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Direito Constitucional I

Capítulo I – Constituição

Sentido material: Conjunto de normas que disciplinam a organização


do poder político, a distribuição de competência entre os órgãos de
soberania, o exercício de autoridade, a forma e o sistema de governo e
os direitos da pessoa humana. (MNB); conjunto de normas que
regulam a organização do poder político do estado, os direitos e
liberdades das pessoas, bem como a fiscalização do acatamento
dessas normas por parte do poder político (JMA).
Sentido formal: Norma sujeita a um procedimento difícil quanto à sua
elaboração e revisão, aprovada por maiorias qualificadas exigidas
para aprovação, contrariamente do que acontece com uma lei
ordinária, aprovada com maioria simples ou relativa
Sentido instrumental: Documento onde se inserem ou depositam
normas constitucionais, é um conceito próprio das constituições escritas,
é todo e qualquer texto constitucional, seja ele definido material ou
formalmente, por um lado mais estrito, define-se constituição em
sentido instrumental o texto dominado constituição, com força jurídica
da constituição em sentido formal.
➔ (em sentido amplo) Concisas: Princípios básicos e regras gerais,
deixando o desenvolvimento desses princípios e regras à
legislação complementar;
➔ (em sentido amplo) Prolixas: Matéria constitucional com
demasiada minúcia.

Constituições rígidas: Não podem ser modificadas da mesma maneira


que as leis ordinárias, exige um processo de revisão mais complexo e
solene.
● Hiper-rígida: Exigência de forma para aprovar uma revisão da
constituição, mas tem também limites materiais.

Constituição Flexível: Podem ser adotadas ou alteradas nos mesmos


termos que se encontram previstos nos mesmos termos da lei ordinária.
● Nem todas as constituições rígidas são escritas;
● Uma constituição escrita pode ser flexível;
● Constituições escritas oferecem maiores garantias e segurança
aos governados.

Constituições outorgadas: Atuam unilateralmente de uma vontade


política soberana, um rei; de um ponto de vista político, corresponde à
vontade do poder popular ascendente. Exprimem a passagem do
absolutismo monárquico para o constitucionalismo monárquico. A
constituição não constitui o poder soberano e decisório do estado mas
pressupõem-no como pré-existente, sendo que o monarca é apenas
vinculado na medida em que estabelece na constituição.

Constituições pacticias: Pactos constitucionais entre os poderes do


estado, e pactos de associação entre estados independentes que
pretendem instituir uma união entre si sem abandonar a sua
autonomia política.

Constituições populares/democráticas: princípio democrático de todo o


governo deve ser escolhido pelo povo e todo o poder deve traduzir a
soberania popular. Não se limitam a dar forma a um poder pré
existente ou a limitá-lo, mas antes constituem esse mesmo poder, na
perspectiva jurídica.

Constituição normativa: Normas efetivas, observadas pelos seus


destinatários, governantes ou governados. Converge a validade jurídica
e a validade social.

Constituição nominal: Juridicamente válida mas não efetiva e por isso


não tem correspondência na prática política. E governada pelo
processo político

Constituição semântica: É juridicamente válida e aplicada na prática.


É um instrumento para a estabilização e perpetuação no poder de
uma determinada classe política. Há uma instrumentalização unilateral
do sistema jurídico pelo poder político

Capítulo II – Estado e organização do poder político

Estado Social: Realização de bem-estar e da justiça social e na


prossecução da igualdade material.
Estado Democrático: Incorporação da democracia que ao nível do
fundamento e organização do poder, quer na universalização do
sufrágio e mecanismos de representação e participação política.

Estado de Direito: Garantia de direitos e limitação do poder.

Elementos do Estado
● Povo: Conjunto de cidadãos do estado definidos como aqueles
que têm um vínculo de nacionalidade que os liga ao estado em
causa. O povo português é um conjunto de cidadãos portugueses
que como tal são considerados por lei ou convenção
internacional. É um conceito jurídico, por responder a um
conjunto de todos aqueles para os quais vigora especificamente
uma ordem jurídica, e pela determinação de povo pelo vínculo
jurídico de cidadania.

