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CONSTITUIÇÃO

Constituição

No Direito Constitucional distinguimos duas modalidades de fontes: as escritas e as não-


escritas.

As fontes escritas abrangem: a) as leis constitucionais; b) as leis complementares ou regulamentares


- figura especial de leis ordinárias que servem de apoio à Constituição e fazem com que numerosos
preceitos constitucionais tenham aplicação;c) as prescrições administrativas, contidas em
regulamentos e decretos, de importância para o Direito Constitucional, desde que, recebendo a
delegação de poderes, entre o governo no exercício da delegação legislativa; d) os regimentos das
Casas do Poder Legislativo, ou do órgão máximo do Poder Judiciário; e) os tratados internacionais,
as normas de direito Canônico, a legislação estrangeira, as resoluções da comunidade internacional
pelos seus órgãos representativos, sempre que o Estado os aprovar ou reconhecer; f) a
jurisprudência, não obstante o caráter secundário que as normas aí revestem, visto que, em rigor, a
função jurisprudencial não cria Direito, senão que se limita a revelá-lo, ou seja, a declarar o direito
vigente; g) e, finalmente, a doutrina, a palavra dos tratadistas, a lição dos grandes mestres.

Quanto às fontes não escritas, são, essencialmente, duas: o costume e os usos constitucionais.

O costume forma-se quando a prática repetida de certos atos induz uma determinada coletividade à
crença ou convicção de que esses atos são necessários ou indispensáveis.

Sua importância para o Direito Constitucional é imensa.

Os usos constitucionais compõem enfim, a segunda categoria das fontes não-escritas. Sua relevância
é maior nos países desprovidos de Constituição escrita ou que a possuem em textos sumários.

Conceito:

A Constituição pode ser conceituada como:

• Conjunto de Normas associadas a Estrutura do Estado;

• Direitos e Deveres do Cidadão.

Conceito:

Documento jurídico de uma sociedade que decide se auto-constituir.

A constituição estabelece as competências de cada um dos poderes. Realiza a arquitetura do Estado.

Estabelece também quais são os direitos do cidadão em relação ao Estado que ele criou.

O Estado regulamenta, por exemplo, o sistema de previdência social. A previdência será centralizada
e gerenciada por quem? Esta é uma prestação positiva do Estado.

O Estado Social privilegia o princípio da igualdade.

O CADE, por exemplo, regula a atividade econômica de diversas empresas.

O artigo 173, caput, da Constituição Federal, reza o seguinte:

"Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Nação e soberania nacional

Constitucionalismo: O Estado, ao ser criado, deve ter suas normas escritas em um documento que
deve ter força de lei.

O Estado se submete ao próprio direito que foi criado por ele.

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Obs: Israel não tem uma Constituição escrita.

Objeto:

O Direito Constitucional é o ramo do Direito que tem por objeto o estudo da Constituição. Estudar a
Constituição não é estudar apenas o texto da Constituição Federal de 1988. Devemos estudar
também os aspectos teóricos que cercam esse tema, ou seja, são objeto do Direito Constitucional
tanto as teorias que se criaram acerca da Constituição, formadas por especialistas no assunto,
quanto o texto da própria Constituição.

Classificação:

• Escritas : Até os fins do século XVIII preponderavam as Constituições costumeiras, sendo raras as
leis constitucionais escritas, isto é, as leis postas em documentos formais. Na época contemporânea
inexistem Constituições totalmente costumeiras, as constituições, em regra, são escritas.

• Dogmáticas: assumem dogmas e os dogmas estão no documento formal. Ex: Direito à liberdade.
Não pode existir no Direito brasileiro uma lei que se contraponha à liberdade.

• Sistemática: Obra de um legislador racional.

• Histórica: Fruto da evolução histórica.

• Material:Do ponto de vista material, a Constituição é o conjunto de normas pertinentes à


organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo,
aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais, não tem que estar necessariamente
arrolada num documento escrito. Tudo quanto for conteúdo básico referente à composição e ao
funcionamento da ordem política exprime o aspecto material da Constituição. Debaixo desse aspecto,
não há Estado sem Constituição, Estado que não seja constitucional, visto que toda sociedade
politicamente organizada contém uma estrutura mínima, por rudimentar que seja.

Em regra, a Constituição material está contida na Constituição Formal.

É possível, de acordo com certa posição doutrinária haver normas não constitucionais dentro da
Constituição.

• Formal:As Constituições não raro inserem matéria de aparência constitucional. Assim se designa
exclusivamente por haver sido introduzida na Constituição, enxertada no seu corpo normativo e não
porque se refira aos elementos básicos ou institucionais da organização política.

Entra essa matéria pois a gozar da garantia e do valor superior que lhe confere o texto constitucional.

A Constituição formal é pois o documento em que se arrolam as decisões tomadas pela sociedade.

O STF faz a análise da constitucionalidade das leis brasileiras.

• Populares ou promulgadas(ou democráticas):são aquelas que exprimem em toda a extensão o


princípio político e jurídico de que todo governo deve apoiar-se no consentimento dos governados e
traduzir a vontade soberano do povo.

• Outorgadas: O rei, principe ou chefe de Estado enfeixa em suas mãos poderes absolutos, mas
consente unilateralmente em desfazer-se de uma parcela de suas prerrogativas ilimitadas, em
proveito do povo, que entra assim no gozo de direitos e garantias, tanto jurídicas como políticas,
aparentemente por obra e graça apenas da munificência real. Nas constituições outorgadas, o
soberano outorga ao povo um conjunto de normas.

Do ponto de vista jurídico, a Constituição outorgada é ato unilateral de uma vontade política soberana
_ a do outorgante, mas do ponto de vista político representa quase sempre uma inelutável concessão
feita por aquela vontade ao poder popular ascendente, sendo pois o produto de duas forças
antagônicas que se medem em termos políticos de conservação ou tomada do poder. Essas duas
forças em conflito dialético são o princípio monárquico do absolutismo e o princípio democrático do
consentimento. Um decadente, o outro emergente.

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O chefe de Estado, outorgando a Constituição, a ela se sujeita, jurídica e políticamente, embora


alguns pretendam possa ele depois, no exercício da vontade soberana, que ficara latente, modificar a
seu alvedrio a ordem constitucional outorgada.

A Constituição pactuada é aquela que exprime um compromisso instável de duas forças políticas
rivais: a realeza absoluta debilitada, de uma parte, e a nobreza e a burguesia, em franco progresso,
doutra. Surge então como termo dessa relação de equilibrio a forma institucional da monarquia
limitada.

• Rígidas: as que não podem ser modificadas da mesma maneira que as leis ordinárias. Demandam
um processo de reforma mais complicado e solene. Quase todos os Estados modernos aderem a
essa forma de Constituição, nomeadamente os do espaço atlântico. Variável porém é o grau de
rigidez apresentado. Essas constituições estabelecem um mecanismo mais difícil, mais complexo,
para a sua alteração. Um projeto de lei ordinária pode ser votado por maioria simples, igual a metade
mais um dos presentes.

• Flexíveis: São aquelas que não exigem nenhum requisito especial de reforma. Podem, por
conseguinte, ser emendadas ou revistas pelo mesmo processo que se emprega para fazer ou
revogar a lei ordinária. Não estabelece sistema diferenciado entre emenda constitucional ou lei
ordinária. País típico de Constituição flexível é a Inglaterra, onde "as partes escritas de sua
Constituição podem ser juridicamente alteradas pelo Parlamento com a mesma facilidade com que se
altera a lei ordinária.

• Semi-rígida: Constituição imperial de 1824. Somente as leis de estrutura do Estado seriam rígidas,
as demais flexíveis.

Supremacia Da Constituição

A supremacia constitucional é o atributo que coloca a Constituição em posição de comando, destaque


e referência de toda a estrutura de um Estado, comandando à sua ordem jurídica, invalidando todas
as leis e atos que lhe forem contrários, obrigando e regendo a vida da Nação. Designa a especial
dignidade do documento constitucional, norma jurídica suprema que se situa acima de todas as
demais normas jurídicas produzidas pelo Estado.

Deve-se perceber que é da percepção da condição de supremacia da Constituição que se constrói a


teoria da recepção e todo o modelo de controle de constitucionalidade. Cabe aqui lembrar a a teoria
da construção escalonada de Hans Kelsen, segundo a qual cada norma jurídica aure sua validade de
uma outra norma superior, e assim sucessivamente até alcançar a Constituição que não sustenta sua
validade em nenhuma outra e sim nela mesma.Segundo Celso Bastos, as normas se encontram
escalonadas em uma hierarquia e formando uma espécie de pirâmide em cujo ápice encontra-se a
Constituição, fazendo com que todas as normas que se encontrem abaixo lhe sejam subordinadas.
Dessa forma qualquer norma que se encontre abaixo dela lhe deve obediência, de tal sorte que lhe
deverá sempre inteiro cumprimento sob pena de vir a ser viciada.

Isso é a supremacia da Constituição.

Aplicabilidade e interpretação das normas constitucionais

Poder Constituinte

O poder constituinte pode ser conceituado como o poder de criar um texto constitucional (poder
originário) ou de atualizar seu conteúdo (poder derivado). Independentemente de quem crie uma
nova constituição, tem-se naquele momento a manifestação do poder constituinte.

• Poder Constituinte Originário - original, incondicionado, ilimitado; não se submete a nenhuma


limitação. É o poder que cria e põe em vigor as normas constitucionais, sendo também chamado de
inicial ou inaugural. Esse poder instaura uma nova ordem jurídica, ou seja, é a partir de sua obra _ a
nova Constituição _ que todo o ordenamento jurídico passa a ter validade. A doutrina estabelece ser
ele inicial (Inaugura uma nova ordem jurídica. Dessa forma ele rompe com a Constituição anterior,
revogando-a. As normas infraconstitucionais existentes estarão também revogadas pelo fenômeno da
não-recepção), ilimitado (esse poder não encontra qualquer limite para estabelecer as regras que
deseja), autônomo (Apenas ao seu titular é dado o poder de determinar as regras da nova

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constituição) e incondicionado (não precisa obedecer a qualquer regra pra a produção de suas
normas. Ele mesmo cria o processo legislativo que entende correto para a sua formação).

• Poder Constituinte Derivado - Não é originário, é condicionado, limitado. Também conhecido como
Poder Instituído, Constituído, Secundário ou de Segundo Grau, esse poder busca estabelecer as
formas de atualização da obra oriunda do poder constituinte originário. Como poder constituído não
possui as características do poder originário, tendo em vista a existência de limites, condições e
regras para que possa ser exercido.

o Poder Constituinte Derivado Reformador

É o poder delegado pelo Poder Constituinte Originário a alguns órgãos para poder reformar a
Constituição. Consiste em poder alterar o texto constitucional original, criando-lhe emendas de
reforma, ou, simplesmente, emendas. É um poder cujos limites encontram-se previamente
estabelecidos na Constituição Federal e que não pode fugir da obediência de tais regras.

o Poder Constituinte Derivado Revisional


Esse poder de revisar o texto constitucional foi criado com a intenção de, cinco anos após a
promulgação da Constituição de 1988, permitir alterações sobre temas que, durante esse prazo, se
mostrassem conflitantes ou impraticáveis.

o Poder Constituinte Derivado Decorrente


Consiste tal poder na possibilidade de os Estados-membros elaborarem suas Constituições Estaduais
e dos Municípios e Distrito Federal elaborarem suas leis orgânicas.
Tal poder é uma decorrência da capacidade de auto-organização, autogoverno e auto-administração
de que são investidos, pela Constituição Federal, os Estados-membros.

Autonomia - poder de auto-governo e auto-organização. Poder de eleger seus próprios governantes.

Poder Constituinte Derivado Decorrente: Poder concedido pelo Constituinte Originário para que os
Estados Federados promulguem sua constituição de acordo com a Constituição Nacional.

• Limites:

o Poder Constituinte Derivado Reformador

▪ a) limites processuais - Estabelecem um processo legislativo mais rigoroso para a aprovação de


uma proposta de emenda à Constituição (PEC);

▪ b) limites circunstanciais - Sendo a emenda à constituição uma regra que altera o texto maior de um
Estado, sua promulgação tem de ocorrer em períodos de tranquilidade política e institucional. Assim,
a Constituição Federal proibiu que seu texto fosse emendado na vigência de intervenção federal,
estado de defesa e estado de sítio;

▪ c)limitações materiais - Consistem nos temas que não podem ser abolidos por meio de Emenda à
Constituição.

§ 1º. A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de
defesa ou de estado de sítio.

§ 2º. A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.

§ 3º. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

o I - a forma federativa de Estado;

o II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

o III - a separação dos Poderes;

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o IV - os direitos e garantias individuais.

- Processuais - tem que seguir as normas

- Materiais expressos - Parágrafo 4º do Art. 60 da Constituição, consideradas cláusulas pétreas;

- Materiais implícitos - Decorrem da razão.

Princípios fundamentais: princípios constitucionais. República Federativa do Brasil. O poder e sua


divisão. Estado Democrático de Direito. Direitos Humanos e seus tratados internacionais protetivos.

Conforme Celso Lisboa Bastos, princípios constitucionais são aqueles que guardam os valores
fundamentais da ordem jurídica. Princípio, conforme Uadi Lamêgo Bulos, é um enunciado lógico
extraído da ordenação sistemática e coerente de diversas disposições normativas, aparecendo como
uma norma de validade geral e dotada de maior generalidade e abstração do que as normas jurídicas
singularmente tomadas.

Distinção entre norma e princípio: A doutrina distingue norma constitucional de princípio


constitucional. A norma seria mais específica, mais precisa, de conteúdo mais objetivamente definido,
destinado a reger as situações às quais expressamente se refira. O princípio, por outro lado, seria um
enunciado mais abstrato, mais impreciso, que atuaria como elemento de harmonização da
Constituição, cujos efeitos seriam auxiliares na superação interpretativa das lacunas e contradições
lógicas existentes no texto constitucional.

A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal e constitui-se em Estado Democrático de Direito.

São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

Direitos Humanos e seus Tratados Internacionais Protetivos

A prevalência dos direitos humanos é um princípio de conteúdo jurídico impreciso. É possível ver que
os direitos humanos têm adquirido uma prevalência mais alta do que qualquer outro bem jurídico
atual. O Supremo Tribunal Federal decidiu pela prevalência da Constituição, no Direito brasileiro,
sobre quaisquer convenções internacionais, incluídas as de proteção aos direitos humanos.

a) Alguns direitos são de todos - universalidade dos direitos - a vida, a propriedade, mas outros se
destinam a grupos determinados e específicos, como os direitos dos trabalhadores. b) alguns direitos
são proclamados e válidos em determinada época, e desaparecem ou são modificados em outras. c)
inalienabilidade ou indisponibilidade - um direito inalienável não permite que seu titular o torne
impossível de ser exercitado para si mesmo, física ou juridicamente.

Direito e garantia: A primeira abordagem técnica, no direito brasileiro, a explorar a diferença entre
direito e garantia foi realizada por Rui Barbosa. Para ele, os direitos seriam disposições declaratórias,
e as garantias, disposições assecuratórias. Ou, em outras palavras, o direito é o que se protege, o
bem da vida guardado pela Constituição. A garantia é o mecanismo criado pela Constituição para
defender o direito.

Direitos de primeira geração: São os direitos civis e políticos, e compreendem as liberdades clássicas
(liberdade, propriedade, vida, segurança). São direitos do indivíduo perante o Estado, e a doutrina os
classifica como prestações negativas, ou seja, dever de não-fazer erigidos contra o Estado, em favor
do indivíduo.

Direitos de segunda geração- cobram do Estado uma prestação positiva. São os direitos econômicos,
culturais e sociais.

Direitos de terceira geração - São direitos coletivos, como ao meio ambiente, à qualidade de vida
saudável, à autodeterminação dos povos e à defesa do consumidor, da infância e da juventude. São
direitos de titularidade difusa e coletiva, como à paz, a autodeterminação dos povos, ao
desenvolvimento, à qualidade do meio ambiente, à conservação do patrimônio histórico e cultural.

Direitos de quarta geração: São os direitos que surgem e se consolidam ao final do milênio.

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Direitos Sociais - A doutrina fixa que os direitos sociais são aqueles cuja importância transcende a
esfera individual do seu detentor.

Garantias constitucionais:princípios e preceitos. Direitos e garantias. Mandado de segurança


individual e coletivo. Ação Popular. Ação civil pública. Habeas data. Mandado de injunção. Ação de
descumprimento de preceito fundamental.

Direito e garantia: A primeira abordagem técnica, no direito brasileiro, a explorar a diferença entre
direito e garantia foi realizada por Rui Barbosa. Para ele, os direitos seriam disposições declaratórias,
e as garantias, disposições assecuratórias.

Garantias fundamentais gerais: Conforme Uadi Lamêgo Bulos, são as que vêm convertidas naquelas
normas constitucionais que proibem abusos de poder e violação de direitos, limitando a ação do
Poder Público. Aparecem, por exemplo, no princípio de legalidade, no princípio da inafastabilidade da
jurisdição e no princípio do juiz e do promotor natural, no princípio do devido processo legal, no
princípio do contraditório e no princípio da publicidade dos atos processuais. Todos contidos no art. 5º
da CF.

Organização do Estado Brasileiro:

Da organização político-administrativa.

o A União;

o Estados Federados;

o O Distrito Federal e Territórios;

o Os Municípios.

República e União não são sinônimos. A União é uma pessoa jurídica de Direito Público interno com
capacidade política, que ora se manifesta em nome próprio (como União), ora em nome da
Federação (como República). No âmbito interno, a União é apenas autônoma. A República é que é
soberana. A União é entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros e municípios,
constituindo pessoa jurídica de direito público interno. Não se confunde com o Estado Federal, a
República, pessoa jurídica de direito internacional, formada territorialmente por Estado, pelo Distrito
Federal e pelos Municípios, e jurídicamente por esses três mais a União.

Os Estados são pessoas jurídica de direito público interno dotadas de autonomia, com
capacidade de auto-organização e normatização própria, auto-governo e auto-administração.

Distrito Federal: O Distrito Federal é entidade federal que dispõe de personalidade jurídica de direito
público interno, dotado de autonomia, de poder legislativo com competência cumulativa (Estado e
Município) e de competência tributária também cumulativa. Dispõe de Poder Executivo e de Poder
Legislativo próprios, mas o poder Judiciário é organizado e mantido pela União.

Município: Entidade federativa com personalidade jurídica de direito público interno, dotado de
autonomia, com competência legislativa e tributária. Dispõe apenas de Poder Legislativo e Poder
Executivo.

Compete exclusivamente ao Estado Federal manter relações internacionais, bem como definir a
política de defesa de toda a Federação.

Os Estados Federados dispões de Tribunais, Administração Pública e Forças de Segurança aos


quais incumbe a aplicação e execução da lei no seu território.

O Distrito Federal é um quadrilátero (chamado de Quadrilátero de Cruls) que envolve a Capital que é
Brasília. Brasília não é a capital da União e sim a Capital da República, uma vez que a união não tem
uma dimensão territorial.

Governo da União: Poder Legislativo. Poder Executivo. Poder Judiciário.

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Poder Judiciário: Federal e Estadual. Organização Judiciária: Funções essenciais da justiça.


Magistrados: prerrogativas, garantias e vedações. Natureza da jurisdição, seu monopólio e partição
das competências. Autonomia administrativa e financeira do Poder Judiciário.

O poder Judiciário consiste no conjunto de órgãos estatais que tem por função principal o exercício
da jurisdição. A decisão do Poder Judiciário, após transitado em julgado, não pode mais ser alterada.

Acepções de Constituição

▪ 1ª acepção: Sociológica. Foi capitaneada por Ferdinand Lassalli, anarquista de esquerda que viveu
na Áustria em 1819.

O Estado é a síntese de um confronto entre todos os fatores reais de poder,como sindicatos,


banqueiros, etc.

A Constituição nasce no mundo do ser como a luta das forças econômicas que resulta na estrutura
do Estado.

A Constituição escrita é uma mera folha de papel, se o que estiver lá escrito não estiver de acordo
com as forças do Poder.

▪ 2º. Composição sociológico-jurídica. Konrad Hesse. "A força normativa da Constituição".

A Constituição como norma tem o poder de conformar o mundo do ser.

Tem que haver uma propensão das pessoas em achar que a Constituição deve nortear a vida na
sociedade.

▪ 3º. Faceta política: Carl Smith - jurista alemão, grande líder intelectual do nazismo. Escreveu o livro
"O conceito do político". Político pode ser qualquer assunto que ganhe uma intensidade tal em que as
pessoas estejam dispostas a dar a sua própria vida.

A Constituição, para Carl Smith, era uma decisão política da sociedade.

▪ 4º. Acepção jurídica: Corrente positivista/normativista cujo principal expoente é Hans Kelsen.

O Estado era igual ao Direito.

Estado é uma associação de pessoas, num dado território, que resolve se submeter a um governo
soberano.

Hans Kelsen estabeleceu que o Direito é um conjunto de normas.

O fenômeno jurídico só nasce se houver uma predisposição das pessoas.

A Constituição busca seu fundamento numa norma que não é jurídica, precede o direito.

Kelsen pegou o conceito de Estado e transformou em imagem jurídica.

População, para ele, é o local onde a norma, baixada pelo Estado, incide. Ex. Um navio brasileiro em
Londres, é âmbito de validade para as normas brasileiras.

População = âmbito de validade das normas.

Soberania é uma qualidade de um dado ordenamento jurídico que não busca sua validade em
nenhuma norma posta e sim pressuposta.

Normas nascem, vivem e morrem.

Normas processuais estabelecem o processo legislativo.

Controle De Constitucionalidade

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Controle de constitucionalidade caracteriza-se como um mecanismo de correção presente em


determinado ordenamento jurídico, consistindo em um sistema de verificação da conformidade de um
ato (lei, decreto) em relação à Constituição.

Não se admite que um ato, hierarquicamente inferior à Constituição, confronte suas premissas, caso
em que não haveria harmonia das próprias normas, gerando insegurança jurídica para os
destinatários do sistema jurídico.

Para que um sistema jurídico funcione, pressupõe-se sua ordem e unidade, devendo as partes agir
de maneira harmoniosa.

O mecanismo de controle de constitucionalidade procura restabelecer a unidade ameaçada,


considerando a supremacia e a rigidez das disposições constitucionais.

O controle de constitucionalidade verifica eventual lesão de direitos fundamentais (constitucionais) ou


de outras normas do texto constitucional, objetivando preservar a supremacia constitucional contra
atentados vindos do legislador.

As normas constitucionais possuem um nível máximo de eficácia, obrigando os atos inferiores a


guardar uma relação de compatibilidade vertical para com elas. Se não for compatível, o ato será
inválido (nulo), daí a inconstitucionalidade ser a quebra da relação de compatibilidade.

Espécies de Inconstitucionalidade

O que se busca é saber quando uma norma infraconstitucional padecerá do vício de


inconstitucionalidade, que poderá verificar-se em razão de ato comissivo (ação) ou por omissão do
Poder Público.

Como espécies de Inconstitucionalidade temos:

a) Inconstitucionalidade por Ação e

b) Inconstitucionalidade por Omissão.

Norma Infraconstitucional - É a norma, lei que está hierarquicamente abaixo da Constituição Federal.
A Constituição Federal é considera a Lei Maior do Estado, e as demais normas jurídicas são
consideradas infraconstitucionais, pois inferior às regras previstas na Constituição.

Inconstitucionalidade por Ação - A Inconstitucionalidade por Ação conhecida também como positiva
ou por atuação tem como objetivo a verificar a incompatibilidade vertical dos atos inferiores (leis ou
atos do Poder Público) em relação à Constituição.

Incompatibilidade por Omissão – decorre por inércia legislativa na regulamentação de normas


constitucionais de eficácia limitada.

Normas de Eficácia Limitada - de São aquelas que não produzem a plenitude de seus efeitos,
dependendo da integração da lei. Não contêm os elementos necessários para sua executoriedade, e
se não forem devidamente regulamentadas pelo legislador carecem de vício de constitucionalidade e
podem ser consideradas normas inconstitucionais por omissão legislativa.

Espécies de Inconstitucionalidade por Ação

A inconstitucionalidade por ação pode ocorrer:

a) por vício formal;

b) por vício material.

Inconstitucionalidade por vício formal – é conhecida pelos nomes de inconstitucionalidade orgânica,


inconstitucionalidade propriamente dita, e inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos do
ato.

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Na inconstitucionalidade por vício formal verifica-se quando a lei ou ato normativo infraconstitucional
(leis) contiver algum vício em sua forma, ou seja, em seu processo de formação, vale dizer, no
processo legislativo de sua elaboração, ou ainda, em razão de sua elaboração por autoridade
incompetente.

Inconstitucionalidade por vício formal orgânica – A Inconstitucionalidade formal orgânica decorre da


inobservância legislativa para a elaboração do ato.

Como exemplo podemos citar que o Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento que é
inconstitucional uma lei municipal que venha a disciplinar o uso de competência da União, nos termos
do artigo 22, inciso XI, a qual é de sua competência legislar sobre o trânsito e transporte.

Inconstitucionalidade por vício formal propriamente dita – Esta inconstitucionalidade decorre da


inobservância do devido processo legislativo. Para elaborar uma lei a mesma passa por um
procedimento de fase inicial, em que é deflagrado o referido procedimento, e outras duas fases, a
fase constitutiva (deliberação parlamentar e executiva), passando pela Câmara dos Deputados e
Senado Federal, e a fase complementar (promulgação e publicação), o que são fases posteriores à
iniciativa na elaboração da lei.

Durante este trâmite podem surgir vícios no procedimento de elaboração da norma, o que o
legislativo pode não observar, e aí vir à norma ser declarada inconstitucional em algum vício
existente.

Podemos ter os vícios de natureza subjetiva e objetiva, sendo que o vício formal subjetivo é verificado
na fase de iniciativa. Algumas leis são de exclusividade do Presidente da República, ou seja, de
iniciativa privativa do Presidente, o que não pode outra pessoa proceder desta forma, se um
Deputado Federal invadir a matéria de competência do Presidente da República, estará diante de um
vício formal subjetivo insanável, e a lei será inconstitucional.

Em relação ao vício formal objetivo, será o mesmo verificado, nas demais fases do processo
legislativo, posteriores à fase de iniciativa. Por exemplo, se temos a votação de uma lei complementar
sendo votada por um quórum de maioria relativa, há um vício formal objetivo, pois de acordo com o
artigo 69 da Constituição Federal/88, a referida lei complementar deveria ter sido aprovada por
maioria absoluta.

Inconstitucionalidade formal por violação e pressupostos objetivos do ato

Se durante o processo legislativo não forem observados certos requisitos para a elaboração de uma
lei, e que não esteja de acordo com o ordenamento jurídico e que inclusive não houver o respeito à
Constituição Federal, poderá esta lei ser declarada inconstitucional.

O que temos como exemplo se em uma edição de uma medida provisória se não forem observados
os requisitos de relevância e urgência, a mesma estará viciada e não terá eficácia alguma, por violar
as regras contidas na Constituição Federal, e será a mesma inconstitucional.

Inconstitucionalidade por Vício Material

A inconstitucionalidade por vício material se refere ao conteúdo, substancial ou doutrinário. O vício se


diz respeito à matéria, ao conteúdo do ato normativo.

Caso um ato normativo afronte a Lei Maior (Constituição Federal) deverá ser declarado
inconstitucional, por possuir um vício material.

O conteúdo de uma norma não poderá afrontar os princípios constitucionais, se a matéria contida na
norma violar os direitos e garantias fundamentais, a inconstitucionalidade material estará presente e
não poderá a matéria ora viciada prevalecer em razão da Constituição Federal.

Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI

Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é a ação que tem por finalidade declarar que uma lei ou
parte dela é inconstitucional, ou seja, contraria a Constituição Federal.

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A ADI é um dos instrumentos daquilo que os juristas chamam de “controle concentrado de


constitucionalidade das leis”. Em outras palavras, é a contestação direta da própria norma em tese.

Uma outra forma de controle concentrado é a Ação Declaratória de Constitucionalidade. O oposto


disso seria o “controle difuso”, em que inconstitucionalidades das leis são questionadas
indiretamente, por meio da análise de situações concretas.

Partes

Somente as seguintes pessoas/ entidades podem propor esta ação: • Presidente da República; •
Mesa do Senado Federal; • Mesa da Câmara dos Deputados; • Mesa da Assembleia Legislativa ou da
Câmara Legislativa do Distrito Federal • Governador de Estado ou do Distrito Federal; • Procurador-
Geral da República; • Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; • Partido político com
representação no Congresso Nacional; • Confederação sindical ou entidade de classe no âmbito
nacional.

Não pode haver intervenção de terceiros no processo, ou seja, partes que não estavam
originariamente na causa não podem ingressar posteriormente.

Tramitação

A petição inicial deve conter cópia da lei ou do ato normativo que está sendo questionado. Ela deve
ser fundamentada, caso contrário pode ser impugnada de imediato pelo relator. O relator deve pedir
informações às autoridades de quem emanou a lei, tais como Presidente da República, Congresso
Nacional, para estabelecer o contraditório. Considerando a relevância da matéria e a
representatividade dos requerentes, o relator poderá ouvir outros órgãos ou entidades. Caso haja
necessidade de esclarecimento da matéria, podem ser designados peritos para emitir pareceres
sobre a questão ou chamadas pessoas com experiência e autoridade no assunto para opinar.

O Advogado-geral da União e o Procurador-Geral da República devem se manifestar nos autos.


Quando houver pedido de medida cautelar, só poderá haver concessão pela maioria absoluta dos
ministros que compõem o Tribunal, ou seja, por 6 votos. Somente em casos de excepcional urgência,
a cautelar poderá ser deferida sem que sejam ouvidas as autoridades de quem emanou a lei. Uma
vez proposta a ação, não se admite desistência.

A decisão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei somente será tomada se


estiverem presentes na sessão de julgamento pelo menos oito ministros. Uma vez proclamada a
constitucionalidade em uma ADC, será julgada improcedente eventual Ação Direta de
Inconstitucionalidade contra a mesma lei. Do mesmo modo, uma vez proclamada a
inconstitucionalidade em ADI, será improcedente a Ação Declaratória de Constitucionalidade contra a
mesma norma. Contra a decisão que declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade em ADC
e ADI não cabe recurso de qualquer espécie, com a exceção de embargos declaratórios.
Consequências jurídicas

A decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei tem eficácia genérica, válida contra todos e
obrigatória. A lei também diz que se gera o efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder
Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal, que não podem contrariar a
decisão. Ocorrem ainda efeitos retroativos, ou seja, quando a lei é declarada inconstitucional, perde o
efeito desde o início de sua vigência.

A decisão do Supremo Tribunal Federal passa a surtir efeitos imediatamente, salvo disposição em
contrário do próprio tribunal. Quando a segurança jurídica ou excepcional interesse social estiverem
em jogo, o STF poderá restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou decidir que ela
só tenha eficácia a partir do trânsito em julgado ou um outro momento a ser fixado. Essa decisão
depende da aprovação de dois terços do ministros.

Ação Declaratória De Constitucionalidade (ADC)

A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) foi introduzida no ordenamento jurídico pela


Emenda Constitucional n.º 3/93 com a alteração da redação do artigo 102, inciso I alínea a, e
acréscimo do § 2º ao referido artigo, bem como o § 4º ao artigo 103, todos da Constituição Federal,
tendo o sua disciplina processual sido regulamentada pela Lei 9.868/1999.

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CONSTITUIÇÃO

Busca-se por meio desta ação declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.

Objeto

O objeto da referida ação é lei ou ato normativo federal.

Competência

O órgão competente para apreciar a Ação Declaratória de Constitucionalidade é o STF de acordo


com o artigo 102, I, a, da Constituição Federal de 1988.

Legitimados

Serão os mesmos para a propositura da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI):

a) o Presidente da República;

b) a Mesa do Senado Federal;

c) a Mesa da Câmara dos Deputados;

d) a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

e) o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

f) o Procurador-Geral da República;

g) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

h) partido político com representação no Congresso Nacional;

i) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Procedimento

O procedimento na Ação Declaratória de Constitucionalidade é o mesmo a ser seguido que na Ação


Direta de Inconstitucionalidade genérica, só que aqui o Advogado-Geral da União não será citado,
visto que não há ato ou texto impugnado.

É vedada a intervenção de terceiros e a desistência da ação após a sua propositura.

A decisão é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo ser objeto
de ação rescisória.

Na ADC, é requisito obrigatório a demonstração de controvérsia relevante sobre a norma objeto da


demanda (art. 14, III da Lei 9.868/99).

A decisão da ADC, por maioria absoluta dos membros do STF, também produz efeitos “erga omnes”
(contra todos), “ex tunc” (retroage) e vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e
Poder Executivo. Não produz efeito vinculante apenas em relação ao Poder legislativo.

Tendo em vista que quando o Supremo Tribunal Federal decide a ADC decide também a prejudicial
em todos os processos concretos, haverá diversidades processuais nos processos concretos:

a) Se o juiz não tinha decidido: não decidirá mais, irá se reportar ao que o STF já decidiu, julgando a
ação improcedente.

b) Se o juiz tinha decidido pela inconstitucionalidade e transitou: o efeito vinculante não tem força
capaz de rescindir automaticamente a sentença transitada em julgado, mas pode servir de
fundamento para ação rescisória e cabe liminar.

c) Se o juiz já tinha decidido pela constitucionalidade, mas não transitou. Houve recurso e a decisão
do STF sobre a prejudicial foi pela constitucionalidade: O Tribunal confirma a decisão do Juiz,
aplicando a decisão do STF no recurso da parte.

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CONSTITUIÇÃO

d) Se o juiz tinha decidido pela inconstitucionalidade, mas não transitou. Houve recurso e a decisão
do STF sobre a prejudicial foi pela constitucionalidade: O Tribunal irá desfazer a decisão do juiz.

Medida Cautelar

Competência – a competência para decidir sobre a medida cautelar na ação declaratória de


constitucionalidade cabe ao Supremo Tribunal Federal.

Legitimidade - Os mesmos legitimados. A medida cautelar sempre será incidental, nunca


preparatória.

Concessão da medida - O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus
membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade,
consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos
que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objetivo da ação até seu julgamento definitivo.
(art. 21 da Lei 9868/99).

Efeitos da Decisão

A decisão de concessão da cautelar tem eficácia “erga omnes” (contra todos) e vinculante, em razão
do poder geral de cautela do Supremo Tribunal Federal.

Arguição De Descumprimento De Preceito Fundamental - ADFP

Os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados na Constituição da República Federativa do


Brasil de 1988 no Título II, sendo que esses direitos são classificados como gêneros nos seguintes
grupos a saber:

a) direitos e deveres individuais e coletivos;

b) direitos sociais;

c) direitos de nacionalidade;

d) direitos políticos;

e) partidos políticos.

O artigo 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, trata dos direitos e deveres individuais
e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias fundamentais.

Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional enquanto as garantias são
instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos que preventivamente os
repara, caso violados.

Através da Lei n.º 9.882/99 que regulamentou o § 1º do artigo 102 da Constituição Federal, foi
introduzido em nosso ordenamento jurídico um instrumento de proteção dos direitos e garantias
fundamentais, ora denominado de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADFP) a
ser utilizado perante o Supremo Tribunal Federal.

Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

Objeto – hipóteses de cabimento

A arguição de descumprimento de preceito fundamental será cabível, seja na modalidade de ação


autônoma, seja por equivalência ou equiparação

O objeto da arguição é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder
Público, o que aqui é a previsão de arguição autônoma.

Pode-se dizer que as espécies de arguição de descumprimento de preceito fundamental são duas:
arguição preventiva (evitar lesão) e arguição repressiva (reparar lesão).

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CONSTITUIÇÃO

Na hipótese da arguição de descumprimento de preceito fundamental ser por equivalência ou


equiparação será quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.

Nessa hipótese, deverá ser demonstrada a divergência jurisdicional, ou seja, a comprovação da


controvérsia judicial, relevante a aplicação do ato normativo, violador do preceito fundamental.

Preceito Fundamental – Conceito

Os preceitos fundamentais englobam os direitos e garantias fundamentais da Constituição, bem como


os fundamentos e objetivos fundamentais da República, de forma a consagrar maior efetividade às
previsões constitucionais

Partes Legitimadas

As partes legitimadas para propor a argüição de descumprimento de preceito fundamental serão os


legitimados para a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) sendo: a) o Presidente da República;
b) a Mesa do Senado Federal; c) a Mesa da Câmara dos Deputados; d) a Mesa de Assembléia
Legislativa; e) o Governador de Estado; f) a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara
Legislativa do Distrito Federal; g) o Governador de Estado ou do Distrito Federal; h) o Procurador-
Geral da República; i) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; j) partido político com
representação no Congresso Nacional; l) confederação sindical ou entidade de classe de âmbito
nacional.

Faculta-se ao interessado, mediante representação, solicitar a propositura de argüição de


descumprimento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da República, que, examinando os
fundamentos jurídicos do pedido, decidirá do cabimento do seu ingresso em juízo.

Procedimento

Proposta a ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental perante o Supremo


Tribunal Federal, por um dos legitimados, deverá o relator sorteado analisar a regularidade formal da
petição inicial que deverá conter:

a) a indicação do preceito fundamental que se considera violado;

b) a indicação do ato questionado;

c) a prova da violação do preceito fundamental;

d) o pedido, com suas especificações;

e) se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação do


preceito fundamental que se considera violado.

A petição inicial, acompanhada de instrumento de mandato, se for o caso, será apresentada em duas
vias, devendo conter cópias do ato questionado e dos documentos necessários para comprovar a
impugnação.

Indeferimento

Liminarmente, o relator, não sendo o caso de arguição, faltante um dos requisitos apontados, ou
inepta a inicial, indeferirá a petição inicial, sendo cabível o recurso de Agravo, no prazo de cinco dias,
para atacar tal decisão.

Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer
outro meio eficaz de sanar a lesividade, aqui aplica-se o princípio da subsidiariedade em que o
condiciona o ajuizamento da ação que para ser proposta não deverá existir qualquer outro meio
eficaz de sanar a lesividade, o que já está pacificado pelo Supremo Tribunal Federal este tema.

Concessão de Liminar pelo STF

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CONSTITUIÇÃO

O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir
pedido de medida liminar na argüição de descumprimento de preceito fundamental.

Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o
relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno.

O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o
Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de cinco dias.

A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de


processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com
a matéria objeto da argüição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da
coisa julgada.

Apreciado o pedido de liminar, o relator solicitará as informações às autoridades responsáveis pela


prática do ato questionado, no prazo de dez dias.

Se entender necessário, poderá o relator ouvir as partes nos processos que ensejaram a argüição,
requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer
sobre a questão, ou ainda, fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas com
experiência e autoridade na matéria.

Poderão ser autorizadas, a critério do relator, sustentação oral e juntada de memoriais, por
requerimento dos interessados no processo.

Julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

Decorrido o prazo das informações, ou seja, dez dias, o relator lançará o relatório, com cópia a todos
os ministros, e pedirá dia para julgamento.

O Ministério Público, nas argüições que não houver formulado, terá vista do processo, por cinco dias,
após o decurso do prazo para informações.

A decisão sobre a argüição de descumprimento de preceito fundamental somente será

Julgada a ação, far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos responsáveis pela prática dos atos
questionados, fixando-se as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito
fundamental.

O presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão


posteriormente.

Dentro do prazo de dez dias contado a partir do trânsito em julgado da decisão, sua parte dispositiva
será publicada em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.

A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder
Público.

Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, no processo de argüição de


descumprimento de preceito fundamental, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus
membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu
trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

A decisão que julgar procedente ou improcedente o pedido em argüição de descumprimento de


preceito fundamental é irrecorrível, não podendo ser objeto de ação rescisória.

Cabimento de Reclamação

Caberá reclamação contra o descumprimento da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal,
na forma do seu Regimento Interno.

Controle de Constitucionalidade das Leis Municipais

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CONSTITUIÇÃO

Vigem duas espécies de controle de constitucionalidade:

Controle político ou preventivo: Visa impedir o ingresso de lei ou ato normativo no ordenamento
jurídico exercido pelo Poder Legislativo.

Controle repressivo: Busca, por meio do Poder Judiciário, retirar do ordenamento jurídico normas
inconstitucionais já editadas.

No controle repressivo, temos:

Controle difuso, aberto ou por via de exceção ou defesa - Autoriza a todo e qualquer juiz ou Tribunal
realizar, no caso concreto, o exame de compatibilidade de lei ou ato normativo com a Constituição.

OBs:a) incidental; b) isenta a parte que pretendeu a inconstitucionalidade da norma do seu


cumprimento; c) a norma declarada inconstitucional, no controle difuso, permanece vigente para
terceiros.

Controle Concentrado- Tem por objetivo a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato


normativo independentemente da existência de um caso concreto. Esse controle abstrato de
constitucionalidade pode ocorrer de duas formas: por ação ou omissão.

OBs:a) controvérsia constitucional decidida com eficácia para todos e efeitos retroativos, em regra.

Compete aos Tribunais dos Estados (CF, artigo 125, § 2°.): a instituição de representação de
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição
Estadual.

OBs: não há previsão constitucional para o controle de constitucionalidade da norma municipal com
relação à Constituição Federal.

Obs2: a CF estabeleceu que os Tribunais dos Estados farão o controle de constitucionalidade da


norma municipal tendo como parâmetro a Constituição Estadual.

Obs3:Obs:Se a norma estadual for de reprodução obrigatória por simetria da Constituição Federal, o
STF conhece do tema em sede de Recurso Extraordinário no caso de negativa da pretensão de
inconstitucionalidade da ADI estadual.

Logo, da interpretação da Constituição, nos termos do item acima, pode-se concluir que o Tribunal de
Justiça não tem competência para julgar a constitucionalidade de norma municipal em confronto com
a Constituição Federal.

STF - “É pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, antes e depois de 1988, no sentido
de que não cabe a Tribunais de Justiça estaduais exercer o controle de constitucionalidade de leis e
atos normativos municipais em face da Constituição Federal.” ADIN 347-0.

Alexandre de Morais- “(…) será inadmissível ação direta de inconstitucionalidade perante o


Supremo Federal ou perante o Tribunal de Justiça local, inexistindo, portanto, controle concentrado
de constitucionalidade, pois o único controle de constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal
em face da Constituição Federal que se admite é o difuso, exercido incidenter tantum, por todos os
órgãos do Poder Judiciário, quando do julgamento de cada caso concreto”.

ADPF- A Arguição do Descumprimento de Preceito Fundamental está prevista no parágrafo 1º, do


art. 102 da CF e foi regulamentada pela Lei n. 9.882/99.

Obs: Art. 1º, parágrafo único, I da Lei n. 9882/88 - Caberá também arguição de descumprimento de
preceito fundamental: I – quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei
ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.

A. Lei Municipal Em Face Da Constituição Federal

– Controle Difuso

– Controle por meio de ADPF

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CONSTITUIÇÃO

B. Lei Municipal Em Face Da Constituição Estadual

– ADI estadual

Obs: Se a norma estadual for de reprodução obrigatória por simetria da Constituição Federal, o STF
conhece do tema em sede de Recurso Extraordinário no caso de negativa da pretensão de
inconstitucionalidade da ADI estadual.

Atenção: há discussão doutrinária sobre a possibilidade de instituição de ADC e ADO no âmbito


estadual.

Gilmar Ferreira Mendes- “Ora, tendo a Constituição de 1988 autorizado o constituinte estadual a
criar a representação de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal em face
da Carta Magna estadual (CF, art. 125, § 2º) e restando evidente que tanto a representação de
inconstitucionalidade, (…) quanto a ação declaratória de constitucionalidade, (…) possuem caráter
dúplice ou ambivalente, parece legítimo concluir que, independentemente de qualquer autorização
expressa do legislador constituinte federal, estão os Estados-membros legitimados a instituir a ação
declaratória de constitucionalidade.”

“(…) as ações diretas por inconstitucionalidade de lei ou ato normativo e a ação direta de
inconstitucionalidade por omissão têm, em grande parte, um objeto comum – a omissão parcial –,
então parece correto admitir que a autorização contida na Constituição Federal para a instituição da
representação de inconstitucionalidade no plano estadual é abrangente tanto da ação direta de
inconstitucionalidade em razão da ação, como da ação direta por omissão”.

C. Lei Municipal Em Face Da Lei Orgânica Municipal

Não há muita discussão sobre o tema, já que não existe previsão constitucional desse controle,
posição confirmada pelo STF:

Recurso Extraordinário. 2. Controle concentrado de constitucionalidade de lei municipal em face da


Lei Orgânica do Município. Inexistência de previsão constitucional. 3. Recurso não conhecido. (STF –
Recurso Extraordinário – RE n. 175.087/SP – Relator(a): Min. Néri da Silveira – Julgamento em
19/03/2002 – Órgão Julgador: Segunda Turma – DJ 17-05-2002 PP-00073)

Vício de Ilegalidade -Assim, a lei municipal que contraria lei orgânica do Município incorre em vício
de ilegalidade, não de inconstitucionalidade, razão pela qual não há controle previsto em lei.

Atenção: se a lei que estamos falando contraria lei orgânica do Distrito Federal, que tem status de
Constituição, aí sim podemos falar em inconstitucionalidade em face de lei orgânica.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

Princípios Fundamentais Constitucional

Constituição Federal

Título I

I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (arts. 1º a 4º)

Texto do Título

Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

Lei nº 9265, de 12.2.1996, que disciplina a gratuidade dos atos necessários ao exercício da
cidadania.
III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

Iniciativa popular, arts. 14, caput, III, 61, caput e § 1º da CF.

Direitos políticos, arts. 14 a 16 da CF.


Art. 2º – São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Lei nº 7716, de 5.11.1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

Lei nº 8081, de 21.9.1990, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos
discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados
pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza.

Lei nº 9459, de 13/05/1997, que os define crimes resultantes de preconceito de raça e cor.

Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

Lei nº 8072, de 25.7.1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso
XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.

Lei nº 9695, de 20.8.1998, que acrescenta incisos ao art. 1º da Lei nº 8072, de 25 de julho de
1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, e altera os arts. 2º, 5º e 10 da Lei nº 6.437, de 20 de
agosto de 1997, e dá outras providências.

Lei nº 7716, de 5.11.1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.

Lei nº 8081, de 21.9.1990, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos
discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados
pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza.

Lei nº 9459, de 13/05/1997, que define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor.

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Lei nº 9474, de 1997, que define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados
de 1951, e determina outras providências.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

Decreto nº 350, de 21.11.1991, que promulga o Tratado para a Constituição de um Mercado


Comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a
República Oriental do Uruguai (Tratado Mercosul).

Decreto nº 922, de 10.9.1993, que promulga o Protocolo para a Solução de Controvérsias, firmado
em Brasília em 17 de dezembro de 1991, no âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Princípios Fundamentais na Constituição do Brasil é o termo referente a um conjunto de dispositivos


contidos na Constituição brasileira de 1988 destinados a estabelecer as bases políticas, sociais,
administrativas e jurídicas da República Federativa do Brasil. São as noções que dão a razão da
existência e manutenção do Estado brasileiro.

Sendo o Brasil um Estado democrático de direito, os princípios fundamentais se apresentam como


sendo os objetivos deste complexo sistema chamado direito.

Tais princípios apresentam-se entre os artigos 1º ao 4º, encampando uma gama substancial de
definições e objetivos a serem respeitados, mantidos e alcançados dentro de todo território nacional.

Análise

O primeiro artigo da Constituição apresenta os fundamentos de existência e manutenção do Estado:

• soberania;

• cidadania;

• dignidade da pessoa humana;

• os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

• pluralismo político.

O segundo artigo apresenta a clássica divisão estatal em três poderes, idealizada por Montesquieu:

• executivo

• legislativo

• judiciário.

No terceiro artigo relacionam-se os objetivos os quais a nação brasileira deve perseguir:

• construir uma sociedade livre, justa e solidária;

• garantir o desenvolvimento nacional;

• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

• promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação

A seguir, no artigo quarto estão os princípios a serem utilizados pelo Brasil em suas relações
internacionais:

• independência nacional;

• prevalência dos direitos humanos;

• autodeterminação dos povos;

• não-intervenção;

• igualdade entre os Estados;

• defesa da paz;

• solução pacífica dos conflitos;

• repúdio ao terrorismo e ao racismo;

• cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

• concessão de asilo político.

O Que São Direitos Sociais?

Como Os Direitos Sociais Surgiram?

Os direitos sociais surgiram em razão do tratamento desumano vivido pela classe operária durante
a Revolução Industrial na Europa, nos séculos XVIII e XIX. A principal característica dessa revolução
foi a substituição do trabalho artesanal pela produção em grande escala e com uso das máquinas.
Nesta época, proprietários de fábricas europeus ambicionavam lucrar mais e o operário acabou
sendo explorado, trabalhando horas que hoje sabemos serem exaustivas em troca de salário
baixíssimos. Os “direitos liberais” – Liberdade, Igualdade, Fraternidade – conquistados nesse mesmo
período mostraram-se frágeis: as necessidades primárias dos indivíduos como alimentar-se, vestir-
se, morar, ter condições de saúde, ter segurança diante da doença, da velhice, do desemprego e dos
outros percalços da vida não estavam sendo de fato assegurados. O descontentamento da classe
operária fortaleceu a conscientização sobre a necessidade de “direitos sociais” que através do
Estado iriam proteger essas minorias.

Essa consciência foi ganhando força e sendo assegurada em diversos países, como na “Constituição
Política dos Estados Unidos Mexicanos” de 1917, que proibia a reeleição do Presidente da República,

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

garantia as liberdades individuais e políticas, quebrava o poder da Igreja Católica, expandia o sistema
de educação pública, a reforma agrária e a proteção do trabalho assalariado.

A Constituição Russa e a Alemã de 1919 – chamada de Constituição de Weimar – também


exerceram grande influência sobre a evolução dos direitos sociais. A necessidade de garantia da
dignidade da pessoa humana ficou ainda mais evidente diante da eclosão e término das guerras
mundiais na primeira metade do século XX, já que neste período os indivíduos e seus direitos foram
desvalorizados diante dos interesses das maiores potências econômicas.

Em 1944, a Conferência da Organização Internacional do Trabalho aprovou uma declaração que dá


ênfase à dignidade do ser humano, à liberdade de expressão e de associação, à formação
profissional, ao direito de todos à educação. Em concordância, a Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948, um dos mais importantes documentos que regem os direitos humanos, passou a
assegurar também os direitos sociais e sua base no princípio da dignidade da pessoa humana e da
solidariedade que envolvia os seguintes direitos:

• seguridade social (artigos 22 e 25);

• direito ao trabalho e a proteção contra o desemprego (art. 23, item 1);

• principais direitos ligados ao contrato de trabalho, como a remuneração igual por trabalho igual
(artigo 23, item 2), salário mínimo (artigo 23, item 3);

• livre sindicalização dos trabalhadores (artigo 23, item 4);

• repouso e o lazer;

• limitação horária da jornada de trabalho;

• férias remuneradas (artigo 24);

• educação: ensino elementar obrigatório e gratuito, a generalização da instrução técnico-profissional,


a igualdade de acesso ao ensino superior (artigo 26); e,

• itens elementares indispensáveis para a proteção das classes ou grupos sociais mais fracos ou
necessitados;

Seguindo esses preceitos, os direitos sociais assegurados em âmbito internacional passaram a ser
assegurados também em âmbito nacional e estiveram presentes em todas as constituições que
vigoraram em nosso país, desde a do Império (1824) até a atual (1988).

Os direitos políticos se referem a um conjunto de regras constitucionalmente fixadas, referentes à


participação popular no processo político. Dizem respeito, em outras palavras, à atuação
do cidadão na vida pública de determinado país. Correspondem ao direito de sufrágio, em suas
diversas manifestações, bem como a outros direitos de participação no processo político. Este
conjunto de direitos varia conforme o país, e encontra-se intimamente vinculado ao regime político e
sistemas eleitoral e partidário instituídos em cada estado.

Os Direitos Políticos concedem ao cidadão a possibilidade de participação no processo político e nas


decisões do país.

Para o sociólogo alemão T.H. Marshall, a Europa Ocidental passou por um processo progressivo de
conquistas de direitos. Eles seguiram a seguinte ordem: Direitos Civis, Direitos Políticos e Direitos
Sociais. O primeiro deles seria relativo ao século XVIII, o segundo pertinente ao século XIX e o último
uma conquista do século XX. O somatório desses três elementos é o que o sociólogo considera como
cidadania, que, por definição, é a capacidade da pessoal natural de um Estado viver no gozo dos
direitos.

Os Direitos Políticos são uma conquista tardia da sociedade, tendo em vista que os Estados e reinos
sempre foram governados por alguém, mas nem todos podiam decidir ou opinar sobre quem seria a
liderança. Até a Idade Moderna, inclusive, o problema do voto era mais grave, pois tratava-se de uma

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representação da estratificação. Foi a Revolução Francesa, iniciada em 1789, que questionou a


igualdade dos homens e a possibilidade de cada indivíduo dar sua opinião e participar de decisões.

Os Direitos Políticos envolvem um conjunto de regras que regulam a participação da população de


um país no processo político do mesmo. Mas o importante é que eles permitam a participação do
indivíduo na vida pública, concedendo-o o voto secreto, o poder de escolha e também a capacidade
de se candidatar para cargos públicos. Além dessas condições, que são básicas na participação
política, também integram os Direitos Políticos o voto em plebiscitos e referendos, movimentação
popular e organização e participação em partidos políticos. Entretanto, cada país pode apresentar
disposições específicas sobre a formulação do conjunto dos Direitos Políticos dos cidadãos. O que,
lamentavelmente, ainda acontece, é que em regimes autoritários persistentes no mundo, a população
não goza dos Diretos Políticos, não possui o poder de participar do processo seletivo e, tampouco, de
alterar os destinos da representatividade política.

O Brasil passou por momentos graves nos quais a população teve seus Direitos Políticos violados.
Na Primeira República, apenas uma pequena parte da população tinha direito ao voto, porém as
eleições eram fraudadas e os eleitores eram repetidamente ameaçados e forçados na escolha de
seus votos. A década de 1930 permitiu uma ampliação do número de eleitores no Brasil, expandindo
o direito ao voto à grande parte da população. Só que em 1937 Getúlio Vargas iniciou uma ditadura e
suspendeu as eleições até 1945. Desta data até 1964, o Brasil viveu um período democrático, no qual
a população pode votar, participar politicamente, se organizar em partidos e movimentos sociais, mas
com o Golpe Militar, mais uma vez os brasileiros tiveram seus Direitos Políticos afetados. Por mais de
20 anos, a população brasileira ficou alheia ao processo de decisão do Presidente do país, o que só
voltou a ser assegurado com a Constituição de 1988.

Recebe o nome de partido político a organização burocrática que tem por objetivo conquistar e
exercer o poder político. Dotados de uma ideologia, ainda que tênue, (ponto de críticas frequentes no
caso do Brasil), o partido político é uma organização que defende o interesse de uma parcela da
população, e buscando promovê-la, organiza-se para disputar eleições, conquistar cargos e assim,
fazer valer seus projetos. O termo partido político é aplicado a praticamente todos os grupos
organizados que buscam conquistar o poder, seja por meio de eleições democráticas ou de
revoluções. No século XX, os partidos políticos espalharam-se pelo mundo inteiro, seja por meios
democráticos ou, algumas vezes, pelos grupos no poder em regimes totalitários. A configuração atual
de partido político surgiu na Europa e nos Estados Unidos no século XIX, sendo influenciado pelos
sistemas parlamentares e eleitorais que surgiram desde a época. No Brasil, os principais dispositivos
que regulam a formação, composição e funcionamento dos partidos políticos são o artigo 17 da
Constituição Federal, que sozinho compõe o Capítulo V do Título II do documento; além deste artigo
constitucional, há uma lei específica tratando do assunto, a lei 9096, de 19 de setembro de 1995.

Assim, de acordo com os dois dispositivos, temos que, para ser instalado, o partido político necessita
de um registro, que é encaminhado a um cartório do Registro Civil das Pessoas Jurídicas, em
Brasília. Este documento precisa da assinatura de pelo menos 101 fundadores com domicílios
eleitorais distribuídos em, no mínimo, nove estados. Passada esta etapa inicial, ele necessita de
assinaturas de apoio, cuja quantidade mínima corresponde a 0,5% dos votos válidos dados na última
eleição para a Câmara dos Deputados, o equivalente a cerca de 490 mil assinaturas. O apoio dos
eleitores deve estar distribuído em pelo menos nove estados e deve corresponder a, no mínimo, 10%
do eleitorado de cada uma das unidades da federação escolhidas. Estas assinaturas terão sua
veracidade atestada pelo escrivão eleitoral.

A seguir, os fundadores do partido protocolam o pedido de registro no TSE (Tribunal Superior


Eleitoral), e caso não haja nenhuma falha no processo, o registro da legenda é concedido. Para
participar de eleições, o partido deve registrar seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, o que lhe
permite ainda receber recursos do fundo partidário e ter acesso a tempo no rádio e televisão
destinado à propaganda eleitoral gratuita.

Além da criação de novos partidos, a Constituição prevê a liberdade que os brasileiros possuem para
fundir, incorporar, bem como extinguir partidos políticos, algo que constantemente se assiste no
cenário político, principalmente no caso de partidos apelidados de "nanicos".

A nacionalidade brasileira decorre da aplicação e utilização de dois critérios, um sanguíneo e um


territorial. Nos casos relativos à naturalização deve-se observar que esta decorre de um ato de

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voluntariedade e independe dos critérios há pouco mencionados. A distinção entre brasileiros natos
e naturalizados é necessária devido às distinções existentes entre essas duas condições, todas
previstas constitucionalmente tendo em vista que somente a Constituição Federal poderá distinguir
brasileiros natos de brasileiros naturalizados.

Nacionalidade

O tema sobre a nacionalidade é muito importante e ganha relevância quando encarado sob a ótica
da globalização. Há hodiernamente no Brasil movimentos imigratórios que ganharam muita
proporção, haja visto o caso dos nacionais bolivianos e oriundos do continente africano.
Historicamente devem ser mencionados os movimentos imigratórios dos japoneses e italianos que
contribuíram muito com o desenvolvimento econômico e cultural do Brasil nas primeiras décadas
do século XX. Esses são alguns motivos que tornam relevante a discussão sobre o direito de
nacionalidade e sobre a situação jurídica do estrangeiro no território brasileiro.

Nacionalidade

A nacionalidade é uma qualidade do nacional, ou seja, qualidade de uma pessoa que é integrante
de uma sociedade organizada politicamente. Dito em outras palavras, a nacionalidade é uma
situação jurídica concedida pelo Estado às pessoas sob seu domínio. Nacionalidade é a condição
de um cidadão que pertence a uma determinada nação com a qual se identifica. Nacionalidade é
uma qualidade daquilo que é nacional, que é próprio da nação, da pátria.

Já a cidadania refere-se à uma ligação jurídica e política de um indivíduo a um Estado, sendo que
essa ligação pressupõe alguns direitos e alguns deveres. Não se deve confundir a cidadania com a
nacionalidade. Será considerado cidadão, em um sentido estrito, a pessoa com qualidade para ser
eleitora. Já em sentido amplo, será considerado cidadão a pessoa pertencente a uma sociedade e
que possui um conjunto de direitos e deveres em relação ao Estado.

Entende-se a nação como sendo um Estado nacional composto por um povo que compartilha a
mesma origem, história, língua e tradições.

O conceito de povo diz respeito a um conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado, unidas a
esse Estado pelo vínculo jurídico da nacionalidade (MORAES; 2015).

Há no conceito de nacionalidade uma divisão das espécies de nacionalidade. A primeira es pécie de


nacionalidade origina-se com o nascimento e denomina-se nacionalidade primária. Já a segunda
espécie de nacionalidade origina-se da própria vontade do indivíduo, após o nascimento deste e o
atingimento de sua maioridade.

O direito de nacionalidade, no Brasil, é material e formalmente constitucional. Todos os


fundamentos sobre a aquisição da nacionalidade são constitucionais, apesar de existir lei
infraconstitucional que regule a matéria (SILVA; 2015).

O Estado não pode arbitrariamente privar o indivíduo de sua nacionalidade nem do direito de mudar
de nacionalidade (MENDES; BRANCO; 2013).

Dessa forma, é de suma importância estabelecer um regramento que encampe os direitos e os


deveres relacionados à nacionalidade.

Nacionalidade primária

Assim como mencionado anteriormente, a nacionalidade primária tem origem com o nascimento, a
partir do qual, aplicam-se critérios definidores da nacionalidade. Esses critérios podem ser
sanguíneos ou territoriais.

A nacionalidade primária decorre do nascimento com vida e obedece aos critérios do jus soli e
do jus sanguinis (MOTTA; 2007).

O critério sanguíneo (ius sanguinis) determina a nacionalidade de um indivíduo em decorrência da


nacionalidade dos seus ascendentes, independente do seu local de nascimento. Assim sendo , para

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adquirir a nacionalidade basta ser filho de um nacional. Dito em outras palavras, a aquisição da
nacionalidade decorre dos laços de consanguinidade, da hereditariedade.

Já o critério territorial (ius soli) determina a nacionalidade de um indivíduo em decorrência do local


do seu nascimento, independentemente da nacionalidade de seus ascendentes. Dessa forma, a
aquisição decorre do local do nascimento de indivíduo.

Hipóteses de aquisição da nacionalidade primária

Em conformidade com as alíneas, a, b, c, do artigo 12 da Constituição Federal, constata-se a


aplicação dos critérios sanguíneo e territorial. Dessa forma, o mencionado artigo aduz, in verbis:

Art. 12. São brasileiros:

I – Natos:

1. Os Nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;

2. Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja
a serviço da República Federativa do Brasil;

3. Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados
em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Dessa forma exposta a diretriz constitucional, depreende-se que a alínea a aplica o critério
territorial de aquisição da nacionalidade primária, a alínea b aplica o critério sanguíneo de aquisição
da nacionalidade primária. Já a alínea c aplica um critério potestativo de aquisição da
nacionalidade primária, segundo o qual, a aquisição da nacionalidade primária dependerá somente
da vontade do sujeito.

Uma observação que deve ser feita ressalta que a aplicação do critério sanguíneo é cumulada com
a alguns outros requisitos, quais sejam, o efetivo exercício dos ascendentes de um serviço à
República Federativa do Brasil na alínea b, e o registro na repartição brasileira competente ou a
fixação de residência na República Federativa do Brasil na alínea c. Nesse último caso, enquanto o
descendente não atingir a maioridade para optar pela nacionalidade brasileira, terá uma
nacionalidade primária provisória.

Nacionalidade secundária

A característica marcante dessa espécie de aquisição da nacionalidade brasileira é a


voluntariedade do indivíduo para adquiri-la. A naturalização concretiza-se desde que satisfeitos
todos os requisitos constitucionais e legais (Lei n.º 6.815/1980).

A aquisição secundária da nacionalidade decorre de uma convergência de vontades, assim, de um


lado o indivíduo requer ao Estado, de outro lado o Estado defere ou indefere o requerimento
(MOTTA; 2007).

A naturalização ocorre de forma expressa após o interessado requerê-la. A naturalização expressa


subdivide-se em ordinária e naturalização expressa extraordinária.

Tutela de Constitucionalidade dos direitos e das liberdades

O Habeas corpus tem sua origem no Direito Romano, pelo qual todo cidadão podia reclamar a
exibição do homem livre detido ilegalmente por meio de uma ação privilegiada que se
chamava interdictum libero homine exhibendo.

Foi introduzido no Brasil com a vinda de D. João VI, quando expedido o decreto de 23-05-1821,
porém somente surgiu expressamente em nosso direito no Código de Processo Criminal de 1832, e
elevou-se a regra constitucional na Constituição de 1891, passando, a partir daí, a contar em todas as
constituições seguintes.

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A constituição federal prevê no art. 5º, LXVIII, que conceder-se-á habeas corpussempre que alguém
(pessoa física) sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

Também se utiliza genericamente o termo writ, para se referir ao habeas corpus. O termo writ é mais
amplo e significa, em linguagem jurídica, mandado ou ordem a ser cumprida, sendo ele uma garantia
individual ao direito de locomoção consubstanciada em uma ordem dada pelo juiz ou Tribunal ao
coator, fazendo cessar a ameaça do direito de ir, vir e permanecer.

O instituto do habeas corpus não poderá ser utilizado para a correição de qualquer idoneidade que
não implique coação ou iminência direta de coação à liberdade de ir, e vir.

Na defesa da liberdade de locomoção, cabe ao Judiciário considerar ato de constrangimento que, não
tenha sido apontado na petição inicial, como também, pode atuar no tocante á extensão da ordem,
deferindo-a aquém ou além do pleiteado.

O habeas corpus é uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de
custas e que visa evitar ou cessar violência ou ameaça na liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder. Não se trata, portanto de uma espécie de recurso.

A constituição federal consagra o direito à livre locomoção no território nacional em tempo de paz,
autorizando diretamente a qualquer pessoa o ingresso, a saída e a permanência, inclusive com os
próprios bens (art. 5º, XV da CF). A faculdade de levar consigo seus bens é um respeito devido ao
direito de propriedade.

Em caso de guerra, haverá possibilidade de maior restrição legal, visando à segurança nacional e a
integridade do território nacional.

A liberdade de locomoção engloba quatro situações: direito de acesso, ingresso, permanência e


saída no território nacional; direito de deslocamento dentro do próprio território nacional. A destinação
constitucional do direito á livre locomoção abrange tanto os brasileiros quanto os estrangeiros, sejam
ou não residentes em território nacional. Todavia, trata-se de norma de eficácia contida.
Independentemente de capacidade civil, política, profissional, de idade, sexo, profissão, estado
mental, pode fazer uso do habeas corpus, em benefício próprio ou alheio (habeas corpus de terceiro).
Não há impedimento para que dele se utilize pessoa menor de idade, insana mental, mesmo sem
estarem representados ou assistidos por outrem. O analfabeto, também, desde que alguém assine a
petição a rogo, poderá ajuizar a ação de habeas corpus.

Ao analisar o caput do artigo 5º da CF, a pessoa jurídica deverá usufruir de todos os direitos e
garantias individuais compatíveis com sua condição. Dessa forma, nada impede que ela
ajuíze habeas corpus em favor de terceira pessoa ameaçada ou coagida com sua liberdade de
locomoção.

O promotor de justiça pode impetrar habeas corpus.Para certificar-se da fiel observância finalística
do habeas corpus impetrado pelo Ministério Público, deverá o paciente manifestar-se, previamente,
para que se esclareça se está ou não de acordo com a impetração.

Diferente é o caso do magistrado que, na qualidade de Juiz poderá concedê-lo de ofício, não poderá
jamais impetrar habeas corpus.

A impetração de habeas corpus por estrangeiro exige-se que a petição inicial esteja redigida em
Português, sob pena de não-conhecimento do writ constitucional.

O STF admite a impetração de habeas corpus mediante fax, seja ele ratificado pelo impetrante no
prazo concedido pelo Ministro-relator.

A jurisprudência do STF admite a possibilidade jurídico-processual do impetrante desistir da ação


de habeas corpus.

O habeas corpus deverá ser impetrado contra o ato do coator, que poderá ser tanto autoridade
(delegado de polícia, promotor de justiça, juiz de direito, tribunal, etc.) como particular. No primeiro

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caso, nas hipóteses de ilegalidade e abuso de poder, enquanto no segundo caso, somente nas
hipóteses de ilegalidade.

Quando alguém se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção
por ilegalidade e abuso de poder. Pretende evitar o desrespeito à liberdade de locomoção, o habeas
corpus por ele impetrado é denominado preventivo, devendo ser expedido, caso julgado a seu favor,
um salvo-conduto.

Quando alguém estiver sofrendo violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade
ou abuso de poder. Pretende cessar o desrespeito à liberdade de locomoção, o habeas corpus por
ele impetrado é denominado repressivo ou liberatório.

Poderá ser concedida medida liminar em habeas corpus para se evitar possível constrangimento à
liberdade de locomoção irreparável. Há a possibilidade de salvo conduto ou a ordem liberatória
provisória antes do processamento do pedido, em caso de urgência.

A medida liminar em habeas corpus exige requisitos: o periculum em mora(probabilidade de dano


irreparável) e o fumus boni iuris (elementos da impetração que indiquem a existência de ilegalidade
no constrangimento).

O estado de defesa e o Estado de sítio não suspendem a garantia fundamental do habeas corpus,
mas diminuem sua abrangência, pois as medidas excepcionais permitem uma maior restrição legal à
liberdade de locomoção, inclusive, repita-se, por ordem da autoridade administrativa.

Antes da Emenda Constitucional nº 22/99, era competência do Superior Tribunal de Justiça o


julgamento do habeas corpus impetrado contra decisão do relator do ato único de Desembargador ou
Juiz de Alçada, em tribunal local, ou de juiz do Tribunal Regional federal, somente competindo ao
Supremo Tribunal Federal processar e julgar os habeas corpus dirigidos contra ato de colegiado. A
Emenda Constitucional 22, de 18/03/1999, em seus artigos 102, I, i e 105, I, c, alterou esse
posicionamento, pois unificou a competência do STJ para processar e julgar originariamente
o habeas corpus direcionado contra ato ou decisão provenientes dos tribunais regionais federais ou
dos Tribunais estaduais, independentemente de tratar-se de atos únicos ou colegiados. A
competência anterior do STF passou a ser do STJ, com a possibilidade de recurso ordinário
constitucional dirigido ao STF, desde que a decisão seja denegatória (CF, art. 102, II, a).

Ao STF permanece a competência originária para os habeas corpus ajuizados em face dos Tribunais
Superiores, ressalvadas a competência do TSE (art. 5º, I, c, da CF, com a redação dada pelo art. 3º
da EC nº 22/99) e a do STM (art. 124, parágrafo único da CF).

Tutela jurisdicional das liberdades

A Opção Por Um Enfoque Além Do Jurídico-Dogmático.

O tema sugere, de logo, uma resposta à indagação sobre que meios estão disponíveis aos cidadãos
para que tornem efetivas, via Poder Judiciário, as liberdades que lhes foram constitucionalmente
asseguradas. Matéria, portanto, suscetível de abordagem dogmático-exegética, sem dúvida
pertinente e até indispensável. Fugirei, entretanto, de assim proceder. Tenho uma série de razões
para isso. Em primeiro lugar, muitos já o fizeram, tantos e tão bem, que mais não poderia senão
repeti-los ou inserir-me num processo de mutua citação e mutuo louvor, bem pouco construtivo. Além
disso, insistir nesse enfoque será de clamorosa inutilidade, por sua inadequação para favorecer o
entendimento do que socialmente real, a par de sua impotência para suscitar mudanças na ordem
prática. Repugna-me atribuir ao jurista o papel de autor de contos da carochinha, escrevendo sobre
fadas madrinhas, duendes, gnomos, bruxas e fantasmas, ou de seus personagens, mesmo quando
revestido da boa intenção de tornar mais ameno o sono e o sonho dos homens. Se o nosso gênero
não é a ficção, nem pretendemos ser fabulistas fantasiados de homens de ciência, ou contadores de
estórias com roupagem de estadistas, precisamos baixar à terra, enlamear os pés, fatigar o corpo e
calejar as mãos.

Por todos esses motivos, dispenso-me de falar-lhes, prioritariamente, das garantias que a
Constituição Federal institucionalizou para proteção das liberdades por ela enunciadas, ou como
postulá-las de modo tecnicamente correto perante o Poder Judiciário. Já se escreveu torrencialmente
sobre o assunto e quase nada teria a dizer, salvo me propusesse apenas a originalidade do

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personagem do conto de Monteiro Lobato que, pretendendo ser diferente, agradeceu o livro que lhe
haviam emprestado nestes termos "O livro li, muito gostei". Infelizmente, se não tivermos cuidado,
corremos o risco de escrever sobre temas jurídicos apenas colocando em ordem inversa radical,
confusa, o já ensinado por outros, com clareza, na ordem direta. Daí a abordagem por mim preferida
que, entretanto, nem é mais excelente nem menos exposta a erros que as demais, pelo só motivo de
pretender ultrapassar os limites do dogmático-exegético. Antes, pelo que revele de ambicioso, pode
representar para mim o risco de incidir no equívoco do sapateiro que desejou ir além das botas e
mereceu a justa advertência de que deveria voltar ao seu tamborete de remendão.

A Liberdade Só É Pensável Pensando-Se A Não-Liberdade.

Na linha que me propus, a primeira ponderação a ser feita é sobre a impossibilidade de podermos
compreender a liberdade sem antes refletirmos sobre a "não-liberdade". Descomprometido, embora,
com qualquer profissão de fé na dialética ontológica hegeliana, creio ser inviável definir-se ou
delimitar-se algo prescindindo-se de colocá-lo em face ou em confronto com o que é a sua negação.
Entendida exclusivamente como poder de autodeterminação inerente a todo homem, por força do
qual direciona sua conduta, a liberdade é um contínuo e pleno operar de um ente capaz de opções,
sem lacunas e sem obstáculos, descomportando, consequentemente, problematização. Esta se faz
apenas necessária e relevante por motivo das inelutáveis "limitações" com que se defronta.
Obstáculos oferecidos pela Natureza, a par dos que os homens se colocam uns aos outros Os
problemas da liberdade são, pois, na sua essência, "problemas de não-liberdade". Os limites
impostos pela Natureza escapam ao interesse imediato do jurista. As ciências de que ela é objeto têm
buscado soluções para removê-los. Relevantes para nós se mostram exclusivamente os óbices que
os homens reciprocamente se colocam à liberdade. Nossa reflexão concentrar-se-á, portanto, na
problemática dos obstáculos postos socialmente à liberdade do indivíduo. Limitações imprescindíveis,
frise-se, visto como, sem elas, a convivência humana se inviabilizaria. Precisamente a resistência a
esses limites é que determina a conflituosidade social, razão de ser do Direito.

Liberdade E Não-Liberdade Social

Entendida a liberdade como capacidade de determinação da conduta mediante opções, nessa idéia
está implícita a exigência de escolha entre ações possíveis, o que implica a ponderação de
alternativas. Assim, todo ato de liberdade é também, e necessariamente, um ato de não-liberdade,
autolimitação da liberdade, por força da exclusão, pelo ator, das opções rejeitadas. Por outro lado, se
uma relação de liberdade diz respeito necessariamente a uma série de no mínimo duas ações, ou
tipos de ações alternativas, a não-liberdade, ao revés, é determinante - eu sou "não-livre" para fazer
algo definido, sem opção. Uma não-liberdade alternativa seria a negação de si mesma. Disso
concluímos que apenas a não-liberdade é suscetível de institucionalização e de coerção. A liberdade,
por força de sua própria natureza, é incompatível com qualquer tipo de imposição, visto que obrigar
alguém a ser livre implicará em privá-lo de sua liberdade. Como já salientado, todo ato de liberdade
implica sua compreensão também em termos de não-liberdade, dado que, entre as alternativas
possíveis, uma foi eleita e as demais rejeitadas pelo ator. Essa rejeição, contudo, ainda não configura
autolimitação da liberdade, pois a escolha se consumou em decorrência de valoração feita pelo ator,
tendo em vista interesses que apenas lhe dizem respeito. Antes de haver perda, houve proveito, o da
realização do ato cujo resultado é a vantagem de que é beneficiário o próprio indivíduo. Também esta
é uma dimensão da liberdade que escapa ao interesse imediato do jurista. Para ele, relevante é a
liberdade social, relação de interação entre pessoas ou grupos, ou seja, o fato de que um ator deixa
outro ator livre para agir de determinada maneira. Esse conceito, entretanto, para ser definido, pede,
também, como visto antes, seja feita referência a outra relação de interação, a de "não-liberdade
interpessoal ou social."

Autolimitação E Não-Liberdade Social

Somos socialmente livres quando inexiste algum agente em condições de nos obstar de fazer aquilo
que nos dispúnhamos a fazer. Só ex post facto, portanto, é que é possível determinar se um ator era
não-livre para fazer aquilo que na realidade acabou fazendo. Em princípio, um ator é livre para agir da
forma que mais lhe agrade, contanto que não exista um outro ator que o torne não-livre para levar a
bom termo alguma dessas ações. Ser livre para fazer X ou Z implica a inexistência de outro ator em
condições de tornar impossível ou passível de pena quem podia optar por fazer X ou Z. A par dessa
não-liberdade, que resulta da resistência oferecida pelo outro ao exercício de nossa liberdade,
podemos nós mesmos, por deliberação pessoal, excluir, dentre as alternativas que nos colocamos,

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

aquelas que se nos afiguram menos favoráveis ou mais nocivas aos outros. Cuida-se de uma
autolimitação diferente da precedentemente analisada, porque, neste contexto, as ações excluídas o
foram por força de valoração em que o outro, com quem interagimos, foi levado em consideração.
Individual em sua implementação é social em seu alcance. Ainda quando relevante e socialmente
eficaz é, contudo, insuficiente, por si só, para oferecer a segurança que a convivência humana
reclama, donde ser fundamental a heterolimitação.

Heterolimitação Da Liberdade E Poder

A não-liberdade, em sua dimensão social, diversamente do que se passa com a liberdade, precisa,
fundamentalmente, para existir e operar, da heterolimitação, visto como a autolimitação da liberdade,
como já salientado, é impotente e insuficiente para gerar segurança social em termos satisfatórios. A
não-liberdade social requer, para existir, que alguém recuse adesão ao limite que o outro pretende
impor a sua liberdade. Quando se diz que A é não livre para fazer X é porque B o impede de fazer, ou
ameaça sancioná-lo se o fizer. Disso se conclui inexistir limitação efetiva à liberdade se ausente o
fato do poder, tanto do poder da vontade do indivíduo sobre seus impulsos ou motivações, poder que
tem sobre si mesmo (pouco importa o que o induz a assim agir) quanto do poder do outro ou dos
outros - a heterolimitação - efetive-se ela pelo exercício da força bruta ou se realize mediante coerção
legitimada, seja por sua institucionalização social (sanção difusa) ou política (sanção jurídica) Não-
liberdade social e poder ou controle são, destarte, categorias indissociáveis Impossibilitando A de
fazer X, B torna A não-livre de fazer algo e exerce controle sobre o seu comportamento. Falhando o
controle, incide a sanção, também um ato de poder.

Não-Liberdade De Fato E Não-Liberdade Jurídica.

Sendo a heterolimitação inseparável do ato concreto do poder inibidor da liberdade, conclui-se que
onde e quando ele falta ou falha, a liberdade do mais fraco periclita, predominando a do mais forte, do
favorecido pelo "fator discriminante" que lhe empresta superioridade no caso concreto.
Consequentemente, a tutela da liberdade se frustra. A par disso, todos temos consciência de que é
impossível organizar-se politicamente a convivência humana de molde a que, em toda e qualquer
situação particular de confronto de liberdades, esteja presente e atuante um agente do poder político
em condições de tornar efetivo o limite juridicamente imposto à liberdade do mais forte, vale dizer, a
efetivar sua não-liberdade, tutelando, assim, a liberdade do desfavorecido. Daí ser relevante
distinguirmos a não-liberdade de fato da não liberdade jurídica, até para se ressaltar a fragilidade
desta e a robustez da primeira.

A "não-liberdade jurídica" traduz-se em mera expectativa compartilhada pelos integrantes do grupo


social, sem possibilidade de ser garantida sua efetividade em todos os lugares e em todas as
circunstâncias, nos termos prometidos. Diversamente, a "não-liberdade de fato" é sempre o resultado
da atuação de uma força inibidora mais decisiva, porque derivada da pressão social do grupo, bem
mais constante e abrangente. Oppenheim [1], apreciando o problema, invoca um fato revelador do que
acabamos de afirmar. Pesquisas feitas comprovaram que 40% dos motoristas franceses excediam os
limites legais de velocidade e não eram multados, como previsto em lei. Conclui ele que esses
motoristas eram não-livres juridicamente, mas livres socialmente para ultrapassar os limites legais de
velocidade. Poderíamos, inclusive, acrescentar que, certamente, dos 60% respeitadores da norma
bem mais da metade o fez por autolimitação de sua liberdade, ou em face da cogência da sanção
social, o que deixa bem pouco para a eficácia da tutela jurídica da liberdade. Conclui-se, portanto,
serem a autolimitação e a heterolimitação social as que mais contam, por sua eficácia abrangente e
imediata, como forma de tutela das liberdades, em lugar da tutela jurídica, só implementável mediante
heterolimitação com elevado custo em termos de tempo e dinheiro, a par do alto risco de frustração
que oferece, por sua incapacidade de ser onipresente.

Institucionalização Social E Jurídica Da Não-Liberdade.

Dessa verdade inconteste inferimos que a garantia de nossa liberdade repousa muito menos no que
nos é prometido em proclamações político-jurídicas e muito mais, senão quase que exclusivamente,
na institucionalização social de limites postos à liberdade dos indivíduos, isto é, das não-liberdades
sociais. Daí a falácia das proclamações exclusivamente jurídicas de liberdades, quando falta a prévia
institucionalização social da não-liberdade correspectiva, ou inexiste a vontade social e política de
institucionalizá-la Que pretendemos dizer quando falamos em institucionalização social da não-
liberdade ? Sabemos todos que o homem é um animal desaparelhado para agir à base de seus

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instintos. O que deles recolhe, em termos de orientação de seu comportamento, é irrelevante. Por
outro lado, a ponderação das alternativas possíveis em cada situação concreta do agir humano é
tarefa por demais empenhativa, da qual procura o homem libertar-se ou reduzir-lhe o impacto. Isso
ele logra mediante a aquisição de hábitos. O hábito é o substitutivo humano do instinto animal.
Comportamento originariamente fruto de reflexão e ponderação de opções, instituído como resposta
para todas as situações semelhantes que venham a se materializar no futuro, o hábito é o agir
adotado sem previa ponderação no ato concreto, mas fruto de uma escolha consciente feita no
passado e internalizada, a ponto de se fazer resposta imediata a determinado estímulo, à
semelhança da que é provocada pelo instinto. Generalizado que seja, sua dimensão social o
institucionaliza e ele passa a operar também nas interações sociais, dispensando qualquer coerção
externa. Habituei-me a não jogar lixo nas ruas, adoto esse comportamento instintivamente, sem que
para sua efetividade se exija a presença do agente social ou político inibidor.

A institucionalização do hábito pode, inclusive, revesti-lo da natureza de costume, regra coercitiva


disciplinadora da convivência social, servida também por uma sanção social efetiva. Ainda quando
mais presente e mais abrangente que a sanção politicamente institucionalizada, o seu caráter difuso
fragiliza-a em parte, torna-a menos poderosa nos casos limites. Daí a exigência da juridicização das
condutas. Em verdade, a tutela excelente das liberdades, pelo grau ótimo de eficácia, é a resultante
da auto-limitação que os indivíduos se impõem, Esta coerção está presente sempre e é sempre
plenamente eficaz quando operacionalizada, dispensando qualquer agente inibidor externo. É o que
poderíamos chamar de "institucionalização do dever". Falhando, sua falta é suprida pela sanção
difusa da heterolimitação social. Diante do fracasso desses meios, lança-se mão do recurso extremo
e menos desejável da sanção política institucionalizada de que se ocupa o Direito.

O que é Habeas data:

Habeas data é o processo que dá aos cidadãos todo o acesso a informações existentes sobre si em
banco de dados de instituições públicas e governamentais.

A habeas data é considerada uma ação constitucional, um direito garantido para todos os cidadãos,
de maneira gratuita, com o intuito preventivo e corretivo.

Como forma preventiva, o habeas data age como uma garantia constitucional para evitar o uso
abusivo das informações das pessoas, que foram adquiridas de modo fraudulento ou ilícito.

Garante também a preservação da intimidade, privacidade, honra e a possibilidade de corrigir


informações indevidas sobre o indivíduo solicitante junto à instituição que detém os seus registros.

Por exemplo, um indivíduo que tenha o seu nome indevidamente na lista de devedores do Serviço de
Proteção de Crédito, pode impetrar habeasdata contra a referida instituição para que o nome deixe de
aparecer naquele registro.

Para impetrar um processo de habeas data, conforme os dispositivos da lei, é necessário a


participação de um advogado por parte do requerente.

Lei do Habeas data

O Habeas Data tem o seu fundamento legal no artigo 5º da Constituição Federal e Lei 9.507, de 12
de novembro de 1997.

A lei afirma que tem o objetivo de “assegurar o conhecimento de informação relativa à pessoa do
impetrante, constante de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter
público” e também “retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo”.

Habeas data e Habeas corpus

Tanto o habeas corpus como o habeas data são ambos dispositivos legais previstos na Constituição
Federal e com o objetivo de proteger o cidadão.

O habeas corpus, que traduzido do latim para o português significa “que tenhas o teu corpo”, é
uma medida jurídica para proteger indivíduos que estão tendo sua liberdade infringida.

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

O que é Mandado de segurança:

O mandado de segurança, ou ação de mandado de segurança, é um recurso jurídico tido como


direito fundamental, previsto no Artigo 5oda Constituição Federal Brasileira.

É utilizado como recurso para cidadãos e pessoas jurídicas que tenham direitos violados ou na
ameaça de tê-los, por abuso de poder da autoridade pública. Pode ser pedido em nome de uma
pessoa, sendo assim um mandado de segurança individual, ou em nome de um grupo, o mandado de
segurança coletivo.

Também chamado de ação mandamental, tem como objetivo a obtenção de uma ordem judicial, o
mandado. Deve obrigatoriamente ser solicitado por um advogado, o que não ocorre com o habeas
corpus, que qualquer cidadão pode pedir.

Além da garantia da figura do mandado de segurança, assegurado pela Constituição, existe uma lei
que normatiza a ação. A lei do mandado de segurança é a Lei 12.016/09, chamada de "a nova lei do
mandado de segurança", e sintetiza o texto de outras quatro leis anteriores que legislavam sobre o
recurso.

O mandado de segurança tem por característica a garantia do direito líquido e certo do indivíduo. O
direito líquido e certo é aquele que é facilmente comprovado com documentos, sem que haja
necessidade do juiz avaliar de forma mais extensa se cabe ou não a ação.

Por esta razão, e devido às provas estarem anexadas na abertura do processo, não cabe no
mandado de segurança o pedido de dilação probatória, isto é, a extensão de prazo para ajuntamento
de mais provas.

Um exemplo de onde os mandados de segurança são utilizados com frequência são os concursos
públicos. Quando por algum entendimento, o candidato é impedido de faze, ele entra com um
mandado de segurança para garantir seu direito a fazer a prova.

O pedido na ação de mandado de segurança só cabe no caso de não ser enquadrado em uma ação
de habeas corpus, ou seja, de direito à liberdade de locomoção, ou habeas data, direito de obter
informações.

O mandado de segurança deve ser contra uma autoridade pública, ou pessoa jurídica no exercício da
função pública. A autoridade nominada no mandado é chamada de autoridade impetrada, que vem de
impetrar e significa requerer.

O requerente do mandado de segurança tem um prazo de 120 dias para entrar com o pedido, a
contar a partir do dia em que teve acesso a informação ou ao resultado do ato a ser impedido.

A fim de acelerar o processo do mandado de segurança, é possível entrar com uma medida liminar,
com caráter de proteção ao indivíduo até que o processo seja julgado.

Mandado de segurança preventivo

O mandado de segurança preventivo é aquele pedido com fins de evitar uma ilegalidade. Para
garantir que o direito se cumpra, o indivíduo entra com o mandado.

Mandado de segurança repressivo

No caso de o ato ilegal já ter sido cometido pela autoridade pública, entra-se com a ação de mandado
de segurança repressivo, para reprimir a injustiça cometida.

O Mandado De Injunção?

Como explica Herzeleide de Oliveira, a criação deste remédio constitucional foi uma tentativa
de solucionar um problema de ordem prática. Antes de 1988, diversas normas constitucionais
relacionadas à garantia de direitos sociais não tinham nenhuma efetividade. Apesar de
assegurados com todas as letras em nossas cartas magnas, tais direitos não eram de fato
implementados – e assim se tornavam letra morta. Em geral, essas normas se caracterizavam por ser

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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAL

genéricas – “programáticas“, no linguajar jurídico. Um exemplo desse tipo de norma é o inciso XX do


art. 7º da Constituição que garante a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
incentivos específicos, nos termos da lei”.

Diante dessa realidade, e constatando-se que não existiam meios disponíveis para os cidadãos
de exigir alguma ação efetiva do Estado nessas questões, os constituintes de 1988 inovaram e
instituíram o mandado de injunção, inspirado em instrumentos de outros países, como o “juicio de
amparo“, do México, e os “injunctions” ingleses. Esse remédio, portanto, procura garantir a
efetividade de normas programáticas – e que o Estado não se omita em relação a elas.

Na prática, o Supremo Tribunal Federal concede o mandado de injunção quando a pessoa ou grupo
reclamante exige a regulamentação de direitos constitucionais ainda não tratados em leis ordinárias,
como o direito de greve dos servidores públicos.

A regulamentação do mandado de injunção foi feita apenas em 2016, com a sanção da lei 13.300,
que esclarece questões como o alcance e a duração dos efeitos do remédio.

Qual O Efeito Prático De Um Mandado De Injunção?

Até 2007, o STF se limitava a declarar a omissão do Poder Legislativo em regulamentar certa norma
relacionada a um direito garantido na Constituição. Ou seja, na prática não mudava muita coisa. Isso
passou a mudar naquele ano, quando os ministros passaram a adotar o entendimento de que eles
próprios deveriam dar alguma resposta ao caso concreto, passando a conceder à pessoa ou grupo
reclamante as condições sob as quais elas poderiam finalmente exercer o direito – sem precisar
esperar por tempo indeterminado por uma ação do Poder Legislativo.

Retomando o exemplo do direito de greve dos servidores: até 2007, não havia nenhuma lei que
regulamentasse as condições para que os servidores pudessem fazer greve. Por isso,
vários sindicatos de servidores entraram com mandado de injunção ao longo do tempo. A resposta do
Supremo foi, além de declarar a omissão do Congresso Nacional, aplicar as mesmas regras da greve
do setor privado ao setor público.

A lei 13.300/2006 limita os efeitos do mandado apenas aos seus autores (os chamados impetrantes)
e com duração apenas até o momento em que for sancionada uma norma que regulamente o termo.
Mas os efeitos do mandado podem ser mais abrangentes se isso for “inerente ou indispensável ao
exercício do direito”, segundo a lei.

Para deixar ainda mais claro: o tribunal que recebe o mandado, constatando que a lei de fato tem
uma lacuna em relação a determinado direito, concede uma garantia à pessoa que entrou com o
mandado de injunção, que valerá – via de regra – apenas para ela e que deixará de existir quando o
Poder Legislativo finalmente criar a lei que regulamenta o direito em questão.

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DIREITO DE PERIÇÃO

Direito de Perição

O Direito de Petição está expresso em nossa Constituição e, muitas vezes, é esquecido e ignorado
pela própria sociedade. Todos nós fazemos jus a esse direito, que na maioria das vezes não recebe a
devida atenção no exercício da cidadania.

Até mesmo alguns doutrinadores chegam a considerá-lo como irrelevante, pronunciando que apenas
tem importância psicológica, “servindo apenas para permitir que o indivíduo sinta participar da gestão
do interesse público, insurgindo-se contra os abusos de quaisquer autoridades e reclamando seu
castigo” (Manoel Gonçalves Ferreira Filho).

Tendo em vista a infelicidade da colocação do jurista (que reduz o instrumento a mero penduricalho
da Constituição), o Direito de Petição deve ser exercitado em seu esplendor, garantindo a qualquer
pessoa posicionar-se em defesa de direito ou contra ilegalidades ou abuso de poder.

Este remédio constitucional, que é assim considerado, tem assento constitucional no artigo 5º, inciso
XXXIV da Constituição Federal: “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de
taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidades ou
abuso de poder; b) a obtenção de certidão em repartição pública, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal.”

Este instituto permite a qualquer pessoa dirigir-se formalmente a qualquer autoridade do Poder
Público, com o intuito de levar-lhe uma reivindicação, uma informação, queixa ou mesmo uma
simples opinião acerca de algo relevante para o interesse próprio, de um grupo ou de toda a
coletividade.

A maneira como este pedido ou informação será realizado é totalmente desvinculada de qualquer
formalismo. Exige-se apenas que se faça por meio de documento escrito. Tal o sentido da palavra
“petição”, do referido dispositivo.

Quem pode exercer este direito? A Constituição faculta a qualquer pessoa peticionar ao Poder
Público, independentemente de qualquer capacidade, política ou civil. A impetrante, pessoa que
apresenta a petição, pode reivindicar em favor de interesses próprios ou coletivos, ou em favor dos
interesses da sociedade como um todo, ou, até mesmo, em favor de interesses de terceiros. É
sempre vedado o anonimato, que não se coaduna com a responsabilidade de pessoas de bem.

Não é necessário ser advogado ou estar sendo representado por um, para o exercício deste direito. A
Constituição Federal diz claramente: “qualquer pessoa”. Independe de qualquer capacidade, desde
que seja identificada a pessoa requerente.

Como expressa a Constituição, o pedido deverá ser encaminhado ao Poder Público. Entende-se
como Poder Público qualquer órgão ou instituição pública do Estado de Direito, na esfera do Poder
Executivo, Legislativo ou Judiciário ou em outros órgãos da Administração direta e indireta. As
petições podem ser dirigidas ao Presidente da República, aos Ministros de Estado, aos
Governadores, aos Prefeitos, às autoridades policiais, ao Congresso Nacional, à Câmara dos
Deputados, ao Senado Federal, às Assembléias estaduais ou municipais, ao Supremo Tribunal
Federal, ao Tribunal de Contas, ao Procurador Geral da República, ao Ministério Público Federal ou
Estadual (Promotores de Justiça, Procuradores de Justiça etc.), órgãos diretivos da OAB, Defensoria
Pública, Procuradoria do Estado, bem como às autarquias e empresas que prestam serviços públicos
e possuam função de caráter público, como por exemplo as escolas particulares.

Peticionar é pedir, requerer. O Direito de Petição tem como finalidade a obtenção de informações
junto à autoridade para que esta tome, se necessárias, as providências cabíveis sobre o assunto
informado.

É através deste direito público subjetivo que o indivíduo poderá oferecer reclamações, reivindicações,
apresentar pretensões, denunciar abuso de poder de autoridades públicas, denunciar irregularidades,
ilegalidades da administração pública, ou, até mesmo, para apresentar ponto de vista quanto a
determinado assunto ou exigir soluções para determinados problemas e dificuldades.

O órgão público para o qual é dirigida a petição não poderá negar o recebimento e o conhecimento
dela. Se o fizer, estará desrespeitando direito constitucionalmente conhecido e o agente omisso

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DIREITO DE PERIÇÃO

estará sujeito a sanções civis, penais e administrativas. Ao interessado restará informar à esfera ou
autoridade superior o ato de desrespeito à Constituição, a fim de que sejam adotadas as medidas
cabíveis. Em se tratando de direito pessoal, poderá valer-se de outros remédios constitucionais, como
o mandado de segurança.

A dificuldade da impetração em Juízo, no caso do mandado de segurança, reside no fato de que o


interessado deverá buscar o auxílio, muitas vezes custoso, de um advogado. Não bastasse isso, a
referida ação é onerosa, dificultando a satisfação da pretensão do interessado. Como o Direito de
Petição, em sua essência, não possui custo algum a qualquer pessoa, não é aceitável que algumas
pessoas que tenham seu direito desrespeitado sejam obrigadas a patrocinar e a custear ação judicial
(mandado de segurança) para que aquele direito constitucional seja reconhecido.

A Constituição Federal possibilita ainda, como desdobramento do Direito de Petição, a obtenção, por
qualquer pessoa, de certidões em repartições e órgãos públicos, desde que voltada ao interesse
pessoal do requerente. Este assunto é regulado pela Lei 9051/95, que fixou o prazo improrrogável de
15 dias para que os órgãos da administração centralizada ou autárquica, às empresas públicas, às
sociedades de economia mista e às fundações públicas da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, expeçam as certidões, contado do registro do pedido no órgão expedidor. Mas este
direito tem sido sistematicamente desrespeitado, ou por não cumprimento do prazo legal, ou por
cobrar taxas indevidamente. Através de uma interpretação analógica, este prazo poderá ser aplicado
ao Direito de Petição, no qual o órgão público terá 15 dias para se manifestar a respeito, se for
necessário e útil.

O Direito de Petição e o direito de aquisição de certidões em repartição pública são, portanto,


totalmente reconhecidos pela Constituição Federal. Integram o conjunto de direitos e garantias
presente na Carta Magna, da qual não podem ser retirados sequer por emenda constitucional. Cabe
ao cidadão estar ciente e fazer valer cada um de seus direitos.

A Ação Popular é o meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para ?obter a
invalidação de atos ou contratos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio federal, estadual ou
municipal, ou ao patrimônio de autarquias, entidades paraestatais e pessoas jurídicas
subvencionadas com dinheiro público? (CAPEZ, 2000, p. 193). O representante popular procede de
natureza impessoal do interesse defendido; trata-se da defesa da coisa pública, da coisa do povo.

A referência constitucional dá-se pelo Art. 5º, LXXIII da CF (in verbis):

?qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de identidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência?.

Aplicações da Ação Popular

A Ação Popular só pode ser proposta por cidadão brasileiro ? pessoa física maior de dezoito anos ?
no gozo de seus direitos políticos. Não têm qualidade para propor esta ação os partidos políticos, os
inalistáveis, as entidades de classe, e qualquer pessoa jurídica (Súmula nº 365 do STF).

Deve também demonstrar a ilegalidade ou ilegitimidade do ato impugnado, na sua formação ou no


seu objeto. Ou, ainda, a lesividade do ato ao patrimônio público ? ato lesivo é todo aquele que
desfalca o erário da Administração, que atinge a moralidade administrativa, o meio ambiente e o
patrimônio histórico e cultural. A ação popular também alcança aqueles atos que ferem a moralidade
administrativa.

Tem finalidade repressiva e preventiva. Como forma preventiva, a Ação Popular pode ser ajuizada
antes da consumação dos efeitos lesivos do ato, sendo que a lei permite a suspensão liminar do ato
impugnado para prevenir a lesão. Já como meio repressivo, vem para corrigir atos danosos
consumados. Há também a finalidade supletiva da ação popular, em que o autor obriga a
Administração omissa a atuar.

O objeto da Ação Popular é o ato ilegal e lesivo ao patrimônio público. Por ato, entende-se a lei de
efeitos concretos, o decreto, a resolução, a portaria, o contrato, o ato administrativo, enfim, como

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DIREITO DE PERIÇÃO

classifica Capez (2000, p.194), ?toda manifestação de vontade da Administração danosa aos
interesses da comunidade?.

São passíveis de anulação não apenas os atos de entidades públicas, mas também? atos de
sociedades mútuas de seguros, nas quais a União represente os segurados ausentes; empresas
públicas; serviços sociais autônomos; instituições ou fundações (…); empresas incorporadas ao
patrimônio da União? (idem).

Anulam-se todos os atos que contiverem quaisquer destes vícios: incompetência de quem os
praticou; forma não prescrita em lei; desvio de finalidade; ilegalidade do objeto e inexistência de
motivos, além de outros elencados pela Lei da Ação Popular.

A ação popular ganha sua característica especial quanto a legitimação, pois há a possibilidade de
qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos (cidadania mínima) poder intentar, litisconsorciar
ou dar prosseguimento a este remédio constitucional. Tal direito político é garantido pela Constituição
Federal de 1988 em seu art. 1º, parágrafo único.

Segundo Cunha (2010), os autores da ação precisam ser legítimos, capazes e qualificados. Deste
modo, o pólo ativo da ação popular só poderá ser composto por uma pessoa física, singular.
Exceções existem onde é possível o litisconsórcio facultativo originário com outros cidadãos.

No que tange ao pólo passivo da ação, este é composto pelo réu e estes estão determinados no Art.
6º da Lei 4.717 de 1965:

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art.
1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado,
ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e
contra os beneficiários diretos do mesmo.

§ 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a
ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo.

§ 2º No caso de que trata o inciso II, item “b”, do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da
avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art.
1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.

§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação,
poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure
útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e


promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em
qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores.

§ 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação


popular.

Nos termos do artigo art. 5° da Lei nº 4.717/65, a ação popular prescreve em cinco anos a contar do
evento lesivo:

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação, processá-la e
julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado, o for para as causas que
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.

§ 1º Para fins de competência, equiparam-se atos da União, do Distrito Federal, do Estado ou dos
Municípios os atos das pessoas criadas ou mantidas por essas pessoas jurídicas de direito público,
bem como os atos das sociedades de que elas sejam acionistas e os das pessoas ou entidades por
elas subvencionadas ou em relação às quais tenham interesse patrimonial.

§ 2º Quando o pleito interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoas ou entidade,


será competente o juiz das causas da União, se houver; quando interessar simultaneamente ao
Estado e ao Município, será competente o juiz das causas do Estado, se houver.

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DIREITO DE PERIÇÃO

§ 3º A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações, que forem
posteriormente intentadas contra as mesmas partes e sob os mesmos fundamentos.

§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado. (Incluído
pela Lei nº 6.513, de 1977)

O autor da Ação Popular se enquadra na qualidade jurídica de defensor de direito próprio, conforme
explica MIRRA:

[…] a ação popular constitui um meio de participação do cidadão na vida política do Estado. Por isso,
o autor popular age em juízo e em nome próprio e na defesa de direito de ação próprio, conquanto o
seja também de todos os indivíduos de uma coletividade a que o mesmo, inclusive pertence.

Assim, a ação popular é um instrumento de tutela de direitos políticos e democráticos que se


resumem no direito de participação na rotina política do Estado, fiscalizando a gestão do patrimônio
público e a probidade dos atos administrativos. Deste modo, a tutela coletiva, nada mais é que uma
parcela do interesse do próprio cidadão em atuar na vida política do Estado.

Efeitos e Possibilidade de Deferimento da Decisão Final

Sendo julgada procedente a ação o ente da administração pública será compelido a corrigir o ato
anulado voltando para o estado anterior, ou quando não for possível responderá patrimonialmente
pelos danos causados, havendo a possibilidade de ação regressiva para com seus agentes
administrativos e favorecidos que beneficiaram-se do ato ora impugnado.

Por ter como finalidade o bem social, pois trata-se de interesses supraindividuais, e que o ente
público na maioria das vezes iria pagar às expensas da fazenda pública que receberia tal indenização
o legislador previu a possibilidade de tal indenização reverter para um fundo próprio criado por lei
para subvencionar não somente a lesão ora causada, mas a maioria dos interesses difusos de nossa
sociedade. Citamos, ainda, a finalidade supletiva deste remédio constitucional que é a de compelir o
ente público omisso a atuar.

Quando a ação popular receber sentença final desfavorável à pretensão dela havendo o trânsito em
julgado e não comprovada a má-fé ou autor popular ficará isento de custas, emolumentos e
honorários. Tal provimento judicial surtirá efeito para todos, não podendo ser intentada nova ação
pelos mesmos motivos a não ser no caso do seu indeferimento ter ocorrido por falta de provas (não
fazendo coisa julgada).

A Ação Popular pode ser utilizada para reparar danos causados, ?até mesmo, pela chamada Lei dos
Efeitos Concretos, entendida como aquela que já traz em si consequências imediatas de sua
incidência, por possuir destinatário certo e objeto particularizado? (PAULO, 2005). Se uma lei
desapropria um imóvel, com ofensa ao princípio da impessoalidade e da moralidade; se uma lei
concede isenção individual, com ofensa ao princípio da isonomia e da moralidade, por exemplo,
referidos atos podem, de pronto, serem atingidas por meio da ação popular.

O mesmo não vale para a lei de caráter normativo, que regula uma situação genérica e abstrata.
Estas leis, por não violarem direito subjetivo, não podem ser inquinadas de inconstitucionais por meio
da ação popular (usa-se neste caso a Ação Direita da Inconstitucionalidade ? ADIn).

Desta forma, a Ação Popular não vem substituir Ação Direta de Inconstitucionalidade, com o fim de
questionar a constitucionalidade de uma lei em questão. Sendo assim, a orientação consolidada do
Pretório Excelso:

?O julgamento da lei em tese, em sede de ação popular, por juiz de primeiro grau, implica usurpação
da competência do Supremo Tribunal Federal para o controle concentrado, acarretando a nulidade do
respectivo processo? (STF, Recl. 434-1).

