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CP I – B / sala 310
Direito Constitucional
A constituição estabelece limites para o exercício do poder. Há uma busca pela contenção do
exercício do poder, além da afirmação dos direitos e garantias fundamentais e da organização do
Estado. —> “As constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a organização
de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu exercício, limites de sua atuação,
assegurar direitos e garantias do indivíduo.” – José Afonso da Silva, p. 43.
Quando o princípio estiver inserido na constituição ele será parâmetro para controle de
constitucionalidade.
Não existe supremacia entre normas constitucionais originárias, não podendo ser declaradas
inconstitucionais. A norma derivada, por sua vez, pode ser declarada inconstitucional, mas isso
não significa que uma norma constitucional seja hierarquicamente superior a outra, todas as
normas da constituição possuem a mesma força normativa.
• Normas de eficácia absoluta: para Maria Helena Diniz, a CF possui normas de eficácia
absoluta, também chamadas de supereficazes, uma vez que nunca poderão ser abolidas,
nem mesmo por emenda constitucional, como são exemplo as cláusulas pétreas
estabelecidas no art. 60, § 4º.
• Normas de eficácia exaurida: para Uadi Lammego Bulos a CF possui normas de eficácia
exaurida, que apresentam aplicabilidade esgotada, como por exemplo o art. 3º da ADCT,
que previu a revisão constitucional – uma vez que já foi realizada em 1993, essa evasão
se exauriu, não havendo mais a possibilidade de nova revisão da CRFB.
É tarefa do constituinte originário definir como a nova constituição poderá ser modificada,
criando, assim, o poder constituinte derivado. A constituição brasileira pode ser modificada a
partir dois mecanismos, tendo um deles se esgotado, são eles: as emendas convencionais e a
revisão constitucional.
• Revisão constitucional: os constituintes colocaram na Carta a previsão de que ela seria
revisada pelo Congresso 5 anos depois de sua promulgação. Nessa revisão tudo que foi
introduzido pelo constituinte originário poderia ser modificado pelo Congresso Nacional
em sessão unicameral. Uma corrente defendia a impossibilidade da revisão, sob o
argumento de que ela estaria condicionada a uma mudança radical na forma de governo
ou de sistema de governo, não havendo nenhuma mudança, não haveria por que haver
revisão. O congresso, contudo, acabou entendendo que não havia essa limitação. A
época, então, aprovou-se 6 emendas e esse mecanismo de modificação da constituição
se esvaiu. Quebrou-se, assim, a rigidez constitucional, pois a revisão era por maioria
absoluta.
o Houve nesse instante o seguinte debate: aplica-se cláusula pétrea para revisão
constitucional? O art. 60, § 4º da CRFB ao tratar da cláusula pétrea fala de
emenda e não de revisão. Contudo, havia quem defendesse que não haveria
limitação nenhuma para a revisão constitucional, o Congresso poderia,
portanto, alterar o que quisesse. Apesar de não ter havido nenhuma alteração
substancial, ficou o debate se haveria algum tipo de limitação material a essa
possibilidade de revisão? Tendo o constituinte originário dito que após 5 anos
da promulgação da CRFB sem a rigidez constitucional poderia ser feito qualquer
alteração a carta magna, poderia, teoricamente, fazer até mesmo uma nova
constituição, não havendo, assim, limitação alguma para revisão constitucional.
o Passado esse momento histórico, essa previsão se esvaiu e a única perspectiva
de mudança da constituição e do exercício do poder constituinte derivado é a
emenda constitucional, prevista no art. 60 da CRFB.
Definido um processo legislativo mais solene, o que exterioriza a rigidez constitucional, com isso
o constituinte assegurou a supremacia da norma constitucional sob as demais. Se não é possível
mudar a constituição em um processo legislativo simples, pelas leis, criou-se uma exigência de
compatibilidade das leis e atos normativos com a constituição. Se uma lei ou ato normativo for
incompatível com a constituição, ou no aspecto formal ou no aspecto material, ela tem o vicio
da inconstitucionalidade.
Além de definir esse processo legislativo mais solene para o poder constituinte derivado, o poder
constituinte derivado também estabeleceu algumas limitações, sendo as mais notórias aquelas
relacionadas ao conteúdo – limitações materiais ao exercício do poder constituinte derivado -
(não pode, na mudança da constituição, comprometer a federação, como a forma de estado; o
voto direto, secreto, universal e periódico, o princípio da separação de poderes e os direitos e
garantias individuais).
• O art. 60, § 4º traz algumas sutilezas, entre elas a expressão “proposta de emenda
tendente a abolir” e a expressão “não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir” – a proposta de emenda não pode sequer chegar ao plenário. Essa
redação passou a permitir a possibilidade de controle judicial preventivo de
constitucionalidade (normalmente o controle judicial é repressivo, ou pelo sistema
difuso ou pelo sistema concentrado, sendo o controle preventivo realizado pelo
parlamento ou pelo chefe do executivo, por exemplo). O STF passou a admitir a seguinte
possiblidade: a impetração por um parlamentar de mandado de segurança para impedir
a tramitação da emenda que contrariar cláusula pétrea (este tem o direito liquido e certo
de só participar de processo legislativo constitucional). O STF para dizer que tal emenda
não pode chegar ao plenário terá que dizer que a proposta de emenda é
inconstitucional, por violar cláusula pétrea.
Cláusula pétrea implícita: normalmente a limitação do poder deve ser explícita, estando posta
na constituição, como é o caso do art. 60, § 4º da CRFB, mas nesse caso especifico a ideia da
cláusula pétrea implícita é absolutamente necessária para afirmação do próprio constituinte
originário, não podendo o constituinte derivado ir contra ao constituinte originário.
• Exemplo: não se pode apresentar proposta de emenda com o intuito de suprimir o § 4º
do art. 60 da CRFB.
Se há limitação ao exercício do poder constituinte derivado, toda vez que uma limitação não for
observada o resultado dessa produção legislativa é inconstitucional. A inconstitucionalidade de
uma emenda constitucional resulta da não observância ou da violação de uma das limitações
previstas na constituição ao exercício do poder constituinte derivado – limitação quanto ao
conteúdo, art. 60, § 4º; limitação quando a questões procedimentais; limitações
circunstanciais, art. 60, § 1º.
CASOS CONCRETOS
R: O pedido deve ser julgado procedente, tendo em vista que, em primeiro lugar,
conforme jurisprudência predominante, reconhece-se a admissibilidade da impetração
de mandado de segurança por parlamentar para o controle preventivo de
constitucionalidade, e que, conforme doutrina do ministro Gilmar Mendes (curso de
direito constitucional, 5. Ed., p. 77), apesar do preâmbulo não ser uma norma, não
conter normas constitucionais e não possuir valor normativo autônomo, não é ele
juridicamente irrelevante, funcionando como elemento de interpretação das normas
constitucionais, ele desempenha uma importante função constitucional, assim como
exprime um tipo de legitimidade a constituição, seja em relação a sua origem, seja em
relação ao seu conteúdo, razão pela qual a sua alteração ou supressão da história não
teria sentido, significando uma novação constitucional, violador dos limites materiais do
poder de revisão. Do mesmo modo, compreende-se que os artigos previstos nas
disposições constitucionais transitórias não podem ser suprimidos ou modificados, sob
pena de afronta a sua própria natureza.
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=751069334
Curso de Direito Constitucional. Gilmar Ferreira Mendes e outros. Ed. Saraiva. 5a ed. Pag.
77 (posição do Canotilho)
MS 34722 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Órgão julgador: Tribunal Pleno
Julgamento: 20/09/2019; Publicação: 07/10/2019 Ementa:
2. Sociedade empresarial insurge-se contra uma lei que revogou determinada isenção
tributária. Ocorre que esta sociedade se beneficiava da isenção tributária prevista na lei
complementar n. 70/91 e a Fazenda, com o advento da Lei 9430/96, passou a cobrar o
valor do tributo. Alega que a suposta revogação de uma lei complementar por uma lei
ordinária fere de morte a estrutura hierarquizada da legislação brasileira, amparada pela
pirâmide de Kelsen. Responda, fundamentadamente, se o argumento da sociedade
encontra respaldo na ordem jurídica brasileira.
R: O argumento utilizado pela sociedade não procede, uma vez que inexiste hierarquia
entre lei ordinária e lei complementar, já que cada espécie legislativa possui um campo
de atuação. Em segundo lugar, é importante notar que a lei complementar n. 70/91 é
apenas formalmente complementar, sendo materialmente uma lei ordinária com
relação aos dispositivos referentes a contribuição fiscal por ela atribuída.
R: O autor agiu erroneamente, pois não se trata de um caso para propositura de ação de
inconstitucionalidade, mas sim de um caso em que se discute a recepção ou não de uma
norma infraconstitucional anterior. Conforme entendimento firmado pelo STF, ou uma
lei é constitucional ou ela não é uma lei, visto que a lei que se encontra em divergência,
material ou formalmente com a constituição de sua época é automaticamente revogada.
No caso em tela o parâmetro utilizado para definir se a lei é ou não constitucional deveria
ser a constituição anterior, da época em que a lei fora elaborada, tendo em vista que a
constitucionalidade é congênita a lei e deve ser apurada em face da constituição vigente
ao tempo de sua elaboração. Desse modo, estando a lei em compatibilidade com a
constituição de sua época ela é considerada constitucional, entretanto, estando ela em
divergência com a nova Carta, não há o que se falar em inconstitucionalidade, mas sim
em não recepção da norma anterior pela nova Constituição.
Deve-se alertar ainda que a defesa feita pelo AGU seria própria para o controle difuso,
mas não para o controle abstrato, como proposto pelo PGR.
Poder constituinte derivado reformador: poder que modifica constituição federal já existente.
• Características:
o Derivação: o produto desse poder constituinte busca fundamento de validade
na constituição federal. A Constituição é o epicentro do ordenamento jurídico
e serve como fundamento de validade para outras normas jurídicas.