Povo ≠ População ≠ Nação ≠ Multidão ≠ Opinião pública

População: Conceito económico-demográfico. Conjunto de pessoas


físicas, nacionais ou estrangeiras, residentes no território de um estado
e sujeitas ao seu poder.

Nação: Conceito histórico-cultural. Comunidade de pessoas presas por


laços de existência colectiva comum sustentados numa identidade
étnica ou linguística, ou numa histórica em comum.

Multidão: O povo é a comunidade política organizada, unificada na


pessoa jurídica que é o estado, enquanto que a multidão é uma
simples agregação de indivíduos (Hobbes).

Opinião Pública: Atuação no seio da sociedade de todos aqueles que,


no exercício dos seus direitos e liberdades fundamentais, visam
influenciar o exercício do poder num determinado sentido. Esfera
crítica do poder ou um mero instrumento passivo da sua atuação.

● Território: O território delimita a soberania do estado ao defini-lo


espaço em que exercem os seus poderes os órgãos soberanos
desse estado. O território delimita o âmbito de aplicação do
poder político e do direito do estado.
○ Princípio da territorialidade: Dentro do território aplica-se o
direito do estado a todos que nele se encontrarem.
○ Princípio da personalidade: O direito do estado é aplicado
apenas aos seus nacionais onde quer que se encontrem, e
não é aplicado aos estrangeiros e apátridas.

Terrestre: Abrange o solo e subsolo, sem limite de profundidade, sendo


demarcado à superfície pelas linhas de fronteira.

Aéreo: Espaço aéreo existente entre as linhas verticais traçadas a


partir das fronteiras terrestres e do limite do mar territorial, quando
existir.
Marítimo: Faixa marítima calculada a partir das costas dos estados
ribeirinhos, numa distância que varia de acordo com as legislações
nacionais e as convenções internacionais – Zona Económica Exclusiva:
não pertence ao território, mas o estado exerce aí alguns poderes.
- Zona Contígua: Não é parte do território, mas onde se exerce o
poder de fiscalização.
- Plataforma Continental: Abrange o leito do mar e o subsolo das
regiões submarinas adjacentes às costas, mas situadas fora do
mar territorial.

Cidadania
É o vínculo jurídico que liga uma pessoa a um determinado estado,
não estando todavia excluída a possibilidade de alguém ter mais do
que cidadania (policidadania) ou não ter nenhuma (apátrida).

- Ius Sanguinis: O vínculo é determinado pela filiação


- Ius Solis: O vínculo é determinado pelo local de nascimento

A cidadania portuguesa pode ser originária ou derivada

Originária: atribuída por lei, seja por mero efeito de lei, pelo concurso
da vontade ou condicionada à verificação de outros requisitos, decorre
do nascimento ou ato ou facto que reporte ao nascimento (artigo nº1
lei da nacionalidade), é insusceptível de oposição ( artigo 9º LN),
produz efeitos e garante a plenitude de direitos ao nascimento
(ARTIGO 11º L.N)
Adquirida: Não se reporta o nascimento, resultando da vontade (
artigos 2º, 3º, 4º L.N), da adoção (artigo 5º LN) e ou naturalização
(artigo 6º L.N).
Da atribuição de cidadania recorrem direitos que não são extensíveis a
estrangeiros, e deveres que são exclusivos aos cidadãos portugueses.
O regime dos estrangeiros e apátridas têm lugar no artigo 15º CRP,
estes desde que residam em Portugal usufruem dos mesmos direitos e
estão sujeitos aos mesmos deveres – Princípio de Equiparação.

Poder Político
A faculdade exercida por um povo de, por autoridade própria, instituir
órgãos que exerçam o senhorio de um território e nele criem e
imponham normas jurídicas, dispondo dos necessários meios de
coacção.
- O povo exerce por direito próprio;
- Autoridade constituinte, originária e subordinante ≠ poderes
políticos;
- Autoridade constituinte na instituição dos órgãos do governo e
instituição e definição da ordem jurídica da colectividade;
- Susceptibilidade do uso da força, reservado ao estado o
monopólio do uso da força.