Aplicação Prática: caso exemplificativo

É importante salientarmos para a aplicação prática da Ação Popular. A título de exemplo, colhe-se
uma matéria publicada no site Bahia Notícias do dia 18/03/2011, na seção Justiça, que trata
justamente do tema em questão.

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DIREITO DE PERIÇÃO

Tal matéria conta que os advogados Irani Mariani e Marco Pollo Giordani ajuizaram uma ação popular
na 5ª Vara da Justiça Federal de Porto Alegre (RS) com o objetivo de contestar, dentre outras
irregularidades, o pagamento de horas extras não trabalhadas à servidores do Senado. Na petição
inicial foi elucidado que 3.833 servidores receberam, em 2009, o valor de R$ 6,2 milhões em horas
extras não trabalhadas. Tal evento teria ocorrido durante um recesso, quando não havia nenhum
parlamentar no Senado.

Os pagamentos tiveram a autorização do ex-presidente do Senado, Garibaldi Alves, e do ex-


secretário da mesa, Efraim Morais. A ação também contesta o quanto cada senador vem a custar ao
Estado. Além do salário eles recebem “R$ 16.500,00 (13º, 14º e 15º salários), R$ 15.000,00 de verba
de gabinete isenta de impostos, R$ 3.800,00 de auxílio moradia, R$ 8.500,00 de cotas para materiais
gráficos, R$ 500,00 para telefonia fixa residencial, 11 assessores parlamentares com salários a partir
de R$ 6.800,00, 25 litros por dia de combustível, com carro e motorista, cota de 5 a 7 passagens
aéreas, ida e volta, para visitar a ”base eleitoral”, restituição integral de despesas médicas para si e
todos os seus dependentes, sem limite de valor, e cota de R$ 25.000,00 ao ano para tratamentos
odontológicos e psicológicos. A petição ainda afirma que a despesa anual com cada Senador é de
R$ 5 milhões, chegando a um total de R$ 400 milhões em todo o Senado.

A Efetividade das Normas Constitucionais

As Normas Programáticas e a Crise Constitucional

Os Planos De Concretização E O Direito Constitucional

A Constituição, como sistema de normas e princípios, que regula e institucionaliza juridicamente o


fenômeno político, almeja como qualquer regra de Direito a sua realização (concretização) no mundo
dos fatos.

O Direito Constitucional e o seu objeto - a Constituição - existem para se efetivarem. A efetivação da


Constituição ocorre quando os valores descritos na norma correspondem aos anseios populares,
existindo um empenho dos governantes e da população em respeitar e em concretizar os dispositivos
constitucionais.

Neste sentido, na lição de Maria Helena Diniz (cf. DINIZ, 1992), existem três planos de concretização
da norma jurídica e da norma constitucional em especial, para que se consiga atingir a efetividade
plena das regras de direito:

Plano Sintático. A norma jurídica, para se realizar no mundo do ser, deve ter uma estrutura lógica
completa com a descrição detalhada da hipótese, disposição e a respectiva sanção em caso de
descumprimento.

No âmbito constitucional, não se deve ser tão ortodoxo, podendo a sanção ser inferida dos princípios
e da interpretação sistêmica da Constituição (cf. DANTAS, 1994.2), como é o caso da declaração de
inconstitucionalidade de uma leì que desrespeite dispositivos constitucionais. Um exemplo: uma lei
ordinária que cerceie a autonomia do Município está agredindo o Princípio Constitucional do
Federalismo no Brasil e deve ser expurgada do sistema jurídico por vício de inconstitucionalidade.

O importante neste plano sintático de concretização é que haja uma harmonia interna entre os
diversos subsistemas constitucionais (Político, Fiscal, Social, Econômico), que integrados e
harmonizados preservarão a conexão NORMA 1SOLADA - SISTEMA NORMATIVO, permitindo a
aplicação coerente das sanções constitucionais na órbita jurídica. (cf. BOBBIO, 1991)

Plano Semântico. Além de necessitar de uma estrutura lógica completa, a norma jurídica, para se
efetivar, deve refletir valores que estejam em consonância com os anseios da Sociedade, sendo
essencial haver uma sintonia entre o disposto no plano ideal/normativo. do dever ser e o que está
presente nas ruas e no dia-a-dia do cidadão no plano da realidade, do ser.

Esta conexão do Valor Normativo com a Vontade Social é deveras importante para efetividade dos
dispositivos constitucionais. Se houver uma dissociação entre o plexo valorativo disposto na Carta
Magna e a vontade popular, não é a Constituição um texto dotado de legitimidade, nem o Estado se
constituirá em um ente democrático, porque não reflete o verdadeiro Poder Constituinte que tem sua
titularidade no povo de uma nação.

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DIREITO DE PERIÇÃO

A dissociação Valor Normativo - Realidade Social faz das normas meras peças retóricas que refletirão
apenas uma imposição de preceitos e estigmas, fruto de um Regime Autoritário. As normas
constitucionais, assim, não terão efetividade social, sendo apenas respeitadas com base em
ameaças e mediante a utilização da máquina repressiva de um Estado totalitário.

Em suma, a Constituição deve para se efetivar, estabelecer Valores que correspondam aos anseios
populares com base em análises históricas, plasmadas num Poder Constituinte legítimo e soberano.
A conexão NORMA – VALORES SOCIAIS deve ser intima com fins de cumprir a etapa semântica de
concretização.

Plano Pragmático. Para que se complete a concretização de uma norma jurídica e ocorra a sua plena
efetividade, deve haver, além da conexão NORMA - SISTEMA; NORMA - VALORES SOCIAIS, o
necessário empenho de governantes/elites e da população em respeitar o ordenamento jurídico e
fazer valer os princípios retores da ordem normativa.

Isto significa que, para a Constituição e suas normas ganharem realmente efetividade social, é vital
que a população conheça a Constituição e lute pelos direitos dispostos na Carta Fundamental,
forçando os governantes a atuar positivamente na consecução dos objetivos públicos
constitucionalmente delimitados.

Deve haver, assim, uma conexão clara entre as NORMAS e os FATOS SOCIAIS, sempre num
esforço e mobilização da comunidade para que a Sociedade Organizada e o Governo trabalhem em
beneficio da efetivação de programas e objetivos constitucionais.

Sem dúvida alguma, este é o plano de mais difícil concretização da norma constitucional, já que é o
ponto em que fica mais evidente a interpenetração do POLÍTICO com o JURÍDICO.

Há a necessidade da influência e pressão popular para o respeito de certas disposições que não
trazem uma estrutura sintática completa ou não refletem semanticamente os valores de toda a
comunidade. É o caso das conhecidas normas programáticas. Citamos, como exemplo, a norma
estatuidora do Salário-Mínimo, que determina servir a remuneração mínima para o atendimento de
todas as necessidades sociais do cidadão como prevê o artigo 7º, inciso VIII da Constituição Federal
Brasileira de 1988. Esta norma não se concretiza no plano pragmático por falta de empenho das
elites e de uma pressão social mais ampla. É um mero programa constitucional, que infelizmente não
tem efetividade.

Pode-se, enfim, afirmar que uma norma ordinária ou constitucional se concretiza quando:

- Tem seus elementos completos ou integrados sistemicamente em sua estrutura lógica (eficácia
jurídica);

- Os valores que estão plasmados na norma correspondem ao plexo axiológico médio da comunidade
(eficácia jurídico-social);

– Há um empenho e esforço natural de governantes e governados no cumprimento das leis e


preceitos normativos (eficácia social).

Em breve síntese, para que ocorra a efetividade jurídica e social das normas constitucionais, é
indispensável que a Constituição seja interpretada sistematicamente (Plano Sintático), que os valores
estabelecidos nas normas estejam em consonância com a história e os anseios da
coletividade (Plano Semântico), e que haja uma pressão popular permanente para que as elites
políticas e econômicas cumpram o disposto na Constituição e efetivem os preceitos, princípios e
valores lá previstos (Plano Pragmático), evitando-se na medida do possível a mal afamada frustração
e crise constitucional.

Uma Tipologia Das Normas Constitucionais - As Normas Programáticas: Uma Interpretação


Crítica

A Constituição na visão de Luís Roberto Barroso (BARROSO, 1993:281) é composta de três


categorias de normas:

a-) Normas constitucionais de organização;

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b-) Normas constitucionais definidoras de direitos;

c-) Normas constitucionais programáticas;

As normas de organização disciplinam a estrutura básica do Estado, determinando a forma de


Estado, forma de governo, regime político, divisão de competências, separação de poderes. Estas
normas tem na sua maioria efetividade plena e imediata, pois apenas definem o arcaboço do Estado
em seu aspecto burocrático e estático.

Por sua vez, as normas definidoras de díreitos estabelecem aqueles direitos fundamentais no aspecto
civil, político e socio-econômico que a Constituição defere à população. Os direitos civis e políticos
como o direito de liberdade, igualdade e o de votar e ser votado correspondem a um não-fazer do
Estado. Isto é, o Estado ao permitir a participação popular na vida política e ao não invadir a sua
intimidade e liberdade estará dando cumprimento aos direitos individuais de 1ª geração. A obrigação
do Estado em relação a estes direitos implica em um non facere, sendo estes preceitos atualmente
de aplicação direita e imediata.

O problema reside nas normas constitucionais definidoras dos direitos sociais, direitos individuais de
2ª e 3ª geração. Estes necessitam para a concretização de seus valores e sua efetividade, tanto
semântica como pragmaticamente, de uma atuação positiva do ente governamental.

Assim, o direito à educação para todos implica num atuar positivo do Estado na criação de
específicas políticas públicas de cunho social para a concretização do direito constitucionalmente
assegurado.

No caso da educação e saúde, por exemplo, já há na Constituição Brasileira dispositivos específicos


que vinculam recursos e geram direitos subjetivos à população para cobrar do Governo uma atuação
positiva nestes setores sociais com a criação de políticas públicas setoriais. Possuem, assim, alguns
destes direitos sociais uma eficácia plena e imediata ou ao menos uma efetividade plena e contida.
(cf. SILVA, 1982)

Há, entretanto, outros direitos sociais como o direito ao lazer que são carentes de uma
complementação sintática, não passando de meras intenções do constituinte para implementação no
futuro. São as chamadas normas programas ou normas constitucionais programáticas.

As normas programátìcas são as disposições que indicam os fins sociais a serem atingidos pelo
Estado com a melhoria das condições econômicas, socais e políticas da população, tendo em vista a
concretização e cumprimento dos objetivos fundamentais previstos na Constituição. São normas
vagas, de grande densidade semântica, mas com baixa efetividade social e jurídica, não gerando em
sentido estrito direitos subjetivos públicos para a população.

Estas normas programáticas acabam tendo baixo grau de densificação normativa, dizendo respeito a
planos e diretrizes futuras a serem implementados pelos governantes. Pontes de Miranda mesmo
afirma que as normas programáticas são "aquelas em que o legislador, constituinte ou não, em vez
de editar regra jurídica de aplicação concreta, apenas traça linhas diretoras, pelas quais se hão de
orientar os poderes públicos. A legislação, a execução e a própria justiça ficam sujeitas a esses
ditames. que são programas dados à sua função." (PONTES DE MIRANDA, 1969:126-127)

Críticas às Normas Programáticas

Várias são as críticas às normas programáticas, diz-se que as mesmas não têm eficácia imediata e
são destituídas de imperatividade - nota comum às normas jurídicas em geral - não passando de
meros planos/programas que serão realizadas com a evolução do Estado. Seriam normas que não
vinculariam, não estabelecendo princípios específicos, nem tampouco fundando institutos ou
determinando com clareza as bases das relações jurídicas que acolhem.

As críticas expressas acima se resumem em três aspectos básicos: a) as normas programáticas têm
por conteúdo princípios abstratos e na maioria implícitos; b) as normas enunciam programas políticos
não vinculantes; c) as normas estampam regras genéricas, vagas e abstratas que acabam por
escapar de uma aplicação positiva. (BONAVlDES, 1993:220)

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DIREITO DE PERIÇÃO

Há também a observação de que sendo positivadas certas normas com caráter meramente
programático estar-se-ia desestimulando a luta social por estes direitos que já aparecem dispostos na
Constituição, mas sem força de realização efetiva. É o que lembra Eros Roberto Grau: "Assim, penso
possamos afirmar que a construção que nos conduz à visualização das normas como tais -
programáticas - na texto constitucional tem caráter reacionário. Nelas se erige não apenas um
obstáculo à funcionalidade do Direito, mas, sobretudo, ao poder de reivindicação das forças sociais.
O que teria a sociedade civil a reivindicar já está contemplado na Constituição. Não se dando conta,
no entanto, da inocuidade da contemplação desses ''direitos sem garantias’ a sociedade civil
acomoda-se, alentada e entorpecida pela perspectiva de que esses mesmos direitos ‘um dia venham
a ser realizados." (BASTOS, 1994:126) (grifo nosso)

Outro aspecto negativo das normas programáticas que tem grande carga axiológica, mas baixo grau
de concreção, é que a efetividade destas normas depende de fatores eminentemente políticos. Tal
fato é citado por Celso Ribeiro Bastos: as normas programáticas " são extremamente generosas
quanto às dimensões do direito que disciplinam, e, por outro lado, são muito avaras nos efeitos que
imediatamente produzem. A sua gradativa implementação, que é o que no fundo se almeja, fica
sempre na dependência de resolver-se um problema prévio e fundamental: quem é que vai decidir
sobre a velocidade dessa implementação ? Pela vagueza do Texto Constitucional, essa questão fìca
subordinada a uma decisão política. Trata-se, portanto, de matéria insuficientemente juridicizada. O
direito dela cuidou, sim, mas sem evitar que ficasse aberta uma porta para o critério político. "
(BASTOS, 1994:130) (grifo nosso)

As críticas esposadas às normas programáticas e principalmente à sua falta de eficácia social


acabaram por gerar a idéia da existência na Constituição de normas sem aplicação que passaram a
receber denominações comezinhas como: mero programa, proclamações admoestações morais,
declarações bem intencionadas, manifestos, sentenças políticas, aforismos políticos, boas intenções,
todas com o propósito de recusar eficácia e aplicabilidade àquelas proposições cuja presença no
texto básico parecia servir unicamente de emprestar colorido doutrinário às Constituições.

As duas conseqüências mais perversas, na nossa opinião, da falta de efetividade jurídico-social das
normas programáticas acabam sendo que: I-) juristas de araque e governantes com tendências
despóticas podem alegar a falta de efetividade das normas programáticas e evadir-se do
cumprimento de diversas regras e princípios constitucionais; 2-) ocorre um sentimento de frustração
constitucional dentre a comunidade, passando a haver um divórcio latente do mundo
normativo (sollen) do mundo real (sein). Esta frustração pela não implementação e realização dos
objetivos constitucionais, e a não aplicação de diversos direitos sociais e econômicos levam a
população a descrer na ordem jurídica e não respeitar a Constituição como lei fundamental do
Estado.

A Reação às Críticas Formuladas

Em reação a estas criticas sobre a falta de efetividade das normas programáticas vem as teorias e
argumentos de autores da excelência de Jorge Miranda, J.J. Gomes Canotilho, Crisafulli e Luís
Roberto Barroso.

Afirmam que todas as normas são dotadas de eficácia vinculativa imediata dentro de uma análise
sistêmica da Constituição, repelindo-se a identificação das normas programáticas como mera
intenção futura, simples programas ou mera exortação moral. Sustentam os autores que as normas
programáticas tem eficácia vinculante e imediata, pois toda a norma constitucional é sempre
obrigatória, pois derivam do Poder Constituinte sendo dotadas de supralegalidade e todas apontam
no ápice do ordenamento jurídico a que as demais normas devem respeito.

Raul Machado Horta lembra que " a aplicabilidade imediata da norma programática, que a doutrina
contemporânea proclama é questão diversa da exigibilidade por si mesma da norma constitucional."
(HORTA, 1995:223-224). Afirma ainda o autor, no lastro de Jorge Miranda, que as normas
programáticas exigem uma lei que as regulamentem, mas também necessitam de providências
administrativas e operações materiais para que sejam capazes de atingir as estruturas econômicas,
sociais e culturais subjacentes à Constituição.

Neste aspecto, a eficácia destas normas programáticas é deveras complexa, por não apenas exigir a
atuação efetiva do legislador, mas por depender de políticas públicas a serem desenvolvidas pelo

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Governo com a fiscalização, orientação e pressão populares. O caminho para a concretização destas
normas é penoso, fruto de lutas e conquistas sociais.

Lembra Luís Roberto Barroso que "a visão crítica que muitos autores mantêm em relação às normas
programáticas é, por certo, influenciada pelo que elas representavam antes da ruptura com a doutrina
clássica, em que figuravam como enunciados políticos, meras exortações morais, destituídas de
eficácia jurídica. Modernamente, a elas é reconhecido valor jurídico idêntico ao dos restantes
preceitos da Constituição, como cláusulas vinculativas, contribuindo para o sistema através dos
princípios, dos fins e dos valores que incorporam. Sua dimensão prospectiva ressalta, Jorge Miranda,
é também uma dimensão de ordenamento jurídico, pelo menos no Estado Social." (BARROSO,
1993:111)

Segundo a doutrina contemporânea, as normas programáticas produzem efeitos específicos, o que


lhes garante certo grau de imperatividade e efetividade, quais sejam:

A-) As normas programáticas tem uma eficácia muito forte ao vincular o legislador e o governante a
certas diretrizes quando da elaboração de normas jurídicas e na execução de políticas públicas.
Logo, se houver uma contradição entre a atuação concreta do Poder Executivo ou do Poder
Legislativo com os ideários das normas constitucionais programáticas, os dispositivos legais ou
administrativos produzidos serão inconstitucionais devendo ser expurgados do sistema;

B-) As normas programáticas, como nenhum outro dispositivo, refletem o "Espírito da Constituição
Social", demonstrando os anseios populares e devendo servir como bandeira de luta em prol das
transformações sociais;

C-) Estas normas-programas, mediante uma interpretação realística e evolutiva do Direito


Constitucional, deverão ganhar mais densidade sintática rumo a uma concretização efetiva através da
utilização mais constante de certos instrumentos normativos como Mandado de Injunção e a Ação de
Inconstitucionalidade por Omissão, além de outros presentes no Direito Estrangeiro.

Entretanto, é necessário ressaltar que atualmente as normas programáticas não fazem nascer
direitos subjetivos públicos para os jurisdicionados, tendo apenas um efeito negativo de exigir que o
Poder Público se abstenha da prática de atos que atentem contra os ditames destes programas
normativos.

O Princípio da Força Normativa da Constituição e a Máxima Efetividade das Normas

A Constituição Federal é a lei maior de um Estado, sendo esta a norma que versa sobre a
constituição do próprio Estado, é considerada a “somatória dos fatores reais do poder dentro de uma
sociedade”. José Afonso da Silva afirma que Constituição “só se refere à decisão política fundamental
(estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc)”, enquanto as leis
constitucionais são os demais dispositivos normativos inseridos no texto da Constituição, mas não
tratam de decisão política fundamental. Destarte, não basta que um dispositivo normativo esteja
inserido no texto constitucional para que seja considerado Constituição de um Estado, mas deve
versar sobre os fundamentos da nação à qual pertence a norma.

A força normativa da Constituição refere-se à efetividade plena das normas contidas na Carta Magna
de um Estado. Tal princípio foi vislumbrado por Konrad Hesse, que afirmava que toda norma
Constitucional deve ser revestida de um mínimo de eficácia, sob pena de figurar “letra morta em
papel”. Hesse afirma que a Constituição não configura apenas o “ser” (os princípios basilares que
determinam a formação do Estado), mas um dever ser, ou seja, a Constituição deve incorporar em
seu bojo a realidade jurídica do Estado, estando conexa com a realidade social. Neste sentido, afirma
Gerivaldo Alves Neiva que “esta compreensão de Hesse importa que a Constituição deverá imprimir
ordem e conformação à realidade política e social, determinando e ao mesmo tempo sendo
determinada, condicionadas mas independentes”. A prática da força normativa da Constituição traduz
a essência da ideia neoconstitucionalista.

Por sua vez, o princípio da máxima efetividade das normas apregoa que as normas constitucionais
devem ser interpretadas de tal modo que a eficácia da Lei Maior seja plena, máxima. A interpretação
de uma norma é de fundamental importância, pois objetiva a aplicação de tal norma de forma
inequívoca, tendo em vista que busca o seu verdadeiro significado, a sua essência. Destarte, para

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DIREITO DE PERIÇÃO

que a Constituição tenha força normativa, de acordo com o prescrito por Konrad Hesse, necessário
de faz interpretá-la de modo a buscar sua plena eficácia.

O Meio Ambiente na Constituição Federal de 1988

Conceito de Meio Ambiente

A expressão meio ambiente (milieu ambiance) foi utilizada pela primeira vez pelo naturalista francês
Geoffrey de Saint-Hilaire em sua obra Études progressives d´un naturaliste, de 1835,
onde milieu significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo, e ambiance designa o que
rodeia esse ser.

Há uma grande discussão em torno da redundância do termo meio ambiente, por conter duas
palavras com significados similares, como observa Vladimir Passos de Freitas (2001, p. 17):

A expressão meio ambiente, adotada no Brasil, é criticada pelos estudiosos, porque meio e ambiente,
no sentido enfocado, significam a mesma coisa. Logo, tal emprego importaria em redundância. Na
Itália e em Portugal usa-se, apenas, a palavra ambiente.

Gastão Octávio da Luz (2007, on line), doutor em meio ambiente e desenvolvimento, analisando
dicionários e enciclopédias de várias épocas, constata que o material fornecido pelos autores tende a
promover a sinonímia entre meio e ambiente. Dessa forma, enquanto conceitos, os verbetes perdem
seu valor objetivo e, quanto à representação conceitual, poderiam ser ditos como sendo confusos e
obscuros.

Conforme Luiz Carlos Aceti Júnior (2007, on line), o Novo Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio
define meio como lugar onde se vive, com suas características e condicionamentos geofísicos;
ambiente; esfera social ou profissional onde se vive ou trabalha, e ambiente como o conjunto de
condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos.

O professor venezuelano José Moyá (2007, on line), já na época da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente, no Rio de Janeiro em 1992 (Rio 92), chegou a alardear que “meio ambiente
não existe”, e que o que existe “é um todo global e integrado, cujos elementos se combinam
interdependentemente, formando uma unidade indissolúvel” que deve então ser denominado apenas
de ambiente.

Por outro lado, os defensores do termo afirmam que esta questão não passa de um problema de
semântica. Também existe uma forte tendência na manutenção do vocábulo, pois o termo já é
popularmente difundido como sendo a designação para os assuntos da natureza, e também que
vários organismos internacionais, nacionais, estaduais e municipais já incorporaram o termo às suas
siglas, como é o caso do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), Ministérios
de Meio Ambiente e Secretarias de Meio Ambiente.

No Mesmo Sentido é o Entendimento do Mestre Ambientalista Edis Milaré (2001, p. 63):

Tanto a palavra meio quanto o vocábulo ambiente passam por conotações, quer na linguagem
científica quer na vulgar. Nenhum destes termos é unívoco (detentor de um significado único), mas
ambos são equívocos (mesma palavra com significados diferentes). Meio pode significar:
aritmeticamente, a metade de um inteiro; um dado contexto físico ou social; um recurso ou insumo
para se alcançar ou produzir algo. Já ambiente pode representar um espaço geográfico ou social,
físico ou psicológico, natural ou artificial. Não chega, pois, a ser redundante a expressão meio
ambiente, embora no sentido vulgar a palavra identifique o lugar, o sítio, o recinto, o espaço que
envolve os seres vivos e as coisas. De qualquer forma, trata-se de expressão consagrada na língua
portuguesa, pacificamente usada pela doutrina, lei e jurisprudência de nosso país, que, amiúde, falam
em meio ambiente, em vez de ambiente apenas.

Lato sensu, meio ambiente é o conjunto de fatores exteriores que agem de forma permanente sobre
os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e com os quais têm de interagir para
sobreviver.

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No âmbito jurídico, é difícil definir meio ambiente, pois como bem lembra Edis Milaré (2003, p. 165),
“o meio ambiente pertence a uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que
definível, em virtude da riqueza e complexidade do que encerra”.

No Brasil, o conceito legal de meio ambiente encontra-se disposto no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, que diz que meio ambiente é “o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.

Trata-se de um conceito restrito ao meio ambiente natural, sendo inadequado, pois não abrange de
maneira ampla todos os bens jurídicos protegidos.

Conforme a lição de José Afonso da Silva (2004, p. 20), o conceito de meio ambiente deve ser
globalizante, “abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio
histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico”.

Dessa forma, o conceito de meio ambiente compreende três aspectos, quais sejam: Meio ambiente
natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora; enfim, pela interação dos
seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas
com o ambiente físico que ocupam; Meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano
construído; Meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico,
paisagístico, turístico, que, embora artificial, difere do anterior pelo sentido de valor especial que
adquiriu ou de que se impregnou (SILVA, 2004, p. 21).

Temos ainda o Meio ambiente do trabalho, previsto no art. 200, VIII, da Constituição Federal de 1988,
ou seja, “o conjunto de fatores físicos, climáticos ou qualquer outro que interligados, ou não, estão
presentes e envolvem o local de trabalho da pessoa” (SANTOS, on line).

Tal conceito de meio ambiente foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, que em seu art.
225 buscou tutelar não só o meio ambiente natural, mas também o artificial, o cultural e o do trabalho.

Com isso, conclui-se que a definição de meio ambiente é ampla, devendo-se observar que o
legislador optou por trazer um conceito jurídico indeterminado, cabendo, dessa forma, ao intérprete o
preenchimento do seu conteúdo.

Legislação Ambiental Brasileira

A legislação brasileira que diz respeito à defesa do meio ambiente é composta por numerosas leis
esparsas. Algumas são recentes, outras já existem há décadas.

O Código Civil de 1916 em seu art. 554 diz que “o proprietário, ou inquilino de um prédio tem o direito
de impedir que o mau uso da propriedade vizinha possa prejudicar a segurança, o sossego e a saúde
dos que o habitam”. De acordo com José Afonso da Silva (2004, p. 35), esse dispositivo serviu “para
fundamentar a ação cominatória visando a impedir a contaminação do meio ambiente por parte de
indústrias”.

Mais importante é o art. 584 do mesmo Código Civil, que diz que “são proibidas construções capazes
de poluir, ou inutilizar para o uso ordinário, a água de poço ou fonte alheia, a elas preexistente”.

Em seguida veio o Regulamento da Saúde Pública (Dec. nº. 16.300/23), que previu a possibilidade de
impedir que as indústrias prejudicassem a saúde dos moradores de sua vizinhança, possibilitando o
afastamento das indústrias nocivas ou incômodas.

A partir da década de 30 começaram a surgir as primeiras leis de proteção ambiental específicas


como, por exemplo, o Código Florestal (Dec. nº. 23.793/34), substituído posteriormente pela atual Lei
Federal nº. 4.771/65, o Código das Águas (Dec. nº. 24.643/34), assim como o Código de Caça e o de
Mineração. A Lei de Proteção da Fauna (Dec. nº. 24.645/34) estabelece medidas de proteção aos
animais, e o Dec. nº. 25/37 organizou a proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Na década de 60, foi editada importante legislação sobre temas ambientais, como o Estatuto da Terra
(Lei nº. 4.504/64), o novo Código Florestal (Lei nº. 4.771/65), a nova Lei de Proteção da Fauna (Lei

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nº. 5.197/67), a Política Nacional do Saneamento Básico (Dec. nº. 248/67) e a criação do Conselho
Nacional de Controle da Poluição Ambiental (Dec. nº. 303/67).

A participação brasileira na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em
Estocolmo em 1972, foi muito importante, despertando as autoridades para intensificação do
processo legislativo, na busca da proteção e preservação do meio ambiente. Já no ano seguinte,
através do Dec. nº. 73.030/73, art. 1º, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA),
“orientada para a conservação do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais”. As
competências outorgadas à SEMA lhe deram condições de administrar os assuntos pertinentes ao
meio ambiente de uma forma integrada, por vários instrumentos, inclusive influenciando nas normas
de financiamento e na concessão de incentivos fiscais.

Foi na década de 80 que a legislação ambiental teve maior impulso. O ordenamento jurídico, até
então, tinha o objetivo de proteção econômica, e não ambiental. São quatro os marcos legislativos
mais importantes: a Lei nº. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus
fins e mecanismos de formulação e aplicação; a Lei nº. 7.347/85, que disciplina a ação civil pública de
responsabilidade por danos causados ao meio ambiente; a Constituição Federal de 1988, que abriu
espaços à participação/atuação da população na preservação e na defesa ambiental, impondo à
coletividade o dever de defender o meio ambiente (art. 225, caput) e colocando como direito
fundamental de todos os cidadãos brasileiros a proteção ambiental determinada no art. 5º, LXXIII
(Ação Popular); finalmente, a Lei nº. 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

Tutela Constitucional do Meio Ambiente

A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a tratar do meio ambiente. Anteriormente a sua
promulgação, o tema estava abordado somente de forma indireta, mencionado em normas
hierarquicamente inferiores.

Edis Milaré (2005, p. 183) registra:

A Constituição do Império, de 1824, não fez qualquer referência à matéria, apenas cuidando da
proibição de indústrias contrárias à saúde do cidadão (art. 179, n. 24). Sem embargo, a medida já
traduzia certo avanço no contexto da época. O Texto Republicano de 1891 atribuía competência
legislativa à União para legislar sobre as suas minas e terras (art. 34, n. 29). A Constituição de 1934
dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e cultural (arts. 10, III, e
148); conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas,
caça, pesca e sua exploração (art. 5º, XIX, j). A Carta de 1937 também se preocupou com a proteção
dos monumentos históricos, artísticos e naturais, bem como das paisagens e locais especialmente
dotados pela natureza (art. 134); incluiu entre as matérias de competência da União legislar sobre
minas, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração (art. 16, XIV); cuidou ainda da competência
legislativa sobre subsolo, águas e florestas no art. 18, ‘a’ e ‘e’, onde igualmente tratou da proteção
das plantas e rebanhos contra moléstias e agentes nocivos.

A Constituição de 1967 insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e


paisagístico (art. 172, parágrafo único); disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de
defesa da saúde, sobre jazidas, florestas, caça, pesca e águas (art. 8º, XVII, ‘h’). A Carta de 1969,
emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da defesa do patrimônio
histórico, cultural e paisagístico (art. 180, parágrafo único). No tocante à divisão de competência,
manteve as disposições da Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que ‘a lei regulará,
mediante prévio levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e
calamidades’ e que o ‘mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do
Governo’. Cabe observar a introdução, aqui, do vocábulo ecológico em textos legais.

A partir da Constituição Federal de 1988 o meio ambiente passou a ser tido como um bem tutelado
juridicamente. Como bem coloca José Afonso da Silva (2004, p. 46), “a Constituição de 1988 foi,
portanto, a primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental”, trazendo mecanismos para sua
proteção e controle, sendo tratada por alguns como “Constituição Verde”.

A matéria é tratada em diversos títulos e capítulos. O Título VIII (Da Ordem Social), em seu Capítulo
VI, no art. 225, caput, diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

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de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (grifo nosso).

Dessa forma, o Direito Constitucional brasileiro criou uma nova categoria de bem: o bem ambiental,
portanto, um bem de uso comum do povo, e, ainda, um bem essencial à sadia qualidade de vida.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2003, p. 545) leciona que “consideram-se bens de uso comum do povo
aqueles que, por determinação legal ou por sua própria natureza, podem ser utilizados por todos em
igualdade de condições”.

Ou seja, são aqueles de que o povo se utiliza, sem restrição, gratuita ou onerosamente, sem
necessidade de permissão especial. “Não cabe, portanto, exclusivamente a uma pessoa ou grupo,
tampouco se atribui a quem quer que seja sua titularidade” (FIORILLO, 2007, p. 67).

Assim, nenhum de nós tem o direito de causar danos ao meio ambiente, pois estaríamos agredindo a
um bem de todos, causando, portanto, danos não só a nós mesmos, mas aos nossos semelhantes.

No tocante à sadia qualidade de vida, Paulo Affonso Leme Machado (2006, p. 120) observa que “só
pode ser conseguida e mantida se o meio ambiente estiver ecologicamente equilibrado. Ter uma
sadia qualidade de vida é ter um meio ambiente não poluído”.

O equilíbrio ecológico “é o equilíbrio da natureza; estado em que as populações relativas de espécies


diferentes permanecem mais ou menos constantes, mediadas pelas interações das diferentes
espécies” (ART, 1998, p. 194).

O meio ambiente oferece aos seres vivos as condições essenciais para a sua sobrevivência e
evolução. Essas condições, por sua vez, influem sobre a saúde humana podendo causar graves
conseqüências para a qualidade de vida e para o desenvolvimento dos indivíduos. Para o Ministro
Sálvio de Figueiredo Teixeira (2000, p. 15), “a degradação ambiental coloca em risco direto a vida e a
saúde das pessoas, individual e coletivamente consideradas, bem como a própria perpetuação da
espécie humana”. Daí a importância de termos um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Competência Tributária

A competência tributária é a atribuição dada pela Constituição Federal aos entes políticos do
Estado (União, governos estaduais, Municípios e Distrito Federal) da prerrogativa de instituir os
tributos.

A competência tributária é privativa; incaducável; de exercício facultativo; inampliável; irrenunciável;


indelegável. Se um dos entes políticos não exercer a sua faculdade para instituir os tributos,
nenhum outro ente poderá tomar o seu lugar. Não se pode confundir Competência com
Capacidade. Segundo Carrazza,

"A competência tributária esgota-se na lei. Depois que esta for editada, não há falar mais em
competência tributária [direito de criar o tributo], mas, somente, em capacidade tributária ativa
[direito de arrecadá-lo, após a ocorrência do fato imponível]. Temos, pois, que a competência
tributária, uma vez exercitada, desaparece, cedendo passo à capacidade tributária ativa. A partir
deste momento, não existe mais relação de poder, senão relação jurídica de caráter obrigacional e
relações administrativas e processuais, cujo propósito é a reafirmação da vontade da lei nos casos
concretos.”.

Competência tributária é a aptidão para criar tributos em abstrato, por meio de lei, com todos os
elementos essenciais (hipótese de incidência, sujeito ativo, sujeito passivo, base de cálculo,
alíquota). Abrange também a aptidão para aumentar, parcelar, diminuir, isentar, modificar, perdoar
tributos e etc. (princípio de que quem pode o menos pode o mais).

Normalmente, quem tem competência é o sujeito ativo da relação jurídica tributária, pois também
têm capacidade tributária ativa (aptidão para cobrá-lo). Mas nada impede que a pessoa política, por
meio de lei, delegue a capacidade tributária ativa a terceiros, figurando este terceiro como sujeito
ativo do tributo.

“Exercitar a competência tributária é dar nascimento no plano abstrato ao tributo”.

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DIREITO DE PERIÇÃO

Cumpre, inicialmente, consignar que a acepção do termo competência tributária não se confunde
com poder tributário, ainda que haja conexidade entre ambos. Primeiro, porque competência
tributária é"a manifestação da autonomia da pessoa política que a detém", com suporte no princípio
da Federação, consubstanciado no art. 1º da Carta Política de 1988, em que cada uma das
pessoas políticas internas possui autonomia. Segundo, porque o poder tributário

" se opera tão-somente no âmbito dos Estados unitários, nos quais existe uma única pessoa
política central, imbuída do poder absoluto de tributar, sem quaisquer restrições ".

A expressão competência tributária pode ser definida como sendo o poder, atribuído
pela Constituição Federal, observadas as normas gerais de Direito Tributário, de instituir, cobrar e
fiscalizar o tributo, compreendendo a competência legislativa, administrativa e judicante. Noutras
palavras, pode-se definir competência tributária como sendo

"a parcela do poder de tributar conferida pela Constituição a cada ente político para criar tributos",
ou, ainda,"a aptidão para criar, in abstracto, tributos". Não destoa o entendimento segundo o qual
se conceitua competência tributária" como o limite do poder fiscal para legislar e cobrar tributos ".

Distribuição da competência tributária

O poder tributário pode ser repartido entre as diversas pessoas de direito público, as quais ficam
com competência tributária. Trata-se de uma parcela de poder tributário atribuída à pessoa jurídica
de direito público, que lhe dá a possibilidade de criar o tributo.

A competência tributária compreende uma competência legislativa plena. Diante do princípio da


legalidade tributária, que admite a criação de tributos somente através da lei – vemos, portanto,
que a competência tributária acha-se ligada à criação do tributo.

A competência tributária pode ser:

a) Competência Tributária Privativa: ocorre quando a entidade política que recebe o poder de
decretar determinado tributo é uma única, não se admitindo que outra entidade política atinja tal
área, ficando com competência idêntica. Ex: Caso da União diante do IPI.

b) Competência Tributária Comum: ocorre quando duas ou mais entidades políticas recebem
poderes para decretar um mesmo tributo. É o caso do Estado e Município diante do imposto sobre
a circulação de combustíveis líquidos e gasosos.

c) Competência Tributária Residual: ocorre quando determinada entidade política fica com o
poder de decretar outros tributos, diferentes dos previstos. É o caso da União, que tem
competência para decretar “outros impostos”, diferentes dos que constam na Constituição.

Limites constitucionais à competência tributária

As limitações à competência tributária, previstas nos artigos 9º a 11 do CTN, consistem-se em


princípios e normas jurídicas, consubstanciadas em vedações constitucionais, que têm por objetivo
a garantia do cidadão contra o abuso do poder de tributar do Estado.

Nesse diapasão, cumpre registrar que princípios constitucionais são "aqueles que guardam os
valores fundamentais da ordem jurídica. Isto só é possível na medida em que estes não objetivam
regular situações específicas, mas sim desejam lançar a sua força sobre todo o mundo jurídico"

São exemplos de princípios albergados pelo ordenamento jurídico pátrio, a saber: o republicano, o
federativo, da legalidade, da anterioridade, da ampla defesa, dentre outros. Para efeitos do
presente estudo, consentâneo tecer algumas considerações acerca de princípios tributários
expressos que constituem limites de índole constitucional à competência tributária.

Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar:

A União, Estados, Distrito Federal e Município possuem competência tributária para a criação de
tributos, vez que a própria Constituição Federalatribui tal aptidão, de modo que estabelece
parâmetros relevantes com a finalidade de assegurar os direitos e garantias individuais tutelados

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DIREITO DE PERIÇÃO

pela Carta Magna. Portanto, compreende-se que o poder de tributar possui limitações para que não
haja violação dos direitos humanos e fundamentais, razão pela qual a ordem constitucional impões
limites ao Estado para a realização de tal atividade.

Neste sentido, as limitações ao poder de tributar são desdobradas nos princípios constitucionais e
nas imunidades tributárias, visando a delimitação do poder tributário do Estado de criar e arrecadar
tributos.

Princípios Constitucionais Tributários:

Embora os princípios constitucionais não estejam presentes no artigo 5ª da CF, por se tratar de
direitos fundamentais do contribuinte, não podem ser alterados com a intenção de mitiga -los por
Emenda Constitucional. Portanto, são considerados cláusulas pétreas – art. 60, § 4º, IV da CF/88,
conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.

Ressalta-se que a EC pode reforçar a proteção do contribuinte, incluindo novo princípio


constitucional tributário.

Princípio Da Legalidade:

O tributo só pode ser instituído ou majorado por lei (art. 150, I da CF/88). Deve-se conjugar com o
artigo citado, o artigo 97 do CTN, qual abrange outras matérias que também dependem de lei para
serem tratados.

Assim neste artigo, pode-se observar a extinção e diminuição de tributo, a fixação da alíquota e
base de cálculos, penalidade (multas).

- Elementos Quantitativos Da Regra Matriz: Base De Cálculo + Alíquota.

Todas as vezes que há alteração na alíquota ou base de cálculo, por efeito, há alteração no tributo.
Assim, tanto a alíquota como a base de cálculo para serem aumentadas, prescindem de
intervenção de lei, por força do princípio da legalidade tributária – art. 97, § 1º do CTN.

OBS: a mera correção monetária da base de cálculo não constitui efetivo aumento e, portanto, não
depende de lei – artigo 97, § 2ª do CTN.

Súmula 160, STJ: a atualização monetária da base de cálculo do IPTU por decreto está limitada ao
índice oficial de correção monetária.

Aplica-se por analogia a súmula 160, STJ quando diz acerca da atualização monetária de base de
cálculo de tributo.

Prazo De Vencimento: não depende de lei para ser definido, podendo ser realizado por meio de ato
normativo infralegal – não faz parte de elementos essências da regra matriz de incidência
(Exemplo: decreto). Não está entre as matérias previstas no artigo 97, CTN.

Exceções Ao Princípio Da Legalidade:

- Imposto de Importação, Imposto de Exportação, Imposto sobre Operações Financeiras e Imposto


sobre Produtos Industrializados: por se tratarem de impostos extrafiscais, suas alíquotas podem ser
modificadas (aumentar) por ato do Poder Executivo – art. 153, § 1º da CF.

Não pode haver alteração de base de cálculo por meio de ato do poder executivo.

- Cide Combustíveis: as alíquotas podem ser reduzidas e restabelecidas por ato do poder executivo
(exemplo: decreto) – art. 177, § 4º, I, b da CF.

O aumento de alíquota para a Cide Combustível depende de LEI, haja vista que difere do termo
restabelecer.

- ICMS monofásico sobre combustíveis: suas alíquotas são definidas por deliberação dos estados e
do Distrito Federal – art. 155, § 4ª, IV da CF.

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DIREITO DE PERIÇÃO

Medidas Provisórias – art. 62, § 1º CF: pode ser utilizada em matéria tributária, por ausência de
vedação. Entretanto, matéria para as quais a Constituição exige a lei complementar, a MP não
pode tratar – art. 62, § 1º, IIIda CF.

- Matérias para as quais a CF exige lei complementar: - para a instituição de alguns tributos:
empréstimos compulsórios (art. 148, CF); imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CF);
impostos residuais (art. 154, I da CF); contribuições sociais residuais (art. 195, § 4º da CF).

- Outras matérias que dependem de LC – art. 146, CF: dispor sobre conflitos de competência em
matéria tributária (exemplo: conflito de competência de ISS – LC 116, art. 3º); regular limitações
constitucionais ao poder de tributar (art. 14, CTN – Requisitos para ter Imunidade de Impostos –
formalmente, o CTN é uma lei ordinária; materialmente é uma LC); normas gerais em matérias
tributárias (Definição de Tributo – art. 3º, CTN; Prescrição – art. 174, CTN e Decadência – art. 173,
CTN).

Finançãs Publicas

Dá-se o nome de finanças ao estudo da circulação do dinheiro. Este ramo da economia trata de
analisar a obtenção, a gestão e a administração de fundos. Já, o adjectivo público/pública diz respeito
ao que é comum a toda a sociedade ou ao que é do conhecimento geral.

As finanças públicas são compostas pelas políticas que instrumentam o gasto público e os impostos.
É desta relação que irá depender a estabilidade económica do país e a sua entrada em défice ou
excedente.

O Estado é o responsável pelas finanças públicas. O principal objectivo estatal através das finanças
públicas é o fomento da plena ocupação e o controlo da demanda agregada.

O Estado intervém portanto nas finanças através da variação da despesa pública e dos impostos. A
despesa pública é o investimento que realiza o Estado em vários projectos de interesse social. Para
poder concretizar os investimentos, isto é, manter a despesa pública, as autoridades devem
assegurar-se de arrecadar impostos, os quais são pagos por todos os cidadãos e pelas empresas de
uma nação.

A despesa pública, por outro lado, pode funcionar como estímulo (ou incentivo) do consumo. O
Estado está em condições de criar postos de trabalho (empregos), conferindo assim salários às
pessoas e dinheiro para despender/consumir.

Regra geral, os impostos estão associados aos rendimentos das pessoas: quanto maiores os
rendimentos, mais elevados são os impostos a pagar. Há ainda impostos que são considerados
recessivos, que afectam da mesma forma a população com menores rendimentos como as classes
altas.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

Princípios Constitucionais Federais e Estaduais

A Constituição ou Carta Magna é um conjunto de normas do governo que, por vezes, se encontra
registrada em documentos escritos ou não.Ela é responsável por limitar e organizar os poderes
políticos.Cada país tem uma constituição diferente.O Brasil, por exemplo, tem suas normas baseadas
nas leis da França e dos Estados Unidos.

Quando o país se tratar de uma Federação, será chamada de Constituição Federal, mas existem
outras nomenclaturas, tais como:

• Constituição Política;

• Constituição da República;

• Constituição Nacional;

• Lei Básica;

• Carta Magna;

• Lei Fundamental;

• Carta Mãe, etc.

O ramo do Direito responsável pelo estudo da Constituição é o Direito Constitucional.

História da Constituição

Na França, no ano de 1789, ocorreu um fato histórico, a Revolução Francesa.A revolta foi uma
iniciativa dos trabalhadores dos campos contra a burguesia.Os trabalhadores sustentavam o monarca
(o rei) e toda sua família, formada por príncipes, condes, duques, barões, etc.Eram cobrados
impostos altíssimos para que os burgueses continuassem na nobreza.O clero também fazia parte da
nobreza.O lema da revolução foi “Liberté, Égalité, Fraternité”, em francês, que significa: liberdade,
igualdade e fraternidade.

Já nos Estados Unidos, nos anos de 1775 até 1781, ocorreu uma guerra, denominada de Guerra
Revolucionária.No tempo de embate, o exército liderado por George Washington criou o lema de que
“todos os homens são criados iguais” e dotados de certos “direitos inalienáveis”.O Congresso na
Filadélfia, redigido por Thomas Jefferson, declarou independência, no dia 4 de Julho de 1776.Após
terem expulsado os britânicos, os americanos ratificaram a Constituição Federal dois anos após a
Declaração de Independência.

História da Constituição Brasileira

Constituição de 1824

Com a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, foi implementada dois anos depois a
Constituição de 1824.Seu modelo era baseado nos países com monarquias liberais da Europa,
principalmente a França.

Um dos principais destaques foi a inserção do quarto poder, conhecido como moderador.Ele era
superior aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.O responsável por esse poder era o
Imperador, considerado o Chefe Máximo da Nação.Ele era responsável por garantir a paz, a
independência e o equilíbrio dos poderes.Além disso, estabeleceu a religião católica como oficial do
país, e previu a liberdade de culto para todas as crenças.Os ‘libertos’ eram chamados de escravos
alforriados e apenas os ricos podiam votar na época.Ela vigorou até 1889, com a Proclamação da
República.

Constituição de 1891

A Constituição de 1891 tinha ideais republicanos, inspirada no positivismo (uma corrente filosófica
criada por Auguste Comte na França), ela não mencionou a Deus no preâmbulo, mas foi a primeira a

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

usar a frase “Todos são iguais perante a lei”.Foi inspirada também na Constituição dos Estados
Unidos da América.Um dos direitos principais previstos eram:

• Abolição da pena de morte;

• Implantação do Federalismo inspirados pela Argentina;

• Ampliação do direito de voto; Mandato de 4 anos para presidente;

• Houve a separação entre o Estado e a Igreja;

• Autonomia dos municípios.

Obs.: vigorou por 39 anos até a Revolução de 1930.

Constituição de 1934

Com a revolução de 1930 houve uma queda da Constituição de 1891.Assim, no ano de 1932, em São
Paulo, havia uma revolta contra o governo provisório de Getúlio Vargas.O objetivo disso era trazer
novamente o retorno da ordem constitucional e por isso, foi chamada de Revolta Constitucionalista,
onde os paulistas requisitavam uma nova constituição.Mesmo com o fim da revolta, Vargas criou no
ano seguinte, uma Assembleia Constituinte para a criação da nova Constituição.A Constituição de
1934 teve um texto influenciado pela Constituição alemã da República de Weimar (1919).Dentre as
suas principais ações:

• Garantiu um voto universal e secreto;

• Criou a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho;

• Previu o salário mínimo e a jornada de 8 horas para os trabalhadores;

• Permitiu o direito de participação das mulheres nas eleições.

Constituição de 1937

A Constituição de 1937 é marcante devido a criação do Estado Novo, período governado por Getúlio
Vargas.Ela tinha influência do fascismo e foi chamada de Polaca, por ser parecida com a Constituição
da Polônia (1935) e tambpem por trazer elementos do autoritarismo que marcou a Europa nesse
período:

• Centralizou os poderes e Getúlio Vargas foi capaz de indicar governantes e também interferir no
poder Judiciário;

• Aumentou o mandato do presidente para seis anos; Retornou com a pena de morte;

• Impediu as greves.Teve uma duração de nove anos até ser anulada com o fim do Estado Novo.

Constituição de 1946

Com o fim da II Guerra Mundial e a derrota dos nazi-fascistas, foi nítida a contradição existente no
Estado Novo.Houve assim, uma pressão por parte da Europa, que era contra o fascismo apoiado
através da Carta de 1937, durante o mandato de Getúlio Vargas.Com isso, posteriomente, novas
eleições foram feitas e Getúlio deixou o poder em 29 de outubro de 1945.Foi criada uma nova
constituição no Brasil, mais democrática, promulgada no governo de Eurico Gaspar Dutra.Principais
pontos:

Teve muitos artigos da Carta de 1934;

Reassegurou a liberdade de expressão e os direitos individuais;

Garantiu a aposentadoria compulsória de funcionários públicos aos 70 anos.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

Constituição de 1967

Três anos depois do golpe de 1964 foi criada a sexta constituição da República.Ela excluiu muitas
garantias da carta de 1946 e foi mais rígida tornando restritos os partidos políticos (que na época se
transformaram em dois), concentrou os poderes no Executivo, determinou eleições indiretas para
presidente da República, além de restabelecer a pena de morte.Ela foi ainda complementada por 17
atos institucionais, 67 complementares e 27 emendas.Com o AI-5, um dos atos mais rigorosos do
governo militar, decretado em 1968 durante o governo de Artur da Costa e Silva, a Constituição de
1967 ficou paralisada.Porém, com os problemas de saúde de Costa e Silva, e após os atos
institucionais foi criada uma emenda em 17 de outubro de 1969, outorgada pela Junta Militar.Muitos
estudiosos veem essa emenda como a Constituição de 1967.

Constituição de 1988

A Constituição Federal passou por diversas transformações, principalmente durante o período crítico
para o país de 1964 – 1985, quando o regime militar tomou conta da Nação.Na época da ditadura,
eram restritas as garantias do público.Tudo acontecia em favor do regime.Várias barbaridades
ocorriam àqueles contrários ao sistema de governo.Não havia eleições diretas e a imprensa era
censurada.A ditadura caiu, e em 1985, as leis foram reestabelecidas.

Após a ditadura militar houve uma abertura política no país.O novo presidente José Sarney introduziu
em seu governo a Assembleia Constituinte, no dia 1º de fevereiro de 1987, liderada por Ulysses
Guimarães e no dia 5 de outubro de 1988 foi promulgada a Constituição de 1988, democrática e livre
da imposição do regime militar.Foi chamada de constituição cidadã, por Ulysses Guimarães.Ela
garantiu, portanto, uma série de direitos que haviam sido vetados durante a ditadura e outros, tais
como:Liberdade Política; Liberdade de Imprensa; Garantia dos Direitos Individuais; Equilíbrio de
poder entre o Executivo, Legislativo e Judiciário; Redução do mandato de presidente para quatro
anos; Aposentadoria para trabalhadores rurais, mesmo sem contribuição ao INSS; Lei de proteção ao
meio ambiente;

Assim, é possível afirmar que é um tipo de constituição classificada como escrita, codificada,
compromissaria, eclética, rígida/super-rígida, dogmática, analítica/prolixa, dirigente e garantista.

Essa constituição ficou estruturada nos seguintes tópicos:

I - Princípios Fundamentais

II - Direitos e Garantias Fundamentais

III - Organização do Estado

IV - Organização dos Poderes

V - Defesa do Estado e das Instituições

VI - Tributação e Orçamento

VII - Ordem Econômica e Financeira

VIII - Ordem Social

IX - Disposições Gerais

Conceitos Importantes

• Normas Constitucionais: As normas constitucionais são todas aquelas que fazem parte de uma
constituição e são superiores às normas não constitucionais ou infraconstitucionais.

• Emenda Constitucional: É uma modificação feita no texto da Constituição depois da sua


promulgação.Esse processo é fundamental para que esse documento possa estar atualizado de
acordo com as mudanças que ocorrem na sociedade e geralmente, pode ser alterado um parágrafo,
tópico ou tema.Esse conceito foi usado inicialmente em 1787, na Constituição dos Estados Unidos,
para alterar de forma legal o texto da Constituição.Anteriormente, essas alterações poderiam causar

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

até guerras.No Brasil, a aprovação das emendas é de responsabilidade da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal.Para criar uma emenda, um parlamentar ou um grupo deles faz um Projeto de
Emenda Constitucional (PEC) que é enviado para a Comissão de Constituição e Justiça e de
Redação (CCJ) que verifica o projeto e se não houver ilegalidades, ele será analisado por uma outra
Comissão Especial.Após a verificação, a emenda passa por uma votação no Congresso Nacional.Só
é aprovada quando tiver no mínimo três quintos dos votos dos membros.

• Atos Institucionais: São decretos e normas que prevaleceram no Brasil durante a ditadura militar
(1964 a 1969), sendo editadas pelos Comandantes Chefe do Exército, Marinha e Aeronáutica ou
mesmo pelo Presidente, com o apoio do Conselho de Segurança Nacional.Essas normas estavam
acima de todas as outras leis, inclusive da Constituição.

Fiscalização contábil, financeira e orçamentária no Brasil

Fiscalização contábil, financeira e orçamentária no Brasil Em todo sistema é necessário uma contra-
força para equilibrar os seus componentes, do contrário o sistema tende a ruir.É com base nessa
estrutura que o nosso sistema jurídico funciona.Tal idéia foi preconizada por Montesquieu, na sua
obra do espírito das leis, onde lançou mão do chamado sistema de freios e contrapesos,
desenvolvendo apartir daí a tripartição dos poderes onde nenhum poder deveria ser estanque, mas
sim atuante e integrado para que não houvesse o abuso por parte deste.

Neste prisma, com base nesse sistema de freio e contrapesos, iremos discorrer sobre a fiscalização
contábil, financeira e orçamentária, pois, afinal de contas, representa a mais clara relação de
sopesamento entre os três poderes.Por fiscalização contábil, financeira e orçamentária entende-se o
procedimento de análise e fiscalização do dispêndio de receitas por parte de determinadas
pessoas.Essas pessoas poderão ser: o chefe do executivo; ordenadores de despesa; qualquer
pessoa jurídica pública ou privada que mexer em dinheiro público.

A fiscalização ou controle, pode se dá em determinados momentos no que diz respeito à sua


execução.Pode ser prévio ou apriori, quando acontece antes do dispêndio da receita, como exemplo
podemos citar a licitação; concomitante, quando se dá em concomitância, ao mesmo tempo em que o
dispêndio, podemos citar o controle SAGRES (Sistema de acompanhamento da Gestão dos
Recursos da sociedade), que é um sistema em funcionamento na Paraíba, ou a LRF, com a própria
apresentação dos relatórios; e por fim, o controle subsequente ou aposteriori que é aquele feito no
término do dispêndio, exemplo o controle feito pelo TCU.

No que concerne ao objeto do controle, este poderá ser sobre a receita, despesa e resultado.No
primeiro este deverá incidir sobre as receitas, podendo esta vir a ser renunciada pelo chefe do
executivo.Caso a renúncia aconteça, esta deverá ser compensada de alguma forma; no controle da
despesa este deverá ser feito “in loco”, para se averiguar se de fato existe; já no controle do
resultado, este deverá se pautar na razoabilidade e na economicidade, ou seja, dever-se-á se buscar
soluções mais benéficas.Sobre o alcance, este poderá ser interno, definido pelo art.74 da CRFB, ou
externo, art.71 CRFB.

O controle interno deverá ser mantido de forma integrada pelos três poderes, a fim de serem
avaliados aspectos fundamentais para o correto caminhar da Adm.pública.O controle interno deverá
ser feito de forma articulada com o controle externo, caso o controle interno de algum dos três
poderes não comunicar as irregularidade internas ao TCU poderão responder solidariamente.O
controle externo é feito pelo Congresso Nacional auxiliado pelo tribunal de contas que, por sua vez,
avaliarão, fiscalizarão os poderes externamente.O controle da adm.pode ser feito ainda, por Qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato perante o tribunal de contas.Conclusão Sabemos
que infelizmente o nosso controle orçamentário é falho, apesar de tão bem estruturado ser, pois tal
falha, em verdade, decorre dos homens, pra ser mais exato.

Podemos extrair do texto, que são muitos os mecanismos de contenção de atos corruptos, porém é
pusilânime a vontade de extirpar da face administrativa a corrupção que reina e impera entre nós.

Linhas gerais, o objetivo deste artigo não é apenas informar sobre os procedimentos de controle
orçamentário, contábil e financeiro, mas, alertar, sobretudo, a sociedade que pode contar com as
mais diversas armas contra os corruptos.Compete a cada um de um de nós irmos à busca da
solução, pois os meios já estão disponíveis!

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

História da Auditoria Operacional

Segundo Cristopher Pollit e Hilkka Summa (1999), a auditoria operacional é uma atividade recente,
que surgiu no final dos anos setenta e representa uma variante moderna da atividade de auditar.

Os precursores dessa atividade foram os europeus ocidentais, os norte-americanos e os


australianos, após as reformas administrativas públicas.Reformas essas que tiveram como principal
objetivo reduzir o aparato estatal.A partir dessa reforma, foram geradas buscas por novas idéias
por mecanismos de fiscalização.

A forma tradicional de fiscalizar consiste no processo de verificar de livros, notas empenhos e


fiscais.A Auditoria Operacional busca algo a mais, possui um propósito mais ambicioso, que une a
antiga tradição de auditar com o novo olhar para o resultado”.

A nova prática iniciou-se no Tribunal de Contas da União - TCU no inicio dos anos 80 e consolidou-
se com a Constituição de 1988, que no seu art.70preconiza:

A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das


entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncias de receitas, será exercida pelo congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder.(grifo nosso)

Em 1998, o TCU implementou Projeto de Cooperação Técnica com o Ministério Britânico para o
Desenvolvimento Internacional - DFID com o objetivo de disseminar a auditoria operacional.

O TCU criou, também, em 2000, uma unidade especializada, chamada Secretaria de Fiscalização e
Avaliação de Programas de Governo - Seprog.

A Organização Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores INTOSAI, em 2004, elaborou


e publicou as DIRETRIZES PARA APLICAÇÃO DE NORMAS DE AUDITORIA OPERACIONAL,
com objetivo de descrever as características e os princípios da auditoria operacional; ajudar os
auditores operacionais das Entidades Fiscalizadora Superiores - EFSs na supervisão e realização
das auditorias operacionais, de modo eficiente e efetivo; servir de base para as boas práticas de
auditorias operacionais e estabelecer um março para o desenvolvimento futuro da metodologia e o
desenvolvimento profissional da auditoria operacional.

Controle é uma forma de manter o equilíbrio na relação existente entre Estado e Sociedade, fazendo
surgir daquele as funções que lhe são próprias, exercidas por meio dos seus órgãos, sejam estes
ligados ao Executivo, legislativo ou Judiciário.

Em decorrência dos princípios da eficiência administrativa e da eficácia dos seus atos, o Estado se vê
cercado de mecanismos de controle das atividades estatais, gerados pela necessidade de se
resguardar a própria administração pública, bem como os direitos e garantias coletivos.

Assim, foram criados dois tipos de mecanismos devidamente açambarcados pela CF/88: o Controle
Interno, realizado pelos próprios órgãos do Estado, e o Controle Externo, realizado pelo Poder
Legislativo que é auxiliado pelas Cortes de Contas.

No que toca ao que denominou-se Controle Interno, o art.74 da CF/88 é taxativo ao dispor que os três
poderes devem mantê-lo, de forma integrada, com a finalidade de: avaliar o cumprimento de metas
do plano plurianual e a execução dos orçamentos públicos; comprovar a legalidade e avaliar os
resultados, sob os aspectos de eficiência e eficácia, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial
dos órgãos e entidades da administração; exercer o controle das operações de crédito; e, apoiar o
controle externo.

Quanto ao Controle Externo, mencionado no art.71 da CF/88, firme-se que é um controle político de
legalidade contábil e financeira e a ele cabe averiguar: probidade dos atos da administração;
regularidade dos gastos públicos e do emprego de bens, valores e dinheiros públicos; e, fiel execução
do orçamento.

Mesmo que as atividades desempenhadas por esses dois mecanismos apresentem alguma
similaridade, mostra-se necessário e oportuno registrar suas diferenças, uma vez que são distintos.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

O mecanismo de Controle Interno faz parte da Administração, subordina-se ao Administrador, tendo


por função acompanhar a execução dos atos e apontar, em caráter sugestivo, preventivo ou
corretivamente, as ações a serem desempenhadas com vistas ao atendimento da legislação
pertinente.

Com relação ao Controle Externo, caracteriza-se por ser exercido por órgão autônomo e
independente da Administração, cabendo-lhe, entre as atribuições indicadas pela CF/88, exercer
fiscalização.Mediante tal função, os Tribunais de Contas devem verificar se os atos praticados pela
Administração estão em conformidade com as normas vigentes, observando-se as questões
contábeis, financeiras, orçamentárias, operacionais e patrimoniais.

Além disso, note-se o caráter opinativo do Controle Interno, haja vista que pode ou não atender à
proposta que lhe seja feita para alterar o modo ou forma de praticar determinado ato
(responsabilidade e risco do Administrador).No Controle Externo, o Tribunal de Contas possui
poderes para impor correções a Administração, bem como pode intervir em licitações e aplicar
sanções, como multas ou, dependendo da gravidade, até a decretação de penhora de bens e
inelegibilidade do responsável.

Da Ordem Econômica e Financeira

A Constituição brasileira, tal qual boa parte das Constituições contemporâneas (p.ex.; a portuguesa e
a italiana), possui capítulo especial dedicado à economia, reunindo o plexo de princípios, normas e
institutos jurídicos que alicerçam a ordem jurídica econômica.

Esse conjunto de preceitos voltados à regulação da economia, em nível constitucional, recebe o


nome de "constituição econômica".

Do ponto de vista material, "constituição econômica", pode ser definida como "o conjunto de normas
fundamentais que 'estabelecem' juridicamente os elementos estruturais de uma forma concreta de um
determinado sistema econômico; se é, portanto, uma estrutura de relações sociais de produção
'traduzida' em normas jurídicas, então a constituição econômica, neste sentido jurídico-material,
existe em toda e qualquer formação social.Em todos os estados uma determinada ordem econômica
é expressamente fixada ou pressuposta como imanente pela ordem jurídica, seja diretamente pela
constituição, seja por institutos fundamentais do direito privado e administrativo".

Nesse sentido, o art.170 da Constituição Federal aponta que a ordem econômica brasileira, fundada
na valorização social do trabalho e na livre iniciativa, tem por fim a realização da justiça social com
fundamento nos seguintes princípios: soberania nacional (inciso I), propriedade privada (inciso II),
função social da propriedade (inciso III), livre concorrência (inciso IV), defesa do consumidor (inciso
V), defesa do meio ambiente (inciso VI), redução das desigualdades regionais e sociais (inciso VII),
busca do pleno emprego (inciso VIII), buscas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País (inciso IX).

Da Ordem Econômica E Financeira

O Capitalismo na ordem econômica nacional

Os princípios da orem econômica e social brasileira são, apesar da pluralidade de aspectos


intervencionistas do Estado, vinculados ao capitalismo, sistema caracterizado pela propriedade
privada dos meios de produção e pela separação (já não se fala em conflito ou oposição) entre as
classes do capital e do trabalho.

A Carta Magna se situa no contrafluxo do processo intervencionista do Poder Público, assinalado


desde os anos trinta, ao determinar (art.173) que, ressalvados os casos expressos, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado é permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo definidos em lei.

As determinantes da ordem econômica e social contidas na Carta excedem, de muito, os limites da


ciência do direito.Envolvem, a rigor, todos os campos da realidade do homem.
São, porém, relevantes para o jurista brasileiro, desde 1934 (quando apareceram pela primeira vez
na Constituição), os ditames constitucionais que, com caráter claramente programático, fundam a
ordem econômica na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, assegurado a todos o livre

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos,


salvo, e por exceção, casos previstos em lei.

Finalidade da ordem econômica

Lê-se no art.170 que a ordem econômica tem por fim assegurar a toda existência digna, conforme os
ditames da justiça social.Trata-se de expressões cujo conteúdo é de manifesta vacuidade, pois se
prestam a toda sortes de interpretação.A principiologia da atividade econômica envolve a satisfação
de preceitos, a serem lidos em estreito ajuste com os fundamentos da República brasileira (art.1º),
com os direitos individuais (art.5º) e sociais (art.7º), preceitos esses alusivos aos seguintes
elementos:

a) soberania nacional;
b) propriedade privada e função social da propriedade (art.5º, XXII e XXIII);
c) livre concorrência, mas tratamento favorecido para empresas brasileiras de capital nacional, de
pequeno porte (art.171, par.1º);
d) defesa do consumidor (art.5º, XXXII), e do meio ambiente (art.225);
e) redução das desigualdades regionais e sociais (art.3º, III);
f) busca do pleno emprego (art.7º, I e II).

Constituição Federal

Capítulo I
I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA (ARTS.170 A 181)

Texto do Capítulo

Lei nº 8137, de 27.12.1990, que define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as
relações de consumo, e dá outras providências.

• Lei nº 8176, de 8.2.1991, que define crimes contra a ordem econômica e cria o Sistema de
Estoques de Combustíveis.

• Lei nº 9430, de 27.12.1996, que dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a
seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências.

• Decreto nº 2730, de 10.8.1998, que dispõe sobre o encaminhamento ao Ministério Público Federal
da representação Fiscal para fins penais de que trata o art.83 da Lei nº 9430, de 27 de dezembro de
1996.

Art.170.A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

Lei nº 8884, de 11.6.1994, que transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica


(Cade) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem
econômica e dá outras providências.(Antitruste)

IV - livre concorrência;

Lei nº 8884, de 11.6.1994, arts.1º, caput, 20, I, 21, VIII, 27, V, 54.

V - defesa do consumidor;

Lei nº 8078, de 11.9.1990, que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras


providências.(Código de Defesa do Consumidor)

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

VI - defesa do meio ambiente;

* VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto


ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

* Nova redação dada pelo art.1º da Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003.

Lei nº 7804, de 18.7.1989, que altera a Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a Lei nº
7735, de 22 de fevereiro de 1989, a Lei nº 6803, de 2 de junho de 1980, e dá outras providências.

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.

* IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.

* Nova redação dada pelo art.1º da Emenda Constitucional nº 6, de 15.8.1995.

Lei nº 9317, de 5.12.1996, que dispõe sobre o regime tributário das microempresas e das
empresas de pequeno porte, institui o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições
das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES e dá outras providências.

Lei nº 9841, de 5.10.1999, que Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno


Porte, dispondo sobre o tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos
arts.170 e 179 da Constituição Federal.

Parágrafo único.É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,


independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

"Art.171.São consideradas: (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

I - empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no
País; (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

II - empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em caráter permanente
sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de
entidades de direito público interno, entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da
maioria de seu capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas
atividades.(Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

§ 1º - A lei poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional: (Revogado pela Emenda
Constitucional nº 6, de 15/08/95)

I - conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver atividades consideradas


estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao desenvolvimento do País; (Revogado pela
Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

II - estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao desenvolvimento tecnológico


nacional, entre outras condições e requisitos: (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de
15/08/95)

a) a exigência de que o controle referido no inciso II do "caput" se estenda às atividades tecnológicas


da empresa, assim entendido o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para desenvolver ou
absorver tecnologia; (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou


entidades de direito público interno.(Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

§ 2º - Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento preferencial, nos termos da
lei, à empresa brasileira de capital nacional.(Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95)

Art.172.A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro,
incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.

Art.173.Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade


econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade
econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às
obrigações trabalhistas e tributárias.

* § 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e


de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou
de prestação de serviços, dispondo sobre:

Artigo 26 da E.C.19/98: "Art.26.No prazo de dois anos da promulgação desta Emenda, as entidades
da administração indireta terão seus estatutos revistos quanto à respectiva natureza jurídica, tendo
em conta a finalidade e as competências efetivamente executadas."

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da


administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de


acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

* Nova redação dada pelo art.22 da Emenda Constitucional nº 19, de 4.6.1998.

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios


fiscais não extensivos às do setor privado.

§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.

§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação
da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

Lei antitruste – Lei nº 8158, de 8.1.1991, que institui normas para a defesa da concorrência e dá
outras providências.

Lei antitruste – Lei nº 8884, de 11.6.1994, que transforma o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) em Autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a
ordem econômica e dá outras providências.

Lei nº 9873, de 23.11.1999, que estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva
pela Administração Pública Federal, direta, e indireta, e dá outras providencias.

Lei nº 8035, de 27.4.1990, que Revoga as Medidas Provisórias nºs 153 e 156, ambas de 15 de
março de 1990, e dá outras providências.

Lei nº 8076, de 23.8.1990, que estabelece as hipóteses nas quais fica suspensa a concessão de
medidas liminares.

“Art.1º Nos mandados de segurança e nos procedimentos cautelares de que tratam os arts.796 e
seguintes do Código de Processo Civil, que versem matérias reguladas pelas disposições das Leis

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

nºs 8012, de 4 de abril de 1990, 8014, de 6 de abril de 1990, 8021, 8023, 8024, 8029, 8030, 8032,
8033, 8034, todas de 12 de abril de 1990, 8036, de 11 de maio de 1990, e 8039, de 30 de maio de
1990, fica suspensa, até 15 de setembro de 1992, a concessão de medidas liminares.

Parágrafo único.Nos feitos referidos neste artigo, a sentença concessiva da segurança, ou aquela
que julgue procedente o pedido, sempre estará sujeita ao duplo grau de jurisdição, somente
produzindo efeitos após confirmada pelo respectivo tribunal.”

§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,


estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos
atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

Lei nº 8176, de 8.1.1991, que define crimes contra a ordem econômica e cria o Sistema de
Estoques de Combustíveis.

Art.174.Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da


lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado.

§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional


equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.

§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta


a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou


concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde
estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art.21, XXV, na forma da lei.

Art.175.Incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou


permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Lei nº 8987, de 13.2.1995, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos previsto no art.175 da Constituição Federal, e dá outras providências.

Lei nº 9074, de 7.7.1995, que estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e
permissões de serviços públicos e dá outras providências.

Lei nº 9648, de 27.5.1998, que altera dispositivos das Leis nº 3.890-A, de 25 de abril de 1961, nº
8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995,
nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder Executivo a promover a reestruturação da
Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de suas subsidiárias e dá outras providências.

Lei nº 9791, de 24.3.1999, que dispõe sobre a obrigatoriedade de as concessionárias de serviços


públicos estabelecerem ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o vencimento de seus
débitos.

Parágrafo único.A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial


de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

Lei nº 9791, de 24.3.1999, que dispõe sobre a obrigatoriedade de as concessionárias de serviços


públicos estabelecerem ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o vencimento de seus
débitos.

III - política tarifária;

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

IV a obrigação de manter serviço adequado.

Art.176.As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem
à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o


"caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no
interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da lei, que
estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de
fronteira ou terras indígenas.

* § 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere


o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União,
no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua
sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando
essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

* Nova redação dada pelo art.1º da Emenda Constitucional nº 6, 15.8.1995.

§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor


que dispuser a lei.

Lei nº 8901, de 30.6.1994, que regulamenta o disposto no § 2º do art.176 da Constituição Federal


e altera dispositivos do Decreto-Lei nº 227, de 28 de fevereiro de 1967 - Código de Mineração,
adaptando-o às normas constitucionais vigentes.

§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e


concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente,
sem prévia anuência do Poder concedente.

§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia


renovável de capacidade reduzida.

Art.177.Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo


produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados
e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de


minérios e minerais nucleares e seus derivados.

* V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de


minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção,
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art.21 desta Constituição Federal.

* Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 08 de fevereiro de 2006.

§ 1º O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades nele
mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em espécie ou
em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto no art.20, § 1º.

* § 1º - A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades
revistas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

* Nova redação dada pelo art.1º da Emenda Constitucional nº 9, de 9.11.1995.

Lei nº 9478, que dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio
do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá
outras providências.

§ 2º - A lei que se refere o § 1º disporá sobre:

I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional:

II - as condições de contratação;

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União.

* Acrescentado pelo art.2º da Emenda Constitucional nº 9, de 9.11.1995.

Lei nº 9478, que dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio
do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá
outras providências.

§ 2º - A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.

* § 3º - A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.

* Renumerado pelo art.2º da Emenda Constitucional nº 9, de 9.11.1995.

* § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de


importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool
combustível deverá atender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no
art.150,III, b;

II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus


derivados e derivados de petróleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

* (Parágrafo acrescentado pelo artigo 3º da Emenda Constitucional nº 33, de 11 de dezembro de


2001)

Art.178.A lei disporá sobre:

I - a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre;

II – a predominância dos armadores nacionais e navios de bandeira e registros brasileiros e do país


exportador ou importador;

III – o transporte de granéis;

IV – a utilização de embarcações de pesca e outras.

§ 1º A ordenação do transporte internacional cumprirá os acordos firmados pela União, atendido o


princípio da reciprocidade

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

§ 2º Serão brasileiros os armadores, os proprietários, os comandantes e dois terços, pelo menos, dos
tripulantes de embarcações nacionais

§ 3º A navegação de cabotagem e a interior são privativas de embarcações nacionais, salvo caso de


necessidade pública, segundo dispuser a lei.

* Art.178.A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo,
quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o
princípio da reciprocidade.

Lei nº 9611, de 19.2.1998, que dispõe sobre o Transporte Multimodal de Cargas e dá outras
providências.

Parágrafo único.Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o


transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações
estrangeiras.

* Nova redação dada pelo art.1º da Emenda Constitucional nº 7, de 15.8.1995.

Art.179.A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às


empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a
incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Lei nº 9317, de 5.12.1996, que dispõe sobre o regime tributário das microempresas e das
empresas de pequeno porte, institui o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições
das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES e dá outras providências.

Lei nº 9841, de 5.10.1999, que Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno


Porte, dispondo sobre o tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos
arts.170 e 179 da Constituição Federal.

Art.180.A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo


como fator de desenvolvimento social e econômico.

Art.181.O atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por


autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada
no País dependerá de autorização do Poder competente.

Função Social Da Propriedade

O princípio da função social da propriedade tem controvérsias quanto à sua origem, porém, é que é
incontroverso é que este princípio está presente em nossa Constituição Federal, sendo que o direito à
propriedade só se justifica pela missão social para a qual deve-se contribuir, devendo o proprietário
comportar-se como um funcionário e assim ser considerado, quanto à gestão dos seus bens.

Com o presente artigo, ter-se-á uma breve análise do papel que a função social da propriedade
exerce no mundo jurídico, em especial a Constituição Federal e o Código Civil.

A propriedade trata-se de um direito garantido no texto constitucional estando no âmbito dos direitos
fundamentais, que por sua vez, tem o condão de atender a sua função social.

Através da influência do trabalho e do capital, a propriedade acaba exercendo um foco constante de


tensões sociais e econômicas, causando confrontos entre as pessoas, estas por sua vez, juntamente
com o Estado, têm fortes repercussões em todas as esferas sociais.

Função Social Da Propriedade E A Constituição Federal

Com a Constituição Federal de 1988, a propriedade passou a ser um munus, ou seja, vinculada a um
direito-dever, através do desempenho da função social, pois até então, conforme Cretella Júnior
(1997, p.301),

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

?Antigamente, bem diversa era a situação.A propriedade, eixo em torno do qual girava todo o direito
das coisas, caracterizava-se pelo seu feitio nitidamente individualista; tratava-se, então, de relação
jurídica puramente privada e individual, de caráter sagrado e absoluto.?.

O art.5°, inciso XXIII da Constituição Federal de 1988 inovou incluindo a função social da propriedade
como direito e garantia individual, que veio a ter como principal efeito, antes de tudo, que os direitos e
deveres individuais são cláusulas pétreas da Constituição Federal, não admitindo emenda para sua
alteração.Assim, a conclusão inevitável é que a “função social da propriedade” torna-se cláusula
pétrea, não podendo ser alterada ou suprimida da Carta Magna.

Outro efeito, é que as normas dos direitos e deveres individuais têm aplicação imediata, sem
necessidade de qualquer norma ordinária ou complementar para sua exigência.

Ao mesmo tempo em que a Constituição Federal de 1988, em seu art.5°, inciso XXII determina que
?é garantido o direito de propriedade?, ou seja, conforme Moraes (2003, p.173) ?O direito de
propriedade, constitucionalmente consagrado, garante que dela ninguém poderá ser privado
arbitrariamente, pois somente a necessidade ou utilidade pública ou o interesse social permitirão a
desapropriação.?; a Constituição Federal de 1988 acrescenta em seu art.5°, inciso XXIII, que ?a
propriedade atenderá sua função social?.

Diante disto, a propriedade deve não mais só girar em torno dos interesses individuais; deve-se criar
condições para que ela seja econômica, útil e produtiva, e que atenda o desenvolver econômico e os
reclamos da justiça social.

A Constituição Federal é punitiva ao atribuir efeitos tributários quando a propriedade não cumprir sua
função social, conforme estabelece seu artigo 153, § 4º, inciso I:

Art.153.Compete à União instituir impostos sobre:

(…)

VI – propriedade territorial rural;

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput:

I – será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de


propriedades improdutivas;

Bem como, o seu artigo 156, § 1º:

Art.156.Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

(…)

§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art.182, § 4º, inciso II, o imposto
previsto no inciso I poderá:

I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e

II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.

O artigo 170, inciso III da Constituição Federal de 1988 determina que:

Art.170.A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípio:

(…)

III ? função social da propriedade.

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A função social é intrínseca à propriedade privada, e o princípio da função social tem como objetivo
conceder legitimidade jurídica à propriedade privada, tornando-a associativa e construtiva.Pode-se
dizer que não basta apenas o título aquisitivo para conferir-lhe legitimidade.

Segundo Bastos (1992, p.210), ?a chamada função social da propriedade nada mais é do que o
conjunto de normas da Constituição Federal que visa, por vezes até com medidas de grande
gravidade jurídica, a recolocar a propriedade na sua trilha normal”.

A Constituição Federal de 1988 também se preocupou com as diferenças entre a propriedade urbana
e a propriedade rural; tratando da propriedade urbana, em seu artigo 182, § 2°, com a seguinte
redação:

Art 182.A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais
da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

(…)

§ 2° A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.

Essa norma preocupa-se com a devida utilização do solo urbano, a fim de propiciar pelo proprietário
seu correto aproveitamento.

O que predomina é o critério econômico.Se o bem se estiver prestando a uma utilização econômica
plena, evidentemente, levando-se em conta a sua adequação topográfica, localização etc., não será
passível das medidas sancionatórias.

Resta registrar que as cidades que não possuem plano diretor precisam estabelecer as limitações ao
direito de propriedade, visando o atendimento da função social da propriedade sempre através de lei.

A propriedade rural é tratada no artigo 186 da Constituição Federal de 1988, com a seguinte redação:

Art.186.A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo os
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I ? aproveitamento racional e adequado;

II ? utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III ? observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV ? exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Para se atingir a função social, deve-se satisfazer interesses particulares e a função social, buscando
um equilíbrio.Como exemplo, Diniz (2008, p.108) apresenta que ?(…) se este for imóvel rural, nele
dever-se-á exercer a atividade agrícola, pecuária, agropecuária, agroindustrial ou extrativa, mas
também que sua utilização respeite o meio ambiente, as relações de trabalho, o bem-estar social e a
utilidade de exploração.?.

Função Social Da Propriedade E O Código Civil

Diferentemente do Código Civil de 1916, o atual Código Civil não é alheio ao princípio da função
social da propriedade.

Prevê o artigo 187 do Código Civil que,

Art.187.Comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social

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E, o artigo 1.228 do Código Civil coíbe o uso de forma abusiva da propriedade, afastando o
individualismo, devendo a propriedade ser utilizada para o bem comum, contendo a seguinte
redação:

Art.1.228.O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do
poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1° O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas
e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas.

§ 2° São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam
animados pela intenção de prejudicar outrem.

§ 3° O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou
utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.

§ 4° O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas,
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo
juiz de interesse social e econômico relevante.

§ 5° No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago
o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

Conforme § 1° do artigo 1.228 do Código Civil, que é uma inovação em relação com Código Civil
anterior, o direito de propriedade é limitado para adequá-lo aos problemas da contemporaneidade,
fazendo referência a questões como o ?equilíbrio ecológico? e a ?poluição?.

Também, admite-se a desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social e se


facilitam os mecanismos jurídicos necessários para fazer efetiva a usucapião especial com fins de
moradia, seja individual, seja coletiva (artigo 1.288, § 4o).

Nos §§ 4o e 5o acima, o proprietário pode ser privado da coisa, se o imóvel reivindicando consistir em
extensa área há mais de cinco anos na posse, ininterrupta e de boa-fé, de considerável número de
pessoas e estas nela houverem realizado obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social
e econômico relevantes.Neste caso, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário.É uma
espécie de ?usucapião especial ou coletivo?, cujos requisitos são: a) área extensa; b) posse
ininterrupta e de boa-fé por mais de cinco anos; c) número considerável de ocupantes; d) realização
conjunta ou separada de obras e serviços que o juiz entenda serem de interesse social e econômico.

Ainda em relação aos §§ 4o e 5o do artigo 1.228 do Código Civil, apesar da ausência de ressalva nos
dispositivos, não se aplicam ao Poder Público, por trazerem injustificáveis limitações ao instituto da
desapropriação, já que o Executivo não se submete ao juízo de conveniência e oportunidade prévios
do magistrado.

O artigo 1.228 do Código Civil é uma regra mais de direito público que de direito privado, pois opta,
prioritariamente, por tutelar os interesses públicos e apenas, reflexamente, os interesses
individuais.Isto é um reflexo das reações surgidas no final do século XIX contra o individualismo
jurídico exacerbado, fazendo com que o Estado abandonasse a sua posição passiva e passasse a
atuar mais ativamente na ordem sócio-econômica, antes delegada à esfera do direito privado.A
efetividade do princípio da supremacia do interesse público sobre o particular ? também denominado
de princípio da finalidade pública – deixa de ser uma preocupação exclusiva dos direitos
constitucional e administrativo, para ser também um dos mais importantes fins do direito civil.

Ao afirmar que o direito de propriedade deve desempenhar uma função social, o Código Civil faz com
que, havendo conflito entre o interesse público e o particular, possa fazer prevalecer o primeiro, em
razão da supremacia dos interesses públicos sobre os individuais (princípio da finalidade
pública).Com isso, torna-se uma regra mais de direito público do que de direito privado.

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A finalidade do Código Civil não é incentivar a intromissão do Estado na propriedade privada, mas
apenas impor limites à ação do proprietário, quando ele extrapola a esfera de seu direito individual,
exigindo a interferência do Poder Público.

Com grande influência que se tem do capital e do trabalho, muitas vezes a propriedade passa a ser
um foco de constantes tensões sociais e econômicas, provocando conflitos entre os indivíduos.

Conforme Gama (2004, p.68),

?(…) o juiz deste início de século, a cada decisão, deve fazer um balanceamento de valores, os quais
são indicados pela ética como: o valor da pessoa humana, o valor da liberdade, o valor da igualdade,
o valor da justiça, o valor do bem comum, o valor ecológico dentre outros, tendo em conta que
nenhum destes valores é absoluto isoladamente.?.

Deve-se então analisar a propriedade através de um ponto de equilíbrio, analisando o interesse


individual e o interesse coletivo, pois se a análise for ao pé da letra das leis, pode ela ser feita de
forma injusta, por serem muitas vezes leis abstratas, frias ou envelhecidas pelo passar do tempo.

A propriedade só é protegida e reconhecida pelo direito quando cumpre sua função social.

O proprietário do bem é vinculado a uma função ou um dever social.Enquanto ele como detentor da
propriedade, cumpre essa missão, seus atos são protegidos pelo direito positivado.Não cumprindo tal
missão, ou cumprindo mal ou de forma imperfeita, se não a cultiva ou deixa que sua propriedade se
arruíne, torna legitima a intervenção do poder público para fazer com que ele compra sua função
social de proprietário.

Portanto, conforme o ser humano vai ocupando todo o espaço disponível no planeta, é de suma
importância que o uso de propriedade seja feito nos moldes à preservar a vida digna e possível às
gerações futuras.

Justiça Social

A noção de justiça social como conhecemos hoje, ancorada em princípios morais e políticos,
fundamentada nas ideias de igualdade e solidariedade, começou a ser desenvolvida ainda no século
XIX.

Nessa época, essa ideia estava associada à busca de um equilíbrio social, de modo que todas as
pessoas que compõem a sociedade tenham os mesmos direitos.Ou seja, buscava-se concretizar a
noção de que uma sociedade justa deve estar comprometida com a garantia de direitos básicos
como educação, saúde, trabalho, acesso à justiça, etc.

Dessa forma, é fundamental criar mecanismos de proteção para amenizar as desigualdades sociais.

Assim, a noção moderna de justiça social passou a ser ligada à busca de uma sociedade
igualitária.Era uma resposta às desigualdades sociais da sociedade europeia, que ainda se orientava
pelas ideias de diferenciação e subordinação.Isso porque o modelo de desenvolvimento europeu
estava baseado na industrialização, que desde o início gerou desigualdades entre classes sociais.

Com o advento da globalização, a partir do final do século XX, uma série de problemas sociais foram
realçados.O processo de integração econômica e cultural de diferentes nações agravou ainda mais
as desigualdades sociais (COHN, 2005).A globalização é reflexo da Terceira Revolução Industrial,
que está ancorada no desenvolvimento da ciência, tecnologia e informação.O problema é que as
mudanças que ocorreram com a ascensão da tecnologia da informação vêm reduzindo o número de
pessoas nas empresas, aumentando o desemprego estrutural e a precarização das condições de
trabalho, segundo Vinícius Correia Santos (2009).Essa realidade vem causando uma série de
problemas sociais, como a violência urbana, a pobreza, vulnerabilidade etc.

Os problemas da desigualdade têm levado diferentes indivíduos e instituições a pensar sobre essa
questão fundamental para a sociedade.Estudos, relatórios e pesquisas são desenvolvidos com o
intuito de se compreender e intervir nesse problema através do princípio de justiça social.

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Mas O Que É Justiça Social?

Entende-se que o conceito de justiça social está relacionado às desigualdades sociais e às ações
voltadas para a resolução desse problema.Com isso, a justiça social consiste no compromisso do
Estado e instituições não governamentais em buscar mecanismos para compensar as desigualdades
sociais geradas pelo mercado e pelas diferenças sociais.

Um dos pensadores que melhor definiu e delineou os principais elementos para alcançar esse
princípio foi John Rawls.Nos seus estudos teóricos sobre a temática, esse autor estabeleceu três
pontos para alcançar um princípio de equidade:

1. garantia das liberdades fundamentais para todos;

2. igualdade de oportunidades;

3. manutenção de desigualdades apenas para favorecer os mais desfavorecidos.

Dessa forma, a ideia de justiça social tem como um dos seus principais objetivos promover o
crescimento de um país para além das questões econômicas.Por essa lógica, entende-se que a
justiça social é um mecanismo que busca fornecer o que cada cidadão tem por direito: assegurar as
liberdades políticas e os direitos básicos, oferecer transparência na esfera pública e privada e
oportunidades sociais.

O Que É: Crescimento E Desenvolvimento Econômico?

O Desenvolvimento de cada país depende de suas características próprias, tais como: situação
geográfica, extensão territorial, passado histórico, cultura, população e riquezas naturais.A
Organização das Nações Unidas (ONU) usa os seguintes indicadores para classificar os países,
segundo o grau de desenvolvimento: índice de mortalidade infantil esperança de vida média, nível de
industrialização, grau de dependência externa, potencial científico e tecnológico, grau de
alfabetização, instrução e condições sanitárias.

De maneira geral, as mudanças que caracterizam o desenvolvimento econômico de uma cidade,


região ou país, consistem no aumento da atividade industrial em comparação com a atividade
agrícola, migração de mão-de-obra do campo para a cidade, redução das importações de produtos
industrializados e das exportações de produtos primários e menor dependência de auxílio externo.

Para caracterizarmos um processo de desenvolvimento é fundamental observarmos ao longo do


tempo a existência de: 1º crescimento do bem-estar econômico medita por indicadores, como, por
exemplo: Produto Nacional Total e Produto, per capita; 2º diminuição nos níveis de pobreza,
desemprego e desigualdades; 3º elevação das condições de saúde, nutrição, educação, moradia, etc.

Como citamos anteriormente, ser possível uma cidade, região ou país crescer sem se desenvolver
economicamente, gostaria de citar como exemplo a cidade de Mossoró, que nos últimos anos
apresentou um aumento significativo do fluxo comercial advindo do setor salineiro e do parque
industrial impulsionada pela Petrobras, aumento razoável no nível de exportação de seus produtos
primários, na cacinicultura, na verticalização do mercado imobiliário e no setor terciário (notadamente
o comércio e a prestação se serviços), cujos recursos advindos deste crescimento não causaram
modificações estruturais que pudessem induzir incremento complementar em outros setores ou
segmentos da economia local e não implicaram em modificações institucionais que melhorasse a
qualidade de vida da nossa população.

Sem dúvida, a economia de Mossoró tem apresentado um considerável índice de crescimento


econômico, não impedindo que a cidade apresente um índice de desemprego galopante, já sendo
visível o grande número de famílias que vivem abaixo da linha internacional de pobreza, apesar de
ser expressivo o aumento de estabelecimentos comerciais no município.Falar em desenvolvimento
econômico a nível de Mossoró é um grande equívoco ou desconhecimento total da nossa realidade,
cujos índices de desemprego, violência, prostituição infantil e desigualdades sociais crescem em
progressão geométrica.

O PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

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A discussão proposta pelo presente artigo circunscreve-se em perscrutar o princípio da livre


concorrência na Constituição Federal de 1988, suas características e peculiaridades.Para tanto,
abordar-se-á os princípios da atividade econômica na Constituição Federal de 1988, proceder-se-á a
distinção entre o princípio da livre concorrência e o princípio da livre iniciativa e analisar-se-á a
sistematicidade do princípio da livre concorrência.

Os Princípios Da Atividade Econômica Na Constituição Federal De 1988

O sustentáculo econômico do sistema econômico brasileiro encontra-se regulado nos arts.170 a 192
da Constituição Federal, que trazem os fundamentos da ordem econômica, informadores de toda
atividade econômica.

Embora o sistema econômico adotado no Brasil seja o modo de produção capitalista e neoliberal, o
texto constitucional permite que o Estado intervenha para que os agentes que atuam no mercado
cumpram os elementos sócio-ideológicos trazidos na carta constitucional, apresentados
especialmente em forma de princípios e diretrizes.

O art.170 da Constituição Federal estabelece os princípios da atividade econômica, preconizando no


caput que:

A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

[...] IV – livre concorrência

São nove os princípios constitucionais da ordem econômica: soberania nacional, propriedade privada,
função social da propriedade, o já transcrito acima princípio da livre concorrência, defesa do
consumidor, defesa do meio ambiente, redução das desigualdades regionais e sociais, busca de
pleno emprego e tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituída sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no país.

Estes princípios foram expressamente previstos na Constituição Federal com o fim de promover a
justiça social, preservar a dignidade humana e o bem-estar-social, integrando esses valores ao
desenvolvimento econômico produzido pela iniciativa privada dentro de uma ótica capitalista e de
liberdade de exercício de atividade econômica.

Por conseguinte, no Brasil, pelo citado mandamento constitucional, a ordem econômica deve se
orientar e ter como objetivo a justiça social, a solidariedade e a dignidade da pessoa humana.

A livre concorrência, nesse plano, apresenta-se como princípio constitucional, princípio geral da
atividade econômica.

Os princípios inseridos no art.170 da CF/88, dentre eles a livre concorrência, não se coadunam com o
exercício de uma atividade econômica cuja finalidade é exclusivamente o lucro.

A Constituição Federal interferiu na exploração da atividade econômica impondo-lhe limites e


objetivos e estabelecendo-lhe a obrigação de sempre ser exercida de maneira a preservar a
dignidade da pessoa humana e promover a justiça social, sempre norteando-se pela observância dos
princípios que lhe são próprios por força constitucional, notadamente o princípio da livre concorrência.

A livre concorrência decorre da manifestação da liberdade de iniciativa de atuação no mercado


econômico.A livre concorrência é a garantia da livre iniciativa, de modo que se não houver livre
concorrência, fatalmente não se terá também a liberdade de iniciativa, pois a inexistência de uma livre
concorrência praticamente impede a liberdade de iniciativa.Por isso, de logo, faz-se importante definir
a livre iniciativa.

Livre Iniciativa

As bases que sustentam a ideologia capitalista, garantindo a coerência e o desenvolvimento do


sistema, compõem-se de dois elementos primordiais: a propriedade privada e a livre iniciativa.

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O primeiro elemento mencionado, a propriedade, é, de acordo com a ideologia liberal, um


desdobramento da liberdade natural do individuo.Esse direito, que inclui a apropriação dos meios de
produção, se situa na grande maioria dos sistemas jurídicos dos países capitalistas no plexo dos
direitos fundamentais do homem.

O outro elemento, a livre iniciativa, traduz, também, o ideal de liberdade econômica, e seu
reconhecimento pela ordem jurídica importa assegurar aos indivíduos a livre escolha da atividade que
queiram desenvolver para seu sustento, e limitar a atuação do Estado no campo das opções
econômicas dos agentes.

Assim, ressalvadas as razões de ordem pública que reservam ao Estado a iniciativa econômica e o
controle do exercício de certas atividades, há de ser assegurado a todo indivíduo o direito de
livremente iniciar a atividade econômica que lhe aprouver.Naqueles limites, os únicos requisitos
necessários ao exercício de uma atividade econômica são o talento e o capital, não podendo o
Estado vedar o acesso dos indivíduos aos meios de produção e instrumentos de trabalho.

Isso, porém, não significa uma imunidade total a qualquer regulação, pois a função social da
propriedade e a justiça social, valores consagrados pela Constituição, impedem o exercício irrestrito
de qualquer liberdade de conteúdo econômico.Essas limitações constituem, na verdade, mecanismos
de proteção da própria liberdade de iniciativa, à medida que asseguram a liberdade de iniciativa de
todos.

O princípio constitucional da livre iniciativa encontra-se expressamente previsto no texto


constitucional, mediante a regra estatuída no parágrafo único do art.170, que a todos assegura o livre
exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização dos órgãos públicos,
salvo nos casos previstos em lei.

A liberdade de iniciativa compreende tanto o direito de acesso ao mercado - início de atividade


econômica, como o de cessação da atividade econômica.Os agentes econômicos devem ser livres
para produzir e colocar seus produtos no mercado, ações que conseguem desenvolver graças ao
princípio da livre concorrência, que a todos assegura a liberdade dos mercados; devem, ainda, ser
livres para cessar suas atividades, em obediência ao princípio econômico do custo de oportunidade.

A Livre Concorrência

O conceito de concorrência quer indicar o ato ou efeito de concorrer, ou seja, traz em si a idéia de
luta, de competição entre pessoas na busca do mesmo objetivo ou vantagem.

É mediante a livre concorrência que se melhoram as condições de competitividade das empresas,


forçando-as a um constante aprimoramento dos seus métodos tecnológicos, dos seus custos, enfim,
da procura constante de criação de condições mais favoráveis ao consumidor.

O contrário da livre concorrência significa o monopólio e o oligopólio, situações que privilegiam


determinado agente produtor da atividade econômica em detrimento dos demais produtores e dos
consumidores.

Nesse sentido, a livre concorrência, na área econômica, representa a disputa entre todas as
empresas para obter maior e melhor espaço no mercado.

No campo de direito privado, a concorrência é a disputa, o ato pelo qual uma pessoa procura
estabelecer competições de preços, com o fim de apurar as melhores condições para efetivação de
compra ou realização de uma obra.

Em outras palavras, a concorrência é a situação do regime de iniciativa privada em que as empresas


competem entre si, sem que nenhuma delas goze de supremacia em virtude de privilégios jurídicos,
força econômica ou posse exclusiva de certos recursos.

Livre concorrência, portanto, significa a possibilidade de os agentes econômicos atuarem sem


embaraços juridicamente plausíveis, em um dado mercado, visando à produção, à circulação e ao
consumo de bens e serviços, isto é, a livre concorrência procura garantir que os agentes econômicos
tenham oportunidade de competir de forma justa no mercado.

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A liberdade de concorrência é corolário da liberdade de iniciativa, constituindo mesmo a espinha


dorsal da economia de mercado, sendo, por isso, também chamada economia da concorrência.

A positivação da livre concorrência decorreu de três motivos fundamentais.Primeiramente o motivo


econômico, que se refere à promoção da eficiência econômica e do bem-estar social, a partir de uma
adequada alocação de recursos, evitando-se distorções na distribuição do produto nacional, à medida
que se garante o livre funcionamento dos mercados, sem necessidade de intervenção direta do
Estado na economia.

As economias de mercados concorrentes obtêm uma utilização mais eficiente dos recursos
produtivos, produzindo bens e serviços a custos mais reduzidos.

A motivação sociológica estaria na legitimação da liberdade das decisões econômicas dos


consumidores, empresários e trabalhadores.Aos consumidores, a concorrência propicia as
necessárias condições para exercer, de forma livre e racional, o poder de decidir sobre as suas reais
necessidades, escolhendo o que adquirir e a que preço; aos empresários, a liberdade de alocarem os
recursos de que dispõem; e aos trabalhadores, a ampliação de oportunidades de emprego.

A motivação política, por seu turno, estaria na necessidade de submeter-se a controle legal o poder
econômico, em virtude da estreita correlação entre as forças econômicas e políticas, muitas vezes
reunidas para a defesa de interesses privados que atentam contra a ordem política e até mesmo
contra o regime democrático.

A positivação da concorrência teria, assim, a função preservadora da forma democrática de governo,


assegurando a independência do Poder Público em relação ao poder econômico.Com a
desconcentração do poder econômico, pode-se reduzir a discricionariedade que têm os agentes
econômicos sobre as questões que dizem respeito ao bem-estar da coletividade e se assegura a
impessoalidade das decisões de mercado, impedindo-se que um ou poucos agentes econômicos
decidam pela maioria dos indivíduos.

A concorrência estudada pela ciência econômica constitui um dos modelos de dinâmica de mercado,
caracterizado pela presença de elementos que viabilizam a competitividade entre os agentes
econômicos em um dado segmento.

A Livre Concorrência Como Princípio Constitucional

Ao estabelecer a livre concorrência como princípio, a Constituição adota explicitamente uma opção,
impondo que a conformação da ordem econômica se dê com a presença de mercados funcionando
sob a dinâmica concorrencial.Portanto, a política econômica e o conjunto de normas
infraconstitucionais dela decorrentes devem obedecer a esse princípio, buscando conformar os
mercados de tal modo em que se constate a manutenção dos níveis concorrenciais e, para tanto, a
pluralidade de agentes econômicos nos diversos mercados relevantes.

Não há, contudo, que se confundir a livre concorrência como um elemento limitador da livre
iniciativa.A livre concorrência se agrega à livre iniciativa, na medida em que constitui um instrumento
necessário à estabilidade do sistema, garantindo a manutenção das regras do jogo de mercado e a
segurança dos empreendedores, logo, incentivando o investimento e fomentando a livre iniciativa.

Na qualidade de princípio da ordem econômica, a livre concorrência assumirá, portanto, dois papéis
fundamentais.O primeiro o coloca como um princípio conformador, na medida em que revela uma
opção política nuclear do constituinte, refletindo a ideologia neoliberal inspiradora da Constituição,
impondo o estabelecimento de uma ordem econômica baseada na economia de mercado,
dinamizada pelo modelo concorrencial.O segundo, por sua vez, diz respeito ao papel instrumental da
livre concorrência, uma vez que imprescindível para assegurar a concretude da livre iniciativa, na
medida em que impede o abuso do poder econômico, estabelecendo as regras do jogo de mercado e
viabilizando, principalmente, os pequenos empreendimentos.

A manutenção de uma economia de mercado dinamizada pelo modelo concorrencial pressupõe


ações efetivas do Estado, seja como ente regulador ou, até mesmo, como ator direto no cenário
econômico.

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O modelo capitalista neoliberal adotado pela Constituição não implica na inexistência de


intervencionismo, muito pelo contrário, exige tal medida quando necessária à manutenção e
sobrevivência da economia de mercado.Desse modo, o princípio da livre concorrência não só legitima
como também impõe ao Estado medidas que impliquem na sua concretude.

A Constituição Federal no § 4º do art.173 estabelece, programaticamente, que a lei reprimirá o abuso


do poder econômico que vise a dominação dos mercados, a eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário de lucros.

Os dois primeiros programas estão diretamente relacionados à efetividade do princípio da livre


concorrência, na medida em que o abuso do poder econômico voltado para dominação de mercados,
ainda que não elimine a concorrência, deve, por si só, ser alvo da reprimenda legal, uma vez que tais
condutas reduziriam o nível de competitividade em dado mercado relevante e, conseqüentemente,
proporcionariam o distanciamento da concorrência perfeita.O estabelecimento de tais programas,
portanto, visam atender ao princípio da livre concorrência, tanto na sua acepção protetiva e
instrumental da livre iniciativa, como na sua roupagem conformadora.

A Aplicação Sistemática Do Princípio Da Livre Concorrência

Assim como a livre iniciativa não pode ser estudada à revelia de outros princípios e regras
constitucionais, a livre concorrência não pode ser vista isoladamente.A conformação de uma ordem
econômica se dá mediante a implementação de uma política econômica positivada e a livre
concorrência deverá ser integrada a essa política juntamente com os outros princípios
conformadores.

Os fundamentos da ordem econômica, em especial a valorização do trabalho humano, a dignidade da


pessoa humana, os ditames da justiça social, a soberania, a defesa do consumidor, a redução das
desigualdades regionais, a busca do pleno emprego e o tratamento favorecido para as empresas de
pequeno porte, deverão ser levados em conta no momento da aplicação do princípio da livre
concorrência, seja diretamente ou através de normas infraconstitucionais dele decorrentes.

Isso significa dizer que a livre concorrência, passível de abalo pelo abuso do poder econômico e pela
redução dos níveis de competitividade, só pode ser compreendida e aplicada juntamente com os
outros interesses tutelados constitucionalmente.

Defesa do meio-ambiente

Em Defesa do Meio Ambiente

Estamos diante de um grande desafio – compatibilizar a conservação ambiental com o


desenvolvimento, tendo para isso a meta satisfazer as necessidades primordiais, melhorando a
qualidade de vida das comunidades, garantindo a proteção dos recursos naturais e construindo uma
sociedade mais justa social e economicamente.

Para atender essa meta, praticamente todos os governos e membros da sociedade civil dos mais
variados países vêm se organizando, sob forma de agências oficiais, entidades e associações, com o
propósito de definir trabalhos que incentivem a preservação da natureza e divulguem as questões
relacionadas com o meio ambiente.

As ações desenvolvidas por esses governos e pelas Organizações Não Governamentais (ONG’s) têm
sido feitas com enfoque holístico e genérico, ou seja, reunindo especialistas dos mais variados ramos
científicos, entre os quais das ciências naturais, políticas e sociais; além de contar com envolvimento
crescente do saber próprio dos povos indígenas e comunidades tradicionais.

Nisso, eles têm promovido um gama de ações diversas, tais como: pesquisas, criação de leis e
normas de proteção ambiental, desenvolvimento de tecnologias limpas, aplicação de projetos de
educação, ampliação dos programas de conservação de espécies ameaçadas de extinção etc.

Ao longo dessas últimas décadas, as diversas experiências têm demonstrado que além do trabalho
de especialistas e das autoridades governamentais, é fundamental que cada segmento da sociedade,
e, em particular, cada cidadão, se envolva com as questões ambientais, tomando conhecimento dos
problemas e participando das suas soluções.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

Hoje, mais do que nunca, se sabe que para alcançar o objetivo de tornar real o Desenvolvimento
Sustentável de nosso planeta é preciso a efetivação de um compromisso amplo, no qual estejam
envolvidos todas as esferas de governo e os diversos atores sociais locais.É impensável falar na
conservação ambiental sem pensar no envolvimento efetivo de todos os cidadãos.