▪ Questões polêmicas:
• E se o poder constituinte buscar fundamentação e não
encontrar? Isso gera algum efeito jurídico ou não? Há no Brasil
norma constitucional que seja inconstitucional? Ou admitir isso
é um paradoxo?
o Primeira hipótese – norma constitucional originária:
no Brasil norma originária nunca poderá ser
inconstitucional (STF, ADI 815), em razão das
características do poder constituinte originário –
lembrar que em relação a esse piore não há derivação,
há inicialidade; lembrar também que com relação a
esse poder não há condicionamento, mas sim
incondicionamento, assim como também não há
limitação. Não é possível que algo que inicia uma nova
ordem jurídica sem limitação possa gerar uma
inconstitucionalidade. Não é aceitável a tese de Otto
Bachoff (livro: normas constitucionais
inconstitucionais), que sustenta a possibilidade de
normas originárias serem inconstitucionais, quando
vierem a violar supradireitos (similar ao direito
natural).
o Não existindo norma originária inconstitucional, como
é possível resolver conflitos entre normas originárias?
Deverá ser feita a solução via harmonização; busca-se
uma solução harmônica para permitir a aplicabilidade
d ambas as normas.; deve se dar uma interpretação
harmoniosa, de maneira que ambas as normas de
apliquem, sem o afastamento de uma ou de outra.
▪ Exemplo de conflito e harmonização: art. 61, §
1º, II, “d” X art. 128, § 5º da CRFB – duplo
conflito. Solução encontrada: o MP possui
duas leis orgânicas – LC 75/93 que organiza o
MP e Lei 9625/83 que prevê normas gerais
nacionais para que o Estado depois se
organize.
o Há hierarquia entre normas constitucionais
originárias? Não há hierarquia formal, mas pode ser
que haja hierarquia axiológica, de valor, mesmo entre
normas originárias. (Exemplo: art. 1º, III X art. 242, § 2º
- o valor que a primeira norma possui é muito maior
que o da segunda norma).
▪ Prova de que existe hierarquia axiológica entre
normas constitucionais originárias: criação da
ADPF (art. 102, § 1º) – a constituição
reconhece que há preceitos fundamentais, que
uma norma pode ter axiologia superior.
o Segunda hipótese – norma constitucional derivada: ao
contrário das normas constitucionais originárias, uma
norma constitucional derivada pode ser
inconstitucional. Se esse poder constituinte é derivado
e limitado, se ele busca o fundamento e não encontra
porque tem limite para isso, ele pode incorrer em
inconstitucionalidade.
▪ Hipóteses de inconstitucionalidade de norma
derivada:
1. Norma constitucional federal contida em
emenda ou revisão que viole limitação ao
poder de reforma federal.
2. Norma constitucional estadual que viole
norma constitucional federal de repetição
obrigatória pelos Estados / que viole
princípio da simetria.
o Condicionamento: Os produtos desse poder constituinte possuem formas de
manifestação pré estabelecidas pelas quais esse poder pode se manifestar –
emendas e revisão.
▪ Que formas pré estabelecidas são essas? Quais são as formas que esse
poder derivado pode se manifestar? O poder constituinte derivado
pode se manifestar através das emendas e da revisão.
▪ Diferença entre emendas e revisão: há uma diferença formal e material.
• Materialmente falando, a emenda é pontual, sobre matéria
certa, e a revisão é global, atingindo a constituição por inteiro,
salvo as cláusulas pétreas; a revisão é mais extensa do que a
emenda.
• Formalmente falando, a proposta de emenda deve ser
aprovada em sessões separadas, em dois turnos por Casa, e
deve haver o quorum de 3/5 dos votos; enquanto que a revisão
possui sessões conjuntas, unicameral, em tese sendo possível
que a votação ocorra em um único turno, com o quorum de
maioria absoluta (art. 60, § 2º da CRFB x ADCT, art. 3º)
• Já que a revisão é mais fácil e mais extensa, é possível, hoje, no
Brasil uma outra revisão constitucional? (Qualquer modificação
na constituição, que não seja emenda, é uma revisão
constitucional, independente do nome que se dê). Em doutrina
há controvérsia – posição minoritária (Michael Temer e Manoel
Gonçalves Ferreira Filho) diz que é possível outra revisão a
constituição, desde que convocada por emenda,
estabelecendo-se qual seria o procedimento, uma vez que em
nenhum momento o texto constitucional proíbe tal
possibilidade; posição majoritária (Josaphat Marinho e
Eduardo Ribeiro Moreira) diz que não é possível outra revisão
constituição, sendo inconstitucional caso ocorresse, pois
embora não haja proibição explicita, há uma proibição implícita
no art. 3º da ADCT que cita apenas 1 revisão constitucional. A
posição atual do STF é de que não é possível uma nova revisão,
uma vez que a possibilidade prevista na atual CRFB já foi
realizada em 1993 (ADI 815).
▪ Mutação constitucional:
• Definição no Brasil (Ana Candida Ferraz – livro Processo
Informal de Mudança da Constituição): o meio formal de
mudança da constituição chama-se reforma – por emenda ou
revisão – e o meio/processo informal de mudança da
constituição chama-se mutação constitucional.
• Definição estrangeira (Carlos Menault): mutação constitucional
é mudança de contexto sem mudança de texto.
• O texto precisa ser o mesmo, só muda a interpretação que lhe
é dada.
• A mutação é admitida não tão somente no Judiciário.
• Casos no STF de mutação constitucional:
o HC 82.959 – mutação do art. 5º: caso de progressão de
regime prisional em situação de crime hediondo. O
entendimento do STF a época era de que em casos de
crime hediondo o regime deve ser fechado
integralmente, contudo, o art. 5º previa uma garantia
constitucional de individualização da pena. O STF dizia
então que a pena que atenderia essa garantia seria a
pena qualificada (reclusão ou detenção) e quantificada
(período de tempo), então, para este, o fato da lei
vedar a progressão não violaria essa garantia
constitucional caso o juiz venha a quantificar e
qualificar a pena. Passado o tempo, o STF mudou seu
posicionamento, compreendendo que não bastaria
que o magistrado quantificasse e qualificasse a pena,
teria a necessidade também de se acompanhar a sua
execução penal e se, durante a execução da pena,
desse o culpado a possibilidade de ressocialização ele
seria beneficiado com a progressão, mesmo se o crime
for hediondo. Então fixou o STF a seguinte posição: não
deveria criar lei com regime fechado integralmente,
mas com regime fechado inicialmente, com
possibilidade de progressão futura.
o MS 26.602 – mutação do art. 55: caso do partido
político e da infidelidade partidária. O STF
compreendeu que se o candidato que tivesse mandato
político fosse infiel ao partido politico dele ele perderia
o cargo. O art. 55 não cita essa possibilidade, o
entendimento anterior era de que o artigo era
exaustivo nas suas hipóteses, contudo, mudando o
tempo houve o entendimento de que, na verdade, o
artigo era somente exemplificativo, não abarcando
todas as possibilidades de perda de mandato.
o ADPP 132 – mutação do art. 226, § 3º: STF reconheceu
união estável entre pessoas do mesmo sexo, sem
alterar o texto constitucional. O texto fala somente
entre união estável entre homem e mulher, mas para o
STF o texto não fala de homem e mulher enquanto
gênero, mas enquanto pessoas humanas capazes de
afeto.
• Quais limites se impõe a mutação constitucional? O último
limite que se impõe é o limite semântico, não se podendo vir a
constituir algo que o texto não aceite. A mutação é admissível
desde que se respeite o limite semântico, indo contra o texto a
mutação é inconstitucional.
o Limitação: o produto desse poder constituinte é sujeito a restrições, impostas
pelo direito em vigor.
▪ Quais são essas restrições impostas ao poder constituinte derivado?
Nelson de Sá Sampaio estabelece 3 limitações a esse poder constituinte
– temporal, circunstancial e material.
• Temporal: impede reforma durante um certo intervalo de
tempo; em um período pré estabelecido não se poderia realizar
reformas à constituição federal; na CRFB de 1988 não há
normas que impedem a reforma por um período de tempo,
houve apenas na Constituição do Império.
o Normas próximas:
▪ Alguns autores citam o art. 3º da ADCT, que
fala de um prazo de 5 anos para realização da
revisão constitucional. Esse artigo trata
somente da revisão, mas não cita emenda,
então seria possível a reforma através de
emenda. Esse artigo veda a revisão e não a
emenda, para haver limitação temporal é
preciso que não seja possível nenhum tipo de
reforma.
▪ Outro caso citado é o trazido pelo art. 60, § 5º,
contudo, esse dispositivo impede apenas que
aquela mesma matéria seja votada na mesma
sessão legislativa, qualquer matéria diferente
daquela pode ser votada.
• Circunstancial: impede a reforma constitucional durante uma
circunstância excepcional.
o Art. 60, § 1º: não será reformada a constituinte em
estado de defesa, estado de sítio e intervenção federal.
o Durante essas circunstâncias excepcionais seria
possível aprovar tratado internacional de direitos
humanos, que é equivalente a emenda? Nos parece
que sim, pois deve se ter em mente que norma
excepcional merece interpretação restritiva, a regra é
alterar a constituição, a exceção é impossibilitar essa
alteração, a restrição por sua vez merece interpretação
literal. O texto está proibindo a emenda, a sua
interpretação deve ser literal, não abrangendo os
tratados equivalentes a ela. Se o contrário se admitisse,
estaria-se dando interpretação extensiva a uma norma
restrição, o que viola qualquer base interpretativa.
Portanto, durante uma das hipóteses do art. 60, § 1º
está impossibilitado a emenda constitucional e não
qualquer norma com equivalência a ela.
• Material: impede reforma sobre certa matéria., podendo ela
ser expressa ou não, dependendo se o texto é expresso sobre
ela ou não.
o Explícita – art. 60, § 4º: matérias com relação ao qual o
texto é expresso.
▪ Discussões controvertidas sobre cláusula
pétrea:
• Extensão: o inciso IV do art. 60, § 4º
cita os direitos e garantias individuais
como cláusulas pétreas, o título II da
CRFB traz os direitos individuais
(especies de direitos fundamentais). A
questão que fica é como interpreta
esse artigo (art. 60, § 4º, IV), a
proteção restringe-se a direito
individual? O texto só protege direito
individual ou alcança qualquer direito
fundamental? Posição minoritária
(Silvio Mota) – onde a CF fala em
direito individual, leia-se direito
individual, a interpretação é literal;
posição majoritária (Manoel
Gonçalves Ferreira Filho) – quando o
texto diz individual deve-se interpretar
como direito fundamental, a
interpretação é extensiva. O STF
compreende que o texto protege
qualquer direito fundamental, seja
individual ou não, ou seja, qualquer
direito fundamental é cláusula pétrea.