Soberania
Estado soberano se apresenta como a comunidade política cujo poder
político reveste a forma de soberania

- Soberania Constitucional: Poder constituinte do povo quanto à


aprovação da sua ordem jurídica fundamental
- Soberania Interna: Os governantes podem fazer obedecer pelos
governados, nos limites fixados pela CRP e pela lei.
- Soberania Externa: Independência e igualdade jurídico-formal
dos estados

Estado soberano - Direito internacional - Quando é titular dos


seguintes direitos:
● Direito de celebrar tratados;
● Direito de receber e enviar representantes diplomáticos;
● Direito de fazer a guerra;
● Direito de reclamação internacional;
● Direito de participação em organizações internacionais.

Estados Soberanos e Estados Não-Soberanos


● Estados Não-Soberanos: Não gozam de soberania no plano
internacional.
● Estados Protegidos: O poder político é tutelado pelo estado
protetor, que pode fiscalizar e vetar decisões de órgãos daquele
e orienta as relações internacionais (ex. Marrocos, pretorado
francês e espanhol até 1957).
● Estados Federados: O poder político encontra-se subordinado ao
poder político da Federação (com soberania plena). O estado
federado tem constituição própria, poderes legislativos,
jurisdicional e executivos próprios, mas o poder político está
sujeito a um estado federal.

Estados Semi-Soberanos
● Estados Protegidos
● Estados Vassalos: o exercício da plenitude dos direitos
internacionais ficam dependentes de autorização prévia de um
estado suserano (ex. Egito-Turquia).
● Estados Exíguos: São dependentes de estados limítrofes devidos
as suas dimensões e não preenchem os requisitos mínimos para
participarem em organizações internacionais ( Mónaco)
● Estados Confederados: Estados em que a participação em uma
confederação limita a sua soberania.
● Estado Neutral: Em que o estatuto internacional o proíbe de
participar em qualquer conflito internacional.
● Estado Intervencionado: Em que a soberania é restringida em
virtude de uma crise econômica e financeira tem que recorrer a
ajuda internacional.
● Estados Falhados: Estruturas políticas e administrativas que não
conseguem responder às necessidades mais básicas dos seus
cidadãos.

Estado Português: Estado Unitário Regional


- Artigo 8º CRP: Normas da UE.
- Artigo 102º: Banco de Portugal exerce funções nos termos
estabelecidos na lei e convenções internacionais.
- Artigo 227º: As regiões autónomas têm poder legislativo e
executivo próprios.
- Artigo 1º: Estado soberano.
- Artigo 8º: Salvaguarda os princípios fundamentais do estado de
direito democrático, que não pode ser posto em causa.
- Artigo 6º: Estado unitário regional.
- Estatuto político-administrativo, elaborado pelas
assembleias regionais legislativas e aprovado pela A.R
(artigo 226º).
- Poder legislativo próprio sobre matérias previstas nos
estatutos políticos das regiões autónomas e que não
estejam reservadas à A.R.
- O Conselho de Estado previsto no artigo 142º não é órgão
de soberania , não há uma representação própria das
regiões autónomas nos órgãos de soberania.
- Tem poder tributário próprio (artigo 227º, nº1, i)).
- Órgãos de governo próprio, assembleia legislativa e
governo regional.
- Poder executivo próprio (artigo 227º nº1 g) e h)).
- Não tem tribunais próprios.
- Não tem forças de segurança próprias (artigo 272º, nº4).
- Há um representante da república (artigo 233º).

Estado português é:
Estado Unitário: Só existe um poder soberano, um só poder constituinte
e um ordenamento jurídico aplicado em todo o território do estado.
Centralizado ≠ Estado Unitário Regional: Autonomia no plano
constitucional que abrange os poderes legislativos confiados a órgãos
electivos, este resulta de um processo de estruturação de um estado
unitário, que se aperfeiçoa por um processo jurídico imputável ao
próprio estado ≠ Estado Federal.
Estado Regional: Divisão de um estado precedentemente unitário.

Descentralização
Descentralização Administrativa – Autarquias locais
● Reconhecimento pelo estado de colectividades unidas pelos
mesmos interesses;
● Órgãos gerem os interesses;
● Controle administrativo limitado pelos órgãos do estado.