Atuação do estado no domínio econômico

O desenvolvimento econômico brasileiro ocorreu de forma acelerada acabando por ser necessária
a intervenção do Estado no cenário econômico, no entanto, não agindo de forma arbitral para que
as atividades não fossem regidas por um Estado autoritário.

Atualmente, a prática é recorrente, legitimada, além de possuir órgãos próprios para tal
intervenção, sendo estes as Agências Reguladoras, que são autarquias de regime especial.

A sociedade moderna ainda reluta em aceitar a legitimidade da intervenção estatal no domínio


econômico.No entanto, a própria sociedade, indiretamente, luta por uma intervenção do estado que
tenha por finalidade manter o equilíbrio das relações.

A Atuação do Estado no Domínio Econômico

A intervenção do Estado na economia é prática necessária tendo em vista o crescimento


desenfreado o qual foi submetido o país.

A intervenção ficará sujeita ao princípio da subsidiariedade, ou seja, o Estado só poderá intervir


quando o particular não for capaz de regular-se

A cada atuação, é necessário verificar se esta é compatível com as determinações impostas pela
legislação, e se é razoável de acordo com o quadro econômico correspondente à esta intervenção.

Legitimação da Atuação

O Estado está legitimado a atuar de forma a intervir no domínio econômico pela Constituição
Federal a partir do seu artigo 170, que é a principal regente da atuação do Estado no domínio
econômico.

Eros Grau confirma em sua obra o entendimento acima:

“Que a nossa Constituição de 1988 é uma Constituição dirigente, isso é inquestionável.O conjunto
de diretrizes, programas e fins que enuncia, a serem pelo Estado e pela sociedade realizados, a ela
confere o caráter de plano global normativo, do Estado e da sociedade.O seu art.170 prospera,
evidenciadamente, no sentido de implantar uma nova ordem econômica”

O artigo 170 da CF dispõe todos os princípios da ordem econômica.Nele, verifica-se a previsão da


livre iniciativa, ao mesmo tempo em que é necessária a manutenção do equilíbrio econômico.

“Art.170 A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto


ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.”

Ainda, o artigo 173 da CF versa explicitamente sobre a atuação do Estado, ao mesmo tempo
legitimando e limitando tal poder de intervenção, sendo que a intervenção direta só é cabível
quando da necessidade da busca pela segurança nacional ou quando houver interesse coletivo.

“Art.173.Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade


econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.”

O artigo 174 da CF discorre sobre a intervenção indireta do Estado no Domínio Econômico:

“Art.174.Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma


da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado.”

A segurança nacional que vem expressa no artigo 173 da CF refere-se às atividades que envolvem
risco à defesa nacional, à soberania e a integridade do Estado.Eros Grau, da mesma forma, expõe
em sua obra:

“Segurança nacional é, no contexto da Constituição de 1988, conceito inteiramente distinto daquele


consignado na Emenda Constitucional n/69.Cuida-se, agora, de segurança atinente à defesa
nacional, que, não obstante, não há de conduzir, impositivamente, sempre, à exploração direta,
pelo Estado, da atividade econômica em sentido estrito...”

Ainda, há legislação infraconstitucional que regula o tema, sendo estas as leis que regulamentam a
atuação de particulares do domínio econômico, como forma de intervenção estatal, através da
delegação dos poderes do Poder Público às Agências Reguladoras responsáveis por tal.

Formas de Atuação

As formas de atuação direta, segundo Eros Grau, são as seguintes:

- Absorção ou participação: o Estado intervém no domínio econômico no campo de atividade em


sentido estrito, sendo, então, agente econômico.Na absorção, o Estado age de forma a assumir o
controle integral, sendo o regime na forma de monopólio; na participação, o controle assumido é
parcial e o regime é de competição com as empresas do mesmo setor.

- Intervenção por direção e intervenção por indução: o Estado intervirá como regulador da
atividade.No caso da direção, o Estado pressiona a economia, fazendo um controle compulsório
através de normas e mecanismos; no caso da indução, o Estado manipula os instrumentos de
intervenção de acordo com a Lei.

O Estado atua no domínio econômico de forma indireta através da atuação das Agências
Reguladoras, que irão exercer a função do Estado, no entanto são autarquias de regime especial
(entes privados).

As Agências Reguladoras

As Agências Reguladoras são pessoas jurídicas de Direito Público Interno, constituídas como
Autarquia de Regimes Especiais, onde não há superioridade hierárquica, autonomia fi nanceira, e
independência administrativa.

As Agências Reguladoras tem como objetivo a harmonização ente os interesses do fornecedor com
os interesses do consumidor e da coletividade.As Agências tem um “conjunto de regras,
orientações, medidas de controle e valoração que possibilitam o exercício do controle social de
atividades de serviços públicos, gerido por um ente regulador que deve poder operar todas as
medidas e indicações necessárias ao ordenamento do mercado e à gestão eficiente do serviço

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

público concedido, mantendo, entretanto, um grau significativo de flexibilidade que permita a


adequação às diferentes circunstâncias que se configuram”.

Monopólio

O que é, tipos de monopólio em economia, formação, truste, cartel e holding, conceito, praticas
monopolistas, origem da palavra, desvantagens

O que é (conceito)

Monopólio é uma situação econômica em que uma única empresa controla a produção e
comercialização, ou apenas uma destas atividades, de um determinado produto ou serviço.A palavra
é de origem grega, sendo que monosignifica “um” e polein significa “vender”.

O termo monopólio também é usado quando, mesmo havendo concorrentes, uma determinada
empresa ou um grupo empresarial domina quase por completo as vendas de um determinado
produto, deixando uma pequena fatia do mercado para a concorrência.

Desvantagens do monopólio

Numa economia de mercado, o monopólio é desvantajoso para os consumidores, pois prejudica a


livre concorrência.Isto ocorre, pois a empresa ou grupo empresarial que possui exclusividade ou
amplo domínio na produção e venda de uma mercadoria pode controlar os preços do produto,
mantendo-os num patamar elevado.Pode ocorrer também a queda da qualidade do produto ou
serviço da empresa que possui o monopólio, pois sem concorrência, não há interesse em fazer
investimentos visando aumento de qualidade.

Principais práticas monopolistas (tipos de monopólio)

Cartel

Empresas de um mesmo setor se unem para adotar práticas comerciais de comum acordo, visando
estabelecer preços, dividir mercado e controlar matérias-primas.

Truste

Ocorre a partir da união ou fusão de empresas. Tem como objetivo a adoção de práticas econômicas
que visam aumentar os lucros através, principalmente, do aumento de preços de seus produtos e
serviços.

Holding

Num grupo de empresas, uma delas domina o grupo através de controle acionário. A empresa
controladora geralmente não produz, mas apenas faz a gestão financeira e centraliza a
administração. Assim, a holding controla o capital das subsidiárias, favorecendo a concentração do
capital.

Monopólio no Brasil atual

A legislação comercial brasileira proíbe a criação de monopólios e práticas monopolistas nos diversos
setores da economia. Existem dispositivos legais para evitar o domínio de uma empresa sobre a
comercialização de um determinado produto ou serviço. Até mesmo as fusões de empresas são
analisadas e devem ocorrer somente com a aprovação de órgãos públicos especializados, a fim de
evitar a formação de monopólio.

Por outro lado, vale lembrar que no Brasil o setor do petróleo é praticamente um monopólio do
governo brasileiro, que é exercido através do controle acionário estatal da Petrobrás.

Atividade econômica, em sentido estrito, do Estado

Trata, de forma descomplicada, da atividade econômica em sentido estrito, mencionando os


conceitos, princípios e temas correlatos. É uma excelente explanação direta acerca da atividade
econômica em sentido estrito, permitindo uma rápida compreensão.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

O Estado exerce um grande papel social e econômico em qualquer país, uma vez que tem
determinadas atribuições constitucionais e legais de atuação voltadas para o interesse público, a fim
regular e normatizar as atividades de mercado e implementar políticas públicas que permitam o bom
funcionamento da maquina estatal.

Nesse contexto, podemos dividir a atuação do Estado na atividade econômica em duas espécies:
atividade econômica em sentido estrito e serviço público.Neste capítulo nos limitaremos a falar
somente sobre a atuação estatal na atividade econômica em sentido estrito, ficando a análise dos
serviços públicos em outro capítulo, para melhor entendimento.

Segundo Fernando Herren o “Estado pode desempenhar atividades econômicas em sentido estrito
em duas hipóteses: quando houver autorização constitucional e quando assim o permitir a lei fundada
em motivo de segurança nacional ou relevante interesse público.E o Estado pode desempenhar
serviços públicos, desde que previstos constitucionalmente.” 1

Essa afirmação do Fernando Herren decorre do próprio texto constitucional, visto que o art.173 da
Constituição Federal assim dispõe:

Art.173.Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade


econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Como se vê, o Estado só poderá exercer atividade econômica em sentido estrito quando houver
previsão constitucional ou permissão legal, verificado, nesse último caso, os imperativos da
segurança nacional ou relevante interesse coletivo.Percebe-se, pois, que com essa restrição
constitucional o Estado só estará legitimado a atuar no mercado concorrencial quando
expressamente autorizado e ainda sim de forma excepcional, se presentes os imperativos de
segurança nacional e relevante interesse público.

Quanto ao setor privado, verificamos que não há essa restrição, pelo contrário, a Constituição Federal
fez foi incentivá-los ao assentar expressamente os princípios da livre iniciativa, livre concorrência e
valorização do trabalho humano (art.170, CF/88), vislumbrando o desenvolvimento social e o
crescimento da economia.

É importante, agora, diferenciar a intervenção do Estado sobre o domínio econômico, da intervenção


do Estado no domínio econômico.

A intervenção sobre o domínio econômico, também denominado de intervenção indireta, tem base
constitucional no art.175 da CF/88, e refere-se às prestações de serviços públicos por parte do
Estado.Pode ocorrer por indução (o Estado edita normas que induzem o mercado a algo) ou por
direção (o Estado estabelece normas cogentes/obrigatória para a fim de regular o mercado, como,
por exemplo, o tabelamento de preços).Essas questões serão melhor apresentadas no capítulo
destinado aos serviços públicos.

A intervenção no domínio econômico, também denominado de intervenção direta, refere-se às


hipóteses em que o Estado pode intervir no mercado como um empresário sujeito à livre concorrência
ou em regime de monopólio.Pode se subdividir, portanto, em duas espécies: regime de absorção e
regime de participação.

O Regime de absorção tem base constitucional no art.177 da Constituição, que dispõe:

Art.177.Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores;

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS FEDERAIS E ESTADUAIS

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo


produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados
e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de


minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção,
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art.21 desta Constituição Federal.(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

Como se vê, existe uma parcela do mercado que a União tomou para si (monopolizou), não estando
aberta para a livre concorrência.Se refere às atividades de pesquisa, lavra, refinação, importação,
exportação e transporte marítimo do petróleo e seus derivados.Essa modalidade de atuação estatal é
chamada de absorção, já que o estado absorveu uma parte do mercado, retirando dos particulares a
possibilidade de atuar em regime de concorrência, não havendo que se falar em área privada.

É relevante mencionar que a União poderá, com base no art.177, §1º, da CF/88, contratar com
empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV do artigo citado
acima, desde que observados os requisitos da Lei 9.487/1997.Essa previsão não retira o monopólio
da União, uma vez que os particulares contratados estarão sujeitos às determinações da União e em
auxílio as suas atividades do monopólio.

Na modalidade de absorção, o monopólio é absoluto e a titularidade é da União, devendo ela


determinar a forma como as atividades serão desenvolvidas.Não se deve confundir com serviços
públicos, visto que nestes o Estado busca tão-somente alcançar o interesse público, suprir as
necessidades básicas da sociedade.No regime de monopólio, o Estado atua com um perfil de
empresário não sujeito à concorrência, mas deve atender às finalidades públicas.

Ilustrando, João Bosco discorre que devem ser considerados exemplos do regime monopolista a
atuação da “Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e a Petróleo Brasileiro S.A.– Petrobrás – a
primeira como empresa pública federal e a segunda como sociedade de economia mista.O monopólio
da primeira está consagrado no art.21, X, e o da segunda no art.177, I, II e III da Constituição
Federal.”

Pode-se concluir, portanto, que o mercado concorrencial é aberto a todos, salvo quanto às atividades
prestadas em regime de monopólio do Estado.

O regime de participação, por sua vez, está previsto no art.173 da CF/88.Nessa forma de intervenção
no domínio econômico (intervenção direta), o mercado funciona sobre o regime de competição,
atuando o Estado, como um empresário, em competição com a iniciativa privada.Entretanto, como já
mencionado, nessa modalidade de intervenção, o Estado só poderá atuar quando expressamente
autorizado e ainda sim de forma excepcional, se presentes os imperativos de segurança nacional e
relevante interesse público.Percebe-se que nessa modalidade a intervenção do estado é tipicamente
subsidiária.

Em que pese o Estado atue como empresário, não entra com fim específico de auferir lucro, de gerar
renda.A Lógica do art.173 da Constituição Federal é transcendental, razão pela qual deve considerar
o relevante interesse coletivo e os imperativos de segurança nacional.

No regime de participação o Estado atua por intermédio de suas empresas públicas e sociedades de
economia mista prestadoras de atividade econômica, devendo a lei estabelecer os seus estatutos
jurídicos, que regularão as suas formas de atuação no mercado concorrencial, é o que reza o art.173
e incisos, da Constituição Federal, confira-se:

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de


suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)

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II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da


administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de


acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.(Incluído


pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Como se vê, embora as empresas públicas e as sociedades de economia mista sejam empresas
estatais prestadoras de atividade econômica em sentido estrito, deverão se submeter a alguns
regramentos próprios das pessoas jurídicas de Direito Público, tais como, fiscalização pelo Estado e
pela sociedade, licitação para contratação de obras, serviços, compras alienação, obrigatoriedade do
concurso público para contração de seus funcionários, sujeição aos princípios norteadores da
Administração Pública previstos no caput do art.37 da CF/88 etc.

Prevê ainda a Constituição, no §2º do art.173, que as empresas públicas e sociedades de economia
mista prestadoras de atividade econômica não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às
do setor privado.Essa proibição decorre do fato de que se auferissem tais benefícios violariam o
princípio da livre concorrência, sobrepondo-se em posição privilegiada em relação ao demais
concorrentes no mercado, dando margem à eliminação da concorrência, o que é prejudicial à
economia e aos consumidores de forma geral.

Por essas diferenças é que Fernando Aguillar classifica o regime de jurídico das empresas públicas e
sociedades de economia mista como parcialmente privado e parcialmente público, veja-se:

Sustentei acima que o regime jurídico das atividades econômicas em sentido estrito desenvolvidas
pelo Estado é parcialmente privado e parcialmente público.Isto porque, apesar da dicção do art.173,
§1º, há regras aplicáveis à chamada Administração Indireta que têm característica pública e que não
podem deixar de ser observadas pelas empresas estatais ou autarquias.É o caso do art.37 da
Constituição Federal, que impõe tratamento uniforme à Administração Direta e Indireta no que tange,
por exemplo, a concursos públicos para ingresso em carreira (inciso II), de modo que a previsão do
art.173, §1°, tem por função assegurar igualdade de tratamento com a iniciativa privada em matérias
que poderiam representar favorecimento especial a empresas públicas.É uma garantia ao
empreendedor privado em face do Estado empresário.3

João Bosco, acerca do regime de participação brasileiro, cita o exemplo da “Caixa Econômica
Federal e o do Banco do Brasil, a primeira, como empresa pública federal, e o segundo, como
sociedade de economia mista, atuam em regime de concorrência com as demais entidades bancárias
do País”.

Portanto, atuação do estado na atividade econômica em sentido estrito pelo regime de participação
pode ser conceituada, em apertada síntese, como a atuação estatal em regime de concorrência com
o setor privado, sempre de forma excepcional (art.173 da CF/88).

Três Poderes

Os três poderes, independentes e coesos entre si, são categorias dos poderes políticos presentes na
democracia de um país.

Assim, quando pensamos na Política de um Estado, em sua estrutura e organização existem três
poderes políticos que norteiam suas ações, são eles:

• Poder Executivo

• Poder Legislativo

• Poder Judiciário

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Respectivamente, esses poderes são destinados a: executar as resoluções públicas, produzir as leis
e julgar os cidadãos.

História

Desde a antiguidade muitos estudiosos, pensadores e filósofos discutiam questões sobre a Política e
sua organização.

Entretanto, foi o filósofo, político e escritor francês Charles-Louis de Secondat (1689-1755), mas
conhecido por Montesquieu, quem desenvolveu, no século XVIII, a “Teoria da Separação dos
Poderes”.

Essa Teoria relatada em sua obra “O Espírito das Leis”, apresentava a divisão dos poderes políticos e
seus respectivos campos de atuação.

Vale lembrar que, antes de Montesquieu outros grandes filósofos já haviam feito referência sobre a
importância desse modelo de Estado.Como exemplo notório temos o filósofo grego Aristóteles (384
a.C.-322 a.C.) e sua obra intitulada “Política”.

Desde aquela época, o objetivo central da divisão dos poderes no campo político era o de
descentralizar o poder.Isso porque ele estava concentrados nas mãos de um pequeno grupo.

A ideia central era de favorecer um Estado mais justo, democrático e igualitário para todos os
cidadãos.

Os Três Poderes e Suas Funções

Cada categoria de poder político possui seu campo de atuação, a saber:

Poder Executivo

O Poder Executivo, como o próprio nome já pressupõe, é o poder destinado a executar, fiscalizar e
gerir as leis de um país.

No âmbito deste poder está a Presidência da República, Ministérios, Secretarias da Presidência,


Órgãos da Administração Pública e os Conselhos de Políticas Públicas.

Sendo assim, essa escala do poder decide e propõe planos de ação de administração e de
fiscalização de diversos Programas (social, educação, cultura, saúde, infraestrutura) a fim de garantir
qualidade e a eficácia dos mesmos.

É válido destacar que no município, o Poder Executivo é representado pelo Prefeito enquanto a nível
estatal é representado pelo Governador.

Poder Legislativo

O Poder Legislativo é o poder que estabelece as Leis de um país.Ele é composto pelo Congresso
Nacional, ou seja, a Câmara de Deputados, o Senado, Parlamentos, Assembleias, cuja atribuição
central é de propor leis destinadas a conduzir a vida do país e de seus cidadãos.

O Poder Legislativo, além de desempenhar o papel de elaboração das leis que regerão a sociedade,
também fiscaliza o Poder Executivo.

Poder Judiciário

O Poder Judiciário atua no campo do cumprimento das Leis.É o Poder responsável por julgar as
causas conforme a constituição do Estado.

É composto por juízes, promotores de justiça, desembargadores, ministros, representado por


Tribunais, com destaque para o Supremo Tribunal Federal – STF.

Essencialmente, o Poder Judiciário tem a função de aplicar a lei, julgar e interpretar os fatos e
conflitos, cumprindo desta forma, a Constituição do Estado.

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Curiosidades

• A “Teoria dos Três Poderes” do Filósofo Montesquieu, influenciou na criação da Constituição dos
Estados Unidos.Com isso, a divisão dos três poderes da esfera política, tornou-se a base de qualquer
Estado Democrático Contemporâneo.

• O mais antigos dos três poderes é o Poder Judiciário, uma vez que na cidade Grega de Atenas
existiam tribunais formados pelo povo.Além de possuírem suas funções legislativas, tinham como
principal intuito julgar as causas dos cidadãos atenienses.

• A Constituição Brasileira adotou a Tripartição de Poderes — Legislativo, Executivo e Judiciário —


na Constituição de 1891.

• No Brasil, o Poder Executivo e o Poder Legislativo são definidos a partir de votação direta, enquanto
o Poder Judiciário é direcionado por ministros indicados pelo Presidente da República e aprovados
pelo Senado.

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

Imunidade Parlamentar

Imunidade parlamentar é formada por um conjunto de garantias dadas aos parlamentares (membros
do Poder Legislativo) para que possam exercer as suas funções sem violações ou abusos por parte
do Poder Executivo e Judiciário.

Com as prerrogativas da imunidade parlamentar, esses políticos têm a liberdade e independência do


exercício de suas atividades sem correrem o risco de serem processados judicialmente.

Todas as normas de proteção aos congressistas estão previstas na Constituição Federal Brasileira.

A lei ainda determina que os Deputados e Senadores, durante o mandato, não podem ser presos,
com exceção de flagrante cometendo crime inafiançável. Neste caso, a decisão de prisão do
congressista fica a cargo da Câmara dos Deputados ou Senado Federal, dependendo da Casa que o
político pertença.

Outra ferramenta prevista na Constituição e que age como uma imunidade aos parlamentares é
o foro privilegiado. Neste mecanismo, o congressista só poderá ser investigado e preso após decisão
tomada diretamente pelo Supremo Tribunal Federal.

Saiba mais sobre o significado do Foro privilegiado.

A imunidade parlamentar não é um direito da figura do indivíduo, mas sim do cargo ocupado e, por
esta razão, trata-se de uma prerrogativa impossível de ser renunciada pelo parlamentar.

De acordo com a lei, as imunidades parlamentares são divididas em duas categorias: Imunidades
Materiais e Imunidades Formais.

Imunidade Parlamentar Material

Neste caso, os parlamentares ficam isentos de processos penais e civis como consequência de
opiniões, discursos ou votos proferidos no âmbito de suas atividades políticas.

O artigo 53 da Constituição, por exemplo, deixa claro em sua redação que “os Deputados e
Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.

Os Deputados e Senadores são imunes em todo o território brasileiro, mas os vereadores apenas
ficam protegidos quando as opiniões e discursos são feitos dentro das limitações do município que
representam.

No entanto, a imunidade material varia de acordo com a situação, podendo ser Absoluta ou Relativa.

Imunidade Material Absoluta: quando o parlamentar executa a sua liberdade de expressão dentro
do Congresso Nacional.

Imunidade Material Relativa: quando o parlamentar executa a sua liberdade de opinar, falar e votar
fora do Congresso Nacional. Neste caso, será necessário averiguar se a manifestação do
parlamentar está de acordo com o exercício de sua função.

Imunidade Parlamentar Formal

As imunidades formais estão relacionadas com o foro privilegiado e os processos de prisão do


parlamentar.

De acordo com esta prerrogativa, o parlamentar não deverá ser preso, exceto quando for pego em
flagrante por cometer um crime inafiançável.

Neste caso, o processo de investigação e julgamento deverá ser feito pelo Supremo Tribunal Federal.

Apenas os Deputados e Senadores têm o direito a imunidade formal, os vereadores não gozam desta
prerrogativa, possuindo apenas a imunidade material.

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

Processo legislativo é o conjunto de exigências e procedimentos para a elaboração das leis, sendo
responsabilidade do Poder Legislativo. No Brasil, embora o Executivo e o Judiciário também possam,
excepcionalmente, redigir leis, a palavra final cabe sempre ao Congresso Nacional, sede federal do
Legislativo, estando suas principais normas descritas na Seção VIII, Título IV da Constituição Federal.
Nela, mencionam-se sete tipos de legislação: leis ordinárias, complementares e delegadas, emendas
constitucionais, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.

Leis ordinárias e complementares

Leis ordinárias são as normas jurídicas com as regras mais gerais e abstratas - ou seja, as leis mais
comuns -, enquanto leis complementares procuram reforçar a matéria constitucional; seu caráter,
pois, é de complemento à Constituição. Além de seus processos serem bem similares, ambas podem
ser propostas por qualquer membro ou comissão do Congresso Nacional; pelo Presidente da
República; pelo Supremo Tribunal Federal (STF); pelos Tribunais Superiores; pelo Procurador-Geral
da República; e pelos cidadãos.

Quando nasce no Congresso, o Projeto de Lei (PLO) vai para a comissões técnica competente da
casa originária (Câmara dos Deputados, com 35 comissões, ou Senado, com 11); quando vindo de
algum membro externo ao Congresso, o PL é apresentado à Câmara. Se a comissão entender que o
projeto é constitucional, legal e útil à sociedade, ele o envia para votação em plenário, onde a
aprovação depende de maioria simples, ou seja, no mínimo 50% dos votos dos congressistas
presentes.

Em caso de rejeição, o projeto é arquivado. Em aprovação, ele segue para a outra Casa do
Congresso (Casa revisora): a Câmara envia o projeto para o Senado e vice-versa. Se a Casa revisora
aprovar apenas partes do PLO, ela o emenda e devolve para reavaliação da Casa inicial, que pode
aprovar o novo texto ou rejeitá-lo. Se a aprovada (maioria simples) pela Casa revisora, a lei é enviada
para sanção ou veto presidencial.

Se o Presidente não se pronunciar em até 15 dias do seu recebimento, considera-se a lei


sancionada, seguindo-se sua promulgação (torna-se válida, oficial). Em caso de veto, porém, ambas
as Casas se reúnem para apreciá-lo, sendo que um veto só é derrubado com maioria absoluta de
votos, ou seja, no mínimo metade de todos os congressistas, não só os presentes. Derrubado o veto,
segue a lei à promulgação (prazo de 48 horas; se o Presidente não promulgá-la, o Presidente do
Senado deve fazê-lo); se mantido, ela é arquivada.

Com projetos de lei complementar, a única diferença é que, no lugar de maioria simples, as votações
são por maioria absoluta. A Constituição estabelece limites para a proposição de leis por não
congressistas, sendo estes mais rigorosos com projetos de lei de iniciativa popular (PLPs), que
precisam do apoio de 1% dos eleitores, distribuídos em ao menos cinco Estados, com um mínimo de
0,33% de apoio em cada Estado.

Emendas Constitucionais

A Constituição brasileira é um documento rígido, que não pode ser facilmente alterado. Como Lei
Máxima da nação, modificações em seu texto devem ser consideradas com extremo cuidado, visto
que repercutirão em toda a legislação subordinada. Sendo este o propósito das emendas, seu
processo exige grande consenso entre os parlamentares.

Emendas podem ser propostas pelo Presidente da República, por metade das Assembleias
Legislativas do país ou por, no mínimo, um terço dos membros de qualquer Casa do Congresso.
Além de não poder ser realizadas durante intervenção federal e estado de emergência ou sítio, elas
não podem prejudicar a federação, o voto, a separação de poderes e os direitos e garantias
individuais - as chamadas cláusulas pétreas da Constituição.

Feita a proposta, cada Casa do Congresso deve discuti-la e votá-la em dois turnos, havendo
aprovação somente com mais de 60% dos votos em ambas. Se rejeitada, a matéria da proposta não
pode ser repetida na mesma sessão legislativa; ou seja, uma "nova tentativa" ocorre só no ano
seguinte.

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

Leis Delegadas

Exclusivas do Presidente da República, essas leis só são possíveis com a concessão do Congresso,
que delega seus poderes de legislação. Para promulgá-las, o Presidente primeiro envia uma
solicitação ao Congresso. Esta pode ser aprovada por maioria simples em sessão conjunta ou
separada das Casas, tornando-se, neste caso, uma resolução que estipula as condições para o uso
dos poderes delegados. Uma delegação típica é quando o Congresso permite ao Presidente elaborar
e promulgar leis sem sua apreciação. Quando a lei, mesmo delegada, precisa ser remetida ao
Congresso, caracteriza-se uma delegação atípica.

Medidas provisórias

Outro recurso exclusivo do Presidente, essas são instrumentos com força de lei para situações de
grande urgência. Sua vigência é imediata, mas temporária (60 dias, prorrogáveis por outros
sessenta), e depende de aprovação pelo Congresso para ser efetivada como lei.

Se não averiguadas após 45 dias de sua instauração, as MP's trancam todas as pautas da Casa em
que se encontram. O processo é similar ao de uma lei ordinária, sendo primeiro avaliadas por uma
comissão mista, depois votadas em plenário e, se aprovadas, votadas em plenário da outra casa. As
aprovações requerem maioria simples dos votos, e rejeição em qualquer etapa resulta em
arquivamento. Se uma MP for aprovada com emendas, o Presidente pode vetá-la parcial ou
integralmente, fazendo-a retornar ao Congresso para reapreciação. Já a rejeição pelo Congresso
deve ser acompanhada por um decreto legislativo regulamentando os efeitos da MP durante sua
vigência.

Decretos legislativos e resoluções

São medidas normativas com força análoga à de lei dentro do Poder Legislativo, sendo que os
decretos legislativos tratam das atribuições exclusivas do Congresso e as resoluções, das
competências privativas de cada Casa. Assim, os efeitos dos decretos repercutem fora do âmbito
congressional, enquanto os efeitos das resoluções são quase sempre internos.

Decretos legislativos dependem de aprovação por maioria simples em cada Casa, enquanto
resoluções seguem os regimentos internos tanto do Congresso quanto de suas Casas, a depender de
quem as propõe. O processo independe de sanção presidencial; uma vez aprovados, ambos seguem
para promulgação pelo Presidente do Senado. Vale notar que decretos legislativos não são decretos
(atribuição do Poder Executivo) nem decretos-lei, pois sua força não é legal per se.

A função do Poder Judiciário é garantir os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver conflitos
entre cidadãos, entidades e Estado. Para isso, tem autonomia administrativa e financeira garantidas
pela Constituição Federal.

São órgãos do Poder Judiciário o Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça
(STJ), além dos Tribunais Regionais Federais (TRF), Tribunais e Juízes do Trabalho, Tribunais e
Juízes Eleitorais, Tribunais e Juízes Militares e os Tribunais e Juízes dos estados e do Distrito
Federal e Territórios.

Supremo Tribunal Federal

O STF é o órgão máximo do Judiciário brasileiro. Sua principal função é zelar pelo cumprimento da
Constituição e dar a palavra final nas questões que envolvam normas constitucionais. É composto por
11 ministros indicados pelo Presidente da República e nomeados por ele após aprovação pelo
Senado Federal.

Superior Tribunal de Justiça

Abaixo do STF está o STJ, cuja responsabilidade é fazer uma interpretação uniforme da legislação
federal. É composto por 33 ministros nomeados pelo Presidente da República escolhidos numa lista
tríplice elaborada pela própria Corte. Os ministros do STJ também têm de ser aprovados pelo Senado
antes da nomeação pelo Presidente do Brasil.

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

O STJ julga causas criminais de relevância, e que envolvam governadores de estados,


Desembargadores e Juízes de Tribunais Regionais Federais, Eleitorais e Trabalhistas e outras
autoridades.

Além dos tribunais superiores, a o sistema Judiciário federal é composto pela Justiça Federal comum
e pela Justiça especializada (Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e Justiça Militar).

Justiça Federal

A Justiça Federal comum pode processar e julgar causas em que a União, autarquias ou empresas
públicas federais sejam autoras, rés, assistentes ou oponentes – exceto aquelas relativas a falência,
acidentes de trabalho e aquelas do âmbito da Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

É composta por juízes federais que atuam na primeira instância, nos tribunais regionais federais
(segunda instância) e nos juizados especiais, que julgam causas de menor potencial ofensivo e de
pequeno valor econômico.

Justiça do Trabalho

A Justiça do Trabalho julga conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e patrões. É composta
por juízes trabalhistas que atuam na primeira instância e nos tribunais regionais do Trabalho (TRT), e
por ministros que atuam no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Justiça Eleitoral

Com o objetivo de garantir o direito ao voto direto e sigiloso, preconizado pela Constituição, a Justiça
Eleitoral regulamenta os procedimentos eleitorais. Na prática, é responsável por organizar, monitorar
e apurar as eleições, bem como por diplomar os candidatos eleitos. Também pode decretar a perda
de mandato eletivo federal e estadual e julgar irregularidades praticadas nas eleições.

Os juízes eleitorais atuam na primeira instância e nos tribunais regionais eleitorais (TRE) e os
ministros que atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Justiça Militar

A Justiça Militar é composta por juízes militares que atuam em primeira e segunda instância e por
ministros que julgam no Superior Tribunal Militar (STM). Sua função é processar e julgar os crimes
militares.

Justiças Estaduais

A organização da Justiça estadual é competência de cada estado e do Distrito Federal. Nela existem
os juizados especiais cíveis e criminais. Nela atuam juízes de Direito (primeira instância) e
desembargadores, (nos tribunais de Justiça, segunda instância). Nos estados e no DF também
existem juizados especiais cíveis e criminais.

A função da Justiça estadual é processar e julgar qualquer causa que não esteja sujeita à Justiça
Federal comum, do Trabalho, Eleitoral e Militar.

O STF e o STJ têm poder sobre a Justiça comum federal e estadual. Em primeira instância, as
causas são analisadas por juízes federais ou estaduais. Recursos de apelação são enviados aos
Tribunais Regionais Federais, aos Tribunais de Justiça e aos Tribunais de Segunda Instância, os dois
últimos órgãos da Justiça Estadual.

O Supremo Tribunal Federal (STF) é a mais alta instância do poder judiciário brasileiro e acumula
competências típicas de uma suprema corte (tribunal de última instância) e de um tribunal
constitucional (que julga questões de constitucionalidade independentemente de litígios concretos).
Sua função institucional fundamental é de servir como guardião da Constituição Federal de 1988,
apreciando casos que envolvam lesão ou ameaça a esta última. De suas decisões não cabe recurso
a nenhum outro tribunal.

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

Criado após a proclamação da República, o STF exerce uma longa série de competências, entre as
quais a mais conhecida e relevante é o controle concentrado de constitucionalidade através
das ações diretas de inconstitucionalidade. Todas as reuniões administrativas e judiciais do Supremo
Tribunal são transmitidas ao vivo pela televisão desde 2002. O Tribunal também está aberto para o
público assistir aos julgamentos.

Os onze juízes do tribunal são chamados de Ministros, apesar de o cargo não ter nenhuma
semelhança com os ministros dos órgãos do governo. Eles são nomeados pelo Presidente e
aprovados pelo Senado. A idade para aposentadoria compulsória é de 75 anos.

Em maio de 2009, a revista britânica The Economist classificou o STF como "o tribunal mais
sobrecarregado do mundo, graças a uma infinidade de direitos e privilégios entrincheirados na
Constituição nacional de 1988 (...) até recentemente, as decisões do tribunal não eram vinculadas
aos tribunais inferiores. O resultado foi um tribunal que está sobrecarregado ao ponto de um motim. O
Supremo Tribunal Federal recebeu 100 781 casos no ano passado [2008]."

Supremo Tribunal Federal (STF)

Provavelmente o mais famoso dos tribunais superiores, o Supremo Tribunal Federal (STF) é
certamente a corte de maior destaque no país. Composto por apenas onze ministros, o STF é o
“guardião da Constituição Federal”, segundo dispõe o artigo 102 da própria Constituição.

Assim, a fim de fazer cumprir essa função principal de defesa da Constituição, o inciso III do artigo
102 da Constituição prevê como de competência do STF o julgamento dos recursos
extraordinários, que são recursos manejados contra decisões já julgadas em única ou última
instância pelos tribunais inferiores, que possuem repercussão geral das suas questões
constitucionais, que podem versar exclusivamente sobre:

• Dispositivo constitucional;

• Declaração de inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

• Julgamento sobre a validade de lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição;

• Julgamento sobre a validade de lei local contestada em face de lei federal.

Em suma, essas hipóteses expostas são as que versam sobre questões constitucionais que chegam
ao Supremo por meio de recursos a decisões oriundas de outros tribunais. Além delas, compõem o
rol de competências que permitem que o STF atue na defesa da Constituição, de modo originário, ou
seja, diretamente pelo Supremo, sem análise anterior por outros Tribunais:

• O julgamento das arguições de preceito fundamental (§2º do artigo 102), que são ações propostas
com o objetivo de proteger os valores supremos do Estado e da Sociedade contidos na Constituição
contra atos do próprio Poder Público;

• O julgamento do mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for


atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados,
do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

• O julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade e ações declaratórias de


constitucionalidade, bem como os pedidos de medida cautelar ligados a elas.

Além disso, há ainda a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal julgar originariamente


as “reclamações constitucionais”. Estes instrumentos jurídicos são utilizados para atacar atos
jurídicos que contrariem certas decisões do STF de caráter vinculante (de observância obrigatória) ou
quando o ato poderia ser praticado apenas pelo próprio Supremo. Com isso, podem ser manejados
propostas tanto contra decisões judiciais, como contra atos dos Poderes Executivo ou Legislativo.

Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal também possui competências originárias não ligadas a
questões constitucionais, as quais lhe foram concedidas por conta da relevância do tema ou das
partes envolvidas. Por exemplo, cabe ao STF o julgamento, nas infrações penais comuns, de

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IMUNIDADE PARLAMENTAR

diversas autoridades de alto escalão do Governo Federal, como é o caso do Presidente da República,
seu Vice-Presidente, membros do Congresso Nacional, os próprios Ministros da corte, o Procurador-
Geral da República. Cabe também a ele o julgamento, nos crimes de responsabilidade e nas
infrações penais comuns, dos Ministros de Estado e dos Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, com algumas ressalvas, e, ainda, dos membros dos Tribunais Superiores ou do
Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.

Outros exemplos relevantes de competência originária do STF não ligados a questões constitucionais
são o processamento e julgamento de:

1. Extradição solicitada por Estado estrangeiro, como ocorreu nos famigerados casos do ativista
Cesare Battisti e no do banqueiro Salvatore Cacciola, nos quais a Itália requereu as suas extradições
por crimes lá cometidos;

2. Ações em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados; e

3. Os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.

Portanto, percebe-se que o julgamento de tais casos é atribuído ao Supremo Tribunal Federal por
conta da maior parcimônia que se espera da mais alta corte do país, presumindo-se a sua maior
imparcialidade e blindagem a interesses alheios.

Por fim, ainda cabe ao Supremo Tribunal Federal julgar por meio de recurso ordinário: (i) o habeas
corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única
instância pelos demais tribunais superiores, se a decisão for denegatória; e (ii) o crime político.

Ademais, o STF tem algumas atribuições mais ligadas à Administração Pública, como requerer a
intervenção da União nos Estados ou no Distrito Federal, nas hipóteses previstas na Constituição, o
pedido de (ver na CF) proposição de leis complementares. Ainda, cabe ao STF a elaboração da Lei
Complementar que regerá a magistratura em todo o país, por meio do Estatuto da Magistratura. Outra
função importante é a criação de súmulas vinculantes, as quais poderão ser editadas por decisão de
pelo menos 2/3 dos seus membros, após reiteradas decisões sobre a matéria constitucional que ela
versar, vinculando todos as instâncias do três poderes ao seu cumprimento.

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DOS ORÇAMENTOS

Dos Orçamentos

A Elaboração Do Orçamento Público

O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal (aprovado por lei) contendo a
previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um
determinado exercício, geralmente compreendido por um ano. No entanto, para que o orçamento seja
elaborado corretamente, ele precisa se basear em estudos e documentos cuidadosamente tratados
que irão compor todo o processo de elaboração orçamentária do governo.

“O Orçamento Nacional deve ser equilibrado. As Dívidas Públicas devem ser reduzidas, a arrogância
das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem
ser reduzidos, se a Nação não quiser ir à falência. As pessoas devem novamente aprender a
trabalhar, em vez de viver por conta pública.” Marcus Tullius Cícero - Roma, 55 A.C.

O Orçamento Público no Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um texto elaborado pelo
Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo para discussão, aprovação e conversão em lei. O
documento contém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano seguinte e a
autorização para a realização de despesas do Governo. Porém, está atrelado a um forte sistema de
planejamento público das ações a realizar no exercício.

O OGU é constituído de três peças em sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da


Seguridade Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Federais.

Existem princípios básicos que devem ser seguidos para elaboração e controle dos Orçamentos
Públicos, que estão definidos no caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plurianual,
na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Responsabilidade Fiscal.

É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos recursos que o governo recolhe sob a
forma de impostos. Nenhuma despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. O
Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração pública federal.

Plano Plurianual

A regulamentação do PPA prevista no art. 165 da Constituição foi inicialmente contemplada no artigo
3º da Lei Complementar 101/2000 ou simplesmente Lei de Responsabilidade Fiscal. Infelizmente, o
artigo foi vetado, mas a sua elaboração continua obrigatória. Ele é peça fundamental da Gestão e a
partir da vigência da LRF a criação de despesa que não esteja contemplada no PPA, será
considerada não autorizada e lesiva ao patrimônio público (art. 15, combinado com os Arts. 16, II e
17, § 4º). O PPA deverá ser elaborado no primeiro ano de governo e encaminhado até 31 de agosto,
contemplando as ações governamentais, desdobradas em programas e metas.

Com a adoção deste plano, tornou-se obrigatório o Governo planejar todas as suas ações e também
seu orçamento de modo a não ferir as diretrizes nele contidas, somente devendo efetuar
investimentos em programas estratégicos previstos na redação do PPA para o período vigente.
Conforme a Constituição, também é sugerido que a iniciativa privada volte suas ações de
desenvolvimento para as áreas abordadas pelo plano vigente.

Lei De Diretrizes Orçamentárias

É a lei que antecede a lei orçamentária, que define as meta e prioridades em termos de programas a
executar pelo Governo. O projeto de lei da LDO deve ser enviado pelo Poder Executivo ao Congresso
Nacional até o dia 15 de abril de cada ano (8 meses e meio antes do encerramento da sessão
legislativa).

No Brasil, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO tem como a principal finalidade orientar a
elaboração dos orçamentos fiscal e da seguridade social e de investimento do Poder Público,
incluindo os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e as empresas públicas e autarquias. Busca
sintonizar a Lei Orçamentária Anual - LOA com as diretrizes, objetivos e metas da administração
pública, estabelecidas no Plano Plurianual.

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DOS ORÇAMENTOS

A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas e prioridades do governo para o ano seguinte,
orienta a elaboração da lei orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legislação tributária e
estabelece a política das agências de desenvolvimento.

Lei Orçamentária Anual

É elaborada anualmente pelo poder Executivo em atendimento à Constituição Federal e a Lei Federal
4.320/64, que estabelece as normas gerais para elaboração, execução e controle orçamentário.

É elaborada para possibilitar a concretização das situações planejadas no Plano Plurianual. Obedece
a Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelecendo a programação das ações a serem executadas para
alcançar os objetivos determinados, cujo cumprimento se dará durante o exercício financeiro.

Do mesmo modo que a Lei de Diretrizes Orçamentárias é instrumento constitucional de planejamento


operacional. Por determinação constitucional, o Governo é obrigado a encaminhar o Projeto de Lei
Orçamentária Anual ao Congresso nacional até o dia 31 de agosto de cada ano (4 meses antes do
encerramento da sessão legislativa). Acompanha o projeto, uma mensagem do Presidente da
República, na qual é feito um diagnóstico sobre a situação econômica do país e suas perspectivas.

A Constituição determina que o Orçamento deva ser votado e aprovado até o final de cada
legislatura. Depois de aprovado, o projeto é sancionado e publicado pelo Presidente da República,
transformando-se na Lei Orçamentária Anual.

O orçamento público tem tudo a ver com o nosso dia a dia. Grande parte
das receitas arrecadadas pelo governo saem do nosso bolso, direta ou indiretamente. Repassamos
uma parcela do que ganhamos para o governo em forma de impostos indiretos, isto é, impostos
que estão embutidos no preço das mercadorias e das tarifas de serviços públicos. Há também
os impostos diretos, como o imposto de renda, que é pago por milhões de pessoas quando
recebem o salário ou quando prestam serviços para uma empresa ou para outras pessoas.

O orçamento público transforma-se em lei após passar por um processo de ampla negociação, em
que os governos federal, estadual e municipal deixam claro como pretendem gastar a curto e médio
prazo os recursos arrecadados com impostos, contribuições sociais e outras fontes de receita. A
elaboração do orçamento público é obrigatória a todos os níveis de governo.

A elaboração do orçamento segue uma periodicidade prevista em lei e na Constituição Federal


de 1988. Assim, ele acontece de forma cíclica, de maneira que todas as ferramentas se encaixem,
ou seja, formando uma orientação lógica para orientar o orçamento público. Isso é chamado
de ciclo orçamentário.

Quem fiscaliza o Orçamento Público?

A fiscalização do Orçamento Público é realizada oficialmente de duas formas: pelos controles interno
e externo. Pelo Controle Interno, quando o controle é feito pelos órgãos do próprio Poder Executivo,
especialmente pela Controladoria-Geral da União (CGU) e, ainda, cada Ministério possui um
Assessor de Controle Interno, vinculado tecnicamente à CGU. O Controle Externo é exercido pelo
Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU). Já o Controle Social é
realizado pela sociedade, tanto nos espaços institucionais de participação, como Conselhos e
Conferências, quanto nos espaços de articulação da própria sociedade, como nas Redes e Fóruns.

I – Definição E Aspectos Gerais Do Orçamento Púbico

A noção de orçamento público é, sem sobra de dúvidas, uma das mais importantes para o estudo
do Direito Financeiro e, mais especificamente, para o desempenho da atividade financeira do Estado.
É nele que estão descritas as receitas e despesas de determinada circunscrição política, referentes
normalmente ao período de um ano, a fim de que o Estado tenha o domínio – quase que exato -
sobre sua arrecadação e respectivos gastos necessários à consecução das necessidades públicas
em geral.

Na medida em que o conceito de orçamento se mostra crucial para o entendimento global da


atividade financeira desempenhada pelo Estado, ele também passou por uma importante construção
até chegarmos ao seu entendimento atual.

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DOS ORÇAMENTOS

De acordo com o conceito clássico de orçamento, este seria simplesmente a peça que contém a
aprovação prévia das despesas e receitas dentro de um determinado lapso temporal. Porém, anos
depois, esta definição se mostrou insuficiente, em razão de carecer do elemento representativo da
vontade popular, ou seja, a necessária atuação e aprovação do Poder Legislativo, a fim de legitimar a
escolha governamental realizada pelo Executivo à vontade de seus governados, representados pelos
membros do Legislativo.

Neste passo, segundo os louváveis ensinamentos de Aliomar Baleeiro, o orçamento público, nos
Estados democráticos, pode ser definido como sendo:

o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em
pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados
pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei.
(BALEEIRO, 2010, p. 521).

Além de sua extrema relevância, o orçamento possui assento constitucional consagrado a partir do
art. 165 de nossa Lei Maior, o qual prevê que a obtenção das receitas e a consequente realização de
despesas decorrem de três planejamentos orçamentários: o plano plurianual (PPA), a lei de diretrizes
orçamentárias (LDO) e a lei orçamentária anual (LOA). Dessa forma, esses três mecanismos devem
atuar de forma conjunta e harmônica, para que possam transmitir uma maior segurança e precisão a
respeito da destinação das receitas e gastos públicos.

No que tange a natureza jurídica do orçamento, surgem certas controvérsias. Parte da doutrina
nacional afirma que ele não poderia ser visto como lei do ponto de vista material, pois não é genérico,
tampouco abstrato, nem permanente, devido ser formulado para uma realidade específica e com
destinatários pré-determinados, além de possuir período de vigência prévio, que é o lapso temporal
de 1 (um) ano. No entanto, em relação ao ponto de vista formal, o orçamento possui, sem discussão,
natureza de lei conferida pela própria Constituição Federal ao longo de seus diversos dispositivos.

Deste modo, para Ricardo Lobo Torres (2013), o orçamento é lei formal, que prevê receitas públicas
e autoriza as despesas a serem realizadas. Em outras palavras, o orçamento público é uma lei de
vigência anual, com efeito concreto e destinatários próprios, onde consta a estimação de receita e a
fixação de despesas necessárias à execução das necessidades públicas, em especial dos serviços e
das políticas públicas.

Ii – As Fases Do Ciclo Orçamentário

Para buscarmos compreender o controle e a fiscalização orçamentária brasileira, devemos analisar,


precipuamente, as fases do ciclo orçamentário, que, segundo Baleeiro (2010, p. 561), são as
seguintes:

1ª) proposta do Executivo, sob a supervisão política do presidente da República e assistência de seus
órgãos técnicos;

2ª) discussão e aprovação dessa proposta pelo Congresso;

3ª) sanção do Presidente da República e execução por ele e pelos Ministros;

4ª) controle da execução do orçamento e parecer final sobre as contas por parte do Tribunal de
Contas;

5ª) julgamento das contas pelo Congresso, que tem competência para recusá-las e submeter o
Presidente e Ministros a impeachment, em caso de atentado à probidade da Administração, à lei
orçamentária, e à guarda e legal emprego dos dinheiros públicos.

Portanto, o orçamento se inicia com a proposta formulada pelo Executivo, passa pelo debate e
aprovação do Congresso Nacional, retorna ao Executivo, na pessoa do Presidente da República, que
irá sancionar e executar a proposta e, durante essa execução, o Tribunal de Contas irá exercer o
controle e a fiscalização sobre a gestão pública e os gastos que constam no orçamento em
comparação àqueles que estão, de fato, ocorrendo, emitindo seu parecer final sobre as contas,
podendo haver, em caso de constatação de atos de improbidade, a submissão do Presidente e
Ministros a impeachment pelo Congresso Nacional. Findo está, assim, o ciclo orçamentário.

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DOS ORÇAMENTOS

Ocorre que, no decorrer das fases do orçamento público do Brasil, a atuação dos Tribunais de Contas
ganha extrema relevância e merece – como assim terá – explanação em seção própria, na qual
analisaremos a trajetória histórica e a sua função frente ao controle e fiscalização do orçamento.

Iii – A Trajetória Do Tribunal De Contas No Brasil

Com suas linhas traçadas desde 1840, o Tribunal de Contas brasileiro surgiu logo após a
proclamação da República, através do Decreto nº 966-A, de 07 de novembro de 1890. Muitas
alterações legislativas após, a Constituição de 1934 o definiu, em seus arts. 99 a 102, como sendo o
“órgão de cooperação das atividades governamentais”.

A Carta Magna de 1937 o manteve. Porém, o Decreto-lei nº 426, de 12 de maio de 1938, limitou as
suas atribuições fiscalizadoras. No período do Estado Novo (1937 a 1945), no qual imperou a Era
Vargas, o Tribunal de Contas perdeu o seu sentido político, visto que o orçamento foi elaborado e
aprovado pelo próprio Poder Executivo, sem a mínima interferência daquele.

Fato curioso, mencionado por Baleeiro (2010), é que até o advento da Constituição de 1946, o
Tribunal de Contas era incluído no quadro do Ministério da Fazenda, como se fosse subordinado a
ele e apresentando-o os seus primeiros relatórios. Nos anos seguintes, a partir de 1912, os relatórios
passaram a ser encaminhados para o Congresso Nacional.

Após a Constituição de 1934, o Tribunal apresentou parecer prévio sobre as contas do Presidente da
República e um relatório sobre o exercício financeiro, sendo “a primeira vez, após 43 anos de
fundado o Tribunal, que o Legislativo se pronunciou sobre as contas presidenciais” (BALEEIRO,
2010, p. 569).

Dessa forma, com a edição do Decreto-Lei nº 199, de 25 de fevereiro de 1967, a estrutura e a


competência do Tribunal de Contas foi restruturada e possui hoje, um novo e ampliado rol de
atribuições conferido pela Constituição Federal de 1988, o qual será exposto a seguir.

Iv – A Atual Função Do Tribunal De Contas

A Carga Magna vigente, em seu art. 71, prevê que o Tribunal de Contas é um órgão auxiliar do
Congresso Nacional no desempenho do controle externo do orçamento público, exercendo a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Destarte, apesar de ser
chamado de “tribunal”, está longe de integrar o Judiciário e, ainda que auxilie na fiscalização e
controle do orçamento, não está inserido no Executivo, encontrando-se vinculado, na realidade, ao
Poder Legislativo.

Dentre as atribuições do Tribunal de Contas da União previstas nos diversos incisos do art. 71, estão:
a apreciação das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento (inciso I); o
julgamento das contas dos administrados e demais responsáveis por dinheiro, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade que resulte prejuízo ao erário público (inciso II); a realização, por iniciativa
própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito,
inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
unidades administrativas dos Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário, e demais entidades
referidas no inciso II (Inciso IV); a fiscalização da aplicação de quaisquer recursos repassados pela
União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito
Federal ou ao Município (inciso VI) e a aplicação aos responsáveis, em caso de ilegalidade
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário (inciso VIII).

De acordo com o art. 73 da CF, o TCU possui sede no Distrito Federal, sendo integrado por nove
ministros, além de possuir quadro de pessoal próprio e jurisdição em todo o território nacional. Além
disso, as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo (art. 70, § 3º), bem como há a determinação de que o Tribunal deverá encaminhar ao
Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades (art. 70, § 4º).

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DOS ORÇAMENTOS

Sendo assim, o Tribunal de Contas no Brasil possui uma atuação de extrema importância e
abrangência, sendo um verdadeiro instrumento de fiscalização das contas públicas e controle da
atuação dos gestores. Sobre esse fundamental papel, Baleeiro destaca que:

À primeira vista, o Tribunal de Contas poderá parecer simples órgão administrativo, colegiado, com
funções jurisdicionais sobre os ordenadores e pagadores de dinheiros públicos, no interesse da
probidade da Administração. Mas a análise da Constituição mostra que existe algo de mais
importante e profundo nesse órgão imediato da Constituição: é a sua função essencialmente política,
que decorre do papel de órgão de fiscalização do Congresso. (2010, p. 570).

E Ainda Complementa:

O Tribunal de Contas, no Brasil, é o órgão que se manifesta, não só no interesse da moralidade


administrativa, mas também no da preservação dos objetivos pretendidos pelo Congresso quando
autorizou despesas e receitas. Ele controle os pagamentos do Executivo, pode impedi-los, se não
forem autorizados, e dá parecer sobre o conjunto e o detalhe da execução. [...] De nada valeria a
competência do Poder Legislativo para aceitar ou rejeitar o programa de Governo, autorizar ou vedar
receitas e despesas, se não tivesses meios e órgãos técnicos de fiscalização da execução
orçamentária. (2010, p. 561).

Desse modo, o Tribunal de Contas está alocado no centro do controle e fiscalização do orçamento
público, porém, ele não é a única medida que se destina a essa finalidade e faz parte de apenas uma
forma de controle, conforme trataremos a seguir.

V – O Controle E A Fiscalização Do Orçamento Público

A Carta da República estabelece, a partir de seu art. 70, que a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta,
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno
de cada Poder. Já no dispositivo seguinte, esclarece que o controle externo, que está a cargo do
Poder Legislativo, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, enumerando as
competências cabíveis a este, conforme aludido em tópico anterior.

Desse modo, o papel de controlar e fiscalizar as contas públicas se bifurca na atuação de um controle
externo (com ênfase à atuação do Tribunal de Contas) e de um controle interno (exercido
internamente por cada Poder).

Para reforço conceitual, trazemos à baila definição dos referidos controles, nas palavras de Nilde
Balcão e Ana Cláudia Teixeira (2003, p. 17):

A Constituição brasileira estabelece mecanismos para controle interno e externo das finanças e do
orçamento público. O controle é interno quando exercido por um outro órgão da mesma
administração ou poder público, caracterizando-se como uma autotutela permanente para a garantia
da legitimidade das contas. O controle externo é, por excelência, exercido pelo Tribunal de Contas -
da União, do Estado e, em alguns casos, do Município – cuja função é exatamente essa. O Ministério
Público e o poder Legislativo também tem entre suas atribuições a de controlar a probidade
administrativa no manejo do dinheiro público. O Poder Judiciário dispõe de mecanismos para o
controle orçamentário, mas exerce esse controle apenas quando acionado.

No art. 74 da CF, há a previsão expressa de que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário


manterão, de forma integrada, um sistema de controle interno com a finalidade de: avaliar o
cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos
orçamentos da União (inciso I); comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração
federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado (inciso II);
exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
União (inciso III) e apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

No mesmo dispositivo, mas em seu parágrafo primeiro, assevera-se que os responsáveis pelo
controle interno, caso tomem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão
ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. No parágrafo

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DOS ORÇAMENTOS

subsequente, há a previsão de que qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte
legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o TCU.

Sendo assim, as normas constitucionais que regulam o controle e fiscalização do orçamento


possuem em seu bojo o fito de harmonizar a atuação do controle externo e interno, a fim de que um
auxilie o outro no exercício de suas funções e na apuração de possíveis irregularidades na prestação
de contas. Por conseguinte, a Constituição também se preocupou em legitimar a participação popular
no controle das contas públicas através de denúncias perante o Tribunal de Contas, em caso de
irregularidades ou ilegalidades, havendo verdadeiro controle social, paralelo aos já expressos
controle interno e externo.

Sobre esse ponto, as referidas autoras aduzem que “a participação da sociedade civil no
planejamento, gestão e controle do orçamento público é um dos elementos centrais para garantir uma
efetiva democratização da sociedade brasileira” (2003, p. 11).

Ao perfeito encontro da previsão constitucional, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/00)


também destinou capítulo próprio para regulamentar a transparência, controle e fiscalização da
gestão pública, a partir de seu art. 48, afirmando que são instrumentos da gestão fiscal: os planos,
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório da Gestão Fiscal; e as versões
simplificadas desses documentos.

No que tange a prestação de contas, a LRF assevera que as contas prestadas pelos Chefes do
Poder Executivo, incluirão, além das suas próprias, as do Presidentes dos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário e o Chefe do Ministério Público, as quais receberão parecer prévio,
separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

Em seu art. 57, elucida que os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as
contas no prazo de sessenta dias do recebimento, salvo previsão em contrário nas constituições
estaduais ou nas leis orgânicas municipais. Por fim, a mesma lei prevê que o Poder Legislativo,
diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder
e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas da LRF, atuando com ênfase em
diversas medidas previstas nos incisos do art. 59.

Posto isto, observa-se que há toda uma sistemática legislativa destinada ao controle e fiscalização do
orçamento público, com o intuito de se estabelecer um maior rigor ao cumprimento das previsões
estabelecidas nas leis orçamentárias pelos gestores públicos e, em caso de violações por estes,
proceder à devida aplicação da sanção cabível, a fim de preservar os princípios reguladores do
orçamento público e da atividade financeira do Estado em geral, além de evitar qualquer lesão ao
erário e, sobretudo, ao interesse público e coletivo.

Créditos Adicionais

Créditos Adicionais - são as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas


na Lei de Orçamento. Os créditos adicionais classificam-se em:

▪ Suplementares e Especiais (PLN)

a. Suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamentária; encaminhado ao Congresso


Nacional pelo Presidente da República através de Projeto de Lei ( PLN )

b. Especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;
encaminhado ao Congresso Nacional pelo Presidente da República através de Projeto de Lei ( PLN )

▪ Extraordinários (MP)

a. Extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção


intestina ou calamidade pública; encaminhado ao Congresso Nacional pelo Presidente da República
através de Medida Provisória (MP)

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DOS ORÇAMENTOS

O crédito, como operação na qual um agente que dispõe de recursos empresta a quem está em
situação deficitária, é uma prática que remonta a mais longínqua data da história humana. E não
podia ser diferente quando se considera o crédito público, aquela relação creditícia em que o Estado
participa, pois basta lembrar que tal entidade surgiu há mais de 3000 a.C.

O presente estudo busca fazer uma análise do crédito público inserido no ordenamento jurídico
brasileiro, fazendo uma abordagem exploratória dos principais aspectos envolvidos com esse
instituto, especialmente os jurídicos. Como a lei define esse tipo de receita, como estabelece a
competência dos órgãos políticos na fixação do seu limite e a fiscalização de sua operacionalização.

Utilizou-se de definições e classificações da doutrina financista para ajudar a melhor compreensão do


assunto sob tela.

Outrossim, inseriu o crédito público no contexto mais amplo da economia e da sociedade. Passando-
se a ideia de que ele tem uma função que extrapola o simples mecanismo de canalizar renda aos
cofres públicos. E também o colocando em consonância com a função estatal de fomento ao
desenvolvimento econômico e social.

A relevância do estudo do crédito público é plenamente compreensível no cenário atual, visto que
muitos países passam por crises nas contas públicas justamente pela falta de instrumentos de
controle para fazer a gestão do nível e risco do endividamento do Estado. Muitas nações estão quase
decretando moratória, por falta de recursos para saldar suas obrigações.

Conceito De Crédito Público

A própria origem da palavra crédito nos dá uma ideia de seu significado, ela se originou do latim
credere – acreditar, confiar. E no campo das finanças, possui a mesma acepção. É um ato que
envolve transferência de recursos baseada na confiança naquele que toma emprestado por parte do
que empresta.

Como neste artigo trata-se do crédito público, ele assume mais um significado, por ser público
significa que em um dos pólos da relação jurídica figura o Estado, entendido como aquela pessoa
jurídica de direito público interno.

Alguns autores do ramo financista consideram apenas aquela relação em que o Estado é o tomador
do empréstimo; todavia, essa é uma visão reducionista do fenômeno sob estudo, haja vista a
importância que o crédito público assume naqueles casos em que o ente público figura como
emprestador, provocando, como será visto, efeitos profundos na economia e na sociedade.

Portanto, podemos conceituar crédito público como sendo a operação de crédito em que o Estado
toma emprestado ou empresta recursos, isto é, ocorre uma transferência de liquidez.

Classificação Do Crédito Público

A doutrina elaborou uma divisão dos tipos de crédito público levando em consideração critérios
classificatórios. Na primeira forma, tem-se como base o uso do poder de império por parte do Estado.
Se esse o exerce, há o empréstimo público compulsório, como no caso em que os bancos são
obrigados a reservar parte dos recursos como garantia de suas operações; e se não existe o uso do
poder de império, ocorre os chamados empréstimos públicos voluntários, no qual segue-se o princípio
da autonomia da vontade, típico do direito privado.

Outra classificação comum, é a que leva em conta a origem dos recursos, se forem de emprestadores
nacionais, empréstimo interno. Caso provenha de fontes internacionais, empréstimos externos. A
consequência prática entre esses dois tipos, é que os empréstimos externos são mais dispendiosos
para o conjunto da economia nacional, já que se transfere recursos para outro país, diminuindo a
liquidez da economia doméstica.

Usos E Operacionalização Do Crédito Público

Como dito na conceituação de crédito público, esse se presta não apenas como fonte de recurso para
cobrir as despesas do ente governamental que o contraiu. Outra importante atribuição que tem sido
usada pelos diversos estados dos mais variados pontos do mundo, é sua eficácia como forma de

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DOS ORÇAMENTOS

intervir no desenvolvimento econômico e social. No Brasil há previsão inclusive constitucional nesse


sentido, o art. 174 da carta magna estatui:

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma
da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor
público e indicativo para o setor privado.

Esse reconhecimento constitucional do papel do crédito público como forma do Estado promover a
expansão da economia revela-se acertado em uma sociedade com variadas e complexas demandas,
que o ente público não conseguiria atendê-las sozinho.

Caracteriza-se este por ser uma forma de incentivar a iniciativa privada de interesse público. Difere do
serviço público, porque neste, o Estado assume como sua uma atividade de atendimento a
necessidades coletivas, para exercê-las sob regras total ou parcialmente públicas; no fomento, o
Estado deixa atividade na iniciativa privada e apenas incentiva o particular que queira desempenhá-
la, por se tratar de atividade que traz algum benefício para a coletividade. (PIETRO, 2005, p. 248 -
249)

Mas o uso mais rotineiro e antigo do crédito público é para cobrir as despesas da Administração
Pública, que não conseguiu pagá-las com a receita advinda dos impostos. Aqui, o Estado é o tomador
do empréstimo, ficando obrigado a restituir o principal acrescido de juros.

Nessa última modalidade do crédito público, é muito comum duas formas de obtê-lo junto ao
mercado. Podem-se emitir títulos de créditos, que são uma parte do empréstimo, para ser negociado
no mercado financeiro. No Brasil existem inúmeros tipos de títulos, entre os quais: Letras Financeiras
do Tesouro, Letras do Tesouro Nacional, Certificados da Dívida Pública etc.

Também podem ser feitos contratos diretos com instituições financeiras, que passam a financiar o
Estado. Tanto entidades nacionais como internacionais. Dessas últimas, exerce papal mundialmente
relevante o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Bird (Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento). Nosso país começou a contrair empréstimo como o FMI em 1954, para
financiamento de projetos de infraestrutura e resolver problemas monetários.

Fundamentos Jurídicos Do Crédito Público

O crédito público vem regulado em vários diplomas normativos, desde a Constituição até leis
ordinárias e complementares. Aqui tratar-se-á dos aspectos mais importantes sobre o tema discorrido
na legislação.

O art. 21 da Constituição atribui a União o papel de fiscalizadora das operações de crédito público, e
o art. 22 deixa a cargo da mesma a competência privativa para legislar sobre o assunto.

A função de fiscalizar atribuída a União é exercida pelo Ministério da Fazenda, que tem essa
competência amparada pelo art. 32 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que tal órgão
verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de
cada ente da Federação. E que os entes devem encaminhar seu pleito fundamentado técnico e
juridicamente, demonstrando o interesse social e econômico, a existência de autorização prévia em
lei orçamentária, inclusão no orçamento dos recursos e observância dos limites e condições fixados
pelo Senado.

Em seu art. 52, a Carta Magna estabelece que compete privativamente ao Senado Federal:

[...]

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do


Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI – fixar por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida
consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

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DOS ORÇAMENTOS

VII – dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades
controladas pelo Poder Público federal;

[...]

Como se vê pela leitura do artigo retrotranscrito, o Senado deve dar o aval para serem realizados os
contratos de créditos envolvendo entidades externas. Bem como, fixar até que ponto o Poder
Executivo pode comprometer o orçamento com o pagamento de dívidas e juros e as condições sob
as quais serão realizadas essas operações de crédito. O Senado editou em 2007, a Resolução Nº 48
que estabelece os limites globais para operações de crédito e concessão de garantia nessas
operações. O art. 6° dessa Resolução, alude ao limite estabelecido no art. 167, inciso III, da
Constituição, de que as operações de créditos não devem exceder o montante das despesas de
capital, com exceção dos créditos suplementares ou especiais. A citada Resolução fixa como critério
de verificação desse limite, o previsto no art. 32, § 3° da Lei de Responsabilidade Fiscal, que
estabelece que nas despesas de capital não serão computados os empréstimos e financiamentos
com o intuito de promover incentivo fiscal para fins de fixação do limite das operações de crédito.

A Lei de Responsabilidade Fiscal, esclarece o que é dívida consolidada, de acordo com seu art. 29,
inciso I:

Dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações
financeiras do ente da Federação, assumida em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados ou
da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses.

Vale destacar que a dívida consolidada ou fundada tem prazo de amortização superior a doze meses,
com exceção das autorizações de operações de crédito feitas no orçamento e os precatórios judiciais
não pagos durante a execução do orçamento que tiverem sido incluídos.

A citada lei complementar também conceitua operação de crédito no art. 29, inciso III:

[...]

Operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito,


emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações
assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.

[...]

Como se vê, o legislador tratou de estabelecer no tocante às operações de créditos, toda a


conceituação jurídica, visando dar o máximo de segurança, controle, transparência e limite nesse tipo
de procedimento.

O que é o PPA?

O PPA é um instrumento previsto no art. 165 da Constituição Federal destinado a organizar e


viabilizar a ação pública, com vistas a cumprir os fundamentos e os objetivos da República. Por meio
dele, é declarado o conjunto das políticas públicas do governo para um período de 4 anos e os
caminhos trilhados para viabilizar as metas previstas.

O PPA define as políticas públicas do Governo Federal para construir um Brasil melhor, com base
nos compromissos firmados na eleição. O conteúdo total do PPA 2012-2015 pode ser acessado
no Portal do Ministério do Planejamento _ PPA 2012-2015.

Lei Orçamentaria Anual

O Congresso Nacional recebeu nesta quinta-feira (31) o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA)
para 2018, de autoria do Poder Executivo (PLN 20/2017). Na proposta, ainda consta a meta de
resultado primário com déficit de R$ 129 bilhões, previsão já alterada pelo próprio governo para R$
159 bilhões negativos. O documento prevê um crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em
2018 e de 2,5% em 2019.

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DOS ORÇAMENTOS

Ainda de acordo com a projeção do governo, o ano de 2017 terminará com inflação de 3,7% e taxa
Selic por volta de 10%. Para o final de 2018 a inflação prevista é de 4,2% e a Selic de 8%. O governo
espera ainda que o dólar fique por volta de R$ 3,40 no fim de 2018. A receita total da União para
2018 será de R$ 3,6 trilhões, segundo o documento, sendo o orçamento fiscal de R$ 1,43 trilhão e o
orçamento para investimentos de R$ 68,8 bilhões.

Desta vez, o Legislativo recebeu a proposta de orçamento com a previsão de receita e despesa
defasada, uma vez que deputados e senadores ainda não terminaram de aprovar o projeto que
atualiza a meta fiscal, modificando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 e de 2018. O
texto principal foi aprovado na madrugada desta quinta-feira, mas ainda faltam dois destaques, que
serão votados na próxima semana.

Após a aprovação da nova meta, o governo deve mandar uma mensagem modificativa ao projeto da
LOA. Ou seja, o Orçamento ainda vai mudar consideravelmente em relação à versão entregue ontem,
que atende ao prazo de entrega previsto.

A revisão aumenta a meta fiscal de 2017 e 2018 para déficit de R$ 159 bilhões em cada ano. A meta
anterior era de R$ 139 bilhões para este ano (LDO 2017) e de R$ 129 bilhões para 2018 (LDO 2018).

Despesas obrigatórias

O governo alega que a medida é necessária porque as despesas obrigatórias (aquelas determinadas
pela Constituição ou por lei) estão crescendo, enquanto as receitas estão em queda, colocando em
xeque as metas atuais das LDOs. Desde 2016, os gastos obrigatórios estão acima da receita líquida
da União.

Nesta terça, a Secretaria do Tesouro Nacional divulgou o resultado primário do governo. Nos 12
meses encerrados em julho, o saldo das contas do governo é negativo em R$ 183,7 bilhões. É o pior
desempenho da série histórica das contas primárias, iniciada em 1997.

Histórico

A última vez que o governo fechou as contas com superávit primário foi em 2013. Naquele ano, o
saldo primário ficou positivo em R$ 75,3 bilhões. No ano passado, o déficit primário chegou a R$
159,5 bilhões.

O acúmulo de déficits primários tem como principal consequência a elevação do endividamento


público. A dívida bruta do governo federal saltou de 49,3% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2013,
para 69,1% do PIB em junho, percentual que equivale a R$ 4,4 trilhões. A dívida bruta é o conceito
mais amplo sobre o endividamento do governo e inclui, entre outras, as dívidas mobiliária e bancária,
e as operações compromissadas do Banco Central.

Tramitação

A Lei Orçamentária contém a previsão de receita que deve ser arrecadada pelo governo durante o
ano e fixa esse mesmo valor como teto máximo para as despesas a serem executadas.

Segundo a Constituição, o presidente da República deve encaminhar ao Congresso Nacional o


projeto até o dia 31 de agosto. O Legislativo tem a tarefa de analisar, propor alterações e votar o texto
até o dia 22 de dezembro de cada ano. Antes de ser votado pelo Plenário, a proposição passar pela
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO).

Princípios Orçamentários

Desde seus primórdios, a instituição orçamentária foi cercada de uma série de regras com a
finalidade de aumentar-lhe a consistência no cumprimento de sua principal finalidade: auxiliar o
controle parlamentar sobre os Executivos. Essas regras ou princípios receberam grande ênfase na
fase que os orçamentos possuíam grande conotação jurídica, chegando alguns incorporados na
corrente legislação: basicamente na Constituição, na Lei 4.320/64 e nas Leis de Diretrizes
Orçamentárias (LDOs). Os princípios orçamentários são premissas a serem observadas na
concepção da proposta orçamentária.

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DOS ORÇAMENTOS

Unidade

O orçamento deve ser uno, ou seja, deve existir apenas um orçamento para dado exercício
financeiro. Dessa forma integrado, é possível obter eficazmente um retrato geral das finanças
públicas e, o mais importante, permite-se ao Poder Legislativo o controle racional e direto das
operações financeiras de responsabilidade do Executivo.

São evidências do cumprimento deste princípio, o fato de que apenas um único orçamento é
examinado, aprovado e homologado. Além disso, tem-se um caixa único e uma única contabilidade.

O princípio da unidade é respaldado legalmente por meio do Art. 2º da Lei 4.320/64 e pelo § 5º do art.
165 da CF 88.

Mas mesmo assim, o princípio clássico da unidade não estava, na verdade, sendo observado. As
dificuldades começaram antes da Constituição de 88 em razão da própria evolução do sistema
orçamentário brasileiro. Na década de 80, havia um convívio simultâneo com três orçamentos
distintos &mdash o orçamento fiscal, o orçamento monetário e o orçamento das estatais. Não ocorria
nenhuma consolidação entre os mesmos.

Na verdade, o art.62, da Constituição de 1967, emendada, limitava o alcance de sua aplicação, ao


excluir expressamente do orçamento anual as entidades que não recebessem subvenções ou
transferências à conta do orçamento (exemplo: Banco do Brasil - exceto se houver integralização de
capital pela União).

No seu § 1º, estabelecia que a inclusão, no orçamento anual, da despesa e da receita dos órgãos da
administração indireta será feita em dotações globais e não lhes prejudicará a autonomia na gestão
legal dos seus recursos.

O orçamento Fiscal era sempre equilibrado e era aprovado pelo Legislativo. O orçamento monetário e
o das Empresas Estatais eram deficitários e sem controle e, além do mais, não eram votados. Ora,
como o déficit público e os subsídios mais importantes estavam no orçamento monetário, o
Legislativo encontrava-se, praticamente, alijado das decisões mais relevantes em relação à política
fiscal e monetária da Nação.

Totalidade

Coube à doutrina tratar de reconceituar o princípio da unidade de forma que abrangesse as novas
situações. Surgiu, então, o princípio da totalidade, que possibilitava a coexistência de múltiplos
orçamentos que, entretanto, devem sofrer consolidação, de forma a permitir uma visão geral do
conjunto das finanças públicas.

A Constituição de 1988 trouxe melhor entendimento para a questão ao precisar a composição do


orçamento anual que passará a ser integrado pelas seguintes partes: a) orçamento fiscal; b)
orçamento da seguridade social e c) orçamento de investimentos das estatais. Este modelo, em
linhas gerais segue o princípio da totalidade.

Universalidade

Princípio pelo qual o orçamento deve conter todas as receitas e todas as despesas do Estado.
Indispensável para o controle parlamentar, pois possibilita:

a) conhecer a priori todas as receitas e despesas do governo e dar prévia autorização para respectiva
arrecadação e realização;

b) impedir ao Executivo a realização de qualquer operação de receita e de despesa sem prévia


autorização Legislativa;

c) conhecer o exato volume global das despesas projetadas pelo governo, a fim de autorizar a
cobrança de tributos estritamente necessários para atendê-las.

Na Lei 4.320/64, o cumprimento da regra é exigido nos seguintes dispositivos:

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DOS ORÇAMENTOS

▪ Art.2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a evidenciar a


política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de
unidade, universalidade e anualidade.

▪ Art.3º A Lei do Orçamento compreenderá todas as receitas, inclusive as operações de crédito


autorizadas em lei.

A Emenda Constitucional n.º 1/69 consagra essa regra de forma peculiar: "O orçamento anual
compreenderá obrigatoriamente as despesas e receitas relativas a todos os Poderes, órgãos,
fundos, tanto da administração direta quanto da indireta, excluídas apenas as entidades que não
recebam subvenções ou transferências à conta do orçamento.

Observa-se, claramente, que houve um mal entendimento entre a condição de auto-suficiência ou


não da entidade com a questão, que é fundamental, da utilização ou não de recursos públicos.

Somente a partir de 1988 as operações de crédito foram incluídas no orçamento. Além disso, as
empresas estatais e de economia mista, bem como as agências oficiais de fomento (BNDES, CEF,
Banco da Amazônia, BNB) e os Fundos Constitucionais (FINAM, FINOR, PIN/PROTERRA) não têm a
obrigatoriedade de integrar suas despesas e receitas operacionais ao orçamento público. Esses
orçamentos são organizados e acompanhados com a participação do Ministério do Planejamento
(MPO), ou seja, não são apreciados pelo Legislativo. A inclusão de seus investimentos no Orçamento
da União é justificada na medida que tais aplicações contam com o apoio do orçamento fiscal e até
mesmo da seguridade.

Anualidade ou Periodicidade

O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um determinado período de tempo, geralmente
um ano. A exceção se dá nos créditos especiais e extraordinário autorizados nos últimos quatro
meses do exercício, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do
exercício subsequente.

Este princípio tem origem na questão surgida na Idade Média sobre a anualidade do imposto. E aí se
encontra a principal conseqüência positiva em relação a este princípio, pois dessa forma exige-se
autorização periódica do Parlamento. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, como
sói acontecer na maioria dos países. Mas isso não é regra geral. Na Itália e na Suécia o exercício
financeiro começa em 1/7 e termina em 30/6. Na Inglaterra, no Japão e na Alemanha o exercício
financeiro vai de 1/4 a 31/3. Nos Estados Unidos começa em 1/10, prolongando-se até 30/9.

O § 5º do art. 165 da CF 88 dá respaldo legal a este princípio quando dispõe que: "A lei orçamentária
anual compreenderá:"

O cumprimento deste princípio torna-se evidente nas ementas das Leis Orçamentárias, como por
exemplo, a da Lei 10.837/2004: "Estima a receita e fixa a despesa da União para o exercício
financeiro de 2004."

Observe-se, finalmente, que a programação financeira, trimestral na Lei 4.320/64 e mensal nos
Decretos de Contingenciamento, limitando a faculdade de os órgãos empenhar despesas, não mais
ao montante das dotações anuais, pode ser entendido como um abandono parcial do princípio da
anualidade.

Exclusividade

A lei orçamentária deverá conter apenas matéria orçamentária ou financeira. Ou seja, dela deve ser
excluído qualquer dispositivo estranha à estimativa de receita e à fixação de despesa. O objetivo
deste princípio é evitar a presença de "caldas e rabilongos"

Não se inclui na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de


operações de crédito, ainda que por antecipação de receita.

Este princípio encontra-se expresso no art. 165, § 8º da CF de 88: "A lei orçamentária anual não
conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa ..."

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Especificação, Especialização ou Discriminação

As receitas e as despesas devem aparecer de forma discriminada, de tal forma que se possa saber,
pormenorizadamente, as origens dos recursos e sua aplicação. Como regra clássica tinha o objetivo
de facilitar a função de acompanhamento e controle do gasto público, pois inibe a concessão de
autorizações genéricas (comumente chamadas de emendas curinga ou "rachadinhas") que propiciam
demasiada flexibilidade e arbítrio ao Poder Executivo, dando mais segurança ao contribuinte e ao
Legislativo.

A Lei nº 4.320/64 incorpora o princípio no seu art. 5º: "A Lei de Orçamento não consignará dotações
globais para atender indiferentemente as despesas...., "

O art. 15 da referida Lei exige também um nível mínimo de detalhamento: "a discriminação da
despesa far-se-á, no mínimo, por elementos".

Como evidência de cumprimento deste princípio pode-se citar a Atividade 4775, cujo título é
"Capacitação de agentes atuantes nas culturas de oleaginosas". Mas, também, existem vários
exemplos do não cumprimento como, por exemplo, a Ação 0620 "Apoio a projetos municipais de
infra-estrutura e serviços em agricultura familiar’, ou o subtítulo "Ações de Saneamento Básico em
pequenas cidades da Região Sul"

Não Vinculação ou Não Afetação das Receitas

Nenhuma parcela da receita geral poderá ser reservada ou comprometida para atender a certos
casos ou a determinado gasto. Ou seja, a receita não pode ter vinculações. Essas reduzem o grau de
liberdade do gestor e engessa o planejamento de longo, médio e curto prazos.

Este princípio encontra-se claramente expresso no inciso IV do art. 167 da CF de 88, mas aplica-se
somente às receitas de impostos.

"São vedados "a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a
repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts., 158 e 159, a
destinação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino (art. 212), prestação de
garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º".

As evidências de receitas afetadas são abundantes:

▪ Taxas, contribuições: servem para custear certos serviços prestados;

▪ Empréstimos: comprometidos para determinadas finalidades;

▪ Fundos: receitas vinculadas.

Observe-se ainda que as vinculações foram eliminadas no governo Figueiredo, mas, infelizmente,
ressuscitadas na Constituição de 1988. O ministro Palocci recoloca essa idéia na ordem do dia.

Orçamento Bruto

Este princípio clássico surgiu juntamente com o da universalidade, visando ao mesmo objetivo. Todas
as parcelas da receita e da despesa devem aparecer no orçamento em seus valores brutos, sem
qualquer tipo de dedução.

A intenção é a de impedir a inclusão de valores líquidos ou de saldos resultantes do confronto entre


receitas e as despesas de determinado serviço público.

Lei 4.320/64 consagra este princípio em seu art. 6º: "Todas as receitas e despesas constarão da Lei
do Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções. Reforçando este princípio, o § 1º do
mesmo artigo estabelece o mecanismo de transferência entre unidades governamentais "

Dessa forma, as cotas de receita que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como
despesa, no orçamento da entidade obrigada à transferência e, como receita, no orçamento da que

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DOS ORÇAMENTOS

as deva receber. Como exemplo desse procedimento pode-se citar o caso da Arrecadação do
Imposto Territorial Rural, que se constitui numa receita prevista no orçamento da União para 2004
com o valor de R$ 309,4 milhões. No mesmo orçamento, fixa-se uma despesa relativa à
Transferência para Municípios (UO 73108-Transferências Constitucionais) no valor de R$ 154,7
milhões.

Ou seja, se o Orçamento registrasse apenas uma entrada líquida para a União de apenas R$ 154,7
milhões, parte da história estaria perdida.

Equilíbrio

Princípio clássico que tem merecido maior atenção, mesmo fora do âmbito específico do orçamento,
pautado nos ideais liberais dos economistas clássicos (Smith, Say, Ricardo). O keynesianismo (a
partir dos anos 30) tornou-se uma contraposição ao princípio do orçamento equilibrado, justificando a
intervenção do governo nos períodos de recessão. Admitia-se o déficit (dívida) e seu financiamento.
Economicamente haveria compensação, pois a utilização de recursos ociosos geraria mais emprego,
mais renda, mais receita para o Governo e, finalmente, recolocaria a economia na sua rota de
crescimento.

No Brasil, as últimas Constituições têm tratado essa questão ora de maneira explícita ora de forma
indireta. A Constituição de 1967 dispunha que : "O montante da despesa autorizada em cada
exercício financeiro não poderá ser superior ao total de receitas estimadas para o mesmo período."

Observa-se a existência de dificuldades estruturais para o cumprimento desse princípio,


principalmente em fases de crescimento da economia, pois as despesas públicas normalmente
crescem mais que as receitas públicas quando há crescimento da renda interna.

De qualquer forma, ex-ante, o equilíbrio orçamentário é respeitado, conforme pode ser verificado nos
Arts. 2º e 3º da Lei 10.837/2003, onde: A Receita Total é estimada em R$ 1.469.087.336,00, e a
Despesa Total é fixada em R$ 1.469.087.336,00.

Entretanto, nas cifras acima encontra-se um tremendo déficit, devidamente financiado por
empréstimos. O déficit aparece embutido nas chamadas Operações de Crédito que classificam tanto
os financiamentos de longo prazo contratados para obras, as operações de curto prazo de
recomposição de caixa e que se transformam em longo prazo pela permanente rolagem e a receita
com a colocação de títulos e obrigações emitidas pelo Tesouro.

A CF 88 adotou uma postura mais realista. Propôs o equilíbrio entre operações de crédito e as
despesas de capital. O art. 167, inciso III, veda: "a realização de operações de créditos que excedam
o montante das despesas de capital ";

Qual a mensagem que se encontra vinculada a esse dispositivo? Claramente a de que o


endividamento só pode ser admitido para a realização de investimento ou abatimento da dívida. Ou
seja, deve-se evitar tomar dinheiro emprestado para gastar com despesa corrente, mas pode pegar
emprestado para cobrir despesa de capital (o déficit aqui é permitido ). Essa é uma norma lógica e de
grande importância para as finanças públicas do País. Na verdade, é a Regra de Ouro reforçada na
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, art. 12, § 2º): "O montante previsto para as receitas de
operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de lei
orçamentária."

Essa Regra também significa, por outro lado, que a receita corrente deve cobrir as despesas
correntes (não pode haver déficit corrente). A Regra de Ouro vem sendo adequadamente cumprida
nos últimos orçamentos, exceto nos dois últimos (2003 e 2004). Para o exercício de 2004, o valor das
operações de crédito dos orçamentos fiscal e da seguridade é de R$ 629,7 bilhões. Se somado a
esse, o valor corresponde ao Orçamento de Investimento das Estatais &mdash OIE - (R$ 5,9 milhões)
chega-se ao total de R$ 635,6 milhões.

Já as despesas de capital dos orçamentos fiscal e da seguridade social somam R$ 612,7 milhões.
Com R$ 23,8 do OIE, chega-se ao total de R$ 636,5 milhões. Ou seja, só se cumpre a regra de ouro
se se considera na contabilização os dados relativos ao Orçamento das Estatais.

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DOS ORÇAMENTOS

Ainda com relação ao princípio do equilíbrio, um terceiro conceito surge a partir da Lei de
Responsabilidade Fiscal &mdash o chamado Equilíbrio Fiscal. Na verdade, exige-se mais que o
equilíbrio, exige-se um superávit (fiscal), ou seja, a receita (primária) deve superar a despesa
(primária) de forma que o saldo possa ser utilizado para pagamento do serviço da dívida pública.

Essa variação do princípio do equilíbrio faz parte das orientações orçamentárias constantes das leis
de diretrizes orçamentárias. O art. 15 da Lei nº 10.707, de 30 de julho de 2003 (LDO 2004) dispõe,
por exemplo, que: "Art. 15. A elaboração do projeto da lei orçamentária de 2004, a aprovação e a
execução da respectiva lei deverão levar em conta a obtenção de superávit primário em percentual
do Produto Interno Bruto - PIB, conforme discriminado no Anexo de Metas Fiscais, constante do
Anexo III desta Lei."

Legalidade

Historicamente, sempre se procurou dar um cunho jurídico ao orçamento, ou seja, para ser legal,
tanto as receitas e as despesas precisam estar previstas a Lei Orçamentária Anual, ou seja, a
aprovação do orçamento deve observar processo legislativo porque trata-se de um dispositivo de
grande interesse da sociedade.

O respaldo a este princípio pode ser encontrado nos art. 37 166 da CF de 1988. O Art. 166 dispõe
que: "Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual
e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum."

A evidência de seu cumprimento encontra-se na própria ementa das leis orçamentárias, como por
exemplo, a da Lei nº 10.837/2003: "O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte lei:"

Publicidade

O conteúdo orçamentário deve ser divulgado (publicado) nos veículos oficiais de comunicação para
conhecimento do público e para eficácia de sua validade. Este princípio é consagrado no art. 37 da
CF de 88: "A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: ..."

Clareza ou Objetividade

O orçamento público deve ser apresentado em linguagem clara e compreensível a todas pessoas
que, por força do ofício ou interesse, precisam manipulá-lo. Difícil de ser empregado em razão da
facilidade de a burocracia se expressar em linguagem complexa. Observe-se, por exemplo, o título da
ação nº 0373 do orçamento para 2004: "Equalização de Juros e Bônus de Adimplência no
Alongamento de Dívidas Originárias do Crédito Rural".

Exatidão

De acordo com esse princípio as estimativas devem ser tão exatas quanto possível, de forma a
garantir à peça orçamentária um mínimo de consistência para que possa ser empregado como
instrumento de programação, gerência e controle. Indiretamente, os autores especializados em
matéria orçamentária apontam os arts. 7º e 16 do Decreto-Lei nº 200/67 como respaldo ao mesmo.

O que é Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)?

O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece as metas e prioridades para o


exercício financeiro seguinte; orienta a elaboração do Orçamento; dispõe sobre alteração na
legislação tributária; estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento. Com
base na LDO aprovada pelo Legislativo, a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) elabora a
proposta orçamentária para o ano seguinte, em conjunto com os Ministérios e as unidades
orçamentárias dos Poderes Legislativo e Judiciário. Por determinação constitucional, o governo é
obrigado a encaminhar o Projeto de Lei do Orçamento ao Congresso Nacional até 31 de agosto de
cada ano.

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DOS ORÇAMENTOS

O que é Lei Orçamentária Anual (LOA)?

É no Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) que o governo define as prioridades contidas no PPA
e as metas que deverão ser atingidas naquele ano. A LOA disciplina todas as ações do Governo
Federal. Nenhuma despesa pública pode ser executada fora do Orçamento, mas nem tudo é feito
pelo Governo Federal. As ações dos governos estaduais e municipais devem estar registradas nas
leis orçamentárias dos Estados e Municípios. No Congresso, deputados e senadores discutem, na
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), a proposta enviada pelo
Executivo, fazem as modificações que julgam necessárias por meio das emendas e votam o projeto.
Depois de aprovado, o projeto é sancionado pelo Presidente da República e se transforma em Lei.

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TEORIA GERAL DO ESTADO

Teoria Geral do Estado

Teoria geral do Estado (TGE) é a disciplina que estuda os fenômenos do Estado, desde sua origem,
formação, estrutura, organização, funcionamento e suas finalidades, compreendendo-se no seu
âmbito tudo que considera existindo no Estado ou sobre ele influindo. Essa teoria sistematiza
conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, geográficos, antropológicos,
econômicos e psicológicos. Ela corresponde à parte geral do Direito Constitucional e é a base do
ramo do Direito Público. Busca o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como
um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça.[1]

Teoria Geral do Estado de autoria do jurista Sahid Maluf.

A TGE pode ser abordada sob múltiplos aspectos. Dalmo Dallari agrupa esses muitos enfoques em
três diretrizes fundamentais: uma que procura encontrar justificativa para o Estado a partir dos
valores éticos humanos e se identifica com a Filosofia do Estado, outra que foca totalmente em fatos
concretos e que aproxima-se da Sociologia do Estado, e, finalmente, uma terceira perspectiva que
analisa seu objeto de acordo com um entendimento puramente normativo de Estado em seus
aspectos técnicos e formais.[1]

Os diferentes enfoques levam à impossibilidade de um método único para a pesquisa em TGE.


Dependendo do ângulo enfocado, haverá um método mais adequado. A disciplina utiliza dos vários
métodos de indução (que partem dos fatos específicos para chegar a conclusões gerais), do métodos
dedutivos (que parte das conclusões gerais para explicar o particular) e analógico (para estudos
comparativos).[1]

A denominação formal de Teoria geral do Estado é de origem alemã, foi criada em 1672 pelo
professor Ulrik Huber, o qual é objeto de críticas, pois não pode haver uma ciência que seja
forçadamente geral, e sim uma Teoria Geral do Estado eminente, especulativa e que analisa o
Estado em abstrato.

Em Portugal e no Brasil a Teoria geral do Estado vem, nos últimos tempos, se identificando com
a Ciência Política. Isso advém principalmente de um maior intercâmbio com o meio
acadêmico Estadunidense. Publicaram obras de Ciência Política alguns mestres consagrados da
TGE, como Paulo Bonavides ("Ciência Política") e Darcy Azambuja("Introdução à Ciência Política").

Teoria Geral do Estado

O Estado, sustentáculo do poder político, resulta da evolução psicológica e social da coletividade.


Contudo, sem ser a única forma de poder, faz-se necessário analisar todo o fenômeno político para
situar o Estado quanto modo de ser do poder.

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TEORIA GERAL DO ESTADO

Estado e Poder Político

Existem várias manifestações do fenômeno poder, mas todas elas assumem um caráter político em
função da socialização da sua finalidade.

O poder seria uma força que surge da consciência coletiva, destinada a manter uma ordem social
desejável.

Primeiramente, o poder nas sociedades primitivas estava espalhado por toda a sociedade e com o
passar do tempo ele foi sendo transferido para um única pessoa. Mais tarde, houve a necessidade de
uma estabilidade da ordem social, que trouxe como conseqüência a transferência do poder das mãos
de uma única pessoa para o Estado, ou seja, o Estado passou a ser titular do poder.

O Estado é composto por três elementos essenciais: território, nação e poder. O território, como
elemento essencial, não seria propriedade da Estado, mas tem a função de fornecer recursos
materiais para ele. Ao falar nação, estamos dando um sentido sociológico por entendermos que
a formação do estado está condicionada ao passado e principalmente a uma consciência, que brota
do povo, em relação a um projeto futuro. Um território e uma nação facilitam a institucionalização do
poder mas são insuficientes para criação do Estado; é necessário que se estabeleça um sentido do
próprio poder. O poder do Estado é diferente do poder de um sociedade qualquer, por exigir uma
soberania, ou seja, um poder incontrastável. Então podemos definir soberania como um conjunto de
prerrogativas que dão o máximo grau de poder a seu titular.

A legitimidade faz com que o poder seja aceito por todos da comunidade. Tal legitimidade vem de
fora, dando ao poder um alicerce mais forte do que somente as qualidade pessoais de quem o
exerce. Existindo uma dissociação enter a vontade popular e a personalidade que exerce o poder, o
Estado está aí para dar sustento e apoio ao poder.

A formação do Estado não é espontânea como o movimento que leva os homens a se reunirem em
sociedade. Mesmo sendo uma construção proposital, é o Estado que cria um ambiente indispensável
para a vida do homem em sociedade. A função da Constituição é manifestar a subordinação do poder
à vontade coletiva, porque é ela que explicita o jeito da coletividade conceber a ordem desejável.

Por os governantes serem considerados “órgãos do Estado”, as ordens e as diretrizes que deles
emanam não se fundamentam na vontade individual e sim no Estado. E a manutenção dos
governantes no poder depende de uma ligação constante entre o poder e a idéia-ideal vigente no
grupo.

É valido ressaltar que o poder é um entre outros elementos constitutivos da vida política e que sua
estrutura se modifica em função das disposições do grupo a seu respeito. Diante disso, há um
constante questionamento da ordem estabelecida porque o Estado se comporta no movimento
dinâmico das sociedades políticas. O poder só terá possibilidade de vencer, se integrando e
amoldando a esse mesmo dinamismo.

Existem poderes de direito e poderes de fato. A concretização de determinada idéia da ordem


desejável faz com que os poderes (de fato) originados de grupos organizados se tornem rivais do
poder estatal. Há uma pluralidade de poderes de fato e isso faz com que apareça concorrências entre
eles; o Estado regula tais concorrências e dá o direito ao poder vencedor de falar em nome do
Estado, ou seja, se vê investido da autoridade que decorre da regra de direito.

O problema das elaborações do Estado com os partidos políticos como formas de expressão da vida
política comum, como também em termos de elementos que influi no ordenamento das instituições, é
um problema cuja solução determina o estilo de ação política das coletividades nacionais modernas.
Esses partidos assumem a função de interpretar a vontade popular com a função de externá-las nas
suas diversas manifestações sobre a ordem desejada e os meios de a realizar.

Contudo, a coletividade aceita do Estado o que ela não toleraria de um partido, pois ela ver que o
poder estatal tem que acabar com as deficiências dos partidos políticos. Para isso, o Estado deixa de
ser um simples aparelho de serviços e passa a ser um poder autêntico e autônomo, autonomia esta
que faz com que ele seja o regulador da dialética ordem/dinamismo inovador.

Uma das funções essenciais do Estado é regulamentar a luta política, mas mesmo nomeio dessa

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TEORIA GERAL DO ESTADO

luta, ele tem que garantir a gestão dos negócios para a preservação da coletividade. Para
desempenhar essa função, o Estado tem que se “separar” dos integrantes do poder, ou seja, dos
interesses particulares e ser vir aos interesses da coletividade.

Ideologia e Realidade Política

A compreensão de qualquer teoria social vincula essencialmente o conceito de ideologia.

Contudo, o estudo da Ciência Política deve guardar certo distanciamento face à ideologia para que
esta não comprometa seus resultados com suas valorações. Este afastamento porém, não deve
ocorrer de maneira alienada sem estudar também a influência da realidade cultural de cada
sociedade.

O estudo da ideologia vai muito mais além do que a simples teoria marxista, da dominação e luta de
classes, e visa o estudo de todos os tipos de intimidação por parte de alguns.

A ideologia não tem uma significação tão estrita como instrumento de dominação, ela almeja a
identificação do grupo, uma maneira de conferir-se a imagem de si mesmo, sendo resultada, do
movimento social que a criou. Ex.: Revolução Francesa, Comunismo, Socialismo. É justamente esta
relação com as origens, que os grupos sociais são formados.

A ideologia é movida pelo desejo de demonstrar que o grupo que a professa tem razão de ser o que
é; e assim os empreendimentos e instituições que ela cria recebem o seu caráter justo de acordo com
uma consciência social. Regionalizamos esta quando tentamos sistematizar o seu estudo através do
seu agrupamento nos chamados “ismos”. Ex.: Comunismo, Socialismo, Liberalismo, etc.

A intolerância começa quando a novidade ameaça o grupo em sua propriedade de reconhecer-se.


Ela é ao mesmo tempo a interpretação do real e a obturação do impossível.

Sua tarefa mais especificamente seria a de estudar as relações com as autoridades e o seu sistema.
Toda autoridade tenta obter sua legitimação; sendo que esta última é o instrumento de diferenciação
dos sistemas políticos.

O problema é que as autoridades geralmente insistem em levar o seu poder além do que a fé
depositada pelas pessoas que a confere.

Contudo ideologias que em vez de integrar a sociedade acabam por segmentá-la, fazendo críticas
muitas vezes estéreis sobre o dito “sistema”, e criam os partidos e sindicatos de diferentes segmentos
sociais.

A democracia, princípio tão defendido nos dias de hoje, muitas vezes serve para legitimar a
exploração e a dominação. A camada burguesa que se formou muito repressiva na sociedade
contemporânea, sente as vantagens de terem asseguradas a proteção aos direitos individuais de
propriedade que o princípio da lei e da ordem trazem.

Opinião Pessoal

O Estado fundamenta a sua autoridade no conselho dos homens, mesmo que não seja de todos os
elementos da coletividade. Isso faz surgir um problema que consiste em explicar em termos sociais e
políticos como os indivíduos se encontram unidos num conceito de Estado.

Torna-se claro então que a ideologia muitas vezes comporta-se como uma esquematização imposta
pela força e que traz uma concepção cega e falsificada que nos impede de conhecer a realidade.

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PODER DO ESTADO E SUAS FUNÇÕES

Poder Do Estado E Suas Funções

O poder do Estado é dividido em três funções. Legislativo, Executivo e Judiciário. Cada função
exerce parte do poder do Estado. O Legislativo institui precipuamente as leis. O Poder político é uno
e indivisível. Há apenas o poder do Estado, e este poder possui funções. qualquer que seja a
organização do Estado, este na atribuição de seu poder político institui leis, julga os casos e
administra. Segundo Aristóteles (1977, apud REINER e SILVA 2011); "...em qualquer governo há três
poderes essenciais. O primeiro é o que delibera sobre os negócios do Estado. O segundo
compreende todas as magistraturas ou poderes constituídos e o terceiro compreende as tarefas de
jurisdição."

O Executivo trata do cumprimento destas normas e da Gestão Pública. O Judiciário cuida da solução
dos conflitos e divergências na aplicação das leis. Cada poder exerce as funções dos outros dois em
âmbitos restritos. O Executivo funciona como judiciário em processos administrativos, e legisla por
meio de medidas provisórias. O Judiciário administra seus recursos, e legisla por jurisprudência. O
Legislativo administra seus próprios recursos e julga em comissões parlamentares de inquérito.

A Constituição federal de 1988 assim divide as funções do poder político:

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

A Constituição de 1988, em seu capítulo III, do art. 92 ao art. 126, organiza o sistema judiciário,
distribuindo competências às suas instancias e órgãos. Que coadunam com a função principal de
interpretar a lei a cada caso baseando-se em critério de justiça para julgar.

O poder judiciário possui função atípica executiva. Ele gere usas finanças, organiza seus próprios
processos licitatórios, funções eminentemente executivas, executadas pelo poder judiciário. Tal
função é atribuída na CF/88:

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

O Poder Judiciário também legisla de forma atípica. Veja transcrição do artigo 96 da CF/88, com
nosso grifo:

Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento
dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos;

Podemos perceber portanto que o Judiciário possui atribuições eminentemente Judiciárias, e


atribuições atípicas legislativas e executivas.

Todo o poder emana do povo. Segundo Maquiavel: “...o povo não quer ser mandado nem oprimido
pelos poderosos e estes desejam governar e oprimir o povo: é destes dois anseios diversos que
nasce nas cidades um dos três efeitos: ou principado, ou liberdade, ou desordem.” Então, não pode

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PODER DO ESTADO E SUAS FUNÇÕES

haver separação de poder. O que há é separação de funções do poder. O poder se configura com
sujeito Estado e objeto povo. Mas a história nos mostra que o poder absoluto que emanado do povo é
muito para a psique de um soberano, assim sendo fundamental a divisão das funções para que não
sofram nem sujeito nem objeto.

As Funções Do Estado E Seus Três Poderes

(Executivo, Legislativo e Judiciário)

Através do passar dos anos as relações de comando, ou seja, governantes e governados, ou de uma
forma mais objetiva, os controladores e os controlados, sofreram diversas modificações que
influenciaram no surgimento da Teoria da Separação dos Poderes.

Essa Teoria foi desenvolvida por Montesquieu, ele tinha a idéia de conter o Poder do Estado através
da divisão de funções, e dar competência a diferentes órgãos.

As funções básicas do Estado permanecem desde a época de Aristóteles. Não se pode confundir
função com objetivos estatais, as finalidades vão desde a natureza econômica e militar até a cultural.
As funções básicas na antigüidade eram: a consultiva, a administrativa e a judiciária.

Com o passar dos anos foi havendo modificações que consolidaram os três poderes atuais: o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

1) O Legislativo: estabelece normas que regem a sociedade. Cabe a ele criar leis em cada uma das
três esferas e fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo. O presidente da República também
pode legislar, seu principal instrumento é a medida provisória.

Esse Poder é exercido pelo Congresso Nacional, que atua através do Senado Federal, composto por
senadores, e da Câmara dos Deputados, formado por deputados. O Tribunal de contas também
compõe esse órgão, ele auxilia o Congresso na fiscalização financeira, operacional, orçamentária,
contábil e patrimonial da União e das entidades da administração pública direta e indireta, quanto à
legitimidade, legalidade e economicidade.

2) O Executivo: é responsável pela administração dos interesses públicos, sempre de acordo com
nossa carta magna e as ordenações legais. A Constituição regula-o através do artigo 76 até o 91. O
executivo é distribuído no âmbito nacional, regional e municipal. No plano Federal é exercido pelo
Presidente da República, que é escolhido pelo povo, em eleições de dois turnos, e substituído,
quando necessário, pelo vice-presidente. Já no nível regional o executivo é representado pelo
governador, substituído circunstancialmente pelo vice-governador e auxiliado pelos Secretários do
Estado. No municipal quem o exerce é o Prefeito, substituído pelo vice-prefeito e auxiliado pelos
Secretários Municipais.

3) Já o Judiciário: possui duas tarefas principais, a primeira é a de controle de constitucionalidade, ou


seja, é a averiguação da compatibilidade das normas com a Constituição da República, pois só assim
serão válidas. A segunda obrigação é justamente solucionar as controvérsias que podem surgir com
a aplicação da lei.

Tal poder divide-se de três formas: quanto à matéria, que são chamados de órgãos de justiça comum
e de especial, quanto ao número de julgadores, que são classificados como órgãos singulares e
colegiados, e a respeito do ponto de vista federativo, que são os órgãos estaduais e federais.

A divisão desses Poderes é crucial para a formação de uma sociedade preocupada com as relações
de comando, pois sem esse desligamento podem ocorrer situações de arbitrariedade. “Quando, na
mesma pessoa ou no mesmo corpo de magistratura, o Poder legislativo é reunido com o Poder
Executivo não existe liberdade (...) tão pouco existe liberdade se o poder de julgar não fosse
separado do Executivo e do Legislativo (...) tudo estaria perdido se o mesmo homem (...) exercesse
os três poderes.” Montesquieu conclui que “só o poder freia o poder”, no chamado “Sistema de Freios
e Contrapesos”, por essa razão cada poder deve manter-se autônomo e constituído por pessoas e
grupos diferentes.