• Profundidade: cláusulas pétreas são
dogmas imodificáveis ou admitem
modificações desde que o seu núcleo
essencial seja preservado? Posição
minoritária (Geraldo Ataliba) – só é
possível o acréscimo, qualquer
modificação seria inconstitucional,
cláusula pétrea é um dogma,
intangível, intocável; posição
majoritária (Nagib Slaibi Filho) – essas
modificações são possíveis, o que seria
inconstitucional é a subtração ou a
modificação em larga escala, cláusula
pétrea não é um dogma, é
flexibilizável, desde que a modificação
respeite o núcleo essencial. O STF, no
tocante a profundidade, determina a
proteção apenas do núcleo essencial;
a emenda que toque em cláusula
pétrea será inconstitucional apenas se
ir além do núcleo essencial.
o Implícita: não são normas expressas da constituição,
mas do sistema se pode supor que elas possam existir.
▪ Limitações materiais implícitas incontroversas:
titularidade e exercício do poder constituinte
(não pode ser modificado o art. 1º, parágrafo
único) e processo de reforma constitucional
(não pode ser modificado o art. 60, caput, §§
2º, 3º e 5º - não se pode modificar a forma
como se modifica a constituição, a
modificando)
▪ Limitações materiais implícitas controversas:
revisão constitucional.
Definição de interpretação constitucional: quer dizer atividade intelectual (humana, não pode
ser mecanizada) de revelação do sentido, alcance e conteúdo (a norma já tem todas essas coisas,
a intenção que se tem é revelá-las; a atividade não é criativa, mas sim revelatória das
características da norma) de determinada norma constitucional (se assim não o fosse seria de
norma legal, o objeto que se trata aqui é constitucional).
CASOS CONCRETOS
MINISTERIO PUBLICO. ACAO CIVIL EX DELICTO. CODIGO DE PROCESSO PENAL, ART. 68.
NORMA AINDA CONSTITUCIONAL. ESTAGIO INTERMEDIARIO, DE CARATER
TRANSITORIO, ENTRE A SITUACAO DE CONSTITUCIONALIDADE E O ESTADO DE
INCONSTITUCIONALIDADE. A QUESTAO DAS SITUACOES CONSTITUCIONAIS
IMPERFEITAS. SUBSISTENCIA, NO ESTADO DE SAO PAULO, DO ART. 68 DO CPP, ATE QUE
SEJA INSTITUIDA E REGULARMENTE ORGANIZADA A DEFENSORIA PUBLICA LOCAL.
PRECEDENTES. DECISAO: A controversia constitucional objeto deste recurso
extraordinário já foi dirimida pelo Supremo Tribunal Federal, cujo Plenario, ao julgar o
RE 135.328- SP, Rel. Min. MARCO AURELIO, fixou entendimento no sentido de que,
enquanto o Estado de Sao Paulo não instituir e organizar a Defensoria Publica local, tal
como previsto na Constituição da Republica (art. 134), subsistira, integra, na condicao
de norma ainda constitucional - que configura um transitorio estagio intermediario,
situado .entre os estados de plena constitucionalidade ou de absoluta
inconstitucionalidade. (GILMAR FERREIRA MENDES, .Controle de Constitucionalidade.,
p. 21, 1990, Saraiva) -, a regra inscrita no art. 68 do CPP, mesmo que sujeita, em face de
modificacoes supervenientes das circunstancias de fato, a um processo de progressiva
inconstitucionalizacao, como registra, em lucida abordagem do tema, a licao de
ROGERIO FELIPETO (.Reparacao do Dano Causado por Crime., p. 58, item n. 4.2.1, 2001,
Del Rey). E que a omissao estatal, no adimplemento de imposicoes ditadas pela
Constituicao - a semelhança do que se verifica nas hipóteses em que o legislador comum
se abstém, como no caso, de adotar medidas concretizadoras das normas de
estruturação orgânica previstas no estatuto fundamental - culmina por fazer instaurar
situações constitucionais imperfeitas. (LENIO LUIZ STRECK, .Jurisdição Constitucional e
Hermenêutica., p. 468-469, item n. 11.4.1.3.2, 2002, Livraria do Advogado Editora), cuja
ocorrência justifica .um tratamento diferenciado, nao necessariamente reconduzivel ao
regime da nulidade absoluta. (J. J. GOMES CANOTILHO, .Direito Constitucional., p. 1.022,
item n. 3, 5. ed., 1991, Almedina, Coimbra - grifei), em ordem a obstar o imediato
reconhecimento do estado de inconstitucionalidade no qual eventualmente incida o
Poder Publico, por efeito de violação negativa do texto da Carta Política (RTJ 162/877,
Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno). E por essa razão que HUGO NIGRO MAZZILLI (.A
Defesa dos Interesses Difusos em Juízo., p. 72, item n. 7, nota de rodapé n. 13, 14. ed.,
2002, Saraiva), ao destacar o carater residual da aplicabilidade do art. 68 do CPP - que
versa hipotese de legitimacao ativa do Ministerio Publico, em sede de acao civil -
assinala, em observacao compativel com a natureza ainda constitucional da mencionada
regra processual penal, que .Essa atuacao do Ministerio Publico, hoje, so se admite em
carater subsidiario, ate que se viabilize, em cada Estado, a implementacao da defensoria
publica, nos termos do art. 134, paragrafo unico, da CR (...). (grifei). Dai a exata afirmacao
feita por TEORI ALBINO ZAVASCKI, eminente Magistrado e Professor (.Eficacia das
Sentencas na Jurisdicao Constitucional., p. 115/116, item n. 5.5, 2001, RT), cuja licao, a
proposito do tema ora em exame, poe em evidencia o relevo que podem assumir, em
nosso sistema juridico, as transformacoes supervenientes do estado de fato: . Isso
explica,tambem,uma das tecnicas de controle de legitimidade intimamente relacionada
com a clausula da manutencao do estado de fato: a da lei ainda constitucional. O
Supremo Tribunal Federal a adotou em varios precedentes (...). Com base nessa
orientacao e considerando o contexto social verificado a epoca do julgamento, o
Supremo Tribunal Federal rejeitou a arguicao de inconstitucionalidade da norma em
exame, ficando claro, todavia, que, no futuro, a alteracao do status quo poderia ensejar
decisao em sentido oposto. (grifei) Cabe referir, por necessario, que esse entendimento
tem sido observado em sucessivas decisoes proferidas por esta Suprema Corte (RE
196.857-SP (AgRg), Rel. Min. ELLEN GRACIE - RE 208.798-SP, Rel. Min. SYDNEY SANCHES
- RE 213.514-SP, Rel. Min. MOREIRA ALVES - RE 229.810-SP, Rel. Min. NERI DA SILVEIRA -
RE 295.740-SP, Rel. Min. SEPULVEDA PERTENCE), como o demonstra o julgamento do RE
147.776-SP, Rel. Min. SEPULVEDA PERTENCE, efetuado pela Colenda Primeira Turma
deste Tribunal (RTJ 175/309- 310): . Ministerio Publico: legitimacao para promocao, no
juizo civel, do ressarcimento do dano resultante de crime, pobre o titular do direito a
reparacao: C. Pr. Pen., art. 68, ainda constitucional (cf. RE 135328): processo de
inconstitucionalizacao das leis. 1. A alternativa radical da jurisdicao constitucional
ortodoxa, entre a constitucionalidade plena e a declaracao de inconstitucionalidade ou
revogacao por inconstitucionalidade da lei com fulminante eficacia ex tunc, faz abstracao
da evidencia de que a implementacao de uma nova ordem constitucional nao e um fato
instantaneo, mas um processo, no qual a possibilidade de realizacao da norma da
Constituicao - ainda quando teoricamente nao se cuide de preceito de eficacia limitada
- subordina-se muitas vezes a alteracoes da realidade factica que a viabilizem. 2. No
contexto da Constituicao de 1988, a atribuicao anteriormente dada ao Ministerio Publico
pelo art. 68 C. Pr. Penal - constituindo modalidade de assistencia judiciaria - deve
reputar-se transferida para a Defensoria Publica: essa, porem, para esse fim, so se pode
considerar existente, onde e quando organizada, de direito e de fato, nos moldes do art.
134 da propria Constituicao e da lei complementar por ela ordenada: ate que - na Uniao
ou em cada Estado considerado - se implemente essa condicao de viabilizacao da
cogitada transferencia constitucional de atribuicoes, o art. 68 C. Pr. Pen. sera
considerado ainda vigente: e o caso do Estado de Sao Paulo, como decidiu o plenario no
RE 135328.. (grifei) Todas essas consideracoes, indissociaveis do exame da presente
causa, evidenciam que o acordao ora recorrido diverge, frontalmente, da orientacao
jurisprudencial que esta Suprema Corte fixou na materia em analise. Sendo assim, e
tendo em consideracao as razoes expostas, conheco e dou provimento ao presente
recurso extraordinario (CPC, art. 557, . 1.-A), em ordem a reconhecer a plena
legitimidade ativa do Ministerio Publico do Estado de Sao Paulo para propor a acao civil
ex delicto, nos termos do art. 68 do CPP, invalidando, por isso mesmo, a extincao do
processo, sem julgamento de merito, decretada pelo E. Tribunal de Justica paulista (fls.
287/291) e restaurando, em consequencia, a decisao que procedeu ao saneamento do
processo (fls. 229), operando- se, a partir dai, o regular prosseguimento da causa.
Publique-se. Brasilia, 10 de junho de 2002. Ministro CELSO DE MELLO Relator; STF.
Nesse sentido, conforme entendimento do STF não existe hierarquia formal entre as
normas constitucionais, podendo, contudo, existir uma hierarquia axiológica, de valor,
mesmo que entre normas constitucionais originárias.