Administração Local do Estado: Potencia a eficácia do estado.

Poder Local: Garante a liberdade individual e uma exigência do


princípio democrático.

Tipologia de Formas de Estado

Estado Simples: Há apenas um poder político dotado de autoridade


constituinte em todo um território
- Centralizado: Monopólio das decisões por parte do poder político
central, que recusa o pluralismo de poderes públicos dentro do
território do estado.
- Descentralizado: Pessoas colectivas públicas territoriais para
além do estado a quem são atribuídos poderes que normalmente
competem ao estado.
- Regional.

Estado Composto: há vários poderes políticos dotados de autoridade


constituinte no território.
- Estado Federal;
- União Real.

Confederação: Não é uma forma de estado, é sim uma associação de


estados.
União Pessoal: Traduz a existência de um chefe de estado comum a
dois estados.

Estado Federal
● É aquele que abrange vários estados federados sendo que o
poder político fica dividido, sendo o estado federal os soberanos
e os estados federados os independentes;
● Cada estado federado elabora a sua constituição e organiza os
respectivos poderes em respeito com a constituição federal;
● Intervêm na vontade política federal, quer na câmara quer na
constituição federal;
● Só o estado federal tem soberania no plano internacional;
● Os estados federados não podem desvincular-se da federação;
● Os tribunais federais controlam a conformidade das constituições
e leis dos estados federados;
● Os estados federados têm poder político próprio – poder de se
darem uma constituição e exercício do poder constituinte.
○ Elaboram a sua própria constituição;
○ Participam através de representantes na feitura e revisão
da constituição federal;
○ Tem representantes próprios na câmara parlamentar do
estado federal;
○ Poder legislativo próprio em matérias de interesse
específico dos estados federados;
○ Poder tributário próprio;
○ Tribunais, administração e forças policiais próprias.

Estados Federais Perfeitos ≠ Estados Federais Imperfeitos

Perfeitos: Estado independente que decide criar uma realidade


político-constitucional superior
Imperfeitos: Estado unitário para a respectiva transformação em
estado federal por conveniência de descentralização política.

União Real
Estado composto, em dois ou mais estados, sem perderem a sua
autonomia, tem uma constituição comum, prevendo um ou mais órgãos
em comum, há uma fusão

Os fins do Estado
Segurança: Protecção dos interesses vitais da pessoa humana e da
comunidade, a organização da força colectiva, bem como a
determinação jurídica dos direitos e deveres de cada um.
● Proteger o homem contra a natureza;
● Proteger o homem contras os outros membros da sociedade;
● Paz social;
● Proteger o homem contra a incerteza e o arbítrio.

Justiça – Justo: Conformidade com a lei, é justa a ação conforme à lei.


● Justiça Distributiva: Permite estabelecer distinções entre
diferentes pessoas, sendo proporcional aos contributos de cada
um;
● Justiça Corretiva: Forma de justiça em que todas as pessoas
envolvidas são tratadas por igual;
● Igualdade: A lei geral e abstracta realizar a lei formal, tratar
igualmente o que é igual e tratar desigualmente o que é desigual

Bem-Estar: Promoção de condições materiais de acesso a bens e


serviços necessários à vida da colectividade

Funções do Estado
Atividades desenvolvidas de forma permanente pelos órgãos do poder
político do estado, tendo em vista a realização dos respectivos fins.
Marcelo Rebelo de Sousa

Funções Independentes e Dominantes


● Função Política: Definição e prossecução pelos órgãos do poder
político dos interesses essenciais da colectividade.
● Função Legislativa: Prática de atos provenientes de órgãos
constitucionalmente competentes para o efeito e que revestem a
forma externa de ato legislativo (conceito formal de lei – decreto
de lei, lei parlamentar, decretos legislativos regionais)

Há atos políticos que não revestem a forma de lei, como o programa


do governo (artigo 163º, 188º CRP), a moção de censura (193º, 194º), o
voto de confiança, e a declaração de estado de sítio ou emergência.

Lei: Disposição de conteúdo genérico e abstracto, isto é, aplicável a um


número indeterminável de pessoas e situações
- Lei em sentido formal: Reporta-se à forma de ato legislativo, 112º.