Não se pode esquecer que o Poder do Estado é uno e indivisível. Cada um desses órgãos, no
exercício de suas funções, exercem suas atividades de formas diferenciadas, o que não quer dizer

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PODER DO ESTADO E SUAS FUNÇÕES

que são independentes, mas também não são subordinados entre si, ou seja, existe a independência
orgânica, eles devem trabalhar de forma harmônica, mas autônoma. O importante é destacar que
cada um desses Poderes necessita de liberdade, dentro dos limites, para agir.

Eles são, na realidade, controladores do Poder Público, que visam à proteção dos cidadãos, coíbem
certos abusos dos agentes administrativos e buscam o aumento da eficiência do Estado, uma vez
que cada órgão torna-se especialista em determinada função.

Essa especialidade não separa os poderes absolutamente, pois todos legislam, administram e
julgam. O pensamento de que os órgãos possuem somente uma função específica é errado, claro
que a tarefa maior de cada um deles é diretamente determinada, mas existem responsabilidades que
se entrelaçam. Um exemplo é o “Poder Legislativo que tem como função principal legislar e fazer a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo”, mas também deve, no
âmbito do Poder Executivo: “ dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias,
licenças e servidores etc.”, já no âmbito jurisdicional: “ O Senado julga o Presidente da República nos
crimes de responsabilidade (art. 52, I)”.

Os três Poderes são responsáveis pela implantação do Estado em si, uma vez que eles receberam
finalidades específicas, que contribuíram para a formação de uma força coletiva organizada, pois
estavam designados a atender os anseios da sociedade. Tais órgãos fazem parte da função social
jurídica do Estado, mas não pode esquecer-se das não jurídicas. Essas são separadas em técnicas e
políticas. A primeira está relacionada com a prestação de serviços e a produção de bens. A segunda
diz respeito ao interesse geral e a conservação da sociedade política.

Para que possamos ter uma sociedade realmente organizada, tanto o poder político, quanto o
judiciário devem caminhar lado a lado, pois os dois residem na busca pelo progresso social, que não
está só relacionado ao bem-estar de poucos, mas sim da evolução da coletividade através da correta
aplicação dos poderes inerentes do Estado. O objetivo principal deve ser a formação de uma
sociedade equilibrada, em que os princípios constitucionais realmente são seguidos.

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TEORIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO

Teoria Geral da Constituição

Direito Constitucional Teoria Geral Da Constituição

1. Constituição

Constituição é a organização jurídica fundamental do Estado.

As regras do texto constitucional, sem exceção, são revestidas de supralegalidade, ou seja, possuem
eficácia superior às demais normas. Por isso se diz que a norma Constitucional é norma positiva
suprema.

A estrutura do ordenamento jurídico é escalonada, sendo que todas as normas abaixo da


Constituição devem ser com ela compatíveis.

No ápice da pirâmide estão as normas constitucionais, logo, todas as demais normas do


ordenamento jurídico devem buscar seu fundamento de validade no texto constitucional, sob pena de
inconstitucionalidade.

Basta que a regra jurídica esteja na CF para ela ser revestida de supralegalidade.

Na CF de 1988, existem regras formalmente constitucionais (RFC) e materialmente constitucionais


(RMC).

CF Demais normas

1.1. Regras Materialmente Constitucionais

Para identificar o que são regras materialmente constitucionais, é necessário que elas estejam
relacionadas ao “PODER”. Nossa Constituição relaciona as seguintes matérias:

Modo de Aquisição Modo de Exercício

Organização do Poder: - forma de Estado

- forma de Governo

- regime de Governo

Limites (enunciação dos Direitos Fundamentais das pessoas. Sistema de

Garantia das Liberdades)

OES Princípio da Ordem

Econômica e Social

Elementos Limitativos

Elementos Orgânicos ou Organizacionais

Elementos Sócio-Ideológicos

• A forma de Estado e de Governo e o regime de Governo são definidos em regras jurídicas que
definem o Poder (regras materialmente constitucionais).

• A CF deve enunciar os direitos fundamentais dos indivíduos. Quando se enunciam esses direitos,
automaticamente é definido um limite ao eventual exercício arbitrário do poder (RMC).

1.2. Regras Formalmente Constitucionais

As regras formalmente constitucionais podem ser observadas nos seguintes exemplos: os arts. 182
(que trata da política de desenvolvimento urbano) e 231 (que trata da política indígena), ambos da CF
de 1988. Essas regras, sob o ponto de vista material, não são regras que tratam de matéria

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constitucional. Devido ao fato de estarem dispostas na Constituição, são, no entanto, Regras


Formalmente Constitucionais, independentes da matéria.

O fato de uma regra estar na Constituição imprime a ela o grau máximo de eficácia jurídica, seja ela
regra material, seja regra formal. O grau de rigidez também é o mesmo para toda norma
constitucional, independentemente de ser ela material ou formal. Toda regra disposta no texto
constitucional é formalmente constitucional, no entanto, algumas delas podem ser também regras
materialmente constitucionais. As regras materialmente constitucionais são aquelas que tratam de
matéria constitucional, independentemente de estarem ou não dispostas na Constituição.

1.3.Elementos Da Constituição

• Elementos Limitativos: são regras que enunciam os direitos fundamentais e garantem a liberdade.

• Elementos Organizacionais: são regras que tratam da organização do poder.

• Elementos Sócio-Ideológicos: são princípios da Ordem Econômica e

Social (OES) e são indissociáveis da opção política da organização do Estado (RMC).

2. Classificação Das Constituições

2.1. Quanto Ao Conteúdo

• Constituição Material: é o conjunto de regras jurídicas que trata de matéria constitucional. Tais
regras podem estar na CF ou fora dela.

• Constituição Formal: é o conjunto de regras jurídicas que tem a formade regra constitucional, diga
ou não respeito à matéria constitucional (Constituição Escrita).

2.2. Quanto À Forma

• Constituição não escrita ou Costumeira: o conjunto de regras que forma a Constituição não escrita.
As regras são: usos e costumes, precedentes jurisprudenciais e textos escritos esparsos (atos do
Parlamento). Na Constituição não escrita, os textos escritos não são as únicas fontes constitucionais,
mas apenas uma parte delas. Existem textos escritos nessas constituições, no entanto a maioria das
fontes constitucionais são usos e costumes; os textos não são consolidados, podendo haver entre
eles um período de até 400 anos. O melhor exemplo de Constituição não escrita é a Constituição do
Reino Unido.

• Constituição Escrita: é composta por um conjunto de regras codificadas e sistematizadas em um


único documento. Ela pode ser:

–sintética: constituição concisa. Consagra regras exclusivamente de matéria constitucional (ex.:


Constituição dos EUA).

–analítica: caracteriza-se por ser muito extensa, com regras formalmente constitucionais. A
Constituição brasileira é o melhor exemplo.

2.3. Quanto Ao Modo De Elaboração

• Constituição Dogmática: reflete a aceitação de certos dogmas reputados verdadeiros pela ciência
política, ou seja, é fruto de um momento reflexível sobre certos dogmas. Pode ser:

–eclética: possui uma linha ideológica não definida;

–ortodoxa: possui linha ideológica bem definida.

• Constituição Histórica: é a constituição não escrita. Chama-se histórica devido ao fato de haver um
longo processo de elaboração da constituição.

2.4. Quanto À Origem Ou Processo De Positivação

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• Constituição Promulgada, Democrática ou Popular (Votada ou

Convencional): é aquela que tem um processo de positivação proveniente de acordo ou votação (ex.:
a Constituição brasileira de 1988).

• Constituição Outorgada: é aquela positivada por uma pessoa que está no governo (ex.: Constituição
brasileira de 1937).

2.5. Quanto À Estabilidade

• Constituição Rígida: é aquela que para ser modificada necessita de um processo especial. A CF do
Brasil é um exemplo de Constituição Rígida.

• Constituição Flexível: é aquela que pode ser modificada por procedimento comum. A parte escrita
das Constituições Costumeiras é um exemplo de Constituição Flexível.

• Constituição Semi-Rígida: é aquela na qual a modificação das Regras

Materialmente Constitucionais necessita de um procedimento especial e a modificação das Regras


Formalmente Constitucionais pode ser feita por procedimento comum.

2.6. Quanto À Função

Esta classificação não apresenta categorias que sejam logicamente excludentes, ou seja, a
Constituição poderá receber mais de uma destas classificações:

• Constituição Garantia: é aquela que, enunciando os direitos das pessoas, limita o exercício abusivo
do poder, dando uma garantia aos indivíduos;

• Constituição Balanço: é aquela que é um reflexo da realidade. É a

“Constituição do Ser”. Um exemplo é a Constituição da extinta URSS;

• Constituição Dirigente: é aquela que não se limita a organizar o poder, mas preordena a sua forma
de atuação por meio de “programas” vinculantes.

3. Histórico Das Constituições

Carta Constitucional: é o nome designado às Constituições outorgadas.

Constituições Brasileiras

• 1824: positivada por outorga. Constituição do Império do Brasil. • 1891: positivada por promulgação.
Constituição da 1.ª República.

• 1934: positivada por promulgação.

• 1937: positivada por outorga(Getúlio Vargas).

• 1946: positivada por promulgação. Restabelece-se o Estado Democrático. • 1967: positivada por
promulgação .

• 1969: positivada por outorga (golpe militar).

• 1988: positivada por promulgação.

4. A Constituição Da República Federativa Do Brasil De 1988

A CF de 1988 possui a seguinte classificação: • Quanto ao conteúdo: formal;

• Quanto à forma: escrita e analítica;

• Quanto ao modo de elaboração: dogmática;

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• Quanto à origem: promulgada;

• Quanto à estabilidade: rígida;

• Quanto à função: garantia e dirigente.

Constituição “Cesarista”: assim chamada pela doutrina, nada mais é do que uma

Constituição outorgada que passa por uma encenação de um processo de consulta ao eleitorado
para revesti-la de aparente legitimidade.

Constituição “Dualista” ou “Pactuada”: assim chamada pela doutrina, é a Constituição fruto de um


acordo entre o governante e os governados.

1. Estrutura Normativa Da Constituição

As normas constitucionais classificam-se em: • orgânicas;

• limitativas;

• sócio-ideológicas;

• de estabilidade constitucional;

• formais de aplicabilidade.

1.1. Orgânicas

São as regras que estruturam o Poder, organizando o Estado (regras materialmente constitucionais).

1.2. Limitativas São as regras que limitam o Poder (direito e garantias fundamentais).

1.3. Sócio-Ideológicas São as regras relacionadas com a ordem econômica e social.

1.4. De Estabilidade Constitucional

São as regras que visam assegurar a supremacia da Constituição, a solução de conflitos


constitucionais e a solução de crises. O art. 102 da CF/8 faz previsão de uma ação direta para
nulificar norma inconstitucional, com a finalidade de assegurar a supremacia e a estabilidade da
Constituição. Também, com a mesma finalidade, está previsto na CF/8 um mecanismo para coibira
ocorrência de secessão (separação dos Estados-Membros). Trata-se da intervenção federal que
legitima a União, excepcionalmente, a intervir nos Estados e Distrito Federal (art. 34 da CF/8). Os
casos de intervenção são taxativos, não podendo haver outros senão aqueles enumerados no art. 34,
I a IV, da CF/8.

1.5. Formais De Aplicabilidade

Uma norma constitucional não precisa de cláusula de revogação da norma anterior e entrará em vigor
na data de sua publicação no DOU.

2. Disposições Transitórias

A CF/8 tem duas partes distintas: • as disposições permanentes (arts. 1.º a 250);

• as disposições transitórias (arts. 1.º a 83).

Embora esteja dividida em duas partes, a Constituição é una, ou seja, as regras transitórias são parte
integrante da Constituição, possuindo a mesma rigidez e a mesma eficácia das regras permanentes.

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As regras transitórias são chamadas de Direito Intertemporal e têm por finalidade a solução de
situações de transitoriedade entre a Constituição revogada e a Constituição que entrará em vigor.
Então, a finalidade das disposições transitórias é:

• regular a transição constitucional;

• regular transitoriamente matéria infra-constitucional até que sobrevenha a lei.

A eficácia das disposições transitórias é esgotável, exaurível, tendo em vista que, com o advento de
um fato com uma data certa e atingindo-se essa data, a eficácia da norma se esgotaria. A finalidade
básica das normas transitórias é regular a transição constitucional.

As disposições transitórias foram usadas também para regular matérias que deverão ser objeto de lei
infraconstitucional (ex.: art. 7.º, I, da CF/8).

O constituinte, preocupado com a inércia do legislador ordinário, regulou transitoriamente, no art. 10


do ADCT, a relação de dispensa sem justa causa disposta no art. 7.º, I, da CF/8. Este art. 10 ficará
regulando o art. 7.º, I, da CF/8 até que seja promulgada a lei complementar, quando se dará o
exaurimento da norma disposta no ADCT.

3. Preâmbulo Constitucional

É a parte introdutória que contém a enunciação de certos princípios, refletindo a posição ideológica
do constituinte.

O preâmbulo é parte integrante da CF/8, tendo em vista que sua redação foi votada. Serve como
elemento de interpretação das normas constitucionais, tendo em vista ser a síntese ideológica do
constituinte, da qual surge uma enunciação de princípios.

O art. 19, I, da CF/8, por um lado, dispõe que o Brasil será um país leigo, ou seja, não poderá ser
ligado a nenhuma Igreja, seja ela qual for. No preâmbulo da Constituição, por outro lado,
encontramos onome de Deus. Pode parecer contraditório para alguns, mas não significa que, devido
ao uso da palavra “Deus” no preâmbulo, o Brasil seja considerado um país sectário e fiel a uma
religião.

Além de ser o Brasil um Estado leigo, é também um Estado teísta, ou seja, embora seja neutro em
matéria confessional, acredita-se, oficialmente, na existência de um ser supremo e único, de todas as
crenças.

Prevalece, portanto, sua natureza de documento de intenções que também pode servir para a
interpretação e integração das normas constitucionais. Não prevalece, porém, contra regra escrita no
corpo da Constituição.

4. Fenômenos Da Mutação Constitucional

4.1. Fenômeno Da Recepção

O fenômeno da recepção assegura a preservação do ordenamento jurídico anterior e inferior à nova


Constituição e que, com ela, se mostre materialmente compatível.

Quanto às leis infra-constitucionais que foram editadas sob fundamento de validade de Constituição
anterior, não haverá necessidade de votação de novas leis, tendo em vista que, se uma determinada
lei editada antes for compatível com a nova Constituição, será recepcionada por esta, possuindo,
então, um novo fundamento de validade.

Caso as leis infra-constitucionais não sejam compatíveis com a nova

Constituição, serão revogadas, visto a não existência de inconstitucionalidade superveniente. Assim,


uma lei que não for recepcionada será revogada.

O fenômeno da recepção, então, é uma questão de compatibilidade, exclusivamente material, não


havendo necessidade de compatibilidade no aspectoformal. Tomemos, como exemplo, a exclusão
dos Decretos-lei pela CF/8. Todos os Decretos-lei que tiverem matéria compatível com as normas

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constitucionais continuaram vigentes (ex.: o CP e o CPP, que são Decretos-lei que ainda estão em
vigor).

Existem duasespécies de sistema normativo: alei ordinária e alei complementar. Diferem-se na


questão de matéria, pelo fato de que só caberá lei complementar nas matérias que o constituinte
expressamente dispôs e na questão formal, pelo fato de que alei ordinária será votada por maioria
simples e a lei complementar por maioria absoluta.

Sendo matéria de lei complementar na Constituição antiga e matéria de lei ordinária na nova
Constituição, haverá a recepção, entretanto, com a natureza que foi dada pela nova Constituição, ou
seja, será recepcionada como lei ordinária. Um exemplo é a Lei Orgânica do MP.

No caso da Lei Orgânica do MP, a CF/69 reservava a matéria à lei complementar, sendo editada tal
lei sob o n. 40/81 (Lei Orgânica do Ministério Público). Com a vinda da CF/8, a matéria não foi
expressamente reservada à lei complementar, sendo, então, editada a Lei Ordinária n. 8.625/93.
Assim, a LC n. 40/81 foi recepcionada pela CF/8 com natureza de lei ordinária, apesar de estar
rotulada como lei complementar. Por este motivo a Lei n. 8.625/93 revogou a LC n. 40/81.

Sendo matéria de lei ordinária na Constituição antiga e de lei complementar na nova, haverá a
recepção, também com a natureza que lhe foi dada pela nova Constituição, ou seja, será
recepcionada como lei complementar. Um exemplo é o Código Tributário Nacional.

No caso do CTN, a CF/46 não reservava as normas gerais de matéria tributária à lei complementar.
Com o advento da CF/67, esta reservou a matéria à lei complementar, sendo o CTN recepcionado
pela CF/67, ganhando natureza de lei complementar.

Em matéria de recepção, a forma não tem nenhuma relevância, o que importa é a compatibilidade
material. Havendo a compatibilidade material, a lei será recepcionada pela nova Constituição,
ganhando ou perdendo a natureza de lei complementar.

4.2. Fenômeno Da Repristinação

É o restabelecimento de vigência de uma lei revogada pela revogação da lei que a tinha revogado
(ex.: lei B revoga lei A; advém a lei C, que revoga a lei B; o fato de a lei C ter revogado a lei B não
restaura automaticamente a vigência da lei A).

A repristinação poderá ocorrer somente em casos que estejam expressos, não existindo a
possibilidade de repristinação automática. Nem a CF poderá repristinar automaticamente uma lei.

4.3. Fenômeno Da Desconstitucionalização

É a possibilidade de recepção pela nova ordem constitucional, como leis ordinárias em “processo de
queda de hierarquia”, de normas apenas formalmente constitucionais da Constituição anterior que
não tenham sido repetidas ou contrariadas pela nova Constituição.

Não é utilizada pelo sistema jurídico brasileiro, tendo em vista que a Constituição nova ab-roga a
anterior. Assim, se a Constituição nova dispusesse expressamente sobre a regra formalmente
constitucional, não seria utilizada a desconstitucionalização.

1. Classificação Das Normas Constitucionais Quanto À Eficácia Jurídica

A doutrina clássica classificava as normas constitucionais em autoexecutáveis e não auto-


executáveis. Assim, algumas normas seriam aplicáveis e outras não. O Prof. José Afonso da Silva, ao
contrário do que se dizia, afirmou que todas as normas constitucionais, sem exceção, são revestidas
de eficácia jurídica, ou seja, de aptidão à produção de efeitos jurídicos, sendo assim todas aplicáveis,
em maior ou menor grau.

Para se graduar essa eficácia dentro de categorias lógicas, foram propostas três classificações:

• norma constitucional de eficácia jurídica plena;

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• norma constitucional de eficácia jurídica limitada;

• norma constitucional de eficácia jurídica contida.

1.1. Norma Constitucional De Eficácia Jurídica Plena

É aquela que contém todos os elementos necessários para a pronta e integral aplicabilidade dos
efeitos que dela se esperam. A norma é completa, não havendo necessidade de qualquer atuação do
legislador (ex.: art. 1.º da CF/8).

1.2. Norma Constitucional De Eficácia Jurídica Limitada

É aquela que não contém todos os elementos necessários à sua integral aplicabilidade, porque ela
depende da interpositio legislatoris (interposição do legislador).

A efetividade da norma constitucional está na dependência da edição de lei que a integre (lei
integradora). Somente após a edição da lei, a norma constitucional produzirá todos os efeitos que se
esperam dela (ex.: art. 7.º, XI, da CF/8).

++=

O constituinte, prevendo que o legislador poderia não criar lei para regulamentar a norma
constitucional de eficácia limitada, criou mecanismos de defesa dessa norma:

• mandado de injunção;

• ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

A norma constitucional de eficácia limitada divide-se em:

• norma constitucional de eficácia jurídica limitada de princípio programático: todas as programáticas


são de eficácia limitada. São normas de organização que estabelecem um programa constitucional
definido pelo legislador;

Norma Jurídica de Eficácia Limitada

Interposição do legislador (Lei)

Plenitude dos efeitos

• normaconstitucional de eficácia jurídica limitada de princípio institutivo.

1.3. Norma Constitucional De Eficácia Jurídica Contida (Redutível Ou Restringível)

É uma norma de eficácia plena, que opera todos os efeitos desde sua entrada em vigor. O legislador,
entretanto, está autorizado a reduzi-la. As normas que tiverem “cláusula expressa de redutibilidade”
serão normas de eficácia contida.

Do ponto de vista lógico, a norma constitucional de eficácia jurídica contida estaria dentro da norma
constitucional de eficácia jurídica plena.

Assim, temos:

Observações importantes sobre o tema:

• As normas definidoras de direitos não têm caráter absoluto, ou seja, em alguns casos, orientadas
pelos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, é permitido ao legislador criar exceções,
ainda que a norma não tenha cláusula expressa de redutibilidade.

• A redutibilidade da norma não depende obrigatoriamente de cláusula expressa. Conclui-se, então,


que não existe norma constitucional de

Eficácia PlenaEficácia LimitadaEficácia Contida Aplicabilidade imediata Aplicabilidade mediata


Aplicabilidade imediata

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Não existe lei que integre ou modifique a eficácia da norma.

Enquanto lei integradora não sobrevém, a norma não tem eficácia.

Enquanto a lei não sobrevém, a norma terá eficácia plena.

eficácia jurídica plena que seja absoluta. Por exemplo, o art. 5.º da CF/8 garante o direito à vida,
entretanto esse direito foi reduzido quando o CP admitiu a existência da legítima defesa. Se a norma
garantidora do direito à vida fosse absoluta, não poderia uma norma infraconstitucional restringir esse
direito, permitindo a legítima defesa.

1. Poder Constituinte

Os poderes “constituídos” da República são os Poderes Legislativo,

Executivo e Judiciário. Se eles são constituídos, significa dizer que algo os constituiu, logo, existe um
Poder maior que constituiu os poderes constituídos. É esse o poder constituinte.

O poder constituinte é aquele capaz de editar uma Constituição, dar forma ao Estado e constituir os
Poderes . O titular desse poder é o povo. Haverá, entretanto, o exercente do poder, que será um
órgão colegiado (assembléia constituinte) ou um grupo de pessoas que se invista desse poder (é o
caso das constituições outorgadas).

Quando o constituinte originário exercita o poder de editar uma nova

Constituição, ele tem consciência de que, ao passar dos anos, haverá necessidade de modificações
nessa constituição. Então, vislumbrando essa hipótese, o exercente preverá quando, por quem e de
que maneira poderão ser feitas essas modificações.

Esse poder de modificar a CF é um poder constituinte derivado que será exercido pelo Congresso
Nacional por meio de reforma constitucional ou Emendas Constitucionais, sendo chamado de poder
constituinte reformador.

Poder decorrente é o poder de que se acham investidos os Estados e

Municípios. Os Municípios ganharam com a CF/8 a capacidade de autoorganização. Eles se regem e


se organizam por meio das suas Leis Orgânicas

Municipais, devendo observância à CF/8 e às Constituições Estaduais (art. 1, par. ún., do ADCT).

Segundo alguns doutrinadores, quando o Município edita sua Lei

Orgânica, esta se torna uma espécie de Constituição e, portanto, é também um poder decorrente.
Para outros doutrinadores, o poder decorrente será somente dos Estados.

O poder constituinte originário tem três características: inicialidade, autonomia e incondicionalidade.


O poder constituinte originário é inicial, tendo em vista não se fundamentar em nenhum outro; é
autônomo, visto que não se submete a limitações de natureza material; e é incondicional, visto que
delibera da forma que lhe aprouver, não estando submetido a condicionamentos formais.

Embora seja autônomo, o poder constituinte originário está, no entanto, limitado ao Direito Natural
(limites transcendentais). Assim, a autonomia do poder constituinte ordinário não significa que ele
seja ilimitado. Os positivistas chamam essa categoria de poderde soberano, visto que o poder
constituinte originário não se submete a nenhum limite do Direito Positivo.

O poder constituinte reformador também tem três características: é derivado, visto que deriva do
poder inicial; é subordinado, visto ser sujeito a limitações de natureza material, chamadas de
“cláusulas pétreas”; e é condicionado, tendo em vista que se submete a condicionamentos formais.

2. Poder De Reforma Constitucional (Art. 60 Da Cf)

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Quando o constituinte originário estabeleceu que o exercente do poder reformador seria o Congresso
Nacional e que a maneira que seria feita essa reforma seria por meio de EC, ele acabou por colocar
limites à reforma constitucional. Se houver a violação dos limites estabelecidos, a EC poderá ser
inconstitucional.

2.1. Limites Da Emenda Constitucional

Os limites podem ser procedimentais, circunstanciais, temporaisou materiais.

a) Procedimentais

• Iniciativa (art. 60, caput): só têm o poder de iniciativa os deputados, senadores e outros que a CF
aponta. A iniciativa para os membros do Congresso Nacional é necessariamente coletiva, ou seja,
para que uma proposta de EC, apresentada pelos congressistas, possa tramitar, deverá haver, no
mínimo, assinatura de1/3 dos congressistas. Não poderá haver iniciativa parlamentar individual. A
única iniciativa individual será a do Presidente da República. As Assembléias Legislativas das
unidades da federação poderão apresentar um projeto de EC se houvera adesão de, no mínimo, mais
da metade delas (art. 60, inc. I, da CF).

• Votação (art. 60, § 2.º): a proposta, para ser aprovada na Câmara, deverá ser apreciada e votada
em 2 turnos. Só será aprovada se obtiver3/5 dos votos, o que significa que, para se aprovar a
proposta de EC, são necessários 308 votos a favor. Após essa aprovação, deverá ser aprovada no
Senado da mesma forma.

• Promulgação (art. 60, § 3.º): a promulgação será feita pelas mesas da

Câmara e do Senado. Aprovada a EC pelo Congresso, não irá para a aprovação do Presidente da
República.

b) Circunstanciais

Durante a vigência de intervenção federal, estado de defesa ou de sítio, o poder de reforma não
poderá ser exercido. Essa limitação é chamada pela doutrina de limitação circunstancial, visto que é
uma circunstância que limita o exercício do poder de reforma.

Se a norma constitucional decorrente do poder de reforma sobrevém durante a intervenção federal ou


estado de sítio ou de defesa, essa norma será inconstitucional.

c) Temporais

Na Constituição de 1824, o poder de reforma foi criado, entretanto ficou limitado seu exercício
durante um período de 4 anos, ou seja, o poder de reforma somente poderia ser exercido após 4
anos da vigência daquela Constituição. Na CF/8 não houve limitação temporal dessa forma.

Alguns doutrinadores entendem que existe uma limitação temporal no § 5.º, que dispõe que “a
matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
nova proposta na mesma sessão legislativa”. Existe, entretanto, uma grande discussão sobre esse
assunto.

d) Materiais

As limitações explícitas estão expressamente dispostas no § 4.º do art. 60 (cláusulas pétreas).


Existem, entretanto, limitações que não estão dispostas nesse parágrafo, são essas as limitações
implícitas.

As limitações implícitas são:

• Titular do poder constituinte originário (art. 1.º): o titular do poder originário não pode ser modificado
pelo poder de reforma.

• Exercente do poder de reforma: não poderá haver delegação do poder de reforma. O Congresso
Nacional não poderá delegar o poder de reforma a outro órgão.

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• Processo de EC: não poderá ser modificado o processo de EC. Alguns autores entendem,
entretanto, que o processo de EC poderá ser modificado para torná-lo mais rígido.

• Supressão da própria cláusula: impossibilidade de que se suprima a própria cláusula do § 4.º do art.
60.

O § 4.º do art. 60 dispõe que:

“Não será objeto de deliberação uma proposta de emenda tendente a abolir:

I–a forma federativa de Estado;

I–voto direto, secreto, universal e periódico;

I–a separação dos Poderes; IV–os direitos e garantias individuais”.

Assim, a vedação atinge a pretensão de modificar qualquer “elemento conceitual” (ex.: a autonomia
dos Estados-membros é elemento conceitual do Estado Federal).

Inc.I: dispõe que o Estado Federal é imutável. Muitos doutrinadores entendem que há uma limitação
implícita quanto à modificação da forma do governo e do regime de governo, tendo em vista o
resultado do plebiscito de 1993.

Inc. I: dispõe que o voto direto, secreto, universal e periódico é imutável.

O art. 14, § 1.º, I, dispõe sobre a obrigatoriedade do voto. Essa obrigatoriedade, entretanto, não é
limitação material e pode ser objeto de Emenda.

• Votodireto: o eleito escolherá, ele próprio, os seus mandatários, ou seja, os eleitores escolhem
diretamente os seus mandatários sem que se interponha um Colégio Eleitoral.

• Voto secreto: é a garantia de que o voto pode ser expressado livremente.

• Voto universal: é universal se ele se estende a todas as pessoas. Os condicionamentos impostos


por força do amadurecimento das pessoas não tiram o caráter universal do voto.

• Voto periódico: significa que os mandatos políticos são provisórios. A periodicidade do voto
pressupõe que os mandatos são temporários.

Inc. I: Dispõe sobre o princípio da separação de poderes. O Poder, embora seja único, repartiu-se em
três e não pode ser abolido, ou seja, não poderá ser criado um novo Poder ou restringido um já
existente.

Inc.IV: Não se podem suprimir os direitos e garantias individuais. Os direitos e garantias individuais
estão claramente mencionados como cláusula pétrea. Se o constituinte quisesse que todos os
direitos fossem intangíveis, ele não teria se referido aos direitos e garantias individuais e sim aos
direitos e garantias fundamentais, que é o gênero.

Não fazem parte da cláusula pétrea, portanto, aqueles direitos que não foram incluídos no inc. IV,
quais sejam, os direitos sociais e os direitos políticos que não são alcançados pelo inc. I. Há,
entretanto, discussão em contrário.

Os direitos individuais mencionados na cláusula pétrea (art. 60, § 4.º , IV) não se resumem no rol do
art. 5.º da CF/8.

Quanto aos direitos sociais, alguns entendem que podem ser suprimidos por meio do princípio do
inclusio unius. Outros entendem, porém, que não podem ser suprimidos, visto que, se o Supremo
entendeu que o direito do art.

150, I, “b”, da CF/8, que não está incluído nos direitos e garantias fundamentais, é cláusula pétrea,
não há que se falar em supressão de direitos sociais.

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Quanto à pena de morte, só poderá ser imposta em caso de guerra declarada, estado de
beligerância. Existe uma série de crimes previstos no Código Militar que são apenados com pena de
morte, sendo executada por fuzilamento, de acordo com o expresso no Código de Processo Militar.
Uma ampliação à exceção por Emenda Constitucional seria tendente a abolir o direito à vida. Então, a
posição majoritária entende que não será possível modificação por EC.

Hoje, estão vigentes e eficazes trinta e uma ECs, mais seis ECs de Revisão.

A Constituição trouxe, no art. 3.º do ADCT, uma disposição de revisão constitucional após cinco anos
da promulgação da Constituição, por voto da maioria absoluta em sessão unicameral. Houve uma
flexibilização da revisão constitucional.

O art. 3.º não pode, entretanto, ser interpretado sozinho, devendo ser interpretado conjuntamente
com o art. 2.º, que previa o plebiscito para alterar a forma e o regime de governo. Desse modo, em
início, a regra do art. 3.º estaria condicionada ao resultado do plebiscito e só haveria a revisão se
fosse modificada a forma ou o regime de governo.

No dia 5.10.1993 foi instalada, porém, a revisão constitucional e o STF entendeu que sua instalação
não estaria condicionada ao resultado do plebiscito, sendo promulgadas, nessa ocasião, seis ECs
Revisionais.

A EC Revisional, no entanto, estava submissa à cláusula pétrea do art. 60, § 4.º, da CF/8, não
podendo, validamente, suprimir direitos individuais, forma federativa de Estado, voto direto, secreto,
universal e periódico ou a separação dos Poderes.

1. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ARTS. 5.º A 17 DA CF/8)

1.1.1. Direitos individuais Prerrogativas que o indivíduo opõe ao Estado.

1.1.2. Direitos Coletivos

Direitos supraindividuais ou metaindividuais que pertencem a vários titulares que se vinculam


juridicamente (ex.: condôminos, sindicalistas etc.).

1.1.3. Direitos Difusos

São direitos individuais, no entanto seus titulares não têm uma vinculação jurídica que permita
identificá-los (ex.: usuários de uma praia, consumidores etc.).

1.1.4. Direitos Sociais

Decorrem do fato de o indivíduo estar inserido em uma sociedade estatal (ex.: direito à saúde,
educação etc.).

1.1.5.Direito De Nacionalidade

Direito que tem o indivíduo de manter um vínculo jurídico com o

Estado, de pertencer ao povo de um Estado e, em conseqüência disso, receber proteção do Estado.

1.1.6 .Direito De Cidadania

Prerrogativa que tem o indivíduo de participar da tomada de decisão política dentro do Estado (ex.:
direito de votar, de participar de plebiscito, de ingressar com uma ação popular etc.).

1.1.7.Direito De Organizar E Participar De Partido Político

Tem oobjetivo de ascender ao poder, ou seja, de impor à sociedade a sua forma de administrar o
Estado.

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TEORIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO

São esses os Direitos Fundamentais expressos na CF. Admitem-se além deles, no entanto, outros
não escritos formalmente, mas que decorrem dos princípios adotados pela CF (art. 5.º, § 2.º).

O STF acolhe a tese segundo a qual as Convenções e Tratados

Internacionais têm força jurídica de norma infraconstitucional, força de Lei Ordinária. Todas as
Convenções e Tratados Internacionais estão subordinados à CF.

Direitos: prerrogativas que as normas consagram.

Garantias:procedimento judicial específico, cuja finalidade é dar uma proteção eficiente aos direitos
fundamentais. Alguns doutrinadores chamam as garantias de “remédios constitucionais”. São eles:

• habeas corpus: tem por objetivo proteger a liberdade de locomoção;

• habeas data: visa garantir ao impetrante o acesso aos dados existentes sobre sua pessoa em
bancos de dados públicos ou particulares de caráter público;

• mandado de segurança: tem a finalidade de fazer cessar lesão ou ameaça de lesão ao direito
individual ou coletivo líquido e certo, seja qual for a autoridade responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder;

• mandado de injunção: tem como finalidade garantir o exercício de direito previsto em norma
constitucional de eficácia limitada ainda não regulamentada;

• ação popular: é um instrumento de democracia direta por meio do qual o cidadão exerce a
fiscalização do patrimônio público para impedir que ele seja lesado por ato de autoridade.

1.2. Destinatário

Os direitos e garantias previstos no art. 5.º da CF têm como destinatários as pessoas físicas ou
jurídicas, nacionais ou estrangeiras, públicas ou privadas ou mesmo entes despersonalizados
nacionais (massa falida, espólio etc.), estrangeiros residentes ou estrangeiros de passagem pelo
território nacional.

1.3.Aplicabilidade E Intervenção

São dois os princípios que devem ser observados quando se trata da interpretação das normas
constitucionais de direitos e garantias fundamentais:

• elas devem ser interpretadas de forma ampla, extensiva, para abranger o maior número possível de
sujeitos e de situações;

• as normas excepcionadoras de direitos e garantias devem ser interpretadas restritivamente.

Quanto à aplicabilidade, na prática, somente as normas de direitos e garantias que não dependem de
classificação anterior (normas de eficácia plena) têm aplicação imediata.

No Brasil, são previstas duas exceções ao Estado Democrático

Brasileiro: durante o Estado de Defesa ou o Estado de Sítio, suspendendo os direitos e garantias


fundamentais por tempo determinado.

1.4.1. Estado De Defesa

Sempre que houver instabilidade das instituições democráticas ou calamidade pública. Os direitos
que podem ser suspensos são aqueles previstos no art. 136, § 1.º, I e I, da CF/8. Para a decretação
do Estado de Defesa, o Presidente da República não precisa de autorização prévia do Congresso
Nacional.

1.4.2. Estado De Sítio

Pode ser decretado em duas situações, previstas no art. 137, I e I, da CF/8:

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TEORIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO

• se o Estado de Defesa se mostrou ineficaz para resolver o problema.

Os direitos que podem ser excepcionados, nesse caso, estão previstos no art. 139 da CF/8;

• no caso de guerra externa. Todos os direitos estão sujeitos à restrição, inclusive o direito à vida (ex.:
em caso de guerra externa, pode-se aplicar pena de morte).

1.5.Limitação Material Ao Poder De Reforma (Art. 60, § 4.º)

O art. 60, em seu § 4.º, coloca limites para a reforma da CF. Existem algumas matérias que não
podem ser sujeitas à modificação por emenda. Somente o constituinte originário poderia modificar
essas cláusulas, chamadas Cláusulas Pétreas.

Não estão sujeitos à emenda os direitos e garantias individuais previstos nocaput do art. 5.º, quais
sejam, direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. O mais importante é o
direito à vida, pois este é condiçãosine qua non para que sejam assegurados os outros direitos

2. Direito À Vida

2.1. Direito De Não Ser Morto

2.1.1. Proibição Da Pena De Morte(Art. 5.º, Xlvii, “A”)

A CF assegura o direito de não ser morto quando proíbe a pena de morte.

A aplicação da pena de morte só é permitida em caso de guerra externa declarada.

Não é possível a introdução da pena de morte por EC, visto que o direito à vida é direito individual e o
art. 60, § 4.º, dispõe que os direitos individuais não poderão ser modificados por emenda (cláusula
pétrea, imutável).

Também não seria possível um plebiscito para a introdução da pena de morte, tendo em vista que a
própria CF estabelece suas formas de alteração e o plebiscito não está incluído nessas formas. A
única maneira de se introduzir a pena de morte no Brasil seria a confecção de uma nova Constituição
pelo poder originário.

2.1.2. Proibição Do Aborto

O legislador infraconstitucional pode criar o crime de aborto ou descaracterizá-lo, tendo em vista que
a CF não se referiu ao aborto expressamente, simplesmente garantiu a vida. Assim, o CP, na parte
que trata do aborto, foi recepcionado pela CF/8.

O CP prevê o aborto legal em caso de estupro e em caso de risco de morte da mãe. A jurisprudência
admite, no entanto, o aborto eugênico baseado no direito à vida da mãe, visto que nesse caso existe
risco de integridade física e psicológica desta. Aborto eugênico é aquele concedido mediante
autorização judicial nas hipóteses de comprovação científica de impossibilidade de sobrevivência
extra-uterina (essa posição não é pacífica).

Para que o aborto seja legalizado no Brasil, basta somente a vontade do legislador
infraconstitucional, tendo em vista que a CF não proibiu nem permitiu esse procedimento.

2.1.3. Proibição Da Eutanásia

O médico que praticar a eutanásia, ainda que com autorização do paciente ou da família, estará
cometendo crime de homicídio. A eutanásia se configura quando um médico tira a vida de alguém
que teria condições de vida autônoma. No caso de desligar os aparelhos de pessoa que só
sobreviveria por meio deles, não configura a eutanásia.

2.1.4.Garantia Da Legítima Defesa

O direito de a pessoa não ser morta legitima que se tire a vida de outra pessoa que atentar contra a
sua própria.

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3. Direito A Condições Mínimas De Sobrevivência

3.1. Salário Mínimo (Art. 7.º, Iv)

A CF fixou um salário mínimo para que as pessoas tenham o mínimo para a sobrevivência.

3.2. Irredutibilidade do Salário (art. 7.º, VI) Garante que o valor mínimo seja mantido. É necessário,
então, que o salário mínimo tenha reajustes periódicos para que tenha mantido seu valor real.

3.3. Saúde, Previdência E Educação

A saúde é necessária para que não se coloque em risco a vida das pessoas. O Estado tem o dever
de garantir a saúde dos indivíduos. A saúde é decorrência do direito à vida.

4. Direito A Tratamento Digno Por Parte Do Estado

Não se permite, como conseqüência da prática de delito, penalidades além daquelas previstas em lei.
Todas as pessoas terão direito a um tratamento digno por parte do Estado, ou seja, têm o direito à
conservação de sua integridade física e moral, proibindo-se, ainda, a tortura, penas cruéis e
degradantes (art. 1.º, I, e art. 5.º, I, XLI e XLIX, ambos da CF/8).

5. Direito À Liberdade

5.1. Liberdade De Pensamento (Art. 5.º, IV E V)

É importante que o Estado assegure a liberdade das pessoas de manifestarem o seu pensamento.
Foi vedado o anonimato para que a pessoa assuma aquilo que está manifestando caso haja danos
materiais, morais ou à imagem. O limite na manifestação do pensamento se encontra no respeito à
imagem e à moral das outras pessoas.

Caso ocorram danos, o ofendido poderá se valer de dois direitos:

• indenização por dano material, moral ou à imagem (“São cumuláveis as indenizações por dano
material e dano moral oriundos do mesmo fato”– Súmula n. 37 do STJ);

• direito de resposta, que é o direito a ter idêntica oportunidade para se defender, desde que seja
proporcional ao agravo e que seja realmente usado para defesa e não para ataque ao ofensor. Se o
direito de resposta for negado pelo veículo de comunicação, caberá medida judicial.

5.2. Liberdade De Consciência, De Crença E De Culto (Art. 5.º, VI, VII E VIII)

A liberdade de consciência refere-se à visão que o indivíduo tem do mundo, ou seja, são as
tendências ideológicas, filosóficas, políticas etc. de cada indivíduo.

A liberdade de crença tem um significado de cunho religioso, ou seja, as pessoas têm a liberdade de
cultuar o que elas acreditam. A CF proíbe qualquer distinção ou privilégio entre as igrejas e o Estado.
O que se prevê é que o Estado poderá prestar auxílio a qualquer igreja quando se tratar de
assistência à saúde, à educação etc.

Seja qual for a crença, o indivíduo tem direito a praticar o culto. A CF/8 assegura, também, imunidade
tributária aos templos quando se tratar de qualquer valor auferido em razão de realização do culto.

Ainda, a CF assegura o atendimento religioso às pessoas que se encontrem em estabelecimentos de


internação coletiva, como manicômios, cadeias, quartéis militares etc.

5.3. Liberdade De Atividade Intelectual, Artística, Científica E De Comunicação (Art. 5.º, IX)

A CF estabelece que a expressão das atividades intelectual, artística, científica e de comunicação é


livre, não se admitindo a censura prévia. É uma liberdade, no entanto, com responsabilidade, ou seja,
se houver algum dano moral ou material a outrem, haverá responsabilidade por indenização.

O direito do prejudicado se limita à indenização por danos, não se podendo proibir a circulação da
obra. Apesar de não haver previsão na CF/8 quanto à proibição de circulação de obras, o Judiciário

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está concedendo liminares, fundamentando-se no fato de que deve haver uma prevenção para que
não ocorra o prejuízo e não somente a indenização por isso.

Os meios de comunicação são públicos, sendo concedidos a terceiros.

Caso a emissora apresente programas que atinjam o bem público, ela poderá sofrer sanções,
inclusive a não renovação da concessão.

5.4. Liberdade De Trabalho, Ofício Ou Profissão (Art. 5.º, XIII)

É assegurada a liberdade de escolher qual a atividade que se exercerá.

Essa é uma norma de eficácia contida porque tem uma aplicabilidade imediata, no entanto traz a
possibilidade de ter o seu campo de incidência contido por meio de requisitos exigidos por lei.

A lei exige que certos requisitos de capacitação técnica sejam preenchidos para que se possa
exercer a profissão (ex.: o advogado deve ser bacharel em Direito e obter a carteira da OAB por meio
de umexame; o engenheiro deve ter curso superior de engenharia etc.).

5.5. Liberdade De Locomoção (Art. 5.º, XV)

É a liberdade física de ir, vir, ficar ou permanecer. Essa liberdade é considerada pela CF como a mais
fundamental, visto que é requisito essencial para que se exerça o direito das demais liberdades.

Todas as garantias penais e processuais penais previstas no art. 5.º são normas que tratam da
proteção da liberdade de locomoção. Por exemplo, o habeas corpus é voltado especificamente para a
liberdade de locomoção.

Essa norma também é de eficácia contida, principalmente no que diz respeito à liberdade de sair,
entrar e permanecer em território nacional. A lei pode estabelecer exigências para sair, entrar ou
permanecer no país, visando a proteção da soberania nacional.

5.6. Liberdade De Reunião (Art. 5.º, XVI)

É a permissão constitucional para um agrupamento transitório de pessoas com o objetivo de trocar


idéias para o alcance de um fim comum.

O direito de reunião pode ser analisado sob dois enfoques: de um lado a liberdade de se reunir para
decidir um interesse comum e de outro lado a liberdade de não se reunir, ou seja, ninguém poderá
ser obrigado a reunir-se.

Para a caracterização desse direito, devem ser observados alguns requisitos a fim de que não se
confunda com o direito de associação. São eles:

5.6.1. Pluralidade De Participantes

Trata-se de uma ação coletiva, ou seja, deve haver várias pessoas para que possa haver uma
reunião. A diferença é que, na reunião, não existe um vínculo jurídico entre as pessoas reunidas,
diferentemente da associação, em que as pessoas estão vinculadas juridicamente.

A reunião tem duração limitada, enquanto na associação, a duração é ilimitada.

A reunião pressupõe uma organização com o propósito determinado de atingir um certo fim. É a
finalidade que vai distinguir a reunião do agrupamento de pessoas. Essa finalidade deve ter
determinadas características, ou seja, a reunião deve ter uma finalidade lícita, pacífica e não deve
haver armamento.

5.6.4. Lugar Deve Ser Predeterminado Para A Realização Da Reunião.

Não é necessária a autorização prévia para que se realize a reunião, no entanto, o Poder Público
deve ser avisado com antecedência para que não se permita que haja reunião de grupos rivais em
mesmo local e horário. O objetivo do aviso ao Poder Público também é garantir que o direito de
reunião possa ser exercitado com segurança.

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O direito de reunião tem algumas restrições, quais sejam: • não pode ser uma reunião que tenha por
objetivo fins ilícitos;

• não pode haver reunião que não seja pacífica e não deve haver utilização de armas (art. 5.º, XLIV).
A presença de pessoas armadas em uma reunião não significa, no entanto, que a reunião deva ser
dissolvida. Nesse caso, a polícia deve agir no sentido de desarmar a pessoa, mas sem dissolver a
reunião. Em caso de passeata, não poderá haver nenhuma restrição quanto ao lugar em que ela será
realizada;

• durante o Estado de Defesa (art. 136, § 1.º, I, “a”) e o Estado de Sítio (art. 139, IV), poderá ser
restringido o direito de reunião.

5.7. Liberdade De Associação (Art. 5.º, XVII A XXI)

Normalmente, a liberdade de associação se manifesta por meio de uma reunião. Logo, existe uma
relação muito estreita entre a liberdade de reunião e a liberdade de associação. A reunião é
importante para que se exerça a associação, visto que normalmente a associação começa com uma
reunião.

É o direito de coligação voluntária de algumas ou muitas pessoas físicas, por tempo indeterminado,
com o objetivo de atingir um fim lícito sob direção unificante.

A associação, assim como a reunião, é uma união de pessoas. Distinguese desta por ter tempo
indeterminado, visto que o objetivo que se quer alcançar não poderá ser atingido em um único
momento, enquanto na reunião, o objetivo se exaure em tempo determinado.

Os elementos da associação são três:

• base contratual: a associação se funda num acordo de vontades, ou seja, as pessoas pactuam que
se unirão para atingir um determinado fim;

• permanência: as pessoas se unem para agir em tempo indeterminado, ou seja, é uma ação
contínua para atingir um objetivo;

• fim lícito:a finalidade da associação deve ser, obrigatoriamente, lícita.

A ordem jurídica brasileira prevê vários tipos de associação, quais sejam: • stricto sensu:
agrupamento de pessoas sem fins lucrativos;

• sociedades: associações que possuem fins lucrativos;

• partidos políticos: associação que é característica, visto ser regulada constitucionalmente (art. 17,
CF/8). Toda disciplina jurídica do partido político está disposta na CF/8;

• associação profissionale sindicatos: também têm características próprias.

Os sindicatos estão disciplinados no art. 8.º da CF/8.

Cooperativas: associação de atividades profissionais. Estão disciplinadas no art. 174, § 2.º ao 4.º, da
CF/8.

São quatro os direitos decorrentes da associação: de criar associações; de aderir a qualquer


associação; de desligar-se da associação; de dissolução espontânea da associação.

5.7.1.Direito De Criar Associações

Qualquer pessoa poderá criar uma associação. Basta que as pessoas se reúnam em assembléia,
façam as bases contratuais e registrem em cartório para que a associação esteja criada.

5.7.2.Direito De Aderir A Qualquer Associação

Qualquer pessoa poderá se filiar a qualquer associação em que tiver interesse.

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5.7.3.Direito De Desligar-Se Da Associação

5.7.4. Direito De Dissolução Espontânea Da Associação

Como regra, a associação só será dissolvida quando os associados dispuserem entre si. Há
hipóteses, no entanto, em que a associação poderá ser dissolvida compulsoriamente ou ter seu
funcionamento suspenso. A associação pode ser suspensa por provimento cautelar e só poderá ser
dissolvida por decisão judicial transitada em julgado. Será dissolvida ou suspensa quando fugir de
sua finalidade principal e passar a praticar atos ilícitos.

A criação de uma associação enfrenta duas restrições: • não poderá ser criada associação para fins
ilícitos;

• não poderá ser criada associação paramilitar (grupos armados).

A CF/8 prestigiou a representação judicial para as associações, ou seja, as associações podem


representar seus associados judicialmente ou extrajudicialmente para a defesa dos interesses dos
filiados.

A representação judicial é estabelecida pela CF/8 da seguinte forma:

• é necessário que a associação esteja regularmente constituída e funcionando por, no mínimo, um


ano. Há casos, entretanto, em que a jurisprudência admite a propositura de associação que não
esteja funcionando por um ano. Os partidos políticos e os sindicatos não têm a exigência de
funcionamento de no mínimo um ano;

• é necessário que o ato constitutivo da associação preveja, entre os seus objetivos, a representação
judicial dos seus filiados. Como regra, essa autorização é suficiente para a representação judicial, no
entanto os Tribunais Federais entendem que, se as ações versarem sobre direitos individuais
homogêneos, deverá existir uma autorização específica.

A associação como pessoa jurídica poderá defender seus próprios interesses por meio de ações
individuais. Existem duas ações específicas como instrumento de ação das associações:

• mandado de segurança coletivo (art. 5.º, LXX, CF/8);

• mandado de injunção coletivo (jurisprudência do STF e do STJ).

6. Direito À Segurança

A CF, no caput do art. 5.º, quando fala de segurança, está se referindo à segurança jurídica. Refere-
se à segurança de que as agressões a um direito não ocorrerão e, se ocorrerem, existirá uma
eventual reparação pelo dano que a pessoa tenha. O Estado deve atuar no sentido de preservar as
prerrogativas dispostas nas normas jurídicas.

6.1. Acesso Ao Poder Judiciário (Art. 5.º, XXXV)

A competência para dar a segurança jurídica é do Poder Judiciário. É por meio do acesso ao Poder
Judiciário que as pessoas conseguem a segurança jurídica.

6.1.1. Lesão E Ameaça Ao Direito

Diante de uma agressão ou de ameaça de agressão a um direito, a pessoa poderá ir ao Poder


Judiciário e assegurá-lo. Para que o Judiciário tenha o dever de conceder a segurança jurídica, não é
necessário comprovar a efetiva lesão, ou seja, pode-se, preventivamente, buscar essa segurança
para impossibilitar a lesão ao direito.

Esse acesso tem uma exceção no art. 217, § 3.º, da CF/8, que prevê que, em casos relativos aos
esportes, deve antes haver uma decisão da Justiça.

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A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇAÕ

A Supremacia Da Constituição

Da última vez que nos encontramos falamos sobre "A Constituição: Conceitos e classificações", hoje
vamos falar da Supremacia da Constituição.

Mais do que nunca, sob o desejo de aprofundar e aprimorar a nossa tão jovem democracia, se faz
necessário um apego à Constituição Brasileira. Rígida como é a nossa Constituição atual, de 1988,
significa que há uma dificuldade maior, tendo que passar por todas as solenidades, em alterar as
normas jurídicas que organizam o Estado. Isto porque alterando-se a Constituição, alteram-se as
bases do Estado.

Ora, se o Estado deve ser protegido - sim, concordo com Marx que “o Estado Moderno é um comitê
instituído para gerenciar os interesses da burguesia – logo, é evidente que aquilo que dá forma a este
Estado deve não apenas ser protegido como deve ser, acima de tudo, a norma suprema e gozar do
mais alto degrau na sociedade.

Por supremacia da constituição, segundo José Afonso da Silva, entende-se que

A constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país [...] e que todos os poderes estatais só
são legítimos na medida em que ela, a Constituição, os reconheça e seja por ela distribuídos.

Logo, sendo que na Constituição estão as normas que fundamentam o Estado, é natural a sua
superioridade em relação às demais normas jurídicas.

Ademais do acima dito, a supremacia constitucional é dividida em material e formal. A coisa é simples
pra você que entendeu o que é uma constituição, no que diz respeito ao seu conteúdo, material ou
formal. A supremacia material se refere ao conteúdo material de uma Constituição, isto é, existe
supremacia material apenas naquelas constituições flexíveis, ou costumeiras, onde os costumes e as
leis constitucionais têm voz; por outro lado, num ponto de vista jurídico, só há que se falar em
supremacia formal na Constituição escrita, quando for a regra da rigidez constitucional que esteja em
vigor.

Assim posto, não é difícil perceber que o Brasil, por ter uma Constituiçãorígida, tem esta como lei
fundamental, Carta Magna e guardiã suprema dos princípios e regras de nosso Estado. Toda
autoridade só é constituída se a Constituição de 1988 assim legitimar. Também, é evidente, todas as
normas que integram ou que venham a integrar a nossa ordenação jurídica só terão validade se
confrontadas com a Constituição e por ela validada.

Portanto, todas as vezes que um ato for de encontro aos ditames constitucionais eles serão
considerados antidemocráticos e serão prontamente extirpados do seio da sociedade. Ao menos na
teoria, não é? O problema é que uma Constituição é um texto, e todo texto, dizia Roland Barthes,
está sujeito à polissemia - ou, como diria o filósofo Slavoj Zizek - à questão da “visão em paralaxe”
(que é visualizar um único objeto e, a depender da posição que se olha, enxergá-lo de forma
diferente).

Mas deixemos este assunto de interpretação da Constituição, da hermenêutica e afins lá pra a frente,
ok? Na próxima venho aqui trocar umas ideias sobre “A Constituição Simbólica”.

A Supremacia Da Constituição E O Controle De Constitucionalidade

O artigo procura trazer a tona a Teoria da Supremacia da Constituição idealizada por Hans Kelsen,
de forma a demonstrar a necessidade da garantia e proteção dos preceitos constitucionais e da
existência de um mecanismo que garanta esta supremacia.

1. A Supremacia E A Defesa Da Constituição

Inicialmente caberia indagar: o que se entende por Constituição?

A Constituição é a mais alta expressão jurídica da soberania popular e nacional. É o instrumento


seguro para a manutenção do Estado de Direito. Daí este significar a submissão de todos os
indivíduos e dos próprios órgãos do Estado ao Direito, à lei, remontando, em última instância, à
submissão à Lei Magna.

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A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇAÕ

A Carta Magna é a lei fundamental, o meio mediante o qual uma sociedade se organiza e restringe
atos ou exige prestações estatais, seja prescrevendo direitos, deveres e garantias, seja conferindo o
fundamento de validade de todas as leis e atos normativos.

Neste sentido explica José Afonso da Silva:

A constituição é algo que tem, como forma, um complexo de normas (escritas ou costumeiras); como
conteúdo, a conduta humana motivada pelas relações sociais (econômicas, políticas religiosas, etc.);
como fim, a realização dos valores que apontam para o existir da comunidade; e; finalmente, como
causa criadora e recriadora, o poder que emana do povo.

Os preceitos ou normas (regras e princípios, na acepção de José Joaquim Gomes Canotilho [2]) que
integram a Constituição, em razão de suas características e objetivos, acham-se num grau
hierárquico supremo face a todas as demais normas jurídicas que compõem um dado ordenamento
jurídico.

Desta forma, a Constituição encontra-se no ápice do sistema jurídico de qualquer país, nela se
encontrando a própria estrutura e as normas fundamentais do Estado que a sedia.

Segundo Hans Kelsen, uma norma jurídica para ser válida necessita buscar seu fundamento de
validade em uma norma superior. Sobre este assunto discorreu largamente o Mestre da Escola de
Viena, de forma a assentar a sua teoria escalonada do ordenamento jurídico. Da sua Teoria Pura do
Direito destaca-se o trecho a seguir:

A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo plano, situadas umas
ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de diferentes camadas ou níveis de normas
jurídicas. A sua unidade é produto da relação de dependência que resulta do fato de a validade de
uma norma, se apoiar sobre essa outra norma, cuja produção, por seu turno, é determinada por
outra, e assim por diante, até abicar finalmente na norma fundamental–pressuposta. A norma
fundamental hipotética, nestes termos – é, portanto, o fundamento de validade último que constitui a
unidade desta interconexão criadora. [3]

Sendo assim, todas as normas devem se adequar aos parâmetros constitucionais, sob pena de
resultarem inconstitucionais e não poderem pertencer ao ordenamento jurídico vigente.

Em síntese, o sistema jurídico que se apresenta nessa estrutura escalonada tendo em seu vértice a
Constituição, deve ser coerente e racional. Qualquer conflito ou antinomia que agrida o postulado da
primazia da Carta Magna viola pelo menos um princípio essencial, qual seja, justamente o da
Supremacia da Constituição, comprometendo assim a harmonia do ordenamento.

Logo, a compreensão da Constituição como lei fundamental implica o reconhecimento da sua


supremacia na ordem jurídica, bem como a existência de mecanismos suficientes para garanti-la
juridicamente contra agressões. Para assegurar tal supremacia, necessário se faz um controle sobre
as leis e os atos normativos, o chamado controle de constitucionalidade.

1.1. Necessidade E Importância Da Existência Do Controle De Constitucionalidade

Como visto no item anterior, controlar a constitucionalidade significa impedir a eficácia de normas
contrárias à Constituição e, para tanto, a defesa da Carta Maior pressupõe a existência de garantias e
institutos destinados a assegurar a observância, a aplicação, a estabilidade e a conservação das
suas normas.

Nas palavras de José Joaquim Gomes Canotilho:

O Estado Constitucional democrático ficaria incompleto e enfraquecido se não assegurasse um


mínimo de garantias e de sanções: garantias de observância, estabilidade e preservação das normas
constitucionais, sanções contra atos dos órgãos de soberania e de outros não conformes com a
constituição. A idéia de proteção, defesa, tutela ou garantia da ordem constitucional tem como
antecedente a idéia de defesa do Estado, que, num sentido amplo e global, se pode definir como o
complexo de institutos, garantias e medidas destinadas a defender e proteger, interna e
externamente, a existência jurídica e fática do Estado. Desta forma, o objeto de defesa não é pura e

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A SUPREMACIA DA CONSTITUIÇAÕ

simplesmente a defesa do Estado e sim da forma de Estado tal como ela é constitucionalmente
formada. [4]

A idéia de controle está intimamente vinculada à de rigidez constitucional. Somente em constituições


rígidas, em relação às quais se entende que nenhum ato normativo delas decorrentes pode modificá-
las, é possível verificar-se a superioridade da norma constitucional em face às demais normas.

O controle de constitucionalidade é definido como o ato de submeter à verificação de compatibilidade


normas de um determinado ordenamento jurídico com os comandos do parâmetro constitucional em
vigor, formal e materialmente (forma, procedimento e conteúdo), retirando do sistema jurídico
(nulificando ou anulando) aquelas que com eles forem incompatíveis.

Deste modo, o controle de constitucionalidade caracteriza-se como uma concretização e um


desenvolvimento do direito constitucional, mediante a fiscalização da observância e cumprimento das
normas e princípios constitucionais vigentes. Tal afirmativa propicia o entendimento de que os atos
normativos devem estar subordinados, formal, procedimental e substancialmente, ao parâmetro
constitucional. É o que se verá mais adiante.

Portanto, de nada adiantaria a existência da soberania constitucional se não fosse realizado um


sistema eficiente de defesa da Constituição, para que ela prevalecesse sempre soberana diante das
leis e de outros atos normativos que eventualmente a antagonizassem.

Para isso, o controle de constitucionalidade é o principal mecanismo, o meio de reação mais eficiente
nos países de constituição rígida. Por ele é possível garantir a unidade e eliminar os fatores de
desarmonia, que são as leis e atos normativos que se opõem ao texto fundamental, conflitando com
os seus princípios e demais comandos. Vale dizer ainda, com Zeno Veloso, que o controle de
constitucionalidade "serve também como barreira para os excessos, abusos e desvios de poder,
garantindo as liberdades públicas, a cidadania, os direitos e garantias fundamentais." [5]

Mas quais são os sistemas existentes na Teoria Constitucional para a realização da defesa da
Constituição?
Existem dois: o controle dito político e o jurisdicional.

O controle político é aquele exercido pelo próprio órgão criador da norma ou por outro ad hoc, o qual
não detém garantias de independência, caracterizando-se como preventivo e discricionário.

Em contrapartida, o controle jurisdicional é aquele exercido por órgãos detentores de garantias de


independência, como o Poder Judiciário, os quais não participam da criação das leis, agindo por
provocação ou ex lege, de forma definitiva e com pouca discricionariedade.

Para melhor entender-se a distinção entre estes dois sistemas de controles, destaca-se os
ensinamentos de José Afonso da Silva:

O controle político é o que entrega a verificação da inconstitucionalidade a órgãos de natureza


política, tais como: o próprio Poder Legislativo, solução predominante na Europa no século passado;
ou um órgão especial, como o Presidium do Soviete Supremo da ex- União Soviética (Constituição da
URSS, art. 121, n.º 4) e o Conseil Constitutionnel da vigente Constituição francesa de 1958 (arts. 56 a
63). O controle jurisdicional, generalizado hoje em dia, denominado judicial review nos Estados
Unidos da América do Norte, é a faculdade que as constituições outorgam ao Poder Judiciário de
declarar a inconstitucionalidade de lei e de outros atos do Poder Público que contrariem, formal ou
materialmente, preceitos ou princípios constitucionais.

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TIPOS DE CONSTITUIÇÃO

Tipos De Constituição

Antes de adentrar no tema em epígrafe, faz-se mister fixar um conceito relevante de Constituição.

No âmbito jurídico o termo Constituição é mais frequentemente usado para designar a organização
Jurídica fundamental. Segundo Hans Kelsen, é o conjunto das normas positivas que regem a
produção do direito. Isto significa, mais explicitamente, conjunto de regras concernentes à forma do
Estado, à forma do governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus
órgãos, aos limites de sua ação.

Logo, Constituição é um conjunto de normas de Direito público, que visam disciplinar e orientar a
organização do Estado.

Quanto Ao Conteúdo

As Constituições podem ser materiais ou formais.

· Materiais

Na ótica da constituição material, o que se considera é o conteúdo das normas: são constitucionais,
que cuidam dos aspectos importantes do Estado (direitos fundamentais, forma de governo, forma de
Estado, organização dos poderes etc.), não levando em consideração se estão ou não dentro de
uma constituição escrita. Sendo assim, a Constituição é o conjunto de normas pertinentes à
organização do poder, à distribuição da competência, ao exercício da autoridade, à forma de governo,
aos direitos da pessoa humana, tanto individuais como sociais, enfim, tudo que se referir ao conteúdo
básico para composição e funcionamento da ordem política exprime o
aspecto material da constituição. Portanto em suma, constituições materiais são aquelas que
encerram em seu corpo matéria tipicamente constitucionais, ou seja, tratam apenas das normas
estruturais do Estado.

Destarte, são regras materialmente constitucionais aquelas que identificam a forma e a estrutura do
Estado, o sistema de governo, a separação dos Poderes, os direitos e garantias fundamentais.

· Formais

São constituições que levam em conta o processo de elaboração da norma, pois todas as normas
que estejam numa constituição escrita, solenemente elaborada, são constitucionais, ficando seu
conteúdo em segundo plano. Sendo assim, as normas constitucionais são identificadas pelo simples
fato de serem enxertadas no corpo de uma constituição.

Resumindo, encerram não por se referir aos elementos básicos institucionais de uma organização
política ou dizem respeito à reestruturação estatal. Tais normas situam-se hierarquicamente na Lei
Maior, sem contudo fazerem parte dos núcleos essenciais do Estado, por isso valorizam o processo
de sua formação e não seu aspecto interior.

A nossa Constituição Brasileira (1988) é do tipo formal, solenemente elaborada e rígida, mas contém
normas materialmente constitucionais e outras apenas formalmente constitucionais, por exemplo:
aviso prévio trabalhista, que nada tem a ver com formação básica do Estado.

A atual Constituição Brasileira é formada na medida em que não se restringe a tratar apenas de
elementos típicos do Estado.

Quanto À Forma

De acordo com o aspecto extrínseco, as constituições podem ser escritas ou não


escritas (costumeiras ou consuetudinárias).

· Escritas

São aquelas reduzidas e codificadas em apenas um único texto, como ocorre com a maioria dos
países, por exemplos as Constituições do Brasil, da Argentina, da Espanha.

· Não Escritas

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Também chamadas de costumeirassão decorrentes de textos esparsos não codificados, costumes e


jurisprudência, reconhecidos pelo povo como elementos de estruturação estatal. Como exemplos
desta última, temos as Constituições da Inglaterra e de Israel. O sistema inglês possui poucas leis,
baseando-se em precedentes. Este sistema jurídico tem sua origem no sistema Romano Germânico,
no quala lei define o comportamento esperado; a norma é abstrata, não devendo ser detalhista.

Sobre o sistema romano germânico, Jorge de Miranda discorre:

“Diz-se muitas vezes que a Constituição inglesa é uma constituição não escrita (unwritten
constitution)”. Porém, só em certo sentido este acerto se afigura verdadeiro: no sentido de que uma
grande parte das regras sobre a organização do poder político é consuetudinária, e sobretudo, no
sentido de que a unidade fundamental da constituição não repousa em nenhum texto ou documento,
mas em princípios não escritos assentes na organização social e política dos Britânicos.”

Quanto A Sistemática

A classificação quanto à sistemática remete à elaboração do texto constitucional. Ela poderá


ser Reduzida e Variada, Codificada ou Legal.

· Reduzida E Variada

Será reduzida quando posta em um único documento, um único e sistematizado código, como a
vigente Constituição brasileira. De outro lado, será Variada se disposto em textos esparsos como
a Constituição belga de 1830 e a francesa de 1975.

· Codificada

São aquelas que se acham contidas inteiramente num só texto, com os seus princípios e disposições
sistematicamente ordenado e articulado em título, capítulos e seções, formando em geral um único
corpo de lei.

· Legais

Também denominadas Constituições escritas não formais e que equivalem as variadas de Pinto
Ferreira, seriam aquelas escritas que se apresentam esparsas ou fragmentadas em vários textos.
Haja vista, a título ilustrativo, a Constituição francesa de 1875. Ela compreendia as leis
constitucionais, elaboradas em ocasiões distintas de atividade legislativa, exemplos: leis de
estabelecimento dos poderes públicos, da organização do Senado e de relações entre poderes. Em
conjunto foram designadas como a Constituição da Terceira República.

Para Pinto Ferreira a nossa Constituição Brasileira de 1988 seria reduzida, codificada ou unitária.

O Decreto Legislativo n.186/2008 que aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinado em Nova York, em 30 de março de 2007,
promulgados pelo Decreto n.6949 de 25/08/2009, tendo sido assim, incorporados aos ordenamento
jurídico brasileiro com status de norma constitucional.

Ainda existem vários artigos de emendas constitucionais que não foram introduzidos
na Constituição e, permanecendo como artigo autônomo das emendas, sem dúvida, tem natureza
constitucional e, portanto, eventual lei que contrarie artigo de emenda constitucional poderá ser
declarada inconstitucional, servindo a emenda como paradigma de confronto.

Quanto ao modo de elaboração:

No tocante ao modo elaboração, uma Constituição pode ser considerada dogmática ou histórica.

· Dogmática

Uma Constituição dogmática é uma peça necessariamente escrita e sistematizada, elaborada por um
órgão constituinte a partir de preceitos políticos e jurídicos bem definidos e declarados. Um bom
exemplo desse tipo de Constituição é a já citada Constituição Brasileira de 1988.

· Histórica

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Diferentemente das Constituições dogmáticas, uma constituição histórica tem sua formação por meio
de um longo e continuo processo de consolidação jurídica de fatores históricos e, principalmente,
comportamentais de um povo, sendo baseada não na lei escrita, mas nos usos e costumes adotados
pela população. O melhor exemplo desse tipo de constituição é a ConstituiçãoInglesa.

Quanto À Correspondência Com A Realidade

No critério ontológico de correspondência com a realidade de uma constituição costuma-se adotar


três níveis de classificação. São esses:

· Constituições Normativas

São as Constituições que subordinam as relações políticas e os agentes de poder ao seu controle
procedimental, devido a rigidez e clareza de suas normas nesse quesito, bem como ao respeito que
obtém de fato dos agentes do Estado. É a forma mais adequada a uma democracia.

· Constituições Nominativas

São as Constituições em que se busca o controle procedimental alcançado pelas Constituições


normativas, porém não obtém de fato o mesmo respeito por parte dos agentes do poder.

· Constituições Semânticas

Constituições semânticas são aquelas em que não há nem mesmo a ambição de se controlar as
relações de poder, tendo como finalidade apenas assegurar legitimidade meramente formal aos
detentores do poder. É um tipo constitucional utilizado apenas por Estados autocráticos ou
totalitários.

Quanto À Origem

Ao tratar das Constituições, não se pode ficar preso a uma só ideia, uma vez que as constituições
sofreram uma série de variações conforme o tempo em que foram elaboradas até os dias atuais. Isso
pode ser percebido pela forma como a mesma pode entrar em vigência. Neste sentido pode-se
observar duas formas atuais de constituição quanto à origem, as Promulgadas e as Outorgadas.

· Promulgadas

As constituições Promulgadas, conhecidas também como populares por terem uma grande
participação do povo, já que são elaboradas por uma assembleia constituinte eleita pelos cidadãos,
tem como principal característica garantir os direitos fundamentais dos cidadãos.

Quanto à forma de governo desta constituição, predomina-se o governo democrático.

A constituição Federal de 1988, conhecida como constituição cidadã, é um exemplo


de constituição promulgada, já que foi elaborada por uma assembleia constituinte e também pelo fato
de a mesma garantir direitos à população. Um fator peculiar deste tipo de Constituição diz respeito ao
voto, que é para todos, independentemente da classe econômica, bem como de eleições diretas, fato
desconhecido na outorgada. Essa Constituição não centraliza todo o poder na mão do executivo, mas
há a divisão dos poderes em Três, Executivo, Legislativo e Judiciário, o que garante uma igualdade
dos poderes, tornando-os harmônicos mais ao mesmo tempo independentes e, dessa forma,
auxiliando para que não existam decisões que beneficiem uma só parte já que os integrantes dos
poderes executivo e legislativo são eleitos pela população. Isto mostra ainda mais que
a Constituição de 1988 é muito voltada para o bem estar popular e também para atender e garantir a
participação dos cidadãos.

· Outorgada

Quanto à Constituição outorgada, pode-se perceber uma grande diferença desta em relação à
constituição promulgada, principalmente pelo fato de que a Constituição outorgada é feita pura e
simplesmente pela vontade do governo, uma vez que o poder executivo visa assegurar a forma de
governo própria defendendo seus interesses, sendo isso bom ou não para a população, o que é
impensável em uma constituição promulgada. Ainda, em relação à Constituição outorgada, não existe

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a formação de uma assembleia constituinte com participação popular e principalmente com a eleição
de quem a população quer que a elabore, já que neste caso, compete ao governo decidir quem a irá
elaborar, sempre com quem mais lhe interessa.

Este Tipo De Constituição É Típico De Regimes Totalitários Ou Ditaduras.

A constituição de 1824, que foi elaborada após a dissolução da assembleia constituinte, tem algumas
características próprias de constituição outorgada, como por exemplo, a existência de um poder
moderador, onde todas as decisões teriam de passar pelo crivo do Imperador. Porém esta não é a
característica predominante, já que a principal é o fato de ter um poder único e totalmente
centralizado. Outro aspecto comum da constituição outorgada é o fato de ter-se um voto censitário, o
que era muito comum na época, mas principalmente pelo fato de que o voto era indireto, muito
presente nesse modo de constituição.

Alem dos modelos tradicionais, também podem ser encontradas outras duas formas de constituição,
que são as Cesaristas e Pactuadas. A Cesarista é menos comum e pouco utilizada, tendo o seu
enfoque principal no governo napoleônico e também no governo do Pinochet, sendo essa muito
parecida com constituições outorgadas por causa da forma de governo onde a mesma é aplicada,
que são em estados totalitários, mas com a participação popular por meio de plebiscitos que são
realizados em cima do projeto constitucional, que por sua vez é feito pelo governo, podendo ser um
Imperador, como no caso de Napoleão, bem como pode ser um governo ditatorial, como no exemplo
de Pinochet.

No caso das constituições Pactuadas pode-se observar que são aquelas constituídas em cima de um
pacto. Dessa forma, o poder constituinte do tipo originário, se concentra na mão de mais de um
responsável, essas não partilham da mesma forma das constituições atuais, assim vê-se que essas
foram muito utilizadas na Idade Média. Na visão de Paulo Bonavides, este tipo de constituição, a
pactuada, marca uma época muito importante, onde o poder da realeza sofria já algumas influências
da população que almejava alcançar alguma participação no governo, também ressalta que o
equilíbrio era precário, uma vez que sempre existe uma parte contra a forca.

Partindo dessas formas de origem constitucional, pode-se fazer uma diferenciação


entre constituição e carta. Segundo Pedro Lenza, pode-se constituição é o termo jurídico utilizado
para a Lei Fundamental que tenha sido promulgada e com apoio popular, uma vez que deve ter tido
sua origem em uma assembleia constituinte. Já carta também é uma lei fundamental, porém deve ter
sido outorgada (imposta a sua população), através de um poder totalitário e pode ser até sem a
formação de um poder constituinte, porém essa deve ser feita pelo governante totalitário ou pela
parte revolucionária que a está impondo, sendo que não há participação popular, assim
genericamente podem ser separadas pela forma como foram originadas.

Quanto A Estabilidade

Ao se falar de estabilidade, vale ressaltar, que se trata da possibilidade de alteração da Constituição.


A doutrina não é unânime quanto a esta divisão, mas, a maioria dos doutrinadores classificam as
Constituições, quanto à sua alterabilidade em Rígidas, Flexíveis e Semirrígidas.

· Rígida

A constituição rígida é aquela que precisa, para sua alteração, de um processo legislativo especial,
ou seja, este tipo de constituição, só é alterável mediante processo legislativo mais árduo, mais
solene e com exigências formais especiais, diferentes e mais difíceis que os de formação das leis
ordinárias ou complementares.

· Flexível

A constituição é flexível, quando pode ser livremente modificada pelo legislador segundo o mesmo
processo de elaboração das leis ordinárias. Portanto, não possui um processo legislativo de alteração
mais dificultoso do que o processo legislativo de alteração das normas infraconstitucionais. Neste
sentido, do ponto de vista formal, não existe hierarquia entre constituição e lei infraconstitucional.

· Semirrígida

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A constituição semirrígida, por sua vez, é uma mescla da rígida e da flexível, contendo matérias que
podem ser alteradas pelo processo ordinário, ou simples (flexíveis), e outras que pressupõem um
processo de modificação mais sofisticado e difícil.

A rigidez da constituição não impede mudanças na mesma, ela apenas dificulta estas mudanças,
delineando um processo especial para alteração das leis.

A rigidez tem como consequência o princípio da Supremacia da Constituição. Esta supremacia coloca
a constituição numa situação de superioridade em relação às outras normas do ordenamento, que
por sua vez, devem estar de acordo com o que diz na Constituição, caso contrario serão declaradas
inconstitucionais.

Quanto À Extensão E Finalidade

· Constituições Sintéticas

As constituições sintéticas, também denominadas breves, sumárias ou básicas, sucintas ou concisas,


são as que se restringem aos elementos substancialmente constitucionais emitindo princípios e
normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder através da estipulação de
direitos e garantias fundamentais. José Afonso da Silva, em sua obra Curso de Direito Constitucional
Positivo afirma que o constituinte rejeitou a constituição-sintética por se tratar de
uma constituição negativa, pois constrói apenas liberdade-negativa ou liberdade-impedimento, oposta
a autoridade, modelo que também pode ser chamado de constituição garantia. Nestas constituições o
legislador constituinte deixa a pormenorização dos direitos e deveres a cargo do legislador comum.
Esses modelos tem muita durabilidade, pois tem grande potencial de manutenção, vez que se dedica
a princípios mais amplos tornando possível a adaptação do texto a realidade concreta e suas
constantes mudanças. Um bom exemplo disso é a ConstituiçãoNorte-Americana, de 1787
(atualmente com 225 anos), que possuí apenas 7 artigos. Paulo Bonavides em sua obra Curso de
Direito Constitucional afirma que a maior estabilidade e flexibilidade da constituição sintética além de
permitir sua adaptação a atualidade permite também "improvisar soluções que poderiam, contudo,
esbarrar na rigidez dos obstáculos constitucionais". Augusto Zimmermann nos dá mais dois exemplos
de constituições sintéticas: a Constituição do Japão, de 1946, que conta com 103 artigos e
a Constituiçãoda França, de 1958, com 92 artigos.

· Constituições Analíticas

As constituições analíticas, também chamadas prolixas, extensas, inchadas, amplas e minuciosas,


são aquelas que regulamentam todos os assuntos relevantes a formação, destinação e
funcionamento do Estado, sendo esse modelo atrelado ao modelo de constituição-dirigente. Descem
minúcias estabelecendo regras que deveriam estar em leis infraconstitucionais (como por exemplo o
art. 242 parágrafo 2º da CF/88 que dispõe que o Colégio Pedro II, localizado no RJ, deve ser mantido
na órbita federal), trazendo o problema de se definir os limites desse tipo de constituição, como
comenta jurista português Joaquim Gomes Canotilho em sua obra Constituição Dirigente e
Vinculação do Legislador: "o que deve (e pode) uma constituição ordenar aos órgãos legiferantes e o
que deve (como e quando deve) fazer o legislador para cumprir, de forma regular, adequada e
oportuna, as imposições constitucionais". Paulo Bonavides define duas causas para adoção desse
modelo de constituição: "a preocupação de dotar certos institutos de proteção eficaz, o sentimento de
que a rigidez constitucional é anteparo ao exercício discricionário da autoridade, o anseio de conferir
estabilidade ao direito legislado sobre determinadas matérias e, enfim, a conveniência de atribuir ao
Estado, através do mais alto instrumento jurídico que é a Constituição, os encargos indispensáveis à
manutenção da paz social". Já Andre Ramos Tavares considera como razões para adoção desse
modelo a indiferença do legislador ordinário, que tem se transformado em desconfiança, a certos
direitos subjetivos que estão merecendo proteção jurídica diferenciada, a imposição de certos
deveres aos governantes evitando desvio de poder e arbitrariedade e a necessidade de que certos
institutos sejam perenes garantindo sentimento de segurança jurídica decorrente da rigidez
constitucional. Os exemplos que podemos apresentar de constituições analíticas são a
nossa Constituição de 1988 e a Constituição da Índia de 1950, que conta com 400 artigos.

Quanto À Dogmática Ou Ideologia

· Constituição Ortodoxa

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É formada por uma só ideologia, como por exemplo nas constituições da China marxista e
na Constituição Soviética de 1977, já extinta.

· Constituição Eclética

Resulta do embate ideológico existente quando da elaboração do texto constitucional e alguns


autores a aproximam da constituição compromissória. Canotilho explica
a Constituição compromissória da seguinte maneira: "numa sociedade plural e complexa
a constituição é sempre um produto do pacto entre forças políticas e sociais. Através de 'barganha' e
de 'argumentação', de 'convergências' e 'diferenças', de cooperação na deliberação mesmo em caso
de desacordos persistentes, foi possível chegar, no procedimento constituinte, a um compromisso
constitucional ou, se preferirmos, a vários"compromissos constitucionais". As constituições de
Portugal de 1976 e a nossa Constituiçãode 1988 são exemplos de constituições compromissórias e
ecléticas, como também a Constituição da Índia de 1950.

Quanto Ao Sistema

Segundo Diogo de Figueiredo Moreira Neto, a classificação das constituições dá-se também quanto
ao sistema, este podendo ser preceitual ou principiológico.

· Preceitual

Na classificação preceitual, as normas não tem a mesma abstração mas, de forma coercitiva, as
regras são concretizadoras dos princípios contidos na Constituição.

· Principológico

No sistema principológico, como o próprio nome já diz, predominam-se os princípios, os quais se


consagram por meio das normas constitucionais.

Constituições Expansivas

Para este autor, a atual Constituição Brasileira mantém certos assuntos expostos de maneira menos
específica por conta de novas discussões acerca de temas inéditos ou já existentes - que possam ser
tratados de maneira diferente, como é o caso dos direitos humanos. Dessa forma, a classificação
concentra-se no conteúdo, no qual existem 3 distinções: conteúdo anatômico e estrutural
da Constituição- que diz respeito à estruturação do texto e sua divisão em títulos, capítulos
etc; comparação constitucional interna- faz uma relação entre a atual Constituição Federal brasileira
com suas antecessoras, verificando as modificações e extensões de cada uma; comparação
constitucional externa- há uma relação entre a atual Constituição brasileiracom as Constituições
estrangeiras, verificando-se a extensividade presente nelas.

Regras Constitucionais Quanto À Aplicabilidade

As normas constitucionais também podem ser classificadas quanto à aplicabilidade. Algumas podem
ser efetivadas imediatamente e outras não. Aquelas que entram em vigor imediatamente são
chamadas de autoexecutáveis justamente por terem hipótese completa e disposição definida, além
de serem autossuficientes. As outras, portanto, cuja aplicação não se dá imediatamente, podem ser
chamadas de não autoexecutáveis. Tais normas dependem de outras regras contidas
na Constituição para que possam ser complementadas e, posteriormente, implementadas.

As normas não autoexecutáveis se subdividem em três tipos: normas incompletas, normas


condicionadas e normas programáticas. Respectivamente, as incompletas não tem hipótese e
definição bem detalhadas; as condicionadas apenas parecem ser bem detalhadas quanto aos
mesmos critérios, entretanto, por tratarem apenas de projetos, não possuem a força para funcionar
autonomamente. Assim são necessárias normas posteriores que regulamentem o projeto para que
este tenha efetividade. As programáticas, por sua vez, são regras que indicam os planos que o
governo deve seguir no futuro. Dando uma atenção maior às normas programáticas, é válido ressaltar
que elas existem como um mecanismo de defesa da sociedade contra o poder do Estado, obrigando-
o, por meio de normas previstas na Constituição, a tomar uma série medidas. Caso isso não ocorra, a
própria Constituição já prevê institutos, como a Ação de Inconstitucionalidade por Omissão ou
Mandado de Injunção, os quais devem ser usados quando a constituição não é respeitada. À título de

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TIPOS DE CONSTITUIÇÃO

complementação, é bom observar que as normas programáticas têm seu conteúdo voltado,
principalmente, para garantir os direitos sociais (2ªgeração de direitos), como a educação e a saúde
pública.

Constituições Dirigentes, Balanço e Garantia

As Constituições podem ser classificadas de maneiras diferentes, sendo elas as


de garantia, balanço e dirigente, esta última sendo a mais comum na atualidade, uma vez que
ganhou uma conotação muito interessante e acabou sendo muito bem recebida nas constituições
modernas.

· Constituições Dirigentes

Estas também podem ser chamadas de constituições diretivas e programáticas. Dessa forma, seu
nome já mostra o que a mesma pretende traçar, que é o fato de programar fatos e objetivos que o
governo, estado, deve alcançar no futuro, ou, no período em que a mesma estiver em vigência.
Muitas dessas diretrizes têm o caráter popular, ao traçar metas para que o governo as cumpra e
beneficie a população, já que são muito comuns nas constituições populares.

Analisando a mesma, pelo fato de que essa vai propor uma diretriz e prever projetos para que o
governo siga em prol da sociedade, a constituição passa a intervir na vida social e econômica, sendo
contrária ao pensamento liberal que via a carta magna exclusivamente como uma carta política, uma
vez que ela acaba intervindo na vida da população para que vários direitos acabem sendo
assegurados, como é o caso da nossa atual Constituição Federal de 1988, que prevê varias diretrizes
para o governo, sendo que logo no artigo terceiro da mesma fica clara essa programação
da constituição para a sociedade e governo, sendo que o estado tem que assegurar ou alcançar
esses objetivos, que são dispostos como princípios fundamentais da carta magna.

· Constituição Balanço

Constituição balanço era o tipo de Constituição adotada pelos países soviéticos. Tem como principal
objetivo estabelecer as relações de poder e descrever a organização política implementada. Uma
peculiaridade deste tipo de Constituição é seu caráter provisório, pois cada constituição deveria ser
adequada apenas à etapa do socialismo em que o Estado se encontrava. Quando tal etapa fosse
considerada cumprida a Constituição seria substituída por uma nova, que faria um balanço desse
novo estágio da busca ao comunismo, como ocorreu em 1924, 1936 e 1977.

· Constituição Garantia

É tipo de Constituição que visa garantir a liberdade através da limitação do poder. Há uma grande
preocupação em garantir os direitos fundamentais do indivíduo, especialmente perante o Estado. Se
desenvolveu pela necessidade de se contrapor a Constituição Balanço.

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PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte

É a manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente


organizado.

O Poder constituinte é o poder que tudo pode.

Titularidade do Poder Constituinte: é predominante que a titularidade do poder constituinte pertence


ao povo. Logo, a vontade constituinte é a vontade do povo expressa por meio de seus
representantes.

Espécies:

A - Poder Constituinte Originário - Estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-se e


criando os poderes destinados a reger os interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro,
não sofre qualquer limite e não se subordina a nenhuma condição.

Ocorre Poder Constituinte no surgimento da 1ª Constituição e também na elaboração de qualquer


outra que venha depois.

Características:

Inicial - não se fundamenta em nenhum outro; é a base jurídica de um Estado;

Autônomo / ilimitado - não está limitado pelo direito anterior, não tendo que respeitar os limites postos
pelo direito positivo anterior; não há nenhum condicionamento material;

Incondicionado - não está sujeito a qualquer forma pré-fixada para manifestação de sua vontade; não
está submisso a nenhum procedimento de ordem formal

B - Poder Constituinte Derivado - também chamado Instituído ou de segundo grau – é secundário,


pois deriva do poder originário. Encontra-se na própria Constituição, encontrando limitações por ela
impostas: explícitas e implícitas.

Características:

Derivado - deriva de outro poder que o instituiu, retirando sua força do poder Constituinte originário;

Subordinado - está subordinado a regras materiais; encontra limitações no texto constitucional. Ex.
cláusula pétrea

Condicionado – seu exercício deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da CF; é
condicionado a regras formais do procedimento legislativo. Este poder se subdivide em:

I) poder derivado de revisão ou de reforma: poder de editar emendas à Constituição. O exercente


deste poder é o Congresso Nacional que, quando vai votar uma emenda ele não está no
procedimento legislativo, mas no Poder Reformador.

II) poder derivado decorrente: poder dos Estados, unidades da federação, de elaborar as suas
próprias constituições. O exercente deste poder são as Assembléias Legislativas dos
Estados. Possibilita que os Estados Membros se auto-organizem.

A Constituição de 1988 deu aos Municípios um status diferenciado do que antes era previsto,
chegando a considerá-los como entes federativos, com a capacidade de auto-organizar-se através de
suas próprias Constituições Municipais que são denominadas Leis Orgânicas.

Poder Constituinte - Conceito, esboço histórico, titularidade, tipos de poder constituinte e outras
considerações acerca do tema

1. Poder Constituinte

A noção de supremacia da Carta Maior frente às outras normas jurídicas decorre de sua gênese,

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PODER CONSTITUINTE

embasado em um poder fundador e instituidor dos demais poderes, nascendo daí seu epíteto, poder
constituinte. O poder constituinte pode ser analisado em uma dupla perspectiva, qual seja: originário
e reformador, o primeiro trata-se do poder elaborar as cartas constitucionais, o segundo tem como
atribuição a reforma das constituições, como objetivo de adequá-las ao contexto social e político
vigente.

As normas confeccionadas pelo poder constituinte – seja o originário ou reformador – estão insertas
em um corpo normativo, à Constituição, situado em uma posição de primazia às demais normas do
ordenamento jurídico.

2. Esboço Histórico

A análise do Poder Constituinte, nos traços que hodiernamente se conhece, remete-se


indispensavelmente, ao movimento constitucionalista do Século XVIII, que teve como foco a real
participação dos cidadãos na formação de Um Estado Democrático de Direito.

Gerado nos estudos do abade francês Joseph Sieyés, o Poder Constituinte, é fundamentalmente um
poder de características políticas e filosóficas, vez que funda a disposição constitucional que irá
gerenciar a vida de certa nação.

O próprio movimento constitucionalista remete-se à análise do Estado e a conformação no qual este


se expôs durante a história, tendo como foco inicialmente a delimitação de sua teoria, no intuito de
construir fundamentos teóricos pertinentes e necessários ao rompimento com Absolutismo reinante a
época.

Introdutoriamente, a doutrina brasileira entende o constitucionalismo como o movimento humano


inclinado à limitação dos poderes estatais exercidos sobre a sociedade, bem como, a garantia da
participação de todos na gestão da coisa pública e mantença do Estado Democrático de Direito.

A limitação estatal pugnada ocorreu mediante o decurso do tempo e da ambição latente das
sociedades em certos momentos da história, a exemplo da insurreição francesa e da revolução
industrial.

Os europeus estavam cansados do absolutismo e de um Estado Interventor, estampado na figura do


Rei que se inseria a todo instante no âmbito dos direitos individuais dos cidadãos. Neste contexto
surgiu um pequeno segmento da sociedade, chamados de burgueses, que ao final do feudalismo,
empreenderam uma luta democrática em desfavor do Estado e dos nobres, com a finalidade de
libertar o povo do modelo estatal vigente, originando ali, os direitos e garantias individuais de primeira
dimensão ou geração, com fulcro de limitar a atuação do Estado.

Assegurada à liberdade individual, a classe burguesa insurgiu-se ao poder na forma do capital. Desta
feita, não obstante todos serem estimados como iguais, nem todos conseguiram exercer a liberdade
de forma plena, vez que houve uma concentração do poder, antes soberano do Estado, a burguesia,
que começou a explorar demasiadamente os seus interesses econômicos, abusando dos
proletariados, classe trabalhadora que ser formou as margens da industrialização.

Com o passar dos anos, aumentaram os trabalhadores e suas mazelas, havendo novas cobranças
sociais com intuito de atenuar as diferenças sociais originadas com à ascensão da classe burguesa
ao poder, no sentido de obrigar o Estado atuar positivamente, intervindo no meio social para
minimizar as desigualdades veementes da época, fato este que concebeu os direitos e garantias de
segunda dimensão, chamados também de Direitos Sociais.

Ressalte-se que é possível encontrar em todo o período da modernidade, a Constituição como


dispositivo jurídico, regulador da estrutura do Poder Público e dos direitos e garantias da sociedade,
tendo como função também ser a linha de interseção do povo para com o Estado.

MORAES ao dissertar sobre o tema, diz que “o constitucionalismo escrito surge com o Estado,
também com a função de racionalização e humanização, trazendo consigo a necessidade da
proclamação de declarações de direitos”.

Devido aos movimentos citados acima, as cartas constitucionais obtiveram grande destaque,
funcionando no constitucionalismo moderno como instrumento de contenção aos arbítrios

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PODER CONSTITUINTE

provenientes do poder estatal. Em um plano lógico e jurídico, toda carta constitucional necessita de
um Poder Constituinte, e que os anseios dos seus titulares sempre existiram nas sociedades
organizadas.

3. Conceito de Poder Constituinte.

Os conceitos formulados pelo os doutrinadores brasileiros são análogos e seu objeto evoca a
formação de uma Carta Constitucional. Vejamos o que dizem os grandes doutrinadores do tema:

CANOTILHO diz que: “o poder constituinte, como próprio nome indica, visa constituir, criar, positivar
normas jurídicas de valor constitucional”.

MALUF afirma o seguinte: “o poder constituinte é uma função da soberania nacional. É o poder de
constituir e reconstituir ou reformular a ordem jurídica estatal”.

Para BONAVIDES o poder constituinte é “um poder político, um poder de fato, um poder que não se
analisa em termos jurídicos formais e cuja existência e ação independem de configuração jurídica”.

O poder constituinte não se subordina a qualquer outro, possui sua própria natureza, é absolutamente
livre, se expressando do modo que lhe convier, se funda sobre si mesmo, precisamente por ser
antecedente ao ordenamento jurídico e consequentemente aos poderes constituídos.

Resta demonstrado homogeneidade doutrinária acerca da conceituação do Poder Constituinte.

4. Titular Do Poder Constituinte.

Para Emmanuel Joseph Sieyés o titular do Poder Constituinte é a nação vez que a titularidade do
Poder coaduna-se a concepção de soberania do Estado que através da atividade do poder
constituinte originário estabelecerá sua formação essencial pela carta constitucional, que será
necessariamente superior aos poderes constituídos, do modo que todas as atitudes dos poderes
compostos unicamente alcançará a inteira validade se sujeitar-se à Carta Magna.

Emmanuel Joseph Sieyés (1784-1836) é o autor da obra Qu‟est-ce que le tiers État?, que em uma
tradução livre, significa o que é o terceiro Estado?, real manifesto da Insurreição Francesa, no qual
exibe as exigências da burguesia, conceituando-a como a nação e por conseguinte, titular do poder
constituinte, onde a titularidade do Poder estava relacionado à soberania do Estado, vez que
mediante a atividade do constituinte de primeiro grau a organização da estrutura estatal era
estabelecida, de maneira que toda expressão advinda dos poderes constituídos eram mero reflexo do
poder constituinte de originário.

Hodiernamente, é dominante na doutrina brasileira que a titularidade do Poder Constituinte concerne


ao povo, pois o Estado emana da soberania popular, cujo conceito é mais amplo do que o de Nação,
assim, os anseios constituintes na verdade são aspirações populares propagadas por meio de seus
representantes.

A doutrina contemporânea afirma ainda que o Poder Constituinte originou-se do advento das
Constituições escritas, com a finalidade de limitar o poder do Estado e preservar os direitos e
garantias individuais.

MELLO legitimando este ponto de vista, ensina que as “Assembleias Constituintes não titularizam o
Poder Constituinte. São apenas órgãos aos quais se atribui, por delegação popular, o exercício dessa
magna prerrogativa”.

A Carta Magna de 1988 no seu art. 1º afirma ser o povo o detentor da soberania, onde todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos
desta Constituição.

O povo reconhecidamente é titular do Poder Constituinte, mas a ele não cabe o exercício direto do
mesmo, havendo uma titularidade passiva, ao qual se atribui uma vontade constituinte que é sempre
executada por um pequeno grupo social.

Assim há distinção do titular do Poder Constituinte daquele que o exerce, onde o titular é

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necessariamente o povo e o exercente aquele que, em nome do povo, constrói o Estado, editando e
reformando a carta constitucional.

5. Tipos De Poder Constituinte

Pacificamente, a doutrina admite duas espécies de poder constituinte denominados de originário e


reformador. O poder constituinte originário é o poder de elaborar uma carta constitucional, já o poder
reformador é utilizado para alterar formalmente uma Constituição existente. Essas duas formas de
poder constituintes serão melhores ponderadas adiante.

Somadas a essas duas formas tradicionais de poder constituinte, doutrinas contemporâneas acolhem
a existência de mais duas espécies de poder constituinte, quais sejam: o poder difuso e o poder
constituinte supranacional.

O Poder constituinte difuso é manifestado mediante as chamadas mutações constitucionais, que


podem ser concebidas como mudanças interpretativas no texto da Constituição, sem que haja uma
alteração em sua estrutura formal. A norma expressa conservar-se com a mesma escrita, alterando
apenas a sua acepção interpretativa, onde é adotada uma nova interpretação ao texto constitucional

O poder constituinte supranacional basea-se na ideia de cidadania universal, na qual há uma maior
relativização no princípio da soberania estatal, onde as Constituições assentem ao direito
comunitário, tornando-se Textos Constitucionais supranacionais, globalizando o direito constitucional
e acolhendo em especial, a influência do Direito Internacional dos Direitos Humanos.

6. Poder Constituinte Originário

O Poder constituinte originário, genuíno ou de 1ºgrau instaura novo agrupamento social e político,
com fulcro de organizar e conceber poderes com fins de reger os anseios de uma sociedade.

Teoricamente ele é percebido como uma manifestação soberana da máxima aspiração política de um
povo, social e juridicamente aparelhado. A inteligência de um Poder Constituinte é amparo racional
de que há um documento legal súpero ao resto do ordenamento jurídico, que em princípio não poder
ser alterado pelos poderes estabelecidos, já que ele é fonte de autoridade e soberania destes.

É o poder que tem como razão de existência o início de uma nova ordem jurídica, seja pelo o
nascimento de um Estado, por exemplo, como ocorreu com os Estados Unidos da América em 1776,
ou porque uma Constituição é abandonada em detrimento de outra, como no caso da República
Federativa do Brasil de 1988, esta pode ser realizada por diversas formas, tais como: democrática,
revolucionária e por golpe de Estado.

O poder constituinte de primeiro grau é a legitimação de uma nova forma de Poder, assentado na
concepção de soberania nacional e popular, conferindo expressão jurídica às estes termos, imbuídos
de filosofia iluminista e do pensamento mecanicista, historicista e antiautoritário das razões francesas.

Esta espécie de poder se traduz incessantemente como um atributo de força, legitimação com
competência de garantir, criar ou destruir uma constituiçãode um determinado Estado, alterando a
sua estrutura e informando novos valores a nação.

Como dito a idealização da teoria do Poder Constituinte surge na Insurreição Francesa de 1789 a
partir da obra “o panfleto "Qu‟est-ce que le tiers état?", significando em português “O que é o terceiro
Estado”, do abade Emmanuel Joseph Sieyès.

Este autor utiliza-se de fundamentos da doutrina do contrato social, vislumbrando a existência de um


poder inerente à nação, preponderante aos poderes ordinariamente compostos e por eles
inalteráveis: o Poder Constituinte. O objetivo era a legitimação e a ascensão do Terceiro Estado ao
poder político, esta obra delineou as linhas mestras da Teoria do Poder Constituinte, relevante tema
de estudo do Direito Constitucional.

7. Características Do Poder Constituinte

Na teoria de Sieyes o Poder Constituinte originário tem como características ser inicial, autônomo e
omnipotente. Inicial porque não há anterior a ele nenhum outro poder, situando-se nele por primazia o

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desejo da vontade soberana. É um poder autônomo, pois é o único capacitado a deliberar o modo e o
tempo da nova Constituição e Omnipotente porque não encontra-se subordinado a nenhuma forma
ou comando.

Destaca-se, ainda que o Poder Constituinte é imperecível, vez que não desparece com a
consumação de sua obra, ou seja, com a criação de uma nova Constituição. Sieyés, ao tratar sobre o
tema, diz que “o Poder Constituinte não esgota sua titularidade, que permanece latente,
manifestando-se novamente mediante uma nova Assembleia Nacional Constituinte ou um ato
revolucionário”.

8. Formas De Expressão Do Poder Constituinte Originário

Não existe procedimento determinado pelo qual se apresenta o poder constituinte originário, uma vez
que tem como características ser incondicionado e ilimitado. Analisando historicamente
a constituição de diversos países, há a possibilidade de assinalar duas formas básicas de expressão
do poder constituinte originário, qual seja: Assembleia Nacional Constituinte e o Movimento
Revolucionário, também chamado de outorga.

A Assembleia Constituinte é um mecanismo gerado dentro da ordem política e institucional de um


Estado, munido de plenos poderes, para propor uma alteração ou a concepção de uma nova carta
constitucional. Comumente, ela é composta a partir da escolha de representantes exclusivos para
este fim e é dissolvida quando finda seus trabalhos. Em algumas nações, é comum que um referendo
homologue a Constituição sugerida.

No Brasil, a última Assembleia Constituinte instaurada foi justamente a que apresentou o texto
da Constituição Federal de 1988, que vigora até hoje.

O outro procedimento é a outorga, este de processo mais simples, pois, o agente simplesmente
promulga a nova constituição, à qual o povo dá eficácia por aceitação tácita, cumprindo-a. Como
exemplo podemos citar a Constituição Política do Império do Brasil, outorgada por uma Carta Régia
do Imperador Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.

9. Poder Constituinte Derivado

O poder constituinte de reforma é um poder secundário ou derivado, advindo do poder constituinte


originário que regula o procedimento a ser empregado e os limites a serem vigiados, diferindo-se
daquele por não ser inicial, nem incondicionado, nem ilimitado.

Como dito acima, as normas originadas do Poder Constituinte regulam um corpo normativo situado
em uma posição privilegiada em relação aos demais preceito jurídicos de uma nação, dividindo-o em
originário e reformador. O Poder reformador nasceria do originário e teria como função precípua
alterar o texto da constituição, sendo suas características substanciais a limitação material de reforma
e a condicionalidade, pois se não existissem limiares, não haveria distinção entre o Poder criador e o
revisor.

10. Conceito Do Poder Constituinte Derivado

O poder constituinte de reforma pode ser conceituado como um poder instituído pelo originário que
visa modificar a Carta Constitucional, objetivando adapta-la as transformações sucedidas no campo
social de um determinado Estado Soberano, amoldando-a as mutáveis exigências sociais, podendo
essa reparação compreender uma adição, exclusão ou alteração de frações do conteúdo
constitucional.

Por determinação do Poder de reforma nascem as normas constitucionais, não obstante a elaboração
desse corpo normativo não efluir diretamente da soberania popular, mas indiretamente, tal como
ocorre na produção das normas jurídicas secundárias.

A expressão competência reformadora, aquela capaz de modificar a Constituição, parece o modo


mais adequado de denominar a possibilidade de alterar parcialmente a Constituição, utilizando o
termo Poder Constituinte apenas quando tratar de criação de uma nova lei maior.

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A concepção dominante na doutrina é que o poder constituinte reformador possui natureza jurídica,
pois ele é um poder de direito, apenas manifestando a atividade de uma competência reformadora, e
não político ou de fato, tal como ocorre com o poder constituinte originário.

11. Características

O poder constituinte reformador não esboça as mesmas particularidades do Poder constituinte


originário, pois um advém do outro, daí se arrebata a sua exordial característica, qual seja, a
derivação, já que ele se origina de outro poder que é estabelecido na própria constituição, além de
descender, ele é também subordinado ao Poder constituinte que o criou, existindo uma série de
limites que podem ser explícitos, quando aparecem no texto constituinte, e implícitos, já que não
constam expressamente na constituição.

A doutrina tem o hábito de diferenciar a titularidade do exercício do Poder Constituinte, sendo


entendimento majoritário que a primeira é pertencente ao povo, ou seja, os anseios do constituinte é
a vontade do povo, que apresenta-se por meio de seus representantes legais. No Brasil, a atribuição
para exercício do poder constituinte reformador predito pela Constituição Federal de 1988 compete
aos membros do Congresso Nacional, na figura dos deputados federais e senadores devidamente
eleitos, que efetuam função legislativa proveniente do Poder legislativo e extraordinariamente idem
exercem a função reformadora que advém do poder constituinte derivado.

Maior parte da doutrina afirma que a reforma constitucional é um procedimento técnico de alteração
constitucional, sendo ela tida como gênero do qual são espécies a revisão constitucional e a emenda.

A emenda constitucional é uma modificação da constituição de um Estado, resultando em mudanças


pontuais do texto constitucional, advindos de um processo legislativo rígido previsto na própria Carta
Magna. Já a revisão é ampla alteração da redação do texto constitucional, destinando-se ao processo
de transformações constitucionais pelos procedimentos e conformação as demarcações
estabelecidas na Magna Carta.

12. Restrições

O direito positivo comporta uma série de restrições ao Poder Constituinte de Reforma, integralmente
prenunciados pelo ordenamento jurídico vigente, que podem ser classificados em uma pluralidade de
classificações a depender da via de penetração na estrutura constitucional. Uma primeira esfera de
restrições são as internas, também conhecidas como autônomas, que procedem da própria carta
magna e que estabelecem divisas intransponíveis ao Poder Constituinte.