Curso de Direito Constitucional, Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco,
8a edição, 2013. Ed. Saraiva. Pag. 94:
"O primeiro desses princípios, o da unidade da Constituição, postula que não se
considere uma norma da Constituição fora do sistema em que se integra. Dessa forma,
evitam-se contradições entre as normas constitucionais. As soluções dos problemas
constitucionais devem estar em consonância com as deliberações elementares do
constituinte. Vale, aqui, o magistério de Eros Grau, que insiste em que "não se interpreta
o direito em tiras, aos pedaços", acrescentando que "a interpretação do direito se realiza
não como mero exercício de leitura de textos normativos, para o que bastaria ao
intérprete ser alfabetizado. Esse princípio concita o intérprete a encontrar soluções que
harmonizem tensões existente entre as várias normas constitucionais, considerando a
Constituição como um todo unitário. Convém ao intérprete, a esse propósito, pressupor
a racionalidade do constituinte, ao menos como ponto de partida metodológico da
tarefa hermenêutica. Essa racionalidade - tomada como uma diretiva, mais do que como
uma hipótese empírica - leva o aplicador a supor um ordenamento constitucional ótimo,
ideal, que não entra em contradição consigo mesmo. Para que o princípio da unidade,
expressão da racionalidade do legislador constituinte, seja confirmado na atividade
interpretativa, o intérprete estará legitimado a lançar mão de variados recursos
argumentativos, como o da descoberta de lacunas axiológicas, tendo em vista a
necessidade de confirmar o esforço coerente do constituinte de promover um
ordenamento uniformemente justo. O princípio da unidade da Constituição tem
produzido julgados dignos de nota. Desse princípio, por exemplo, o Supremo Tribunal
Federal extraiu a inexistência de hierarquia entre as normas que compõe o texto
constitucional."
ADI 815 / DF, Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 28/03/1996 Órgão Julgador:
Tribunal Pleno Publicação
DJ 10-05-1996 PP-15131 EMENT VOL-01827-02 PP-00312 Parte(s)
REQTE. : GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ADVS. : GABRIEL PAULI
FADEL E OUTRO
REQDO. : CONGRESSO NACIONAL
Faz-se importante destacar que, de acordo com a Convenção Nórdica/ Oslo, não
configura dano qualquer informação que se mostre necessária para formação da pessoa
como membro consciente da sociedade. Se a informação não se mostrar necessária para
formação da pessoa como membro consciente da sociedade é preciso autorização para
sua veiculação, pois poderá configurar dano. No caso em tela, há relevância publica em
saber o fato do qual se trata o caso, tendo em vista que o roubo foi cometido em via
pública, podendo ele vir a ser noticiado.
Levando-se em consideração que nenhum direito é absoluto, devem ser feitas algumas
ressalvadas, o direito de informação tem limites, e deve se cingir apenas a noticiar o fato,
e, por se tratar de menor, apenas as iniciais dos nomes devem constar na notícia, as
imagens devem impossibilitar sua identificação pessoal e não se pode haver
comentários pessoais que tem que está redigindo a informação.
4. Ao julgar o HC 168052/SP, em que o STF discutia acerca do acesso a aparelho celular por
policiais sem autorização judicial, inclusive a verificação de conversas no aplicativo
WhatsApp, o Min. Gilmar Mendes citou o seguinte: “No julgamento do HC 91.867/PA
(Segunda Turma, de minha relatoria, DJe 20.9.2012), destaquei a diferença entre
comunicação telefônica e registros telefônicos, os quais receberiam proteção jurídica
distinta. Naquela oportunidade, defendi a impossibilidade de interpretar-se a cláusula
do artigo 5º, XII, da CF, no sentido de proteção aos dados enquanto registro, depósito
registral, porquanto a proteção constitucional seria da comunicação, e não dos dados.
Creio, contudo, que a modificação das circunstâncias fáticas e jurídicas, a promulgação
de leis posteriores e o significativo desenvolvimento das tecnologias da comunicação,
do tráfego de dados e dos aparelhos smartphones leva, nos dias atuais, à solução
distinta.” Levando em consideração apenas o trecho citado, responda,
fundamentadamente, em no máximo 15 (quinze) linhas, a qual instituto jurídico o
Ministro se refere.
Controle de constitucionalidade: controle de leis e atos normativos, contudo, incide sobre todos
os atos estatais. Todas as leis e atos normativos devem estar em compatibilidade com a
Constituição, de maneira contrária elas estarão sujeitas a um sistema de controle.
Tipos de inconstitucionalidade:
• Inconstitucionalidade por ação: tem-se uma lei ou ato normativo que
contraria/viola a constituição, tanto no aspecto material quanto no aspecto
formal.
• Inconstitucionalidade por omissão: não aplicação da constitucionalidade por
falta de regulamentação, trata-se de uma desvalorização funcional da
constituição; o que fica é apenas a letra morta.
o STF, Ação por omissão n. 1484: o fenômeno da erosão da consciência
constitucional.
o Mecanismos/ instrumentos de controle da inconstitucionalidade por
omissão:
1. Instrumento de controle abstrato: Ação de inconstitucionalidade
por omissão. Pode ser proposta por qualquer dos legitimados do
art. 103 da CRFB, sendo regulamentada na Lei 9.868. Se o Supremo
reconhecer a inconstitucionalidade por omissão e essa omissão for
do Poder Legislativo, o STF comunica e pede providência.
2. Instrumento de controle concreto: Mandado de Injunção (art. 5º,
inciso 71). Aquela pessoa que tem direito previsto na CRFB e não
pode exercer esse direito por não ter sido regulamentado, ela
impetra o Mandado de Injunção e o Judiciario, ao reconhecerá que
de fato ele tem o direito e que não pode exercer esse direito porque
não foi regulamento o Judiciario irá viabilizar para o impetrante o
exercício daquele direito. Quando isso, contudo, for inviável, o
Judiciario irá fixar prazo para que o direito seja regulamentado e não
sendo, que se reconheça a mora do Legislativo, assegurando ao
impetrante o direito de indenização.
• Inconstitucionalidade formal: resulta da não observância das normas
constitucionais relativas ao processo legislativo (instrumento usado pelo Estado para
produção dos atos legislativos).
o Exemplo 1: vício de iniciativa – quando um projeto de lei é apresentado por
alguém que não tem legitimidade para tal coisa.
o Exemplo 2: inconstitucionalidade orgânica - resultante da invasão da
competência legislativa de um ente estatal por outro ente.
• Inconstitucionalidade material: resulta da incompatibilidade em relação ao
conteúdo de uma lei ou ato normativo com a constituição.
o STF, ADI n. 3.232: “inconstitucionalidade chapada” – inconstitucionalidade
ostensiva/ gritante.
• Inconstitucionalidade total: toda a lei ou ato normativo contraria a constituição.
• Inconstitucionalidade parcial: apenas uma parte da lei ou ato normativo contraria a
constituição. Em razão do princípio da presunção de constitucionalidade, sempre
que for possível aproveitar parte da lei isso deve ser feito. Contudo, nem sempre a
parte remanescente considerada constitucional tem existência autônoma sem
aquela parte declarada inconstitucional, razão pela qual deverá ser feita a declaração
de inconstitucionalidade total da lei ou ato normativo.
Instrumentos/mecanismos de controle:
• Preventivo: tenta evitar a criação de uma lei ou ato normativo inconstitucional, incidindo
essencialmente sobre o processo de criação da lei ou ato normativo.
o Se desenvolve incialmente nas casas legislativas, onde tramitam os projetos e
propostas, tanto que nessas casas existem comissões, dentre elas a comissão de
constituição e justiça – que analisa a constitucionalidade dos projetos
apresentados -, sendo esta competente para arquivar projetos considerados
inconstitucionais.
o Processo legislativo comum: superado toda a tramitação, o projeto de lei
definitivamente aprovado pelo poder legislativo não é lei, continua sendo um
projeto, devendo ser encaminhado ao chefe do poder legislativo, podendo este
vir a concordar com aquele projeto, sancionado-o/transformando aquele
projeto em lei (pode ser expresso ou tácito – o silencio no prazo de 15 dias
significa sanção prática) ou através do veto presidencial, controlar o projeto
legislativo, que também é um instrumento preventivo de controle de
constitucionalidade, incidindo sobre os projetos de lei (não há veto ou sanção
sobre outros atos, apenas sobre projetos de lei).
▪ Há dois fundamentos para o veto do presidente da república:
1. Veto por contrariedade ao interesse público: trata-se de um
controle de mérito; o presidente pode controlar o projeto legislativo
se ele for contrário ao interesse público.
2. Veto por inconstitucionalidade: o presidente da república pode
vetar um projeto de lei por considerá-lo inconstitucional.
▪ O veto impede que o projeto de lei se transforme em lei.
▪ O veto, porém, pode ser derrubado pelo Congresso.
o Possibilidade de controle judicial preventivo de constitucionalidade: o STF
considera possível a impetração, por um parlamentar – pois só ele tem o direito
líquido e certo de participar do procedimento legislativo -, de MS para impedir
a tramitação da proposta de emenda que contrariar uma cláusula pétrea, isso
porque a redação do art. 60, § 4º estabelece que não será sequer objeto de
deliberação/discussão proposta de emenda tendente a abolir cláusula pétrea.
▪ Em relação ao conteúdo de projeto de lei isso não é possível, pois a
constituição não proibiu a tramitação de projeto de lei inconstitucional
(tanto que ele pode ser vetado), o Supremo, contudo, entende que se
houver uma violação ao processo legislativo, referente a uma questão
formal, o parlamentar também poderia impetrar MS (não é possível,
nesse caso, a impetração de MS no caso de suposta contrariedade
material).
• Repressivo: atinge leis e atos normativos já criados. Ele é essencialmente exercido pelo
judiciário, através do sistema de controle difuso ou do sistema de controle concentrado,
mas se prevê a possibilidade do seu exercício pelo legislativo e executivo.
o Hipóteses de controle repressivo exercido pelo legislativo e executivo:
▪ Medida Provisória – art. 62: ela é editada pelo presidente da república
para tratar de matérias relevantes e urgentes que não podem aguardar
a tramitação normal e o projeto de lei. A medida provisória tem força
de lei a partir da sua edição e é submetida ao Congresso que pode
rejeitar a MP se entender que ela é inconstitucional ou se entender que
ela não trata de matéria relevante ou urgente. Trata-se de um controle
repressivo porque tem como objeto um ato legislativo que já está
produzido efeito.