Função Jurisprudencial
Actividade de resolução de conflitos de interesses públicos e privados
(elemento material) através de órgãos independentes (elemento
orgânico), com garantias de imparcialidade e colocados numa posição
de passividade (elemento formal).

Função Administrativa
Actividade de execução de leis e satisfação de necessidades colectivas
que incube ao estado prosseguir (elemento material) através de
órgãos inseridos numa hierarquia (elemento orgânico), dotados de
iniciativa e visando a prossecução de interesse público (elemento
formal).

- Órgão superior da administração: governo 182º;


- Regulamentos ≠ Lei: Os regulamentos são subordinados à lei
através da reserva de lei (existem matéria reservadas pela
constituição à lei), nenhum regulamento pode ir contra à lei ou
pode existir sem autorização da lei.

Regimes Políticos: Relação entre o poder político e a comunidade, as


relações entre os governantes e os governados.

Regimes Políticos ≠ Forma de Governo

Tipos de Regimes Políticos – Miguel N. Brito – Critério da limitação do


poder e da presença de uma doutrina abrangente.

Regime Liberal-Democrático: O poder político democraticamente


legitimado, está juridicamente sujeito ao princípio da separação de
poderes e ao respeito pelos direitos individuais.
Regime Autoritário: Não existe uma separação de poderes, a oposição
política é reprimida e não existem eleições livres.
Regime Totalitário: Poder ilimitado de um líder forte assente na
burocracia obediente e aniquilação do indivíduo individual,
manipulação em massas.

Sistema de Governo
Relacionamento institucional entre os diferentes órgãos do poder
político.

Sistema Parlamentar
● O governo é formado a partir da composição do parlamento,
depende apenas da confiança do parlamento e é politicamente
responsável perante o parlamento;
● O parlamento pode provar a demissão do governo;
● Apagamento do chefe de estado, não podendo praticar atos
políticos sem a referenda ministerial;
● Separação ou dualidade entre o chefe de estado e o chefe do
governo;
● O governo é solidário em relação ao seu programa e às
deliberações do gabinete.

Sistema Orleanista: Dupla responsabilidade política do governo


perante o rei (monarquia) e o governo (democracia).
Sistema Parlamentar de Assembleia: multipartidarismo; parlamento
numa posição superior à do chefe de estado; não há dissolução do
parlamento.
Sistema Parlamentar de Gabinete: Bipartidarismo; centralidade do
gabinete na vida política.
Sistema Parlamentar Racionalizado: Mecanismos que visam evitar as
quedas de governo através da moção de censura construtiva, que só
faz cair um governo se com ela for apresentada uma alternativa
majoritária de governo e nome do novo PM.

Sistema Presidencial
● Chefe de estado é eleito por sufrágio universal;
● Não há dualidade no executivo , o chefe de estado é
simultaneamente o chefe do governo;
● Separação orgânica entre chefe de estado e parlamento.

- Presidencialismo Perfeito
- Presidencialismo Imperfeito

Sistema Semi-Presidencialista
Confluência entre componentes presidencialistas e parlamentaristas.

Traços Parlamentares
● O governo é formado pelos resultados das eleições
parlamentares e da subsequente composição do parlamento;
● O governo responde perante o parlamento;
● Diarquia no executivo, as funções do chefe de estado são
diferentes das funções do chefe de governo.
Traços Presidencialistas
● Eleição do chefe de estado e do parlamento por sufrágio
universal e direto;
● O governo responde politicamente perante o chefe de estado,
dupla responsabilidade política do governo;
● O chefe de estado dispõe de amplos poderes: poder de
dissolução do parlamento e veto suspensivo (função legislativa
do parlamento) e veto definitivo (governo)