Segundo SILVA, as limitações impostas ao poder reformador são de três espécies:

Temporais, circunstanciais e materiais (explícitas ou implícitas). As primeiras, temporais, que impõe


um lapso temporal para que haja a reforma do texto constitucional (daquilo que pode ser reformado
pelo poder constituinte derivado, obviamente), não são comuns na história do Direito Constitucional
brasileiro, tendo o seu único registro na Constituição do Império, de 1824.

As limitações circunstanciais são aquelas impostas para garantir a segurança institucional quanto ao
momento da reforma do texto constitucional em virtude de algumas conjunturas especificas presentes
no Estado quando da tramitação do processo de emenda.

Os limites circunstanciais existem para impedir reformas ao texto constitucional em momentos de


adversidades institucionais, em razão do ambiente em que se instaura nessas situações impróprias
como no estado de guerra, de sitio ou outro momento que possa limitar direitos e garantias
fundamentais.

E a última e mais importante das limitações para o nosso estudo é a material, que subdivide-se em
limitações materiais implícitas e explicitas.

Os limites materiais explícitos são aqueles insertos em dispositivos da Constituição que obstam a
competência do poder revisor ou reformador. Essas cláusulas, quanto a abrangência, podem ser
comuns ou específicas de determinados princípios, e, quanto ao conteúdo podem envolver qualquer
matéria constitucional. Em nossa lei maior, podemos identificar como limites explícitos ao poder de
reformar, as cláusulas pétreas, que estão previstas no seu art. 60.

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Os limites implícitos são aqueles insertos e identificados ao longo da Constituição e decorrem de


princípios, do regime e da forma de governo adotado, também denominada de cláusulas pétreas
implícitas.

BONAVIDES (2001, Pag 178) ao tratar sobre a matéria, assevera que: tais limitações:

São basicamente aquelas que se referem a extensão da reforma, á modificação do processo mesmo
de revisão e a uma eventual substituição do poder constituinte derivado pelo poder constituinte
originário.

SILVA demonstra os limites materiais implícitos, com base em Nelson de Souza Sampaio, nos
seguintes trechos de sua obra:, onde diz:

As concernentes ao titular do poder constituinte, pois uma reforma constitucional não pode mudar o
titular do poder que cria o próprio poder reformador; as referentes ao titular do poder reformador, pois
seria despautério que o legislador ordinário estabelecesse novo titular de um poder derivado só da
vontade do constituinte originário; as relativas ao processo da própria emenda, distinguindo-se quanto
à natureza da reforma, para admiti-la quando se tratar de tornar mais difícil seu processo, não
aceitando quando vise atenuá-lo.

Se a reforma da Constituição tem por fim renovar a própria Constituição é de compreender que a
identidade basilar do texto deve ser protegida, o que, por si, já exprime um limite a atividade
reformadora. O próprio constituinte originário indica os princípios que não comporta alterações, como
forma de sustentar a unidade do texto constitucional.

Os limites, não têm força para impedir alterações do texto por meios revolucionários, mas, se, com
insubordinação a essas fronteiras, impõe-se a mudança da Constituição, retira-se do procedimento a
legalidade. Em todo o caso adverte SAMPAIO (1995, Pag 66), que “Cumpre evitar uma rigidez tão
acentuada que seja um convite às revoluções, ou uma elasticidade tão exagerada que desvaneça a
ideia de segurança do regime sob que se vive”.

Os limites, não devem ser compreendidos de modo a fomentar uma possível impossibilidade de
alteração do texto Constitucional.

13. Cláusulas Pétreas

A cerca das cláusulas pétreas aglutinasse três correntes doutrinárias, as que confrontam a sua
legitimidade e eficácia jurídica, as que admitem restrições, mas as tem como relativa alimentando a
sua remoção pelo mecanismo da dupla revisão e as que aceitam a limitação material e a tem como
indispensável e necessária.

A altercação dos que defendem ser juridicamente incabíveis as cláusulas pétreas (Loewenstein e
Joseph Barthélemy) afeiçoam-se ao raciocínio de que não haveria distinção substancial entre o poder
constituinte de revisão e o originário, sendo ambas formas de manifestação da soberania estatal.

Ambos são executados em um regime democrático, por representantes eleitos pelo povo. Não
haveria por que conceber o poder constituinte exercido num dado momento como superior à vontade
do poder de revisão manifesto posteriormente, seria incongruente supor a existência de uma
limitação das aspirações vigentes á época pelo constituinte originário. A enunciação de
intangibilidade, por isso, teria uma incumbência política, mas não força jurídica.

Outros depreendem que as normas que obstam a revisão de determinadas disposições básicas são
juridicamente vinculantes, mas não seriam elas próprias inatingíveis á modificações e à supressão.
Se forem extintas, abre-se curso para, em seguida, serem abortados os princípios petrificados, a esse
procedimento denomina-se de dupla revisão.

MENDES (2014, Pag 129) ao abordar o tema diz que:

Aceita-se que o poder constituinte originário estabeleça que certas cláusulas estejam ao abrigo de
mudanças, mas se propõe que essa determinação somente deverá ser observada enquanto ela
própria estiver em vigor, podendo ser revogada pelo poder de revisão. O sentido básico do
estabelecimento de limites materiais seria, assim, o de aumentar a estabilidade de certas opções do

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constituinte originário, assegurar-lhe maior sobrevida, por meio do agravamento do processo da sua
substituição.

A razão dos que têm a limitação como absolutamente vinculante e indispensável ao ordenamento
jurídico parte da inferência de que o poder de revisão, estruturado pelo o constituinte originário, deve
se limitar as condições estabelecidas pela a Constituição.

Assinalasse que a revisão constitucional encara a lógica da Constituição e que a mesma não poderá
se desgarrar do núcleo essencial dos princípios que a inspiraram e que lhe dão unidade, pois se
assim ocorresse existiria um desvio de poder. Lembrando que a finalidade do poder de reforma não é
construir uma nova Constituição, mas harmoniza-la conservando a sua identidade aos novos
contextos.

Se o poder de reforma se alforriasse por completo da Constituição que o originou, teríamos uma
nova Constituição que usurparia a condição de poder constituinte originário. SCHMITT já tratava há
muito sobre tema, afirmando o seguinte:

Uma faculdade de „reformar a Constituição‟, atribuída por uma normação legal-constitucional, significa
que uma ou várias regulações legais-constitucionais podem ser substituídas, mas apenas no
pressuposto de que permaneçam garantidas a identidade e a continuidade da Constituição,
considerada como um todo”

Pondera-se, ainda, em desfavor dos argumentos da dupla revisão, que só faz sentido professar
imutáveis determinadas normas se a competente declaração de imutabilidade igualmente o for. Ao
contrário sensu, frustrar-se-ia os desígnios do constituinte originário.

As cláusulas pétreas, garantem a imutabilidade de certos valores e preservam a identidade perquirida


pelo constituinte originário, participando elas da essência inabalável da Constituição. Abolir as
cláusulas pétreas é enfraquecer os princípios básicos essenciais projetados pelo o poder constituinte
originário.

Prevalece, no Brasil, a inteligência propugnada pela última das correntes adiante estudada.

14. Finalidade das Cláusulas Pétreas.

A finalidade da existência das cláusulas pétreas é obstar uma possível erosão da Constituição, e
mais, não apenas existe para remediar situação de aniquilamento da Carta, ela detém a missão de
tolher mera tentativa de suprimir o seu projeto básico. Almeja-se evitar que a sedução de apelos
próprios de determinando momento político, como por exemplo, a proposta de emenda à constituição
33/2011, que visa o controle externo do judiciário pelo legislativo.

A cláusula pétrea não tem por intento resguardar o texto de uma norma constitucional, ostenta, antes,
a acepção mais profunda de impedir a ruptura com princípios e arcabouços essenciais da Carta
Constitucional.

Nesse sentido, MIRANDA (1988, Pag 155) lembra “que a cláusula pétrea não tem por escopo
proteger dispositivos constitucionais, mas os princípios neles modelados”.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Princípios Constitucionais

Soberania do texto constitucional – A constituição tem hierarquia superior, sendo protegida de


ferimentos provocados por normas de caráter inferior.

Princípio da Legalidade - Toda atividade pública tem como base a lei, para sua efetiva aplicabilidade.
Atos administrativos ilegais são passíveis de nulidade e responsabilização.

Princípio da Impessoalidade – Tem as mesmas características da isonomia, segundo a qual os


administrados devem ser tratados de forma igual frente ao interesse público.

Princípio da Moralidade – A conduta do administrador público deve estar pautada na moral e na ética,
para que os administrados e administradores não sejam vítimas de atos desonestos e antijurídicos.

Princípio da Publicidade – Os atos administrativos devem ser amplamente divulgados, para que os
administrados possam, de forma direta, controlar a efetividade das condutas dos órgãos e dos
agentes públicos.

Princípio da Supremacia do Interesse Público – Os interesses coletivos têm supremacia sobre os


interesses individuais, devendo o Estado preservar, por meio de seus atos, o bem-estar de toda a
sociedade.

Princípio da Autotutela – A Administração Pública, de ofício ou mediante provocação direta, pode


rever seus atos que, inoportunamente, se encontrem em vício de formação ou aplicação.

Princípio da Indisponibilidade – Os bens públicos são indisponíveis, devendo ser preservados em


favor da coletividade, evitando-se seu perecimento e perda por mau uso.

Princípios Constitucionais

No decorrer da história, uma série de princípios foram criados para nortear e estruturar o Estado de
Direito. Esses princípios podem ser observados nas Constituições existentes no mundo, pois elas são
responsáveis por definir a estrutura básica, fundamentos e bases para determinado sistema.

Os princípios foram influenciados principalmente pelas Revoluções Francesa e Americana. No Brasil,


desde o século XIX, havia certa resistência na elaboração de uma Constituição Brasileira, visto que, o
país era comandado por um rei que tinha suas regras próprias. Com o passar dos anos, foram
criadas sete constituições que fizeram mudanças na história do país. A partir delas, muitos princípios
foram implantados e, atualmente, representam o pilar do Estado Brasileiro.

Estado de Direito: Modelo de estado onde a lei conduz a vida social e também a do Estado. Através
da lei, todas as competências e funções dos órgãos do Estado são definidos, além disso, os cidadãos
estarão protegidos por meio de mecanismos que lhes darão o direito de requerer do Estado, quando
este não tiver cumprindo os seus objetivos.

O Que É Princípio?

A palavra princípio no dicionário significa o início de algo, o que vem antes, a causa, o começo e
também um conjunto de leis, definições ou preceitos utilizados para nortear o ser humano. É uma
verdade universal, aquilo que o homem acredita como um dos seus valores mais inegociáveis.

Por exemplo, ouvimos em diversos lugares que: “Todos têm direitos iguais”. Esse trecho está
presente no Artigo 5º da Constituição Federal. Ele é apenas uma pequena parte da infinidade de
benefícios, se pode dizer assim, pertinentes à população.

Uma vez que seja direito de todo cidadão brasileiro ter ciência dos seus benefícios e garantias – e
deveres, é claro – é uma iniciativa ponderada e a prática da cidadania exercer esse direito do cidadão
que também é um princípio.

Princípios Básicos Da Constituição Federal

Os princípios constitucionais são as principais normas fundamentais de conduta de um indivíduo

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

mediante às leis já impostas, além de exigências básicas ou fundamentos para tratar uma
determinada situação e podem até ser classificados como a base do próprio Direito. São o alicerce
para qualquer indivíduo. É indispensável tomar nota dos assuntos que rodeiam os seus direitos e
deveres. A Constituição Federal de 1988 é o livro que está hierarquicamente acima de todos os
outros, em nível de legislação no Brasil. A Constituição é a lei fundamental e os princípios
constitucionais são o que protegem os atributos fundamentais da ordem jurídica.

Os princípios constitucionais podem ser divididos em princípios constitucionais políticos e o jurídicos.


Os conceitos irão variar de acordo com as concepções de cada autor que escreve sobre esse
assunto. Dentre os principais autores estão José Joaquim Gomes Canotilho e José Afonso da Silva.

José Joaquim Gomes Canotilho é uma das referências do Direito Constitucional. Formado pela
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Dentre suas obras estão Estudos sobre Direitos
Fundamentais, Direito Constitucional Ambiental Brasileiro, Direito Constitucional e Teoria da
Constituição, dentre outros.

José Afonso da Silva é um famoso jurista brasileiro, especializado em Direito Constitucional.


Escreveu obras consagradas tais como Curso de Direito Constitucional Positivo, Aplicabilidade das
Normas Constitucionais, Poder Constituiente e Poder Popular: Estudos sobre a Constituição, dentre
outros.

Princípios Político-Constitucionais

Também conhecidos como Princípios Fundamentais ou Princípios Estruturantes do Estado


Constitucional, segundo os livros de Direito, são os princípios que estabelecem a forma, estrutura e
governo do Estado, etc. É constituído pelas decisões políticas alicerçadas em normas do sistema
constitucional. Exemplo:

Princípios Fundamentais Do Estado Brasileiro

Os princípios fundamentais do Estado Brasileiro fazem parte dos princípios constitucionais e estão
presentes dentro da Constituição Federal de 1888, dos artigos 1º a 4º que são: federativo,
democrático de direito, separação dos poderes, presidencialista, soberania, cidadania, dignidade da
pessoa humana, a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho, o pluralismo político. Além deles, há
também outros princípios que tratam da organização do Estado Brasileiro.

Princípios Jurídico-Constitucionais

São os princípios constitucionais gerais informadores da ordem jurídica nacional. São emanados das
normas constitucionais, o que gera alguns desdobramentos como: o princípio da supremacia da
Constituição Federal, o princípio da legalidade, o princípio da isonomia, dentre outros. Assim, a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 apresenta um conjunto de regras e princípios
básicos essenciais ao cidadão:

 Princípio da Legalidade;

 Princípio da Liberdade;

 Princípio da Igualdade;

 Princípio da Ampla Defesa;

 Princípio da Isonomia;

 Princípio do Contraditório;

 Princípio da Simetria;

 Princípio da Propocionalidade da Lei.

Além dos citados acima, existem uma série de outros princípios que fazem parte das demais áreas do
Direito.

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Princípios Constitucionais Nas Demais Áreas Do Direito

Princípios Do Direito Processual Civil

O direito civil é uma área do Direito formada por normas jurídicas que tem por objetivo regular a ação,
o processo e a jurisdição, a fim de criar um ambiente propício para o julgamento de determinados
conflitos sociais. Os princípios do Direito Processual Civil são:

 Princípio da Inafastabilidade da jurisdição: ele está contido no inciso XXXV do artigo 5º da


Constituição Federal. É também conhecido como princípio do Acesso à Justiça, e consiste que todos
têm direito à proteção jurídica do Estado, a partir dos conflitos ocorridos na vida em sociedade.
Assim, se aplica a inafastabilidade da jurisdição, o uso dos órgãos jurídicos competentes. Mas essa
tutela, presente na Constituição, deverá ser efetivada através da ação do interessado ou por meio de
conhecimento, no processo de execução ou asseguração.

 Princípio do Juiz Natural: o princípio parte da descrição de um juiz natural ou constitucional, que é
outorgado pelo Poder Judiciário, com as garantias pessoais e institucionais da Constituição. Ele deve
agir sem finalidade de má-fé. Porém, nem todo juiz pode ser declarado natural, pois a Constituição
distingue a Justiça Comum, da Especial. O juiz natural é o que estuda os casos que merecem maior
atenção e aprofundamento. Os juízes especiais são aqueles intitulados pelo Superior Tribunal
Federal. O Senado também tem funções do Poder Judiciário. Julgam os processos do Presidente da
República e dos Juízes do STF, bem como das autoridades das Forças Armadas e etc. Esse princípio
encontra-se no artigo 52, nos incisos I e II.

 Princípio do Contraditório e Ampla Defesa: o juiz deve ser imparcial mediante a toda e qualquer
decisão judicial. Ele deve ouvir as duas partes. A partir disso, pode dar a oportunidade para que
ambos os lados possam apresentar suas razões ou provas. De forma igual, pode influir no veredito do
juiz. A Ampla Defesa está contida no Artigo 5º da Constituição, no inciso LV.

 Princípio da Inadmissibilidade de Provas Ilícitas: o princípio das Provas Ilícitas, expressado também
no Artigo 5º da Constituição Federal, inciso LVI, torna inaceitável, em um processo, a obtenção de
formas que não são legais perante a lei. O Artigo 332 do Código do Processo Civil rege que: “Serão
admitidos todos os tipos de provas, desde que legais e moralmente legítimas”.

 Princípio da Fundamentação das Decisões: esse princípio parte de que os processos devem estar
firmados em bases legais e sociais. A fundamentação é importante para saber a linha de raciocínio
seguida pelo magistrado ao chegar a uma conclusão. O princípio ajuda no aconselhamento do juiz,
caso ele tenha se perdido em alguma parte, devido a uma possível indução ao erro. Esse processo
não se resolve apenas por intermédio de ligação das partes, mas pela valorização dos fatos e uma
revisão antes do veredito. O princípio é encontrado no artigo 93, IX da CF.

 Princípio da Lealdade Processual: as partes julgadas devem se conduzir através do bom senso e
lealdade. E é autoridade do juiz, a repreensão de qualquer ato que vá de encontro com a Justiça.
Estão presentes no Código de Processo Civil, artigos 14, II, 16, 17 e 18.

 Princípio da Economia Processual: princípio que anda juntamente com o da Instrumentalidade. O


primeiro - da Economia Processual - pronuncia que a máquina judiciária terá um esforço mínimo,
todavia uma larga eficácia, na atuação do direito em atividades processuais. O segundo – da
Instrumentalidade – consiste no aproveitamento das ações processuais de forma que não prejudique
o interesse público ou qualquer outra parte.

 Princípio da Celeridade Processual: o princípio da Celebridade Processual, presente no artigo 5º,


inciso LXXVIII da Constituição Federal diz que: os processos devem ser desenvolvidos em tempo
razoável, a fim de alcançar o resultado no final de sua demanda.

 Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: o direito de revisão a uma decisão judicial torna-se
alcançável por meio desse princípio. É permitido para que seja reduzida a probabilidade de um
possível erro do judiciário. Esse princípio está previsto no artigo 5º da Constituição Federal, inciso LV.

Princípios Tributários

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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Os princípios constitucionais do Direito Tributário estão previstos na Constituição Federal, sendo uma
ferramenta de defesa do cidadão que contribui com o sistema, em relação aos abusos do poder.
Assim, existe o princípio da legalidade, da anterioridade, da irretroatividade, da igualdade ou isonomia
tributária, da vedação ao confisco, da liberdade de tráfego, dentre outros.

Princípios Do Direito Administrativo

Outra forma de nos interessarmos por nossa legislação, é quando estamos aptos a prestar os tão
desejados concursos públicos. Para fazer as provas de concurso desse cunho, é necessário que se
saiba pelo menos alguns dos princípios da Constituição. É exigido, no mínimo, o L.I.M.P.E., sigla
significa o que deve ser de notório conhecimento, que são os princípios da administração pública: da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Princípios Da Seguridade Social (Previdenciário)

Dentro do Direito Previdenciário, existem alguns princípios que norteiam essa área do Direto, são
eles: universalidade de atendimento ou subjetiva, universalidade de cobertura ou objetiva, diversidade
da base de financiamento, irredutibilidade do valor dos benefícios, dentre outros. Esses princípios
estão presentes nos artigos 194 e 195 da Constituição Federal Brasileira.

Princípio Do Direito Penal

Dentre os princípios mais importantes do Direito Penal estão irretroatividade da regra penal, reserva
legal, responsabilidade pessoal e presunção de inocência.

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Interpretação Conforme A Constituição

O presente artigo versa sobre A interpretação conforme a Constituição, tema de Direito


Constitucional, relevante sobretudo no que diz respeito à interpretação, aplicação e controle de
constitucionalidade das normas. Para tanto, conceitua o que vem a ser a interpretação conforme a
constituição, traça suas dimensões, fundamentos e, principalmente, seus limites de aplicação.

Considerações Gerais

O presente ensaio vem tratar de um tema de extrema importância, que diz respeito à interpretação,
aplicação e controle de constitucionalidade das normas constitucionais: a interpretação conforme a
Constituição.

Cotidianamente, o operador do Direito se vê envolvido em questões que tratam da


constitucionalidade de uma dada norma ou texto legal. Essa constitucionalidade é aferida,
basicamente, ao se analisar as possibilidades de interpretação e aplicação dessa mesma norma. A
atividade de interpretação, destarte, passa a ser inerente à própria atividade legiferante.

O trabalho do jurista é, precisamente, determinar as decisões sobre normas dispostas


heteronomamente. Tal tarefa implica, necessariamente, um proceder hermenêutico, isto é, implica
fixar decisões baseadas numa norma heterônoma. Como aqui se trata de Direito Constitucional,
essas normas são normas constitucionais, dispostas legitimamente pelo legislador democrático.

Ao observar uma norma, legitimamente elaborada e efetivada, e aplicá-la fenomenicamente de


acordo com um proceder hermenêutico, o jurista dispõe da interpretação conforme a Constituição
como alternativa de justificação para a validez, universalidade e adequação à realidade de
determinada norma.

Além disso, a interpretação conforme a Constituição caracteriza-se como uma forma flexível de
concretização e aplicação das normas constitucionais. Na medida em que renuncia ao formalismo
jurídico, torna mais próximos os ideais de preponderância da justiça, em sua acepção material, e de
segurança jurídica.

Interpretação Conforme A Constituição

A interpretação conforme a Constituição se constitui fundamentalmente num mecanismo de controle,


eis que sua principal função é assegurar um razoável grau de constitucionalidade das normas no
exercício de interpretação das leis.

A interpretação conforme a Constituição determina que, quando o aplicador de determinado texto


legal se encontrar frente a normas de caráter polissêmico ou, até mesmo, plurissignificativo, deve
priorizar a interpretação que possua um sentido em conformidade com a Constituição. Por
conseguinte, uma lei não pode ser declarada nula quando puder ser interpretada em consonância
com o texto constitucional.

A interpretação conforme a Constituição pode ter lugar também quando um conteúdo ambíguo e
indeterminado de uma norma resultar coerente graças ao conteúdo da Constituição.

É sabido que se permite ao magistrado, no exercício de prestação jurisdicional, realizar um juízo de


constitucionalidade da lei. No caso de duas ou mais interpretações possíveis, há de se preferir aquela
que se revele compatível com a Constituição.

Essa função de interpretar conforme a Constituição cabe diretamente ao órgão competente de cada
país. No Brasil, por exemplo, cabe ao Supremo Tribunal Federal a tarefa de guardião máximo do
texto constitucional. Já na Alemanha, tal tarefa cabe ao Tribunal Constitucional Alemão
(Bundesverfassungsgericht). É justamente o Tribunal competente, no exercício de suas funções, que
declara qual das possíveis interpretações se revela compatível com a Lei Fundamental.

Entretanto, interpretar conforme a Constituição não significa alterar o conteúdo da lei. Até mesmo
porque, se assim fosse, tratar-se-ia de uma intervenção extremamente drástica na esfera de
competência do legislador – mais drástica do que a própria declaração de nulidade dessa mesma lei.

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Tal hipótese permitiria ao ente legiferante a possibilidade de uma nova conformação da matéria,
traindo, portanto, a eminente natureza de sua tarefa primitiva.

Nessa acepção, poder-se-ia entender a interpretação conforme a Constituição como uma declaração
de nulidade sem redução do texto, na medida em que se restringe as possibilidades de interpretação,
reconhecendo a validade da lei com a exclusão da interpretação considerada inconstitucional.

No entanto, a declaração de nulidade sem redução de texto e a interpretação conforme a


Constituição não se confundem. Tomá-las por iguais significaria considerar a interpretação conforme
a Constituição como uma modalidade específica de decisão, e não como uma regra geral de
hermenêutica ou princípio ampla e largamente utilizado, que a mesma verdadeiramente se constitui.
Com extrema clareza, Gilmar Ferreira Mendes assim trata a distinção:

"Ainda que se não possa negar a semelhança dessas categorias e a proximidade do resultado prático
de sua utilização, é certo que, enquanto, na interpretação conforme a Constituição, se tem,
dogmaticamente, a declaração de que uma lei é constitucional com a interpretação que lhe é
conferida pelo órgão judicial, constata-se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a
expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação
(Anwendungsfälle) do programa normativo sem que se produza alteração expressa do texto legal".(1)

Dimensões Da Interpretação Conforme A Constituição

A interpretação conforme a Constituição, portanto, existe sempre que determinada disposição legal
oferece diferentes possibilidades de interpretação, sendo algumas delas incompatíveis com a própria
Constituição. Implica, necessariamente, dizer que excluem-se as possibilidades de interpretação
consideradas inconstitucionais.

Pode-se perceber, com maior clareza no Brasil nas decisões do Supremo Tribunal Federal, duas
dimensões abarcadas pelas possibilidades de interpretação conforme a Constituição. Por um lado,
sua utilização em casos concretos vincularia apenas as partes envolvidas pela decisão, por meio do
controle difuso de constitucionalidade. Por outro, a interpretação conforme a Constituição pode ser
justamente utilizada no controle abstrato de normas. Em ambas as situações, limita-se o órgão
judiciário a declarar a legitimidade do ato questionado desde que interpretado em conformidade com
a Constituição.

Além disso, a interpretação conforme a Constituição comportaria várias dimensões, as quais se


traduziriam em princípios decorrentes desse tipo de interpretação, tais como: o princípio da
prevalência da Constituição; o princípio da conservação das normas e o princípio da exclusão da
interpretação conforme a Constituição, mas contra legem.(2)

Entende-se pelo princípio da prevalência da Constituição que a única possibilidade de escolha viável
seria aquela que não fosse contrária ao texto ou ao programa da norma ou normas constitucionais. O
princípio da conservação das normas, por sua vez, considera que uma dada norma, suscetível de ser
interpretada conforme a Constituição, não deve ser declarada inconstitucional. Já o princípio da
exclusão da interpretação conforme a Constituição, mas contra legem, impõe que o aplicador de uma
norma não pode contrariar a letra e o sentido dessa norma através de uma interpretação conforme a
Constituição, mesmo que por meio desta consiga uma concordância entre a norma infraconstitucional
(tais como as leis ordinárias) e as normas constitucionais.

Justificativas Para A Interpretação Conforme A Constituição

A interpretação conforme a Constituição se justifica pela necessidade de formação e conformação


práticas da implantação da justiça constitucional através da Lei Fundamental.

Os fundamentos da interpretação conforme a Constituição são visualizados a partir do momento em


que se analisa suas funções e utilidades.

Primeiramente, percebe-se a interpretação conforme a Constituição como elemento de concretização


do princípio da unidade da ordem jurídica. Em poucas palavras, pode-se dizer que por esse princípio
deve-se entender a Constituição como contexto superior das demais normas jurídicas.(3)

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Trabalha de acordo com o pensamento favor legis, segundo o qual o legislador não poderia ter
pretendido votar lei inconstitucional. Entende-se aqui uma presunção de constitucionalidade da lei,
resultante do próprio controle de constitucionalidade. Nessa perspectiva, perseguem-se ainda outros
princípios decorrentes desse mesmo princípio anterior, tais como: o ideal de segurança jurídica, a
presunção de um funcionamento regular da atividade legislativa e, por fim, a supremacia do legislador
em sua tarefa de concretizar e realizar a Constituição.

A interpretação conforme a Constituição serve ainda para preencher as lacunas existentes no


ordenamento jurídico. Tratar-se-ia, portanto, de uma otimização constitucional, segundo a acepção de
Gusy.(4) Verifica-se essa otimização na medida em que a interpretação possibilita uma construção,
em conformidade com a Constituição, mediante analogia, redução, ou mediante derivação de
premissas normativas constantes da própria Constituição.

Limites Da Interpretação Conforme A Constituição

A interpretação conforme a Constituição, realizada de forma legítima e escorreita, pressupõe a


reunião de determinados elementos. É imprescindível a existência de um espaço de decisão, ou seja,
que uma determinada questão comporte e aceite como admissíveis várias propostas interpretativas.
Por outro lado, embora os órgãos judiciários rejeitem ou não apliquem as normas inconstitucionais,
proíbe-se a correção de norma jurídica em contradição inequívoca com a Constituição, já que se
trataria, em última análise, de uma nova conformação da matéria elaborada pelo ente legiferante.
Impõe-se, necessariamente, o afastamento da interpretação conforme a Constituição se, no lugar da
vontade do legislador, obtém-se uma regulação nova e distinta. Caracterizar-se-ia uma clara
contradição com o sentido literal ou o sentido objetivo evidentemente recognoscível da lei, ou com a
manifesta vontade do legislador.

Não se trata aqui de dizer que a vontade do legislador é determinante. Ela não o é unicamente.
Entretanto, o órgão legiferante, no exercício de suas funções deve procurar aproximar-se ao máximo
do escopo idealizado primordialmente pelo legislador. Até mesmo porque, se assim não fosse, não
haveria sentido na importância e na manutenção de sua atividade.

Inadmissível, portanto, a interpretação conforme a Constituição que tenha como resultado uma ordem
contra o texto e o sentido legais, ou contra essa finalidade legislativa.

Numa perspectiva jurídico-material, faz-se necessário uma coordenação de funções dos órgãos que
intervém no processo de concretização das normas constitucionais. Ao se analisar a relação entre
jurisdição constitucional e legislação, nota-se que a vontade e a conduta do legislador democrático
gozam de uma presunção de constitucionalidade, a qual corresponde a uma conformação jurídica
das relações sociais. Obviamente, tal presunção surge como conseqüência do escopo do legislador
democrático em procurar abarcar e conformar a realidade social à sua volta com o máximo de
abrangência e fidelidade.

Contudo, a primazia do legislador democrático se produz à custa de uma mudança no significado do


conteúdo da lei por parte do Tribunal Constitucional.(5) Quanto mais o Tribunal "corrige" o legislador,
mais se aproxima desses limites jurídico-funcionais, os quais são extremamente difíceis de se
precisar com absoluta nitidez.(6)

Já numa perspectiva jurídico-funcional, a interpretação conforme a Constituição aparece como um


princípio de auto-limitação judiciária, uma vez que se confiou, primordialmente, ao legislador
democrático o poder de conformação jurídica do complexo de relações relevantes da vida. Surgem,
portanto, como limites imediatos à interpretação conforme a Constituição a expressão literal da lei e
os propósitos perseguidos pelo legislador.

Logo, se partirmos da idéia de que tanto a relação material quanto a relação funcional se baseiam
numa linha de manutenção da lei, a interpretação conforme a Constituição tratará a norma
constitucional, dentro do possível, no mesmo sentido da tentativa de concretização por parte do
legislador.

No Brasil, a própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal admite que a interpretação conforme
a Constituição conhece limites. Esses limites resultam tanto da expressão literal da lei quanto da
vontade do legislador. A interpretação conforme a Constituição só é admissível se não

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

configurar violência contra a expressão literal do texto e não alterar o significado do texto normativo,
que implicaria uma mudança na própria concepção original do legislador.(7)

Por questões até mesmo de praticidade e procura de soluções mais simples, o Tribunal não se
preocupa com a chamada "intenção do legislador", caso possa resolver a questão dentro dos limites
da expressão literal do texto.

Interpretação

Interpretação consiste em uma atividade prática que se dispõe a determinar o sentido e o alcance dos
enunciados normativos com o fim de aplicá-los às situações concretas. De fato, cabe ao operador do
direito, na análise de cada caso, interpretar a regra jurídica para que dela extraia-se a norma
adequada. Para tanto, faz-se necessária a aplicação de determinados métodos de interpretação, tais
como, o método gramatical, o teleológico, o histórico, dentre outros, construídos ao longo do tempo
para auxiliar o intérprete em sua tarefa.

No entanto, no que se refere à interpretação das normas constitucionais, embora entenda-se que
também devem ser utilizados os métodos tradicionais de interpretação das leis, a doutrina majoritária
e a jurisprudência pátria afirmam que há uma certa especialidade dessa interpretação constitucional
se comparada àquela aplicada às normas infraconstitucionais. No sentido da especificidade da
interpretação constitucional, leciona Luís Roberto Barroso:

A interpretação constitucional serve-se de alguns princípios próprios e apresenta especificidades e


complexidades que lhe são inerentes. Mas isso não a retira do âmbito da interpretação geral do
direito, de cuja natureza e características partilha. Nem poderia ser diferente, à vista do princípio da
unidade da ordem jurídica e do conseqüente caráter único de sua interpretação. Ademais, existe uma
conexão inafastável entre a interpretação constitucional e a interpretação das leis, de vez que a
jurisdição constitucional se realiza, em grande parte, pela verificação da compatibilidade entre a lei
ordinária e as normas da Constituição.

Carlos Maximiliano também destaca essa especificidade da seguinte forma:

A técnica a interpretação muda, desde que se passa das disposições ordinárias para as
constitucionais, de alcance mais amplo, por sua própria natureza e em virtude do objeto colimado
redigidas de modo sintético, em termos gerais.

O Direito Constitucional apóia-se no elemento político, essencialmente instável, a esta particularidade


atende, com especial e constante cuidado, o exegeta.

Ademais, confirmando o entendimento mencionado, o processo de controle de constitucionalidade,


por si só, também justifica a especialidade da hermenêutica constitucional, posto que todas as
normas legais devem estar de acordo com a norma superior da Constituição, tanto em sua
literalidade quanto em seu sentido e finalidade.

Os Métodos De Interpretação Constitucional

Métodos Hermenêuticos Clássicos

Antes do século XX, a interpretação das Constituições era realizada utilizando-se os mesmos
métodos aplicados ao Direito Civil e às demais normas infraconstitucionais. Esses métodos são
comumente conhecidos como métodos hermenêuticos clássicos ou também como métodos jurídicos.

Segundo eles, a Constituição deve ser interpretada através dos elementos tradicionais apontados por
Savigny, jurista alemão do século XIX, já que aquela era considerada apenas uma lei. O intérprete da
Constituição deveria restringir-se a buscar o sentido da norma e por esse sentido guiar sua aplicação
ao caso concreto, sem formular juízos de valor ou desempenhar atividade criativa.

Os principais métodos jurídicos são os métodos: gramatical (filosófico, literal ou semântico), histórico,
sociológico, sistemático (lógico), teleológico, axiológico, genético, popular, doutrinário e evolutivo.

Com efeito, os métodos de Savigny, elaborados com base em institutos jurídicos próprios do direito
privado, sem levar em consideração as características peculiares das normas constitucionais, foram

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

bastante criticados pela doutrina. Todavia, não se fala em deixar tais métodos de lado, ao contrário,
eles devem ser utilizados em conjuntos com outros métodos, tendo em vista que sua utilização
isolada revela-se insuficiente para uma interpretação adequada.

Método Científico-Espiritual

Segundo esse método, a norma constitucional não deve ser analisada em sua literalidade, mas sim
partindo da realidade social e dos valores constantes do texto constitucional. De fato, a Constituição
Federal, considerada um instrumento de integração, não deve ser vista apenas sob o ponto de vista
jurídico-formal, mas também e, principalmente, sob a perspectiva política e sociológica, como um
instrumento de solução de conflitos, de construção e preservação da unidade social. Conforme,
ainda, o que entendem aqueles que defendem esse método, o preâmbulo, ao consagrar valores
subjacentes à Constituição, torna-se um elemento muito importante para a interpretação do texto
constitucional.

Algumas críticas ao método científico-espiritual surgem, na medida em que esse método, ao ser
desenvolvido em termos muito vagos, não possui um fundamento filosófico-jurídico claro. Além disso,
a indeterminação e a mutabilidade dos resultados obtidos podem enfraquecer a força normativa da
Constituição.

Método Tópico-Problemático

Segundo afirma Francisco Meton, Theodor Wiehweg foi o grande teorizador atual da tópica que, em
sua origem, já vinha de Aristóteles, Cícero e Vico. Para o autor, a tópica parte de um catálogo de
verdades consagradas ou aceitas pela maioria dos doutos.

Com efeito, os intérpretes utilizam-se de vários tópicos ou pontos e vista, com o fim de relevar, dentro
das várias possibilidades ensejadas pelos múltiplos significados do texto constitucional, a
interpretação mais conveniente ao problema. Por meio desse método, parte-se de um problema
concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático na busca da solução dos
problemas concretizados.

A possibilidade se conduzir-se a um casuísmo ilimitado e, por conseqüência, a uma insegurança


interpretativa é um dos motivos pelos quais esse método sofre críticas.

Método Hermenêutico-Concretizador

Esse método reconhece a importância do aspecto subjetivo da interpretação, ou seja, da pré-


compreensão que o intérprete possui acerca dos elementos envolvidos no texto a ser por ele
interpretado. Diferente do método tópico-problemático, que parte de um caso concreto para a norma,
o método hermenêutico-concretizador parte de Constituição para o problema.

Os defensores do método tópico-problemático criticam o método hermenêutico-concretizador pela


amplitude e generalidade das normas constitucionais, o que exigiria uma prevalência da
pragmaticidade e praticidade na interpretação, com predominância do problema sobre a norma. Já os
defensores do segundo método, entre os quais está José Joaquim Gomes Canotilho, criticam o
método tópico-problemático pelo enorme risco de casuísmo na interpretação constitucional, com
inevitável insegurança jurídica, conforme visto.

Método Normativo-Estruturante

Esse método de interpretação constitucional dá relevância ao fato de não haver identidade entre
norma jurídica e texto normativo. O teor literal da norma deve ser analisado à luz da concretização
daquela em sua realidade social.

Segundo Pedro Lenza, a doutrina que defende esse método reconhece a inexistência de identidade
entre a norma e o texto normativo. Para ele: “a norma deve ser concretizada não só pela atividade do
lesgislador, mas também, pela atividade do Judiciário, da administração, do governo etc”.

Mártires Coelho analisa a aplicação desse método, veja-se:

Na tarefa de concretização da norma constitucional, o intérprete-aplicador deve considerar tanto os

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

elementos resultantes da interpretação do programa normativo, quanto os decorrentes da


investigação do domínio normativo, a que correspondem, na doutrina tradicional, respectivamente, a
norma propriamente dita e a situação normada, o texto e a realidade social que o mesmo intenta.

Alguns autores criticam esse método afirmando que os elementos metodológicos e dogmáticos do
âmbito da norma, por estarem em uma relação direta com ela, seriam hierarquicamente superiores
aos demais. Para Paulo Bonavides, este é um ponto falho do método, já que, após abrir-se para a
realidade tem sua última postulação assentada numa estrutura jurídica limitativa.

Método Da Sociedade Aberta De Intérpretes Da Constituição

Esse método foi desenvolvido por Peter Härbele e gira em torno da ampliação do círculo de
intérpretes da Constituição. Alinhado a uma perspectiva típica de um Estado Democrático de Direito,
que busca a abertura e não o fechamento no processo de concretização das normas constitucionais,
o método visa a integração da realidade social ao processo de interpretação constitucional.

Com efeito, na aplicação de uma norma ao caso concreto, tendo em vista a sociedade democrática e
pluralista na qual vivemos, os atores sociais surgem como legítimos intérpretes das normas
constitucionais, nas medida em que, como destinatários dessas normas, ao auxiliar sua interpretação,
legitimam a aplicação dessas aos casos concretos.

Conforme anotou Pedro Lenza ao ressaltar as lições de Härbele, o conceito mais amplo de
hermenêutica abrange os cidadãos, os grupos políticos, os órgãos estatais e a opinião pública. Estes
atores representam forças produtivas de interpretação e atuam como intérpretes constitucionais em
sentido lato.

No Brasil, a conseqüência da aplicação desse método foi a crescente utilização, pelo Judiciário, de
audiências públicas e da figura do Amicus curiae.

Os que criticam esse método interpretativo alegam que o alargamento excessivo do círculo de
intérpretes pode conduzir a uma quebra da unidade da Constituição e ao enfraquecimento da sua
força normativa. Para os críticos, esse método exige um sólido consenso democrático, instituições
fortes e uma cultura política desenvolvida.

Princípios Da Interpretação Constitucional

Todos esses métodos de interpretação constitucional são utilizados ao lado dos princípios específicos
para aplicação das normas da Constituição. Os princípios e os métodos de interpretação integram-se
num conjunto harmônico para a perfeita busca do sentido constitucional.

Será feita a seguir uma breve análise dos princípios específicos da interpretação constitucional.

O princípio da unidade da Constituição preconiza que esta deve sempre ser interpretada em sua
globalidade. O intérprete deve harmonizar as tensões e contradições existentes com o fim de eliminar
aparentes antinomias. Sendo assim, a Constituição compõe um sistema unitário, não havendo
hierarquia normativa entre suas regras.

Também com o fim de coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, o princípio da


concordância prática ou harmonização surge ao permitir que o intérprete atue de forma a reduzir de
forma proporcional o alcance de alguns princípios quando em conflito. Assim, existindo atrito entre
dois princípios, deverá ser feita uma ponderação de modo que a afirmação de um deles não
signifique o sacrifício total do outro. Esse princípio de interpretação constitucional diferencia-se do
princípio da unidade, na medida em que atua nas colisões de direitos nos casos concretos, enquanto
o último atua nas contradições normativas abstratas.

O princípio da conformidade funcional ou da justeza impõe ao intérprete o dever de ser fiel à


concretização da norma constitucional, de maneira que se mantenham incólumes as funções
constitucionalmente estabelecidas. Compreende a delimitação de competências entre os órgãos
públicos. Em razão disso, nenhuma interpretação realizada por um órgão pode conduzir a uma
usurpação de competência ou de função dos demais.

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

O princípio do efeito integrador coloca a Constituição como elemento do processo de integração


comunitária tendo por principal finalidade a unidade política. Conforme leciona J. J. Canotilho: “Na
resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos critérios ou ponto de vistas
que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política”.

Por sua vez, o princípio da força normativa aduz que os aplicadores da Constituição, na solução dos
conflitos, devem dar prevalência aos argumentos que contribuam ou conduzam as normas
constitucionais à sua eficácia máxima.

Por outro lado, o princípio da máxima efetividade é invocado no âmbito dos direitos fundamentais.
Sem alterar o conteúdo desses direitos, esse princípio dispõe que aos direitos fundamentais deve-se
atribuir a maior efetividade possível, a fim de que se garanta a função social deles.

Toda a interpretação normativa tem como pressuposto a superioridade jurídica e axiológica da


Constituição. Desse modo, nenhum ato normativo poderá contrapor-se ao conteúdo da Carta Maior.
Disso decorre o princípio da Supremacia da Constituição, impondo que todas as regras ou atos de
qualquer dos poderes deverá guardar conformidade com o texto constitucional, sob pena de
padecerem de inconstitucionalidade.

Além disso, o princípio da presunção da constitucionalidade das leis dispõe que as leis emanadas do
Poder Legislativo e os atos da Administração Pública possuem presunção relativa de
constitucionalidade, podendo ser elidida mediante controle de constitucionalidade perante o Poder
Judiciário.

O Princípio Da Interpretação Conforme A Constituição

Algumas normas infraconstitucionais podem possuir conteúdo que dê margem a diversas


interpretações. Por isso, são chamadas de normas plurissignificativas ou polissêmicas.

Partindo do pressuposto de que as normas legais são presumidamente constitucionais, o intérprete


deve buscar dentre seus diversos significados aquele que guarde conformidade com a Constituição.
Assim, fixa-se uma determinada interpretação e afasta-se as demais que não se coadunam com a
Carta Política.

A interpretação conforme a Constituição deverá ser implementada pelo Judiciário e, em última


análise, pelo Supremo Tribunal Federal. Desse modo, esse princípio situa-se no âmbito do controle
de constitucionalidade das leis e não apenas como regra de interpretação.

Limites À Interpretação Conforme

O magistrado deve preferir aquela interpretação que esteja de acordo com a Constituição,
preservando a norma, ainda que ela possua outra interpretação que seja inconstitucional.

Todavia, deve ser respeitado o texto da lei. Não se admite, portanto, no ordenamento brasileiro, a
interpretação contra legem. O intérprete não pode contrariar o texto literal e o sentido da norma para
obter sua concordância com a Constituição.

Ademais, se a norma não é plurissignificativa, possuindo apenas um significado, não caberá a


interpretação conforme, devendo esse único significado estar de acordo com a Constituição, sob
pena de a norma ser declarada inconstitucional. Sendo assim, só admite-se a interpretação conforme
quando há espaços de decisão.

Além disso, não é permitido ao intérprete contrariar aquele objetivo que foi pretendido pelo legislador
quando da criação da norma, isto é, não é lícito àquele atuar como legislador positivo modificando a
finalidade da regra.

Interpretação Conforme X Declaração De Inconstitucionalidade Sem Redução De Texto

Conforme afirmado, a interpretação conforme a Constituição é uma técnica utilizada pelo Judiciário
no controle de constitucionalidade das leis e atos normativos. É utilizada para salvar uma norma que
possui mais de uma interpretação possível, sendo que ao menos uma dessas interpretações é
compatível com a Constituição.

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Essa técnica pode ser aplicada em todas as modalidades de controle de constitucionalidade, inclusive
no difuso, pois trata-se de um instrumento da hermenêutica constitucional. Nesse sentido, ensina Leo
Brust:

Há muito que o uso das chamadas sentenças interpretativas (decisões que incidem apenas nas
normas contidas num preceito legal, preservando o seu texto) deixou de ser uma prática limitada ao
controle concentrado de constitucionalidade e, por conseguinte, ao Supremo Tribunal Federal. No
âmbito do controle difuso de constitucionalidade os juízes e os tribunais também sentiram a
necessidade de utilizá-las, para evitar que a declaração pura e simples de inconstitucionalidade
acabasse por trazer mais danos que benefícios às partes e ao próprio ordenamento jurídico.

Por outro lado, a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto é utilizada para declarar a
inconstitucionalidade de uma hipótese de incidência ou aplicação de uma norma que é constitucional
se aplicada a outras situações. Mantém-se a norma vigente pelo fato de ela possuir outras hipóteses
de aplicação além daquela considerada inconstitucional. Ao contrário da interpretação conforme, essa
declaração pode ocorrer inclusive quando a norma possuir apenas uma interpretação possível.

Além disso, a declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto só tem utilidade no controle
concentrado e abstrato, posto que, no controle difuso, o Poder Judiciário não precisa imaginar
diversas hipóteses de incidência para concluir pela inconstitucionalidade desta ou daquela hipótese.
A questão da constitucionalidade, nesses casos, será decidida de forma incidente, de acordo com o
caso concreto, não havendo também qualquer necessidade de redução de texto.

A Interpretação Conforme Na Jurisprudência Do Stf

A Súmula Vinculante Nº 10

A Súmula Vinculante nº 10 aduz que:

Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que,
embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público,
afasta sua incidência, no todo ou em parte.

A cláusula de reserva de plenário, conforme dispõe a súmula, está prevista no artigo 97 da


Constituição Federal o qual aponta:

Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.

Segundo o que entende o Supremo Tribunal Federal, ao utilizar o método da interpretação conforme
a Constituição, o Tribunal não precisa observar a cláusula da reserva de plenário, visto que não
declara a inconstitucionalidade da norma, mas apenas exclui interpretações não compatíveis com a
Constituição. Vejamos:

A parte agravante, em síntese, alega que 'esse STF no julgamento do RE 389.808 (...), por maioria
(ocasional) de cinco votos a quatro, conferiu ao art. 6º da LC 105 'interpretação conforme a
Constituição (portanto não declarando a inconstitucionalidade do dispositivo), firmando o
entendimento de que conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal -
parte na relação jurídico tributária - o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte. Não
obstante, a decisão foi proferida em sede de controle difuso, não ostentando efeitos erga omnes nem
eficácia vinculante.' (...) A decisão agravada está alinhada com a orientação do Supremo Tribunal
Federal (...). (...) No caso, conforme assentado na decisão agravada, no julgamento do RE 398.808, o
Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional o art. 6º da LC 105/01. (...) 'É certo que
a questão está em revisão no âmbito do Supremo Tribunal, tendo sido admitida, no RE 601.314, a
repercussão geral do tema. A despeito disso, os tribunais que seguem a orientação atualmente fixada
não necessitam submeter a questão aos respectivos plenários' (Rcl 17.574, Rel. Min. Gilmar
Mendes). (Rcl 18598 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em
7.4.2015, DJe de 5.5.2015).

A Jurisprudência Do STF E Os Limites Da Interpretação Conforme

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Em sede de controle concentrado e abstrato de constitucionalidade, por meio da ADI 134, o STF
concluiu por não declarar a inconstitucionalidade de dispositivo da Constituição Estadual do Rio
Grande do Sul e, ao contrário, conferir-lhe interpretação conforme, com o fim de preservar sua
constitucionalidade. Observa-se o teor da ementa:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE


DO SUL. LEGITIMIDADE ATIVA DA ASSOCIAÇÃO DOS MAGISTRADOS BRASILEIROS-AMB.
VINCULAÇÃO DE VENCIMENTOS. OBSERVÂNCIA DO MODELO FEDERAL. ASSEMBLÉIA
LEGISLATIVA. FUNÇÃO FISCALIZADORA: LIMITAÇÃO AOS ATOS DO PODER EXECUTIVO.
PRINCÍPIO DA SIMETRIA. INOBSERVÂNCIA.

1. Tem legitimidade ativa ad causam a Associação dos Magistrados do Brasil - AMB, uma vez que os
textos impugnados promovem vinculação de vencimentos entre os auditores do Tribunal de Contas
do Estado e os juízes do Tribunal de Alçada, evidenciando o interesse corporativo da entidade.

2. Vencimentos. Equiparação e vinculação de remuneração. Inconstitucionalidade, excetuadas


situações especialmente previstas no próprio Texto Constitucional. Percepção dos vencimentos em
virtude do exercício do cargo em substituição. Acumulação de vencimentos não-caracterizada.
Precedentes do Supremo Tribunal Federal. Inconstitucionalidade tão-só da expressão "e, quando no
exercício das demais atribuições da judicatura, os dos Juízes do tribunal de Alçada", contida no §
2ºdo artigo 74 da Constituição estadual.

3. Poder Legislativo. Função fiscalizadora. Conforme prevê o artigo 49, X, da Constituição Federal, a
função fiscalizadora do Poder Legislativo está restrita aos atos do Poder Executivo. Não-observância
ao princípio da simetria. Inconstitucionalidade da expressão "sobre fatos relacionados a cada um
deles", inserida no inciso XX do artigo 53 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, que não
foi acolhida pela maioria, prevalecendo o posicionamento de se conferir à norma interpretação
conforme a Constituição, para excluir do seu alcance os atos jurisdicionais. Ressalva de ponto de
vista do Relator. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente procedente.

Em algumas situações, entretanto, o STF tem optado por não utilizar a técnica da interpretação
conforme com o receio de atuar como verdadeiro legislador positivo. De fato, conforme visto, a
interpretação conforme a Constituição deve obedecer a determinados limites. Essa postura restritiva
é verificada no julgamento da Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.344.
Segundo o Ministro relator Moreira Alves:

Em face do que se acentuou na parte inicial desse voto, é relevante a fundamentação jurídica da
arguição de inconstitucionalidade desse dispositivo no tocante às gratificações, existentes na data da
publicação dessa lei Complementar estadual, que não têm o caráter de vantagens pessoais, como as
gratificações pelo exercício de função gratificada, pelo exercício de cargo em comissão, de
produtividade, e de representação.

Tendo em vista, porém, que é inequívoca a mens legis no sentido de que esse preceito visa a
alcançar indistintamente todas as vantagens e gratificações de qualquer natureza que excedam ao
teto nele referido, não é possível dar-se-lhe outra interpretação, para reduzir o seu alcance, e, assim,
torná-lo conforme à Constituição Federal, porque a técnica da interpretação conforme só é utilizável
quando a norma impugnada admite, dentre as várias interpretações possíveis, uma que a
compatibilize com a Carta Magna, e não quando o sentido da norma é unívoco, como sucede no caso
presente.

Entretanto, na jurisprudência da Suprema Corte também podemos encontrar julgados nos quais os
Ministros utilizam a técnica de modo a criar ou alterar hipóteses de incidência da norma não previstas
pelo legislador. Com efeito, na decisão proferida na ADI-MC 4.389, a interpretação conforme serviu
de mecanismo para a inserção de significado diverso à norma.

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONFLITO ENTRE IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE


QUALQUER NATUREZA E IMPOSTO SOBRE OPERAÇÃO DE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
E DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO E DE TRANSPORTE INTERMUNICIPAL E
INTERESTADUAL. PRODUÇÃO DE EMBALAGENS SOB ENCOMENDA PARA POSTERIOR
INDUSTRIALIZAÇÃO (SERVIÇOS GRÁFICOS).

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INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE AJUIZADA PARA DAR INTERPRETAÇÃO


CONFORME AO O ART. 1º, § 2º, DA LEI COMPLEMENTAR 116/2003 E O SUBITEM 13.05 DA
LISTA DE SERVIÇOS ANEXA. FIXAÇÃO DA INCIDÊNCIA DO ICMS E NÃO DO ISS. MEDIDA
CAUTELAR DEFERIDA. Até o julgamento final e com eficácia apenas para o futuro (ex nunc),
concede-se medida cautelar para interpretar o art. 1º, § 2º, da Lei Complementar 116/2003 e o
subitem 13.05 da lista de serviços anexa, para reconhecer que o ISS não incide sobre operações de
industrialização por encomenda de embalagens, destinadas à integração ou utilização direta em
processo subseqüente de industrialização ou de circulação de mercadoria. Presentes os requisitos
constitucionais e legais, incidirá o ICMS.

Segundo o acórdão da ação mencionada, o STF declarou constitucional determinada interpretação


dada ao artigo 1º, caput e parágrafo 2º, da Lei nº 116/2003 que trata do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza (ISSQN). Ao conceder a esse artigo a interpretação segundo a qual o ISS não
deverá incidir sobre operações de industrialização por encomenda de embalagens destinadas à
integração ou utilização direta em processo subseqüente de industrialização ou de circulação de
mercadoria, devendo incidir o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a Corte, a
pretexto de realizar uma interpretação conforme a Constituição, acabou por criar uma nova hipótese
de incidência do ICMS.

Sobre o caso analisado, Marina Corrêa Xavier:

A norma criada não pode ser extraída nem dos preceitos constitucionais utilizados como parâmetro
nem das disposições objeto da ação direta, inclusive por contrariá-los. Explica-se. A Constituição é
clara ao atribuir aos municípios a instituição do Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza, desde
que (a) não compreendidos no artigo 155, inciso II, e (b) definidos em lei complementar. Em relação
ao ponto (a), o artigo 155, inciso II, refere-se apenas aos serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação. Quanto ao ponto (b), a União editou a Lei Complementar 116/2003,
que lista os serviços sujeitos ao ISS, e entre eles está a composição gráfica.

A Constituição define, ainda, em seu artigo 146, inciso I, que cabe a Lei Complementar dispor sobre
conflitos de competência, em matéria tributária, entre os entes federados. Em cumprimento ao
preceito, a LC 116/2003 dispõe em seu artigo 1º, parágrafo 2º, que, para evitar conflitos, os serviços
constantes da lista, salvo exceções expressas, não se sujeitam ao ICMS, ainda que sua prestação
envolva fornecimento de mercadorias. É justamente esse o caso da impressão gráfica em
embalagens produzidas sob encomenda para posterior comercialização de outros produtos. Vê-se,
portanto, que o novo comando cria hipótese de incidência do ICMS e afasta a incidência do ISS.

Em outro julgado, ao analisar a natureza jurídica da OAB, o STF entendeu não ser possível se fazer
uma interpretação conforme ao artigo 79 da Lei 8.906/1994, a fim de entender cabível a exigência de
concurso público aos trabalhadores contratados pela OAB. A mencionada norma apenas afirma que à
OAB aplica-se o regime celetista. Desse modo, conforme destacou o Ministro Eros Grau, não há, no
caso, uma norma plurissignificativa que permita mais de uma interpretação ou a extração de mais de
uma norma.

Apesar do que foi decidido pelo Supremo, alguns Ministros apresentaram posicionamento divergente
apontando haver ambigüidade na medida em que a natureza jurídica da OAB não estava definida.
Caso a entidade fosse considerada de Direito Público, haveria a exigência de concurso, caso fosse
considerada de Direito Privado, não haveria tal exigência. Em razão disso, a aplicação da norma do
artigo 79 citado, cumulada com o artigo 37 da Constituição Federal geraria uma ambigüidade,
permitindo a incidência da interpretação conforme. No entanto, como visto, não foi esse o
entendimento do tribunal.

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ELEMENTOS DA TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE
DE NORMAS CONSTITUCIONAIS

Elementos da Teoria da Inconstitucionalidade de Normas Constitucionais

O ordenamento jurídico brasileiro acata corrente que sustenta que a inconstitucionalidade de normas
constitucionais decorre do processo de reforma da Constituição pelo constituinte derivado, sempre
que haja afronta às chamadas cláusulas pétreas (limitação de ordem material) ou ao próprio processo
de reforma (limitação de ordem formal).

Introdução

Há tempos a doutrina e os tribunais alemães se debruçam sobre a possibilidade de


inconstitucionalidade de normas constitucionais.

A sistematização do tema surge a partir da monografia intitulada “Normas Constitucionais


Inconstitucionais?”, na qual o Professor Otto Bachof da Universidade de Tubingen desfia razões que
sustentam, ao menos no plano teórico, a tese da possibilidade de declaração de inconstitucionalidade
das normas constitucionais.

A esse respeito, questiona-se: uma norma originária da própria Constituição pode ser considerada
inconstitucional? Cabe aos tribunais constitucionais o controle das decisões de inconstitucionalidade
de normas constitucionais? É possível que a afronta ao direito natural não positivado possa eivar a
norma constitucional de vício de inconstitucionalidade? A resposta a essas e a outras indagações
povoam a obra, cujo mérito tem sido, através dos tempos, servir de referência sobre o tema.

O objetivo da presente resenha é apresentar os aspectos relevantes suscitados naquela obra,


alertando-se, todavia, para a relativa extemporaneidade do texto, escrito na década de 1950.

Aspectos Jurisprudenciais E Doutrinários Revelados Na Obra

Apresentado o tema da invalidade e da competência judicial do controle das normas constitucionais


inconstitucionais, Otto Bachof passa a discorrer sobre as posições adotadas pela doutrina e pela
jurisprudência alemã. Relevante a ressalva em face das especificidades que integram ordenamentos
jurídicos díspares entre si, conquanto se possa reconhecer que sejam similares em alguns aspectos.

No que tange ao aspecto jurisprudencial, Otto Bachoff aduz algumas linhas de interpretação extraídas
de arestos emanados dos tribunais alemães. Cita, em primeiro lugar, a conclusão do Tribunal
Administrativo de Wurtttemberg-Baden, na decisão DRZ 1949/544, de 2 de novembro de 1949, que
inadmitiu o controle de constitucionalidade do art. 131, 3º período, uma vez que uma norma
constitucional “não pode estar, por definição, em contradição com a própria Lei Fundamental” (pg.
19).

Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal alemão, no acórdão III ZR 153/50, de 15 de março de 1951,
serviu-se da mesma linha de argumentação traçada na decisão supramencionada.

Otto Bachof esclarece que, em ambos os casos, acentuou-se a consistência lógica da Lei
Fundamental alemã frente a ela mesma, sem qualquer preocupação de fundo quanto à concordância
da Lei Fundamental com o direito supralegal (direito natural). Vem suprir essa lacuna a manifestação
do Tribunal Constitucional do Hessen, em decisão de 4 de agosto de 1950, que declarara a exclusão
das normas suprapositivas dos critérios pelos quais se deve pautar o controle de constitucionalidade
das normas, devendo limitar-se, pois, ao exame da constitucionalidade dos atos legislativos.

Pouco mais tarde, em decisão de 20 de julho de 1951, o Tribunal do Hessen revê seu
posicionamento na medida em que passara a admitir a invalidade jurídica de disposição
constitucional, a ser observada a partir de duas vertentes fundamentais.

A primeira delas decorreu da influência exercida pela decisão de 24 de abril de 1950, exarada pelo
Tribunal Constitucional da Baviera, que afastara o conceito meramente formal de Constituição ao
invocar o direito supralegal como parâmetro de controle de constitucionalidade, conforme adiante
transcrito.

“A nulidade inclusivamente de uma disposição constitucional não está „a priori‟ e por definição
excluída pelo facto de tal disposição, ela própria, ser parte integrante da Constituição, que obrigam o
próprio legislador constitucional e que, por infracção deles, outras disposições da Constituição sem a

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ELEMENTOS DA TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE
DE NORMAS CONSTITUCIONAIS

mesma dignidade podem ser nulas ... Se o art. 184 da Constituição tivesse o sentido de colocar o
legislador, no tocante às medidas a tomar por este relativamente aos grupos de pessoas aí
designados, duradouramente fora da Constituição e do direito, seria nulo, por infracção da própria
ideia de direito, do princípio do Estado-de-direito, do princípio da igualdade e dos direitos
fundamentais que são expressão imediata da personalidade humana”. (pg. 23/24).

Já a segunda vertente reporta-se à doutrina do jurista Grewe favorável ao controle de


constitucionalidade das constituições, na ocasião em que haja “infração dos vínculos pré-
constitucionais do processo constituinte” (pg.22).

Quanto ao aspecto doutrinário, Otto Bachof afirmara que a opinio iuri doctorum estava dividida em
relação à possibilidade de declaração da inconstitucionalidade de normas constitucionais. A seu
sentir, porém, a fração da doutrina mais fortemente representada era aquela que postulava como
padrão de constitucionalidade a constituição tomada sob o aspecto material, e não meramente
formal. Nessa corrente de pensamento, incluem-se, além do próprio autor, os juristas Grewer, Kruger,
Giese, Mallmann e Friesenhahn.

Otto Bachof dirigiu sua critica, principalmente, às formulações de Apelt, Spanner e Arndt, calcadas
em um conceito puramente formal de Constituição.

Apelt sustentava ser indevida a intromissão da jurisdição no espectro da legislação constitucional


que, em sua visão, consubstanciaria direito supremo do Parlamento. Decorre daí a total recusa de
que também o legislador constitucional deve-se curvar ao direito, servindo, de antemão, aos valores
éticos da liberdade, da dignidade humana e da justiça.

Por sua vez, Spanner adotou um ponto de vista kelseniano para pugnar que a Constituição seria o
único parâmetro do controle de constitucionalidade. Logo, renegou a validade de critérios
extrapositivos como parâmetro de aferição da constitucionalidade por entender que tais critérios
exporiam a risco a jurisdição constitucional, consoante descreve Otto Bachof, in verbis.

“A prova do perigo entrevisto no recurso a normas extrapositivas, encontra-a SPANNER na


jurisprudência da „Supreme Court‟ dos Estados Unidos, a qual, ao introduzir na Constituição, por via
interpretativa, princípios de direito natural, especialmente na sua jurisprudência sobre o New-Deal,
ultrapassou os seus limites e justamente por isso entrou em conflito com o Presidente. A jurisdição
constitucional tem os seus limites onde já não podem ser aplicadas normas jurídicas. A jurisprudência
ultrapassa os seus limites quando queira ir, sem autorização especial, além da interpretação e
aplicação do direito vigente” (pg. 28).

Na mesma linha da recusa a critérios extrapositivos pronunciou-se Arndt. Embora não renunciasse ao
direito natural, entendia não ser ele “acessível a uma regulamentação legal” (pg. 29).

Na fração doutrinária favorável ao controle de constitucionalidade das normas constitucionais, fulgura


o jurista Grewe para quem a ação do constituinte originário se sujeita à precedência de normas que
lhe antecedem. Como bem observa Otto Bachof:

“Esta vinculação jurídica do poder de decisão do legislador constituinte actua num duplo sentido: por
um lado, toda e qualquer Constituição encontra uma barreira à sua eficácia em determinados
princípios jurídicos intangíveis, que tanto justificam como limitam o acto constituinte („legitimidade da
actuação constituinte‟); por outro lado, o acto de nascimento da Constituição, sempre que se não
esteja perante uma decisão constituinte puramente revolucionária, tem de observar as regras
processuais estabelecidas em leis „pré-constitucionais‟ para o acto de legislação constitucional
(„legalidade da actuação constituinte)” (pg. 31).

De outra feita, Kruger rejeita a suposição de que as normas constitucionais possuam todas a mesma
índole e estejam niveladas em igual grau. Para o doutrinador, a Lei Fundamental alemã obriga o
legislador constitucional ao qualificar os direitos fundamentais como direito diretamente aplicável.
Giese filia-se à tese de Kruger ao perfilhar o entendimento segundo o qual “todo e qualquer
documento constitucional, como em toda e qualquer lei, podem distinguir-se preceitos de importância
fundamental e preceitos menos importantes” (pg. 34). Mallmann atenta que a essência da ordem
constitucional moderna repousa na proibição do arbítrio (de natureza suprapositiva), extensível ao
legislador originário. E, por fim, Friesenhahn adere à tese da nulidade de normas constitucionais que
infrinjam o direito natural.

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ELEMENTOS DA TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE
DE NORMAS CONSTITUCIONAIS

O Conceito De Constituição

Otto Bachof afirma que “[a] discussão sobre a possibilidade da ocorrência de normas constitucionais
inconstitucionais pressupõe um entendimento acerca do conceito de Constituição” (pg. 38). Partindo
dessa premissa, estabelece a distinção entre Constituição em sentido formal e Constituição em
sentido material.

O autor assim define Constituição em sentido formal:

“[...] Constituição em sentido formal será uma lei formal qualificada essencialmente através de
características formais – particularidades do processo de formação e da designação, maior
dificuldade de alteração – ou também um pluralidade de tais leis: corresponder, portanto, ao conteúdo
global, muitas vezes mais ou menos acidental, das disposições escritas da Constituição” (pg. 39).

Por outro lado, aduz o conceito de Constituição em sentido material lastreado na preleção de Jellinek
que a entende como “o conjunto de normas jurídicas sobre a estrutura, atribuições e competências
dos órgãos supremos do Estado, sobre as instituições fundamentais do Estado e sobre a posição do
cidadão no Estado” (pg. 39).

Constituição E Direito Suprapositivo

Segundo o autor, o problema da relação entre a Constituição e o direito suprapositivo foi


aparentemente resolvido pela positivação de valores metafísicos ínsitos ao direito natural.

Resta saber se as regras do direito constitucional formal estão em harmonia com o direito natural,
bem como se a positivação dos valores contidos na Constituição formal exaure o conteúdo do direito
suprapositivo.

Baseado na lição de Hippel, o Prof. Bachof afirma que Constituição válida é Constituição legítima, aí
compreendida sua positividade e obrigatoriedade. A positividade revela a existência da Constituição
“como plano e expressão de um poder efetivo” (pg. 42). Por seu turno, a obrigatoriedade diz respeito
à “vinculação jurídica dos destinatários das normas ao que é ordenado” (pg. 42).

Quanto ao elemento obrigatoriedade, convém sublinhar a lição do Prof. Bachof, alicerçada em Gustav
Radbruch, a fim de não perder de vista a importância desse aspecto caracterizador da validade da
Constituição frente ao direito suprapositivo.

“Esta obrigatoriedade só existirá, em primeiro lugar, se e na medida em que o legislador tome em


conta os „princípios constitutivos de toda e qualquer ordem jurídica‟ e, nomeadamente, se deixa guiar
pela aspiração à justiça e evite regulamentações arbitrárias. Mas, além disso, só existirá ainda [...] se
o legislador atender aos mandamentos cardeais da lei moral, possivelmente diferente segundo o
tempo e o lugar, reconhecida pela comunidade jurídica, ou, pelo menos, não os renegar
conscientemente” (pg. 42/43).

Na sequência, o autor defende o direito suprapositivo ao ressaltar sua objetividade, à medida que o
distingue inteiramente do recurso à consciência individual como fundamento de validade ou fonte de
decisões judiciais.

Por conseguinte, Otto Bachof assinala que a restrição da legitimidade da Constituição à sua
positividade redundaria na equivalência da definição entre direito e poder, sujeitando, assim, o
jurisdicionado a eventuais caprichos dos legisladores. Nesse ponto, o autor reaviva a memória dos
leitores ao remetê-los à eterna macula da história alemã (nazismo), ocasião em que direito e poder
constituíam-se um amálgama indiscernível.

Resumo Da Análise De Otto Bachof

O Professor Otto Bachof apresenta em seu estudo as diferentes possibilidades de normas


constitucionais inconstitucionais (inválidas) acompanhadas de suas respectivas fundamentações.

Considerada a distinção entre Constituição em sentido formal (escrita) e em sentido material, o autor
divide a análise das normas constitucionais inválidas, basicamente, em dois pontos distintos: violação

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ELEMENTOS DA TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE
DE NORMAS CONSTITUCIONAIS

da Constituição escrita e violação do Direito Constitucional não escrito. É preciso alertar, porém, que
essa divisão não exaure as possibilidades de normas constitucionais inconstitucionais (inválidas).

Os referidos pontos, por sua vez, são subdivididos da seguinte forma:

I) Violação da Constituição Escrita:

a) Inconstitucionalidade de normas constitucionais ilegais:

A ilegalidade aqui é entendida como a não conformação em relação aos preceitos da Constituição
anterior. Segundo Grewe (apud, Bachof, 1994), a legalidade de uma norma da Constituição pode
assumir ainda significado quando o processo constituinte for estabelecido por leis pré-constitucionais.
Então, a observância a esse processo será condição de validade da Constituição. A afronta a
preceitos de leis pré-constitucionais que regem o processo eivam a Constituição de vício.

b) Inconstitucionalidade de leis de alteração da Constituição: a emenda à Constituição

A emenda à Constituição pode infringir disposições processuais (inconstitucionalidade formal) e


cláusulas pétreas (inconstitucionalidade material). Posição essa admitida no direito constitucional
brasileiro.

c) Inconstitucionalidade de normas constitucionais em virtude de contradição com normas


constitucionais de grau superior

Kruger, segundo nosso autor, pressupõe a existência de normas formais e materiais no corpo da
Constituição, diferenciando-as em normas de grau inferior (formais) e normas de grau superior
(material). Em vista disso, havendo contradição entre tais normas as de grau inferior (formais) seriam
inconstitucionais.

Otto Bachof, no entanto, adere, com ressalva, à tese de Kruger, pois entende inexistir diferença de
graus de importância entre normas constitucionais. Encara a matéria como mera decisão legislativa
que excepciona a regra, desde que haja concordância com os princípios basilares da Constituição e
não infrinja norma de direito natural, mormente aquelas imanentes a qualquer ordem jurídica.

d) Inconstitucionalidade resultante da “mudança de natureza” de normas constitucionais (cessação da


vigência sem disposição expressa)

Em decorrência da missão integradora da ordem constitucional, é lícito admitir a possibilidade de


normas constitucionais tornarem-se obsoletas diante da realidade social vigente.

A questão que se coloca é a identificação do fenômeno como de inconstitucionalidade ou de


cessação de vigência da norma constitucional, sendo esta última hipótese a mais apropriada na visão
de Otto Bachof, contanto que declarada pelo competente tribunal constitucional.

e) Inconstitucionalidade por infração de direito supralegal positivado na lei constitucional

O direito suprapositivo pertence tanto a Constituição em sentido formal quanto em sentido material,
na medida em que tenha sido positivado na Carta.

Se uma norma constitucional violar outra norma que tenha positivado direito natural, Otto Bachof
qualifica-a como inconstitucional. Isso porque considera que o direito natural positivado, “em virtude
do seu caráter incondicional, precede o direito que é apenas direito positivo” (pg. 63).

II) Violação de Direito Constitucional Não Escrito

a) Inconstitucionalidade por infração dos princípios constitutivos não escritos do sentido da


Constituição

O autor ilustra esse tópico com a máxima do comportamento não prejudicial à Federação que,
embora não positivado, condiciona a atuação do legislador.

Seria inconstitucional uma lei que operasse redução desmedida das competências da Federação em
favor dos Estados Federados, na medida em que pusesse em risco a coesão e a unidade daquela.

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ELEMENTOS DA TEORIA DA INCONSTITUCIONALIDADE
DE NORMAS CONSTITUCIONAIS

b) Inconstitucionalidade por infração de direito constitucional consuetudinário

Segundo Otto Bachof, o direito constitucional pode completar a Constituição escrita, mas nunca
poderá haver conflito entre o direito consuetudinário e a Constituição. Em outras palavras, uma norma
da Constituição nunca ser inconstitucional por infringir direito consuetudinário.

c) Inconstitucionalidade (invalidade) por infração de direito supralegal não positivado

O autor constata a extensa incorporação do direito natural à Lei Fundamental. Mesmo diante dessa
constatação, não se furta de tomar posição relativamente ao tratamento da matéria em face do direito
natural não positivado.

Em resumo, Otto Bachof entende que uma norma constitucional que infrinja o direito natural não pode
reivindicar qualquer obrigatoriedade jurídica.

Após argumentar sobre a delimitação da competência judicial de controle das normas constitucionais
segundo a letra da Lei Fundamental e segundo a natureza dessa mesma competência, o doutrinador
conclui que compete aos tribunais constitucionais o controle amplo da constitucionalidade de normas
da Constituição, inclusive à luz de todo o direito incorporado à Constituição ou por ela pressuposto.

À Guisa De Conclusão

Identificam-se duas correntes doutrinárias que informam a tese da inconstitucionalidade de normas


constitucionais: a) corrente que admite a inconstitucionalidade de normas constitucionais originárias;
e b) corrente que admite a inconstitucionalidade de normas oriundas de processo de revisão ou de
emenda, sugerindo apenas contradição aparente entre as normas constitucionais originárias[1].

O ordenamento jurídico brasileiro acata a segunda corrente que sustenta que a inconstitucionalidade
de normas constitucionais decorre do processo de reforma da Constituição pelo constituinte derivado,
sempre que haja afronta às chamadas cláusulas pétreas (limitação de ordem material) ou ao próprio
processo de reforma (limitação de ordem formal).

O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Ferreira Mendes registra que, após o advento
da Constituição de 1988, o Supremo Tribunal Federal deparou-se com casos daquela natureza, todos
consubstanciados nos seguintes julgados: ADI 3.367/DF, Relator Cezar Peluso, DJ 17.3.2006; ADI
3685/DF, Relatora Ellen Gracie, DJ 10.8.2006; ADI 3.128/DF Relator p/ acórdão Cezar Peluso, DJ
18.2.2005; ADI 3.105/DF, Relator Cezar Peluso, DJ 18.2.2005; MS 24.642/DF, Relator Carlos
Velloso, DJ 18.06.2004; ADI 1.946/DF, Relator Sydney Sanches, DJ 16.5.2003; ADI-MC 1.946/DF,
Relator Sydney Sanches, DJ 14.9.2001; ADI-MC 1.805/DF, Relator Néri da Silveira, DJ 14.11.2003;
ADI-MC 1.497/DF, Relator Marco Aurélio, DJ 13.12.2002; ADI-MC 1.420/DF, Relator Néri da Silveira,
DJ 19.12.1997; ADI 997/RS, Relator Moreira Alves, DJ 30.8.1996; ADI 815/DF, Relator Moreira Alves,
DJ 10.5.1996; ADI 939/DF, Relator Sydney Sanches, DJ 18.3.1994; ADI-MC 926/DF, Relator Sydney
Sanches, DJ 6.5.1994; ADI 830/DF, Relator Moreira Alves, DJ 16.9.1994; ADI 466/DF, Celso De
Mello, DJ10.5.1991.

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REFORMA E REVISÃO CONSTITUCIONAL

Reforma e Revisão Constitucional

O que é mutação, reforma e revisão constitucional?

A mutação constitucional é um processo informal de alteração constitucional, sendo resultado de uma


evolução dos costumes, dos valores da sociedade, das pressões exercidas pelas novas exigências
econômico-sociais, etc. Nesse processo, muda-se o sentido da Constituição sem nenhuma mudança
na literalidade de seu texto.

Podemos citar como exemplo de mutação constitucional as hipóteses em que o STF muda a sua
interpretação sobre o alcance, sobre o conteúdo de algum dispositivo da Constituição . Foi o que
aconteceu quanto ao alcance do foro especial por prerrogativa de função, matéria em que o STF já
teve posições diferentes.

Nossa Constituição também pode ser alterada por meio de procedimentos formais, resultantes da
atuação do poder constituinte derivado, segundo os procedimentos estabelecidos na
própria Constituição pelo legislador constituinte originário, sendo dois os procedimentos previstos em
nossa Carta: a revisão constitucional (art. 3º , ADCT) e a reforma constitucional, disposta no
art. 60 , CF .

Portanto, a reforma constitucional e a revisão constitucional são meios formais de modificação


da Constituição , por intermédio da aprovação de emendas à Constituição pelo Poder Constituinte
Derivado.

Reforma Constitucional E Mutação Constitucional

Interpretar uma norma jurídica é buscar o verdadeiro significado de seus dispositivos. Isso ocorre,
obviamente, quando há dúvidas acerca de sua correta aplicação.

A interpretação das normas constitucionais tem importância singular, vez que são elas que dão
validade às demais normas de um sistema jurídico. Ela é também um dos mecanismos utilizados para
solucionar conflitos aparentes de normas.

Uma interpretação adequada da norma não deve levar em consideração apenas fatores jurídicos,
mas também históricos, ideológicos, sociais, econômicos e políticos. E deve ser feita de forma
sistêmica, considerando todo o conjunto normativo, não isoladamente.

Se o sentido interpretativo da norma constitucional se mostra inadequado, ele deve ser alterado,
considerando-se sempre os limites autorizados pelo constituinte originário. E isso pode ocorrer de
duas maneiras: por meio de uma reforma constitucional ou por meio da chamada mutação
constitucional.

Reforma Constitucional

Congresso Nacional

A reforma constitucional corresponde a uma alteração no texto da Constituição. No caso da


Constituição de 1988, essa reforma constitucional só pode ocorrer por meio de Emendas

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REFORMA E REVISÃO CONSTITUCIONAL

Constitucionais. Somente por meio delas é possível alterar, suprimir ou acrescentar dispositivos
constitucionais.

Conforme o artigo 60, § 2º, da Constituição Federal, a proposta de emenda, discutida


necessariamente nas duas casas do Congresso Nacional, em dois turnos, somente será aprovada
pela votação, nesses turnos, de três quintos dos seus membros.

Mutação Constitucional

A mutação constitucional, por sua vez, corresponde a uma alteração no sentido que se dá à norma
sem qualquer alteração de seu texto. Essa alteração na interpretação da norma se dá informalmente,
ou seja, sem qualquer previsão formal na própria Constituição, como ocorre no caso da reforma
constitucional, por meio das emendas.

A mutação constitucional é expressão do dinamismo das normas jurídicas, cujo sentido não se esgota
em seu texto nem permanece inalterado após sua publicação, podendo até mesmo não corresponder
mais ao sentido dado pelo legislador original.

A mutação pode decorrer tanto de alterações na realidade fática como devido a mudanças na própria
percepção do direito. E para ser legítima deve estar lastreada por uma real demanda da coletividade.

Uma das formas de materialização da mutação constitucional ocorre por meio das súmulas de
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição.

Exemplos são as interpretações dadas pela Corte em temas como o casamento homoafetivo e o
aborto em caso de anencefalia. A vedação à prisão civil do depositário infiel também é outra exemplo
de mutação constitucional, ocorrida em decorrência de tratado internacional de direitos humanos
internalizado pelo país.

Outra forma de mutação constitucional é a própria atividade legislativa primária, quando nova lei é
publicada dando nova regulamentação à dispositivo constitucional.

A despeito da forma de concretização da mutação constitucional, o novo sentido dado à norma


sempre encontrará limites nos princípios constitucionais estruturantes.

Veja com esse tema costuma ser cobrado em provas de concurso público:

Questão (FGV – TCM/RJ – Procurador): Mutação constitucional é:

a) o mesmo que reforma da constituição.

b) o mesmo que emenda da constituição.

c) o processo não-formal de mudança de constituição flexível.

d) o processo não-formal de mudança de constituição rígida.

e) o processo formal de alteração do texto constitucional.

Resposta: Letra D

Comentário: A mutação constitucional é a alteração não-formal no sentido de uma norma


constitucional contida em uma constituição rígida, sem alteração no seu texto. Não se confunde com
reforma constitucional, que ocorre quando há alteração de texto, possível somente por meio de
emenda constitucional.

Questão (IBFC – TRE/AM – Analista Judiciário): Por “mutação constitucional”, entende-se:

a) A inserção de emendas constitucionais no texto da Constituição.

b) A superveniência de uma nova Carta Política.

c) A nova interpretação dada à Constituição, atribuindo novos sentidos ao seu texto.

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REFORMA E REVISÃO CONSTITUCIONAL

d) O exercício do Poder Derivado Decorrente.

Resposta: Letra C

Comentário: Mais uma vez, a mutação constitucional altera o sentido da norma constitucional, sem
qualquer alteração no seu texto.

Questão (FCC – MPE/SE – Analista): O processo formal de mudança das Constituições rígidas, por
meio da atuação do poder constituinte derivado, com a aprovação de emendas constitucionais,
segundo os procedimentos estabelecidos na própria Constituição pelo legislador constituinte
originário, é próprio

a) da revisão constitucional e da mutação constitucional.

b) da mutação constitucional e da reforma constitucional.

c) da reforma constitucional e da revisão constitucional.

d) da mutação constitucional e do poder constituinte derivado decorrente.

e) do poder constituinte derivado reformador e da mutação constitucional.

Resposta: Letra C

Comentário: Alterações formais no texto da Constituição por meio de emendas corresponde à


reforma constitucional, bem como a revisão constitucional, que é um tipo de reforma. Não se
confunde, portanto, com a mutação constitucional, que é informal e não altera o texto da norma.

Questão (FCC – TRT1 – Juiz do Trabalho Substituto): Thomas Paine afirmou “A vaidade e a
presunção de governar para além do túmulo é a mais ridícula e insolente das tiranias”. Partindo-se
das premissas de que a Constituição é feita para durar (estabilidade), mas que a imutabilidade
absoluta é um risco à sua legitimidade, especialmente perante as gerações futuras (adaptabilidade),
tem-se que o mecanismo institucional que, de maneira informal, permite a modificação do sentido e
do alcance do texto constitucional positivado é a

a) Revisão constitucional.

b) Mutação constitucional.

c) Reforma constitucional.

d) Assembleia constituinte.

e) Emenda constitucional.

Resposta: Letra B

Comentário: Como a mutação constitucional permite alterações no significado da norma sem


modificação no texto, ela funciona como mecanismo de estabilidade das constituições ao longo de
gerações, já que apta a dar-lhes interpretações mais adequados frente à evolução social.

Questão (UEG – PC/GO – Delegado de Polícia): Considerada a mutação constitucional como uma
incongruência entre as normas constitucionais e a realidade constitucional, sua origem reside na

a) conduta administrativa e judiciária formalmente contrária aos valores constitucionais e aos


princípios originários.

b) prática judicial que viola formalmente e despreza a Constituição Federal, apresentando soluções
para além dela.

c) interpretação formalmente contrária à Constituição e materialmente em dissonância com os seus


princípios.

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REFORMA E REVISÃO CONSTITUCIONAL

d) prática judicial resultante da impossibilidade do exercício de direitos constitucionalmente


instituídos.

Resposta: Letra D

Comentário: A mutação constitucional é um processo informal, o que faz dos itens A, B e C, que
mencionam “formalmente”, incorretos, restando apenas a letra D. De fato, a prática judicial é uma das
formas de materialização da mutação constitucional, por meio da qual é possível dar novo sentido à
norma constitucional, de maneira não-formal, permitindo que sua aplicação seja ajustada à
preservação de direitos e ao respeito a princípios constitucionais estruturantes.

Questão (CESPE – INCA – Analista Júnior): O processo de mutação constitucional consiste em


proceder a um novo modo de interpretar determinada norma constitucional, sem que haja alteração
do próprio texto constitucional.

Resposta: Certo

Comentário: Precisamente o conceito de mutação constitucional.

Questão (CESPE – SERPRO – Analista em Advocacia): O Supremo Tribunal Federal (STF) poderá,
por meio de interpretação, alterar o sentido de determinado dispositivo constitucional sem alteração
material do texto, em procedimento que a doutrina denomina como mutação constitucional.

Resposta: Certo

Comentário: A jurisprudência do STF, atividade interpretativa da norma constitucional, é uma das


formas de materialização da mutação constitucional.

Questão (CESPE – ANATEL – Especialista em Regulação): A afirmação, pelo STF, de uma mutação
constitucional implica o reconhecimento, por parte da Corte, de erro ou equívoco interpretativo do
texto constitucional em julgados pretéritos.

Resposta: Errado

Comentário: A mutação constitucional não decorre de erros na interpretação da norma constitucional,


mas da necessidade de adaptar o seu significado a novas realidades e demandas sociais.

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A HIERARQUIZAÇÃO DAS NORMAS

A Hierarquização Das Normas

Teoria pura do direito: a hierarquização das normas

Faz uma breve explanação sobre os principais pontos da obra Teoria Pura do Direito, de Hans
Kelsen, evidenciando sua imensa vontade de transformar o Direito em uma ciência pura e exata.
Focalizando ainda, a hierarquização das normas, quanto a sua elaboração, sendo a norma superior
fundamentadora da norma inferior, e pressuposto da sua validade.

A "Teoria Pura do Direito", de 1934, é uma das obras mais importantes de Hans Kelsen. O
neopositivista vienense nasceu na cidade austríaca de Praga, no ano de 1881. Fundou a Escola de
Viena, onde lecionou por um período 10 anos (1919-1929). Inovador dos pensamentos positivistas de
sua época. Morreu no estado da Califórnia, no ano de 1973.

Kelsen, ao criar sua "Teoria Pura do Direito", inovou todas as explicações dadas ao direito, pois o
desenvolvimento de sua tese tentou fazer deste uma ciência, na qual, todo o seu pensamento ocorre
em torno do desejo de ter uma 'teoria pura do direito', sendo esta ciência jurídica pura e independente
de qualquer outra área de conhecimentos, como a política, a ética, os juízos de valores, a moral, a
sociologia, a psicologia e etç. Assim, tenta explicar o direito através de uma doutrina, sendo apenas
esta pura, lógica e precisa, contendo métodos fixos pelos quais se chegaria a um resultado
irrefutável. A ciência jurídica deveria ser afastada da política, bem como de outras áreas de
conhecimentos, pois se não auxiliam na explicação, devem ser mantidos fora do campo explicativo,
haja vista que a referida ciência deverá desempenhar o papel de identificar e descrever as normas
que integram determinado ordenamento jurídico. Em síntese, a pureza se dá em relação à doutrina,
ciência jurídica, e não ao direito objeto desta última, pois a política é inerente ao próprio direito.

Kelsen analisa nos modelos das ciências da natureza as relações de causa e efeitos, cujo principio
é de causalidade, em que os cientistas formulam leis gerais para a transmissão do conhecimento e
assegurar a hipótese de previsibilidade de ocorrência dos eventos. Neste sentido, o autor infere ao
seu rebento a estrutura do dever-ser, através do principio da imputabilidade, em que um fato torna-se
condição de outro conectado com o anterior por uma vontade atributiva do vinculo.

Surgem desta forma, as normas primárias - sanções -- tidas como verdadeiras normas e as normas
secundárias, ou também denominada reflexo da primária, sendo normas que evidenciam condutas.
Entretanto, as normas secundárias, são normas dependentes, tendo sua identificação somente a
partir das normas sancionadoras, ou primárias. Por outro lado, revela Kelsen, a existência de um
"mínimo de liberdade", em que nem sempre a conduta humana estará incorporada em uma sanção.

Ao estabelecer a estrutura do dever na norma jurídica, o autor se preocupa em diferenciar aquele do


dever da moral e da religião, já que todos prescrevem normas de condutas. Assim, a discrepância
entre essas normas surgem na perspectiva que 1) o direito motiva de forma indireta o comportamento
humano por meio da ameaça de sanção, 2) o direito forma-se pelos comandos sancionados,
possuindo caráter coercitivo exercido apenas pela força física do Estado, e, 3) o direito pertence ao
mundo da cultura, ou seja, advém da vontade humana.

Outro ponto crucial é a validade das normas; assim preconiza Sgarbi¹:

"conforme a teoria Kelseniana, dizer que uma norma é válida é o mesmo que dizer que existe no
conjunto normativo e que, por existir, deve ser obedecida e aplicada juridicamente."[1]

Ou seja, as normas válidas são obrigatórias.

Kelsen tambem estabelece uma hierarquização das normas, atribuindo a existência destas na
dicotomia: Norma superior-fundante X Norma inferior-fundada, a primeira sempre direciona esta
ultima. A norma superior-fundante é quem regula e institui a criação e os métodos utilizados na norma
inferior-fundada. Entretanto, o autor, se depara com uma resistência: se há sempre uma superior-
fundante, isto é, a Constituição emanando direções às normas inferiores, como se ocorre a existência
de uma norma superior que orienta a própria constituição (norma superior-fundante)? Surge nesse
momento a norma "hipotética" fundamental, a qual se estabelece como uma pressuposição, uma
hipótese capaz de dar identidade e identificar as normas da ordem jurídica.

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A HIERARQUIZAÇÃO DAS NORMAS

Em principio, desempenha o papel de desvincular o direito das deduções, dos pensamentos


metafísicos, no entanto, Kelsen se vê obrigado a utilizar da transcendentalidade para justificar sua
teoria. Assim a norma "hipotética" fundamental trata-se de um pensamento, uma pressuposição
situada em um plano superior e inacessível, estando além do ordenamento jurídico, mas, é ela quem
confere, segundo o autor, validade a todo o ordenamento jurídico.

Para Kelsen, O direito só existe dentro de um ordenamento jurídico imposto pelo Estado, desta
forma, a justiça se estabelece na aplicação de tais normas. Neste caso, para ele, é irrelevante a
avaliar a norma jurídica como justa ou não, devido acreditar que o conceito de justiça é relativo, desta
forma a injustiça é concebida somente se as normas contidas no ordenamento não estiverem de
acordo com a norma superior-fundante, isto é, aquela direciona e fundamenta as outras normas tidas
como inferior-fundamente. Outro caso de injustiça da norma que o autor vienense admite, ocorre
quando a norma utilizada na aplicação é oriunda de um órgão que não possui competência para
legislar determinada matéria.

Neste sentido, Kelsen peca ao não estabelecer o conceito de justiça, afinal, nem sempre a justiça
estará disposta na norma. Além, de que muitas vezes, os próprios órgãos competentes legislam leis
arbitrárias que beneficiam somente uma ínfima parcela da sociedade. Em outras palavras, para
Kelsen a justiça ocorre somente quando há subsunção da norma ao caso concreto, acabando assim,
por limitar demasiadamente a função do julgador, que estará direcionado a norma exercendo apenas
um papel mecânico, e não observando os princípios gerais do direito.

No intuito de fundamentar sua teoria, Kelsen tira a idéia de que o judiciário age mecanicamente
apenas aplicando o direito, inferindo-se a idéia do afastamento da justiça na aplicação da norma.
Neste sentido, ele afirma que a aplicação e a criação do direito não são movimentos separados, em
que somente o legislador produz leis e o judiciário as aplica. Assim, Kelsen entende que quando o
judiciário se utiliza da constituição, está aplicando individualmente a norma em sua sentença, bem
como, criando outras normas.

Entretanto, percebemos que o argumento de Kelsen é falho, pois como pode existir a criação de
uma nova norma através da aplicação ao caso concreto, se a lei já está criada e ao julgar não se
analisa nada além da própria lei pré-disposta.

Após esta breve explanação geral a respeito da obra Teoria Pura do Direito, de Kelsen, nós
direcionamos nossos estudos a partir deste momento para discorrer sobre um assunto em particular
desta obra: a hierarquização das normas.

O direito possui a particularidade de regular sua própria criação, logo uma norma só é valida porque
foi criada e determina por uma outra norma superior àquela. Essa relação de criação é denominada
por kelsen de supra-infra-ordenaçao. A norma que regula a produção é a norma superior e a norma
produzida é a norma inferior. Essa foi a conclusão já apresentada por Kelsen no livro Teoria Geral do
Estado de 1925 e na 1º versão da Teoria Pura do Direito, de 1934. Diferentemente do que trouxe em
Problemas Fundamentais de Direito Publico, 1911 onde o autor identificava a ordem jurídica como um
sistema de normas situadas todas num mesmo plano horizontal, umas ao lado das outras.

O modo de criação, função e aplicação das normas inferiores são determinadas pelas normas
hierarquicamente superiores. Muitas vezes ainda, é determinado o conteúdo a ser disposto na norma
inferior. No entanto, kelsen ressalta que pelo menos a norma superior deve estipular qual órgão
criador da norma inferior.

Assim cita Kelsen :

"A ordem jurídica não é um sistema de normas jurídicas ordenadas no mesmo plano, situadas umas
ao lado das outras, mas é uma construção escalonada de diferentes camadas ou níveis de normas
jurídicas. A sua unidade é produto da conexão de dependência que resulta do fato de a validade de
uma norma, que foi produzida de acordo com outra norma, se apoiar sobre essa outra norma, cuja
produção, por sua vez, é determinada por outra; e assim por diante, até abicar finalmente na norma
fundamental - pressuposta. A norma fundamental - hipotética, nestes termos - é, portanto, o
fundamento de validade último que constitui a unidade desta interconexão criadora." [2] , como
exemplifica a figura abaixo:

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A HIERARQUIZAÇÃO DAS NORMAS

Como mostra a pirâmide, a norma hipotética fundamental é a mais superior dentre o ordenamento
jurídico, "sendo o fundamento supremo de validade da ordem jurídica inteira" (H. KELSEN, 1987)

A norma que se apresenta como fundamento de outra norma é em relação à essa uma norma
superior, sendo assim a norma hipotética fundamental é o pressuposto de validade de todo o
ordenamento jurídico representado pela pirâmide. Logo a norma jurídica positiva é valida porque a
norma que a fundamenta é pressuposta como válida. Sendo assim podemos concluir que se a norma
fundamentadora perder sua validade a ordem jurídica que por ela se fundamentava por
conseqüência, se torna inválida.

A norma hipotética fundamental é assim denominada por estar em um plano superior hipotético
além da pirâmide, devido ao fato de não se tratar de uma norma posta, pois esta não está regulada
por nenhuma outra e sua validade independe de norma superior. Sendo assim, esta norma é o ponto
de partida do processo de criação do direito positivado. Tendo como função fundamentar a validade
objetiva de uma ordem jurídica posta, sendo então uma norma pressuposta. Deste modo a norma
posta tem sua validade embasada em uma norma que não pertence ao direito positivo, estando
aquela funcionando como critérios e limites impostos ao positivismo jurídico.

Saindo do plano transcendental e adentrando no campo do direito positivado, encontramos no topo


da pirâmide a figura da Constituição. JAS assim a define:

"A Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, a que confere validade, e que todos
os poderes estatais são legítimos na medida em que elas o reconheça e na proporção por ela
distribuídos. É, enfim, a lei suprema do Estado, pois é nela que se encontram a própria estruturação
deste e a organização de seus órgão; é nela que se acham as normas fundamentais de Estado, e só
nisso se notará sua superioridade em relação às normas jurídicas."[3]

Kelsen ainda faz uma distinção entre Constituição material e Constituição formal. Entende ele como
Constituição material um conjunto de regras que regem a criação das normas jurídicas gerais, em
específico os estatutos. Trata-se do documento solene contendo as normas escritas que compõe
parte da Constituição formal.

Assim como também citou JAS, a Constituição em sentido material tem como finalidade dar
proteção aos órgãos e procedimentos legislativos que projetam tal documento solene, e ainda
dificultar a modificação de suas regras.

Já a Constituição em sentido formal traz preceitos que dificultam a alteração ou revogação das
normas constitucionais.

Sendo assim a norma jurídica que contrariar as disposições da Constituição não será considerada
válida.

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A HIERARQUIZAÇÃO DAS NORMAS

Dando segmento à pirâmide hierárquica, as normas gerais estão imediatamente colocadas após a
Constituição. Estas normas são criadas pela legislação, ou ainda através dos costumes.

Hans Kelsen entende que as normas gerais oriundas do processo legislativo, são normas postas -
estatuídas. Trata-se de um processo que estabelece normas de acordo com os interesses sociais
tendo como fonte os fatos e valores que a sociedade oferece. Desta fneorma, o ato legislativo é tido
como um fato produtor de Direito.

A Constituição além do ato legislativo prevê o costume - fato consuetudinário - como criador de
Direito. Paulo Nader nos dá a definição de costume como sendo:

"Um conjunto de normas de conduta social, criadas espontaneamente pelo povo, através do uso
reiterado, uniforme e que gera a certeza de obrigatoriedade. [...]" [4]

Neste caso, o indivíduo pertencente à comunidade entende o costume com o sentido de um dever
ser, ou seja, sentido de que se deve conduzir de acordo com o costume. Sendo assim, os indivíduos
praticam os atos costumeiros na convicção de que tais devam ser praticados.

Portanto entendemos que o próprio indivíduo cria em seu inconsciente uma espécie de ordem, na
qual acredita que a forma como age - consuetudinariamente - é a obrigatória. Deste modo, o costume
produz direito tal como a legislação.

Para que o Direito Consuetudinário seja aplicado devem os órgãos aplicadores ter competência para
tal. E ainda, as normas consuetudinárias só se tornarão normas jurídicas quando essas forem
reconhecidas pelos tribunais. Para que isso ocorra, o tribunal devera saber se a norma costumeira
contém todos os requisitos para se validar o costume.

Kelsen ainda faz a diferenciação entre lei e decreto. Ele os considera como subdivisões do escalão
da produção de normas gerais.

Em regra as leis são produzidas por um parlamento, porem a Constituição permite que em certos
casos excepcionais o governo ou determinado órgão administrativo editem normas gerais.

Estas normas que não são oriundas do parlamento são denominadas de decretos, que ainda podem
ser regulamentares ou decretos-leis

Juntamente com as leis, os costumes e os decretos, as jurisprudências compõem o patamar das


normas gerais da pirâmide kelseniana. Assim reza a brilhante doutrina de Paulo Nader:

"Jurisprudência em sentido estrito: [...] conjunto de decisões uniformes, prolatadas pelos órgãos do
Poder Judiciário, sobre uma determinada questão jurídica" [5]

Por fim, na base da pirâmide Kelseniana temos as normas individualizadoras.

Encontramos neste patamar a figura dos negócios jurídicos e das decisões judiciais.

A respeito das decisões judiciais, kelsen afirma que estas não possuem apenas caráter declaratório,
pois a sua função vai muito alem de se descobrir e declarar direitos. Possui a decisão judicial, então,
para Hans kelsen um caráter constitutivo, pois o tribunal deverá primeiramente verificar a
constitucionalidade da norma a ser aplicada, e somente depois de se ter feito toda analise necessária
é que a norma tornar-se-á passível de aplicação ao caso concreto. Somente neste momento, então,
pode se dizer que a lei é vigente.

Kelsen afirma:

"Somente a falta de compreensão da função normativa da decisão judicial, o preconceito de que o


Direito apenas consta de normas gerais, a ignorância da norma jurídica individual, obscureceu o fato
de que a decisão judicial é apenas a continuação do processo de criação jurídica e conduziu ao erro
de ver nela apenas a função declarativa" [6]

A decisão judicial constituirá uma norma geral quando tal decisão criar o chamado precedente
judicial. Neste caso a decisão será vinculada a outros casos idênticos, devido o fato da norma

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A HIERARQUIZAÇÃO DAS NORMAS

individual que ela representa ser generalizada. Sendo assim, os tribunais também exercerão a função
de criadores de Direito.

O negocio jurídico, também é considerado como um fato produtor de Direito. Sua forma mais comum
é a figura do contrato.

A ordem jurídica confere aos sujeitos do negocio o poder de regular suas vontades, desde que
observados os limites estabelecidos pelas normas gerais. A ordem jurídica poderá, ainda, prescrever
a forma pelo qual o contrato deverá ser celebrado (escrito, oral, v.g).

Através de tal contrato criar-se-á normas entre os contraentes, estipulando a estes direitos e
obrigações. Em regra, os contratos criam normas somente aos sujeitos contratantes.

Diante do exposto, entendemos que Kelsen está correto ao apresentar, e declarar, que há dentro do
ordenamento jurídico uma espécie de hierarquia de normas. Tal sistema hierárquico existe, e deve
existir, para evitar que o ordenamento entre em colapso, ou ainda, entre em contradição. Entendemos
porem, no que se referem à finalidade das normas, estas estão situadas num mesmo patamar, pois
todas as normas são dispostas com o mesmo objetivo - regular as condutas sociais, estipulando
direitos e deveres aos membros da sociedade. Neste caso podemos dizer que não há hierarquia
entre elas. Do contrario, tal escala existe, e é perfeitamente aceita.

Por ultimo, kelsen ainda aponta que, com o ordenamento disposto de forma escalonada é possível
de haver conflitos entre as normas superiores e inferiores.

Quando tais conflitos envolvem decisões judiciais, Kelsen adverti que esta somente poderá ser
anulada pelo próprio tribunal que a proferiu, ou ainda, por tribunal superior. E ainda, quando a lei for
contrária a Constituição, diz-se então, que tal lei é inconstitucional. No entanto, Kelsen afirma que
"enquanto, porem, não for revogada, tem de ser considerada como valida; e enquanto for valida, não
pode ser inconstitucional"(H. KELSEN 1987, p. 287).

Deste modo, termina aqui nossa explanação a respeito da Teoria Pura do Direito, de Kelsen, em
especifico sobre a Hierarquização das normas.

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PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS

Principios Fundamentais

Constituição Federal

Título I
I - DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS (arts. 1º a 4º)

Texto do Título

Art. 1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;

II - a cidadania;

Lei nº 9265, de 12.2.1996, que disciplina a gratuidade dos atos necessários ao exercício da
cidadania.
III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

Iniciativa popular, arts. 14, caput, III, 61, caput e § 1º da CF.


Direitos políticos, arts. 14 a 16 da CF.
Art. 2º – São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Art. 3º – Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Lei nº 7716, de 5.11.1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
Lei nº 8081, de 21.9.1990, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos
discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados
pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza.
Lei nº 9459, de 13/05/1997, que os define crimes resultantes de preconceito de raça e cor.

Art. 4º – A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

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PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

Lei nº 8072, de 25.7.1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art. 5º, inciso
XLIII, da Constituição Federal, e determina outras providências.
Lei nº 9695, de 20.8.1998, que acrescenta incisos ao art. 1º da Lei nº 8072, de 25 de julho de
1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, e altera os arts. 2º, 5º e 10 da Lei nº 6.437, de 20 de
agosto de 1997, e dá outras providências.
Lei nº 7716, de 5.11.1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor.
Lei nº 8081, de 21.9.1990, que estabelece os crimes e as penas aplicáveis aos atos
discriminatórios ou de preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional, praticados
pelos meios de comunicação ou por publicação de qualquer natureza.
Lei nº 9459, de 13/05/1997, que define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor.

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Lei nº 9474, de 1997, que define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados
de 1951, e determina outras providências.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e
cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

Decreto nº 350, de 21.11.1991, que promulga o Tratado para a Constituição de um Mercado


Comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a
República Oriental do Uruguai (Tratado Mercosul).
Decreto nº 922, de 10.9.1993, que promulga o Protocolo para a Solução de Controvérsias, firmado
em Brasília em 17 de dezembro de 1991, no âmbito do Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Princípios Fundamentais Da República Federativa Do Brasil

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Origem Do Poder

Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos da Constituição.

Poderes da União

São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o


Judiciário.

Poder Legislativo

O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal.

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PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS

Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, em especial sobre o sistema tributário, arrecadação e distribuição
de rendas, moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal, entre outras
atribuições.

O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e


de 1º de agosto a 22 de dezembro..

Poder Executivo

O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.

A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado.

O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,


prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o
bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente.

Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,


serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias


depois de aberta a última vaga.

Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional.

O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
seguinte ao da sua eleição.

Compete privativamente ao Presidente da República, entre outras atribuições constitucionais:

- nomear e exonerar os Ministros de Estado;

- exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

- sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua
fiel execução;

- vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

– dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando


não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos.

Poder Judiciário

São órgãos do Poder Judiciário:

- o Supremo Tribunal Federal;

- Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

- o Superior Tribunal de Justiça;

- os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

- os Tribunais e Juízes do Trabalho;

- os Tribunais e Juízes Eleitorais;

- os Tribunais e Juízes Militares;

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PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS

- os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias
partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil

Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Relações Internacionais

A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X - concessão de asilo político.