▪ Lei delegada - art. 49, V: o Congresso delega ao presidente a
competência para criação de uma lei e ao exercer essa competência o
presidente vai além, ultrapassando os limites da delegação, nesse caso,
o Congresso irá sustar a eficácia da lei delegada na parte que ultrapassar
o limite da delegação. É controle de constitucionalidade porque
ultrapassou os limites da delegação, se está usurpando uma
competência legislativa.
▪ Sumula 347 do STF: possibilidade do tribunal de contas (não é órgão do.
Poder Judiciario) analisar constitucionalidade de lei ou ato normativo
em situações concretas. Em 2023, o STF (MS 25.888) entendeu pela
constitucionalidade dessa Sumula, que antes era muito discutida.
▪ Possibilidade que se reconhece ao Chefe do Poder Executivo de negar
vigência a uma lei por ele considerada inconstitucional. Essa
possibilidade não está prevista na Constituição, contudo há o
reconhecimento dessa possibilidade, assumindo o presidente os riscos
de tal conduta.
Interpretação conforme a constituição: é possível que uma lei possua mais de uma
interpretação, sendo uma delas considerada inconstitucional, nesse caso o Supremo pode
declarar apenas aquela interpretação como inconstitucional, sem declarar a norma
constitucional, aproveitando-a em razão da outra interpretação compatível com a constituição,
de maneira a eliminar apenas a interpretação considerada inconstitucional.
“Art. 2º. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após
reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula
que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta
e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei.”
o A pergunta que fica é: isso não engessaria a jurisprudência? A lei 11.417, que
trata da Sumula vinculante permite a revisão da Sumula ou o seu cancelamento.
O seu art. 3º prevê os legitimados para propor a edição, revisão ou
cancelamento de uma Sumula, como se observa abaixo:
o A Sumula vinculante, então, foi criada nesse contexto de dar uma maior
segurança jurídica às questões constitucionais, impactando no sistema difuso.
o É se algum órgão do Poder Judiciário contrariar ou decidir de forma diferente do
enunciado de uma Sumula vinculante, qual o mecanismo de controle? A
Reclamação ao STF (art. 7º da lei 11.417)
R:
RE 955.227
Tema 885 de Repercussão Geral “As decisões do STF em controle incidental que
sejam anteriores à instituição do regime de repercussão geral não impactam a coisa
julgada que já tenham transitado em julgado, mesmo nas relações jurídicas de trato
sucessivo. Já as decisões proferidas em ação direta ou em sede de repercussão geral
interrompem automaticamente os efeitos temporais das decisões transitadas em
julgado nas referidas relações, respeitadas a irretroatividade, anterioridade anual e
a noventena. Os efeitos temporais da coisa julgada nas relações jurídicas de trato
sucessivo são cessadas quando o STF se manifesta em sentido oposto.”
R:
R:
Recurso em HC 136.961 “A resolução da IDH deve ser aplicada a todo período cumprido
pelo condenado. Ao sujeitar-se a jurisdição da Corte, o país alarga o rol de direitos das
pessoas e o espaço de diálogo com a comunidade internacional. A jurisdição brasileira
pode ampliar o rol de direitos humanos.”
3. Determinado Partido Político propõe Reclamação (CRFB, art. 102, I) com o objetivo de
fazer preservar a competência do STF por entender que um magistrado, em 1a instância,
a teria usurpado ao julgar procedente ação civil pública promovida pelo Ministério
Público estadual, na qual declarou incidentemente a inconstitucionalidade de norma
contida em Lei Orgânica de determinado Município. Como conseqüência desse ato, o
número de Vereadores da Câmara Municipal diminuiria de 21 para 14. O reclamante
entende que, desta forma, o limite subjetivo da coisa julgada estender-se-ia além das
partes litigantes, já que teria efeito erga omnes, representando disfarçada utilização de
ADIN pelo MP em sede de ação civil pública. Procede o pedido?
R:
O art. 29 da CF, na sua original redação, fixava critérios para definição do número de
vereadores eleitos em cada município. Havia o debate se não seria caso de se aplicar a
proporcionalidade. Em algumas ACPs, o juiz dizia que isso era inconstitucional e que o
número de vereadores deveria diminuir.
"A ACP não pode ser utilizada para defesa de direitos disponíveis ou privados. (...)." AGRE
1.0302.113 - Importante ler a decisão.
4. JOÃO CARLOS, condenado por crime hediondo no Estado do Acre, ajuíza uma
reclamação em maio de 2006, junto ao STF, pretendendo a progressão de seu regime.
Alega que o STF, ao julgar o HC 82959/SP, declarou incidentalmente a
inconstitucionalidade do art. 2o § 1o da Lei 8072/90, motivo pelo qual o benefício dever-
lhe-ia ser deferido. Ao se manifestar sobre o tema, o Ministério Público alega que o
benefício não deve ser deferido ao reclamante, já que a decisão apontada como
paradigma declarou a inconstitucionalidade apenas incidentalmente. Responda
fundamentadamente, sem levar em consideração a superveniência da lei 11464/07, se
o pedido deve ser deferido.
R:
Processo Objetivo:
• Hoje o STF reconhece 5 ações diretas:
o Ação Direta de Constitucionalidade – ADC (art. 102, I, “a”, in fine): a pretensão
aqui é validar a norma legal.
▪ Lei própria que regula o tema: Lei 9.868/99
o Ação Direta de Inconstitucionalidade: a pretensão aqui é invalidar a norma legal,
afastando a presunção de constitucionalidade.
▪ Por omissão – ADIO (art. 103, § 2º): o Estado não produz a norma legal,
quando é obrigatória a sua criação.
• Lei própria que regula o tema: Lei 9.868/99
▪ Por ação: Estado produz a norma legal e ela é contrária a constituição.
• Genérica – ADIn (art. 102, I, “a”, initio): há um fim jurídico de
invalidar a norma.
o Lei própria que regula o tema: Lei 9.868/99
• Interventiva – Adii (art. 36, III): é a ação específica para
intervenção federal, não havendo tão somente um fim jurídico,
mas também político.
o Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF (art. 102, § 1º):
ação subsidiaria; o que marca essa ação é o seu cabimento quando uma ação
direta não for cabível ou eficaz.
▪ Lei própria que regula o tema: Lei 9.882/99
• Decisão de Mérito:
o Eficácia pessoal – efeito em relação as pessoas: tendo-se um processo objetivo
não tem como se ter um efeito inter partes, visto que não há partes nesse
procedimento. O efeito, portanto, é erga omnes.
▪ Contudo, o art. 102, § 2º fala em efeito erga omnes e efeito vinculante.
• Gilmar Mendes: Efeito vinculante é ampliação dos limites da
coisa julgada (evidentemente material).
o Coisa julgada: coisa julgada formal quer dizer preclusão,
durante o processo preclui a questão. Coisa julgada
material quer dizer definitividade, a decisão passa a ser
definitiva porque passou a ser imutável. Nesse caso, há
dois limites: objetivo e subjetivo.
▪ Limite subjetivo: apenas as partes são atingidas
pela autoridade da coisa julgada material.
▪ Limite objetivo: apenas o dispositivo da
sentença ou do acórdão é atingido pela
autoridade da coisa julgada material.
o O efeito vinculante possui ampliação dos dois limites da
coisa julgada material.
o A primeira diferença que existe entre efeito erga omnes
e efeito vinculante é que se a decisão tiver sido tomada
em ação civil pública, apenas com eficácia erga omnes,
e fosse descumprida ou cumprida incorretamente, a
forma de estabelecer a eficácia dela seria através de
ação ordinária de responsabilização civil do Estado. Se
só houvesse eficácia erga omnes e fosse a decisão
descumprida, caberia ação ordinária de
responsabilização civil do estado, perante o juízo
competente. Se a decisão tem efeito vinculante, não
cabe ação ordinária, mas sim reclamação ao Supremo.
o Ampliação do limite subjetivo da coisa julgada: No caso
da ADIn a coisa julgada ultrapassa as partes, alcançando
os demais órgão do Poder Judiciario e a Administração
Pública. O efeito prático disso é permitir a reclamação
caso a decisão seja descumprida ou cumprida
irregularmente.
▪ Reclamação: pode ser proposta por qualquer
interessado jurídico (tenha ou não legitimação
para propor a ADIn); deve ser proposto
diretamente ao STF; proposto contra qualquer
ato do Poder Público (nem sempre é
jurisdicional, podendo ser administrativo);
pode ser proposto contra ato que descumpra a
decisão ou que a cumpra incorretamente; se ao
final for procedente, sendo o ato ilegal for
administrativo ele será anulado, sendo
jurisdicional ele será cassado, determinando
que o juízo pratique outro, observando a
eventual decisão.
▪ Similar aos efeitos erga omnes, contudo no
efeito erga omnes caberia ação ordinária, aqui
cabe reclamação ao STF se for idêntica a
norma.
o Ampliação do limite objetivo da coisa julgada: alcançará
não tão somente o dispositivo, mas também o
fundamento.
▪ O efeito prático disso numa federação é
alcançar normas de igual teor (o STF não
declara a norma inconstitucional, mas sim a
tese inconstitucional, alçando qualquer norma
igual a ela – não bastando similitude, deve ser
idêntica -, invalidando outras normas com
apenas uma decisão)
▪ Similar aos efeitos erga omnes, contudo no
efeito erga omnes atinge-se somente a norma
em si, aqui, sendo idêntica a norma, atinge-se a
tese.
CASOS CONCRETOS
R: Esse processo é objetivo, - citar características -, nele não há partes, somente parte,
havendo apenas demandado e não demandante, portanto, não se pode falar em
impedimento neste caso, pois as regras do CPC não são aplicáveis no processo objetivo,
sendo próprias do processo subjetivo.