O sistema de governo português é um sistema Semipresidencialista


Presidente da República com vários poderes:
● Dissolve a assembleia da república;
● Nomeia e exonera o governo ou Primeiro Ministro;
● Tem o veto político e veto por inconstitucionalidade;
● Declara o estado de sítio e de emergência;
● Declara a guerra;
● Comandante supremos das forças armadas;
● Convocação extraordinária da assembleia da república;
● A maioria atos do PR carece de proposta do governo ou de
autorização da assembleia da república;
● …
➔ Não é chefe executivo nem tem funções no governo;
➔ Responsabilidade política do governo perante o parlamento.
- Constituição do governo, que é feita a partir dos resultados
eleitorais para a a.R (187º);
- Apresentação do programa do governo à A.R (o programa só é
votado se a oposição apresentar uma moção de rejeição);
- Demissão parlamentar do governo, através de aprovação e
apresentação de uma moção de censura por parte das oposições,
o governo é demitido se a moção de censura for aprovada pela
maioria absoluta dos deputados em efectividade de funções.

Capítulo III – Poder Constituinte

Poder constituinte
Faculdade de um povo de se dar a si próprio uma constituição.

➔ Poder constituinte Originário: Aquele que ocorre em tempos de


viragem histórica, em épocas de crise, situações revolucionárias,
em que a comunidade política adora um novo sistema
constitucional – poder tendencialmente livre e incondicionado
juridicamente (poder político);
➔ Poder constituinte Derivado: Poder de rever a constituição, é um
poder constituído, e um poder jurídico com poder de ser
vinculado;
➔ Poder constituinte Material: Poder de definir segundo uma ideia
de direito, o conteúdo de uma constituição, que se traduz no tipo
de sistema de governo, forma de estado, regime político, etc;
➔ Poder constituinte Formal: Poder de adotar normas com força
jurídica superior à das leis ordinárias.

Limites ao poder constituinte (M.N.B)


Limites respeitantes à própria ação que consiste em elaborar uma
constituição:
3 Posições
● Poder constituinte é um poder que está acima da constituição em
sentido formal (Carl Schmitt);
● Poder jurídico e portanto não é a decisão política do povo que
institui a ordem jurídica mas é sim a ordem jurídica que dá vida
à unidade política do estado (HANS KELSEN);
● Poder jurídico, a feitura da constituição só pode ser imputada ao
povo estado reunidas condições mínimas de separação de
poderes e garantias dos direitos fundamentais dos cidadãos
individuais, pelo que o poder constituinte apenas existe no ato de
fazer a constituição

Poder constituinte como poder jurídico: Afirmação de uma nova ordem


de validade expressa nos princípios que dão corpo à nova constituição
material.
Poder constituinte como poder político: Autoridade no sentido político
desde logo no momento da decisão formal.

Formas de exercício do poder constituinte

Formas Democráticas
O povo exerce o poder constituinte intervindo direta ou indiretamente,
livre e não condicionada, na feitura da constituição (direitos e
liberdades fundamentais, intervenção popular, inexistência de
condicionamentos à expressão dessa vontade).
● Eleição de representantes para Assembleia que vai discutir e
votar uma constituição (Democracia Representativa);
● Assembleia em que participem todos os cidadãos interessados
(Democracia Direta);
● Aprovação por voto popular em referendo de uma constituição
previamente elaborada por um órgão representativo
(Democracia Semidireta).

Formas Não Democráticas


O exercício do poder constituinte pertence a uma pessoa ou um grupo
de pessoas, sem intervenção do povo, esse poder é exercido de forma
a manipular e condicionar a expressão da vontade popular. Há
restrições à manifestação de ideias e doutrinas; o respeito pelos
direitos liberdades e garantias fundamentais não está assegurado.

Referendo ≠ Plebiscito
Referendo: As normas objecto de consulta foram elaboradas por um
órgão eleito democraticamente.
Plebiscito: As normas foram elaboradas por um órgão monocrático ou
autocrático.

Poder de Revisão
Visões:
● Poder de revisão ⟶ poder constituinte originário ⟶ a revisão
total é sempre possível;
● Poder de revisão ⟶ é limitado pelo poder constituinte ⟶ a
revisão só é possível se a constituição a prever.

Limites ao poder de revisão


Limites Formais
● Quanto ao órgão para exercer iniciativa de revisão 285ºCRP;
● Órgão competente para aprovar as alterações 286 CRP;
● Maiorias exigidas para aprovar o início do processo de revisão ou
da própria região 284º, nº2 e 286º, nº1.