Bases: Constituição Federal - artigos 1 ao 4, 44 a 57, 76 a 84 e 92 a 99.

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Direitos e Garantias Fundamentais

Direito é o que se protege (vida, propriedade, etc.).

Garantia é o mecanismo criado para defender o direito.

Função do Direito Fundamental

Plano jurídico-político - proibir o Poder Público de atentar contra a esfera individual da pessoa
(competência negativa).

Plano jurídico-subjetivo - o poder de exercer os direitos fundamentais (liberdade positiva) e de exigir


omissões dos poderes públicos.

Classificação dos Direitos Fundamentais

1ª Geração:

São os direitos civis e políticos que compreendem as liberdades clássicas. Indivíduo frente ao Estado.

2ª Geração:

São os direitos econômicos, sociais e culturais. Exigem prestação do Estado em relação ao Indivíduo.

3ª Geração:

São direitos coletivos, como ao meio ambiente, à qualidade de vida, paz, autodeterminação dos
povos e a defesa do consumidor, da infância e da juventude.

Segundo entendimento de Cançado Trindade, os direitos são chamados de 1ª dimensão, 2ª


dimensão e 3ª dimensão. Ou seja, o jurista prefere chamar de "dimensão" ao invés de "geração", pois
acredita que o termo geração pode dar uma falsa ideia de substituição de uma geração pela outra, o
que não acontece. Na verdade, as gerações surgem e convivem juntas. Portanto, ele sugere o uso do
termo dimensão, pois ele acredita ser o mais apropriado para indicar a sucessão de Direitos
Fundamentais.

Obs.1: direitos fundamentais não são absolutos.

Obs.2: direitos fundamentais não são renunciáveis, podendo seu titular apenas deixar de exercê-lo,
mas não renunciar.

Assim, torna-se fluente entre os doutrinadores o discurso de que os direitos fundamentais


apresentam-se em quatro dimensões evolutivas.

A primeira geração de direitos fundamentais, contemporânea do movimento constitucionalista do


Século XVIII, exalta os valores fundamentais da pessoa humana, exigindo o reconhecimento de
direitos básicos sem os quais não é possível conceber-se o próprio ser humano como pessoa.

Os direitos fundamentais de segunda geração enfatizam as novas conquistas do homem,


respondendo a um anseio geral de confirmação do indivíduo como pessoa cultural, economicamente
ativa e como ser social. Esses ícones resultaram, primordialmente, do legado nocivo do culto
egocêntrico e do individualismo liberal que plasmou o ambiente da revolução burguesa ao depor a
monarquia do poder.

A terceira geração de direitos fundamentais preconiza uma síntese dialética dos valores
essencialmente decantados nas duas primeiras versões, pois não valoriza o indivíduo em si mesmo,
nem tampouco ovaciona as conquistas culturais, sociais e econômicas, que buscaram corrigir os
flagelos do pós-guerra. A nova versão, a nova percepção de direitos fundamentais, projeta o conceito
humanitário como resultante da harmonização dos valores humanos, individuais e coletivos, com os
valores socioculturais e econômicos. É o homem numa dimensão universalizante, sendo consagrados
os direitos ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, ao consumo, à comunicação. É na terceira
geração de direitos fundamentais que se cultuam denominados direitos difusos.

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Os direitos fundamentais de quarta geração refletem os avanços tecnológicos que impõem uma nova
dimensão do homem no mundo da globalização. A extrema capacidade de "estar" no mundo, sem
limitações geográficas, e tendo como barreiras ("fronteiras") apenas os valores morais, culturais e
tecnológicos, fazem o Direito redimensionar o valor do homem, hodiernamente. O
redimensionamento do homem nesse novo espaço (cibernético globalizado) exige do Direito uma
nova construção de princípios, regras e valores que tenham a capacidade de compatibilizar os
direitos consolidados ao longo desses mais de três séculos de história constitucional e as novas
perspectivas que se apresentam à realidade humana. Nesse contexto se localizam os direitos
fundamentais de quarta geração.

Assim, os operadores do Direito vêm cunhando pela doutrina, pela jurisprudência e pela atividade
legiferante as novas dimensões do homem em face do Estado. Conceitos clássicos de que
fundamentam o Direito Constitucional, tais como Estado soberano dentro de uma dimensão territorial,
cidadania, entre outros vão ser inexoravelmente realinhados, ante a inexpugnável força do avanço
tecnológico, que atualmente passa a ser um fator de questionamento dos elementos constitutivos do
Estado (território, povo, governo e finalidades). Tais elementos são visceralmente atingidos pelo
fenômeno da globalização. Esse fenômeno da atualidade, para o Direito, não é mero evento
econômico e social, é também e sobretudo jurídico-político.

Dos Direitos E Garantias Fundamentais

Estudo sobre direitos e garantias fundamentais trazidos pela Constituição Federal de 1988.

Nestes tempos de cerceamento das liberdades e brutal ataque aos direitos e garantias
fundamentais... Resistir não é mera alternativa, possibilidade. Resistir é um dever, uma inadiável
obrigação. (Jorge Bettiol)

Nas democracias de opção liberal pouco variam entre si as declarações de direitos. Daí resulta que
estudar uma delas é examinar, por assim dizer as outras todas as outras (FERREIRA FILHO, 2015, p.
326).

Os direitos fundamentais são também conhecidos como direitos humanos, direitos subjetivos
públicos, direitos do homem, direitos individuais, liberdades fundamentais ou liberdades públicas. A
própria Constituição da República de 1988 apresenta diversidade na abordagem dos direitos
fundamentais, utilizando expressões como direitos humanos (artigo 4º, inciso II), direitos e garantias
fundamentais (Título II e artigo 5º, parágrafo 1º), direitos e liberdades constitucionais (artigo 5º, inciso
LXXI) e direitos e garantias individuais (artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV).

A atual Constituição brasileira (1988) é a mais abrangente e extensa de todas as anteriores no que sé
trata de Direitos é garantias fundamentais, além de trazer os “Direitos e deveres individuais e
coletivos”, a Constituição de 1988 abre um capítulo especial para definir os Direitos Sociais (Art. 6º
CF/88), que desde 1934 vinham sendo colocados no capítulo da “Ordem econômica e social”,
destacando assim também o compromisso garantidor de do desenvolvimento das classes menos
favorecidas, na modalidade de direito trazido pela carta magna de 88, são constantes direitos e
garantias fundamentais apresentadas de duas formas implícitas é explicitas, abordaremos esta
primeira forma (implícita).

A constituição de 1988, em seu artigo 5º, parágrafo 2º, discorre sobre o rol de direitos fundamentais
não de forma limitada, mais sim em sua forma ilimitada, sendo este direito implícito.

Art. 5º [...]

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do
Brasil seja parte.

Para podermos compreender melhor este assunto usaremos os ensinamentos de Manoel Gonçalves
Ferreira Filho, que discorre sobre o tema da seguinte forma.

A atual Constituição brasileira... Admite haver outros direitos fundamentais além dos enumerados,
direitos estes implícitos. Tais direitos, como deflui § 2º do art. 5º, seriam “decorrentes do regime de

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princípios” (dentre estes essencialmente o da dignidade humana) que a Constituição adota.
(FERREIRA FILHO, 2015, p. 326).

Os direitos e garantias fundamentais explícitos na constituição são aqueles expressos formalmente, e


possível notar a preocupação do constituinte logo ao expressar em seu início, mais precisamente em
seu preâmbulo sobre as garantias fundamentais e sua suposta aplicação.

“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir
um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL.”

Os direitos e garantias individuais explícitos supramencionado no preâmbulo também estão citados


também entre os art. 5º ao 17, da Constituição; Capítulo I, Dos direitos e deveres individuais e
coletivos; Capítulo II, Dos direitos sociais; Capítulo III - Da nacionalidade; Capítulo IV - Dos direitos
políticos; Capítulo V - Dos partidos políticos.

Alexandre de Moraes possui uma classificação dos direitos acima elencados, abordaremos três
direitos fundamentais segundo a concepção de Alexandre de Moraes.

“[...] direitos individuais e coletivos - correspondem aos direitos diretamente ligados ao conceito de
pessoa humana e de sua própria personalidade, como, por exemplo: vida, dignidade, honra,
liberdade. Basicamente, a Constituição de 1988 os prevê no art. 5º [...];

[...] direitos sociais - caracterizam-se como verdadeiras liberdades positivas, de observância


obrigatória em um Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida
aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, que configura um dos
fundamentos de nosso Estado Democrático, como preleciona o art. 1º, IV. [...]. A constituição
consagra os direitos sociais a partir do art. 6º.

[...] direitos políticos - conjunto de regras que disciplina as formas de atuação da soberania popular.
São direitos públicos subjetivos que investem o indivíduo no status activae civitatis, permitindo-lhe o
exercício concreto da liberdade de participação nos negócios políticos do Estado, de maneira a
conferir os atributos da cidadania. Tais normas constituem um desdobramento do princípio
democrático inscrito no art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal, que afirma que todo o poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente. A Constituição
regulamenta os direitos políticos no art. 14;

Concluímos então que os três direitos citados e comentado por Alexandre de Moraes são de
importância imensurável para o estado, vez que um completa o outro regulando assim a máquina
estatal quanto a sua norma coletiva, como também define de forma consistente o dever do estado em
produzir políticas públicas para voltado para ampliação de direitos sócias, garantido assim o
crescimento nacional de forma mais justa, solidaria, quando sé garante o acesso à educação de
qualidade estamos garantido um direito social primordial, que de fato contribuirá para o avanço
coletivo do próprio estado, em outro ponto supracitado, no qual refere-se aos direitos políticos,
assegura de forma a participação popular na alternância do poder, garantido que o poder que emana
do povo possa ser desempenhado pelo um próprio agente do povo, o qual deve atender requisitos
legais para ter acesso à sua participação direta no poder, garantido alternância no poder.

Ao concluímos a parte de Direitos e Garantias Fundamentais, percebemos que todas as normas


explicitas estão na própria constituição na forma escrita, mas a não existência dela e por meio de
norma escrita não retira o mérito de existência de outra garantis fundamentais, algo em que fico
escrito de forma explicita no parágrafo 2º do art. 5º como já citado anteriormente.

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

Organização do Estado

Constituição Federal

Capítulo I
I - DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA (ARTS. 18 E 19)

Texto do Capítulo

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

a CF, que definem a competência dos Estados.

§ 1º - Brasília é a Capital Federal.

§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou


reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.

§ 3º - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a


outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.

§ 4º - A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios preservarão a


continuidade e a unidade histórico-cultural do ambiente urbano, far-se-ão por lei estadual, obedecidos
os requisitos previstos em Lei Complementar estadual, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações diretamente interessadas.

*§ 4º - A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei


estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos
de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.

* Nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 12.9.1996.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou


manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
da lei, a colaboração de interesse público;

II - recusar fé aos documentos públicos;

III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

Organização do Estado Brasileiro

A organização da República Federativa do Brasil está presente na Constituição Federal de 1988.


Todo Estado precisa de uma correta organização para que sejam cumpridos os seus objetivos dentro
da administração pública. A divisão político-administrativa foi uma das formas encontradas para
facilitar a organização do Estado Brasileiro.

Divisão Político-administrativa Brasileira

A divisão político-administrativa brasileira é apresentada na Constituição Federal, no art.18. Ela


surgiu no período colonial, quando o Brasil dividia-se em capitanias hereditárias e posteriormente
foram surgindo outras configurações que proporcionaram maior controle administrativo do país.

O Brasil é formado por 26 Estados, a União, o Distrito Federal (cuja capital é Brasília) e os
Municípios, sendo ele uma República Federativa. Cada ente federativo possui sua autonomia
financeira, política e administrativa, em que cada Estado deve respeitar a Constituição Federal e

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

seus princípios constitucionais, além de ter sua Constituição própria; e também, cada município
(através de sua lei orgânica), poderá ter sua própria legislação.

Essa organização é formada pelos três poderes: Poder Executivo, Poder Judiciário, Poder Legislativo,
adotando a teoria da tripartição dos poderes. A administração pública federal é feita em três níveis,
cada qual com sua função geral e específica:

 Nível Federal – a União realiza a administração pública, ela é um representante do governo federal,
composta por um conjunto de pessoas jurídicas de direito público.

 Nível Estadual – os Estados e o Distrito Federal realizam a administração pública.

 Nível Municipal – os Poderes Legislativo e Executivo realizam a administração pública nos


municípios.

Saiba Mais
República – forma de governo em que o chefe de estado é eleito como representante, passando por
eleições periódicas.

Federação – é quando há apenas a soberania de um Estado Federal, apesar da união dos diferentes
Estados federados.

Veja o quadro sobre a estrutura dos poderes no Brasil:

Além dessas divisões dentro dos órgãos existem outras subdivisões (como conselho, coordenação,
diretoria, etc.) chamado de Organização ou Estrutura do Poder.

Divisão dos Poderes no Brasil

A separação dos poderes no Brasil passou a existir com a Constituição outorgada de 1824 que
prevaleceu até o fim da Monarquia, mas além dos três poderes, na época, havia também o quarto
poder, chamado de Moderador, que era exercido pelo Imperador, mas foi excluído da Constituição da
República, em 1891.

No art. 2º da Constituição Federal de 1988 vemos os Poderes da União que são: Legislativo,
Judiciário e Executivo.

Além disso, existe o Ministério Público (MP). Elle tem total independência dos outros poderes em
algumas situações. Seu objetivo principal é garantir que a lei seja cumprida e agir na defesa da
ordem jurídica.

Poder Legislativo no Brasil

O Poder Legislativo é realizado pelo Congresso Nacional. Esse poder é responsável por criar as leis

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

e é formado pela Câmara dos Deputados (representantes do povo), Senado


Federal (representantes dos Estados e Distrito Federal), e Tribunal de Contas da União (órgão
regulador e fiscalizador das ações externas, prestando auxílio para o Congresso Nacional).

O Congresso Nacional elabora as leis e realiza a fiscalização financeira, contábil, operacional,


patrimonial e orçamentária da União e entidades ligadas à Administração direta e indireta.

O Poder Legislativo é organizado em duas casas (bicameralismo), tradição desde o período da


Monarquia (1822-1889). No caso, as Casas são: Câmara Baixa (Câmara dos Deputados) e Câmara
Alta (Senado). O objetivo é que uma Casa realize o trâmite e discussões das matérias e a outra Casa
melhore e revise os trabalhos e vice-versa. Assim, as duas casas poderão contribuir para a
elaboração das normas jurídicas.

A Câmara dos Deputados tem como função, além de representar o povo, discutir sobre os assuntos
nacionais e legislar sobre eles, fazendo a fiscalização dos recursos públicos.

Poder Executivo no Brasil

Com a preferência do sistema presidencialista, proposto na Constituição de 1988, esse poder é


exercido pelo Presidente da República com a ajuda dos ministros de Estado.

O Presidente da República age liderando, sancionando, promulgando, dando ordens para publicação
das leis, criando cargos, funções ou empregos públicos na administração pública, aumentando
salários, vetando projetos de leis e coordenando a administração federal.

É crime presidencial, art. 85, atos do Presidente da República que impedem o exercício do Poder
Legislativo, Judiciário, Ministério Público e as constituições das demais unidades da federação.

Poder Judiciário no Brasil

O judiciário tem o poder de julgar e garantir o cumprimento das leis, promovendo a paz social. Ele
tem uma estrutura singular e existe uma hierarquia dos seus órgãos, nomeados de 'instâncias'.

A primeira instância é representada pelo órgão que irá realizar o julgamento da ação inicialmente.
Se caso, as partes envolvidas no processo recorrerem aos resultados da ação anterior, o processo
será submetido à uma instância superior, mas há casos em que a ação já poderá ser submetida à
essa instância.

Instâncias do Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal (STF) – é formado por onze ministros, nomeados pelo Presidente e
aprovados pelo Senado Federal. Ele é responsável por julgar os casos referentes a violação da
Constituição Federal. O Conselho Nacional de Justiça controla a administração e a parte financeira
do Judiciário.

Superior Tribunal de Justiça (STJ) – é formado por no mínimo 33 ministros, nomeados pelo
Presidente e aprovados pelo Senado. Ele torna as leis federais uniformes e harmônicas às decisões
dos tribunais regionais federais e estaduais (2ª instância), além de apreciar recursos especiais que
contestam as leis federais.

Justiça Federal – controlado administrativa e financeiramente pelo Conselho da Justiça Federal, é


formado pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs) e Juízes Federais. Ele julga as ações judiciais
dos Estados, da União, autarquia ou empresa pública federal.

Justiça do Trabalho – controlado administrativa e financeiramente pelo Conselho Superior da


Justiça do Trabalho, é formado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), os Tribunais Regionais do
Trabalho (TRTs) e os Juízes do Trabalho. Ele realiza o julgamento dos processos trabalhistas.

Justiça Eleitoral – composto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunais Regionais Eleitorais
(TREs), Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais. Ela realiza o julgamento das ações relacionadas à
legislação eleitoral, contribuindo na coordenação e normatização das eleições no país.

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

Justiça Militar – formada pelo Superior Tribunal Militar (STM), Tribunais e Juízes Militares é
responsável pelo julgamento dos crimes militares de acordo com a lei.

Justiça Estadual – formada, geralmente, por Tribunal de Justiça (TJ) e os Juízes Estaduais. As
atribuições desses tribunais estão propostas na Constituição Federal e na Lei de Organização
Judiciária dos Estados, mas são responsáveis por julgar ações comuns que não dizem respeito as
justiças federais.

Divisão para atuação da Administração Pública Brasileira

Essa divisão é estrutural, na execução dos serviços públicos, podendo ser:

Administração Pública Direta ou Centralizada – coordenado pela estrutura do governo, exercendo


autoridade financeira, política e administrativa. Do país, é feita pelo Presidente da República com a
ajuda de seus ministros. Para os Estados e Distrito Federal é o Governador juntamente com as
Secretarias de Estado. Dos municípios, é feita pelo Prefeito e secretarias municipais. Assim, deve
haver um vinculo com o Presidente da República em todos os níveis de governo.

Administração Pública Indireta ou Descentralizada – realizada por força de lei, em que a


administração direta atribui funções a outras pessoas jurídicas. Nesse caso, há apenas autonomia
administrativa e financeira, sendo sempre vinculado ao órgão de Estado de sua origem. São
instituídas para atender os serviços públicos e/ou interesse público, como autarquias, entidades
paraestatais, fundações, etc.

Divisão do Trabalho (Especialização)

Para que o trabalho seja feito com excelência e produtividade, são organizadas divisões de
trabalho, em que os funcionários e administradores exercem sua função conforme sua qualificação e
competência. Para tanto, existem cinco passos que descrevem a organização:

1. Verificação e criação dos detalhes do trabalho para que sejam atingidos os objetivos da
organização;

2. Divisão do trabalho, de forma que possa ser executado por um grupo ou pessoa;

3. A medida que a equipe de trabalho cresce é necessário organizá-las com atividades relacionadas,
a fim de criar outros departamentos;

4. Elaborar um mecanismo de coordenação unificado e harmonioso;

5. Realizar uma supervisão e verificar a eficácia da organização, regulando e proporcionando o seu


crescimento.

Tipos de Organização

As organizações são representadas através de um organograma, um desenho capaz de mostrar a


estrutura organizacional e suas respectivas funções e hierarquia. Os tipos de organização podem ser:

Organização em Linha – normalmente a mais utilizada na administração pública. Esse modelo


possui uma única linha representada pela autoridade e compromisso entre chefe e subordinado. Os
órgãos de linha podem executar e decidir sobre atividades principais relacionadas aos objetivos da
organização.

Organização Funcional – tem como característica o conhecimento, que é a autoridade dessa


estrutura. Assim, um subordinado poderá ser auxiliado por vários supervisores. Os órgãos que
possuem essa estrutura, prestam consultorias e fazem recomendações a seus subordinados.

Organização Linha, Assessoria (Linha – Staff) – criado a partir dos objetivos organizacionais, os
órgãos tem autoridade de assessorar, planeja e controlar. Veja o exemplo de Estrutura
Organizacional do Ministério da Educação.

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

Da organização político-administrativa do estado: das possibilidades de intervenções

Da Organização Político-Administrativa Do Estado

Conceito De Competência Da União

A união é pessoa jurídica de capacidade política e só cogitável em Estado do tipo federal. É fruto da
união de estados. Da aliança destes, sob o império de uma única Constituição, nasce a união. Sem
união de estados, não há união. Sem a reunião de várias ordens jurídicas parciais não desponta a
ordem jurídica central e todas – a central e as parciais – debaixo da ordem jurídica total – a
Constituição.

Repartição De Competências Na CF Entre Os Componentes Da Federação

Existem competências exclusivas, conferidas a um dos entes federativos – união, estados-membros,


distrito federal, municípios.

Existem competências concorrentes, conferidas em comum a diversos entes federativos. Entre estas
competências concorrentes há que levar em conta que algumas delas só permitem da parte dos
estados-membros, ou do distrito federal, uma legislação complementar – então o ente federativo tem
competência complementar à federal. Permitem que estes entes federativos supram a competência
federal não exercida – caso de competência supletiva.

Já a competência complementar tem de ser exercida dentro do respeito às normas federais, e o ato
editado com base na competência supletiva perde eficácia quando a união exercer a sua
competência na matéria. Aplica-se o princípio de que a lei federal prevalece sobre o direito estadual.

A Constituição defere competências exclusivas à união – arts. 21 e 22 – abrindo a possibilidade aos


estados-membros de legislar sobre questões específicas das matérias – art. 22 – mediante
autorização por lei complementar.

Ainda defere competências exclusivas aos municípios – art. 30 – deixando aos estados, com
exclusividade também, tudo o que não tiver sido deferido à união e aos municípios – art. 25, §.1.º.

A CF amplia as competências concorrentes, atribuindo poder de dispor sobre certas matérias à união,
aos estados-membros e ao distrito federal – art. 24.

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

Portanto Ela estabelece a repartição vertical, dando à união o poder de fixar normas gerais, cabendo
aos estados a legislação complementar, sem excluir, todavia, a legislação supletiva. Esclarece o texto
que a inexistência de lei federal confere competência plena aos estados, e, quando de sua
superveniência, a lei estadual perderá eficácia naquilo que lhe for contrário – art. 24, §§ 1.º, 2.º, 3.º e
4.º .

Assim, se a união desce a pormenores ou particularidades, estará infringindo a competência estadual


e, portanto, incidindo em inconstitucionalidade.

O caput do art. 24 menciona o Distrito Federal, conferindo-lhe competência concorrente. Todavia, ao


mencionar competência suplementar – i.e., complementar – § 2.º – e competência plena dos estados
na omissão do legislador federal – § 3.º – o constituinte deixou de mencionar o distrito federal. O
melhor entendimento é o de equiparar o distrito federal aos estados-membros.

A CF com vigor prevê competências comuns à união, aos estados-membros, ao distrito federal e aos
municípios – elencadas no art. 23.

Trata-se de matérias de conteúdo administrativo, consideradas a tal ponto relevantes que passaram a
exigir a cooperação comum dos diversos entes federativos, na sua defesa. Essa cooperação deverá
ser regulada em lei complementar, visando – art. 23, § único, ao equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional.[2]

Da Competência Privativa Da União – Art. 21

Na teoria do federalismo costuma-se dizer que a repartição de poderes autônomos constitui o núcleo
do conceito do estado federal.

As áreas de competência da união podem ser organizadas em:

· de competência internacional: a) manter relações com Estados estrangeiros e participar de


organizações internacionais; b) declarar guerra e celebrar a paz; c) assegurar a defesa nacional; d)
permitir – nos casos previstos em lei – que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou
nele permaneçam temporariamente.[3]

· de competência política: a) poder de decretar estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção


federal nos estados e municípios; b) o poder de conceder anistia; c) o poder de legislar sobre direito
eleitoral.[4]

· de competência administrativa: a) autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material


bélico; b) administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira –
as de crédito, de câmbio, de capitalização, de seguros e de previdência privada; c) organizar e
manter o poder judiciário, o ministério público e a defensoria pública do distrito federal; d) organizar e
manter a policia federal, a policia rodoviária e a ferroviária federais – assim como as policias civil,
militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal; e) organizar e manter os serviços oficiais de
estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional; f) exercer a classificação, para efeito
indicativo, de diversões publicas e de programas de radio e televisão; g) planejar e promover a defesa
permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; h) instituir
sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de
seu uso; i) organizar, manter e executara inspeção do trabalho. Além disso, fazem parte de sua
competência todas as funções administrativas decorrentes de sua organização, tais como as relativas
a seu funcionalismo, seus serviços e órgãos.

· da competência na área de prestação de serviços: além da exploração e execução de serviços


públicos decorrentes de sua natureza de entidade estatal, a CF conferiu à união – em caráter
exclusivo – a) manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; b) explorar, diretamente ou
mediante concessão as empresas sob controle acionário estatal, os serviços telefônicos, telegráficos,
de transmissão de dados e demais serviços públicos de telecomunicações, assegurada a prestação
de serviços de informação por entidades de direito privado através da rede pública de
telecomunicações; c) explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 1) de
serviços de radiodifusão sonora, de sons e imagens e demais serviços de telecomunicações; 2) os
serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em
articulação com os estados-membros onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 3) a navegação

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aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; 4) os serviços de transporte ferroviário e


aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou
território; 5) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; 6) os
portos marítimos, fluviais e lacustres; e é da união a competência de explorar os serviços de
instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
derivados, atendidos os seguintes princípios: 1) toda atividade nuclear em território nacional somente
será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do congresso nacional; 2) sob regime de
concessão ou permissão, é autorizada a utilização de radioisótopos para pesquisa e usos medicinais,
agrícolas, industriais e atividades análogas; 3) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa.

· da competência em matéria urbanística: a) elaborar e executar planos nacionais e regionais de


ordenação do território; b) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação,
saneamento básico e transportes urbanos; c) estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
nacional de viação. Além disso, encontramos a competência não exclusiva para proteger obras e
bens de valor histórico e cultural – de natureza urbanística e se imóveis; paisagens naturais notáveis
e os sítios arqueológicos, bem como o meio ambiente, e combater a poluição – arts. 215, 216 e 225.
Cabe a competência concorrente com os estados-membros e distrito federal, para legislar sobre
direito urbanístico.

· de competência econômica: a) planejar o desenvolvimento econômico; b) estabelecer áreas e as


condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma associativa; c) intervir – sem
exclusividade – no domínio econômico, explorar – sem exclusividade – atividade econômica e
reprimir abusos do poder econômico; d) explorar direta ou indiretamente a pesquisa e a lavra de
recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica; e) o monopólio da
pesquisa, lavra e refinação de petróleo, assim como o da importação e exportação dos produtos e
derivados básicos resultantes daquelas atividades monopolizadas; f) o monopólio da pesquisa e lavra
de gás natural e outros hidrocarbonetos; g) o monopólio do transporte marítimo do petróleo bruto de
origem nacional ou de deriva- dos básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte,
por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; h) o
monopólio da pesquisa, lavra, enriquecimento, reprocessamento, industrialização e comércio de
minérios e minerais nucleares e seus derivados; i) a desapropriação por interesse social de imóvel
rural para fins de reforma agrária – arts. 84/86; j) planejar e executar, na forma da lei, a política
agrícola; k) legislar – sem exclusividade – sobre produção e consumo.

· da competência social: a) elaborar e executar planos nacionais e regionais de desenvolvimento


social; b) planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente
as secas e as inundações; c) organizar a seguridade social; d) estabelecer políticas sociais e
econômicas visando a proteger e recuperar a saúde do povo; e) regulamentar, fiscalizar e controlar
as ações e serviços de saúde; O estabelecer o sistema único de saúde; g) estabelecer e executar
planos de previdência social; h) manter serviços de assistência social aos necessitados; i)
estabelecer, por lei, o plano nacional de educação; j) enfim, legislar sobre direito social em suas
várias manifestações.

· da competência financeira e monetária: Cabe à união legislar sobre normas gerais de direito
tributário e financeiro e sobre orçamento – restando aos estados-membros, distrito federal e
municípios a legislação infraconstitucional – a) emitir moeda e legislar sobre sistema monetário; b)
administrar reservas cambiais e fiscalizar as operações de natureza financeira, de crédito, câmbio e
capitalização; c) instituir os tributos – previstos arts. 45, 153 e 154; d) estabelecer plano plurianual,
diretrizes orçamentárias e orçamentos anuais.

Da Competência Material Comum, Cumulativa Ou Paralela – Art. 23

Muitos dos assuntos do setor social não são de competência exclusiva. A CF abriu a possibilidade de
estados-membros, distrito federal e municípios compartilharem com ela da prestação de serviços
nessas matérias, onde arrolam temas de competência comum como: a) zelar pela guarda da
Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público: b) cuidar da
saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas Portadoras de deficiência; c)
proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os
monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; d) impedir a evasão, a

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destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou


cultural; e) proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; f)proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; g) preservar as florestas, a fauna e a
flora; h) fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; i) promover
programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento
básico; j) combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração
social dos setores desfavorecidos; k) registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios; l) estabelecer e implantar
política de educação para a segurança do trânsito.

Da Competência Legislativa

Toda a matéria de competência da união é suscetível de regulamentação mediante lei – exceto o


disposto nos arts. 49, 51 e 52 – conforme dispõe o art. 48, CF.

Os arts. 22 e 24 especificam seu campo de competência legislativa, que consideraremos em dois


grupos: a exclusiva e a concorrente.

Da Competência Legislativa Exclusiva Da União

· Direito administrativo: a) desapropriação; b) requisições civis e militares, em caso de iminente


perigo e em tempo de guerra; c) água, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; d)
serviço postal; e) sistema monetário (administrativo-monetário) e de medidas, títulos e garantias dos
metais; f) política de crédito, câmbio, seguros e transferências de valores (administrativo-monetário);
g) diretrizes da política nacional de transportes (administrativo-urbanístico); h) jazidas, minas, outros
recursos minerais e metalurgia (administrativo-minerário); i) regime dos portos, navegação lacustre,
fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; j) trânsito e transporte; k) emigração e imigração, entrada,
extradição e expulsão de estrangeiros; l) organização do sistema nacional de emprego
(administrativo-social); m) organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do
Distrito Federal e dos Territórios, bem como a organização administrativa destes; n) sistema
estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; o) sistemas de poupança, captação de
recursos e garantia da poupança popular (administrativo-monetário); p) sistema de consórcios e
sorteios (administrativo-monetário); q) competência da polícia federal e das polícias rodoviária e
ferroviária federal; r) registros públicos; s) atividades nucleares de qualquer natureza; t) defesa
territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional.

· Direito material não administrativo: civil, comercial – incluindo comércio exterior e interestadual, e
propaganda comercial – , penal, político-eleitoral, incluindo nacionalidade, cidadania e naturalização,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; populações indígenas; condições para o
exercício de profissões; seguridade social.

· Direito processual: civil, penal, trabalhista etc;

Da Competência Concorrente Com Estados-Membros E Do Distrito Federal – Art. 24, I À XVI

 Direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

 orçamento;

 juntas comerciais;

 custas dos serviços forenses;

 produção e consumo;

 florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;

 proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

 responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;

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 educação, cultura, ensino e desporto;

 criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

 procedimento em matéria processual;

 previdência social, proteção e defesa da saúde;

 assistência jurídica e defensoria pública;

 proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

 proteção à infância e à juventude;

 organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

Da Legislação Concorrente Da União Sobre As Matérias Indicadas Supra Se Limitará A


Estabelecer Normas Gerais

A CF foi redundante, pois no exemplo, no art. 22, XXIV, dá como privativo da união legislar sobre
diretrizes e bases da educação nacional, enquanto, no art. 24, IX, combinado com o § 1.º, declara
caber-lhe legislar sobre normas gerais de educação. Não há nisso incoerência, como pode parecer.
Legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional e sobre normas gerais de educação somam,
no fundo, a mesma coisa. A tradição arrastou os educadores da constituinte a manter a regra que
vem de 1946, que dava competência à união para legislar sobre diretrizes e bases da educação
nacional, mas também não poderiam deixar de incluir na competência comum legislar sobre
educação, situação em que a união só tem poderes para fixar normas gerais. Tudo somado, dá na
mesma, com um dispositivo a mais sem necessidade.

A CF foi omissa, quando deu à união competência privativa para legislar sobre normas gerais: a) de
organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias militares e
corpo de bombeiros; [5] b) de licitação, e contratação, em todas as modalidades, para a
Administração pública, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo poder
público, nas diversas esferas de governo, e empresas sob seu controle. [6] No entanto, não inseriu a
matéria no art. 24, para indicar que estados-membros podem legislar também sobre essas matérias –
como à polícia civil. Não é, porém, por que não consta na competência comum que estados-membros
e distrito federal – este não sobre polícia militar, que não é dele – não podem legislar
suplementarmente sobre esses assuntos. Podem e é de sua competência fazê-lo, pois que, nos
termos do § 2.º do art. 24, a competência da união para legislar sobre normas gerais não exclui (na
verdade até pressupõe) a competência suplementar dos estados-membros – e também do Distrito
Federal – e isso abrange não apenas as normas gerais referidas no § 1.º desse mesmo artigo no
tocante à matéria neste relacionada, mas também as normas gerais indicadas em outros dispositivos
constitucionais, porque justamente a característica da legislação principiológica – normas gerais,
diretrizes, bases – na repartição de competências federativas, consiste em sua correlação com
competência suplementar – complementar e supletiva – dos estados-membros.

Tanto isso é uma técnica de repartição de competência federativa que os §§ 3.º e 4.º complementam
sua normatividade, estabelecendo, em primei- ro lugar, que, inexistindo lei federal sobre normas
gerais, os estados-membros exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas
peculiaridades, e, em segundo lugar, que a superveniência de lei federal sobre normas gerais
suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Note-se bem, o constituinte foi técnico: a
lei federal superveniente não revoga a lei estadual nem a derroga no aspecto contraditório, esta
apenas perde sua aplicabilidade, porque fica com sua eficácia suspensa. Quer dizer, também, sendo
revogada a lei federal pura e simplesmente, a lei estadual recobra sua eficácia e passa outra vez a
incidir.

A Constituição não situou os municípios na área de competência concorrente do art. 24, mas lhes
outorgou competência para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, o que vale
possibilitar-lhes disporem especialmente sobre as matérias ali arrola- das e aquelas a respeito das
quais se reconheceu à união apenas a normatividade geral.

Competências-Legislativas E Não Legislativas

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A competência concorrente ou suplementar – art. 24 e incisos – estabelece a competência da união


em direcionar somente às normas gerais – sendo inconstitucional aquilo que extrapolar – e aos
estados-membros e o Distrito Federal promover às normas específicas – com detalhes e minúcias –
particularizando a norma geral, no sentido de adaptação de princípios, bases, diretrizes a
peculiaridades regionais.

A CF adotou a competência concorrente ou competência suplementar – não cumulativa ou


vertical – de forma que a competência da união está restrita ao estabelecimento de normas gerais e
aos estados-membros e o distrito federal o dever de especificá-las – por meio de suas respectivas
leis.

A competência pode ser: cumulativa: sempre que existirem limites prévios para o exercício da
competência por parte de um ente – seja a união ou seja o estado-membro; e não cumulativa ou
repartição vertical: é aquela que, dentro de um mesmo campo de mútua atuação, a união fixa os
princípios e as normas gerais, deixando ao estado-membro a sua complementação.

A competência suplementar pode ser: complementar: é aquela que depende de prévia existência
de lei federal a ser especificada pelos estados-membros e distrito federal; e supletiva: que aparece
pela inércia da união em editar e lei federal, e então os estados-membros e o distrito federal –
temporariamente, pois a união, pode alegar a qualquer momento a superveniência de lei federal
sobre normas gerais, suspendendo a eficácia da lei estadual – adquirem competência plena tanto
para a edição das normas de caráter geral, quanto de normas específicas.[7]

Hipóteses De Intervenção Federal

Como ordem de unificação, o ordenamento federal não pode dispensar um mecanismo destinado a
salvaguardar o todo contra a desagregação. Esse instrumento é a intervenção federal.

Esta consiste em assumir a união, por delegado seu, temporária e excepcionalmente, o desempenho
de competência pertencente a um estado-membro. É uma invasão da esfera de competências
pertencente e reservada aos estados-membros para assegurar o grau de unidade e de uniformidade
indispensável à sobrevivência da federação. Note-se que a união só pode intervir nos estados-
membros. Nos municípios, eventualmente são os estados-membros que podem intervir.

A intervenção, por ser contrária à autonomia dos estados-membros, só pode fundar-se em fato de
gravidade indisfarçável. Assim, o constituinte cuidou de estabelecer o elenco taxativo dos problemas
que são suficientemente perigosos para o todo, a ponto de ensejar essa intervenção.

De modo geral, a intervenção cabe:

 para assegurar a unidade nacional – art. 34, II e II;

 manter a ordem, isto é, a ordem constitucional – art. 34, VII;

 a ordem pública – art. 34, III e IV;

 a ordem jurídica – art. 34, VI;

 assim como disciplinar as finanças estaduais – art. 34, V.

Da Decretação Da Intervenção

A competência para decretar a intervenção pertence ao presidente da república.[9]

Essa competência do presidente é de natureza diversa conforme a hipótese que a fundamenta, pois
ela é vinculada, cabendo ao presidente a mera formalização de uma decisão tomada por órgão
judiciário, sempre que a intervenção se destinar a "prover a execução de lei federal, ordem ou
decisão judiciária" [10] ou a "assegurar o livre exercício" do judiciário estadual.[11] Nestas hipóteses
a decisão sobre a intervenção cabe ao Supremo Tribunal Federal, ao Superior Tribunal de Justiça, ou
ao Tribunal Superior Eleitoral, mediante requisição.[12] No caso de inexecução de lei federal, a Lei
Magna condiciona a intervenção ao provimento de representação do procurador-geral da república,
que, ocorrendo, dá ensejo à mencionada requisição.[13]

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

Nas hipóteses de ameaça à integridade nacional, invasão estrangeira, ou de estado-membro em


perturbação grave da ordem, coação do legislativo ou executivo estaduais e reorganização financeira
do estado-membro,[14] a decisão é discricionária. Tem ele a faculdade de decretar a intervenção se
a situação, a seu juízo, o exigir.

Não resta dúvida, porém, que, devendo ele zelar pela salvaguarda da ordem constitucional, tem ele a
obrigação de fazê-lo sempre que necessário, sob pena de incidir em crime de responsabilidade.

A intervenção para assegurar o livre exercício do legislativo ou executivo estadual coagido depende
de solicitação dele.[15] Essa solicitação, no entanto, não poderá revestir-se de formas especiais ou
obedecer a um rito minucioso, pois a coação normalmente vedaria. Então., basta que o poder coato
faça sentir sua vontade para caber a decretação.

Mais complicada é a decretação com base na violação dos princípios constitucionais da união.[16] A
intervenção é ainda aí decretada pelo presidente. Todavia, ela somente cabe depois que o Supremo
Tribunal Federal declarar a inconstitucionalidade do ato impugnado, por provocação do procurador-
geral da república.[17] Não será ela, entretanto, decretada se a suspensão do ato inconstitucional
bastar para restabelecer a normalidade no estado-membro.[18]

Da Manifestação Do Congresso

A intervenção federal, salvo quando é fruto de requisição judiciária, deve ser aprovada pelo
congresso – art. 49, IV –, que deverá ser convocado para tanto, se não estiver reunido, cuja decisão
não é então suscetível de veto – art. 57, § 6.º, I. A recusa de aprovação equivale à suspensão da
medida; seus efeitos, pois, são ex nunc e não ex tunc.

Cessada a intervenção, as autoridades estaduais eventualmente substituídas devem voltar ao


exercício de suas funções – art. 36, § 4.º –, salvo se outro impedimento existir.

Autonomia Dos Estados-Membros

A autonomia dos estados-membros caracteriza-se pela denominada tríplice capacidade:

· de auto-organização e normatização própria;

· autogoverno;

· auto-administração;

Obs.: Está implícito a existência de um mínimo de recursos financeiros, obtidos diretamente pela sua
própria competência tributaria.

Consiste na possibilidade dos estados-membros se auto-organizarem por meio do exercício de seu


poder constituinte derivado-decorrente – editando suas respectivas Constituições Estaduais-CE –
sempre respeitando os princípios constitucionais;

· sensíveis: sua inobservância no exercício das competências legislativas, administrativas ou


tributárias pode acarretar a sanção politicamente mais grave – intervenção na autonomia política –
art. 34, VII – forma republicana, sistema representativo e regime democrático; direitos da pessoa
humana; autonomia municipal; prestação de contas da administração pública – direta e indireta;
aplicação do mínimo exigido da receita de impostos estaduais – proveniente de receitas de
transferência – na manutenção e desenvolvimento do ensino.

· extensíveis: são as normas centrais comuns à união, estados-membros, distrito federal e


municípios, de observância obrigatória no poder de organização do Estado.

· estabelecidos: determinadas normas que se encontram espalhadas pelo texto da Constituição, que
além de organizarem a própria federação, estabelecem preceitos centrais de observância obrigatória
aos estados-membros em sua auto-organização – arts. 1.º, I a V; 2.º, 3.º, I a IV; 4.º I a X; 5.º, I, II, III,
VI, VIII, IX, XI, XII, XX, XXII, XXIII, XXXVI, LIV e LVII, etc.

Competência Estadual; Do Distrito Federal E Dos Municípios

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Do Estado-Membro

 competência reservada ou remanescente – art. 25, § 1.º;[20]

 competência material exclusiva enumerada ou expressa – art. 25, § 2.º;

 competência material comum, paralela ou cumulativa – art. 24;

 competência legislativa concorrente – art. 23;

 competência legislativa suplementar – art. 24, §§;

 competência tributária enumerada ou expressa – art. 155.

Do Distrito Federal

 competências reservadas ou remanescentes dos estados e municípios – art. 32, § 1.º;

 competência material comum, cumulativa ou paralela – art. 23;

 competência legislativa concorrente – art. 24;

 competência tributária expressa ou enumerada – art. 155.

Dos Municípios

 competência enumerada ou expressa – art.30;

 competência material comum, cumulativa ou paralela – art. 23;

 competência tributária enumerada ou expressa – art. 156.

Perguntas E Respostas

1. Em que consiste a capacidade de auto-organização dos estados-membros?

A autonomia dos estados-membros caracteriza-se pela denominada tríplice capacidade:

· de auto-organização e normatização própria;

· autogoverno;

· auto-administração;

Obs.: Está implícito a existência de um mínimo de recursos financeiros, obtidos diretamente pela sua
própria competência tributaria.

Consiste na possibilidade dos estados-membros se auto-organizarem por meio do exercício de seu


poder constituinte derivado-decorrente – editando suas respectivas Constituições Estaduais- CE –
sempre respeitando os princípios constitucionais;

· sensíveis: sua inobservância no exercício das competências legislativas, administrativas ou


tributárias pode acarretar a sanção politicamente mais grave – intervenção na autonomia política –
art. 34, VII – forma republicana, sistema representativo e regime democrático; direitos da pessoa
humana; autonomia municipal; prestação de contas da administração pública – direta e indireta;
aplicação do mínimo exigido da receita de impostos estaduais – proveniente de receitas de
transferência – na manutenção e desenvolvimento do ensino.

· extensíveis: são as normas centrais comuns à união, estados-membros, distrito federal e


municípios, de observância obrigatória no poder de organização do Estado.

· estabelecidos: determinadas normas que se encontram espalhadas pelo texto da Constituição, que
além de organizarem a própria federação, estabelecem preceitos centrais de observância obrigatória

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

aos estados-membros em sua auto-organização – arts. 1.º, I a V; 2.º, 3.º, I a IV; 4.º I a X; 5.º, I, II, III,
VI, VIII, IX, XI, XII, XX, XXII, XXIII, XXXVI, LIV e LVII, etc.

2. Os deputados estaduais gozam de imunidade processual?

Sim estando elencados na CF, art. 53, §§ 1.º ao 8.º e devem decorrer da necessidade de se
assegurar ampla liberdade de ação ao parlamentar para o exercício do mandato – exceções ao
regime comum, decorrentes não de seu interesse pessoal, pois se assim fosse seriam privilégios –
mas do interesse público no bom exercício do mandato. Abaixo mencionamos algumas dessas
prerrogativas parlamentares:

 a inviolabilidade:[21] a inviolabilidade significa que o parlamentar não pode ser responsabilizado


civil e penalmente por suas opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato.

 não poderá ser preso:[22] o parlamentar – desde a expedição do diploma – salvo em flagrante de
crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à casa
respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus
membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.

 exclusão do parlamentar da obrigatoriedade de testemunhar sobre informações que obtenha


inerentes ao exercício da função, bem como de não revelar sua fonte.[23]

 a imunidade à incorporação às Forças Armadas.[24] Só mediante licença da câmara, inclusive em


tempo de guerra, pode o parlamentar ser incorporado às Forças Armadas. Esta imunidade
acompanha o membro do congresso durante todo o mandato. Sua inserção visa a impedir a
convocação nas férias para serviço ativo parlamentar oposicionista, a fim de que este ""aprendesse
disciplina" – feito histórico do Mal. Floriano.

 as imunidades dos parlamentares não poderão ser suspensas durante a vigência do estado
de sitio, exceto por decisão de dois terços dos membros da respectiva casa, restrita aos atos
praticados fora do recinto do congresso, quando incompatíveis com aquele estado.[25]

Organização Político-Administrativa Do Estado – Parte 2

Da Intervençao Estadual

A intervenção, a interferência do estado-membro nos negócios municipais está prevista na CF, art. 35
e sujeita os municípios – como entidades federativas dotadas de autonomia – à intervenção nos
casos previstos em lei, autorizada quando o município:

· deixar de pagar – sem motivo de força maior – por dois anos consecutivos, a dívida fundada;

· não prestar contas devidas, na forma da lei – arts. 30, III e 31;

· não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção do ensino – 25% da
receita dos impostos – e nas ações e serviços públicos de saúde – EC n.º 29;

· o TJ der provimento à representação para assegurar a observância de princípios constitucionais


indicados na CE, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial, cuja iniciativa
cabe ao procurador-geral de justiça.

O processo interventivo deve estar previsto na Constituição de cada estado-membro – prerrogativa


que o constituinte estadual dispõe da forma que melhor entender – mas não poderá deixar de
submeter o ato veiculador da intervenção à assembléia legislativa, pois é essa a casa onde estão os
representantes do povo do estado-membro e sempre em obedecendo o princípio da representação
popular.

A intervenção se dá por decreto do governador do estado, que será submetido à assembléia


legislativa no prazo de 24 horas para aprovação ou suspensão.

A CE, art. 149, § 3.º [26] que, no caso do inciso IV [27] prevê que a intervenção poderá ser
normativa e assim dispensa a apreciação pela assembléia

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Da Intervenção No Distrito Federal

O distrito federal é considerado pela Constituição Federal como unidade federada, não é estado-
membro, nem município e é nele que se situa a capital federal, servindo de sede ao governo federal.

Da Autonomia Do Distrito Federal

A autonomia do DF está reconhecida na CF, art. 32, onde se declara que se regerá por Lei Orgânica
própria, onde no § 1.º prevê as áreas de competência do DF e nos §§ 2.º e 3.º definem as regras de
eleição do governador e vice e deputados distritais.

Da Competência

A CF, art. 145, autoriza o DF a criar taxas e contribuição de melhoria além dos impostos nela
previstos – art. 155 – inclusive os que podem ser instituídos como de transmissão de causa mortis e
doação de quaisquer bens ou direitos e o de operações relativas a circulação de mercadorias e
serviços.

Compete também ao DF explorar diretamente, ou mediante concessão à empresas distritais, com


exclusividade de distribuição, os serviços locais de gás canalizado.

É vedado ao DF dividir-se em municípios pelo comando do art. 32.

Cabe ressaltar que algumas prerrogativas de competência permitidas aos estados-membros não
foram estendidas ao DF, tais como legislar sobre a organização judiciária, do ministério público e da
defensoria pública, pois estão entregues à competência da união – art. 22, XVII.

Do Governo No Distrito Federal

O poder legislativo do DF está a cargo de um órgão que é a câmara legislativa, com autonomia para
auto-legislar e é composta pelos deputados distritais – CF, arts. 53, 54 e 55 – em número que
corresponda ao triplo de sua representação na câmara dos deputados e com regras da CF – arts. 32,
§ 3.º c/c 27 – sobre inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda do mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

Já o poder executivo é exercido pelo governador eleito juntamente com seu vice e da mesma forma
e regras que ocorrem nos estados-membros, cabendo somente uma exceção no tocante a
substituição – no caso de impedimento ou de vacância de ambos – pois quem assume é definido por
Lei Orgânica do distrito federal.

Da Intervenção No Município

O município é segundo José Afonso da Silva é a “entidade estatal integrante da federação, dotada de
autonomia política, administrativa e financeira”.[28]

Da Autonomia Municipal

É assegurada na CF pelos arts. 18 e 29 e garantida contra os estados-membros pelo art. 34, VII, c,
onde a ingerência dos estados-membros nos assuntos municipais está limitada na CF – art. 18, § 4.º -
referentes à criação, incorporação, fusão e ao desmembramento e quanto à intervenção – CF, arts.
35 e 36.

Está assentada na autonomia política para legislarem sobre seus negócios por meio de autoridades
próprias, que para José Afonso em quatro vertentes:

1. capacidade de auto-organização, mediante a elaboração de Lei Orgânica própria;

2. capacidade de autogoverno, pela eletividade do prefeito e do vice e dos vereadores às respectivas


câmaras municipais;

3. capacidade normativa própria ou auto-legislação, na elaboração de leis municipais sobre áreas que
são reservadas à sua competência exclusiva e suplementar;

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

4. capacidade de auto-administração própria, para manter e prestar os serviços de interesse local.

Da Competência

“O art. 30 da Constituição já discrimina as bases da competência dos municípios, tais como:

1. legislar sobre assuntos de interesse local, que consubstancia a área de competência legislativa
exclusiva, inclusive a legislação tributária e financeira;

2. suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; como a proteção do patrimônio


histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico, a responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico local;
educação, cultura, ensino e saúde no que tange à prestação desses serviços no âmbito local; direito
urbanístico local etc.;

3. instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

4. criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

5. organizar e prestar diretamente ou sob regime de concessão ou permissão os serviços públicos de


interesse local;

6. manter, com a cooperação técnica e financeira da união e do estado-membro, programas de


educação pré- escolar e de ensino fundamental;

7. prestar, com a cooperação técnica e financeira da união e dos estados-membros, serviços de


atendimento à saúde da população;

8. promover no que couber, o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do


uso, parcelamento e ocupação do solo urbano; aliás, o plano urbanístico será obrigatório para os
municípios com mais de cinqüenta mil habitantes – art. 214, § 1.º;

9. promover a proteção do patrimônio histórico, cultural local, observada a legislação e a ação


fiscalizadora federal e estadual.

Da Competência Exclusiva

a) em matéria administrativa, para ordenar sua Administração, como melhor lhe parecer;

b) em matéria financeira, para organizar suas finanças, elaborar sua lei de diretrizes orçamentárias,
sua lei orçamentária anual e sua lei do plano plurianual;

c) para instituir seus tributos nos termos do art. 145 e 156. Além disso, estão previstas, no art. 23,
áreas de competência comum com a união e os estados-membros.

Enfim, os municípios poderão manter guardas municipais destinadas à proteção das instalações e
dos serviços municipais – art. 169, § 5.º). É mera faculdade. Não serão obrigados a manter tais
guardas”.[29]

Do Governo

O poder legislativo do DF está a cargo de um órgão que é a câmara legislativa, com autonomia para
auto-legislar e é composta pelos deputados distritais – CF, arts. 53, 54 e 55 – em número que
corresponda ao triplo de sua representação na câmara dos deputados e com regras da CF – arts. 32,
§ 3.º c/c 27 – sobre inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda do mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

Já o poder executivo é exercido pelo prefeito eleito juntamente com seu vice e caberá à Lei Orgânica
de cada município discriminar as funções de cada um deles, distinguindo as funções de governo –
representação, direção geral dos negócios municipais, relações com outras autoridades – das
administrativas – execução das leis, nomeação e exoneração de seus auxiliares, provimento de

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

cargos públicos municipais, atos referentes à vida funcional, arrecadação e guarda das rendas
municipais, autorização de pagamentos, gestão do patrimônio e bens do município, etc.

Da Lei Orgânica Municipal

“A Constituição Federal já indicou o conteúdo básico da lei orgânica, que deve obedecer aos
seguintes preceitos:

a) eleição do prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores para mandato de quatro anos, mediante
pleito direto e simultâneo realizado em todo o país;

b) eleição do prefeito e do vice – de acordo com a EC n.º 16/97, que determinou nova redação na CF,
art. 29, II, realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que
devam suceder, aplicadas as regras do art. 77 no caso de municípios com mais de 200 mil eleitores;

c) posse do prefeito e do vice no dia 1.º de Janeiro do ano subseqüente ao da eleição;

d) número de vereadores proporcional ao da população;

e) inviolabilidade dos vereadores por suas opiniões, palavras e votos, no exercício do mandato e na
circunscrição do município;

f) julgamento do prefeito perante o Tribunal de Justiça; iniciativa popular de projetos de lei de


interesse específico do município.

São também dotados de competências próprias para legislar sobre assuntos de interesse local e
para suplementar a legislação estadual e federal, no que couber – art. 30, I e II; para administrar e
organizar os próprios serviços – art. 30, IV e V – e para instituir e arrecadar os tributos de sua
competência – art. 30, III.

Os municípios não têm órgão jurisdicional próprio, mas têm funções legislativa e executiva.

No caso de vacância do cargo de prefeito e vice, cabe à Lei Orgânica decidir, mas geralmente quem
assume é o presidente da câmara dos vereadores.

O poder legislativo exerce também funções fiscalizadoras do executivo, com o auxílio do Tribunal de
Contas, e função julgadora, devendo julgar o prefeito, o vice e os vereadores por infrações
administrativas.

No tocante ao controle externo realizado pelo Tribunal de Contas, o parecer por. ele emitido sobre as
contas que o prefeito deve anualmente prestar só deixará de prevalecer por decisão de dois terços
dos membros da câmara municipal – CF, art. 31, § 2.º. Trata-se de julgamento político das contas,
podendo ser revisto pelo poder judiciário por meio de ação popular ou outro instrumento de defesa da
cidadania”.[30]

Perguntas E Respostas

1. Em que casos a união poderá intervir nos estados–membros?

a) Na defesa do Estado – art. 34, I e II – é autorizada a intervenção para manter a integridade


nacional e repelir invasão estrangeira;

b) Na defesa do princípio federativo – art. 34, II, III, IV – é autorizada a intervenção para repelir
invasão de uma unidade da Federação em outra, pôr termo a grave comprometimento da ordem
pública, e garantir o livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades federativas;

c) Na defesa das finanças estaduais – art. 34, V – é permitida a intervenção na unidade federativa
que suspender o pagamento de dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo força
maior, e deixar de entregar aos municípios receitas tributárias fixadas na Constituição, dentro dos
prazos estabelecidos em lei.[31] O não-pagamento de dívida desta natureza por mais de 2 anos
consecutivos autoriza a intervenção, salvo em caso de força maior;

d) Na defesa da ordem constitucional – art. 34, incisos:

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ORGSNIZAÇÃO DO ESTADO

VI – autoriza a intervenção para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII – para exigir a observância dos seguintes princípios constitucionais:

 forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

 direitos da pessoa humana; autonomia municipal;

 prestação de contas da Administração Pública direta e indireta;

· aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais na manutenção e


desenvolvimento do ensino;[32]

 nas ações e serviços públicos de saúde.[33]

2. A quem cabe a decretação da intervenção federal?

Esse ato extremado e excepcional de intervenção na autonomia política dos estados-membros e no


distrito federal pela união, somente poderá ser concretizado por decreto do presidente da
república,[34] que é quem, em última análise, tem o poder tanto de decretar como executar a
intervenção federal.[35] O mecanismo de intervenção constitui instrumento essencial à viabilização
do próprio sistema federativo, dotado de cujo político-jurídico, e basicamente para:

a) tornar efetiva a intangibilidade do vinculo federativo;

b) fazer respeitar a integridade territorial das unidades federadas;

c) promover a unidade do estado federal;

d) preservar a incolumidade dos princípios fundamentais proclamados pela Constituição. [36]

3. Em que consiste a competência legislativa concorrente da união, estados-membros e distrito


federal?

A competência concorrente ou suplementar – art. 24 e incisos – estabelece a competência da união


em direcionar somente às normas gerais – sendo inconstitucional aquilo que extrapolar – e aos
estados-membros e o distrito federal promover às normas específicas – com detalhes e minúcias –
particularizando a norma geral, no sentido de adaptação de princípios, bases, diretrizes a
peculiaridades regionais.

A CF adotou a competência concorrente ou competência suplementar – não cumulativa ou


vertical – de forma que a competência da união está restrita ao estabelecimento de normas gerais e
aos estados e o distrito federal o dever de especificá-las – por meio de suas respectivas leis.

A competência pode ser: cumulativa: sempre que existirem limites prévios para o exercício da
competência por parte de um ente – seja a união ou seja o estado-membro; e não cumulativa ou
repartição vertical: é aquela que, dentro de um mesmo campo de mútua atuação, a união fixa os
princípios e as normas gerais, deixando ao estado-membro a sua complementação.

A competência suplementar pode ser: complementar: é aquela que depende de prévia existência
de lei federal a ser especificada pelos estados-membros e distrito federal; e supletiva: que aparece
pela inércia da união em editar e lei federal, e então os estados-membros e o distrito federal –
temporariamente, pois a união, pode alegar a qualquer momento a superveniência de lei federal
sobre normas gerais, suspendendo a eficácia da lei estadual – adquirem competência plena tanto
para a edição das normas de caráter geral, quanto de normas específicas.

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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

Administração Pública

Princípios Constitucionais Da Administração Pública

Legalidade: É o princípio básico de todo o Direito Público. A doutrina costuma usar a seguinte
expressão: na atividade particular tudo o que não está proibido é permitido, na Administração Pública
tudo o que não está permitido é proibido. O administrador está rigidamente preso à lei e sua atuação
deve ser confrontada com a lei.

Impessoalidade: Significa que o administrador deve orientar-se por critérios objetivos, não devendo
fazer distinções fundamentadas em critérios pessoais. Toda a atividade da Administração Pública
deve ser praticada tendo em vista a finalidade pública. Se não visar o bem público, ficará sujeita à
invalidação, por desvio de finalidade. É em decorrência desse princípio que temos, por exemplo, o
concurso público e a licitação.

• Desse princípio decorre a generalidade do serviço público – todos que preencham as exigências
têm direito ao serviço público.

• A responsabilidade objetiva do Estado decorre do princípio da impessoalidade.

Moralidade: O Direito Administrativo elaborou um conceito próprio de moral, diferente da moral


comum. A moral administrativa significa que o dever do administrador não é apenas cumprir a lei
formalmente, mas cumprir substancialmente, procurando sempre o melhor resultado para a
administração. Pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública, tem a ver com a ética,
com a justiça, a honestidade, a conveniência e a oportunidade.

• Toda atuação do administrador é inspirada no interesse público. • Jamais a moralidade


administrativa pode chocar-se com a lei.

• Por esse princípio, o administrador não aplica apenas a lei, mas vai além, aplicando a sua
substância.

• A Constituição de 1988 enfatizou a moralidade administrativa, prevendo que “os atos de


improbidade importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível”.

Publicidade: Requisito da eficácia e moralidade, pois é através da divulgação oficial dos atos da
Administração Pública que ficam assegurados o seu cumprimento, observância e controle; destina-
se, de um lado, à produção dos efeitos externos dos atos administrativos. Existem atos que não se
restringem ao ambiente interno da administração porque se destinam a produzir efeitos externos –
daí ser necessária a publicidade.

Eficiência: Exige resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das
necessidades dos administrados (público). Trata-se de princípio meramente retórico. É possível, no
entanto, invocá-lo para limitar a discricionariedade do Administrador, levando-o a escolher a melhor
opção. Eficiência é a obtenção do melhor resultado com o uso racional dos meios. Atualmente, na
Administração Pública, a tendência é prevalência do controle de resultados sobre o controle de
meios.

Supremacia do interesse público: Os interesses públicos têm supremacia sobre os interesses


individuais; é a essência do regime jurídico administrativo.

Presunção de Legitimidade: Os atos da Administração presumem-se legítimos, até prova em contrário


(presunção relativa ou juris tantum – ou seja, pode ser destruída por prova contrária.)

Finalidade: Toda atuação do administrador se destina a atender o interesse público e garantir a


observância das finalidades institucionais por parte das entidades da Administração Indireta. A
finalidade pública objetivada pela lei é a única que deve ser perseguida pelo administrador. A Lei, ao
atribuir competência ao Administrador, tem uma finalidade pública específica. O administrador,
praticando o ato fora dos fins, expressa ou implicitamente contidos na norma, pratica DESVIO DE
FINALIDADE.

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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

Autotutela : A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e eficiência dos seus próprios atos.
É por isso que se reconhece à Administração o poder e dever de anular ou declarar a nulidade dos
seus próprios atos praticados com infração à Lei.

• A Administração não precisa ser provocada ou recorrer ao Judiciário para reconhecer a nulidade
dos seus próprios atos;

• A Administração pode revogar os atos administrativos que não mais atendam às finalidades públicas
– sejam inoportunos, sejam inconvenientes – embora legais.

• Em suma, a autotutela se justifica para garantir à Administração: a defesa da legalidade e eficiência


dos seus atos; nada mais é que um autocontrole;

Continuidade dos Serviços Públicos: O serviço público destina-se a atender necessidades sociais. É
com fundamento nesse princípio que nos contratos administrativos não se permite que seja invocada,
pelo particular, a exceção do contrato não cumprido.

• Nos contratos civis bilaterais pode-se invocar a exceção do contrato não cumprido para se eximir da
obrigação.

• Hoje, a legislação já permite que o particular invoque a exceção de contrato não cumprido – Lei
8666/93 – Contratos e Licitações, apenas no caso de atraso superior a 90 dias dos pagamentos
devidos pela Administração.

• A exceção do contrato não cumprido é deixar de cumprir a obrigação em virtude da outra parte não
ter cumprido a obrigação correlata.

Razoabilidade: Os poderes concedidos à Administração devem ser exercidos na medida necessária


ao atendimento do interesse coletivo, sem exageros. O Direito Administrativo consagra a supremacia
do interesse público sobre o particular, mas essa supremacia só é legítima na medida em que os
interesses públicos são atendidos. Exige proporcionalidade entre os meios de que se utilize a
Administração e os fins que ela tem que alcançar. Agir com lógica, razão, ponderação. Atos
discricionários.

A Administração Pública

Conceito: É a atividade desenvolvida pelo Estado ou seus delegados, sob o regime de Direito
Público, destinada a atender de modo direto e imediato, necessidades concretas da coletividade. É
todo o aparelhamento do Estado para a prestação dos serviços públicos, para a gestão dos bens
públicos e dos interesses da comunidade.

“A Administração Pública direta e indireta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência ...”

Características:

 praticar atos tão somente de execução – estes atos são denominados atos administrativos; quem
pratica estes atos são os órgãos e seus agentes, que são sempre públicos;

 exercer atividade politicamente neutra - sua atividade é vinculada à Lei e não à Política;

 ter conduta hierarquizada – dever de obediência - escalona os poderes administrativos do mais alto
escalão até a mais humilde das funções;

 praticar atos com responsabilidade técnica e legal – busca a perfeição técnica de seus atos, que
devem ser tecnicamente perfeitos e segundo os preceitos legais;

 caráter instrumental – a Administração Pública é um instrumento para o Estado conseguir seus


objetivos. A Administração serve ao Estado.

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ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

 competência limitada – o poder de decisão e de comando de cada área da Administração Pública é


delimitada pela área de atuação de cada órgão.

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Organização Dos Poderes

A concepção estrutural de um estado está coligada a forma básica de dependência de organização é


estruturação, não há de se pensar em Estado sem poder, pelo simples fato que é do poder que se
concerne a estruturação, formação e organização e unificação da estrutura estatal/estadista. Este
princípio em base além de concepção jurídica real e bem formulado na base doutrinaria encontra-se
coligado ao dia-dia de qualquer Estado.

Entende-se Estado à luz da doutrina de Ferreira Filho[1], como uma “associação humana (povo),
radicada em base espacial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita
a outra (soberana) ”, nota-se que os elementos do Estado nascem com sua concepção, em três
predominantes linhagens nasce um Estado, que deve possuir um território consolidado, uma
população, é por fim e não menos importante o poder que o torna, por conseguinte soberano a
qualquer outro estado.

Entendendo cada um destes torna-se possível uma maior compreensão do tema em contexto,
vejamos então:

À luz de cada elemento estrutural básico, disserta Nascimento:

Povo é o conjunto de indivíduos, ligados a um determinado território por um vínculo chamado


nacionalidade. No conceito de povo estão incluídos os brasileiros natos e naturalizados.

Entende-se por Território área e/ou espaço, pode-se revelar uma relação de poder ou um exercício
cotidiano de vivencia em uma determinada área. A palavra Território passa a sensação de posse ou
de poder sobre algo, que pode ser soberano ou pode ser coletivo.

Outro elemento fundamentalmente impar à existência de qualquer tipo de Estado, seja ele unitário,
federativo, ou qualquer outra forma, é o definido por Ferreira Filho como Poder, [...] este se traduz no
cumprimento das normas estatais. [...], e visível que para que ocorra a formação de um estado exista
um ente “superior”, no qual ficara responsável a fim de ditar normas para o controle da máquina do
estado, bem como responsável pela delimitação de competências, é delimitação do próprio território,
gerenciando assim por completo à formação, o povo, é o próprio poder de gerencia da máquina
estatal.

Tendo em vista o conceito, as definições e a estruturação elementar do Estado supramencionado,


passaremos no transcorrer do presente artigo, a buscar uma conceituação sobre a organização dos
poderes, a tripartição dentre outros temas coligados a referida matéria em apreciação, utilizaremos o
método técnico bibliográfico para esta pesquisa a fim de trazer uma maior compreensão de forma a
objetivar o conhecimento da referida matéria.

Do Princípio Da Separação Dos Poderes

A criação do princípio da separação dos poderes, passou pela conceituação de diversos pensadores
contemporâneos, sendo eles, Platão, Aristóteles, Maquiavel e John Locke e finalmente por intermédio
de Montesquieu foi agregada de forma definitiva ao constitucionalismo.

Montesquieu em sua apressurada obra “o espirito das leis” publicada no ano de 1748, finda a ideia do
poder do estado dividido em três, qual seja eles: Legislativo, Executivo e Judiciário, todos harmônicos
e independentes entre si. A ideia inovadora trazida por Montesquieu tinha por objetivo limitar o poder
absolutista do Estado, criando uma limitação, ou seja, a ideia era que o poder limitaria o próprio
poder. Para ele, o poder do Estado deveria dividir-se em funções específicas, (especialização
funcional), atribuídas a órgãos independentes (independência orgânica), possibilitando a limitação do
poder em razão da sua incompletude. Em outras palavras, o poder era limitado pelo próprio poder, de
forma que não seria mais absoluto. (MONTESQUIEU, 1998).

Da Separação Dos Poderes No Brasil

O Brasil conforme anteriormente citados, faz a adesão a separação dos poderes trazidas por
Montesquieu em sua obra “O Espirito das Leis”, ocorrendo assim a tripartição do poder em: Poder
Legislativo, Poder Executivo e Poder Judiciário.

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

A chamada tripartição do poder no Brasil vem elencada no artigo 2º da Constituição Federal de 1988
(in verbis), onde expressamente aludi que deve os poderes funcionar de forma Harmônica e
independente entre si.

(in verbis) Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

Para haver a chamada harmonia nota-se que e imprescindível que ambos chefes dos poderes
mantenha uma relação consubstancialmente harmoniosa, não se requer ou se sugere neste caso que
seja amigos de foro íntimo, o que se espera de cada represente de ambos dos poderes é apenas
uma relação diplomática, para o fim de garantir o funcionamento harmonioso sem que o partidarismo
ou relações de cunho pessoal venha a atingir tal funcionamento, ao ponto de provocar uma
instabilidade viciosa e prejudicial ao funcionamento estatal, vale ressaltar, a necessidade do princípio
da Impessoalidade, sendo este do contexto administrativo, más expressamente essencial a qualquer
que seja a função exercida pelo hora, detentor do poder público.

No parágrafo único, nota-se a coexistência do vértice principal do poder, onde o constituinte originário
de 1988 expressou o real e verdadeiro detentor do poder. O Povo!

Nota-se que ao deixar explícito que “Todo o poder emana do povo”, há uma clara e cristalina
definição do real detentor do poder, o qual o exerce através da delegação de representantes sejam
eleitos ou de forma direta exercendo a função de poder.

O conceito de poder é único, mas seu exercício por mais que concentrado a um indivíduo deve por
analogia ser este submetido à vontade originaria, qual seja ela o povo, que é de fato o real detentor
desta prerrogativa, sendo o que a exerce um mero porta-voz que deve destinar-se a satisfação da
maioria do povo.

Baliza-se os representantes do poder então ao exercício secundário e serventuário da maioria, não


devendo ele diferir ou se abster durante o exército do mandato da vontade popular, quando ele o
diferir da vontade absoluta do poder primário (povo), verifica-se que não o serve mais para
desempenho daquela função para qual foi conduzido, sendo necessário uma consulta ao primário
detentor do poder, para objetivamente decidir se é ou não apto para prosseguir com o exército
daquela função.

Não se pugna aqui por extrair aquela ou aquele representante secundário do poder por mera
divergência, mais sim pugna pelo zelo e respeito dele ao verdadeiro detentor primário, não se admite
também que o exercente do poder seja retirado se não pelo povo em uma consulta geral.

Verifica-se que a tripartição dos poderes no Brasil foi consagrada pelo constituinte de 1988, onde o
fez constar no artigo 60, § 4º, inciso III da constituição de 88 (in verbis).

(in verbis) Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

III - a separação dos Poderes;

Ao fixar está barreira o constituinte, cria a chamada clausula pétrea, que veda a deliberação ou a
alteração do funcionamento ou da estruturação dos poderes da união previstos no artigo 2º, criando
assim um mecanismo que permite e assegura a harmonia e a independência dos poderes.

Conclusão: Dos Três Poderes E Suas Funções

A concepção como anteriormente preconizada pelo princípio da separação dos poderes subdivide o
poder da união em três, entendo que a utilização do termo “divisão dos poderes” e/ou “tripartição dos
poderes” é no mínimo equivocada, uma vez que poder é uma unidade indivisível, pertencente a
União. O que ocorre de fato é a separação de funções dentro de um mecanismo chamado: "freios e
contrapesos"

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Entende-se o termo freios e contrapesos quando advém influência recíproca das funções e nos
exercícios delas, seja executiva, legislativa e/ou judiciária em um Estado, para que possa haver o
necessário equilíbrio na sociedade.

bDestarte podemos concluir que a „separação do poder‟ ou sua „tripartição‟ e uma forma de evitar
abusos ou uma concentração massiva de superpoderes nas mãos de uma só pessoa, tentando evitar
que o autoritarismo ou supremacia daquele ou de outrem agente público no exercício ou desempenho
de alguma das funções de qualquer poder (legislativo, executivo, judiciário).

Da Organização dos Poderes: Do Poder Legislativo; Do Poder Executivo; Do Poder Judiciário

Os três poderes, independentes e coesos entre si, estão presentes na democracia de um país.
Assim, quando pensamos na Política de um Estado, sua estrutura e organização, existem três
poderes políticos que norteiam suas ações.

Legislativo Regula as relações dos indivíduos entre si e com o próprio Estado,


mediante a elaboração de leis.

Executivo Governa o povo e administra os interesses públicos, cumprindo as


ordenações legais e a Constituição.

judiciário Aplica a lei a casos concretos, para assegurar a soberania da


justiça e a realização dos direitos individuais nas relações sociais.

Poder Legislativo

O Poder Legislativo é o poder que estabelece as Leis de um país. Ele é composto pelo Congresso
Nacional, ou seja, a Câmara de Deputados, o Senado, Parlamentos, Assembleias, cuja atribuição
central é de propor leis destinadas a conduzir a vida do país e de seus cidadãos. O Poder Legislativo,
além de desempenhar o papel de elaboração das leis que regerão a sociedade, também fiscaliza o
Poder Executivo.

Poder Executivo

O Poder Executivo, como o próprio nome já pressupõe, é o poder destinado a executar, fiscalizar e
gerir as leis de um país. No âmbito deste poder está a Presidência da República, Ministérios,
Secretarias da Presidência, Órgãos da Administração Pública e os Conselhos de Políticas Públicas.

Sendo assim, essa escala do poder decide e propõe planos de ação de administração e de
fiscalização de diversos Programas (social, educação, cultura, saúde, infraestrutura) a fim de garantir
qualidade e a eficácia dos mesmos. É válido destacar que no município, o Poder Executivo é
representado pelo Prefeito enquanto a nível estatal é representado pelo Governador.

Poder Judiciário

O Poder Judiciário atua no campo do cumprimento das Leis. É o Poder responsável por julgar as
causas conforme a constituição do Estado. É composto por juízes, promotores de justiça,
desembargadores, ministros, representado por Tribunais, com destaque para o Supremo Tribunal
Federal – STF. Essencialmente, o Poder Judiciário tem a função de aplicar a lei, julgar e interpretar
os fatos e conflitos, cumprindo desta forma, a Constituição do Estado.

Poder Legislativo

O Poder Legislativo federal é bicameral, composto por duas câmaras, exercido pelo Congresso
Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Não há hierarquia entre
as casas, sendo que o que uma decidir será revisto pela outra.

Cabe ao Poder Legislativo a função precípua de elaborar leis, ou seja, legislar. Além dessa função,
também cabe ao Legislativo a fiscalização e o controle dos atos do Executivo, função esta exercida
com apoio do Tribunal de Contas.

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

O Congresso Nacional é um órgão que representa o Poder Legislativo, sendo formado pelo conjunto
de duas casas, quais seja, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, cada qual com seus
regimentos internos próprios. Existem dois tipos de competências previstas para o Congresso
Nacional:

O primeiro tipo de competência trata-se da COMPETÊNCIA LEGISLATIVA, que será exercida


visando à formação de leis, sendo, portanto, sujeitas à sanção presidencial. Esse dispositivo
demonstra que cabe ao Congresso dispor sobre aquelas matérias tidas como de competência
legislativa da União. O segundo compõe as COMPETÊNCIAS DELIBERATIVAS do Congresso
Nacional, que se referem aos atos que o Congresso Nacional irá exercer sem a necessidade de
sanção do Presidente da República, por meio de decretos. Dessas atribuições destacam-se as
seguintes (art. 49, CF/88):

 Resolver sobre tratados internacionais que resultem em encargos ao patrimônio nacional;

 Autorizar o Presidente a declarar guerra ou celebrar a paz;

 Autorizar o Presidente a se ausentar do país por um período superior a 15 dias;

 Julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Presidente da República;

 Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

 Autorizar referendo e convocar plebiscito.

Câmara Dos Deputados

A CÂMARA DOS DEPUTADOS compõe-se de representantes do povo, eleitos pelo sistema


proporcional, segundo o qual o número de deputados varia de acordo com a população do Estado,
respeitando-se o limite mínimo de oito e o máximo de setenta Deputados Federais por Estado. A
Constituição cita as competências privativas da Câmara dos Deputados (art. 51), sendo as principais:

 autorizar a instauração de processo contra o Presidente da República;

 elaborar seu regimento interno;

 dispor sobre sua organização e seus servidores;

 eleger membros do Conselho da República.

Senado

O SENADO é a casa legislativa que representa os Estados, sendo que, ao invés de seguir o sistema
proporcional, segue o princípio majoritário. Cada Estado e o Distrito Federal elegem três senadores.
O art. 52 da Constituição Federal de 1988 enumera as atribuições do Senado Federal, sendo que as
principais são:

 processar e julgar o Presidente da República e o Vice-Presidente da República nos crimes de


responsabilidade (quando um Ministro de Estado ou Comandante das Forças Armadas praticar um
crime conexo com o Presidente da República e Vice-Presidente, também é julgado pelo Senado, ao
invés de ser processado junto ao Supremo Tribunal Federal);

 processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de


Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o
Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

 aprovar a escolha de alguns magistrados, Ministros do Tribunal de Contas da União, Procurador-


Geral da República.

 estabelecer limites globais para a dívida dos Estados, Distrito Federal e Municípios;

 elaborar seu Regimento Interno;

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

 dispor sobre sua organização e seus servidores;

 eleger membros do Conselho da República.

Uma das principais garantia de independência do Poder Legislativo é a capacidade de auto-


organização das casas legislativas. A Câmara dos Deputados, o Senado Federal e o Congresso
Nacional terão Regimentos Internos próprios, que seguirão algumas regras previstas na própria
Constituição.

. Composição Das Mesas

Cada órgão terá sua mesa, eleita dentre seus membros para mandato de dois anos. A Constituição
determina que o Presidente do Senado Federal irá presidir a mesa do Congresso Nacional, e os
demais lugares serão ocupados alternadamente, pelos devidos ocupantes das mesas do Senado
Federal e da Câmara dos Deputados.

. Quorum Para Deliberação

Via de regra, as deliberações serão tomadas por maioria simples, presente a maioria absoluta dos
membros da casa. Em casos excepcionais, é necessário quorum qualificado, exigindo-se, por
exemplo, maioria absoluta para cassar mandato parlamentar, aprovar lei complementar, exonerar ou
aprovar o Procurador-Geral da República e aprovar nomes indicados para Ministro do Supremo
Tribunal Federal. Exige-se, por sua vez, maioria de dois terços da Câmara dos Deputados para
autorizar instauração de processo por crime de responsabilidade, três quintos para aprovar Emenda
Constitucional e dois quintos para cancelar concessão de rádio e TV, que são exemplos de maiorias
qualificadas.

. Sessões Legislativas

Cada legislatura dura quatro anos, compreendendo quatro sessões legislativas (uma a cada ano). As
sessões legislativas são divididas em dois períodos, o primeiro de 02 de fevereiro a 17 de julho e o
segundo de 01 de agosto a 22 de dezembro. Pode haver sessões legislativas extraordinárias no
período de recesso, convocadas pelo Presidente do Senado nos casos de intervenção federal, estado
de defesa ou estado de sítio e convocadas pelo Presidente da República, do Senado ou da Câmara
em caso de extrema urgência. Nessas sessões, serão decididas apenas as matérias para as quais
foram convocadas, salvo se existirem medidas provisórias, que serão automaticamente inseridas na
pauta de votação.

Comissões Parlamentares

O Congresso Nacional e suas casas possuirão comissões, com formação e competências próprias.
Essas comissões se dividem em permanentes e temporários. Os permanentes possuirão a mesma
formação durante a legislatura e tratarão de assuntos predeterminados. As comissões temporárias
serão constituídas por tempo determinado para tratarem de matérias específicas, sejam quais forem.
As comissões poderão:

– Votar matérias que dispensem a apreciação do plenário;

– Convocar Ministros de Estado para prestarem informações (vide art. 50, CF/88);

– Receber reclamações de entidades públicas;

– Solicitar depoimentos;

– Apreciar planos e programas nacionais ou regionais.

A Constituição estipula duas comissões que terão um papel extremamente importante nas atividades
do Congresso Nacional. São elas: a Comissão Representativa e as Comissões Parlamentares de
Inquérito (CPI‟s).

Prerrogativas Parlamentares (Estatuto Dos Congressistas)

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Os parlamentares (Deputados e Senadores) possuem certas garantias que visam dar-lhes a devida
proteção no exercício de sua função. As principais dessas garantias são as IMUNIDADES, que se
classificam em Imunidade Parlamentar Material (o parlamentar não comete crime de opinião, não
podendo ser responsabilizado por suas palavras, votos, etc.) e Imunidade Formal (parlamentar terá
de ter seu processo-crime sustado por sua casa legislativa, a pedido de seu partido político ou da
maioria dos seus membros. Além disso, em virtude dessa imunidade, o parlamentar não pode ser
preso, salvo em caso de flagrante delito de crime que não admita fiança).

Incompatibilidades

As incompatibilidades (situações que impossibilitam sua investidura no cargo) dos deputados e


senadores são apuradas em dois momentos: em primeiro lugar, na EXPEDIÇÃO DO DIPLOMA
(Manter contrato ou exercer cargo, função ou emprego remunerado em pessoa jurídica de direito
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de
serviço público) e, em segundo lugar, quando da POSSE (Ser proprietário, diretor, ocupar cargo,
função ou patrocinar causa relativa às empresas anteriormente citadas, Ser titular de mais de um
cargo público eletivo).

Processo Legislativo

O processo legislativo corresponde a uma série de atos que visam à confecção das espécies
legislativas, quais sejam, as emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, leis
delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Várias são as etapas que
compõem a atividade legislativa, vejamos:

Iniciativa

A iniciativa é o ato que dá início ao processo legislativo por meio de um projeto de lei. Várias são as
pessoas que podem dar início ao processo legislativo, dentre elas os próprios parlamentares, o
Presidente da República, o Procurador Geral da República, o Supremo Tribunal Federal e o povo. A
iniciativa popular tem como requisito a assinatura de 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados com, no mínimo, 0,3% dos eleitores de cada um deles. Algumas leis só
podem ser iniciadas pelo Presidente da República. São elas as que disponham sobre: fixação do
efetivo das Forças Armadas e Regime Jurídico dos Militares; cargos públicos e seus regimes
jurídicos; organização dos serviços públicos; organização do Ministério Público e Defensoria Pública
da União e regras gerais para os Estados, DF e Territórios; criação e extinção de Ministérios e órgãos
da administração pública.

Votação

A discussão e a votação do projeto serão feitas nas duas Casas Legislativas. Via de regra, o projeto é
iniciado na Câmara dos Deputados, salvo quando sua iniciativa venha de um Senador, oportunidade
em que a votação será iniciada no Senado. Temos, assim, a atuação de duas casas na votação do
projeto, a casa iniciadora e a revisora. Podem ocorrer três hipóteses:

1ª) A casa iniciadora e a casa revisora aprovam. Resultado: o projeto é encaminhado ao presidente
para a sanção.

2ª) Casa iniciadora aprova e casa revisora desaprova. Resultado: o projeto é arquivado.

3ª) Casa iniciadora aprova e casa revisora emenda. Resultado: o projeto é reencaminhado à casa
iniciadora para a votação das emendas.

Sanção

Sanção significa a concordância, a aceitação do Presidente da República, aplicada ao projeto de lei.


Somente irão para o Presidente os projetos aprovados pelas duas casas. Existem duas formas de
sanção: a expressa e a tácita. O Presidente terá quinze dias para sancionar expressamente sua
aquiescência ao projeto, caso não o faça, considerar-se-á que ele o aceita, ou seja, ocorrerá a
sanção tácita.

Veto

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Nos quinze dias de que o Presidente dispõe para sancionar, ele também pode, ao invés disso, vetar,
ou seja, recusar o projeto, total ou parcialmente. Caso seja parcial, não poderá alcançar somente
palavras ou expressões, mas deverá abolir por completo um artigo, parágrafo, inciso ou alínea. O
veto, no entanto, NÃO É ABSOLUTO, sendo apreciado posteriormente pelo Congresso Nacional, que
poderá derrubar esse veto desde que assim o entenda por maioria absoluta de seus membros.

Promulgação

A promulgação é o ato que declara a existência da lei, dando validade a ela.

Publicação

Com a publicação da lei, dá-se a ciência à sociedade da existência e do conteúdo dessas no mundo
jurídico. Caberá, à autoridade que promulgou a lei, publicá-la. O espaço de tempo entre a publicação
e a vigência, se houver, é chamado de VACATIO LEGIS, ou VACÂNCIA DA LEI, que é um período
de adaptação à nova lei, definido pelo legislador.

Espécies Legislativas

As espécies legislativas são os objetos do processo legislativo, podendo se manifestar das seguintes
maneiras:

Emendas Constitucionais

Emendas à Constituição, inserem, no texto constitucional, novas determinações, estando o legislador


atuando como constituinte derivado. Podem dar início a uma emenda um terço, no mínimo, dos
membros de qualquer das casas legislativas (Câmara ou Senado), o Presidente da República ou
mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A proposta de emenda constitucional será votada
e discutida em cada uma das casas legislativas e será considerada aprovada se obtiver voto
favorável de pelo menos três quintos dos votos de seus parlamentares. Assim sendo, não será objeto
de votação a emenda que queira acabar com:

– a forma federativa do Estado;

– o voto direto, secreto, universal e periódico;

– a separação dos Poderes;

– os direitos e garantias individuais.

Leis Complementares

As leis complementares são leis para as quais o constituinte reservou certas matérias, consideradas
de maior importância. Essas leis exigirão, para que sejam aprovadas, os votos da maioria absoluta
das respectivas casas.

Leis Ordinárias

As leis ordinárias, como o próprio nome diz, são aquelas que tratam de todas as matérias possíveis,
sem qualquer rito especial para sua aprovação (requer somente maioria simples, que significa mais
da metade dos presentes). Existem basicamente duas limitações às leis ordinárias, quais sejam, NÃO
PODEM DISPOR sobre matérias reservadas a lei complementar nem tratar sobre assuntos de
competência privativa das casas legislativas (tratadas por decretos legislativos).

Leis Delegadas

Leis delegadas são elaboradas pelo Presidente da República, mediante autorização expedida pelo
Congresso Nacional, para determinados assuntos. O Congresso Nacional pode, quando da
autorização, determinar que a lei fique condicionada a uma posterior votação, que será única e sem a
possibilidade de emendas. Não podem ser objeto de leis delegadas:

– Atos de competência exclusiva do Congresso Nacional ou de qualquer de suas casas;

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

– Organização do Judiciário ou do Ministério Público;

– Nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

– Questões orçamentárias.

Medidas Provisórias

A faculdade de que o Presidente da República dispõe de expedir medidas provisórias permite a ele
que tome medidas com força de lei, quando houver uma grande urgência e relevância. Depois de
publicada, a medida provisória é encaminhada ao Congresso para que se decida se transforma a
medida em lei ou se será derrubada. Esse instrumento, porém, sofre uma série de modificações
inerentes a sua característica de urgência, como por exemplo:

– não pode tratar de: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral,
direito penal, direito processual penal e processual civil, organização do Judiciário e do Ministério
Público, matérias orçamentárias, seqüestro de bens ou aplicações financeiras;

– não pode dispor sobre matérias reservadas às leis complementares, nem matérias já disciplinadas
pelo Congresso Nacional e pendentes de sanção presidencial.

– terão duração de, no máximo, sessenta dias, prorrogável por mais sessenta;

– se a medida não for apreciada pelo Congresso em quarenta e cinco dias, será incluída em caráter
de urgência na pauta de votação, nada mais podendo ser votado, caso não seja votada a Medida
Provisória;

– Não se pode reeditar medida provisória que já tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
eficácia por não ter sido apreciada.

Decretos Legislativos E Resoluções

Os decretos legislativos, na verdade, são leis que não precisam de sanção do presidente. Serão
sempre utilizados quando se tratar de questões referentes às competências exclusivas da casa
Legislativa, tendo sempre uma força normativa para toda a sociedade (externa). São elaborados pelo
Congresso Nacional, com tramitação por ambas as casas e aprovados por maioria relativa.

As resoluções, por sua vez, são atos de caráter interno, que visam regular o bom funcionamento das
atividades legislativas. São elaboradas pelo Congresso Nacional ou por cada casa legislativa de
forma isolada, sempre por maioria relativa. Essa espécie legislativa também prescinde de sanção
presidencial.

Hierarquia Das Normas

Na hierarquia federativa das normas, podemos distinguir a seguinte ordem:

Constituição Federal, norma maior e que estipula as demais competências;

Constituições Estaduais e Lei Orgânica do Distrito Federal, que se subordinam à Constituição Federal
e com ela devem guardar similitude (princípio da simetria);

Leis Orgânicas dos Municípios, sujeitas à Constituição Federal e às Constituições Estaduais.

A ORDEM HIERÁRQUICA DAS NORMAS FEDERAIS pode ser assim enumerada:

Constituição Federal, Revisões Constitucionais e Emendas Constitucionais, sendo que as duas


últimas não podem contrariar a primeira;

Leis Complementares;

Leis Ordinárias, Leis Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos, Resoluções Legislativas
e Tratados Internacionais;

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Atos Normativos editados pela Administração Pública que têm força normativa, mas não podem
inovar nem criarem direitos e obrigações.

Poder Executivo

No Brasil, o Poder Executivo será exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de
Estado. As atribuições do Presidente da República estão listadas no art. 84 da Constituição Federal,
citadas as principais:

Nomear e exonerar seus Ministros de Estado;

Exercer a direção superior da administração federal;

Proceder à iniciativa de leis;

Sancionar, promulgar e fazer publicar leis;

Vetar projetos de lei;

Editar decretos sobre a organização e o funcionamento da Administração federal (desde que não
aumente despesa, crie ou extinga órgão público);

Declarar, por decreto, a extinção de cargos públicos, quando esses estiverem vagos;

Manter relações diplomáticas com Estados estrangeiros;

Celebrar tratados internacionais, que serão posteriormente votados no Congresso Nacional;

Decretar Estado de Defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal;

Exercer o comando supremo das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica);

Nomear os Ministros do Supremo e dos Tribunais Superiores, Governadores de Território,


Procurador-Geral da República, Ministros do Tribunal de Contas e o Presidente e Diretores do Banco
Central;

Declarar a guerra e celebrar a paz;

Prestar contas ao Congresso;

Editar Medidas Provisórias.

São delegáveis aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da


República as atribuições de expedir decretos sobre a organização da administração federal, conceder
indulto ou comutar penas, prover os cargos públicos e, por fim, extingui-los, quando vagos.

Caso o Presidente da República cometa algum crime, só poderá ser processado se a Câmara dos
Deputados autorizar (por dois terços de seus membros). Em se tratando de crimes comuns (previstos
no Código Penal), será ele julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Nas hipóteses de crime de
responsabilidade, o Presidente da República será julgado pelo Senado. São crimes de
responsabilidade todos aqueles atos que atentem contra a Constituição.

Ministros De Estado

Os Ministros de Estado terão a função de auxiliar o Presidente da República, orientando os órgãos da


administração relacionados à sua área de atuação, expedindo decretos e resoluções, e praticando os
demais atos que lhes sejam designados. Serão escolhidos pelo Presidente da República, dentre
quaisquer brasileiros com mais de vinte e um anos de idade e que detenham seus direitos políticos.

Conselho Da República

Trata-se de um órgão de consulta superior do Presidente, que terá a função de se pronunciar sobre

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, além de tratar de quaisquer questões
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

Conselho Da Defesa

Esse conselho também será um órgão de consulta do Presidente, com a diferença de que tratará das
questões relativas à soberania nacional e à defesa do Estado. Competirá a esse conselho: opinar
sobre as declarações de guerra e de paz, opinar sobre a intervenção federal, o estado de defesa e o
estado de sítio e, por fim, propor medidas que visem uma melhor defesa do território nacional, com o
propósito de garantir a independência nacional e a defesa do Estado Democrático.

Poder Judiciário

Caberá ao Poder Judiciário, aplicando a lei e todas as fontes de direito, solucionar conflitos existentes
na sociedade ou conflitos entre os próprios poderes. O Judiciário É AUTÔNOMO, não se subordina a
nenhum outro poder. Por conta disso, ele mesmo elabora seus orçamentos. O Supremo Tribunal
Federal, órgão de cúpula do Poder Judiciário, poderá, exercendo seu poder de iniciativa, propor o
Estatuto da Magistratura (esse estatuto é a LOMAN, Lei Orgânica da Magistratura).

Os juízes possuem determinadas garantias que visam dar-lhes a segurança necessária para que
exerçam sua atividade de forma justa, sem se preocupar com pressões. São elas:

Vitaliciedade, adquirida, pelos juízes concursados, após dois anos de atividade. Com essa garantia,
só por sentença judicial transitada em julgado será declarada a perda do cargo. Constitui requisito
para o vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido pela escola nacional de formação
e aperfeiçoamento de magistrados;

Inamovibilidade, que significa que o magistrado não pode ser lotado em outra localidade sem que
haja o seu consentimento, salvo se o Tribunal assim decidir, por voto de dois terços, em razão do
interesse público;

Irredutibilidade de subsídio (remuneração), que garante a impossibilidade de se diminuir a quantia


recebida pelos juízes em virtude do seu trabalho.

Aos magistrados É PROIBIDO:

Exercer outro cargo público, salvo o de professor;

Receber dinheiro ou outra vantagem por conta dos processos;

Dedicar-se à atividade político-partidária;

Receber auxílios ou contribuições de pessoas físicas ou entidades públicas ou privadas, salvo os


casos previstos em lei;

Exercer a advocacia, nos três anos após a sua aposentadoria ou exoneração, junto ao Tribunal ou
juízo no qual atuou.

Estrutura Do Poder Judiciário

O Poder Judiciário é formado pelos seguintes órgãos:

Supremo Tribunal Federal;

Conselho Nacional de Justiça;

Superior Tribunal de Justiça;

Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;

Tribunais e Juízes do Trabalho;

Tribunais e Juízes Eleitorais;

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ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

Tribunais e Juízes Militares;

Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.

O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores terão sede
em Brasília. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição (poder de dizer o
direito) em todo o território nacional. É inerente à atividade judiciária a autonomia administrativa e
financeira, consubstanciada na capacidade de elaborar seus próprios orçamentos e gerenciá-los. Os
Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça são os órgãos de segunda instância do Poder
Judiciário, ou seja, julgam os recursos interpostos de sentença dos juízes de primeiro grau. Por conta
de sua importância, determina a Constituição que um quinto das vagas dessas cortes é reservado a
membros do Ministério Público e Advogados, ambos com, pelo menos, dez anos de carreira. Esse é
o chamado “quinto constitucional”.

As decisões dos juízes (sentenças) não são absolutas. Quase sempre há a possibilidade de revisão
por um órgão superior a este. Assim sendo, os tribunais têm a função maior de revisar os julgados
das sentenças dos juízes.

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PODER LEGISLATIVO

O Que É Poder Legislativo:

Poder Legislativo é um dos três poderesdo Estado ao qual é atribuída a função legislativa, ou seja,
a elaboração das leisque regulam o Estado, a conduta dos cidadãos e das organizações públicas e
privadas.

No Brasil, o Poder Legislativo é composto pela Câmara dos Deputados (que representa os cidadãos
brasileiros) e pelo Senado Federal (que representa os Estados e o Distrito Federal), formando
o Congresso Nacional, que se localiza em Brasília.

É da competência do Congresso Nacional a verificação da aplicação dos recursos públicos de acordo


com a lei. Para isso, o Congresso conta com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), órgão
responsável pelo controle e fiscalização da administração pública, que pode, por exemplo, exigir
esclarecimentos de qualquer pessoa que gerencie receitas, bens e valores públicos.

Faz parte das funções do Poder Legislativo fiscalizar o Poder Executivo, votar leis orçamentárias e,
em determinadas situações, julgar pessoas, incluindo o Presidente da República ou membros da
Assembleia.

O Poder Executivo tem a função de sancionar ou vetar projetos de lei. É representado pelo seu líder,
o Presidente da República.

Em regimes ditatoriais o Poder Legislativo é exercido pelo próprio ditador ou por uma câmara
legislativa por ele nomeada.

Poder Legislativo Municipal, Estadual E Federal

O poder legislativo pode atuar em três esferas: no Governo Federal, no Governo Estadual ou Distrital
e na Prefeitura.

O Poder Legislativo Municipal é representado pela Câmara de Vereadores e é exercido pelos


vereadores, que devem ter uma relação de proximidade com os elementos de uma comunidade.

O Poder Legislativo Estadual é representado pela Assembleia ou Câmara Legislativa, sendo exercido
pelos deputados estaduais.

No caso do Poder Legislativo Federal, que é representado pelo Congresso Nacional, o poder é
praticado pelos senadores e deputados federais.

Poder Legislativo

No sistema de três poderes de Montesquieu, o poder legislativo é o órgão encarregado da elaboração


das leis. Na maior parte das democracias livres do mundo, outras funções incluem a decisão sobre as
políticas orçamentárias, a palavra final sobre a firma de tratados internacionais e sobre a declaração
de guerra ou paz, e a suspensão das funções ou destituição do Chefe de Estado e/ou de Governo.
Embora a interpretação das leis seja uma atribuição quase sempre exclusiva do poder judiciário, o
legislativo usualmente supervisiona o cumprimento destas com o poder executivo. A instância
máxima do legislativo tende a ser um congresso ou parlamento nacional, sendo que no Brasil o órgão
é representado pelo Congresso Nacional (União), as assembleias Legislativas (Estados) e as
câmaras municipais (municípios).

Os órgãos legislativos do mundo podem ser agrupados em dois sistemas: o unicameral, com apenas
uma câmara definindo as leis, e o multicameral, com duas (bicameral), três (tricameral) ou mais
câmaras. Excluindo autocracias ou outros governos não-livres, Estados com o sistema unicameral
geralmente não apresentam necessidades histórico-culturais para uma divisão de câmaras, atingindo
equilíbrio de poderes com apenas uma. Entre os multicamerais, o sistema de duas câmaras é o mais
comum, sendo costumeira a divisão entre "alta" e "baixa" casas, refletindo divisões de classes que
remontam desde a República Romana, onde o legislativo era equilibrado entre o senado (membros
de origem nobre) e as assembleias (membros da plebe).

O unicameralismo está presente em cerca de metade dos Estados-nação do mundo, sendo


característico de territórios com pequenas dimensões geográficas e/ou populacionais (Nova

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PODER LEGISLATIVO

Zelândia, Luxemburgo, Mônaco) ou de nações com elevada homogeneidade cultural


(Finlândia, Suécia, Noruega). Devido à facilidade de controle das leis por um só órgão, esse sistema
também é comum em nações com déficit de liberdade política, como China, Irã, Coreia do Norte,
Cuba ou Venezuela. Na outra metade do planeta, o bicameralismo predomina, sendo próprio de
países como Brasil (Senado Federal como alta instância, Câmara dos Deputados como baixa),
Estados Unidos (Senado e Câmara dos Representantes) ou Japão (Câmara dos Conselheiros e
Câmara dos Representantes). O exemplo mais recente de tricameralismo foi a África do Sul em 1983,
que entrou em rápido declínio por conflitos sociais e disputas de jurisdição entre as câmaras. Houve
casos históricos de nações com quatro câmaras (sistema tetracameral), mas estes foram muito
pontuais para serem julgados relevantes.

Em nações com um modelo de governo parlamentarista, o poder legislativo (parlamento) tende a


incorporar atribuições do executivo. A Alemanha, por exemplo, possui tanto um presidente quanto um
chanceler, nenhum deles eleitos diretamente pela população. Enquanto o presidente possui funções
mais cerimoniais (Chefe de Estado), o chanceler é quem exerce real poder no país (Chefe de
Governo), sendo eleito pela baixa câmara do legislativo, o Bundestag, e com ele trabalhando em
conjunto. No famoso caso da monarquia constitucional britânica, o Chefe de Estado é o monarca,
mas o poder real cai sobre o parlamento, onde o líder da baixa casa (Câmara dos Comuns) é
também o Primeiro-Ministro (Chefe de Governo).

No Brasil, as atribuições do legislativo estão descritas no capítulo I, título IV da Constituição de 1988.


Ambas as câmaras (Senado e Câmara dos Deputados) possuem diversas prerrogativas idênticas
(seção II), mas as seções III e IV dispõem das suas atribuições exclusivas, sendo nítido o maior
número de prerrogativas do Senado em relação à Câmara. Um exemplo simples é o processo de
impedimento (impeachment) de um presidente ou vice, que é instituído pela Câmara (inciso I, art. 51),
mas julgado pelo Senado (inciso I, art. 52), sob supervisão do presidente do Supremo Tribunal
Federal.

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FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Fiscalização Contábil, Financeira E Orçamentária

Os artigos 70 a 75 da Constituição federal são o que abordam este assunto. Coloquei uma explicação
deles com questões de concursos. Posteriormente coloquei estes artigos retirados direto da
Constituição Federal no site do Planalto. No final da postagem tem 3 videoaulas explicando estes
artigos.

E você, qual o concurso você vai fazer? Deixe um comentário para mim, pois posso fazer postagens
direcionadas para ele e te ajudar mais. Aproveita também para inscrever seu e-mail para receber
conteúdos todos os dias.

Dica: Para você que não esta encontrando o conteúdo que precisa ou prefere estudar por apostilas
dá uma olhada no site Apostilas Opção, lá eles tem praticamente todas as apostilas atualizadas de
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Fiscalização Contábil, Financeira E Orçamentária

1. Mecanismos de controle

1.1. Controle Interno: feito por um órgão de um poder sobre as contas desse mesmo poder. Ex: CGU
(órgão do Executivo que fiscaliza o Executivo); CNJ (órgão do Judiciário que fiscaliza o próprio
Judiciário).

1.2. Controle Externo: realizado pelo Congresso Nacional sobre os demais poderes, com o auxílio
técnico do Tribunal de Contas da União.

2. TCU

2.1. Natureza jurídica: Instituição permanente de controle técnico-jurídico e contábil, vinculada ao


Legislativo (HÁ CONTROVÉRSIAS) e detentora de poderes administrativos (não exerce jurisdição). O
TCU não é órgão do Poder Judiciário.

Questão de concurso!

(CESPE/TCE-ES/Procurador/2009) A atuação do TCU é caracterizada pela atividade jurisdicional,


cabendo a esse órgão até mesmo apreciar a constitucionalidade de atos do poder público.

Resposta: errado. O TCU não exerce atividade jurisdicional.

Divergência Doutrinária!

Há doutrinadores que situam o TCU como órgão independente de qualquer dos três poderes; outros,
como vinculado ao Legislativo (José Afonso da Silva e Paulo Gustavo Gonet Branco), mas nunca ao
Judiciário. Para o CESPE, considera-se que o Tribunal é um órgão autônomo. Já ESAF e FCC
consideram-no vinculado ao Legislativo.

Para o CESPE o TCU é um órgão autônomo, é um órgão fora da estrutura tradicional dos Poderes
(para fins de provas do TCU, é recomendável adotar o entendimento do CESPE). Um consenso na
doutrina é que o TCU NÃO é um órgão do Poder Judiciário, apesar de ter o nome de “Tribunal”,
apesar de a lei orgânica do TCU falar em “jurisdição”, apesar de seus ministros terem as mesmas
garantias dos ministros do STJ. O TCU NÃO é órgão do Poder Judiciário.

Em suma, há divergência quanto à posição Constitucional do TCU. Teríamos, então: a) doutrina


majoritária (José Afonso da Silva, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Pedro Lenza e Ives Gandra
Martins): órgão vinculado ao Legislativo, embora não haja subordinação. É a posição adotada por
ESAF e FCC; b) doutrina minoritária: TCU seria um órgão autônomo, não vinculado a nenhum dos
três poderes. É a posição adotada pelo CESPE.

2.2. Composição: art. 73

São 9 Ministros, 6 deles escolhidos pelo Congresso Nacional, 3 pelo Presiodente da República, com
a aprovação do Senado, sendo: 1 dentre auditores do próprio TCU; 1 dentre membros do Ministério

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FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Público junto ao TCU (que não é o Ministério Público comum, nem da União nem dos Estados, mas
uma carreira interna do próprio TCU!); e 1 de livre escolha do Chefe do Executivo.

CUIDADO!!! Os Ministros do TCU possuem as mesmas garantias dos Ministros do STJ (art. 73, §3º),
mas não são juízes, pois o TCU não integra o Poder Judiciário nem é órgão jurisdicional.