R: O AGU, como sujeito do processo objetivo e noa podendo ter sua atuação
restringida, possui legitimidade para atuar em grau de recurso, podendo embargar
decisão na qual o STF declare a inconstitucionalidade da norma impugnada. A sua
atuação, portanto, é plena.
(Reclamação 1.951)
4. JOÃO apresentou reclamação, com pedido de liminar, contra decisão de Juizado Especial
Cível que teria desrespeitado a autoridade da decisão proferida pelo STF no julgamento
da ADPF 130 – tambem possui efeito vinculante -, que decidiu que a Lei de Imprensa (Lei
5250/67) não foi recepcionada pela CRFB88. Na inicial, alega o reclamante, em síntese,
que:
a) Delegado de Polícia ajuizou ação de indenização por danos morais acusando o
reclamante de ter veiculado matérias jornalísticas supostamente atentatórias a sua
honra, por meio de seu blog;
b) além de requerer reparação pecuniária pelas alegadas ofensas, o mencionado
agente postulou, em sede de tutela de urgência, a retirada das matérias publicadas
do blog do jornalista, bem como a proibição de que o mesmo jornalista divulgue
novas matérias acerca de sua atuação em determinada Operação policial em que
atua;
c) o juízo reclamado determinou cautelarmente, inaudita altera pars , que o jornalista
retirasse as matérias do referido blog jornalístico, sob pena de multa diária; e
d) ao assim agir, o magistrado teria violado o decidido pelo STF no julgamento da ADPF
130, uma vez que estabeleceu censura ao reclamante, obstando sua manifestação
jornalística acerca de fatos envolvendo a atuação pública da delegada.
(Reclamação 28.747)
Direitos Humanos: são os direitos que resguardam a pessoa humana (vida, liberdade, educação,
saude, segurança, integridade física, dentre outros).
• “Os direitos humanos são direitos protegidos pela ordem internacional contra violações
que um Estado posso cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição.” (Valerio de Oliveira
Mazzuoli)
• Direitos humanos e direitos fundamentais são em tese sinônimos. Contudo, utiliza-se a
nomenclatura direitos humanos quando são previstos em tratados internacionais,
enquanto que utilizamos a nomenclatura direitos fundamentais quando são tratados na
constituição.
• Principais características dos Direitos Humanos:
1. Universalidade: se aplicam a todas as pessoas.
2. Inalienabilidade: são intransferíveis, inegociáveis, indisponíveis.
3. Inexauribilidade: são inesgotáveis, isto é, não estão sujeitos a rol taxativo.
4. Imprescritibilidade: a proteção sobre esses direitos não prescreve.
5. Vedação ao retrocesso: uma vez implementados, não podem ser retirados pelo
Estado.
o OBSERVAÇÃO – pena de morte: o pacto de são josé da Costa Rica prevê
pegar continuação na gravação.
• A constituição e os Direitos Humanos:
o É importante destacar que a CRFB88 é a primeira CF do Brasil em que o homem
se sobrepõe ao Estado. Às garantias e os direitos fundamentais do cidadão
aparecem logo nos primeiros artigos. No primeiro, por exemplo, é estabelecido
o princípio da cidadania, da dignidade da pessoa humana e os valores sociais do
trabalho. Direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais dos cidadãos
também estão no texto constitucional.
• Dimensões dos Direitos Humanos, segundo Paulo Bonavides:
o 1ª geração: direitos de liberdade lato sensu – direitos civis e políticos (art. 5º e
art. 14).
o 2ª geração: direitos de igualdade lato sensu – direitos econômicos, sociais e
culturais (e, também, coletivos)
o 3ª geração: direitos de fraternidade lato sensu – desenvolvimento, paz, meio
ambiente, comunicação e patrimônio comum da humanidade.
o 4ª geração: diretos de solidariedade lato sensu – direito à democracia, à
informação, ao pluralismo, etc.
o 5ª geração: direitos da esperança lato sensu – direito à paz.
• O pacto de São José da Costa Rica trata dos direitos humanos de 1ª e 2ª geração.
• A constituição e o direito internacional:
o A CRFB88 reserva um artigo específico aos princípios que regem as relações
internacionais, dos quais destaco a prevalência e a proteção dos diretos
humanos (art. 4º, II)
o Direito internacional – fontes: art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de
Justiça (CIJ), órgão da ONU, criado em 1945. Pegar continuação na gravação.
▪ Fontes do direito internacional: convenções/tratados internacionais;
princípios gerais de direito e costumes internacionais.
▪ Há uma hierarquia entre essas fontes? Não, elas se encontram no
mesmo patamar.
o A CIJ julga apenas conflitos entre países, enquanto que o TPI (criado pelo
estatuto de Roma, em 1998) é criado para julgar crimes cometidos por pessoas
naturais (genocidio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de
agressão).
o O § 2º do art. 5º da CRFB estabelece que os direitos e garantias expressos na CF
não excluem os outros decorrentes do regime e dos principios por ela adotados,
ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte.
o Tratados e suas nomenclaturas:
▪ Convenção de Varsóvia – cuida de regras sobre transporte aéreo
internacional (1929)
▪ Tratado de Assunção – trata da criação do Mercosul
• Países que integram o Mercosul: República Federativa do Brasil,
Argentina, Paraguai, República Oriental do Uruguai.
▪ Acordo de Livre Comércio das Américas
▪ Protocolo de Quioto – trata do meio ambiente
▪ Pacto de São José da Costa Rica
▪ Estatuto de Roma – cria o TPI
▪ Carta das Nações Unidas – cria a ONU
▪ Declaração Universal dos Direitos Humanos
o Fases de elaboração dos tratados:
▪ Negociação (art. 84, VIII da CFRB88): dois ou mais representantes de
países se reunem para negociar um tratado. Não há previsão sobre o
tempo de duração dessa fase.
• Quem representa o país nessa fase? O Executivo Federal/ o
Presidente da República. Trata-se de uma competência
privativa, portanto, delegável. Pode, então, o presidente da
república nomear uma ou mais pessoas para, em comitiva,
negociar o tratado. Nesse ultimo caso, aquele que vai
representando o presidente leva uma carta de apresentação/
de plenos poderes, para comprovar que é um agente
plenipotenciário.
▪ Assinatura (art. 84, VIII da CRFB88): é assinado pelo chefe do executivo
ou quem ele determinar como agente plenipotenciário.
▪ Aprovação (art. 49, I da CRFB88): uma vez assinado o tratado, ele ainda
não possui efeitos, não sendo ainda uma norma, apenas demonstra a
intenção do país, devendo o tratado ser aprovado pelo Parlamento
daquele pais.
• A aprovação de um tratado internacional é de competência
exclusiva do Congresso Nacional. Não havendo prazo para essa
aprovação ocorrer.
• Ao aprovar o tratado, deve-se torná-lo público, e isso é feito
através da publicação em Diário Oficial.
• O decreto legislativo é a norma pela qual o Congresso informa
que aprovou o tratado.
▪ Ratificação: feita a aprovação, é necessário informar os outros países
dessa aprovação, em razão disso é feito uma carta/nota diplomática,
onde os países trocam cartas diplomáticas informando a ratificação do
tratado.
▪ Promulgação: após essa troca diplomática, o presidente da república
promulga o texto.
▪ OBS: convenção de Viena sobre o direito dos tratados uniformizou os
tratados para os países como um todo.
o Os tratados no ordenamento jurídico brasileiro:
▪ Os tratados como regra, ingressam ao direito brasileiro com força de lei
ordinária. Todavia, os tratados sobre direitos humanos que forem
aprovados na forma prevista do §3º do art. 5º da CRFB (EC 45/2009)
equipara-se a emenda constitucional.
• Exemplo: o tratado de marraqueche para facilitar o acesso a
obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou
com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso.
(Decreto 9.522/2018)
▪ Os tratados sobre direitos humanos aprovados de forma diversa do
dispositivo acima mencionado têm natureza supralegal – abaixo do
texto constitucional e acima da lei ordinária.
Sistema de Proteção de Direitos Humanos:
• Sistema global ou universal sobre a responsabilidade da ONU – o pacto internacional de
direitos civis e políticos; o pacto de direitos econômicos sociais e culturais. Ambos foram
ratificados em 1992.
• Sistemas regionais: OEA (1948) —> CIDH
o Europeu – convenção europeia de direitos humanos e liberdades fundamentais
(convenção EDH) aprovado em 1951, entrou em vigor em 1953.
o Africano – carta africana de direitos e dos povos (carta de Banjul – Capital da
Gambia), aprovada em 1981 e, em vigor desde 1986.
o Interamericano – pacto de são jose da Costa Rica, aprovado em 1969. Entrou em
vigor em 1978.
CASOS CONCRETOS
Nesse sentido, estabelece o art. 53, alínea “a” que compete à Assembleia Geral “decidir
as ações e políticas gerais da Organização”, o que pode ser interpretado como sendo o
poder de estabelecer sanções por violação de direitos humanos.
Este órgão, constituído de representantes de todos os Estados signatários, tem cunho
eminentemente político, e analisa os relatórios da Comissão e recomenda a adoção de
medidas reparatórias pelos Estados.
Conflito entre dois diplomas legais – qual deve prevalecer nesse caso concreto?
• A convenção de Varsóvia e o CDC possuem natureza jurídica de lei ordinária. Logo, não
à hierarquia entre os diplomas normativos.
• Assim, a solução do conflito envolve a análise dos critérios:
a) Cronológico: a convenção de Varsóvia com as alterações decorrentes da convenção
de Montreal (2006) é mais recente que o CDC (1990)
b) Especialidade: a convenção de Varsóvia é norma especial em relação ao CDC, pois
disciplina modalidade especial de contrato (transporte aéreo internacional de
passageiros).
• O art. 178 da CRFB dispõe que “a lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo,
aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional,
observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.”
o Essa redação foi dada pela emenda constitucional nº 7, de 1995, ou seja, após a
promulgação do CDC.
ADI ADC
STF reputa inconstitucional a Procedente Improcedente
lei
STF reputa constitucional a lei Improcedente Procedente
• O efeito vinculante das decisões do STF já passa a valer a partir da publicação da ata de
julgamento no Diário de Justiça.