Art.286, nº3:O PR não se pode recusar a promulgar uma lei de revisão,


exceto quando se verificar a existências de alguns requisitos:

● Só os deputados têm iniciativa de revisão;


● Só a AR pode aprovar leis de revisão;
● A AR só pode fazer revisões decorridos cinco anos deste a última
revisão ordinária, ou se antes desde que é regime de revisão
extraordinária;
● Não pode haver revisões em estado de sítio ou de emergência
289º;
● Tem que ser aprovado pelo número de deputados definido por lei.

Limites Temporais
● Art.284 – a revisão constitucional só pode decorrer de 5 em 5
anos – Revisão Ordinária;
● A revisão pode ocorrer a qualquer momento desde que por
quatro quintos dos deputados em efetividade de funções –
Revisão extraordinária.

Limites Materiais
● Artigo 288º, as matérias que as leis de revisão não podem alterar
(Limites Materiais explícitos);
● Limites Materiais implícitos: Noção de constituição material;
● Relevância jurídica;
○ Relevância Limitada (M.N.B): As normas de limites da CRP
tem a mesma relevância do que qualquer outra norma da
constituição, e por isso também podem ser revistas, não
pondo em causa a obrigação de preservar a identidade da
CRP;
○ Irrelevância Jurídica (Marcello Caetano): Tudo o que está
na constituição pode ser revisito, os limites materiais devem
ser entendidos como meras orientações políticas;
○ Relevância Relativa (Jorge Miranda): Tem valor jurídico
mas podem ser removidos através de uma dupla revisão,
em que primeiro se altera a norma dos limites e depois
altera se as normas que estavam protegidas por esses
limites;
○ Relevância Absoluta (Gomes Canotilho): As normas de
limites materiais situam-se a um nível hierárquico superior
ao das restantes normas , então os limites materiais devem
ser entendidos como proibições permanentes e absolutas.

Rupturas Constitucionais

Revolução: A mudança do fundamento material da ordem jurídica, sem


observância de regras estabelecidas. Ruptura na ordem constitucional.

Transição: Passagem a uma nova constituição material através do


aproveitamento de regras constitucionais que regulam o processo de
revisão.

Capítulo IV – Força Jurídica da Constituição

Possíveis classificações de normas constitucionais

● Normas constitucionais Materiais, Organizativas e


procedimentais;
● Normas Preceptivas: Eficácia incondicionada; Ex: artigo 9º b).
São dirigidas aos cidadãos e ao juiz.
○ Objeto - Comportamentos dos privados.
○ Natureza – Susceptíveis de imediata aplicação pelos
tribunais;
● Normas Programáticas: Implicam atos que as concretizem; Ex: art
9º d). são dirigidas à administração e ao legislador.
○ Objeto – Comportamentos do estado.
○ Natureza – Elevado nível de abstracção e imperfeição.
Dependem de factores económicos e sociais, por isso há um
maior grau de liberdade do legislador. Não podem ser
invocadas imediatamente pelos cidadãos;
● Normas exequíveis: Aplicáveis por si só, sem necessidade que a
lei as complemente. São dirigidas aos cidadãos e ao juiz.
○ Objeto - comportamentos dos privados.
○ Natureza – susceptíveis de imediata aplicação pelos
tribunais;
● Normas não exequíveis: Carecem de normas legislativas que as
tornem aplicáveis;
● Normas constitucionais de 1º Grau: Direitos fundamentais e
organização política e económica;
● Normas constitucionais de 2º Grau: Revisão constitucional e
disposições transitórias;

Normas constitucionais na perspetiva da sua eficácia


● Normas exequíveis perceptivas;
● Normas não exequíveis perceptivas;
● Normas não exequíveis programáticas.

Princípios e Regras

Regra: É vinculativa.
Princípios: Começam por ser a base de normas jurídicas, podem vir a
transformar-se em “normas-principio”, constituindo preceitos base da
organização constitucional. Os princípios, por sua vez, são “núcleos de
condensação nos quais confluem bens e valores constitucionais” , e
“expressão do ordenamento constitucional e não fórmulas apriorísticas
contrapostas às normas”.

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