): Tem valor jurídico
mas podem ser removidos através de uma dupla revisão,
em que primeiro se altera a norma dos limites e depois
altera se as normas que estavam protegidas por esses
limites;
○ Relevância Absoluta (Gomes Canotilho): As normas de
limites materiais situam-se a um nível hierárquico superior
ao das restantes normas , então os limites materiais devem
ser entendidos como proibições permanentes e absolutas.
Rupturas Constitucionais
Princípios e Regras
Regra: É vinculativa.
Princípios: Começam por ser a base de normas jurídicas, podem vir a
transformar-se em “normas-principio”, constituindo preceitos base da
organização constitucional. Os princípios, por sua vez, são “núcleos de
condensação nos quais confluem bens e valores constitucionais” , e
“expressão do ordenamento constitucional e não fórmulas apriorísticas
contrapostas às normas”.