• Efeito vinculante em relação aos órgãos do poder judiciário e da administração pública
federal, estadual, municipal e distrital:
o Esses órgãos estão vinculados a decisão/ obrigados a obedecer a decisão, sob
pena de responder a reclamação no STF.
o O poder legislativo e o exercício da função legislativa (atípica do presidente
também – em medida provisória, por exemplo) não fica engessado pela decisão
do STF em ADI e ADC, podendo aprovar uma lei em sentido oposto ao que foi
decidido pelo STF em ADI ou ADC, e não cabendo reclamação contra isso,
somente uma nova ADI.
o Essa decisão vai vincular o poder legislativo apenas no exercício das suas funções
atípicas, de administração.
o A função legislativa, exercida de modo precípua pelo legislativo e de modo
atípico pelo judiciário, não é atingida pela eficácia vinculante da ADC e da ADI.
• Efeito ex tunc em caso de procedência da ADC:
o Em caso de procedência da ADC o efeito é ex tunc. A lei já nasce com a presunção
de constitucionalidade. Quando o STF julga procedente a ADC ele só afirma essa
presunção.
• Efeito ex tunc em regra, em caso de improcedência da ADC, podendo aqui haver
modulação e efeitos ex nunc ou pro futuro.
o Em caso de improcedência da ADC a lei é considerada inconstitucional, tendo-
se uma declaração de inconstitucionalidade atrai-se a possibilidade de
modulação dos efeitos daquela decisão, podendo ser ex nunc ou ex tunc.
o Art. 27 da lei 9.868/99 – modulação de efeitos:
▪ Trata de uma faculdade, não há obrigação de modular os efeitos pelo
STF.
• Eficácia erga omnes:
o Se tratando de um processo objetivo, a decisão do STF em ADC e ADI vale para
todos.
• Efeito repristinatório de uma decisão em ADC ou ADI:
o Se a ADC é improcedente, ela irá gerar a inconstitucionalidade da lei ou ato
normativo. Sendo caso de uma lei, agora considerada inconstitucional pelo STF,
que revogou outra lei anteriormente, não havendo modulação dos efeitos da
decisão pelo STF é como se essa lei inconstitucional nunca tivesse existido, a
consequência disso é que a lei revogada volta a existir.
▪ Esse efeito é diferente no processo legislativo. Quando se tem a lei
revogadora, a repristinação precisa ser exprsssa (art. 2º, § 3º da LINDB).
Para a lei revogadora voltar, a revogação dessa lei por uma outra lei
precisa falar expressamente. Se uma terceira lei apenas revoga a
revogadora não vai implicitamente voltar a primeira lei.
o ADI 2.574 – o STF estabeleceu que se alguém propõe uma ADI contra uma lei
revogadora é preciso, também, impugnar a lei revogada se a revogada que
voltaria a produzir efeitos também for inconstitucional. Se apenas houver a
impugnação da lei revogadora, o STF nem conhece da ação, por falta de
interesse (pois não há sentido em ajuizar uma ADI para trazer a tona uma lei que
também era inconstitucional). Deve-se impugnar toda a cadeia normativa de
revogada e revogadora, se elas forem inconstitucionais.
o ADI 3.660 – O STF determina um limitador da cadeia normativa, indo até o
advento da CRFB/88.
• Efeito da decisão em controle concentrado e a coisa julgada em processos ordinários –
qual efeito a ADI ou ADC terá na coisa julgada formada em processos ordinários?
o Se o processo ainda está em curso, sem ter sido sentenciado, o juiz responsável
vai ficar sujeito ao efeito vinculante, tendo que observar o que foi decidido pelo
STF. Não fazendo isso, a parte poderá ingressar com uma reclamação ao STF.
o Já havendo sido proferida a sentença em processo ordinário, apesar do efeito
vinculante do STF, essa sentença que já foi dada (foi dada antes da decisão do
STF) ela não vai perder seus efeitos. Se ainda tiver prazo para apelação, a parte
terá que apelar pedindo para que o tribunal reforme a decisão porque ela esta
em confronto com o STF em ADI ou ADC.
o Se a sentença já tiver sido proferida em sentido oposto ao que o STF decidiu e
não havendo mais prazo para recurso, tendo ela sido transitada em julgado –
formando coisa julgada -, haverá uma garantia constitucional em favor da coisa
julgada.
▪ Art. 5º, inciso 36 da CRFB – a lei não prejudicará o direito adquirido/ o
ato jurídico perfeito, que é a coisa julgada.
▪ Ainda que haja coisa julgada existe a possibilidade de ingressar com
ação rescisória para desconstituições a coisa julgada. Admite-se essa
ação rescisória, neste caso, no prazo de 2 anos contados do trânsito em
julgado dessa decisão rescidenda.
▪ Sumula 343 do STF. Não cabe ação rescisória por ofensa literal de
disposição de lei quando a decisão rescidenda tiver sido baseada em
texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.
• Se a decisão que se almeja rescindir for baseada em
interpretação constitucional controvertida não vai ser aplicada
essa Sumula. Essa Sumula é limitada a controvérsia legal.
▪ O STF vem entendendo que cabe a rescisória quando a decisão
transitada em julgado tenha divergido da interpretação constitucional
fixada pelo STF posteriormente ao trânsito em julgado.
▪ De maneira diversa, se na época que o juiz decidiu de um modo igual ao
que o STF decidiu quando prolatou a sentença, ainda que o STF mude
seu entendimento posteriormente, não cabe rescisória.
▪ Transcorrido o prazo de 2 anos para rescisória, entendia-se que não se
cabia mais a ação. Contudo, o CPC veio relativizando a contagem do
prazo de 2 anos (art. 525, § 15 do CPC), permitindo que essa contagem
seja reaberta, contando-se a partir da decisão do STF.
• Ministro Barroso compreende que esse entendimento é
inconstitucional, tendo em vista que isso fragiliza a coisa
julgada. Contudo, o STF ainda não se debruçou sobre essa
questão.
Cautelar em ADC:
• Deferimento da cautelar em ADC – art. 21 da Lei 9868/99:
o O STF por decisão da maioria absoluta de seus membros poderá deferir a
cautelar em ADC, que consiste na determinação de que juízes e tribunais
suspendam os julgamentos dos processos que envolvam a aplicação da lei ou
ato normativo objeto da ação até o seu julgamento definitivo.
o Essa suspensão irá perdurar por no máximo 180 dias. Mas em alguns casos
excepcionais o STF já admitiu a prorrogação desse prazo (ADC 11 e ADC 12)
o Efeitos da cautelar em ADC é ex nunc, suspendendo os processos em curso.
Processos julgados ou já findos não serão abrangidos.
o Desde a ADC 4 o STF já entendeu que a ADC terá efeito vinculante e erga omnes,
então, todos os sujeitos estarão obrigados a suspender os processos.
• Indeferimento de cautelar em ADC:
o Em se tratando de Adi o STF reviu a sua posição anterior, definindo que no caso
de indeferimento de uma cautelar em ADI isso não significa a confirmação da
constitucionalidade daquela lei, não se dando efeitos vinculantes. O efeito
dúplice vinculante só se dará na decisão final, de mérito.
o O indeferimento da cautelar na ADC não significa que o STF decidiu que aquela
lei é inconstitucional, não se tendo efeitos vinculantes nesse indeferimento. O
efeito dúplice vinculante da cautelar também será somente na decisão final.
o O efeito prático disso é não se permitir o cabimento de reclamação contra juiz
que decidiu em sentido contrário. O juiz de primeiro grau, mesmo diante do
indeferimento de cautelar em ADC, poderá declarar a inconstitucionalidade da
lei, pois não há efeito vinculante.
o Quando o STF indefere uma cautelar em ADC ele está apenas não reconhecendo
a existência de urgência, ele não está ainda se debruçando sobre a
constitucionalidade ou não da norma.
o Reclamação 3233/SP: somente as decisões concessivas de liminares em ADI e
ADC é que se dotam de efeito vinculante.
CASOS CONCRETOS
Em regra não alcança, contudo, há a possibilidade da acao rescisoria. Por via de acao
rescisoria é possivel fazer com que essa decisao do STF alcance os processos da
jurisdição ordinária, com sentenca já transitada materialmente. Passados os 2 anos da
decisao transitada em julgado, tradicionalmente se entendia que não cabia mais a
rescisoria, contudo, as reformas do CPC trouxeram a possiblidade da reabertura do caso
se sobrevir decisao do STF em sentido contrário ao que o juiz de primeiro grau decidiu.
R: Sim, pois medida provisoria tem forca de lei, sendo passível de ADI e ADC.
R: O STF compreende que não, pois a CF exige a sua atuação quando se estiver diante
de ADI.
ADPF
• Base legal: art. 102, § 1º da CRFB e Lei nº 9.882/99
o A própria lei que regulamentou a ADPF foi objeto de ADI, na parte que se refere
a ADPF incidental, ficando suspensa de 1999 até maio de 2023, o STF, contudo,
no ano passado, entendeu que essa ADPF incidental é válida, e sendo válida
poderá ser utilizada a partir de agora.
• Conceito: a ADPF retrata ação de competência originaria do STF, que tem por fim evitar
ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do poder público, bem como
resolver controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual, distrital
ou municipal, editados antes ou depois promulgação da CF em vigor.
o O ato do poder público ao qual se refere é amplo, não se dirigindo somente a
atos do poder legislativo, compreendendo também a administração publica e o
judiciário. Deve haver pertinência temática e esse ato deve possuir um certo
grau de abstração, como a lei.
• Origens: não há ação idêntica fora do Brasil, contudo, há uma inspiração no recurso de
amparo do direto espanhol, recurso constitucional do direito alemão, writ foi certiorari
do direito americano.
• Pressupostos da ADPF:
1. Existência de ameaça ou violação a preceito fundamental provocada;
2. Inexistência de outro meio eficaz para sanar a lesividade (subsidiariedade);
3. Existência de uma lide proposta perante o Poder Judiciário (requisito específico no
caso de ADP incidental).
• Objeto da ADPF:
o É cabível em face de ato do Poder Público, podendo ser preventiva ou repressiva.
o Qualquer tipo de lei ou ato normativo (podendo ser também contra atos
administrativos e judiciais), desde que seja observado o princípio da
subsidiariedade e a lesão à preceito fundamental.
o Será cabível, então, em face de:
▪ Atos do Poder Público;
▪ Atos Privados;
▪ Atos Normativos de Direito Federal, Estadual e Municipal;
▪ Direito Pré-Constitucional (debate a recepção ou não de norma anterior
a constituição atual)
▪ Atos Administrativos;
▪ Atos Jurisdicionais.
• Ato normativo anterior a CRFB/88:
o A revogação da lei ou ato normativo editado antes da nova CF não impede o
exame da matéria em sede de ADPF, porque o que se postula nessa ação e a
declaração de ilegitimidade ou não recepção da norma por ordem constitucional
superveniente. (ADFP 33)
• Cabe ADPF sobre proposta de emenda a CRFB?
o Não, tendo em vista que a ADPF deve recair sobre ato do poder público
finalizado/definitivo.
o ADPF 43: para a ADPF ser possível o ato do poder publico deve estar definitivo,
não sendo possível alterações. Em face de lei em tramite, cabe Mandado de
Segurança, mas não cabe ADPF.
• Cabe ADPF em face do veto do presidente?
o Não, pois quando há o veto do presidente a lei ainda não está finalizada,
faltando ainda ela ser promulgada para produzir seus efeitos.
o ADPF 1 QO – jurisprudência majoritária do STF compreende que não cabe ADPF
em face de veto presidencial.
o Exceção: cabe quando justificado pela teratologia do caso (ADPFs 714, 715 e 718
MC-Ref)
▪ Veto entregue pelo presidente depois do prazo máximo dado pela
constituição. Após 15 dias sem manifestação do Presidente a sanção é
tácita, a lei se encontra própria para ser publicada. Nos casos acima,
passado o prazo para sanção ou veto, o presidente vetou a lei – e não
um projeto de lei, visto que o prazo para veto havia acabado e a lei já
estaria terminada.
• Cabe ADPF em face de artigo já revogado? Não.
o ADPF 211-MC/DF: Se a lei já estava revogada quando a ADFP foi protocolada, a
ADPF vai ser rejeitada de pleno pelo STF.
o ADPF 449: Se a lei foi revogada após o protocolo da ADPF, o STF pode entender
que a ADPF deve continuar tramitando, para fixar regime aplicável as relações
jurídicas entre a promulgação da lei ou do período do protocolo da ADPF e da
revogação, e para caso haja lei estadual ou municipal idêntica.
• Cabe ADPF em face de decreto regulamentar?
o Há duas possibilidades de decreto pelo chefe do poder executivo:
▪ Decreto autônomo o presidente pode fazer sozinho em situações em
que não existe lei para amparar (art. 84, VI)
▪ Decreto regulamentar o presidente irá pegar uma lei e em cima dela ele
irá regulamentar uma situação. É sempre baseado numa lei. (Art. 84, IV)
o Se o decreto for autônomo ele poderá ser objeto de ADPF, tendo em vista que
nesse caso se trata de um decreto que a própria CF permite sua feitura sem lei
que o ampare.
o Segundo entendimento do STF, não cabe ADPF em face de decreto
regulamentar, sob o fundamento de que, tendo em vista que não cabe controle
concentrado em face de ato normativo secundário, sendo o decreto
regulamentar utilizado somente para dar execução a uma lei, compreendendo-
se, assim, que o presidente não pode inovar. (ADPF 93)
▪ Nesse caso é necessário ingressar com uma ADPF contra a lei, pedindo
juntamente a inconstitucionalidade do decreto, ou ingressar com uma
ação autônoma para discutir aquele decreto.
o Decreto estadual - ADPF 369
• Cabe ADPF por omissão inconstitucional?
o Sim, segundo o entendimento do STF será cabível quando for verificado que o
mandado de injunção ou ADO não vão ser eficientes - ADPF 272
• Cabe ADPF em face de sumula?
o Segundo o STF, a Sumula precisa ter um enunciado com preceito geral e abstrato
para ser objeto de ADPF - ADPF 501
• Cabe ADPF em face de sumula vinculante?
o Não é cabível, pois há um procedimento específico para cancelamento ou
revisão da Sumula vinculante. A possibilidade de ingresso de ADPF contra
sumula vinculante violaria essa previsão - ADPF 147
• Cabe ADPF contra ato judicial?
o Sim. Segundo entendimento do ministro Barroso, os atos judiciais, como regra
geral, deverão ser impugnados mediante os recursos cabíveis, sendo necessário
esgotá-los sem sucesso para ingressar com a ADPF (diante do caráter subsidiário
da ADPF). Entretanto, em casos graves de erro in procedendo e in iudicando,
com ameaça de lesão a preceito fundamental e havendo relevância na
controvérsia constitucional, não sendo possível produzir o resultado
constitucionalmente adequado pelos mecanismos do processo subjetivo, será
possível se cogitar o cabimento de ADPF.
o Gilmar Mendes: duas possibilidades de cabimento da ADPF (é necessário não
ter a decisão transitado em julgado):
I. Lesão a preceito decorrente de mera interpretação judicial
II. Contrariedade a Constituição decorrente de decisão judicial sem base
legal.
o ADPF 484
o ATENÇÃO: não cabe ADPF para desconstituir decisão judicial.
o O STF, portanto, compreende que ato judicial é ato de poder público. Se a
decisão já transitou em julgado, nessa hipótese há ação própria – ação rescisória
-, a ADPF não será utilizada nesse caso para derrubar decisão judicial.
o ADPF 693 – ADPF não é sucedâneo de ação rescisória e nem serve ao próprio de
• Conceito de preceito fundamental:
o Não há definição legal ou mesmo do próprio STF. Trata-se de um conceito
jurídico aberto/ indeterminado.
o Preceito fundamental, segundo a jurisprudência do STF, seria aquilo que serve
de base para a interpretação das demais normas constitucionais.
o Segundo o STF, compreende:
▪ Direitos e garantias fundamentais
▪ Princípios constitucionais sensíveis
▪ Cláusulas pétreas
▪ Meio ambiente e desenvolvimento sustentável
▪ Direito a saude
▪ Autonomia administrativa e financeira da defensoria publica
o Segundo a doutrina, compreende:
▪ Princípios fundamentais da CRFB88
▪ Direitos fundamentais
▪ Cláusulas pétreas
▪ Princípios consticionalidade sensíveis
▪ Princípios da ordem econômica
▪ Normas relativas ao estado democrático de direito
▪ Princípio de administração publica
• Princípio da subsidiariedade:
o A ADPF será utilizada quando não há meio eficaz para sanar a violação a preceito
fundamental.
o Requisitos, segundo o STF, para que a ADPF seja manejada ou não, ainda que
caiba outro meio judicial (como por exemplo o MS):
▪ Mesma efetividade – essa decisão será tão efetivo quanto uma ADPF?
▪ Imediaticidade – essa decisão para efeito imediato ou não?
▪ Mesma amplitude – essa decisão judicial não ação individual
necessariamente ela irá alcançar tanta gente quanto a ADPF faria?
o Lei 9.882/00, art. 4º, § 1º
o Posições doutrinarias sobre subsidiariedade:
1. Equivalência dos resultados: a possibilidade de ajuizamento de qualquer
outra ação (objetiva ou subjetiva, individual ou coletiva) ou recurso
prejudica a ADPF.
o Aquela ação ou recurso conseguiram produzir os mesmos
resultados da ADPF? Se a resposta for sim, não caberá a ADPF.
2. Equivalência dos processos: somente se houver a possibilidade de
ajuizamento de uma ação objetiva de controle concentrado é que a ADPF
fica descartado.
o Se há outra ação de controle de constitucionalidade cabível, não
caberá ADPF, pois os efeitos são os mesmos.
o ADPF 319
o ADPF 33 – exemplo de um caso em que houve inexistência de outro meio eficaz
de sanar a decisão
o ADPF 378
o ADPF 261 – o cabimento da ADPF será viável desde que haja a observância do
principio da subsidiariedade, que exige o esgotamento de todas as vias possíveis
para sanar a lesão ou a ameaça de lesão a preceitos fundamentais, ou a
verificação, ab initio, da inutilidade de tais meios para a preservação do preceito.
• Espécies de ADPF:
o Cabível como:
▪ Arguição autônoma (direta) – não visa debater se o ato é ou não
constitucional, mas sim se o ato lesiona ou não preceito fundamental.
▪ Arguição incidental (estava suspensa por medida cautelar até nov/2023)
• ADPF autônoma:
o Controle concentrado e abstrato de constitucionalidade
o Apenas as normas da constituição que dizem respeito a preceitos fundamentais
podem servir de parâmetro para ADPF
o Objeto mais amplo que a ADI/ADC, compreendendo atos normativos e atos não
normativos.
• ADPF incidental/indireta/paralela/por derivação:
o Controle difuso de constitucionalidade
o Art. 6º, § 1º da lei 9.882/99
o Art. 1º da lei 9.881/99 – deve-se comprovar a controvérsia judicial relevante.
o Pressupostos específicos da ADPF incidental:
▪ Relevância do fundamento da controvérsia constitucional (deve-se
comprovar que aquilo beneficia um número significativo da parcela da
sociedade, não tão somente as partes que litigam no processo);
▪ Contra lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, inclusos os
anteriores da CRFB/88 que não caiba ADI, ADC ou ADO (princípio da
subsidiariedade);
o ADI 2.231-8: nessa decisão o STF entendeu que a previsão da ADPF incidental
não viola os princípios do juiz natural ou do devido processo legal, mas veicula
mecanismo eficaz de decisão de uma mesma questão de direito, de forma
isonômica e uniforme, contribuindo para maior segurança jurídica.
• Diferenças entre a arguição autônoma e a arguição incidental:
R:
Se o MS nesse caso não for eficiente para sanar a lesividade, não sendo um meio amplo,
geral e imediato da controvérsia constitucional, será cabível a ADPF.
R:
ADPF 369
Se é decreto estadual pré 88 poderá ser analisado em ADPF, contudo, não cabe ADPF
para desconstituir uma sentenca transitada em julgado. Com base na decisao da ADPF,
é possivel ingressar com acao rescisoria.