2.3. Principais atribuições do TCU (art. 71)

Atribuição Explicação
Apreciar as contas anualmente prestadas pelo O TCU apenas dá parecer (parecer obrigatório,
Presidente da República mas não vinculante), pois que julga as contas do
Presidente da República é o Congresso
Nacional (art. 49, IX)
Julgar as contas dos demais administradores de Aqui, o TCU julga as contas. Pode até aplicar
recursos federais multa e imputar débito, em decisão que
tem eficácia de título executivo (extrajudicial).
Quem tem que prestar contas; qualquer pessoa
que “toque” em recursos federais
Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos O TCU só não aprecia os atos de nomeação para
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, cargo em comissão.
excetuadas as nomeações para cargo de No caso de apreciação de ato que concede
provimento em comissão, bem como a das aposentadoria, reforma ou pensão, em regra não
concessões de aposentadorias, reformas e é preciso dar ampla defesa e contraditório
pensões (Súmula Vinculante nº 3)

Sustar, se não atendido, a execução do ato O TCUI pode sustar a execução de


impugnado um ato administrativo (edital de licitação, p.ex.).
Mas, em se tratando de contrato administrativo, o
ato de sustação, em regra, terá que ser tomado
pelo titular do controle externo (Congresso
Nacional)
Seção IX
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas da União, ao qual compete:

I – apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II – julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou
outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público,
excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
fundamento legal do ato concessório;

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FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

IV – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II;

V – fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII – prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
causado ao erário;

IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;

XI – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as


medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título
executivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas


atividades.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas
não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco dias,
preste os esclarecimentos necessários.

§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao


Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar
dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal,
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as
atribuições previstas no art. 96. .

§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam
os seguintes requisitos:

I – mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II – idoneidade moral e reputação ilibada;

III – notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração


pública;

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FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

IV – mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os
conhecimentos mencionados no inciso anterior.

§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I – um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois
alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em
lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento;

II – dois terços pelo Congresso Nacional.

§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas,


impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-
lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do


titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional
Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
controle interno com a finalidade de:

I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da
aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;

III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;

IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou


ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
solidária.

§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição
e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e
Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que
serão integrados por sete Conselheiros.

Fiscalização Contábil, Financeira E Orçamentária No Brasil

Visa delinear a atuação do Estado em face da gestão contábil, financeira e orçamentária do Estado,
tendo por intento esclarecer tão laboriosa tarefa, principalmente no nosso país.

Fiscalização contábil, financeira e orçamentária no Brasil Em todo sistema é necessário uma contra-
força para equilibrar os seus componentes, do contrário o sistema tende a ruir. É com base nessa
estrutura que o nosso sistema jurídico funciona. Tal idéia foi preconizada por Montesquieu, na sua
obra do espírito das leis, onde lançou mão do chamado sistema de freios e contrapesos,
desenvolvendo apartir daí a tripartição dos poderes onde nenhum poder deveria ser estanque, mas
sim atuante e integrado para que não houvesse o abuso por parte deste.

Neste prisma, com base nesse sistema de freio e contrapesos, iremos discorrer sobre a fiscalização
contábil, financeira e orçamentária, pois, afinal de contas, representa a mais clara relação de

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FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

sopesamento entre os três poderes. Por fiscalização contábil, financeira e orçamentária entende-se o
procedimento de análise e fiscalização do dispêndio de receitas por parte de determinadas pessoas.
Essas pessoas poderão ser: o chefe do executivo; ordenadores de despesa; qualquer pessoa jurídica
pública ou privada que mexer em dinheiro público.

A fiscalização ou controle, pode se dá em determinados momentos no que diz respeito à sua


execução. Pode ser prévio ou apriori, quando acontece antes do dispêndio da receita, como exemplo
podemos citar a licitação; concomitante, quando se dá em concomitância, ao mesmo tempo em que o
dispêndio, podemos citar o controle SAGRES (Sistema de acompanhamento da Gestão dos
Recursos da sociedade), que é um sistema em funcionamento na Paraíba, ou a LRF, com a própria
apresentação dos relatórios; e por fim, o controle subsequente ou aposteriori que é aquele feito no
término do dispêndio, exemplo o controle feito pelo TCU.

No que concerne ao objeto do controle, este poderá ser sobre a receita, despesa e resultado. No
primeiro este deverá incidir sobre as receitas, podendo esta vir a ser renunciada pelo chefe do
executivo. Caso a renúncia aconteça, esta deverá ser compensada de alguma forma; no controle da
despesa este deverá ser feito “in loco”, para se averiguar se de fato existe; já no controle do
resultado, este deverá se pautar na razoabilidade e na economicidade, ou seja, dever-se-á se buscar
soluções mais benéficas. Sobre o alcance, este poderá ser interno, definido pelo art. 74 da CRFB, ou
externo, art. 71 CRFB.

O controle interno deverá ser mantido de forma integrada pelos três poderes, a fim de serem
avaliados aspectos fundamentais para o correto caminhar da Adm. pública. O controle interno deverá
ser feito de forma articulada com o controle externo, caso o controle interno de algum dos três
poderes não comunicar as irregularidade internas ao TCU poderão responder solidariamente. O
controle externo é feito pelo Congresso Nacional auxiliado pelo tribunal de contas que, por sua vez,
avaliarão, fiscalizarão os poderes externamente .O controle da adm. pode ser feito ainda, por
Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato perante o tribunal de contas. Conclusão
Sabemos que infelizmente o nosso controle orçamentário é falho, apesar de tão bem estruturado ser,
pois tal falha, em verdade, decorre dos homens, pra ser mais exato.

Podemos extrair do texto, que são muitos os mecanismos de contenção de atos corruptos, porém é
pusilânime a vontade de extirpar da face administrativa a corrupção que reina e impera entre nós.

Linhas gerais, o objetivo deste artigo não é apenas informar sobre os procedimentos de controle
orçamentário, contábil e financeiro, mas, alertar, sobretudo, a sociedade que pode contar com as
mais diversas armas contra os corruptos. Compete a cada um de um de nós irmos à busca da
solução, pois os meios já estão disponíveis!

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

Controle Interno E Controle Externo

Diferenças Entre Controles Interno E Externo

Controle é uma forma de manter o equilíbrio na relação existente entre Estado e Sociedade, fazendo
surgir daquele as funções que lhe são próprias, exercidas por meio dos seus órgãos, sejam estes
ligados ao Executivo, Legislativo ou Judiciário.

Em decorrência dos princípios da eficiência administrativa e da eficácia dos seus atos, o Estado se vê
cercado de mecanismos de controle das atividades estatais, gerados pela necessidade de se
resguardar a própria administração pública, bem como os direitos e garantias coletivos.

Assim, foram criados dois tipos de mecanismos devidamente açambarcados pela CF/88: o Controle
Interno, realizado pelos próprios órgãos do Estado, e o Controle Externo, realizado pelo Poder
Legislativo que é auxiliado pelas Cortes de Contas.

No que toca ao que denominou-se Controle Interno, o art. 74 da CF/88 é taxativo ao dispor que os
três poderes devem mantê-lo, de forma integrada, com a finalidade de: avaliar o cumprimento de
metas do plano plurianual e a execução dos orçamentos públicos; comprovar a legalidade e avaliar
os resultados, sob os aspectos de eficiência e eficácia, da gestão orçamentária, financeira e
patrimonial dos órgãos e entidades da administração; exercer o controle das operações de crédito; e,
apoiar o controle externo.

Quanto ao Controle Externo, mencionado no art. 71 da CF/88, firme-se que é um controle político de
legalidade contábil e financeira e a ele cabe averiguar: probidade dos atos da administração;
regularidade dos gastos públicos e do emprego de bens, valores e dinheiros públicos; e, fiel execução
do orçamento.

Mesmo que as atividades desempenhadas por esses dois mecanismos apresentem alguma
similaridade, mostra-se necessário e oportuno registrar suas diferenças, uma vez que são distintos.

O mecanismo de Controle Interno faz parte da Administração, subordina-se ao Administrador, tendo


por função acompanhar a execução dos atos e apontar, em caráter sugestivo, preventivo ou
corretivamente, as ações a serem desempenhadas com vistas ao atendimento da legislação
pertinente.

Com relação ao Controle Externo, caracteriza-se por ser exercido por órgão autônomo e
independente da Administração, cabendo-lhe, entre as atribuições indicadas pela CF/88, exercer
fiscalização. Mediante tal função, os Tribunais de Contas devem verificar se os atos praticados pela
Administração estão em conformidade com as normas vigentes, observando-se as questões
contábeis, financeiras, orçamentárias, operacionais e patrimoniais.

Além disso, note-se o caráter opinativo do Controle Interno, haja vista que pode ou não atender à
proposta que lhe seja feita para alterar o modo ou forma de praticar determinado ato
(responsabilidade e risco do Administrador). No Controle Externo, o Tribunal de Contas possui
poderes para impor correções a Administração, bem como pode intervir em licitações e aplicar
sanções, como multas ou, dependendo da gravidade, até a decretação de penhora de bens e
inelegibilidade do responsável.

Controle Interno E Controle Externo Na Administração Pública: Conceito E Abrangência

Controle Na Administração Pública

Introdução

O Estado é constituído pelo território, pelo povo e pelo governo, desenvolvendo funções para o
atendimento do bem público, consoante uma intensiva atividade financeira exercitada por intermédio
de seus organismos – órgãos públicos -, os quais são geridos por agentes públicos, que devem
pautar a sua ação mediante princípios constitucionais dirigidos á Administração Pública.

Portanto, a ação estatal envolve a Administração do patrimônio e a utilização dos dinheiros públicos,
que são atos de poder político praticados pelo governo, cujo exercício está afeto às autoridades

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

governamentais. A autoridade estatal, como expressão é suprema e seu poder tem como fim o bem
estar da sociedade.

Contudo, este exercício do poder, não raro, induz a abusos, impondo-se, por esse motivo, a criação e
a utilização de controles para o uso do poder. No dizer de Montesquieu, “ a liberdade política somente
existe nos governos moderados. Mas nem sempre ela existe nos governos moderados. Só existe
quando não se abusa do poder, mas é uma experiência eterna que todo homem que detém o poder é
levado a dele abusar: e vai até onde encontra limites. Quem o diria? A própria virtude precisa de
limites. Para que não se abuse do poder é necessário que pela disposição das coisas o poder limite o
poder” (Espirit dês lois, livro XI. Cap. VI).

A função do controle do poder foi estruturada no Estado Moderno, quando se consolidou como uma
das principais características do Estado de Direito. No Estado de Direito a Administração está
vinculada ao cumprimento da lei e ao atendimento do interesse público – atendimento ao princípio da
legalidade e à supremacia do interesse público – por isso, para eficácia dessa exigência, torna-se
imperativo o estabelecimento de condições que verifiquem, constatem e imponham o cumprimento da
lei para o atendimento do interesse público, com a finalidade de ser evitado o abuso de poder. A isso
chama-se controle da administração Pública.

Definição Do Controle

Segundo PEREL (1978), o termo controle, no campo da administração, foi utilizado primeiramente por
Henri Fayol, ao elencar uma série de recomendações, os chamados “Deveres Administrativos”. A
partir daí, tem sido amplamente empregado e, com o decorrer dos tempos, experimentaram evolução
quanto a seus princípios, espécies, fases e processos.

Considerando-se que o controle é elemento essencial ao Estado de Direito, sendo sua finalidade
assegurar que a Administração atue de acordo com os princípios que lhe são impostos pelo
ordenamento jurídico, pode-se afirmar que o controle constitui poder-dever dos órgãos a que a Lei
atribui essa função precisamente pela sua finalidade corretiva; ele não pode ser renunciado nem
retardado, sob pena de responsabilidade de quem se omitiu.

Modernamente, houve uma valorização dos sistemas de controle, especialmente no âmbito público,
com uma ampliação das formas de exercício do controle. Trata-se de uma atividade que envolve
todas asa funções do estado, estando direcionada para o estabelecimento e a manutenção da
regularidade e da legalidade administrativa, que procede a uma avaliação no sentido de evitar erros e
distorções na ação estatal, buscando indicar procedimentos de reorientação para as falhas
detectadas ou agindo na responsabilização dos agentes causadores dessas impropriedades legais
que ocasionam prejuízos à coletividade.

Considerando os propósitos desta apostila, vamos determo-nos com maior ênfase nos conceitos e
evolução dos Controles Externo e Interno na administração pública brasileira.

Fundamentação Legal do Controle na Administração Pública.

A lei n.º 4.320/64 preconiza em seu artigo 75:

“O controle da execução orçamentária compreenderá:

I – a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o


nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;

II – a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores públicos:

III – o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos de


realização de obras e prestação de serviços”

Pode-se constatar pelo texto da lei a grande preocupação com o aspecto legal e com a formalidade e
abrangência do controle, compreendendo a execução orçamentário-financeira e o cumprimento das
propostas de melhorias ao bem-estar da sociedade, traduzidas nos programas de trabalho.

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

O decreto-Lei n.º 200/67, que institui a reforma administrativa do estado, preconizou a necessidade
de prestar contas de todos quanto sejam responsáveis por bens ou valores públicos.

A Constituição Federal de 1988 reforça a necessidade do controle e define em seu artigo 70:

“A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das Entidades


da Administração Direta e Indireta, quanto a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renuncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno.

Parágrafo Único: Prestará contas qualquer pessoa física ou entidade pública que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelo quais a União responda, ou
que em seu nome deste, assuma obrigação de natureza pecuniária.”

Refere-se ainda ao Controle a lei 4.320/64, arts 76 a 82, quando determina que o poder Executivo
exercerá todas as formas definidas no artigo 75, sem prejuízo das atribuições dos órgãos de controle,
e que esta fiscalização deve ser prévia, concomitante e subseqüente, ressalvando a existência dos
controles internos e externos.

A sua função é fiscalizar, avaliar, detectar erros, e falhas e responsabilizar a Administração, mas
jamais tomar o seu lugar. Controle que substitui a Administração pratica abuso de poder, com desvio
de finalidade na sua atuação.

Controle Interno Na Administração Pública

O conjunto de procedimentos de controle praticados internamente em qualquer organização pode


perfeitamente ser comparado com aqueles que exercemos em nossa vida pessoal. Assim como uma
dona de casa controla os gastos domésticos e cada cidadão mantém sob controle o saldo de sua
conta bancária, numa organização empresarial ou pública existe um conjunto de procedimentos
voltados a garantir a obtenção de resultados e também, em especial, no segundo caso, destinados a
assegurar a observância à legislação.

Cabe, neste ponto, lembrar a regra que diz que, enquanto na iniciativa privada tudo pode ser feito
desde que não caracterize descumprimento à lei, na administração pública deve ser feito tudo o que a
lei determina, exigindo-se, neste caso, controles mais rigorosos e sofisticados.

Dentre os vários conceitos existentes na literatura especializada, destaca-se aquele enunciado pelo
Comitê de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos certificados, o qual por sua
abrangência e ampla divulgação, acabou tornando-se referência internacional.

“O Controle Interno compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas adotadas na


empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e fidelidade dos dados contábeis,
desenvolver a eficiência nas operações e estimular o seguimento das políticas executivas prescritas”.

De modo geral, aceita-se o conceito de Controle Interno como um conjunto de normas e


procedimentos instituídos pelas organizações com vista na proteção de seu patrimônio e na
elaboração de dados confiáveis em busca da eficácia operacional.

Fundamentação Legal Do Controle Interno Na Administração Pública.

A Lei n.º 4.320/64 estabelece os fundamentos do controle interno, quando determina que o Poder
Executivo exerça o controle sem prejuízo das atribuições de órgão criados especificamente para este
fim. A Constituição federal reforçou a idéia de forma clara, quando afirma que o controle Interno
deverá ser exercido no âmbito de cada poder. O Art. 74 determina.

“ Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle


interno com a finalidade de :

I – Avaliar o cumprimento das metas previstas no Plano Plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União.

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão


orçamentária, financeira, e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.

III – Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União.

IV – Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

Parágrafo 1º – Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer


irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
responsabilidade solidária.

Parágrafo 2º – Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para na
forma da lei, denunciar irregularidade ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Objetivos Do Controle Interno

O objetivo geral do Controle Interno é assegurar que não ocorram erros potenciais, através do
controle de causas, destacando-se entre os objetivos específicos, a serem atingidos, os seguintes:

 Observar as normas legais, instruções normativas, estatutos e regimentos;

 Assegurar, nas informações contábeis, financeiras, administrativas e operacionais, suas exatidão,


confiabilidade integridade e oportunidade;

 Antecipar-se, preventivamente, ao cometimento de erros, desperdícios, abusos, práticas anti


econômicas e fraudes;

 Propiciar informações oportunas e confiáveis, inclusive de caráter administrativo/operacional, sobre


os resultados e efeitos atingidos;

 Salvaguardar os ativos financeiros e físicos quanto a sua boa e regular utilização e assegurar a
legitimidade do passivo;

 Permitir a implementação de programas, projetos, atividades, sistemas e operações, visando a


eficácia, eficiência e economicidade dos recursos;

 Assegurar aderência às diretrizes, planos, normas e procedimentos do órgão/entidade.

Controle Externo na Administração Pública

O Controle Externo deve ser exercido em uma instância que esteja fora do âmbito do ente fiscalizado,
para que tenha maior grau de independência e efetividade em suas ações.

A Lei 4.320/64 em seu artigo 81, define que o controle externo devera ser exercido pelo Poder
Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da Administração, a guarda e legal emprego do
recurso público e o cumprimento da Lei do Orçamento.

O Artigo 82 da mesma Lei determina a periodicidade com que a fiscalização efetuada pelo controle
externo deverá ser efetivada: “O poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo,
no prazo estabelecido na Constituição Federal ou Estadual e nas Leis Orgânicas Municipais.

A Constituição Federal acatou esse dispositivo, em seu art. 71, que determina o exercício do Controle
Externo pelo Poder Legislativo, com o auxílio do tribunal de Contas da União, abrangendo a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta: “ O Controle Externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido
com o auxílio do Tribunal de Contas da União”

Tribunal De Contas

Tribunal de Contas é um órgão autônomo, que auxilia o Poder Legislativo a exercer o controle
externo, fiscalizando os gastos dos Poderes Executivo, Judiciário e do próprio Legislativo. Além de

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

estar sujeito ao controle externo, cada Poder tem a responsabilidade de manter um sistema de
controle interno. E, por sua vez, apesar de ser um tribunal, o Tribunal de Contas não faz parte do
Poder Judiciário.

Tribunal de Contas tem uma peculiar trajetória do Direito brasileiro. A Constituição Imperial não
tratava de tal Corte, mas previa a apresentação dos orçamentos à Câmara dos Deputados. Já a
primeira Constituição republicana, de 1891, previu, expressamente, a criação de um Tribunal de
Contas para “liquidar as contas da receita e despesa e verificar a sua legalidade, antes de serem
prestadas ao Congresso”. As demais foram, gradativamente, ampliando a competência fiscalizadora
desta Corte e, explicitamente, atribuíram-lhe a qualidade de auxiliar.

Sua composição é análoga à dos Tribunais (órgãos do Poder Judiciário), é um órgão composto por
nove membros, que recebem a designação de Ministros, requer-se para investidura nestes cargos
idade entre 35 e 65 anos de idade, idoneidade moral e reputação ilibada, disposição de notórios
conhecimentos jurídicos ou contábeis, econômicos, financeiros ou de administração pública e que se
tenha mais de dez anos de exercício de função ou efetiva atividade profissional exigente da espécie
de conhecimentos referidos (art. 73 e § 1º). São atribuídos aos titulares destes cargos as mesmas
prerrogativas, impedimentos e vencimentos dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 73, §
3º), gozam, inclusive, de vitaliciedade. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos
de acordo com o disposto no § 2º do art. 73, já os membros das Cortes estaduais serão,
uniformemente, sete.

Compete-lhe, consoante o art. 71: emitir parecer prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo
Presidente da República; julgar contas dos administrados e demais responsáveis por dinheiros, bens
e valores públicos da Administração direta e indireta, inclusive contas daqueles que derem causa a
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de
registro, a legalidade de atos de admissão de pessoal, a qualquer título; realizar, por iniciativa própria,
inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira e orçamentária; fiscalizar contas nacionais de
empresas supranacionais de cujo capital social a União participe; fiscalizar a aplicação de recursos
repassados pela União; prestar informações de ordem contábil, financeira e orçamentária; aplicar as
sanções previstas em lei aos responsáveis em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de
contas; assinar prazo para que órgão ou entidade em que foi verificada ilegalidade adote as
providências cabíveis; sustar, se não atendido, a execução de ato impugnado, comunicando a
decisão ao Congresso Nacional e; relatar ao Poder competente acerca de irregularidades ou abusos
apurados.

O Constituinte, entretanto, atribuiu certas prerrogativas que visam, irrefutavelmente, à presteza do


exercício da Corte e ao caráter injuntivo das decisões acerca de débito ou multa, a saber: segundo o
art. 71, § 2º, o Tribunal de Contas poderá decidir a respeito da sustação de contrato, que é de
competência do Congresso Nacional, se este não tomar as medidas necessárias no prazo de 90 dias.

Já o § 3º do mesmo artigo, prevê que as decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou
multa,terão eficácia de título executivo. Não se deve furtar-se à menção de que o dispositivo constitui
nítida dissonância à regra não-vinculativa, típica dessa Corte.

O posicionamento do Tribunal de Contas da União acerca de irregularidades que importem em multa


ou débito tem se adstrito ao seu peculiar traço; primeiramente, detecta-se a irregularidade, em
seguida, inclui-se o nome no CADIN (Cadastro Informativo dos débitos não quitados de órgãos e
entidades federais) e, finalmente,autoriza-se a cobrança judicial da dívida. Homologa-se a
possibilidade de postular a dívida em juízo, não a imediata conversão em título executivo, pois, como
já se afirmou, suas decisões não têm força judicante (7). No caso do parecer prévio, pode
acompanhar ou não o posicionamento do Poder Legislativo, segundo José Afonso da Silva, quando
este está sufocado pelo autoritarismo ou pela perda de atribuições básicas, a Corte de Contas sofre
as conseqüências em grau mais profundo. In verbis: “Ora, o princípio da prestação de contas da
administração pública, direta e indireta, constante do art. 34, VII, “d”, só tem eficácia de princípio do
Estado democrático enquanto as demais instituições de apuração dessas contas gozarem de
autonomia e prestígio para o cumprimento dessa elevada missão, do contrário tudo não passará de
mero exercício de formalidades vazias de resultados práticos”

Tribunal De Contas Dos Municípios Do Estado Do Pará – TCM

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

Compete ao TCM apreciar, analisar, inspecionar, auditar e julgar as contas das Prefeituras
Municipais, Câmaras Municipais e demais Entidades criadas e mantidas pelo Poder Público
Municipal, seus balancetes, balanços e documentos relativos à gestão de dinheiros, bens e valores
públicos.

No exercício de suas atividades, o TCM emite pareceres prévios sobre as contas das Prefeituras e
julga as contas das Câmaras e demais Entidades Municipais.

Examina recursos e autoriza, após análise, o cadastro de Orçamentos Anuais, Leis de Diretrizes
Orçamentárias Planos Plurianuais, Créditos Adicionais, Contratos, Atos de fixação e atualização de
remuneração dos agentes políticos e servidores municipais.

Autoriza, ainda, o registro dos atos de nomeação, pensões e aposentadorias de funcionários públicos
dos Municípios.

O TCM atua permanentemente orientando e assessorando os agentes políticos e servidores


municipais, objetivando o aperfeiçoamento técnico-profissional e a conseqüente melhoria da
qualidade dos Servidores Públicos Municipais. Além do franco acesso dos interessados aos
diferentes setores do TCM para informações, consultas e orientação, os Órgãos da administração
municipal e seus representantes também dispõem do Departamento de Apoio aos Municípios, com
atribuições específicas de assessoria com um programa permanente de seminários, reuniões, cursos
e treinamento em todas as áreas da administração municipal, realizando-os tanto na sede do
Tribunal, em Belém, como nos municípios do Estado, de modo a facilitar a participação dos
servidores lotados em locais mais distantes.

O TCM promove eventos na área de informática e disponibiliza para as Prefeituras e Câmaras


programas específicos a fim de facilitar e agilizar prestações de contas e elaboração de folhas de
pagamento.

Prestação De Contas

Instrução Normativa n.º 01/2009, Os órgãos da Administração Direta, Indireta e Fundacional dos
Poderes Legislativo e Executivo Municipal remeterão ao Tribunal de Contas dos Municípios do
Estado do Pará, por meio magnético, os dados e informações referente à Lei do Orçamento Anual
(LOA), aos Balancetes Quadrimestrais e Balanço Geral, na forma e prazo estabelecidos nesta
Instrução Normativa.

A Lei Orçamentária Anual será encaminhada no prazo de 30(trinta) dias após sua assinatura,
acompanhada de :

1 – Comprovação de que o projeto de lei foi encaminhado pelo Prefeito para apreciação do Poder
Legislativo até o prazo legal.

2 – Cópia da ata da sessão de votação da LOA na Câmara Municipal

3 – Resumo Geral da Receita

4 – Resumo Geral da Despesa

As prestações de contas serão remetidas 30(trinta) dias após o encerramento do quadrimestre,


acompanhadas das folhas de pagamentos mensais, bem como dos processos licitatório digitalizados
na integra. Fica mantida a obrigatoriedade de remessa em meio documental dos seguintes:

1 – Balancetes Quadrimestrais

2 – Demonstrativos analíticos da receita

3 – Demonstrativos da Despesa por Grupo de despesa

4 – Termo de Conferencia de Caixa e Banco, acompanhados de seus respectivos extratos das contas
correntes, poupança e aplicação financeiras, se houver, bem como as conciliações bancárias.

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CONTROLE INTERNO E CONTROLE EXTERNO

O Balanço Geral será encaminhado até 31 de março do ano subseqüente ao exercício encerrado
acompanhado dos seguintes documentos:

1 – Anexos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 a 17 da Lei 4.320/64

2 – Relação de Inscrição em Restos a Pagar por órgão e Poder

3 – Relação de Inscrição em Dívida Ativa

4 – Inventário de Bens Móveis e Imóveis

5 – Demonstrativo da Aplicação dos recursos correspondente à manutenção e Desenvolvimento da


Educação (MDE), FUNDEB, e Ações de Saúde.

6 – Quadro Demonstrativo da Despesa com Pessoal e Contribuições patronais, destacando


servidores efetivos, comissionados e temporários do exercício.

7 – Cópia do parecer do conselho do FUNDEB, Conselho Municipal de Saúde, e da Assistência


Social.

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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO

Os Três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário

Saiba tudo sobre os três poderes exercidos no Brasil: legislativo, executivo e judiciário.

Poder Legislativo

É o encarregado de exercer a função legislativa do estado, que consiste em regular as relações dos
indivíduos entre si e com o próprio Estado, mediante a elaboração de leis.

No Brasil, o Poder Legislativo é organizado em um sistema bicameral e exercido pelo Congresso


Nacional que é composto pela Câmara dos Deputados, como representante do povo, e pelo Senado
Federal, representante das Unidades da Federação. Esse modelo bicameral confere às duas Casas
autonomia, poderes, prerrogativas e imunidades referentes à sua organização e funcionamento em
relação ao exercício de suas funções.

A Câmara dos Deputados é composta, atualmente, por 513 membros eleitos pelo sistema
proporcional à população de cada Estado e do Distrito Federal, com mandato de quatro anos. O
número de deputados eleitos pode variar de uma eleição para outra em razão de sua
proporcionalidade à população de cada Estado e do Distrito Federal. No caso de criação de
Territórios, cada um deles elegerá quatro representantes. A Constituição Federal de 1988 fixou que
nenhuma unidade federativa poderá ter menos de oito ou mais de 70 representantes.

Já no Senado Federal, os 81 membros eleitos pelo sistema majoritário (3 para cada Estado e para o
Distrito Federal) têm mandato de oito anos, renovando-se a cada quatro anos, 1/3 e 2/3
alternadamente. Nas eleições de 1998 foram renovados 1/3 dos senadores (27) e nas eleições de
2002, 2/3 dos membros (54).

Uma vez eleitos, os deputados e senadores passam a integrar a bancada do partido ao qual
pertencem. Cabe às bancadas partidárias escolher, dentre seus membros, um líder para representá-
los. Assim, para orientar essas bancadas durante os trabalhos legislativos, há a figura do líder
partidário e suas respectivas estruturas administrativas. O governo também possui líderes, na
Câmara, no Senado e no Congresso, que o representa nas atividades legislativas.

O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma organizada, tendo os seus trabalhos
coordenados pelas respectivas Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados e a do Senado
Federal são presididas por um representante do partido majoritário em cada Casa, com mandato de
dois anos. Além do presidente, a Mesa é composta por dois vice-presidentes e quatro secretários.

A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presidente do Senado Federal e os demais cargos
ocupados, alternadamente, pelos respectivos membros das Mesas das duas Casas.

Compõem ainda a estrutura de cada Casa as comissões, que têm por finalidade apreciar assuntos
submetidos ao seu exame e sobre eles deliberar. Na constituição de cada comissão é assegurada,
tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que
integram a Casa.

Na Câmara dos Deputados há dezoito comissões permanentes em funcionamento e no Senado


Federal, sete. As comissões podem ser, ainda, temporárias, quando criadas para apreciar
determinado assunto e por prazo limitado. As comissões parlamentares de inquérito (CPIs), as
comissões externas e as especiais são exemplos de comissões temporárias.

No Congresso Nacional as comissões são integradas por deputados e senadores. A única comissão
mista permanente é a de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Contudo, existe também a
Representação Brasileira de Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Já as comissões
temporárias obedecem aos mesmos critérios de criação e funcionamento adotados pela Câmara e
pelo Senado.

O processo legislativo compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares,


leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Todos estes
instrumentos legais tramitam no Congresso Nacional e em suas Casas segundo procedimentos
próprios previamente definidos em regimentos internos.

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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO

Apesar do Congresso Nacional ser um órgão legislativo, sua competência não se resume à
elaboração de leis. Além das atribuições legislativas, o Congresso dispõe de atribuições deliberativas;
de fiscalização e controle; de julgamento de crimes de responsabilidade; além de outras privativas de
cada Casa, conforme disposto na Constituição Federal de 1988.

O Congresso está localizado na área central de Brasília, próximo aos órgãos representativos dos
Poderes Executivo e Judiciário, formando a praça dos Três Poderes. Internamente, o Congresso é
uma verdadeira “cidade” contando com bibliotecas, livrarias, bancas de revistas e jornais, barbearias,
bancos, restaurantes, dentre outros serviços.

Poder Executivo

O Poder Executivo Federal é exercido, no sistema presidencialista, pelo Presidente da


República auxiliado pelos Ministros de Estado.

O Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente, são eleitos pelo voto direto e secreto
para um período de quatro anos.

Em 1997, através de Emenda Constitucional nº 16, foi permitida a reeleição, para um único mandato
subseqüente, do Presidente da República, dos Governadores e dos Prefeitos. Dessa forma, o
Presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou, em 1º de janeiro de 1999, seu segundo mandato para
o qual foi reeleito em 1º turno nas eleições de outubro de 1998, se tornando o primeiro Presidente da
República a ser reeleito.

Em caso de impedimento do Presidente da República, ou vacância do respectivo cargo, serão


chamados sucessivamente para exercer o cargo, o Vice-Presidente, o Presidente da Câmara dos
Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal.

Compete ao Presidente da República entre outros, chefiar o governo; administrar a coisa pública;
aplicar as leis; iniciar o processo legislativo; vetar, total ou parcialmente projetos de lei; declarar
guerra; prover e extinguir cargos públicos federais; e editar medidas provisórias com força de lei.

Aos Ministros de Estado compete exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e
entidades na área de sua competência e referendar os atos assinados pelo Presidente da República
e expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos.

A indicação de ministros é feita pelo Presidente da República com base em critérios políticos, de
modo a fazer acomodações na base de sustentação do governo. Entretanto, isso não exclui a
possibilidade de, em alguns momentos, ser utilizado um critério exclusivamente técnico para a
escolha do ministro.

O exercício das funções relativas ao Poder Executivo é feito através da Administração Direta e
Indireta.

Praça Dos Três Poderes

Poder Judiciário

A função do Poder Judiciário, no âmbito do Estado democrático, consiste em aplicar a lei a casos

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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO

concretos, para assegurar a soberania da justiça e a realização dos direitos individuais nas relações
sociais.

A estrutura do Poder Judiciário é baseada na hierarquia dos órgãos que o compõem, formando assim
as instâncias. A primeira instância corresponde ao órgão que irá primeiramente analisar e julgar a
ação apresentada ao Poder Judiciário. As demais instâncias apreciam as decisões proferidas pela
instância inferior a ela, e sempre o fazem em órgãos colegiados, ou seja, por um grupo de juízes que
participam do julgamento.

Devido ao princípio do duplo grau de jurisdição, as decisões proferidas em primeira instância poderão
ser submetidas à apreciação da instância superior, dando oportunidade às partes conflitantes de
obterem o reexame da matéria.

Às instâncias superiores, cabe, também, em decorrência de sua competência originária, apreciar


determinadas ações que, em razão da matéria, lhes são apresentadas diretamente, sem que tenham
sido submetidas, anteriormente, à apreciação do juízo inferior. A competência originária dos tribunais
está disposta na Constituição Federal.

A organização do Poder Judiciário está fundamentada na divisão da competência entre os vários


órgãos que o integram nos âmbitos estadual e federal.

À Justiça Estadual cabe o julgamento das ações não compreendidas na competência da Justiça
Federal comum ou especializada.

A Justiça Federal comum é aquela composta pelos tribunais e juízes federais, e responsável pelo
julgamento de ações em que a União, as autarquias ou as empresas públicas federais forem
interessadas; e a especializada, aquela composta pelas Justiças do Trabalho, Eleitoral e Militar.

No que se refere à competência da Justiça Federal especializada, tem-se que à Justiça do Trabalho
compete conciliar e julgar os conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores. É
formado por Juntas de Conciliação e Julgamento, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, composto
por juízes nomeados pelo Presidente da República, e pelo Tribunal Superior do Trabalho, composto
por vinte e sete ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado
Federal.

À Justiça Eleitoral compete, principalmente, a organização, a fiscalização e a apuração das eleições


que ocorrem no país, bem como a diplomação dos eleitos. É formada pelas Juntas Eleitorais, pelos
Tribunais Regionais Eleitorais, compostos por sete juízes e pelo Tribunal Superior Eleitoral, também
composto por sete ministros.

E, à Justiça Militar, compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. É composta pelos
juízes-auditores e seus substitutos, pelos Conselhos de Justiça, especiais ou permanentes,
integrados pelos juízes-auditores e pelo Superior Tribunal Militar, que possui quinze ministros
nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal.

São Órgãos Do Poder Judiciário:

Supremo Tribunal Federal, que é o órgão máximo do Poder Judiciário, tendo como competência
precípua a guarda da Constituição Federal. É composto por 11 ministros nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal. Aprecia, além da matéria atinente
a sua competência originária, recursos extraordinários cabíveis em razão de desobediência à
Constituição Federal.

Superior Tribunal de Justiça, ao qual cabe a guarda do direito nacional infraconstitucional mediante
harmonização das decisões proferidas pelos tribunais regionais federais e pelos tribunais estaduais
de segunda instância. Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo Presidente da
República. Aprecia, além da matéria referente a sua competência originária, recursos especiais
cabíveis quando contrariadas leis federais.

Tribunais Regionais, que julgam ações provenientes de vários estados do país, divididos por regiões.
São eles: os Tribunais Regionais Federais (divididos em 5 regiões), os Tribunais Regionais do
Trabalho (divididos em 24 regiões) e os Tribunais Regionais Eleitorais (divididos em 27 regiões).

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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO

Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e de Alçada, organizados de acordo com os
princípios e normas da constituição Estadual e do Estatuto da Magistratura. Apreciam, em grau de
recurso ou em razão de sua competência originária, as matérias comuns que não se encaixam na
competência das justiças federais especializadas.

Juízos de primeira instância são onde se iniciam, na maioria das vezes, as ações judiciais estaduais e
federais (comuns e especializadas). Compreende os juízes estaduais e os federais comuns e da
justiça especializada (juízes do trabalho, eleitorais, militares).

No Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal mantém uma programação de visitas aos sábados e
domingos, das 10h às 14h.

Conclusão

Concluímos que neste trabalho podemos aprofundar nossos conhecimentos nos poderes legislativo,
judiciário e executivo.

Com o desenvolvimento do nosso trabalho tivemos a oportunidade de aprender como nosso governo
atua, pois geralmente não estamos por dentro dos trabalhos que são realizados pelo governo e o que
cada um faz de nossos governantes fazem.

História Da Divisão Dos Poderes

O francês Montesquieu, na obra O Espírito das Leis, consolidou a ideia pensada por Aristóteles e
John Locke em dividir os poderes na política.

Essa foi a principal fonte de inspiração da Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão, elaborada
em 1789 na Revolução Francesa, quando ficou definitivo a repartição em três poderes e cada função.

Essa ideia inspirou quase todas as democracias representativa modernas. No Brasil os poderes
executivo, legislativo e judiciário passaram a existir da maneira como conhecemos hoje, já na primeira
constituição republica, no ano de 1891.

Qual A Diferença Entre Executivo, Legislativo E Judiciário

Poder Executivo

No âmbito federal a representação do poder executivo é o presidente da república; no estadual, o


governador e no municipal, o prefeito, que são escolhidos de maneira direta através do voto.

Os ministros, secretários e assessores também fazem parte do poder executivo.

As principais tarefas do poder executivo é administrar órgãos públicos que são de serviço da
população, como os bancos; governar o país; preservar as relações do país que governa com as
outras nações; aplicar as leis; vetar projetos de leis e manter as forças armadas.

Poder Legislativo

O poder legislativo é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. No Estado esse
poder é presentado pelos deputados estaduais e nos municípios pelos vereadores, ambos eleitos
através do voto direto.

Esse poder é o responsável pela elaboração de leis. Também fazem parte da Comissão de
Constituição e Justiça e da Comissão de Finanças e Orçamento, que são os principais responsáveis
pela fiscalização dos gastos de projetos, por exemplo.

São também responsáveis pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que tem como o
objetivo julgar e questionar determinadas questões, principalmente envolvendo corrupção.

Também é o poder legislativo o responsável por fiscalizar o Poder Executivo e por votar leis
orçamentárias.

Poder Judiciário

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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO

O poder judiciário é composto pelos tribunais superiores. O de maior destaque e mais importante é o
o Supremo Tribunal Federal (STF).

Há ainda outros tribunais superiores mais especializados como o Tribunal Superior do Trabalho (TST)
e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Existem também os tribunais regionais federais.

Quem trabalha nesses tribunais e representam o poder judiciário são os juízes e desembargadores,
que diferente dos demais poderes não são escolhidos através do voto popular, mas sim nomeados
pelo Executivo.

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MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público

Qual A Função Do Ministério Público?

O Ministério Público é responsável, perante o Poder Judiciário, pela defesa da ordem jurídica e dos
interesses da sociedade e pela fiel observância da Constituição (das leis).

Como O Ministério Público Atua No Processo De Execução?

O órgão do Ministério Público fiscaliza a execução da pena e da medida de segurança. Os


promotores de Justiça, como representantes do Estado, procuram fazer com que a pena seja
cumprida de maneira correta, como diz a lei. Participam do processo de execução e em atividades
administrativas.

Os Promotores São Contrários Aos Direitos Do Preso?

Não. O Ministério Público, na sua atividade fiscalizadora, deve zelar por preservar a integridade física
dos detentos, verificar se as regras para a concessão de benefícios estão sendo cumpridas, se não
está aplicando sanção não prevista em lei e se não está ocorrendo o chamado desvio ou excesso na
execução (O processo não está seguindo o rumo ditado pela lei).

O Ministério Público Sempre Se Manifesta De Forma Desfavorável Ao Preso, Nos Pedidos De


Benefício?

Não. Os Promotores de Justiça verificam os requisitos exigidos, por exemplo, para a concessão do
livramento condicional, da progressão de regime, da remição de pena, do indulto e comutação. Caso
eles entendam que o estejam preenchidos, manifestam-se favoráveis ao deferimento do requerido.

O Órgão Do Ministério Público Pode Fazer Pedido Em Favor Do Sentenciado?

Sim. Além de manifestar-se de forma favorável aos pedidos formulados pela defesa, pode requerer
que sejam formulados expedientes de praxe para a concessão do livramento condicional, progressão
de regime, indulto, entre outros. Pode requerer a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de
execução.

Ainda, cabe ao Ministério Público verificar se a guia de recolhimento contém todos os requisitos
estabelecidos na lei e se realmente coincide com a situação jurídica do condenado.

Caso o Ministério Público verifique a ocorrência da prescrição ou qualquer outra causa legal, quando
não se possa mais punir o sentenciado, deve requerê-la e, por via de conseqüência, nos casos
possíveis, pedir a expedição de alvará de soltura.

Aos que se encontram submetidos à internação, por ter sido aplicada medida de segurança, os
representantes do Ministério Público podem requerer a desinternação, verificada a cessação da
periculosidade (ou seja, que o interno já está em condições mentais boas).

Por último, o órgão do Ministério Público pode requerer todas as providências necessárias ao
desenvolvimento do processo de execução das penas da pessoa condenada.

O Ministério Público Pode Recorrer Em Favor Do Condenado?

Como o Ministério Público exerce atividade fiscalizadora dos atos jurisdicionais (do Poder Judiciário)
ou administrativos (do Poder Executivo), pode recorrer em favor do sentenciado, desde que esteja em
jogo a observância da lei ou interesse irrenunciável. Suponha-se que no Presídio foi aplicado um
isolamento por tempo indeterminado, com redução da alimentação. O Promotor de Justiça pode
recorrer desta decisão, mesmo porque deve zelar pela integridade física do recluso.

O Ministério Público Pode Fazer Pedido Que Não Atenda Ao Interesse Do Sentenciado?

Sim. Há a possibilidade do requerimento, por parte do Ministério Público, para que se proceda à
regressão de regime, à revogação do livramento condicional, à declaração da perda dos dias remidos
(quando é praticada uma falta grave), e à revogação do sursis, se não foram cumpridas as condições
aceitas na audiência de advertência, entre outras funções.

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MINISTÉRIO PÚBLICO

O Ministério Público tem o dever de visitar os estabelecimentos penais?

Sim. Obriga a lei que a visita seja mensal e registrada em livro próprio, mas nada impede que o órgão
do Ministério Público desempenhe tal atividade com mais freqüência.

O não cumprimento deste dever de visita constitui falta funcional (do Promotor).

O Que É O Ministério Público?

O Ministério Público é uma instituição que tem como responsabilidade a manutenção da ordem
jurídica no Estado e a fiscalização do poder público em várias esferas. Apesar de já existir desde
antes da Constituição de 1988, foi a partir dela que suas atribuições mudaram, pois era amplamente
discutida a necessidade de existir um órgão de controle dos poderes do Estado. Por isso, a partir da
promulgação da Constituição Cidadã, as funções do Ministério Público mudaram para aquilo que ele
é nos dias de hoje.

Sua participação nos processos da justiça brasileira o concede uma função jurisdicional – ou seja,
contribui para a boa administração da Justiça. Cabe ressaltar que o MP não intervém em todas as
ações da Justiça, apenas quando envolve partes que lhe cabem defender (entenda mais nos
próximos tópicos!).

Por Que O Ministério Público Não Faz Parte De Nenhum Dos Três Poderes?

O Ministério Público é um órgão independente dos outros poderes do Estado brasileiro. Ele não pode
ser extinto ou ter atribuições repassadas a outra instituição. Isso significa que a instituição adquiriu
algo essencial a qualquer órgão dessa finalidade: independência.

Por ser um órgão fiscalizador do poder em todas as esferas, seria questionável o Ministério Público
estar subordinado a qualquer um deles. É determinado pela Constituição que o MP seja indivisível,
tenha autonomia institucional, autonomia para exercer suas funções, independência financeira e
administrativa.

Como Funciona A Divisão Dentro Do Ministério Público?

O Ministério Público é dividido em Ministério Público da União e Ministério Público dos Estados.
Apesar disso, eles têm as mesmas atribuições funcionais. O que muda entre eles é a esfera de poder
– federal, estadual e municipal – em que vão atuar. Em qualquer um desses órgãos, os funcionários
devem prestar concurso público para seguir carreira.

O Ministério Público dos Estados tem autonomia em cada uma das unidades federativas do país.
Existe o Ministério Público de Santa Catarina, o de São Paulo, do Amazonas e assim por diante.
Cada um deles atua diretamente nos municípios do estado em questão e no próprio estado.

O Ministério Público da União atua na esfera federal do poder público. Ele é subdividido em:

 Ministério Público Federal;

 Ministério Público do Trabalho;

 Ministério Público Militar;

 Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Quais Os Princípios Do Ministério Público?

A definição dos princípios de atuação do Ministério Público estão no artigo 127 da Constituição. Ele
deve:

 Defender a ordem jurídica;

 Defender o regime democrático;

 Defender os interesses sociais;

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MINISTÉRIO PÚBLICO

 Defender os interesses individuais indisponíveis.

Mas afinal, o que isso significa? Na prática, ele deve zelar por tudo o que for público ou de relevância
pública.

Interesse Público

Quando se mencionam os interesses sociais, a interpretação principal é que o Ministério Público atue
a favor de temas de interesse da sociedade como um todo, “que estejam próximos de um interesse
geral, e não de interesses privados”, de acordo com o Promotor de Justiça Oswaldo Luiz Palu.
Entende-se como interesse social aquele que reflete o que a sociedade entende como “bem comum”.

Por exemplo, quando um prefeito desvia dinheiro público destinado à construção de creches, isso irá
afetar as pessoas que: a) pagaram impostos e esperam algum retorno deles e b) as pessoas que
precisam daquelas creches. Portanto, esse é um problema considerado de interesse público e
necessita da intervenção do Ministério Público – com a devida investigação dos fatos, a acusação e
abertura de um inquérito. Nesse caso, um Promotor de Justiça do Patrimônio Público que exercerá
esse papel.

Interesse Individual Indisponível

Um interesse individual indisponível é o direito de um indivíduo e, ao mesmo tempo, é de interesse e


relevância pública – nesses casos, o direito público é mais relevante que o próprio direito individual.
Uma pessoa jamais pode abrir mão desses direitos. Já o termo “indisponível” vem exatamente da
ideia de ele não estar à disposição em certo momento ou estar inacessível a quem possui tal direito.

Por isso, é dever do Ministério Público atuar nas áreas em que cidadãs e cidadãos têm seus direitos
individuais indisponíveis de alguma forma. São exemplos: o direito à vida, o direito à saúde, o direito
à educação, o direito à liberdade. Nenhuma pessoa pode renunciar a esses direitos, em prol do bem
público – e o MP deve atuar a fim de garanti-lo, mesmo que o indivíduo não peça para que ele o faça.

Por exemplo: um homem é testemunha de Jeová e, por conta de sua religião, recusa-se a doar
sangue a seu filho, que está muito doente e precisa de uma transfusão. São dois direitos individuais
indisponíveis que estão em conflito: o direito à religião, por parte do pai, e o direito à vida, por parte
do filho. As interpretações do direito, feitas pelas doutrinas jurídicas, colocam a importância de um
direito sobre o outro. O direito à vida se sobrepõe a qualquer outro; portanto, nesse caso, o Ministério
Público deve agir com a finalidade de proteger o direito que o menino tem à vida.

Quais São As Atribuições Do Ministério Público?

O Ministério Público deve promover a ação penal pública e a ação civil pública, nos termos da lei.
Cada órgão do Ministério Público pode dar início a essas ações em suas esferas de atuação – o
Ministério Público Federal fará isso no que for relativo a órgãos, instituições, autarquias federais.

Ação Civil Pública

A ação civil pública é utilizada, entre outros, pelo Ministério Público a fim de responsabilizar por algum
dano qualquer pessoa física ou jurídica, inclusive agente públicos e da administração pública. As
ações civis têm como objetivo sanar algum dano à coletividade.

Esses danos podem ser contra patrimônios – as definições por lei é que sejam ao meio-ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Ou podem
também ser morais, como danos por à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.

A ação civil pública trata de violações às regras de direito civil, previstas pelo Código Civil – como, por
exemplo, questões relativas ao consumidor. A condenação, normalmente, é de reparação de dano ou
multa. Cabe uma ação pública, por exemplo, quando uma comunidade é atingida pelo rompimento de
uma barragem. Nesse caso, os responsáveis podem ser condenados a reparar financeiramente os
danos morais e materiais da coletividade atingida.

O Conselho Nacional de Justiça coloca: “todos os eleitores brasileiros, incluindo os menores de 18


anos, têm legitimidade para propor uma ação desse tipo“, desde que demonstrem o ato lesivo ou

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MINISTÉRIO PÚBLICO

ameaça ao direito provocada. Se o Ministério Público não age como uma das partes, no caso de
acusar a outra parte, ele participará do processo como fiscal da lei.

Ação Penal Pública

A diferença entre uma ação penal pública e uma ação penal privada é que a pública deve dizer
respeito a crimes que ferem interesses de toda a sociedade; ou seja, ter ferido direitos fundamentais
como à vida, à liberdade, à integridade física.

A ação penal pública é uma atribuição exclusiva do Ministério Público, que faz a denúncia de um
crime. Os crimes são definidos no Código Penal e em leis específicas. Neles, há a descrição do crime
e a definição da conduta criminosa; a pena indicada para tal crime; o que poderia agravar aquela
pena, etc. O artigo 121 do Código Penal define como crime “matar alguém”, portanto, caso uma
pessoa cometa esse crime, será aberto um processo criminal contra ela, por parte do Ministério
Público.

Existem dois tipos de ações penais públicas que o Ministério Público pode fazer:

 Incondicionada: deve ser iniciada pelo Ministério Público. Sua iniciativa em promover a ação não
depende ou se subordina a nenhuma condição. Inclusive, não está condicionada à manifestação das
pessoas envolvidas, nem à sua vontade de levar para frente o processo ou sua autorização.
Exemplos de crimes que levam a ações penais públicas incondicionadas são: homicídios, roubos e
furtos.

 Condicionada: pode ser iniciada pelo Ministério Público. Sua iniciativa, porém, depende de a vítima
fazer uma denúncia e requisitar o início de um processo. Há também aquelas que são feitas a pedido
do Ministro da Justiça. O exemplo de um crime que só irá ser denunciado caso a vítima assim queira
é o estupro de vulnerável.

Informação

Órgão possui autonomia na estrutura do estado e não pode ser extinto ou ter as atribuições
repassadas a outra instituição

O Ministério Público é um órgão independente e não pertence a nenhum dos três Poderes –
Executivo, Legislativo e Judiciário. Possui autonomia na estrutura do Estado e não pode ser extinto
ou ter as atribuições repassadas a outra instituição. O papel do órgão é fiscalizar o cumprimento das
leis que defendem o patrimônio nacional e os interesses sociais e individuais, fazer controle externo
da atividade policial, promover ação penal pública e expedir recomendação sugerindo melhoria de
serviços públicos.

Pertencem ao Ministério Público da União (MPU): o Ministério Público Federal (MPF), Ministério
Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Militar (MPM), Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (MPDFT).

O Ministério Público pode ser Federal ou Estadual. No primeiro, Procuradores da República atuam
junto à Justiça Federal e pertencem ao Ministério Público da União. No segundo, Promotores e
Procuradores de Justiça trabalham junto à Justiça Estadual e são funcionários do Ministério Público
Estadual.

Quando o assunto analisado for matéria federal, quem representará a sociedade serão os
procuradores regionais da República e o processo ficará a cargo do Tribunal Regional Federal.
Quando a matéria é estadual, procuradores de Justiça é que vão atuar junto aos Tribunais de Justiça
Estaduais.

Os procuradores e promotores do Ministério Público têm a independência assegurada pela


Constituição. Assim, estão subordinados a um chefe apenas em termos administrativos, mas cada
profissional é livre para seguir suas convicções, desde que estejam em acordo com a lei.

O Procurador-Geral da República é o chefe do Ministério Público da União e do Ministério Público


Federal. É também o Procurador-Geral Eleitoral.

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MINISTÉRIO PÚBLICO

Ministério Público Eleitoral

O Ministério Público Eleitoral trabalha junto à Justiça Eleitoral para garantir a soberania popular por
meio do voto. Para isso, fiscaliza o processo eleitoral -- alistamentos de eleitores, registro de
candidatos, campanha eleitoral, exercício do sufrágio popular, apuração dos votos, proclamação dos
vencedores, diplomação dos eleitos.

Ministério Público Militar

É responsável pela ação penal militar no âmbito da Justiça Militar da União. Entre suas funções está
a de declarar indignidade ou incompatibilidade para o oficialato, pedir investigação e instauração de
inquérito policial-militar e exercer o controle externo da atividade da polícia judiciária militar.

Ministério Público do Trabalho

O Ministério Público do Trabalho atua como árbitro e mediador em conflitos trabalhistas coletivos, que
envolvem trabalhadores e empresas ou entidades sindicais que os representam, além fiscalizar o
direito de greve nas diferentes categorias.

O órgão também recebe denúncias, instaura processos investigatórios e ajuíza ações judiciais
quando comprovada alguma irregularidade.

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DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas

Estado de Defesa (art. 136) - O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar, ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social, ameaçadas por
grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza.

O decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas
a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigorarem, dentre
as seguintes: I - restrições aos direitos de: reunião, ainda que exercida no seio das associações;
sigilo de correspondência; e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; II - ocupação e uso
temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União
pelos danos e custos decorrentes. O tempo de duração do estado de defesa não será superior a
trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se persistirem as razões que
justificaram a sua decretação.

Do Estado de Sítio (art. 137) - O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de
sítio nos seguintes casos: - comoção grave de repercussão nacional, ou ocorrência de fatos que
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa (nesse caso, não poderá ser
decretado por mais de trinta dias); e na ocorrência de declaração de estado de guerra ou resposta a
agressão armada estrangeira (nesse caso, poderá ser decretado por todo o tempo de duração da
guerra). O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua
prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por
maioria absoluta.

Disposições Gerais – A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará


comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das
medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de sítio. Cessado o estado de defesa ou o
estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos
cometidos por seus executores ou agentes. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio,
as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem
ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com relação
nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

Da Defesa Do Estado E Das Instituições Democráticas

Em título com essa denominação (Tit. V), a CF trata:

ESTADO DE DEFESA

ESTADO DE SÍTIO

FORÇAS ARMADAS

SEGURANÇA PÚBLICA

Sistema Constitucional De Crises

O “sistema constitucional de crises” é um conjunto de normas constitucionais que têm por objeto as
situações de crise e por finalidade a mantença ou restabelecimento da normalidade constitucional.

É um conjunto de prerrogativas públicas, previsto na CF, que atribuem ao Poder Executivo Federal
(art. 84, inc. IX) poderes temporários e excepcionais para a superação de situações de crise
institucional.

Inclui duas medidas de exceção: o ESTADO DE DEFESA e o ESTADO DE SÍTIO.

O uso desses institutos constitui direito público subjetivo do Estado. Mas este uso é sempre
excepcional e temporário e somente se justifica em situações de anormalidade da vida institucional.
Em situações de normalidade, o uso equivaleria a um golpe de Estado.

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DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

A decretação dessas medidas instala um regime jurídico de legalidade extraordinária.

Princípios regentes:

a) da necessidade – revelada pelos seguintes pressupostos fáticos:

• comprometimento da ordem pública

• comprometimento da paz social

- por instabilidade institucional

- por calamidade pública

b) da temporariedade

c) da proporcionalidade

Implicações da execução dessas medidas:

• Afastamento temporário do conjunto das normas jurídicas regentes das relações sociais

• Limitação ou supressão de direitos fundamentais

Estado De Defesa

É a medida menos gravosa aos direitos fundamentais.

Pressupostos materiais:

a) grave perturbação da ordem pública ou da paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da natureza

b) impossibilidade de restabelecimento da paz ou ordem pelos instrumentos normais

Pressupostos formais:

a) prévia oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (pareceres não


vinculantes)(art. 136, caput, CF);

b) decreto presidencial (art. 136, § 1º, CF)

c) controle político, a posteriori, pelo Congresso Nacional (comunicação em 24 horas e decisão, em


10 dias, por maioria absoluta)(art. 136, §§ 4º a 7º, CF).

Limitação territorial: o ED deve estar circunscrito a localidades determinadas (não cabe ED em todo o
país).

Limitação temporal: até 30 dias (prorrogável, uma vez, por igual período)(art. 136, § 2º).

Restrições possíveis durante o ED: serão especificadas pelo decreto. Podem incluir restrições ao
direito de reunião, sigilo de correspondência e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica (vide art.
136, § 1º, inc. I, CF). Em caso de calamidade pública também pode incluir a ocupação e uso
temporário de bens e serviços públicos (vide art. 136, § 1º, inc. II, CF).

Prisão por crime contra o Estado, durante a execução da medida – não pode ser superior a 10 dias e
deve ser comunicada ao juiz competente. É vedada a incomunicabilidade do preso (vide outras
particularidades sobre a prisão, no art. 136, § 3º, CF).

Estado De Sítio

É medida mais enérgica.

Modalidades:

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DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

a) Estado de Sítio repressivo

Pressupostos materiais: art. 137, I, CF

b) Estado de Sítio defensivo

Pressupostos materiais: art. 137, II, CF

Pressupostos formais:

a) prévia oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (pareceres não


vinculantes)(art. 137, caput, CF);

b) autorização do Congresso Nacional (controle político prévio, com decisão por maioria absoluta)

c) decreto presidencial (art. 138, CF)

Extensão territorial: nacional (mas cabe ao decreto indicar as medidas para cada área)

Limitação temporal: (art. 138, § 1º, CF)

a) ES repressivo: prazo máximo de 30 dias, mas prorrogável por número ilimitado de vezes, sempre
por 30 dias, com repetição dos pressupostos formais;

b) ES defensivo: pelo tempo que perdurar a guerra ou agressão armada estrangeira

Restrições possíveis durante o ES:

a) ES repressivo – as medidas previstas no art. 139, CF

b) ES defensivo – qualquer garantia constitucional pode ser suspensa

Disposições Comuns A Ambas As Medidas

- Necessidade de convocação extraordinária do CN, caso esteja em recesso

- Continuidade do funcionamento do CN enquanto perdurar as medidas

- Acompanhamento e fiscalização, pelo CN, através de uma comissão especial composta de cinco
membros (art. 140, CF)

- Cessação dos efeitos da medida, tão logo encerradas, sem prejuízo da responsabilização por
eventuais abusos (141, caput, CF)

- Necessidade de prestação de contas pelo Presidente, em mensagem enviada ao CN, sobre o que
foi realizado e os que foram atingidos (art. 141, § único, CF).

- Controle jurisdicional: é possível o controle de legalidade das medidas (através de HC ou MS), mas
vedado o controle do mérito das decretações.

Forças Armadas

Instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina.

São constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica

Autoridade suprema: Presidente da República (art. 84, XIII)

Depende do Presidente da República, através de lei de iniciativa privativa (art. 61, § 1º, I e II, “f”):

- fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas

- regime jurídico

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DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

- provimento de cargos, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva

Finalidade: defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes,
da lei e da ordem.

Membros: denominam-se “militares” ( o termo “castrense” também indica os militares)

Comandantes:

- São nomeados pelo Presidente da República

- Possuem status de Ministros de Estado (são processados pelo STF – art. 102, I, “c”)

A organização, o preparo e emprego das Forças Armadas são definidas em lei (LC 97/99)

Mandados de segurança, habeas data e habeas corpus contra dos Comandantes Militares são
julgados pelo STJ.

DISPOSIÇÕES APLICÁVEIS AOS MILITARES (Ver Art. 142, § 3º)

Patentes: posto ou grau de hierarquia (além de prerrogativas, direitos e deveres) – são atribuídas
pelo Presidente.

OBS.: Somente brasileiros natos podem ser oficiais das Forças Armadas (art. 12, § 3º, inc. VI)

Direitos sociais: 13º, salário-família, férias, licença maternidade, licença paternidade, creche para os
filhos, teto salarial e irredutibilidade de subsídios.

Regime jurídico e previdenciário diferenciados.

Proibição de sindicalização, greve e filiação partidária.

Militares e elegibilidade – art. 14, § 8º.

Punições disciplinares: impossibilidade de impetração de HC (regra geral)

Serviço Militar

É obrigatório, nos termos da lei (art. 143).

São isentos, em tempo de paz: mulheres e eclesiásticos, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei
lhes atribuir.

Lei do serviço militar: Lei 8.239/91

Escusa de consciência (art. 5º, inc. VIII) – possibilidade de alegação, em tempo de paz. Imperativo de
consciência decorrente de crença religiosa, convicção filosófica ou política. Atribuição de serviço
alternativo, previsto em lei.

A recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa gera a suspensão de direitos
políticos (art. 15, inc. IV).

Segurança Pública

Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.

Finalidades:

Preservação da ordem pública

Preservação da incolumidade das pessoas e do patrimônio

Princípio fundamental de atuação: observação das leis vigentes, pelo Estado e pessoas.

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DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

a) ADMINISTRATIVA – (ostensiva) – prevenção do crime

POLÍCIA:

b) JUDICIÁRIA - (repressiva) - de investigação, de repressão

Órgãos:

a) Nível Federal

1- Polícia Federal (art. 144, § 1º - PA e PJ)

2- Polícia Rodoviária Federal (art. 144, § 2º - PA)

3- Polícia Ferroviária Federal (art. 144, § 3º - PA)

b) Nível Estadual (ou distrital)

4- Policia Civil (art. 144, § 4º - PJ)

5- Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar (art. 144, § 5º - PA)(militares dos Estados)(PJ – Just.
Militar)

Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar – são forças auxiliares e reserva do Exército.

Policia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar – subordinam-se aos Governadores e
também são organizados com base na hierarquia e disciplina (ver art. 42)

Guarda Municipal – Finalidade: proteção de bens, serviços e instalações dos Municípios (art. 144, §
8º). Não exercem funções de PA ou PJ.

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

Da Tributação E Do Orçamento

Do Sistema Tributário Nacional

Dos Princípios Gerais

Comentário:

Na verdade, não há princípios gerais nesta Seção, mas apenas os princípios da personalização e da
capacidade contributiva (art. 145, § 1º). Os princípios gerais estão no art. 150, na Seção II.

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos:

Comentário:

Tributo é a prestação de pecuniária compulsória instituída em lei e cobrada mediante atividade


administrativa vinculada, que não constitua sanção de ato ilícito. A Constituição reconhece três tipos
de tributos.

I - impostos;

Comentário:

É tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal específica em favor do contribuinte ou em relação a ele. Fato gerador, por sua vez, é situação
que faz nascer a obrigação tributária.

II - taxas, em razão do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

Comentário:

Ao contrário do imposto, a taxa é um tributo que depende da atividade estatal. A iluminação pública,
por não ser um serviço específico e divisível, não pode ser cobrada mediante taxa, e sim custeada
por um imposto.

III- contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

Comentário

O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária.

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Comentário:

Este parágrafo contém os princípios da personalização e da capacidade contributiva.

§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.


Art. 146 Cabe à lei complementar:

 I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios;

 II - regular as limitações constitucionais do poder de tributar;

Comentário:

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

Essas limitações já estão no art. 150, e são auto-aplicáveis, não precisando, por isso, de
regulamentação.

 III- estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

o a) definição de tributos e suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta
Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;

o b) obrigação, de lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

o c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for
dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os
impostos municipais.
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
Comentário:
Esses empréstimos compulsórios, segundo a doutrina dominante, serão uma espécie de imposto, e,
necessariamente, tributo.

 I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa


ou sua iminência;

Comentário:

O empréstimo compulsório criado sob esse fundamento não está submetido ao princípio da
anterioridade, podendo ser criado e cobrado imediatamente.

 II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado


o disposto no art. 150, III, b.

Comentário:

Nessa hipótese, o empréstimo compulsório está sujeito ao princípio da anterioridade.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à
despesa que fundamentou sua instituição.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio
econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo
do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

Comentário:

Contribuições sociais são: a)contribuição social (como a de Seguridade Social e previdenciária, do


art. 145, I a III, art. 201 e art. 239);b) contribuição de intervenção no domínio econômico; e c)
contribuição de interesse das categorias profissionais (como contribuições às entidades de
profissionais liberais e a do final do art. 8º, IV). Essas contribuições sociais submetem-se ao regime
das normas gerais tributárias, exceto as contribuições para a Seguridade Social (art. 195, I a III), que
são exigíveis 90 dias após a publicação da lei que as houver instituído.

Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir contribuição,


cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e
assistência social.

Tributação E Orçamento

Lei Complementar

O art. 146 da Constituição Federal reservou à lei complementar competência para disciplinar:

a) conflitos de competência;

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

b) regulamentação das limitações constitucionais ao poder de tributar;

c) definição de tributos e suas espécies;

d) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

e) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.

Todavia, a missão da lei complementar não ficou isenta de dúvidas. É que a distribuição de
competências tributárias foi empreendida diretamente pela Constituição.

O legislador complementar pode prestar-se ao papel de declarar os presságios constitucionais sobre


o tema, não podendo inová-los. A lei complementar federal não pode dispor sobre o tema.

Entender o assunto de outra forma poderia desconjuntar os princípios federativos, da autonomia


municipal e da autonomia distrital.

Os Tributos E Suas Espécies

A Constituição enumerou as cinco modalidades tributárias: os impostos, as taxas, as contribuições de


melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições sociais, afirmando que podem ser
instituídos por qualquer um dos entes federativos.

Imposto é o tributo que tem por fato gerador uma situação independente de qualquer prestação
estatal específica relativa ao contribuinte.

Taxa é o tributo que tem por fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou colocado à
sua disposição.

Contribuição de melhoria é o espécime tributário cobrado em face do “custo de obras públicas de


que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada, e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado” (CTN, art. 81).

Capacidade Contributiva

O princípio da capacidade contributiva constitui mero desdobramento do princípio da isonomia,


indicando como fator de discriminação a capacidade econômica de quem deve pagar o imposto e
infligindo alíquotas maiores a quem possuir maior capacidade de pagamento. Os impostos devem
buscar quantificação proporcional à capacidade econômica do contribuinte.

Empréstimos Compulsórios

Os empréstimos compulsórios devem ser instituídos por lei complementar nas seguintes hipóteses:

a) para fazer frente a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou
sua iminência;

b) em caso de investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional.

Contribuições Sociais

Existem três espécies de contribuição social:

a) as de intervenção no domínio econômico;

b) as de interesse das categorias profissionais ou econômicas;

c) as de seguridade social.

As contribuições sociais têm natureza tributária e a instituição das contribuições sociais é de


competência da União (salvo exceção no parágrafo único do art.149).

Princípio Da Não-Discriminação Tributária Em Razão Da Procedência Ou Destino Dos Bens

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

Significa que as pessoas tributantes estão impedidas de graduar seus tributos, levando em conta a
região de origem dos bens ou o local para onde se destinem.

Princípio Da Igualdade Tributária

O princípio da igualdade pode significar o caráter hipotético da norma, que a consequência deve ser
igual, sem qualquer distinção decorrente de quem quer que seja a pessoa envolvida.

Princípio Da Uniformidade

Veda que a União institua “tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique
distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de
outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do
desenvolvimento socioeconômico entre as diferente regiões do país”(CF, art. 151, I).

Princípio Da Proibição De Limites Ao Tráfego De Pessoas Ou Bens

A regra constitucional afirma a vedação da instituição de tributos interestaduais ou intermunicipais


que tenham por propósito, explícito ou implícito, a limitação do tráfego de pessoas ou bens. Permite-
se a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.

Princípio Da Anteoridade

Sua finalidade é indicar qual o momento em que a lei tributária passa a irradiar seus efeitos,
evidentemente sobre fatos que a partir de então vierem a ocorrer.

Princípio Da Proibição De Tributos Com Efeito Confiscatório

Os tributos não podem possuir tal significação econômica que inviabilizem a propriedade. Evidente
que a avaliação desse efeito varia segundo cada tipo de tributo. Os impostos sobre o consumo, cuja
exação se incorpora ao preço, pode possuir alíquota das mais significativas, sem que venham a
galgar foros confiscatórios. O mesmo não se diga de outros gravames, como, por exemplo, o IPTU,
que, a depender da alíquota, pode inviabilizar a propriedade.

Princípio Da Legalidade

Esse princípio proíbe os entes federativos de “exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”.

O princípio sofre exceções. Os impostos sobre importação de produtos estrangeiros, exportação de


produtos nacionais ou nacionalizados, produtos industrializados e operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários podem ter suas alíquotas alteradas por ato do
Poder Executivo. Tal se deve ao caráter eminentemente extra fiscal desses impostos.

Princípio Da Irretroatividade Da Lei Tributária

O princípio reafirma a regra de que a lei, a priori, deve ter vigor imediato e geral; a norma
constitucional especifica proibição de cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos
antes do inicio da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.

As Imunidade Tributárias

Elas constituem cláusulas limitadoras das competências tributárias, pois excluem do âmbito de todas
as pessoas tributantes as hipóteses por elas agasalhadas.

As imunidades são classificadas da seguinte forma:

a) imunidade recíproca, que impede as pessoas políticas de instituírem impostos sobre patrimônio,
renda ou serviços uns dos outros;

b) imunidade dos templos de qualquer culto, que traduz, garantia do direito fundamental à liberdade
de credo e religião;

c) imunidade dos partidos políticos, das entidades sindicais dos trabalhadores e das instituições de

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

educação e assistência social, sem fins lucrativos, que afirma que o patrimônio, a renda e os serviços
destes não podem ser objeto de imposto;

d) imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado a sua impressão.

Dos Impostos

Impostos Da União

A Carta Federal indica como de competência da União a instituição dos seguintes impostos:

1 – importação de produtos estrangeiros;

2 – exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

3 – renda e proventos de qualquer natureza;

4 – produtos industrializados;

5 – operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

6 – propriedade territorial rural;

7 – grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Impostos Dos Estados E Do Distrito Federal

Os Estados e o Distrito Federal têm competência para a instituição dos seguintes impostos:

1 – transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;

2 – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte


interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem
no exterior;

3 – propriedade de veículos automotores.

Impostos Dos Municípios

Inscrevem-se na competência dos Municípios a instituição dos impostos sobre:

1 – propriedade predial e territorial urbana;

2 – transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos
e sua aquisição;

3 – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar
(inciso III).

Houve autorização expressa também para a implementação de alíquotas seletivas em decorrência da


localização e do uso do imóvel.

Repartição Das Receitas Tributárias

A Constituição Federal regulamentou a repartição de receitas tributárias entre os entes tributantes.

Qualquer imposto extraordinário criado pela União deve ter 20% de sua arrecadação destinada aos
Estados e ao Distrito Federal.

Pertencem aos Municípios 50% dos valores arrecadados pela União com o imposto territorial rural,
bem como 50% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos
automotores licenciados em seus territórios.

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

A Constituição indica que 10% do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados
serão entregues aos Estados e ao Distrito Federal, respeitado o princípio de que a nenhuma entidade
federada poderá ser destinada parcela superior a 20% do montante arrecadado.

Finanças E Orçamento

Finanças é a atividade econômica do Estado, na obtenção de receitas, na realização de despesas, na


administração da dívida interna e externa, bem como no controle da economia pelo fluxo da moeda.

A competência para emissão de moeda foi atribuída ao Banco Central, que ficou proibido de
conceder empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição
financeira.

O Banco Central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de
regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. Tesouro Nacional é a denominação atribuída ao
“Departamento do Ministério da Fazenda, onde se centraliza a administração dos negócios
financeiros do Estado, notadamente no que se refere à receita e despesas públicas”.

Orçamento

A Constituição Federal, ao regulamentar a estrutura jurídica das receitas e despesas do Poder


Público, criou, a bem do rigor, um sistema orçamentário, conformado a partir do inter-relacionamento
de três leis orçamentárias, a saber: o orçamento anual, a lei de diretrizes orçamentárias e o plano
plurianual.

Essas três entidades normativas constituem um sistema, pois, segundo a disciplina que lhes
emprestou a Carta de 1988, apresentam implicações recíprocas, interdependência e,
simultaneamente, finalidades próprias e específicas.

Orçamento Anual

Orçamento é o instituto de que dispõe o Poder Público para estimar receitas e programar despesas,
obtendo, simultaneamente, a autorização legislativa necessária à realização dos programas e
despesas públicas pelo período de um ano. Nesse sentido, o orçamento anual guarda duas
finalidades básicas, é dizer, a primeira, de programação da vida econômica do Estado, harmonizando
a estimativa de entradas financeiras com a realização correspectiva de despesas; a segunda, de
cumprimento do princípio da legalidade, que, vertido sob a ótica do direito público, indica a
necessidade de que as despesas sejam previamente autorizadas por lei.

O orçamento anual decompõe-se em três unidades de programação:

a) o orçamento fiscal dos Poderes do Estado, Ministério Público, dos órgãos, fundos e entidades da
Administração direta e indireta, inclusive as fundações, instituídas e mantidas pelo Poder Público;

b) o orçamento de investimento das empresas em que o Poder Público, direta ou indiretamente,


detenha a maioria do capital social;

c) o orçamento da seguridade social.

O orçamento de todas essas entidades deve estar coligido a um único documento, constituindo,
porém, categorias autônomas de programação.

A Constituição, ao dispor sobre a lei orçamentária, congregou em seus dispositivos uma série de
princípios, ditos orçamentários, cujo propósito é sublinhar as singulares dessa entidade normativa.
Vejamos, pois, os mais importantes princípios dos orçamentos:

Universalidade – todas as despesas e receitas devem estar previstas no orçamento, sem qualquer
discriminação quanto à sua natureza, origem ou finalidade;

Anualidade – o orçamento deve ser atualizado anualmente, oportunidade em que o Legislativo


exerce fiscalização das contas do Poder Público, emitindo autorização para a realização de gastos
programados. Importante sublinhar que o princípio da anualidade tem aplicação exclusiva ao âmbito
orçamentário, não podendo ser confundido com o princípio da anterioridade tributária;

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

Exclusividade – a lei orçamentária não pode conter dispositivo estranho à estimativa e previsão de
receita. Proíbem-se as chamadas “caudas orçamentárias”, ou seja, dispositivos que introduzem no
orçamento matéria incompatível com sua natureza e finalidade.

Unidade – todas as receitas e despesas do governo devem integrar um único documento, ou seja,
não existe orçamento individualizado de cada uma das entidades públicas, fato que sugere a
integração finalística da vida econômica de todas as entidades e órgãos do Poder Público;

Não-afetação ou não-vinculação – não pode haver a vinculação de verba proveniente de imposto.

Em outras palavras, o propósito do princípio é evitar a edição de leis que, vinculando receita
proveniente de impostos, prejudiquem o custeio de despesas genéricas pelo orçamento.

Entretanto, a regulação constitucional do orçamento não se esgota nos princípios arrolados acima.
Antes, existem duas outras regras de peculiar importância. A primeira delas afirma que os recursos
orçamentários destinados aos órgãos do Ministério Público, do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário devem ser-lhes encaminhados em duodécimos até o dia vinte de cada mês. Trata-se, com
efeito, de norma garantidora da autonomia desses órgãos, pois, sem ela, ficariam em situação de
extrema dependência do Poder Executivo, na negociação do repasse de seus recursos
orçamentários. Demais disso, a Constituição indicou que qualquer aumento, vantagem, criação de
cargos ou alteração da estrutura de carreiras depende da existência de prévia dotação orçamentária,
bem assim de autorização legislativa específica.

Lei De Diretrizes Orçamentárias

A lei de diretrizes orçamentárias possui três finalidades básicas:

1 – a definição de metas e prioridades da Administração Pública Federal;

2 – a orientação da formação da lei orçamentária anual;

3 – a instituição da aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Plano Plurianual

O plano plurianual tem por escopo estabelecer, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas
para a Administração Pública Federal, sendo que nenhum investimento cuja execução ultrapasse um
exercício financeiro pode ser incluído no projeto orçamentário sem que conste do plano plurianual.

Convém destacar que o plano plurianual, diferentemente dos dois primeiros institutos citados, não
tem vigência anual, mas quadrienal. Esse prazo de vigência resulta da intelecção do art. 35, § 2, I, do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que preconiza que o plano plurianual deve ser
aprovado até o final da sessão legislativa correspondente ao exercício do primeiro ano de mandato
presidencial, devendo viger até o final do primeiro exercício do mandato presidencial subsequente.
Logo, perdura do final do primeiro ano de um mandato presidencial até o final do primeiro ano do
subsequente, possuindo, desta feita, o mesmo prazo de duração do mandato presidencial, qual seja,
quatro anos.

Processo Legislativo Das Leis Orçamentárias

A Constituição, ao lado das regras e princípios precitados, indicou pormenores do processo legislativo
das leis orçamentárias. O primeiro deles atina com a chamada iniciativa vinculada. Por esta regra de
iniciativa, o projeto orçamentário só pode ser apresentado pelo Presidente da República, que,
diversamente do que ocorre com a denominada iniciativa reservada, não possui discricionariedade
para escolher o momento de apresentação do projeto. É que a Constituição indica expressamente a
oportunidade em que o processo legislativo deve ser deflagrado.

As três leis orçamentárias, não obstante, só possam ter o processo legislativo deflagrado pelo
Presidente da República, possuem termo prefixo para início de tramitação legislativa.

Ressalva-se ao Presidente da República, no entanto, a prerrogativa de uma vez encaminhados os

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TRIBUTAÇÃO E ORÇAMENTO

projetos, propor a modificação destes, desde que não iniciada a votação, na comissão mista, da parte
cuja alteração é proposta.

Ainda no que diz respeito às regras de iniciativa, convém observar que as emendas parlamentares
oferecidas aos projetos orçamentários não podem desfigurá-los. É que, caso admitida a possibilidade
de que as emendas ao projeto adquirissem tal compostura que implicasse a revisão total do texto
original, parece que estaria sendo violado, por via transversa, o poder de iniciativa reservada do
Presidente da República.

Os parlamentares, assim, podem apresentar emendas, desde que, respeitando seu caráter acessório,
elas não impliquem desfiguração do projeto original.

Deflagrado o processo legislativo, os projetos devem ser apreciados por ambas as Casas
Legislativas, na forma do regimento comum, sendo regulada, em nível constitucional, a existência de
uma comissão mista de Senadores e Deputados, com as atribuições definidas pelo § 1 do artigo 166
da Constituição Federal.

As emendas parlamentares devem sempre ser apresentadas na comissão mista, sendo certo que a
Constituição permitiu que parlamentares ofereçam emendas que modifiquem despesas, porque,
sugerindo nova despesa, a proposta parlamentar deve indicar expressamente qual deve ser anulada,
caso a emenda seja acolhida, vedadas as que incidam sobre dotações para pessoal e seus encargos,
serviços da dívida e transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito
Federal.

Do Sistema Financeiro Nacional

Emenda Constitucional N° 40/03

A redação do capítulo sobre o sistema financeiro nacional (capítulo IV da Constituição Federal), dada
pela EC nº. 40, de 29 de maio de 2003, concedeu ao Congresso Nacional maior liberdade para sua
regulamentação, pois retirou a exigência de observância, por parte da lei complementar, de diversos
preceitos previstos pela redação original do artigo 192.

Dessa forma, a principal alteração, trazida pela EC nº. 40/03, foi a verdadeira desconstitucionalização
do conteúdo básico da matéria referente ao sistema financeiro nacional. Outra importante previsão foi
a expressa determinação de desnecessidade de lei complementar única para disciplinar todo o
sistema financeiro nacional.

A nova redação do caput do artigo 192 da Constituição Federal, dada pela EC n°. 40/03,
expressamente prevê sua regulamentação por leis complementares.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Sistema Tributário Nacional

Sistema Tributário Nacional: Fiscalidade, Parafiscalidade E Extrafiscalidade

Introdução

O Sistema Tributário Nacional é formado pelas regras jurídicas que disciplinam o exercício do poder
imposto pelos diversos órgãos públicos. O Sistema Tributário Nacional, tal como existe atualmente,
foi criado buscando harmonizar as relações da sociedade de forma a se atender aos seus princípios
fundamentais, como também de forma a se respeitar o pacto federativo sob o qual vivemos.

É sabido que o conceito de tributo não é único, mas varia de acordo com diferentes perspectivas:
histórica, política, social, econômica e jurídica, bem como em relação ao agente que dele faz uso.

A expressão STN serve para designar o conjunto de todos os tributos cobrados no País, sem
distinguir os da competência Federal, Estadual ou Municipal, e, bem assim, todas as regras jurídicas
com relações entre si que disciplinam a arrecadação desses tributos.

Diante disso, apresenta-se a seguir a descrição da metodologia utilizada neste trabalho com o
objetivo de expor os métodos de levantamento dos dados de estudo. Os dados pesquisados,
segundo o método adotado foi o método de pesquisa bibliográfica e documental com o objetivo de
apresentar os conceitos dos vários elementos que compõem o sistema tributário nacional, através de
livros, legislações e artigos que abordam este assunto.

Dado o panorama acima descrito, o presente trabalho tem como escopo a análise do sistema
Tributário no Brasil, tanto em seu aspecto teórico legal quanto aos princípios e suas disposições.

Origens Dos Tributos

A origem do tributo se confunde com o próprio surgimento do Estado e do Direito, sua origem é antiga
e certamente acompanhou a evolução humana. Por ser antiga a cobrança dos tributos, é difícil dizer
de forma exata onde, como e quando começaram suas cobranças, segundo algumas pesquisas na
pré-história, o homem vivia só, entre os outros animais. Para sua sobrevivência era necessário que
fosse mais forte, lutando contra o frio, fome e predadores, e mais inteligente que os outros animais,
se utilizando dos seus conhecimentos para fabricar os seus instrumentos de proteção e caça.

Segundo PEREIRA (2004), Fala que para garantir a posse das melhores terras para plantio e caça,
os instintos naturais do homem fizeram com que o mesmo se agrupasse para se manter unido com
os demais contra os inimigos, tornando assim a terra o bem mais valioso para o homem e objeto
constante de cobiça e disputa, motivando o surgimento de guerras pela sua conquista e manutenção.
E é neste momento, em que o homem passa a se agrupar, que surge a primeira manifestação de
tributo, termo provindo do verbo latino tributum que significa "repartir entre as tribos”, os tributos eram
oferecidos como presentes aos líderes fossem eles chefes guerreiros, faraós, reis, ou Estado, e até
aos deuses. Considerando que apenas os mais fortes sobreviviam, os chefes eram presenteados
pela sua bravura e proteção que conferia ao seu grupo, contra os animais e outros povos também
rudimentares. Todavia, é com o surgimento das guerras que o caráter compulsório dos tributos fica
mais perceptível, os egípcios, assírios, fenícios, dentre outros povos da Antiguidade, usavam o tributo
como instrumento de servidão.

Nas civilizações helênica e romana, as guerras de conquistas visavam a arrecadar, para a nação
vencedora, recursos que eram retirados dos vencidos para armar os exércitos que defendiam suas
cidades e se dedicavam a invadir e saquear outras, aprisionando os vencidos e roubando suas
riquezas, além de lhes impor pesados tributos.

Na Grécia, para os gregos o tributo era utilizado como meio de defesa do bem coletivo, nessa época,
pagavam tributos apenas os estrangeiros, imigrantes, forasteiros etc., sendo isentos do pagamento
os cidadãos gregos homens, adultos, livres e nascidos na Grécia.

Seguindo as premissas fiscais da Grécia, o Império Romano continuou tributando pesadamente os


indivíduos que não fossem romanos. Ressalve-se que, em meio às guerras aquela se destacou como
uma civilização superior, resistindo fortemente à dominação romana graças à força de sua cultura.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

Por isso afirmam que o imposto nasceu em Roma já que normalmente pagavam- se os tributos sobre
a cobrança de importações de mercadorias e pelo consumo geral de qualquer bem.

Na Idade Média, os tributos eram cobrados como se fossem obrigações ou dádivas dos servos para
os seus senhores. Na França de Luis XIV, o povo, sobrecarregados pelo aumento constante dos
tributos, acabou reagindo violentamente, na Revolução Francesa de 1789.

Na época colonial, Portugal cobrava os tributos que incidiam sobre toda a mercadoria importada ou
exportada. Foi nas Capitanias Hereditárias que se iniciou a cobrança do Imposto de Consumo. Foi
quando decretaram o Ato adicional no qual está traçado os limites e os fundamentos do Direito
Tributário Nacional que desde então surgiram às disposições que criaram, alteraram e suprimiram
tributos.

Desta forma, o tributo hoje desempenha papel fundamental como instrumento de justiça social e de
diminuição das diferenças econômicas entre classes. No entanto, é preciso zelar sempre para que os
princípios constitucionais sejam observados e para que os recursos arrecadados possam ser
aplicados em obras e serviços que atendam às necessidades da população, como um todo,
principalmente da parcela mais pobre.

Sistema Tributário Nacional

Segundo Musgrave (1976), o conceito de Sistema Tributário é entendido como sendo o complexo de
regras jurídicas formado pelos tributos instituídos em um país ou região autônoma e os princípios e
normas que os regem. Desta forma, podemos concluir que o Sistema Tributário instituído no Brasil é
composto dos tributos, dos princípios e normas que regulam tais tributos. No Brasil o principio
adotado é o da estruturalidade orgânica do tributo, o qual determina a espécie tributária pelo seu fato
gerador, com base na doutrina majoritária, pode-se afirmar que são cinco as espécies tributárias que
compõem o sistema tributário brasileiro: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições
especiais e empréstimos compulsórios.

Competência Tributária

A expressão competência tributária pode ser definida como sendo o poder, atribuído
pela Constituição Federal, observadas as normas gerais de Direito Tributário, de instituir, cobrar e
fiscalizar o tributo, compreendendo as três competências legislativa, administrativa e judiciária. Pode-
se definir competência tributária como sendo"a parcela do poder de tributar conferida
pela Constituição a cada ente político para criar tributos", ou, ainda,"a aptidão para criar tributos
através de leis”.

A Lei maior, assim como também é chamada a Constituição Federal, instituiu um sistema de
distribuição constitucional de competências entre os entes Federativos.

BERCOVICI, (2004, p.23-54) explica que:

As unidades federadas recebem diretamente da Constituição Federal as suas competências, isto é, o


reconhecimento de seus poderes conjugados com a atribuição de encargos. Não se trata de mera
descentralização administrativa, mas da existência conjunta de múltiplos centros de decisão política,
cada qual com a exclusividade em relação a determinados assuntos.

O Código Tributário Nacional trata do tema nos artigos 6º a 8º:

Art. 6º. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa


plena, ressalvadas as limitações constitucionais contidas na Constituição Federal, nas Constituições
dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta
lei.

Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas
jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.

Art. 7º. A competência tributária é indelegável, salvo a atribuição das funções de arrecadar ou
fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária,

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do
art. 18 da Constituição.

§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa


jurídica de direito público que a conferir.

§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito
público que a tenha conferido.

§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas jurídicas de direito privado,


do encargo ou da função de arrecadar tributos.

Art. 8º. O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público
diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.

Na definição de José Afonso da Silva (1990, p. 413), competência é a “faculdade juridicamente


atribuída a uma entidade, ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões”.
Competências são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades
estatais para realizar suas funções.

Destarte, no exercício e desenvolvimento de suas atividades existem competências tributárias da


União, dos Estados, dos Distritos Federais. A competência para legislar sobre Direito Tributário é
concorrente - não inclui os Municípios conforme art. 24 da CF e inciso I:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

A competência para instituição de taxas é do ente a quem a União atribuira a competência para a
atuação de prestar certo serviço público ou para exercer certo poder de polícia. Assim, os Municípios
têm competência para instituir taxa de licença para estabelecimento, pois ao Município é dada a
competência de polícia sobre o uso do solo urbano. A União tem competência para instituir a taxa de
passaporte, pois a é ela é dada a competência de polícia de fronteiras. E os três níveis da federação
têm competência para instituir taxas de polícia ambiental. No exercício da função administrativa
compete ao estado prestar serviços ou exercer poder de polícia. Assim, pode-se dizer que a
competência para taxas corresponde à competência administrativa atribuída pela CF que estão
citados nos arts. 21, 23 e 25, §§ 1º e 2º, e 30, da CF. A instauração de impostos, entretanto, é de
competência privativa da União – Art 154, I. A Constituição Federal adotou, assim, a competência
concorrente não-cumulativa ou verticalaos entes da federação, de forma que a competência da União
está adstrita ao estabelecimento de normas gerais, devendo os Estados e o DF especificá-las,
através de suas respectivas leis. Por estarem definidas na CF, não pode outro instrumento normativo
estabelecer, extinguir ou limitar competências tributárias, salvo as emendas constitucionais,
respeitadas as chamadas “cláusulas pétreas” (direitos e garantias individuais, por exemplo).

Obrigação Tributária

Segundo ALEXANDRE (2010, p. 278) “a relação jurídico-tributária é eminentemente obrigacional,


tendo como credor um ente político (União, Estado, Distrito Federal ou Município) ou outra pessoa
jurídica de direito público a quem tenha sido delegada a capacidade ativa e, como devedor, um
particular obrigado ao cumprimento da obrigação tributária”.

A obrigação tributária é uma relação jurídica tributária em que o contribuinte ou responsável, tem o
dever de prestar dinheiro ou de fazer algo em favor do sujeito ativo, que seria o Estado.

São de duas espécies as obrigações tributárias:

a) As obrigações acessórias são as prestações de fazer ou não fazer determinados atos em


cumprimento do interesse do exercício fiscalizatório do Estado. Na realidade, tratam-se de deveres
instrumentais, que auxiliam o Fisco nas suas atividades. Em outras palavras, consideram-se
obrigações acessórias a escrituração de livros contábeis, emissão de notas fiscais e recolhimento de
imposto de renda.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

b) Chama-seobrigação tributária principala obrigação de pagar o tributo propriamente dito,


eventualmente acrescido de juros e multas, extinguindo-se juntamente com o crédito dela decorrente.
Nasce como tributos em razão das atividades tipificadas legalmente e implicam no reconhecimento
do respectivo valor pecuniário.

Fato Gerador E Sujeitos Da Obrigação Tributária

Fato gerador é o evento descrito pela lei e que, ao ser praticado por alguém, dá origem à obrigação
de pagar determinado tributo ou de fazer ou deixar de fazer algo no interesse da arrecadação ou da
fiscalização de tributo.

No que tange a concretização do Fato Gerador pode fazer nascer uma obrigação principal que
consiste em arrecadar numerário aos cofres públicos, ou seja, obrigação pecuniária, ou uma
obrigação acessória, que é um dever administrativo, por exemplo: emitir notas, escriturar livros fiscais,
não transportar mercadorias sem as devidas notas ficais, etc.

Legislação, Vigência E Aplicação

O Art. 96 do CTN assim dispõe sobre a legislação tributária: “A expressão "legislação tributária"
compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles
pertinentes.” Logo, será tratada a aplicação e vigência de todos estes instrumentos normativos
descritos pelo CTN como legislação tributária.

A aplicação da norma presume a sua interpretação, que dessa forma, pressupõe a sua vigência. A
norma prevê uma hipótese genérica e abstrata que será aplicada a fatos concretos ocorridos no
mundo real que sejam previstos por essa norma. O ponto de partida para aplicação da norma é a
percepção do texto normativo. Porém, há situações em que o texto normativo não está
suficientemente claro, podendo ensejar mais que um entendimento. Então, faz-se necessário que
haja primeiro a analise da norma em face de todo o ordenamento jurídico.

A vigência pode vir ou não em conjunto com a publicação ou com a eficácia. Geralmente, a vigência
ocorre em data distinta da publicação, obedecendo a vacatio legis, que é o período existente entre a
data da publicação e o início da vigência e da eficácia. A regra geral é a de que a Lei entra em vigor e
se torna eficaz decorrido o prazo de 45 dias contados a partir da data da publicação. Neste caso, há
diferença entre a publicação e a vigência, se dando esta última, juntamente com a eficácia.

Princípios Constitucionais Do Sistema Tributário Nacional

Fabretti (2009, p. 87) define princípios como sendo “grandes fundamentos às grandes diretrizes
lógicas, políticas sociais e econômicas do sistema, que prevalecem sobre todas as normas”. Sendo
assim o Sistema Constitucional Tributário está sujeito a uma série de Princípios constitucionais:

Principio da Legalidade: O texto do referido art. 150, I da CF/88 estabelece que "é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o
estabeleça". Esse principio por si só já menciona que é prestação “instituída em lei”. Em suma, a
criação do tributo só acontecerá se houver previsão legal, caso contrário será considerado indevido.

Principio da Igualdade: Segundo art. 150, II, CF/88, a distinção arbitraria é proibida por esse principio,
entre contribuintes que se encontrem em situações semelhantes. Visando á garantia do individuo,
para que sejam evitados perseguição e favoritismo. "Nem pode o aplicador, diante da lei, discriminar,
nem se autoriza o legislador, ao ditar a lei a fazer discriminações".

Principio da Irretroatividade: De acordo com art. 150, III, a, CF/88, a este principio é proibido a
retroativade da lei: ou seja, não podem ser exigidos tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do
início da vigência da lei que instituiu ou aumentou algum tributo.

Principio da Anterioridade: Segundo art. 150, III, b, CF/88, proíbe a exigência de tributo ou seu
aumento no mesmo exercício em que for publicada nova lei, para que o contribuinte não seja
surpreendido com a tributação de última hora.

Principio do Não Confisco: De acordo com art. 150, IV, CF/88, este principio visa estabelecer uma

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

limitação a atividade tributária do Estado, buscando proteger o contribuinte para que o valor do tributo
não tenha alíquota tão elevada a ponto de representar a perda total do bem ou mercadoria sobre o
qual esteja incidindo. A cobrança não poderá significar a perda do bem, pois se assim fosse,
estaríamos contrariando a vigência do principio da garantia da propriedade privada.

Conceito De Tributos

Tributo é a atribuição imposta aos indivíduos e pessoas jurídicas com o proposito em reunir valores
ao Estado, ou entidades equivalentes. A descrição de tributo esta explicita no CTN em seu art. 3º:
''Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujos dados nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrado mediante atividade administrativa
plenamente vinculada''.

Assim sendo, que o tributo é cobrado unicamente pelo Estado, é algo obrigatório, onde se aplica da
lei para fazer com que este seja legitimo e devido. A principal destinação é receber meios para o
atendimento das instancias financeiras do Estado.

Espécies De Tributos

Tributo é toda prestação pecuniária necessária, em moeda ou cujo valor nela se possa expressar,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei cobrada por meio de atividade administrativa
absolutamente associada.

São espécies de tributo: Imposto, taxa, contribuição de melhoria, contribuições sociais, empréstimos
compulsórios.

Imposto: é o tributo em que a obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal distinta, referente ao contribuinte. Os impostos classificam-se em: Imposto direto,
imposto indireto, imposto pessoal, imposto real, imposto federal, imposto estadual e distrital.

Taxas: é um tributo que o fato gerador decorre: Da prestação de serviços públicos, prestados ao
contribuinte ou postos ao seu dispor e do exercício regular do poder de policia.

Contribuição de melhoria: Os sujeitos ativos são: União – estados – DF- município, tem como base de
cálculo a valorização, diferença positiva de valor de um imóvel antes e depois da obra, quando
decorrente de obra pública e é debitável ao contribuinte. O aspecto material é composto de realização
de obra pública acrescida da valorização para os imóveis situados na área de influencia da obra. O
sujeito passivo é o próprio proprietário do imóvel.

Contribuições sociais: a constituição atribui à união competência para criar contribuições especiais,
visando: Criação por lei complementar e principio da irretroatividade e principio da anterioridade
especial. A união esta autorizada a instituir tais contribuições, desde que não invada a competência
dos demais entes federativos.

Empréstimo compulsório: é uma prestação em dinheiro que exigida por lei complementar, onde a
união cobra das pessoas que praticam certos fatos ilícitos descritos na própria lei. Trata-se de um
tributo com cláusula de restituição.

Importância Dos Documentos Fiscais

Os documentos fiscais tem uma grande importância no combate a sonegação de tributos. Os


documentos fiscais nos quais as pessoas tem mais contato no dia a dia são as notas fiscais e cupons
fiscais.

A cada imposto é estabelecido às espécies de documentos fiscais que serão utilizados pelo
contribuinte, e alguns impostos servem de documentos já exigidos por outros. Quando os
documentos fiscais são emitidos de forma correta pelo contribuinte, a possibilidade de evasão dos
valores dos tributos incidentes sobre a operação é reduzido.

As Funções Da Fiscalidade, Extrafiscalidade E Parafiscalidade.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

O tributo podem também ser classificados segundo à sua função, sendo distinguido por sua função
fiscal, extrafiscal ou parafiscal.

No primeiro caso, que existe é uma predominância de determinada finalidade, possuindo o tributo
tranquilamente mais de uma função. Por exemplo, a função predominante das contribuições
especiais corporativas (art. 149, CF)é a parafiscalidade, mas é relevante negar que não há função
fiscal relevante, já que serve para dar recursos aos conselhos de fiscalização profissional (CREA,
OAB, CRM, entre outros). O caráter fiscal dos tributos é arrecadatório, ou seja, é quando o Estado-
Fisco não tem outro pensamento senão arrecadar, desvinculando-se de qualquer outra atenção.
Procura tão somente adquirir poder aquisitivo para custear suas atividades e a própria vivencia.

Considerando a natureza extrafiscal, é uma finalidade da tributação moderna firme em se aplicar o


tributo como mecanismo de interposição na economia, para incentivar ou desestimular atividades, e
para estimular regiões (incentivos fiscais, isenção, remissão, anistia, entre outros). Segundo Machado
(2009, p.96), “o tributo é extrafiscal quando seu objetivo principal é a interferência no domínio
econômico, para buscar um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros”. Então, o
uso extrafiscal dos tributos tem como objetivo disciplinar, favorecer ou desestimular os contribuintes a
realizar determinadas ações, por considerá-las convenientes ou nocivas ao interesse público.

Os tributos parafiscais se designam a manter atividades que, a priori, não seriam do Estado, mas que
o mesmo desenvolve por meio de entidades específicas. Machado (2009, p. 96) ressalta que é
“parafiscal, quando o sua meta é a arrecadação de meios para o custeio de atividades que, em
princípio, não compõem funções próprias do Estado, mas estes criam através de entidades
específicas”. O dinheiro recolhido vai para entidades outras que não o Estado, daí o nome “para”, ou
seja, à margem, como INSS, OAB, CREA, entre outros.

Os tributos que integram o STN, segundo a CF/88 reza que além de assegurar o custeio das
despesas do Estado Social, a arrecadação e administração das finanças públicas servem de
instrumento da economia, e de ajuste de desenvolvimento econômico e social que existem entre os
entes da federação.

Considerações Finais

De todo o exposto, considerando que a tributação visa à consecução de recursos para que o Estado
possa pagar as despesas necessárias à realização das suas finalidades, pode-se asseverar que a
competência tributária só é atribuída às pessoas jurídicas de direito público como a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, uma vez que os tributos devem ser destinados,
exclusivamente, para fins públicos e nunca particulares.

O Tributo é cobrado porque ele é o custo do contrato social, da vida em sociedade. Infelizmente,
muitos pensam como se os benefícios que o estado oferece é algo gratuito, mas, na verdade, os
bens e serviços são custeados pelo cidadão.

Diretamente, os tributos revertem para sociedade em forma dos bens e serviços públicos, tais como:
segurança, saúde, educação, etc. Indiretamente, seu retorno para a sociedade está nos efeitos na
distribuição de renda, no incentivo ao desenvolvimento e na regulação do comércio interno e externo.

A abordagem do tema, não se esgota aqui, conforme dito na introdução deste estudo, ficando este
trabalho apenas como um ponto de partida para muitos outros que se disponham a estudar o tema.

Aspectos Gerais Do Sistema Tributário Nacional

I) Introdução

Para a compreensão do Sistema Tributário Nacional, é preciso recorrer à Constituição da República


para que se possa encontrar a origem do fundamento de validade de todo o Sistema, já que todo o
ordenamento jurídico brasileiro deve ser coadunado ao referido diploma legal.

Isso porque a Constituição Federal (clique aqui), dentre diversas disposições, estabelece normas
gerais em matéria tributária e atribui competências aos Entes Federados para a criação dos tributos.

II) Espécies De Tributos

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

A Constituição dispõe sobre as espécies de tributos, quais sejam: imposto, taxa e contribuição. Ainda
assim, muito se discute na doutrina acerca da classificação dos tributos.

As classificações mais comumente adotadas pelos juristas são: (i) a classificação tripartite
(imposto, taxa e contribuição de melhoria) e (ii) a classificação quinquipartite
(imposto, taxa, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório e contribuições especiais), entre
outras classificações.

A posição tradicional e mais adotada é a tripartite, segundo a qual tributos como os empréstimos
compulsórios e as contribuições que não a de melhoria poderão ser equiparados a impostos ou taxas,
mediante a verificação da natureza de seu fato gerador.

Assim, segundo a posição tradicional, é possível citar como exemplo o fato de algumas contribuições
sociais apresentarem fato gerador similar ao de impostos. É o que se observa ao se comparar o
Imposto de Renda (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSL): ambos os tributos têm
a mesma base de cálculo – e, portanto, ambos são considerados impostos de acordo com a
classificação tripartite.

Contudo, embora seja a classificação tripartite a mais tradicional, a classificação a ser efetivamente
adotada dependerá de quais variáveis serão adotadas como elementos distintivos.

Uma dessas variáveis é a existência ou não de vinculação dos tributos pagos ao Estado à prestação
de um determinado serviço público. Com base neste único critério, tem-se que:

a) Os impostos são definidos por lei e não dependem de qualquer prestação estatal. Em outras
palavras: o cidadão é obrigado, por força de lei, a recolher o imposto aos cofres públicos, sem que
haja a correspondente obrigação do Estado em prestar serviços públicos específicos em razão de tal
pagamento.

b) O mesmo não se verifica com as taxas, na medida em que estas estão relacionadas a uma
prestação (ou mera disponibilização) de serviço público ao contribuinte, desde que o referido serviço
seja específico e divisível. Todavia, poder-se-á também haver a cobrança de taxa quando ocorrer
serviços de função fiscalizatória.

c) Ainda nesta linha de raciocínio, as contribuições previstas como "contribuição de melhoria


decorrente de obra pública" contam com um elemento vinculativo, vez que se tratam de contribuições
devidas pelos proprietários de bens imóveis beneficiados pela valorização de seus bens gerada por
uma obra pública.

d) Figuras tributárias como as contribuições concernentes à seguridade social, à intervenção no


domínio econômico e as relacionadas às classes profissionais, seguindo a divisão tripartite, podem
ser classificadas como impostos ou taxas, ante a existência ou não do elemento vinculativo; ao passo
em que, adotando-se a teoria mais moderna (quinquipartite), todas corresponderiam a uma única
espécie tributária: contribuições. O mesmo fenômeno é observado em relação à figura do empréstimo
compulsório.

Iii) Competência

O Brasil, que desde a Constituição Federal de 1891 (clique aqui) adota o modelo federalista de
origem norte-americana como forma de organização do Estado, garantiu aos seus Entes Federados
autonomia em diversas searas, notadamente a autonomia financeira.

Desta forma, a Constituição Federal de 1988 estipulou a todas as pessoas jurídicas de direito público
(União, Estados e Municípios) a competência para legislar livremente acerca de tributos específicos.

IV) Tributos Em Espécie

Como já foi dito, cada Ente Federado tem competência para legislar acerca de certos tributos, dada a
já mencionada autonomia financeira delineada pela Constituição Federal de 1988.

Desse modo, compete à União dispor sobre os seguintes tributos:

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

• Imposto de Importação (II): recai sobre os produtos estrangeiros no Brasil, sendo devido a partir do
registro da declaração de importação. Sua base de cálculo é o valor aduaneiro da mercadoria, e suas
alíquotas variam em função dos produtos importados (bens considerados essenciais têm alíquotas
reduzidas, enquanto bens considerados supérfluos têm alíquotas mais elevadas).

• Imposto De Exportação

(IE): destina-se aos produtos a serem exportados, sendo devido a partir da declaração de exportação.
O IE é cobrado sobre pouquíssimos produtos, de modo a estimular as exportações brasileiras.

• Imposto de Renda (IR): O Imposto de Renda é devido tanto pelas pessoas físicas (IRPF) quanto
pelas jurídicas (IRPJ) sobre rendas e proveitos de qualquer natureza que tenham sido recebidos a
cada ano. As pessoas físicas apuram o IR com alíquotas progressivas de 0%, 15% e 27,5%1. Já a
alíquota básica do IR pago pelas pessoas jurídicas encontra-se atualmente fixada em 15% do lucro
real, presumido ou arbitrado, previsto ainda um adicional de 10% sobre a parcela do lucro apurado
que exceder a determinado valor. O IR tem ainda uma sistemática de cobrança que prevê retenções
pela fonte pagadora (IRRF), cujo valor pode ser posteriormente aproveitado pela pessoa que teve
parte de seu pagamento retido. Este raciocínio aplica-se tanto a pagamentos efetuados no Brasil
quanto a valores remetidos ao Exterior.

• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): incide no momento da saída do produto que sofre
industrialização do estabelecimento, ou no momento da importação do produto, tendo alíquotas
variáveis conforme cada produto.

• Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): como o próprio nome sugere, incide sobre operações
financeiras, e conta com alíquotas variáveis em função da operação financeira efetivada: operações
de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários.

• Imposto Territorial Rural (ITR): é cobrado dos proprietários de áreas rurais, e tem alíquotas variáveis
conforme o uso e a localização da terra.

• Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF): embora conte com previsão constitucional desde 1988,
ainda não há lei que o tenha instituído e regulamentado.

• Contribuição Social sobre o Lucro (CSL): incide, juntamente com o Imposto de Renda, sobre o lucro
apurado pelas pessoas jurídicas. Sua alíquota é de 9%.

• Contribuição Social sobre o Faturamento (COFINS): destinada ao financiamento da Seguridade


Social, incidente sobre o faturamento mensal das empresas, à alíquota de 7,6%. A mesma alíquota
incide sobre bens ou serviços importados, calculado segundo termos fixados pela Receita Federal.

• Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS): incide sobre o faturamento à alíquota de


1,65%. Também incide sobre importações.

• Contribuição Social ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS): em geral à alíquota de 20%
sobre a folha de pagamentos do empregador, a cargo deste, e 11% sobre salário de contribuição do
empregado.

• Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM): é calculado sobre o valor do
frete, com alíquotas variadas em função da operação (no geral, 25%).

• Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE): existem várias espécies de CIDE,


porém a de maior impacto nas operações de empresas multinacionais no Brasil é a chamada "CIDE-
Royalties". Trata-se de uma contribuição devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou
adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem
transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no Exterior2. A contribuição é
apurada mensalmente à alíquota de 10% sobre o royalty pago, creditado, entregue, empregado ou
remetido a qualquer título ao Exterior para remuneração das obrigações contratadas3.

Por sua vez, cabem aos Estados-Membros os impostos estaduais abaixo elencados:

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

• Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD): cobrado sobre a transmissão de


quaisquer bens ou direitos, à alíquota de 4%;

• Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS): excetuadas as exportações, incide,


em regra, as operações de circulação de mercadorias (inclusive sobre a prestação de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal) e as operações de comunicação, ainda que as operações e
as prestações se iniciem no exterior. Sua incidência se dá sempre sobre o valor agregado a cada
operação mercantil, respeitada a nãocumulatividade, com alíquotas que variam entre 7% e 25%, em
função da destinação das mercadorias e da essencialidade destas e dos serviços;

• Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA): como explicita o próprio nome do
tributo, o IPVA incide sobre a propriedade de veículos automotores. Tem alíquota variável de Estado
a Estado, a qual geralmente corresponde a 4% do valor do veículo.

Já aos Municípios competem os seguintes tributos:

• Imposto sobre a propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU): incidente sobre a propriedade de
bens imóveis localizados dentro do perímetro urbano, podendo ter suas alíquotas progressivas de
forma a assegurar o cumprimento da função social da propriedade.

• Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis (ITBI): devido na transmissão, por ato oneroso
e a qualquer título, por natureza ou acessão física, de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos à sua aquisição. Têm alíquotas variáveis de acordo com a
legislação de cada Município;

• Imposto Sobre Serviços de qualquer natureza (ISS): incide sobre serviços definidos em lei
complementar, excluídos aqueles sujeitos ao recolhimento do ICMS (serviços de comunicação e de
transporte interestadual e intermunicipal). Suas alíquotas, cujo percentual mínimo é de 2%, são
fixadas por cada Município, e variam em função da natureza dos serviços prestados.

• Contribuição para Iluminação Pública (CIP): após um longo debate jurídico, a Emenda
Constitucional 39 (clique aqui), de 19 de dezembro de 2002, regularizou tal cobrança, que muitas
vezes não é institucionalizada pelos Municípios, vez que sua finalidade é complementar o IPTU e
outras taxas cobradas na conta de luz.

No que se refere às Contribuições de Melhoria e às Taxas Fiscalizatórias, importa destacar que tais
espécies tributárias podem ser instituídas tanto pela União como pelos Estados e pelos Municípios,
nos termos apresentados na descrição das espécies tributárias.

Por fim, no que diz respeito ao Distrito Federal, alçado à condição de Ente Federado pela
Constituição Federal de 1934 (clique aqui), observa-se que a Constituição Federal de 1988 lhe
atribuiu as competências tributárias próprias dos Estados-Membros e dos Municípios, dada sua
natureza peculiar.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

V) Conclusão

É certo dizer que a carga tributária brasileira é densa, como se infere pela enorme quantidade de
tributos em espécie existentes no Brasil. Contudo, vale destacar que várias legislações concedem
determinadas isenções – o que torna importantíssima e necessária a correta utilização das
ferramentas disponibilizadas pelo Sistema Tributário Brasileiro para que se verifique posta a justiça
tributária.

Ademais, o governo, em todas as esferas federativas, vem adotando novas iniciativas com relação a
benefícios fiscais, como parcelamento de débitos, descontos e aproveitamentos de créditos.

Assim, deve o contribuinte sempre se valer da mais fina técnica jurídica cumulada com uma precisa
orientação comercial para que se evite que o arbítrio do exacerbado afã arrecadatório prejudique o
pleno exercício das atividades privadas.

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FINANÇAS PÚBLICAS

Finanças Públicas

As finanças públicas fazem parte do estudo da economia governamental com a implantação de


medidas para melhorar o bem-estar dos cidadãos. É a vertente da ciência econômica que tem como
estudo a política fiscal e estuda-se as políticas públicas em relação a natureza fiscal. Além disso,
estuda-se conceitos como dívida pública, despesas públicas, etc.

Nos concursos públicos esse tema é abordado no intuito de compreender os encargos do Estado
na economia brasileira. Para que o governo invista seus recursos em diversas situações é necessário
que ocorra a arrecadação desses valores. Nos concursos, as finanças públicas são estudadas para
compreender o Estado e as despesas públicas.

Assim como acontece nas empresas, o governo também realiza a administração dos seus recursos
arrecadando e liberando valores, ou seja, as finanças públicas tem o objetivo de equilibrar os gastos
e as receitas públicas.

Receita: Forma de conseguir recursos através das tarifas, tributação, impostos, etc.

Despesa: São gastos do estado envolvendo atividades governamentais e políticas públicas.

Funções Econômicas do Estado

Função Alocativa

A função alocativa está relacionada a medidas e programas realizadas pelo governo no intuito de
usar os recursos produtivos da economia. O Estado divide os recursos que serão usados pelo poder
público e privado. Um exemplo de função alocativa é a construção de uma estrada ou usina de
energia.

As empresas públicas e privadas produzem bens públicos e privados. No caso do recurso público, o
governo decide como eles serão direcionados por meio de uma política orçamentária. Existe ainda os
chamados bens mistos, que são exemplos de serviços oferecidos pelo governo, mas que são
ofertados da mesma forma pelo setor privado. A educação é um exemplo de bem misto, pois o
governo não consegue oferecer educação para toda a população.

O governo tenta satisfazer as necessidades da sociedade das seguintes formas:

 investindo na infra-estrutura: investimentos em serviços em transportes, energia, comunicação, etc,


que não são atrativos para o setor privado devido ao alto custo desses serviços.

 fornecimento de bens públicos e meritórios: o governo é responsável pelo fornecimento de bens


públicos, como os serviços de iluminação pública; e responsável pelos bens meritórios, como por
exemplo os subsídios dados pelo governo para alimentação, para desempregados, como o seguro-
desemprego, etc.

Função Distributiva

A função distributiva está relacionada com a distribuição de renda de um país no intuito de manter
uma população mais homogênea e igualitária. É a distribuição de renda de forma justa e o
redirecionamento de recursos para serviços como a saúde, um dos mais usados pela população de
baixa renda.

O governo é responsável pela retirada de recursos de determinadas camadas da população para


realocar em outras pessoas por meio de políticas de distribuição de renda.Um exemplo desse tipo de
função são as isenções de impostos, redução de preço de determinado produto para aumentar sua
concorrência e reduzir seu preço para a população. Essas ações são implantadas para melhorar
a divisão da renda dos brasileiros.

Função Estabilizadora

Essa função está baseada no intuito do governo de estabilizar a economia quando o mercado não
consegue garantir que isso ocorra. Ele age reduzindo os preços, estabilizando os juros, aumentando

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FINANÇAS PÚBLICAS

a oferta de empregos, reduzindo a inflação, etc. Essa função é bem distinta das anteriores, uma vez
que o governo não pode esperar uma decisão do mercado e por isso utiliza a política fiscal para
manter a economia estável.

Função Reguladora

Há indícios do surgimento de uma nova função criada no intuito de regular o processo econômico
com a criação de leis e normas por meio de agências reguladoras como ANATEL, ANVISA,
ANEEL,etc.

Conceito de Finanças Públicas

Dá-se o nome de finanças ao estudo da circulação do dinheiro. Este ramo da economia trata de
analisar a obtenção, a gestão e a administração de fundos. Já, o adjectivo público/pública diz respeito
ao que é comum a toda a sociedade ou ao que é do conhecimento geral.

As finanças públicas são compostas pelas políticas que instrumentam o gasto público e os impostos.
É desta relação que irá depender a estabilidade económica do país e a sua entrada em défice ou
excedente.

O Estado é o responsável pelas finanças públicas. O principal objectivo estatal através das finanças
públicas é o fomento da plena ocupação e o controlo da demanda agregada.

O Estado intervém portanto nas finanças através da variação da despesa pública e dos impostos. A
despesa pública é o investimento que realiza o Estado em vários projectos de interesse social. Para
poder concretizar os investimentos, isto é, manter a despesa pública, as autoridades devem
assegurar-se de arrecadar impostos, os quais são pagos por todos os cidadãos e pelas empresas de
uma nação.

A despesa pública, por outro lado, pode funcionar como estímulo (ou incentivo) do consumo. O
Estado está em condições de criar postos de trabalho (empregos), conferindo assim salários às
pessoas e dinheiro para despender/consumir.

Regra geral, os impostos estão associados aos rendimentos das pessoas: quanto maiores os
rendimentos, mais elevados são os impostos a pagar. Há ainda impostos que são considerados
recessivos, que afectam da mesma forma a população com menores rendimentos como as classes
altas.

Teoria Das Finanças Públicas

De uma forma geral, a teoria das finanças públicas gira em torno da existência das falhas de mercado
que tornam necessária a presença do governo, o estudo das funções do governo, da teoria da
tributação e do gasto público.

As falhas de mercado: são fenômenos que impedem que a economia alcance o ótimo de Pareto, ou
seja, o estágio de welfare economics, ou estado de bem estar social através do livre mercado, sem
interferência do governo. São elas:

 existência dos bens públicos: bens que são consumidos por diversas pessoas ao mesmo tempo (ex.
rua). Os bens públicos são de consumo indivisível e não excludente. Assim, uma pessoa adquirindo
um bem público não tira o direito de outra adquirí-lo também;

 existência de monopólios naturais: monopólios que tendem a surgir devido ao ganho de escala que
o setor oferece (ex. água, elergia). O governo acaba sendo obrigado a assumir a produção ou criar
agências que impeçam a exploração dos consumidores;

 as externalidades: uma fábrica pode poluir um rio e ao mesmo tempo gerar empregos. Assim, a
poluição é uma externalidade negativa porque causa danos ao meio ambiente e a geração de
empregos é uma externalidade positiva por aumentar o bem estar e diminuir a criminalidade. O
governo deverá agir no sentido de inibir atividades que causem externalidades negativas e incentivar
atividades causadoras de externalidades positivas;

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FINANÇAS PÚBLICAS

 desenvolvimento, emprego e estabilidade: principalmente em economias em desenvolvimento a


ação governamental é muito importante no sentido de gerar crescimento econômico através de
bancos de desenvolvimento, criar postos de trabalho e da buscar a estabilidade econômica.

Funções do governo: um governo possui funções alocativas, distributivas e estabilizadoras.

 função alocativa: relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a fim de oferecer bens
públicos (ex. rodovias, segurança), bens semi-públicos ou meritórios (ex. educação e saúde),
desenvolvimento (ex. construção de usinas), etc.;

 função distributiva: é a redistribuição de rendas realizada através das transferências, dos impostos e
dos subsídios governamentais. Um bom exemplo é a destinação de parte dos recursos provenientes
de tributação ao serviço público de saúde, serviço o qual é mais utilizado por indivíduos de menor
renda.

 função estabilizadora: é a aplicação das diversas políticas econômicas a fim de promover o


emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, diante da incapacidade do mercado em assegurar o
atingimento de tais objetivos.

Teoria Da Tributação:

Pelo conceito da equidade, cada indivíduo deve contribuir com uma quantia "justa"; pelo conceito da
progressividade, as alíquotas devem aumentar à medida que são maiores os níveis de renda dos
contribuintes; pelo conceito da neutralidade, a tributação não deve desestimular o consumo, produção
e investimento; e, por fim, pelo conceito da simplicidade, o cálculo, a cobrança e a fiscalização
relativa aos tributos devem ser simplicados a fim de reduzir custos administrativos.

Impostos são tributos cobrados cujo valor arrecadado não tem um fim específico. As contribuições
são tributos cujos recursos devem ser legalmente destinados a finalidades pré-estabelecidas. Taxas
são tributos para manutenção do funcionamento de um serviço dirigido a uma comunidade de
indivíduos.

O imposto de renda é uma tributação direta muito eficaz. Segundo dados históricos, o IRPF tem
apresendado características de progressividade ao longo do tempo. Infelizmente o IRPJ não tem
alcançado muito sucesso. Além de inibir a produção ele pode causar perda de competitividade do
produto nacional frente ao produto importado, pelo o que se observa. O imposto sobre o patrimônio,
como o IPTU e o IPVA, são de fácil cobrança e controle e tendem a penalizar os indivíduos com
maior poder aquisitivo. Entretanto, o IPTU, por exemplo, é falho no momento em que o inquilino de
um imóvel paga o imposto ou um estabelecimento comercial encarece seus produtos, embutindo tal
imposto nos preços. O imposto sobre as vendas, embora muito utilizado, não é o mais indicado por
questões de progressividade. Além disso um bem com maior número de etapas de produção é mais
penalizado do que os demais.

Uma crítica constante aos impostos "em cascata" ou "cumulativos" são a conseqüente inibição à
integração vertical da produção e a perda de competitividade em termos internacionais. Face a isso,
grande importância tem sido dada ao imposto sobre o valor adicionado (IVA) em diversas economias
do planeta. Suas principais vantagens são a neutralidade, a dificuldade de sonegação por concentrar
a tributação no atacado, dentre outras. Todavida, tal imposto permaneceria infringindo o conceito da
progressividade, como faz o atual ICMS.

O Gasto Público:

Embora muitos tem-se ouvido dizer sobre redução de gastos governamentais e redução do
"tamanho" do Estado, a sua participação na economia é de extrema importância, e inúmeras são as
funções desempenhadas. Fica difícil decidir onde serão feitos os cortes: se na saúde, educação,
defesa, policiamento, justiça ou, efim, no investimento econômico-social.

Temos observado um fenônemo de crescente participação do gasto público no PIB em todas as


principais economias mundiais. Esse fato é historicamente explicado pelo envelhecimento da
população e pelo processo de urbanização. É importane ressaltar que a elevação do gasto público
tem sido total ou parcialmente compensada com elevação tributária, não causando grandes impactos
no percentual da dívida dobre o produto interno.

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DO ORÇAMENTO

Orçamento Público

O Orçamento Público é o cálculo feito entre Receita e Despesa. É tudo o que o governo gasta e
arrecada anualmente, ou seja, é uma ação para determinar e compreender a alocação dos recursos
públicos. Com o fim do período inflacionário, que o Brasil viveu com tanta intensidade nas décadas de
80 e 90, ficou mais fácil definir o orçamento e distribuir os recursos necessários para auxiliar os
contribuintes. O governo decide a prioridade do dinheiro arrecadado do cidadão através
do orçamento.

O dever de fiscalizar os gastos públicos compete ao Poder Legislativo. É de responsabilidade da


Secretaria de Orçamento Federal (SOF) de supervisionar e coordenar a criação da Lei de Diretrizes
Orçamentárias e do Orçamento Geral da União (OGU). Esse orçamento faz a previsão dos recursos
que serão obtidos e quais serão as despesas do Governo Federal.

As despesas podem ser pagas com a arrecadação de impostos federais como o Imposto de Renda
(IR) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Além disso, essas despesas
governamentais podem ser pagas com operações de crédito junto ao Tesouro Nacional. Já
as receitas públicas são baseadas em estimativa, ou seja, o valor final pode ser maior ou menor do
que o esperado. O resultado, positivo ou não, vai depender do crescimento econômico daquela nação
durante certo período.

Baseados nessa receita, estabelecem as despesas dos três poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário. Após a aprovação pelo Congresso Nacional, o orçamento pode ser executado, mas se a
receita for maior do que era esperado, pede-se junto ao Congresso uma autorização para utilizá-lo.
Caso ocorra o contrário, e a receita diminua, será necessário reduzir as despesas.

Não é de responsabilidade do Governo Federal todas as despesas públicas. Cabe a Constituição


Federal estabelecer o que é da competência da União, dos governos estaduais e municipais. As
obras realizadas em sua cidade são de competência da prefeitura e por isso deve-se analisar o
orçamento desse órgão. No entanto, caso seu interesse seja nas obras realizadas em uma rodovia de
seu estado, por exemplo, deverá se preocupar com o orçamento federal destinado para tal.

Fases Do Processo Orçamentário

 O Poder Executivo elabora uma proposta;

 O legislativo aprecia essa proposta;

 Execução do processo;

 Controle e avaliação da execução.

Princípios Orçamentários

Para fazer um orçamento é importante seguir alguns princípios básicos definidos através da Lei nº
4.320, de 17 de março de 1964.

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DO ORÇAMENTO

 Princípio da Universalidade: Todos devem fazer o orçamento analisando todas as receitas e


despesas.

 Princípio da Unidade: Cada grupo pertencente ao poder público terá apenas um orçamento de
maneira uniforme e baseado em apenas uma política orçamentária. Ou seja, há o orçamento de cada
município, de cada Estado e da União.

 Princípio da Anualidade: O orçamento é baseado por um período de um ano fiscal. Nesse ano deve-
se estabelecer as receitas e fixar as despesas.

 Princípio do Equilíbrio: Tentar equilibrar o total das despesas com as receitas para que reduza a
chance de um possível déficit.

 Princípio da Exclusividade: A lei orçamentária não terá nada além da previsão de receita ou fixação
de despesas.

 Princípio da Especificação: O orçamento deve ser bem analítico, ou seja, as despesas e as receitas
devem ser bem detalhadas.

 Princípio da Publicidade: A Lei Orçamentária deve estar acessível a sociedade através de


divulgação pública.

 Princípio da Clareza: O orçamento deve ser o mais específico e claro em seu planejamento.

 Princípio da Uniformidade: Deve ser consistente para que a comparação entre um ano e outro seja
mais rápida e fácil.

Como É Elaborado Um Orçamento Público

O orçamento é feito pelos três poderes e firmado pelo Poder Executivo. Ele deve ser compensatório,
uma vez que as despesas não podem ser superiores aos recursos. Ou seja, isso garante que o
governo invista seus recursos no que seja realmente importante para a população. A proposta de
orçamento é definida com base no Plano Plurianual (PPA).

O PPA que estipula metas e objetivos na administração pública, é organizado pelo governo e enviado
ao Congresso e deve ser votado até o dia 31 de agosto no primeiro ano de mandato de um
presidente, conforme determinado na Constituição Federal. Após a aprovação o Plano Plurianual será
utilizado nos quatro anos seguintes.

Esse plano possui em sua primeira finalidade, determinar metas e ideais junto ao Poder Executivo e
Legislativo para auxiliar na distribuição de recursos financeiros. Esse processo é fiscalizado pelo
Poder Executivo e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e avaliado pelo Ministério do
Planejamento e Orçamento (MPOG).

É com base no que é estabelecido pelo Plano Plurianual que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
cria o Orçamento Geral da União para o ano seguinte. A LDO é estabelecida pelo Poder Executivo e
deve ser enviada ao Congresso até 15 de abril em todos os anos. É baseada no Plano Plurianual e
julgado pelo Congresso Nacional até 30 de junho. Após a aprovação do projeto ele segue para
sanção do Presidente da República.

Baseada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), a Secretaria de Orçamento Federal (SOF)


executa uma proposta para o próximo ano com a ajuda dos Ministérios e de seções dos Poderes
Legislativo e Judiciário. O governo envia uma sugestão de orçamento ao Congresso Nacional até 31
de agosto juntamente com um recado do Presidente da República informando a situação econômica
do Brasil e suas perspectivas com base nas seguintes etapas:

1º Etapa

Entre os meses de janeiro e maio, a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) realiza uma análise
sobre os últimos exercícios para determinar limites de gastos orçamentários.

2º Etapa

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DO ORÇAMENTO

Em junho os órgãos setoriais fazem uma proposta conforme suas atividades e despesas obrigatórias.
As atividades estão relacionadas ao exercícios de atividades à serviço da comunidade. Já as
despesas obrigatórias são aquelas relacionadas com pessoal e benefícios previdenciários.

3º Etapa

Após a estimativa da Receita e a projeção dos gastos, estima-se um limite adicional que é
encaminhado aos órgãos para completar os parâmetros orçamentários. Esses casos abrangem o que
é necessário para expandir serviços e os valores necessários para aumentar e melhorar o
atendimento de órgãos.

4º Etapa

Elaboração do documento final conforme a Lei Federal nº 4.320/64 e a Lei de Diretrizes


Orçamentárias.

No Congresso é feita a discussão da proposta, realizam alterações e encaminham para votação. Os


parlamentares podem propor mudanças, mas elas devem estar de acordo com o Plano Plurianual e a
Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com a aprovação do Legislativo e do Presidente da República, o
projeto torna-se uma lei.

Distribuições Orçamentárias

É muito importante entender quais os critérios utilizados para classificar as contas públicas e assim
compreender a Função de Governo, Instituição, os projeto e operações especiais, etc. A classificação
do orçamento é importante por diversos fatores como:

Ajuda a formular programas;

Auxilia no acompanhamento da execução do orçamento;

Estabelece responsabilidades;

Compreender os efeitos da economia nas atividades do governo.

Classificação por Categoria Econômica

É importante classificar com base no aspecto econômico porque pode-se compreender o impacto das
decisões do governo brasileiro na economia do país. Justamente por isso o orçamento se subdivide
em Contas Correntes e Contas de Capital.

Classificação Quanto a Natureza da Despesa

Uma outra classificação para a distribuição orçamentária é a categoria econômica.

Tipos de Orçamento Público

Orçamento Clássico

É um orçamento em que não há um objetivo econômico e social de forma clara. Nesse caso há
apenas as especificações de despesas e receitas sem a presença de um planejamento do governo.
Não há preocupação com objetivos e metas atentando-se preferencialmente com os desejos dos
órgãos públicos.

Orçamento De Desempenho

Esse tipo de orçamento é um avanço do orçamento clássico e está mais relacionado ao destino dado
ao orçamento governamental. Apesar de se preocupar mais com o que o governo faz, esse tipo não
possui um planejamento específico.

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DO ORÇAMENTO

Orçamento-Programa

Orçamento que leva em conta os objetivos que deverão ser alcançados pelo governo durante um
período de tempo. Além disso, há a previsão dos custos envolvidos no processo.

Orçamento Participativo

Esse orçamento abrange a população ao processo decisório e há uma relação entre o Executivo e
Legislativo.

Orçamento Base-Zero

Análise e revisão de todas as despesas. Ou seja, é uma análise criteriosa dos recursos solicitados
pelos órgãos do governo. Deverão verificar a verdadeira necessidade de cada área governamental.

Funções do Orçamento Público

Alocativa: Utilizar os recursos presentes na economia incentivando o desenvolvimento de


determinados setores em detrimento de outros.

Distributiva: Auxilia no desenvolvimento de classes e estados menos favorecidos economicamente.

Estabilizadora: A busca incessante do equilíbrio entre a estabilidade financeira e as despesas


governamentais. Deve-se buscar o crescimento econômico ao empregar de maneira consciente os
recursos disponíveis.

Executando o Orçamento Público

Após a publicação na Lei Orçamentária começa o processo para executar o orçamento


governamental. Os ministérios e órgãos começam a trabalhar os programas governamentais que
devem estar em harmonia com o Plano Plurianual do Governo. A execução orçamentária é uma
função do Executivo.

Orçamento Público: Entenda Como É Definido

O orçamento público tem tudo a ver com o nosso dia a dia. Grande parte das receitas arrecadadas
pelo governo saem do nosso bolso, direta ou indiretamente. Repassamos uma parcela do que
ganhamos para o governo em forma de impostos indiretos, isto é, impostos que estão embutidos no
preço das mercadorias e das tarifas de serviços públicos. Há também os impostos diretos, como o
imposto de renda, que é pago por milhões de pessoas quando recebem o salário ou quando prestam
serviços para uma empresa ou para outras pessoas.

O orçamento público transforma-se em lei após passar por um processo de ampla negociação, em
que os governos federal, estadual e municipal deixam claro como pretendem gastar a curto e médio
prazo os recursos arrecadados com impostos, contribuições sociais e outras fontes de receita. A
elaboração do orçamento público é obrigatória a todos os níveis de governo.

A elaboração do orçamento segue uma periodicidade prevista em lei e na Constituição Federal


de 1988. Assim, ele acontece de forma cíclica, de maneira que todas as ferramentas se encaixem,
ou seja, formando uma orientação lógica para orientar o orçamento público. Isso é chamado
de ciclo orçamentário.

O Ciclo Orçamentário

O ciclo orçamentário é um processo dinâmico e contínuo, com várias etapas articuladas entre si, por
meio das quais sucessivos orçamentos são discutidos, elaborados, aprovados, executados, avaliados
e julgados. Esse ciclo tem início com a elaboração do Plano Plurianual (PPA) e se encerra com
o julgamento da última prestação de contas do Poder Executivo pelo Poder Legislativo.

O Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária


Anual (LOA) são as três leis que regem o ciclo orçamentário – são estreitamente ligadas entre
si, compatíveis e harmônicas. Elas formam um sistema integrado de planejamento e

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DO ORÇAMENTO

orçamento, reconhecido na Constituição Federal, que deve ser adotado pelos municípios, pelos
estados e pela União.

A elaboração dos projetos de lei do PPA, da LDO e da LOA cabe exclusivamente ao Executivo. Em
nenhuma esfera o Poder Legislativo pode propor tais leis. No âmbito municipal, por exemplo, apenas
o prefeito pode apresentar à Câmara Municipal os projetos de PPA, LDO e LOA. Os vereadores não
apresentam tais projetos, mas podem modificá-los por meio de emendas quando estes são enviados
ao Legislativo para discussão e votação.

O Ministério Público não discute, não vota, nem aprova o orçamento público. Porém, é chamado
para intervir legal e penalmente quando qualquer irregularidade é constatada pelos órgãos de
controle interno, externo ou social.

Dessa maneira, o ciclo orçamentário se inicia a cada quatro anos com o planejamento a longo prazo
estruturado no PPA e, ao longo desse tempo, elabora-se anualmente uma LDO e uma LOA para
operacionalizar, no curto prazo, a estratégia do PPA.

Planejamento Orçamentário Em Médio Prazo: O Plano Plurianual (PPA)

A cada quatro anos, os chefes do Poder Executivo (prefeitos, governadores e presidente


da República) devem elaborar uma proposta de planejamento a médio prazo, chamado Plano
Plurianual (PPA), e enviá-la para discussão e votação para o respectivo órgão legislativo.

O que é o PPA?

O Plano Plurianual é o planejamento orçamentário de médio prazo do governo. O PPA estabelece


qualitativamente e quantitativamente quais serão os investimentos da administração pública em cada
área em que atua (Saúde, Educação, Transporte, Indústria, Assistência Social, entre outros). O plano
define as estratégias, diretrizes e metas da administração para um período de quatro anos. O PPA é
revisado, monitorado e aperfeiçoado anualmente para ser readequado à situação esperada no
próximo ano.

Planejamento Em Curto Prazo: A Lei De Diretrizes Orçamentárias E A Lei Orçamentária Anual

Anualmente, acontece o processo de elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei


Orçamentária Anual (LOA), que explicitam o plano de ação governamental a curto prazo.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

Essa lei anual define as metas e prioridades do governo, ou seja, as obras e os serviços mais
importantes a serem realizados no ano seguinte. A LDO estabelece as regras que deverão ser
observadas na formulação do Projeto de Lei Orçamentária Anual para atingir as metas previstas no
PPA na execução das ações. É elaborada pelo Poder Executivo e discutida, vota da e aprovada pelo
Legislativo.

Lei Orçamentária Anual (LOA)

A Lei Orçamentária autoriza o Executivo a gastar os recursos arrecadados para manter a


administração, pagar os credores e fazer investimentos. A LOA materializa as diretrizes do
direcionamento de gastos e despesas do governo, indicando qual será o orçamento público
disponível para o próximo ano. A quantidade e a qualidade dos gastos e investimentos indicam qual o
nível de prioridade em investir naquela área para que o plano estratégico alcance os resultados
esperados.

Passo A Passo Do Ciclo Orçamentário

Cada poder exerce um papel específico no processo orçamentário. Ao Executivo cabe elaborar os
projetos de lei e executá-los. Ao Legislativo compete discutir, propor emendas, aprovar as propostas
orçamentárias e depois julgar as contas apresentadas pelos/as chefes do Executivo – prefeitos/as,
governadores/as e presidente da República. Um poder não pode se intrometer na tarefa do outro.

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DO ORÇAMENTO

Há órgãos encarregados da fiscalização e do julgamento das contas, como os Legislativos e


os Tribunais de Contas. Como veremos, os cidadãos e as cidadãs também podem e devem participar
do processo orçamentário e se preparar para expor suas propostas e reivindicações.

O ciclo orçamentário é composto de diversas etapas que se relacionam, se completam e se repetem


continuamente. Esses passos são semelhantes na União, nos estados e nos municípios.

As diferenças podem estar nas datas-limite de cada um deles. No passo a passo


orçamentário, apresentamos os prazos da União. Os prazos dos estados são definidos na
Constituição Estadual e no Regimento Interno da Assembléia Legislativa. Já os prazos dos
municípios são estabelecidos na Lei Orgânica do Município e no Regimento Interno da Câmara
Municipal.

1. O ciclo orçamentário tem início com a elaboração do Projeto de Lei do Plano Plurianual pelo Poder
Executivo. Isso ocorre no primeiro ano de governo do presidente, governador ou prefeito recém-
empossado ou reeleito. Na União, o chefe do Executivo deve encaminhar o projeto de lei do PPA ao
Legislativo até o dia 31 de agosto.

2. Os membros do Legislativo discutem, apresentam emendas e votam o projeto de lei do PPA até o
encerramento da sessão legislativa. Na União, esse prazo termina em 15 de dezembro. Se até essa
data o PPA não for votado, o recesso é suspenso e os parlamentares continuam em atividade até
concluir a votação.

3. Com base no PPA, o Executivo formula o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, definindo
prioridades e metas de governo. Os governantes recém-empossados baseiam-se no PPA elaborado
no governo anterior. Na União, o projeto de LDO deve ser enviado ao Legislativo até o dia 15 de abril.

4. Os membros do Legislativo têm até o encerramento da primeira parte da sessão legislativa (30 de
junho, no caso da União) para examinar, modificar e votar o projeto de LDO. Do contrário, o recesso
pode ser suspenso até que a LDO seja aprovada.

5. O Poder Executivo formula o Projeto de Lei Orçamentária Anual de acordo com o PPA e a LDO. A
elaboração da proposta orçamentária começa no início do ano e é concluída depois da aprovação da
LDO. Na União, o presidente tem até 31 de agosto para encaminhar o projeto ao Congresso
Nacional.

6. O Poder Legislativo deve examinar, modificar e votar o projeto de LOA até o encerramento da
sessão legislativa, que ocorre em 15 de dezembro. Caso contrário, o recesso é suspenso até que a
votação seja concluída.

7. Os órgãos e as entidades da administração pública executam seus orçamentos e ficam sujeitos à


fiscalização e ao controle interno do respectivo poder, assim como ao controle externo (Poder
Legislativo, Tribunal de Contas e sociedade).

8. Até 30 dias após a publicação da LOA, o Executivo estabelece o cronograma mensal


de desembolso e a programação financeira, de acordo com as determinações da Lei
de Responsabilidade Fiscal.

9. A cada dois meses, o Executivo reavalia as estimativas de receitas e despesas, para verificar se a
meta fiscal será cumprida. Se necessário, para atingir a meta, os poderes (Legislativo, Executivo e
Judiciário) reduzem temporariamente os limites para a realização de despesas. Essa redução é
denominada contingenciamento.

10. Conforme determina a Constituição Federal, 30 dias após o final de cada bimestre, o Executivo
deve divulgar um relatório resumido da execução orçamentária (gastos do governo).

11. De acordo com determinações da Lei de Responsabilidade Fiscal, os três poderes divulgam um
relatório de gestão fiscal 30 dias após o final de cada quadrimestre. Isso permite comparar a despesa
com pessoal e o montante da dívida pública com os limites previstos na legislação.

12. Após o encerramento do exercício financeiro (31 de dezembro), o Executivo elabora os balanços

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DO ORÇAMENTO

e os demonstrativos contábeis gerais (de todos os órgãos e entidades da administração pública).


Cada poder – Executivo, Legislativo e Judiciário elabora sua prestação de contas separadamente.

13. O Executivo apresenta suas contas do ano anterior ao Legislativo em no máximo 60 dias após a
abertura da sessão legislativa, que tem início em 15 de fevereiro, no caso da União.

14. O Tribunal de Contas emite parecer prévio sobre as contas do Executivo e dos demais poderes.
Normalmente, isso ocorre em até 60 dias após o recebimento das contas pelo Tribunal.

15. O Legislativo julga as contas apresentadas pelo Executivo. No âmbito da União, não há prazo
fixado.

16. O Executivo divulga um relatório de avaliação da execução do Plano Plurianual (PPA). Isso ocorre
geralmente nos três primeiros meses do ano.

Aplicações Mínimas

A Constituição de 1988, também chamada de constituição cidadã, determina gastos mínimos


para duas áreas consideradas prioritárias no país: a saúde e a educação. Isso significa
que, independente da orientação política do governo, uma destinação mínima da receita deve
ser direcionada para essas duas áreas. No caso da educação, a destinação mínima no orçamento
público corresponde a 18% da arrecadação com impostos. No caso da saúde, corresponde à 13,2%
da receita corrente líquida. Essas são as porcentagens para o governo federal.

Para as outras áreas, como segurança, pessoal e assistência, não há um mínimo


constitucional. Pode haver um máximo, como é o caso das despesas com pessoal. A Lei de
Responsabilidade Fiscal coloca que o gasto com pessoal não pode atingir 60% da receita. Essa,
inclusive, é uma das principais pautas de discussão do orçamento público. Isso porque o número
de funcionários públicos continua crescendo e, cada vez mais, governos municipais e
estaduais utilizam de artifícios não previstos para se adequar a esse limite. Essa discussão, no
entanto, não se refere ao aumento ou à redução do limite de 60%, o que é justo, afinal a função do
Estado não é alocar recursos por meio de emprego, mas sim a de ofertas de bens e serviços à
população. A discussão do gasto público com pessoal tem a ver com o que deve ser considerado na
conta dos 60%, já que a Lei de Responsabilidade Fiscal não define de forma clara. Assim, não se tem
ao certo se deve incluir o pagamento dos inativos, dos funcionários terceirizados, entre outras
obrigações.

Orçamento Participativo

O orçamento público também pode ser elaborado com a participação direta da população.
Nesse modelo, os cidadãos debatem e discutem as prioridades de investimentos em obras e
serviços a serem realizados.

O orçamento participativo normalmente é realizado na esfera municipal. Assim, a prefeitura faz


um estudo prévio das opções e possibilidades das obras a serem colocadas no orçamento público,
porém, antes de a obra ser definida, as opções podem ser votadas e discutida em fóruns e
audiências públicas. Depois desta discussão, o projeto mais votado entra na respectiva lei
orçamentária.

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DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

Da Ordem Econômica e Financeira

Introdução

A Constituição brasileira, tal qual boa parte das Constituições contemporâneas (p.ex.; a portuguesa e
a italiana), possui capítulo especial dedicado à economia, reunindo o plexo de princípios, normas e
institutos jurídicos que alicerçam a ordem jurídica econômica.

Esse conjunto de preceitos voltados à regulação da economia, em nível constitucional, recebe o


nome de "constituição econômica".

Do ponto de vista material, "constituição econômica", pode ser definida como "o conjunto de normas
fundamentais que 'estabelecem' juridicamente os elementos estruturais de uma forma concreta de um
determinado sistema econômico; se é, portanto, uma estrutura de relações sociais de produção
'traduzida' em normas jurídicas, então a constituição econômica, neste sentido jurídico-material,
existe em toda e qualquer formação social. Em todos os estados uma determinada ordem econômica
é expressamente fixada ou pressuposta como imanente pela ordem jurídica, seja diretamente pela
constituição, seja por institutos fundamentais do direito privado e administrativo".

Nesse sentido, o art. 170 da Constituição Federal aponta que a ordem econômica brasileira, fundada
na valorização social do trabalho e na livre iniciativa, tem por fim a realização da justiça social com
fundamento nos seguintes princípios: soberania nacional (inciso I), propriedade privada (inciso II),
função social da propriedade (inciso III), livre concorrência (inciso IV), defesa do consumidor (inciso
V), defesa do meio ambiente (inciso VI), redução das desigualdades regionais e sociais (inciso VII),
busca do pleno emprego (inciso VIII), buscas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País (inciso IX).

Da Ordem Econômica E Financeira

1. O Capitalismo Na Ordem Econômica Nacional

Os princípios da orem econômica e social brasileira são, apesar da pluralidade de aspectos


intervencionistas do Estado, vinculados ao capitalismo, sistema caracterizado pela propriedade
privada dos meios de produção e pela separação ( já não se fala em conflito ou oposição) entre as
classes do capital e do trabalho.

A Carta Magna se situa no contrafluxo do processo intervencionista do Poder Público, assinalado


desde os anos trinta, ao determinar ( art. 173 ) que, ressalvados os casos expressos, a exploração
direta de atividade econômica pelo Estado é permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo definidos em lei.

As determinantes da ordem econômica e social contidas na Carta excedem, de muito, os limites da


ciência do direito. Envolvem, a rigor, todos os campos da realidade do homem.
São, porém, relevantes para o jurista brasileiro, desde 1934 (quando apareceram pela primeira vez
na Constituição), os ditames constitucionais que, com caráter claramente programático, fundam a
ordem econômica na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, assegurado a todos o livre
exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos,
salvo, e por exceção, casos previstos em lei.

2. Finalidade Da Ordem Econômica

Lê-se no art. 170 que a ordem econômica tem por fim assegurar a toda existência digna, conforme os
ditames da justiça social. Trata-se de expressões cujo conteúdo é de manifesta vacuidade, pois se
prestam a toda sortes de interpretação. A principiologia da atividade econômica envolve a satisfação
de preceitos, a serem lidos em estreito ajuste com os fundamentos da República brasileira ( art. 1º ),
com os direitos individuais ( art. 5º ) e sociais ( art. 7º ), preceitos esses alusivos aos seguintes
elementos:

a) soberania nacional;
b) propriedade privada e função social da propriedade ( art. 5º, XXII e XXIII );
c) livre concorrência, mas tratamento favorecido para empresas brasileiras de capital nacional, de
pequeno porte (art. 171, par.1º);

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DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

d) defesa do consumidor ( art. 5º, XXXII ), e do meio ambiente (art. 225 );


e) redução das desigualdades regionais e sociais ( art. 3º, III );
f) busca do pleno emprego ( art. 7º, I e II ).

A Constituição atribui ao consumidor, direito e garantias fundamentais. A Lei n.8078, de 11-9-1990,


definiu consumidor como toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final, sendo-lhe equiparada a coletividade de pessoas, mesmo indetermináveis,
que interveio em relação de consumo. A lei enquadra na categoria fornecedor toda pessoa...

Breve Análise Da Ordem Econômica Constitucional Brasileira

1. Introdução

No presente trabalho pretendemos analisar a Ordem Econômica Constitucional brasileira, a partir do


art. 170 da Constituição Federal de 1988. Para tanto, procuramos comentar isoladamente os
fundamentos, os objetivos e alguns princípios gerais da atividade econômica no Brasil, para com isso
tentar estabelecer mecanismos de interpretação e compreensão da Ordem Econômica Constitucional
brasileira vigente.

2. Ordem Econômica E Constituição Econômica

Para tratarmos da ordem econômica constitucional devemos antes mencionar algumas noções sobre
“ordem econômica” e “Constituição econômica”.

Para Eros Roberto Grau, a ordem econômica, ainda que se oponha a ordem jurídica[1], é usada para
referir-se uma parcela da ordem jurídica, que compõe um sistema de princípios e regras,
compreendendo uma ordem pública, uma ordem privada, uma ordem econômica e uma ordem social
(GRAU, 2004, p. 51).

André Ramos Tavares que também concebe a ordem econômica com uma ordem jurídica da
economia, a define como sendo “a expressão de um certo arranjo econômico, dentro de um
específico sistema econômico, preordenado juridicamente. É a sua estrutura ordenadora, composta
por um conjunto de elementos que confronta um sistema econômico.”(TAVARES, 2006, p. 81).

Vital Moreira assevera que a ordem econômica possui diversos sentidos:

“- em um primeiro sentido, "ordem econômica" é o modo de ser empírico de uma determinada


economia concreta; a expressão, aqui, é termo de um conceito de fato (é conceito do mundo do ser,
portanto);o que o caracteriza é a circunstância de referir-se não a um conjunto de regras ou a normas
reguladoras de relações sociais, mas sim a uma relação entre fenômenos econômicos e matérias, ou
seja, relação entre fatores econômicos concretos;conceito do mundo do ser, exprime a realidade de
uma inerente articulação do econômico como fato;

- em um segundo sentido, "ordem econômica"é expressão que designa o conjunto de todas as


normas(ou regras de conduta), qualquer que seja a sua natureza(jurídica, religiosa, moral etc.), que
respeitam à regulação do comportamento dos sujeitos econômicos; é o sistema normativo( no sentido
sociológico) da ação econômica;

- em um terceiro sentido, "ordem econômica"significa ordem jurídica da economia."


(MOREIRA apud GRAU,. 2004, p. 57-58)

A expressão “ordem econômica” adquiriu dimensão jurídica a partir do momento em que as


constituições dos Estados passaram a discipliná-la sistematicamente, fato este que se iniciou com a
Constituição do México de 31 de janeiro 1917[2] e a Constituição alemã de Weimar de 11 de agosto
de 1919[3]. No Brasil, através da Constituição de 16 de julho 1934.[4]

Neste momento ocorre uma transição de um modelo econômico liberal, pautado na regra do “laissez
faire, laissez passer”, onde o Estado deve abster-se de qualquer regulação, pois melhor do que ele,
“a mão invisível” de que fala Adam Smith regularia a economia. Entra em cena o modelo econômico
intervencionista estatal, inaugurando o Estado Social, que passa a regular sistematicamente a vida
econômica, dando ensejo ao surgimento das chamadas Constituições econômicas.

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DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

Para Vital Moreira a Constituição econômica:

“(...) é pois, o conjunto de preceitos e instituições jurídicas que garantindo os elementos definidores
de um determinado sistema econômico, instituem uma determinada forma de organização e
funcionamento da economia e constituem, por isso mesmo, uma determinada ordem econômica; ou,
de outro modo, aquelas normas ou instituições jurídicas que, dentro de um determinado sistema e
forma econômicos, que garantem e (ou) instauram, realizam uma determinada ordem econômica
concreta” (MOREIRA apud TAVARES, 2006, p. 75).

Com a Constituição econômica, a economia assume feição jurídica, ou seja, ocorre uma juridicização
de temas econômicos em sede constitucional. Já para Eros Roberto Grau, as Constituições
econômicas não ensejaram na verdade a constitucionalização da ordem econômica, posto que “a
ordem econômica, parcela da ordem jurídica, aparece como uma inovação deste século, produto da
substituição da ordem jurídica liberal por uma ordem jurídica intervencionista” (GRAU, 2004, p. 62).
Tal fato implica afirmar que a relativa ausência de normas econômicas em cartas políticas anteriores
não significa a inexistência de uma Constituição econômica e muito menos de uma ordem
econômica.

Diante de todo o exposto, parafraseando André Ramos Tavares, temos que “a ordem econômica
constitucional seria o conjunto de normas que realizam uma determinada ordem econômica no
sentido concreto, dispondo a cerca da forma econômica adotada” (TAVARES, 2006, p. 83.).

3. A Ordem Econômica Constitucional Da Constituição De 1988.

As bases constitucionais do atual sistema econômico brasileiro encontram-se dispostas no Título VII,
“Da Ordem Econômica e Financeira”, nos arts. 170 a 192.

José Afonso da Silva assevera que a ordem econômica, consubstanciada em nossa Constituição
vigente é uma forma econômica capitalista, porque ela se apóia inteiramente na apropriação privada
dos meios de produção e na iniciativa (SILVA, 2001, p. 764). Em outro sentido, Raul Machado Horta
afirma que o texto constitucional na ordem econômica está “impregnada de princípios e soluções
contraditórias. Ora reflete um rumo do capitalismo liberal, consagrando os valores fundamentais
desse sistema ora avança no sentido di intervencionismo sistemático e do dirigismo planificador, com
elementos socializadores”(HORTA apud MORAES, 2008, p. 796.). Vejamos o disposto no art. da
Carta de 1988:

“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto


ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica,


independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.”

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DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

Pela leitura do dispositivo constitucional podemos inferir que a Ordem Econômica Constitucional
brasileira tem como fundamentos a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa privada.

A valorização do trabalho humano é também fundamento da República Federativa do Brasil, nos


termos no art. 1º, inc. IV da CF/88, nos levando a crer que a valorização do trabalho é um princípio, e
mais precisamente, segundo a lição de J. J. Gomes Canotilho, um “principio político
constitucionalmente conformador” (CANOTILHO, 2006, p. 201.). Manoel Gonçalves Ferreira Filho
afirma que a valorização do trabalho é princípio sublinhado pelo constituinte dentro da linha firmada
pela doutrina social da igreja, como sendo um valor cristão (FERREIRA FILHO, 2007, p. 361.). Já
Eros Roberto Grau assevera que esta caracterização principiológica, denota uma preocupação com
um tratamento peculiar ao trabalho que, “em uma sociedade capitalista moderna, peculiariza-se na
medida em o trabalho passa a receber proteção não meramente filantrópica, porém politicamente
racional”. Seguindo este raciocínio e conforme os dizeres de Nagib Slaib Filho, é inegável que o
trabalho diz respeito ao fator social da produção, “porém ele está muito além da necessidade
econômica de suprir as necessidades materiais – é uma necessidade, inerente à natureza humana e
ao instituto da auto preservação e progresso pessoal” (SLAIB FILHO, 2006, p. 702). José Afonso da
Silva por sua vez, alerta que nossa ordem econômica embora de natureza capitalista que “dá
prioridade aos valores do trabalho humano sobre todos os demais valores da economia de mercado”
(SILVA, 2001, p. 766).

A livre iniciativa, como segundo fundamento da ordem econômica, á seu turno, também é fundamento
da República Federativa do Brasil (art. 1º, inc. IV da CF/88). Trata-se, pois, também de “princípio
político constitucionalmente conformador”, que segundo Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano
Nunes Júnior possui uma densidade normativa, da qual se pode extrair a “faculdade de criar e
explorar uma atividade econômica a título privado” e a“ não sujeição a qualquer restrição estatal,
senão em virtude de lei” (ARAUJO; SERRANO JUNIOR, 2006, p. 466). Nesse sentido, salienta André
Ramos Tavares que o postulado da livre iniciativa tem uma conotação normativa positivada (liberdade
a qualquer pessoa) e um viés negativo (imposição da não-intervenção estatal) (TAVARES, 2006, p.
83).

José Afonso da Silva comenta que a livre iniciativa consagra uma economia de mercado, de natureza
capitalista, já que a iniciativa privada é um princípio básico da ordem capitalista, e afirma também que
“a liberdade de iniciativa envolve a liberdade de indústria e comércio ou liberdade de empresa e a
liberdade de contrato”. Porém, em contrapartida, Eros Roberto Grau, reconhece e insiste que a
liberdade de iniciativa não se identifica apenas com a liberdade de empresa, pois ela abrange todas
as formas de produção individuais ou coletivas, dando ensejo às iniciativas privada, cooperativa,
autogestionária e pública (GRAU, 2004, p. 186-187). Contudo, é certo que é fundamental o
reconhecimento de que a livre iniciativa tem seu ponto sensível na chamada liberdade de empresa,
que pode ser entendida sobre três vertentes: “liberdade de investimento ou acesso; liberdade de
organização; liberdade de contratação” (VAZ apud ARAUJO; SERRANO JUNIOR, 2006, p. 465).

É importante registrar também, que estes fundamentos da valorização do trabalho humano e da livre
iniciativa têm por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social.

Existência digna é a finalidade ou objetivo da ordem econômica. Registre-se que o texto


constitucional no art. 1º, inc. III, enaltece também a dignidade da pessoa humana à fundamento da
República Federativa do Brasil. A dignidade da pessoa humana (ou existência digna) fundamenta e
confere unidade não apenas aos direitos fundamentais, mas também à ordem econômica. Nesse
sentido é a conceituação de José Afonso da Silva:

“Dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos
fundamentais do homem, desde o direito à vida. “Concebido como referência constitucional
unificadora de todos os direitos fundamentais [observam Gomes Canotilho e Vital Moreira], o conceito
de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação valorativa que tenha em conta o seu
amplo sentido normativo-constitucional e não uma qualquer idéia apriorística do homem, não
podendo reduzir-se o sentido de dignidade humana à defesa dos direitos pessoais tradicionais,
esquecendo-a nos casos de direitos sociais, ou invoca-la para construir „teoria do núcleo da
personalidade‟ individual, ignorando-a quando se trate de garantir as bases da existência humana.
Daí decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos existência digna (art. 170), a
ordem social visará a realização da justiça social (art. 193), a educação o desenvolvimento da pessoa
e o seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205) etc., não como meros enunciados formais,

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DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

mas como indicadores do conteúdo normativo eficaz da dignidade da pessoa humana”. (SILVA, 2001,
p. 109)

No tocante à ordem econômica ter como conseqüência a justiça social, Manoel Gonçalves Ferreira
Filho observa que esta expressão “justiça social” não possui um sentido unívoco, contudo seu uso é
divulgado especialmente pela doutrina social da Igreja, podendo ser considerada como, a “virtude que
ordena para o bem comum todos os atos humanos exteriores” (FERREIRA FILHO, 2007, p. 359).
Também nesta esteira de raciocínio, Eros Roberto Grau menciona que a “justiça social, inicialmente
quer significar superação das injustiças na repartição, a nível pessoal do produto econômico (...)
passando a consubstanciar exigência de qualquer política econômica capitalista” (GRAU, 2004, p.
208). Vale também ressaltar a lição de José Afonso da Silva que anuncia que a “justiça social só se
realiza mediante eqüitativa distribuição da riqueza” (SILVA, 2001, p. 767.), possibilitando que o
capitalismo se humanize. Ocorre que, segundo Uadi Lammêgo Bulos trata-se de “um dos
instrumentos de tutela dos hipossuficientes (CF, art. 6º) que até hoje, não saiu do papel. O espírito do
neoliberalismo não conseguiu estancar as desigualdades sociais, criadas e produzidas pela iníqua
distribuição de rendas” (BULOS, 2007, p. 1238).

Por fim, para que ordem econômica, cujos fundamentos são a valorização do trabalho humano e a
livre iniciativa, que objetivam assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, deverão ser observados os princípios indicados nos incisos do art. 170 da Carta de Outubro de
1998. Estes princípios, bem como os que já mencionamos, são princípios gerais da atividade
econômica, considerados núcleos condensadores de diretrizes ligados à apropriação privada dos
meios de produção e a livre iniciativa que consubstanciam a ordem capitalista de nossa economia.

O primeiro destes princípios é a soberania nacional, que constitui também um fundamento da


República Federativa do Brasil (art. 1º, inc. I da CF/88) e entre nos figura-se como um dos elementos
constituttivos do Estado, sendo seu elemento formal que implica em supremacia na ordem interna e
independência na ordem externa. Porém, sua inserção na ordem econômica diz respeito à formação
de um capitalismo nacional autônomo e sem ingerências, o não se supõe o isolamento econômico
perante as demais nações. José Afonso da Silva assevera que a soberania nacional econômica, nos
traz a noção de que “o constituinte de 1988 não rompeu com o sistema capitalista, mas quis que se
formasse um capitalismo nacional autônomo, isto é, não dependente” (SILVA, 2001, p. 770).

A Carta Magna inscreveu também a propriedade privada e a sua função social como princípios da
ordem econômica (170, incs. II e III). Não obstante, no art. 5º, incs. XXII e XXIII, da CF/88 existem
normas idênticas, além de vários outros dispositivos constitucionais a respeito onde a propriedade é
tratada como direito individual. Segundo Eros Roberto Grau tal entendimento constitui uma
imprecisão, pois existe distinção entre “função individual” (justificada na garantia de subsistência do
indivíduo e de sua família) e “função social” (justificada pelos seus fins, seus serviços, sua função) da
propriedade (GRAU, 2004, p. 216.). José Afonso da Silva também comenta que as normas
constitucionais relativas à propriedade denotam que ela não pode mais ser considerada como um
direito individual nem como instituição de Direito Privado, e concluí: “por isso, deveria ser prevista
apenas como uma instituição da ordem econômica, como instituição de relações econômicas, como
nas Constituições da Itália (art. 42) e de Portugal (art. 62) (SILVA, 2001, p. 273.).

Assim, deve-se ter em mente que “a propriedade privada vertida sob a ótica de principio da ordem
econômica, é aquela que se insere no processo produtivo, envolvendo basicamente a propriedade –
dita dinâmica – dos bens de consumo e dos bens de produção” (ARAUJO; SERRANO JUNIOR,
2006, p. 467). Quanto aos bens de consumo (aqueles que são consumidos no mercado a satisfazem
as necessidades humanas), nos dizeres de José Afonso da Silva, estes “são imprescindíveis à
própria existência digna das pessoas, e não constituem nunca instrumentos de opressão, pois
satisfazem necessidades diretamente” (SILVA, 2001, p. 790 e 791.). Já quanto os bens de produção
(aqueles que irão gerar outros bens ou rendas), para Eros Roberto Grau, é sobre eles incidindo “que
se realiza a função social da propriedade. Por isso se expressa, em regra, já que os bens de
produção são postos em dinamismo, no capitalismo, em regime de empresa, como função social da
empresa” (GRAU, 2004, p. 216.).

Em linhas gerais, significa dizer que garante-se a propriedade privada dos bens de produção, até
porque estamos diante de um sistema capitalista, contudo seu uso está condicionado à um fim, qual
seja “assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social” (art.170 da CF/88).
Esta é a noção que se extrai da lição de Fábio Konder Comparato:

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DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

“Quando se fala em função social da propriedade não se indicam as restrições ao uso e gozo dos
bens próprios. Estas últimas são limites negativos aos direitos do proprietário, mas a noção de
função, no sentido em que é empregado o termo nesta matéria (e a matéria é precisamente a função
social da propriedade), significa um poder de dar ao objeto da propriedade destino determinado, de
vinculá-lo a certo objetivo. O adjetivo social mostra que este objetivo corresponde ao interesse
coletivo e não ao interesse próprio do dominus; o que não significa que não possa haver
harmonização entre um e outro. Mas, de qualquer modo, se está diante de um interesse coletivo e
essa função social da propriedade corresponde a um poder-dever do proprietário, sancionável pela
ordem jurídica.”

Eros Roberto Grau também menciona que o princípio da função social da propriedade impõe ao
proprietário, ou quem detenha o controle da empresa, o dever de exercê-lo em benefício de outrem, e
não apenas de não o exercer em prejuízo de outrem. Assim, este princípio impõe um comportamento
positivo, prestação de fazer e não meramente de não fazer aos detentores do poder que deflui a
propriedade, ele integra o conceito jurídico positivo da propriedade (GRAU, 2004, p. 222-223.)

Outro princípio expresso é o da livre concorrência (inc. IV), que é definida por André Ramos Tavares
como “a abertura jurídica concedida aos particulares para competirem entre si, em segmento lícito,
objetivando êxito econômico pelas leis de mercado e a contribuição para o desenvolvimento nacional
e a justiça social” (TAVARES, 2006, p. 83). Para grande parte dos doutrinadores a livre concorrência
é um desdobramento da livre iniciativa. Seguindo esta posição Eros Roberto grau a define como “livre
jogo das forças do mercado, na disputa de clientela” (GRAU, 2004, p. 193.). Luiz Alberto David Araújo
e Vidal serrano Nunes Junior asseveram que “seu objetivo é a criação de um mercado ideal,
caracterizado pelo assim chamado „estado de concorrência‟” (ARAUJO; SERRANO JUNIOR, 2006, p.
468).

Também estão inseridos como princípios a defesa do consumidor (inc. V), a defesa do meio ambiente
(inc. VI), a redução das desigualdades regionais e sociais (inc. VII) e a busca do pleno emprego (inc.
VIII). Eles são denominados por José Afonso da Silva como “princípios de integração, porque todos
estão dirigidos a resolver os problemas da marginalização regional ou social” (SILVA, p. 774.).

Por fim temos como último princípio o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte (inc.
IX). Da leitura rápida deste princípio poder-se-ia pensar que se trata de regra contrária a livre
concorrência, contudo este tratamento favorecido, visa proteger os organismos que possuem
menores condições de competitividade em relação às grandes empresas e conglomerados, para que
dessa forma se efetive a liberdade de concorrência e de iniciativa. Nesse sentido proclama Manoel
Gonçalves Ferreira Filho, “numa era de gigantismo empresarial, a sobrevivência das empresas de
pequeno porte é extremamente difícil. São elas, porém, um elemento de equilíbrio e,
consequentemente, merecem um tratamento especial” (FERREIRA FILHO, 2007, p. 362).

4. Conclusão

Por todo o exposto, podemos afirmar que ordem econômica na Constituição de 1988, constitui um
conjunto de normas programáticas de uma Constituição dirigente, ou seja, normas que procuram
dizer para onde e como se vão atribuir os fins do Estado, não apenas o retrato do “mundo do ser”
econômico.

Eros Roberto Grau preleciona que o “artigo 170 prospera, evidenciadamente, no sentido de implantar
uma nova ordem econômica”. [5] É nesse sentido dinâmico que devemos entender a atuação estatal,
que sob a ótica deste tipo de Constituição (dirigente), deve ser empreendida prospectivamente se
manifestando através de planejameto, para se adequar não a apenas “ordem estabelecida do
presente, a defesa do presente, mas também a formulação de uma ordem futura, antecipação do
porvir”.[6]

Desta forma, a ordem econômica na constituição de 1988, sendo objeto de interpretação dinâmica,
poderá ser adequada às mudanças da realidade social, prestando-se, ademais, a instrumentá-las.

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DA OREDEM SOCIAL

Da Ordem Social

Ordem Social Da Constituição Federal

Ordem Social:

Tem como prioridades o trabalho, o objetivo do bem-estar e as justiças sociais.

Seguridade Social:

Subdividida em normas sobre a saúde, previdência e assistência social, é financiada pela sociedade
direta e indiretamente e tem o objetivo de assegurar os direitos da qual se subdivide.

1. A saúde é direito de todos e dever do estado e cabe a este a redução e não agravo do risco de
doenças, a proteção e a recuperação daquela através de políticas econômicas, podendo ser feita por
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e também terceiros.

A Constituição Federal (art. 198) estabelece alguns preceitos e diretrizes relacionados a saúde como:

 descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

 atendimento integral, com prioridade par as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;

 financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) art.195;

 liberdade na assistência à saúde para a iniciativa privada;

 possibilidade de instituições privadas participarem de forma complementar do SUS, com preferência


as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos;

 vedação de recursos públicos para auxílios às entidades privadas com fins lucrativos;

 vedação à participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiras, salvo nos casos
previstos em lei.

Em matéria tangente ao Sistema Único de Saúde a Constituição Federal estabelece (art.200CF):

 controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar


da produção de medicamentos, equipamentos imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

 executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

 ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

 participar da formação da política e da execução das ações de saneamento básico;

 incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;

 fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como
bebidas e água para consumo humano;

 participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e


produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

 colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido e no trabalho.

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DA OREDEM SOCIAL

2. A Previdência social mencionada no art.201CF e complementada com a EC nº 20 de 15 nov 98,


prevê a organização sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, estabelecendo alguns preceitos
em seus incisos como:

 cobertura dos eventos de doenças, invalidez, morte e idade avançada;

 proteção à maternidade, especialmente à gestante;

 proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

 salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

 pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes.

A Constituição Federal garante que os salários de contribuição considerados para o cálculo de


benefício serão atualizados assegurando o reajustamento destes e que nenhum benefício que
substitua o salário de contribuição ou rendimento do trabalho do assegurado terá valor mensal inferior
ao salário mínimo. Ainda vedando a possibilidade de opção em participação exclusiva de plano de
previdência privada, podendo ser este um complemento ao regime geral de previdência social.

No art. 201 parágrafo 7º temos as regras sobre aposentadoria, devendo obedecer as seguintes
condições não cumulativas:

 35 anos de contribuição, se homem e 30 anos de contribuição, se mulher;

 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher;

 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para os
que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o
garimpeiro e o pescador artesanal;

 no caso de professor, 30 anos de contribuição, se homem, e 25 anos de contribuição, se mulher;


desde que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções do magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio.

Na EC nº 20/98 em seu art. 9º assegura a opção da aposentadoria voluntária integral e proporcional.

 53 anos de idade, se homem, e 48 anos de idade, se mulher;

 tempo de contribuição igual, no mínimo, a soma de 35 anos, se homem, e de 30 anos, se mulher; e


um período adicional de contribuição equivalente a 20% do tempo que, na data de publicação da EC
nº 20/98, faltaria para atingir o limite de tempo.

Quanto à aposentadoria proporcional ao tempo de contribuição corresponderá a 70% do valor


máximo que o servidor poderia obter com a aposentadoria integral. Esse valor de 65%, será
acrescido de 5% por ano de contribuição que supere a soma de contribuição até o limite máximo de
100% havendo a necessidade que tenham:

 53 anos de idade, se homem, e 48 anos de idade, se mulher;

 tempo de contribuição igual, no mínimo,à soma de:

 a. 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; e

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DA OREDEM SOCIAL

 b. um período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo de que, na data da publicação


da EC nº 20/98, faltaria para atingir o limite de tempo.

Quanto a previdência privada de caráter complementar , esta tem a prerrogativa de implementar os


benefícios do assegurados respeitando alguns requisitos ressalvados na CF (Caráter
complementar,organização autônoma em relação ao regime geral de previdência social,
independência financeira em relação ao poder público, facultatividade, regulamento por lei
complementar, publicidade de gestão.).

3. Da assistência social (art.203, 204 CF), esta será prestada a quem necessitar, independente de
contribuição, apresentando os seguintes objetivos constitucionais:

 proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice

 o amparo às crianças e adolescentes carentes;

 a promoção da integração ao mercado de trabalho;

 a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à


vida comunitária;

 a garantia de um salário mínimo de benefício mensal ao portador de deficiência e ao idoso que


comprovem não possuir meios de prover á própria manutenção ou de tê-la por sua família.

Da educação:

A CF garante que a educação é direito de todos e dever do estado e da família. Visa esta o
desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho, devendo a qualidade do ensino ser analisada sobre tudo quanto a necessidade e os
padrões da comunidade. Regendo-se pelos seguintes princípios constitucionais:

 igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

 liberdade de aprender, ensinar,pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

 pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e


privadas de ensino;

 gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

 valorização dos profissionais do ensino (plano de carreira, piso salarial, ingresso por concurso
público);

 gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

 garantia de padrão de qualidade.

Art. 214 CF define os objetivos do ensino (erradicação do analfabetismo, universalização do


atendimento escolar, melhoria da qualidade do ensino, formação para o trabalho e promoção
humanística, científica e tecnológica do país).

Art. 207 CF – as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão


financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade.

Art. 211 CF – A união organizará o sistema federal de ensino e dos territórios, financiará as
instituições de ensino público federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e
supletiva, garantindo as oportunidades e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência

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DA OREDEM SOCIAL

técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. Atuando os Municípios
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil, aos Estados e o Distrito Federal
caberá atuar com prioridade no ensino fundamental e médio.

Art. 212 CF- Estabelece que sejam aplicados anualmente pela União, não menos que 18%, e aos
Estados, Distrito Federal e Municípios não menos que 25%, da receita resultante de impostos. Desta
forma a não observância pelo Estado-membro ou Distrito Federal caberá intervenção federal.

Da Cultura:

A CF define que o estado garantirá o acesso à cultura e às fontes culturais nacionais bem como a
proteção dos mesmos, exemplificando um rol de elementos guarnecidos pelo patrimônio cultural
brasileiro como: as formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver, as criações científicas,
artísticas e tecnológicas, as obras, os documentos, as edificações, os conjuntos urbanos e sítios de
valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e outros.

Do Desporto:

O art. 217 CF incentiva práticas desportivas formais e não formais como direito individual, existindo
justiça própria referente aos casos de competições esportivas reguladas em lei.

Da Ciência E Tecnologia:

Prevê constitucionalmente a promoção e incentivo a pesquisas científicas e tecnológicas bem como


facultando aos Estados e ao Distrito Federal destinarem parcela de sua receita orçamentária a
entidades públicas com fins nessas.

Da Comunicação Social E Liberdade De Informação:

Prevista no art. 5º e 220 CF garante o direito a liberdade de expressão da atividade intelectual,


artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, salvo os casos
previstos na própria CF.

Da Garantia Da Fonte:

Tem dupla garantia protegendo o acesso a imprensa e proteção ao acesso à informação pela
sociedade protegendo a fonte informadora quando o assunto for de interesse público, auxiliando a
gestão da coisa pública

Do Meio Ambiente:

A Constituição de 1988 reserva que todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado
(art. 225 CF), dividindo em quatro grupos distintos, quais sejam, regra de garantia, regra de
competência, regras gerais e regras específicas.

Família, criança, adolescente e idoso:

(art. 226 CF) a família é a base da sociedade tendo especial proteção do Estado. A Constituição
impõem regras sobre a regência das relações familiares como:

 cabeça do casal: igualdade entre homem e mulher;

 dissolução do casamento civil, podendo ocorrer o divórcio e outros.

Tutela Das Crianças E Dos Adolescentes:

Tem por finalidade garantir os direitos fundamentais e ainda resguardar casos de proteção especial (

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DA OREDEM SOCIAL

Idade mínima de 16 anos para admissão ao trabalho, aprendiz a partir dos 14 anos de idade, garantia
de direitos previdenciários, e outros.)

Tutela Do Idoso:

Busca amparar o idoso, protegendo sua dignidade e bem-estar dando-lhe garantia do direito à vida.

Índios:

Tem o objetivo de reconhecer a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições e o direito
originário das terras que tradicionalmente ocupam, protegendo e respeitando todos seus bens.

Ordem Social

Introdução

O presente trabalho irá abordar os temas que constituem o Título VIII da Constituição Federal do
Brasil, DA ORDEM SOCIAL.

A Constituição vigente, promulgada em 1988, fora a primeira a tratar, disciplinando em títulos


diversos, a ordem social, até então falava-se apenas em declaração de direitos de forma
generalizada, sem dar a devida atenção que o assunto necessitava.

O legislador constituinte colocou na ORDEM SOCIAL os instrumentos pelos quais serão cumpridos
os fundamentos do Estado Social Democrático e objetivos fundamentais da República no que se
refere à dignidade da pessoa humana e á redução das desigualdades sociais e regionais É extenso o
rol de direitos sociais saúde, a previdência, a assistência social, a educação, a cultura, o desporto, a
ciência e a tecnologia, entre outros _ todos esses direitos são disciplinados pela ORDEM SOCIAL,
que tem como base o primado do trabalho e, como objetivo o bem-estar e a justiça sociais e, esses
temas serão analisados individualmente a seguir no trabalho que nas páginas seguintes dar-se-á
continuidade.

Ordem Social

A base constitucional da Ordem Social é o primado do trabalho, e o objetivo o bem-estar e a justiça


sociais.

A Constituição Federal disciplinou no Título VIII a Ordem Social, dividindo-a em oito capítulos:
Disposição Geral (CF, art. 193); seguridade social (CF, arts. 194 a 204); educação, cultura e desporto
(CF, arts. 205 a 217); ciência e tecnologia (CF, arts. 218 e 219); comunicação social (CF, arts. 220 a
224); meio ambiente (CF, art. 225); família, criança, adolescente e idoso (CF, arts. 226 a 230); índios
(CF, arts. 231 a 232).

Seguridade Social

A seguridade social foi constitucionalmente subdividida em normas sobre a saúde, previdência social
e assistência social, regendo-se pelos princípios da universalidade da cobertura e do atendimento, da
igualdade ou equivalência dos benefícios, da unidade de organização pelo Poder Público e pela
solidariedade financeira, uma vez que é financiada por toda a sociedade.

Parte Geral

Conceito

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social (Art. 194 CF).

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DA OREDEM SOCIAL

Assim determinou a Constituição que a seguridade será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

 do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre afolha
de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados - a qualquer título, à pessoa física
que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício -, a receita ou o faturamento; o lucro;

 do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da
Constituição Federal. Dessa forma, a partir da EC nQ 20/98 é inadmissível a incidência de
contribuição sobre proventos de inatividade e pensões.2 · sobre a receita de concursos de
prognósticos.

O art. 195 e incisos da Constituição Federal, ao disporem sobre o custeio da seguridade social, não
prevê contribuição a cargo dos aposentados e pensionistas, sendo vedado aos Estados-membros ou
Municípios editarem disciplina em contrário, seja nas Constituições Estaduais, seja nas respectivas
Leis Orgânicas Municipais.

 Sobre a receita de concursos de prognósticos;

 Do importador de bens ou serviços do exterior.

Objetivos

A Constituição Federal determina competir ao Poder Público a organização, nos termos da lei, da
seguridade social, com a observância obrigatória dos seguintes objetivos:

 universalidade da cobertura e do atendimento;

 uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

 seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

 irredutibilidade do valor dos benefícios;

 eqüidade na forma de participação no custeio;

 diversidade da base de financiamento;

 caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, mediante a gestão quadripartite,


com a participação dos trabalhadores, dos empregados, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.

SAÚDE

Conceito

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (CF, art. 196), sendo de relevância pública as
ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou por meio de
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado (CF, art. 197).

Diretrizes E Preceitos Constitucionais Relacionados À Saúde

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DA OREDEM SOCIAL

O art. 198 da Constituição Federal estabelece que as ações e os serviços públicos de saúde integram
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com
as seguintes diretrizes e preceitos:

 descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

 atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;

 participação da comunidade;

 financiamento do Sistema Único de Saúde nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras
fontes. A Emenda Constitucional nQ 20/98 estabeleceu que a lei definirá os critérios de transferência
de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da União para os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva
contrapartida de recursos (CF, art. 195, § 10);

 liberdade na assistência à saúde para a iniciativa privada;

 possibilidade de as instituições privadas...

Introdução À Ordem Social

De acordo com a Constituição Federal, a ordem social possuiu como base o primado do trabalho, tem
como objetivo o bem-estar e a justiça social e se harmoniza com a ordem econômica.

Os temas da ordem social a serem estudados dividem-se em: seguridade social; ordem constitucional
da cultura; família, criança, adolescentes e idosos; e dos índios.

Da Seguridade Social

O conteúdo compreende o conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,


destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Ela é regida pelos princípios da universalidade da cobertura e do atendimento, da igualdade, da


unidade de organização, e da solidariedade financeira. Os financiamentos da seguridade social são
provenientes de toda a sociedade, indireta ou diretamente, assim como de recursos vindos dos
orçamentos públicos e contribuições sociais.

Saúde

É concebida como direito de todos (princípio de universalidade e igualdade) e dever do Estado, que
deve garanti-la mediante políticas sociais e econômicas. As ações e serviços de saúde são sujeitos
exclusivamente à regulamentação, fiscalização e controle do Poder Público, que pode executá-los
diretamente ou por terceiros, pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o meio pelo qual o Poder Público busca atender esse direito. O
programa é financiado com recursos do orçamento da seguridade social da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

A Constituição Federal também admite a iniciativa privada como uma participação complementar ao
SUS, sendo, porém, vedada a destinação de recursos públicos para auxílios às instituições privadas
com fins lucrativos.

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DA OREDEM SOCIAL

Previdência Social

Segundo a Constituição Federal, a previdência social será organizada sob a forma de regime geral,
de caráter contributivo e de filiação obrigatória, e compreende prestações de benefícios e serviços.

Os benefícios previdenciários são prestações pecuniárias aos segurados e a qualquer pessoa que
contribuiu para a previdência social, abrangendo os seguintes tópicos: auxílios por doença,
maternidade, reclusão e funeral; seguro-desemprego; salário-família; pensão por morte do segurado;
aposentadoria por invalidez, tempo de contribuição ou por idade.

Quanto a retribuição da aposentadoria (chamada de proventos), ela é calculada com base no salário
de contribuição, cujo máximo depende de fixação legal. É permitido que pessoas de altos salários
complementem sua aposentadoria pagando contribuição adicional.

Os serviços previdenciários compreendem apenas o serviço social e o serviço de habilitação e


reabilitação profissional. O serviço social visa prestar orientação e apoio em relação a solução de
problemas pessoais e familiares e à melhoria de sua inter-relação com a previdência social. Já os
serviços de habilitação e reabilitação tem como objetivo proporcionar ao beneficiário incapacitado
para o trabalho e aos indivíduos com deficiência, os meios para sua participação no mercado de
trabalho e no contexto em que vivem.

O regime de previdência social é considerado público, já que é instituído e mantido pelo Estado, e
obrigatório, porque a ele tem que se filiar todos os trabalhadores no regime CLT. No entanto, o
regime de previdência complementar é privado e facultativo, pois é destinado a suplementar os
benefícios previdenciários para aqueles que a ele aderirem. O regime complementar é composto por
entidades fechadas (formas de fundação ou sociedades de fins não lucrativos) e entidades abertas
(forma de sociedade anônima, acessíveis a qualquer pessoa física).

Há o direito adquirido à aposentadoria e a pensão, e ainda o direito de opção à aposentadoria para o


regime geral quando atender aos seguintes requisitos: I- constar cinquenta e três anos de idade
(indivíduos do sexo masculino) e quarenta e oito anos (indivíduos do sexo feminino); II- tempo de
contribuição (trinta e cinco anos se homem e trinta se mulher) ou período adicional de contribuição
equivalente a vinte por cento do tempo que faltava para atingir o limite de tempo.

Assistência Social

Os benefícios e serviços assistenciários são prestados a todos indivíduos que deles necessitarem, e
não dependem de qualquer tipo de contribuição ao Estado. A assistência social abrange as hipóteses
de: proteção à família, maternidade, à velhice, à infância e à adolescência aos carentes; promoção da
integração ao trabalho; habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiências; e garantia
de um salário-mínimo à pessoa deficiente e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a
própria manutenção. Também é dever da União instituir um programa de renda mínima destinado a
assegurar a subsistência das pessoas e famílias de baixa renda.

Questão De Ordem

A constituição de 1988 teve relevante influência cultural, formando aquilo que se denomina Ordem
Constitucional da Cultura.

Educação

A educação é um atributo da pessoa humana e deve ser comum á todos. Esta faz parte do serviço
público essencial e por isso não deve ser confiada à iniciativa privada, para não ser designada
apenas aqueles que têm posses.

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DA OREDEM SOCIAL

Princípios Básicos Do Ensino

Os objetivos da educação só se realizarão em um sistema educacional democrático, onde a escola


concretiza o direito ao ensino.

Autonomia Universitária

A universidade é uma instituição que deve patrocinar a independência e o novo saber, em educação
e pesquisas. Por isso, necessitada a autonomia.

Ensino Público

A constituição prefere o ensino público para que o poder público cumpra sua função, garantindo o
mínimo como: Ensino fundamental obrigatório, atendimento educacional para aquelas que não
tiveram em sua idade, educação especializada aos deficientes, creche e pré-escola e oportunidade
as níveis mais elevados do ensino. O dever de proporcional isso é da União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios.

Ensino Pago E Ensino Gratuito

De acordo com a constituição, o ensino que é gratuito jamais deverá se tornar pago e o pago deve se
tornar progressivamente gratuito. Porém, apesar da educação se direito de todos, não há como negar
que as instituições de ensino pagas apresentam melhor desenvolvimento e assim, a desigualdade
social é construída.

Cultura E Direitos Culturais

A constituição estatui que é dever do Estado garantir pleno exercícios dos direitos culturais e acesso
as fontes de culturas, a todos. Sendo assim, patrimônios históricos são de poder público constituem o
chamado “Patrimônio cultural brasileiro”.

Desporto

É dever do estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um.

Ciência E Tecnologia

É dever do Estado promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação


tecnológica.

O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o


desenvolvimento cultural e sócio econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do
País, nos termos da lei federal.

Comunicação Social

Em relação à comunicação social, a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e


de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.

A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são


privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de
comunicação social.

Além disso, os meios de comunicação social eletrônica deverão observar os princípios enunciados no
art. 221, na forma de lei específica, que garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na
execução de produções nacionais.

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DA OREDEM SOCIAL

Meio Ambiente

Viver em um meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos, com a natureza de


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Nesse sentido, é imposto ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações.

Os meios de atuação do Poder Público para assegurar a efetividade desse direito são arrolados no §
1º do art. 225. Além disso, a Constituição Federaltambém impõe condutas preservacionistas a
quantos possam, direta ou indiretamente, gerar danos ao meio ambiente. É dado ênfase à ação
preventiva, mas também se aborda sobre medidas repressivas, ao exigir a recuperação do meio
ambiente degradado por atividades regulares e sujeitar as condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente a sanções penais e administrativas, sem prejuízo da obrigação de reparar os danos
causados.

Além disso, consideramos patrimônio nacional a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira. A utilização econômica desses
patrimônios é admissível, na forma da lei, apenas dentro de condições que assegurem a preservação
do meio ambiente.

A Família

A entidade familiar é entendida como a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes, e também como a união estável entre homem e mulher. Em qualquer desses casos,
a Constituição estabelece que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher.

Já o casamento é civil e de gratuita celebração, podendo ele ser dissolvido pelo divórcio, sem
necessidade de prévia separação.

Em relação ao planejamento familiar, este é fundamentado na dignidade da pessoa humana e na


paternidade responsável (consciente). Segundo a Constituição Federal, o planejamento familiar é um
direito de livre decisão do casal, vedando qualquer forma coercitiva por parte de instituições públicas
ou privadas. Só seria competência do Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o seu
exercício.

A família é entendida como uma comunidade composta, em regra, de pais e filhos, aos quais
a Constituição imputa direitos e deveres recíprocos. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, ao passo que os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice,
carência ou enfermidade.

Além disso, é vedada qualquer tipo de desigualdade ou desqualificação em relação aos filhos, sejam
eles adventos de adoção, ou fruto de casamento ou não.

Tutela Da Criança, Do Adolescente E Do Jovem

A família, juntamente com o Estado e a sociedade, tem o dever de assegurar os direitos


fundamentais da criança, do adolescente e do jovem enumerados no art. 227. Para o cumprimento
desse dever, deve-se proteger esses direitos de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

A Constituição Federal ainda prevê detalhadamente direitos e situações subjetivos de vantagens das
crianças, adolescentes, e dos jovens, além de estatuir normas tutelares de menores e postular
punição severa ao abuso, violência e exploração sexual da criança, do adolescente e do jovem.

Exemplo de norma relevante refere-se ao direito de filiação, reconhecendo igualdade de direitos e


qualificações aos filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, proibidas

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DA OREDEM SOCIAL

designações discriminatórias a ela relativas. Também é admitida a adoção de crianças brasileiras por
estrangeiro, desde que assistido pelo Poder Público, na forma da lei e nos casos e condições por
esta estabelecidos.

Tutela De Idosos

A sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar, garantindo-lhes o direito à vida, o benefício de
um salário mínimo mensal (ao idoso que comprove não possuir meios de prover a própria
manutenção) e a gratuidade dos transportes urbanos aos maiores de sessenta e cinco anos.

Fundamentos Constitucionais Dos Direitos Indígenas

A constituição de 1988 revela um esforço constituinte para que as normas protejam os direitos dos
índios e apesar de não ser plenamente satisfatória, é um largo passo de conquista indígena.

Organização Social Dos Índios: Comunidade, Etnia E Nação

A constituição reconheceu a existência da organização social, dos costumes e etnia dos índios porém
recuso o emprego da expressão “Não indígena” pois indica uma falsa premissa que essa nação se
confunde com o Estado.

Direitos Sobre As Terras Indígenas

A questão da terra é o ponto principal dos direitos indígenas, pois para eles, essas terras
representam sobrevivência física e cultural, apesar de não terem domínios formais sobre as terras.
A constituição definiu, a poder de preservação, que as terras são de poder da União e
tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Terras Tradicionalmente Ocupadas Por Índios

São terras pertencentes à União onde os índios produzem o necessário para sua sobrevivência e
cultura. Se diferencia de usucapião.

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Das Disposições Gerais E Disposições Transitórias

Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e o seu desvirtuamento

Disposições Constitucionais Transitórias são encontradas nas Constituições brasileiras anteriores,


exceto na primeira, de 1824.

Nas Constituições de 1891, 1934 e 1946, assim como na atual, de 1988, o ADCT aparece como ato
destacado, possuindo, respectivamente, 8, 26 e 36 artigos, sendo que, na redação original,
promulgada em 5 de outubro de 1988, o texto continha 70 artigos, estando, atualmente, conforme
apontado, com 97, tendo em vista reformas constitucionais introduzidas por emendas.

Nos textos autoritários de 1937, 1967 e na EC n. 1/69, as disposições transitórias foram apresentadas
em conjunto, no mesmo título, com as disposições finais ou gerais.

Outra característica interessante dos textos nos quais o ADCT se apresenta de forma destacada
(inclusive com promulgação autônoma em relação às disposições do corpo) é a particular técnica
redacional de se iniciar uma nova numeração dos artigos, bem como a inexistência de divisão em
títulos, capítulos, seções ou subseções.

Conforme anotou Raul Machado Horta, ―os temas são tratados indistintamente, sem a preocupação
de ordenação, unidade e sistematização. É o terreno do depósito residual, da miscelânea e da
mistura normativa. O traço que aproxima as normas heterogêneas é a temporariedade e a
transitoriedade‖ (Raul Machado Horta, Direito constitucional, 5. ed., p. 264).

E Qual Seria A Sua Finalidade?

A finalidade do ADCT é estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico e o novo,
instituído pela manifestação do poder constituinte originário, providenciando a acomodação e a
transição do antigo e do novo direito edificado.

Segundo Barroso, ―destinam-se as normas dessa natureza a auxiliar na transição de uma ordem
jurídica para outra, procurando neutralizar os efeitos nocivos desse confronto, no tempo, entre regras
de igual hierarquia — Constituição nova versus Constituição velha — e de hierarquia diversa —
Constituição nova versus ordem ordinária preexistente‖, interligando-se, portanto, nesse sentido, com
o instituto da recepção (Luís Roberto Barroso, Disposições constitucionais transitórias..., p. 491, in:
CLÈVE, C. M.; BARROSO, L. R. (Org.). Doutrinas essenciais direito constitucional, RT, 2011. v. 1, p.
489-505).

Assim, observa-se, por consequência, que, historicamente, algumas constituições, em outros países,
não estabeleceram regras de transição, especialmente quando o novo regime apresentava-se
totalmente desvinculado da organização político-jurídica que até então vigorava, rompendo-se de
modo revolucionário.

A finalidade do ADCT é estabelecer regras de transição entre o antigo ordenamento jurídico e o


novo...

Como exemplo, podemos identificar a Constituição norte-americana de 1787, que estabeleceu a


federação (superando o imperialismo britânico e extinguindo o modelo confederativo), bem como a
francesa de 1791, que, abolindo o feudalismo e o antigo regime, consagrou ―(...) a Monarquia
Constitucional, a representação política fundada na soberania nacional e os direitos naturais e
imprescritíveis do homem: a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão‖ (Raul
Machado Horta, Direito constitucional, 5. ed., p. 261).

Nesse sentido, ―as Constituições vinculadas às transformações profundas da ordem social, política e
econômica não se preocupam com a inclusão de normas ou disposições transitórias em seu texto.
Voltadas para a edificação de nova Sociedade, as Constituições revolucionárias, que demoliram e
substituíram os fundamentos do antigo regime, não se interessam pelas normas de acomodação e de
transição entre o direito anterior e o novo direito. A teleologia do constitucionalismo revolucionário
repele acomodações que embaraçam a construção do novo Direito e a edificação criadora de nova
estrutura social, política e econômica‖(Horta, R. M., op. cit., p. 262).

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Em essência, as disposições transitórias, como o próprio nome já sinaliza, exercem o papel de


acomodação e transição do ordenamento jurídico anterior com a nova ordem constitucional.

Por natureza, portanto, diante de sua eficácia temporária (essa a ideia das disposições de transição),
após produzirem os seus efeitos, ou diante do advento da condição ou termo estabelecidos, esgotam-
se, tornando-se normas de eficácia exaurida.

Nesse momento, aponta José Afonso da Silva, a norma do ADCT que se esgotou ―... não é mais
norma jurídica, mas simples proposição sintática, com valor meramente histórico‖, não mais se
restabelecendo (Comentário contextual à Constituição, 8. ed., p. 913-914).

Portanto, concordamos com Raul Machado Horta ao afirmar que ―norma permanente nas Disposições
Transitórias é norma anômala. Foi dessa categoria o conhecido art. 180 da Carta de 1937, que,
prevendo competência transitória do Presidente da República — ‗enquanto não se reunir o
Parlamento Nacional‘ —, como a condição não se verificou na vigência da Carta de 1937, o art. 180
tornou-se regra permanente, para fundamentar a pletórica atividade legislativa do Presidente da
República na via dos Decretos-leis‖ (op. cit., p. 262).

Cabe alertar que a essência do ADCT vem sendo desvirtuada pelo constituinte reformador, que, por
vezes, introduziu, por emenda, normas permanentes, sem qualquer conteúdo de direito intertemporal
e sem qualquer conexão com o momento de transição, em total atecnia legislativa, como, por
exemplo, o seu art. 96 (acrescentado pela EC n. 57/2008), que, de modo inconstitucional (e, por que
não dizer, imoral), convalidou a criação de municípios em total violação ao art. 18, § 4.º, CF/88.

O Que São Disposições Gerais?

A designação DISPOSIÇÕES GERAIS pode aparecer no início da lei ou de algum de seus capítulos,
tendo a mesma função das disposições preliminares.

Também pode aparecer no final do texto de lei, com o objetivo de reunir:

- preceitos comuns a mais de um capítulo do texto;

- preceitos autônomos e desvinculados das demais divisões do texto;

- preceitos destinados a operacionalizar a aplicação da nova lei;

- preceitos que estabelecem o direito aplicável a situação em que há mudança no regime legal
(normas intertemporais).

Das Disposições Gerais

Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública
e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art.
48 de suas Disposições Transitórias.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,


inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista.

Ato Das Disposições Constitucionais Transitórias

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Este trabalho visa fazer um estudo sobre a ADCT – ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS
TRANSITÓRIAS da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, buscando explicar qual
é a sua natureza jurídica, qual é a sua função, qual a sua utilidade, bem como demonstrar a forma
como a mesma vem sendo utilizada no Brasil.

Iremos analisar que o próprio conceito da ADCT já nos guia para o entendimento de qual é a sua
natureza jurídica, porém, iremos procurar demonstrar que o tratamento que lhe é dado pelos nossos
constituintes desvirtuou o objeto do referido instituto.

Precisaremos abordar alguns conceitos, como, por exemplo, o conceito de Poder Constituinte
Originário e de Poder Constituinte Derivado. Não iremos nos aprofundar no estudo dessas matérias,
para não fugirmos do objetivo do nosso trabalho, entretanto, não podemos estudar a ADCT,
ou o ADCT, uma vez que estamos tratando do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, sem
termos uma breve noção sobre outros assuntos pertinentes.

Nosso trabalho será baseado primordialmente no estudo doutrinário, incluindo aqui alguns artigos
retirados da Internet, mas tentaremos também trazer a tona à visão jurisprudencial, bem como
analisar a atuação dos nossos legisladores.

Talvez a atuação dos nossos constituintes atuais não seja o suficiente para chegarmos a uma
conclusão de qual é a real função do ADCT, porém poderemos visualizar o modo como o mesmo é
encarado.

Ao final, tentaremos procurar demonstrar qual é o real objetivo da existência do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, bem como qual é a melhor forma de preservar o fim dos nossos
constituintes originários.

Capítulo I

A partir de agora tentaremos demonstrar o que é o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
explicitando qual é a sua natureza jurídica, bem como trazendo a tona outros temas pertinentes.

Da Natureza Jurídica

Não há dúvida de que o ADCT é uma norma constitucional, não só porque foi elaborado pelos nossos
constituintes de 1988, como também em face do fato do mesmo só ser alterado por Emenda
Constitucional.

Entretanto, se analisarmos a Constituição de 1988, perceberemos que o ADCT foi inserido fora do
texto constitucional, tendo, inclusive, uma numeração própria, diferentemente do que acontece, por
exemplo, no Código de Processo Civil, no que tange as suas disposições finais e transitórias.

Porém, ao que parece, não existem discussões relevantes acerca do fato da ADCT trazer normas
constitucionais, uma vez que, assim como foi explicitado acima, é com esse status que ele vem
sendo encarado pelos nossos legisladores, bem como pelos nossos tribunais.

A dúvida maior é saber o que o nosso constituinte quis dizer com o termo ―transitórias‖.

Segundo o Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Ferreira, 1977, p.476), transitório quer dizer:
de pouca duração, passageiro, efêmero.

Assim sendo, com base no conceito acima, as normas do ADCT só deveriam vigorar por algum
tempo.

De fato, alguns dos seus dispositivos nos dão essa impressão, como, por exemplo, o caput do artigo
77, in verbis: Até o exercício financeiro de 2004, os recursos mínimos aplicados nas ações e serviços
públicos de saúde serão equivalentes: (...).

Conforme podemos verificar, a referida norma constitucional teve uma vida efêmera, pois, na
presente data, já deixou de vigorar.

Por outro lado, diz o artigo 15 da ADCT, in verbis: Fica extinto o Território Federal de Fernando de
Noronha, sendo sua área incorporada ao Estado de Pernambuco.

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Não há como dizer que o dispositivo acima é uma norma temporária, pelo contrário, ele acaba com as
discussões que existiam em torno da propriedade de Fernando de Noronha, passando o ex-Território
para os domínios do Estado de Pernambuco de forma definitiva, não apenas por um prazo
determinado.

Assim sendo, não podemos dizer que o ADCT traz apenas normas de pouca duração.

Além disso, ao dizermos que existe um local destinado para as normas passageiras, corremos o risco
de afirmar, a contrario sensu, que as demais normas são permanentes, o que não é verdade, pois,
tirando as Cláusulas Pétreas, todos os demais dispositivos da nossa atual Constituição podem ser
modificados pelo poder constituinte derivado reformador, podendo então vir a deixarem de existir.

Desse modo, acreditamos que quando o constituinte originário utilizou-se da expressão ―transitória‖,
ele quis dizer que as referidas normas buscavam a transição de um ordenamento jurídico para outro,
uma vez que a Constituição de 1988, decorrente do poder Constituinte originário, que como sabemos
é autônomo, fez com que passássemos a ser regidos por outra ordem jurídica totalmente
desvinculada da Constituição anterior.

Nesse sentido, Luís Roberto Barroso, ao falar das disposições transitórias, diz que as mesmas
significam: ―a influência do passado com o presente, a positividade que se impõe com aquela que se
esvai‖ (BARROSO, 1993, p,310).

Pelas palavras do referido autor, fica claro que o mesmo entende que a função maior da ADCT é
justamente fazer uma transição entre o ordenamento jurídico que se vai com o ordenamento jurídico
que chega, sendo esse também o entendimento de do autor francês Paul Roubier, ao dizer que as
disposições transitórias: têm por finalidade estabelecer um regime intermediário entre duas leis,
permitindo a conciliação das situações jurídicas pendentes com a nova ordem
legislativa (ROUBIER, apud FERRAZ, 1999, p. 56)

Daí surge a maior finalidade de uma ADCT, qual seja, fazer um elo de ligação entre duas
constituições, evitando, assim, um colapso decorrente da referida transição, o que teria acontecido se
o nosso Texto Magno não trouxesse o artigo 19, que foi criticado por muitos, sendo apelidado de
―Trem da alegria‖, uma vez que efetivou os funcionários públicos que ingressaram no poder público a
mais de cinco anos, sem a realização de concurso público.

Porém, a feitura do referido artigo 19 teve suma importância, pois seria nefasto para o andamento da
administração pública se todos os funcionários públicos não concursados fossem demitidos, vez que
não haveria material humano para tocar o país durante o tempo necessário para a realização de
novas seleções públicas. Em um primeiro momento nós poderíamos pensar que o ideal seria que
esses funcionários ficassem no serviço público durante um prazo determinado, prazo esse suficiente
para realização de novos concursos, porém, o país correria o risco de muitos não se interessarem em
continuar em um trabalho sem estabilidade.

Desse modo, tendo em vista tudo que foi acima aludido, chegamos à conclusão que os dispositivos
do ADCT têm natureza jurídica de normas constitucionais de transição, sejam temporárias ou não,
fazendo parte do que Raul Rocha Machado chama de Direito Transitório (HORTA, 1995, P.321),
apesar de reconhecermos que muitas de suas regras só vigoram durante certo espaço de tempo.

Outrossim, não há dúvida de que as mesmas são normas constitucionais, embasando esse último
entendimento, vamos encerrar esse tópico com as palavras do mestre português Canotilho, ao falar
do que ele chama de princípio da unidade da constituição:

‗Significa que todas as normas contidas numa Constituição formal têm igual dignidade (não há
normas só formais, nem hierarquia de supra-infra-ordenação dentro da lei constitucional) princípio do
qual extrai a rejeição de duas teses: a tese da antinomias das normativas e a tese das normas
constitucionais inconstitucionais‖. (CANOTILHO, 1982, p.190)

Como o nosso texto não é um trabalho forense e sim um trabalho acadêmico, onde não devemos tão
somente exaltar as pessoas que nós citamos e sim fazer uma análise de suas palavras, nós temos
que fazer uma crítica a uma parte das palavras do professor da Faculdade de Coimbra.

Acreditamos que existem normas constitucionais inconstitucionais, uma vez que existe a

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

possibilidade de uma emenda constitucional padecer desse vício, haja vista que o poder constituinte
derivado é limitado pelo poder constituinte originário, de modo que se os nossos constituintes atuais
ultrapassarem os limites dados pelo texto originário de 1988, nós poderemos ter a feitura de uma
emenda constitucional inconstitucional, como essas últimas são também consideradas leis
constitucionais, tendo em vista que passam a integrar o texto da constituição, teremos, nesse caso,
normas constitucionais inconstitucionais. O próprio Supremo Tribunal Federal – STF se pronunciou
nesse sentido na ADIn 939 – DF, onde considerou a Emenda Constitucional número 3/93, que
instituiu o Imposto sobre Movimentação Financeira, inconstitucional.

Da Divisão De José Afonso Da Silva E Outras Discussões Relevantes

José Afonso da Silva (SILVA, 2005, p. 44 e 45) traz uma divisão muito esclarecedora dos elementos
das constituições, senão vejamos:

(1) Elementos orgânicos, são os elementos que regulam a estrutura do Estado e do Poder, como os
dispositivos que regulam as Forças Armadas.

(2) Elementos limitativos, são os que trazem a substância dos direitos e garantias fundamentais,
como os direitos individuais e suas garantias.

(3) Elementos Sócio-ideológicos, regulam a relação do Estado individualista com o Estado Social,
como o Título que trata Da Ordem Econômica e Financeira.

(4) Elementos de estabilização constitucional, tratam de buscar a solução de conflitos constitucionais,


a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas, como o Título que regula o
Estado de Defesa.

(5) Elementos formais de aplicabilidade, são os que trazem as regras da constituição, como o
preâmbulo e a ADCT.

Tendo em vista a divisão acima, chegamos à conclusão que o professor da Universidade de São
Paulo considerou as normas do ADCT como regras de aplicabilidade, ou seja, elas ajudariam a
Constituição de 1988 a ter eficácia.

Conforme a exposição no tópico anterior, já demonstramos nosso entendimento no sentido de


consideramos que o instituto objeto desse estudo traz normas de transição.

Entretanto, acreditamos que não nos afastamos da divisão dada por José Afonso, uma vez que
quando as regras transitórias em tela protegem o novo ordenamento jurídico, elas dão uma base de
sustentação para que os dispositivos constitucionais possam vir a ser aplicados, haja vista que só um
ordenamento jurídico em perfeito funcionamento é capaz de suportar novas regras.

Outrossim, quando o referido autor insere o ADCT dentro de uma classificação dos elementos da
Constituição, ele ratifica o nosso entendimento no sentido de considerar que não existem discussões
a respeito do fato do mesmo trazer normas também constitucionais. O mesmo autor afirma isso em
outra obra ao dizer: As normas das disposições transitórias fazem parte integrante da Constituição.
Tendo sido elaboradas e promulgadas pelo constituinte, revestem-se do mesmo valor jurídico da
parte permanente da Constituição (SILVA, 1982, p.190).

Não obstante o referido autor embasar o entendimento acima mencionado, ousamos não concordar
plenamente com as suas palavras supracitadas, uma vez que o mesmo deixa a entender que as
normas do ADCT são transitórias, bem como que as demais são permanentes.

Como já explicamos, acreditamos que as normas do ADCT não são sempre temporárias, bem como
as demais, salvo as Cláusulas Pétreas, não são permanentes. Aliás, nesse último aspecto, os nossos
constituintes não nos deixam mentir, uma vez já realizaram sessenta e sete Emendas
Constitucionais, além das emendas de revisão, muitas delas, assim como veremos adiante, alterando
as próprias normas dos Atos de Disposições Constitucionais Transitórias.

Em verdade, não podemos dizer sequer que as Cláusulas Pétreas são permanentes, uma vez que se
for instalada uma nova Assembléia Nacional Constituinte, com a conseqüente elaboração de uma
nova Constituição, ou até mesmo se, através de uma revolução, for outorgado um novo texto

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

constitucional em sua plenitude, as cláusulas ditas imutáveis poderão ser modificadas, tendo em vista
que o poder constituinte originário é ilimitado, autônomo e incondicional, ou seja, não sofre qualquer
limite oriundo do texto anterior, seja vertical, seja horizontal; tem existência e validade independentes
da antiga Constituição; e elabora as suas normas sem obedecer a qualquer regra oriunda do antigo
ordenamento jurídico.

Passemos agora a fazer um estudo sobre a possibilidade de modificação dos de Disposições


Constitucionais Transitórias.

Da Mutabilidade Do ADCT

Conforme já foi mencionado no decorrer de nossa explanação, acreditamos que as nossas


Disposições Transitórias têm como fim precípuo evitar um colapso entre um ordenamento jurídico e
outro.

Assim sendo, ao que parece, não teria o mínimo sentido qualquer modificação nas suas normas após
a sua criação, uma vez que só existe mudança no ordenamento jurídico quando uma nova
constituição é criada.

Acontece que boa parte das nossas emendas constitucionais modificou os Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias, como as de número 10, 21 e 29.

Não existe dúvida de que o Supremo Tribunal Federal – STF aceita a possibilidade do ADCT ser
modificado, caso contrário muitas emendas constitucionais teriam sido declaradas inconstitucionais.
Mas qual é a explicação para esse fenômeno?

Assim como já mencionamos, as normas inseridas nas referidas disposições são normas
constitucionais, de modo que não existe hierarquia entre elas e os demais dispositivos da Carta
Magna brasileira. Desta feita, ao que parece, elas só poderiam não ser modificadas se estivessem
inseridas dentre as Cláusulas Pétreas, pois senão elas teriam mais ―força‖ ou mais importância do
que as demais normas constitucionais.

Acontece que se o ADCT tem como função evitar um colapso quando da mudança de ordenamento
jurídico não deveria haver utilidade em suas normas serem alteradas, ou seja, essas modificações
desvirtuam o fim do instituto. Nesse sentido, Anna Cândida da Cunha Ferraz, após reconhecer a
possibilidade das Disposições Transitórias serem reformadas, afirma que elas enfrentam o seguinte
limite: o da compatibilidade da ―modificação‖ com a ―finalidade‖ do regramento contido em suas
disposições.(FERRAZ, 1999, p.60).

Nesse diapasão, se não podemos negar a possibilidade das referidas normas serem alteradas, uma
vez que não são Cláusulas Pétreas, não podemos por outro lado aceitar que as alterações nas
mesmas estejam em desacordo com a sua finalidade. Nesse último caso, a alteração poderá até ser
formalmente constitucional, mas será materialmente inconstitucional.

Desse modo, se a finalidade da ADCT é trazer normas com fito de fazer uma tranquila transição entre
um ordenamento jurídico e outro, poderemos considerar que as emendas não poderão inserir normas
com outros objetivos. É verdade que o próprio constituinte de 1988 inseriu no ADCT normas com
finalidades diversas da por nós apontada, como no caso do artigo 48, que estabeleceu um prazo para
a elaboração do Código de Defesa do Consumidor. Porém, ao contrário do poder constituinte
derivado, o poder constituinte originário não pode ser declarado inconstitucional, estando totalmente
livre para ditar o seu conteúdo, uma vez que é autônomo, ilimitado e incondicionado.

De qualquer forma, as emendas devem respeitar o ato jurídico perfeito, não podendo alterar as
normas das Disposições Transitórias que já surtiram efeito. Como o já citado artigo 48, uma vez que o
Código de Defesa do Consumidor já foi criado. Pensar de outra seria ferir um dos mais comezinhos
princípios do Direito, qual seja, o da segurança jurídica.

Conclusão

Infelizmente, encontramos uma enorme dificuldade em fazermos uma pesquisa mais aprofundada,
uma vez que a dificuldade para conseguirmos doutrina qualificada para o nosso estudo foi imensa.

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DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Ao que parece, os nossos manuais não se preocupam com o aprofundamento do assunto em tela,
talvez os nossos doutrinadores não tenham se atinado para a importância do referido instituto. Por
outro lado, talvez pelo mesmo motivo, não há uma grande diversidade de obras que tratem sobre o
assunto.

Entretanto, podemos tirar algumas conclusões.

A primeira delas é que, ao que parece, a finalidade das normas do ADCT, ou ao menos a principal
finalidade, é fazer uma transição pacífica de um ordenamento jurídico, à luz de uma Constituição,
para outro, à luz de um novo Texto Constitucional.

Para cumprir esse objetivo, a maioria dos seus dispositivos traz normas temporárias, entretanto a
efemeridade não é um requisito para a existência das referidas normas e nem também um
pressuposto de validade.

Existe a possibilidade das normas em tela serem alteradas, pois não são Cláusulas Pétreas,
entretanto, essas mudanças não podem desvirtuar o fim primordial do instituto, além disso, a reforma
deve obedecer ao ato jurídico perfeito, não alterando as normas que já surtiram os seus efeitos.

Por derradeiro, acreditamos que o ADCT foi muito importante quando da criação do Texto Maior de
1988, e poderá continuar sendo, mesmo sofrendo mudanças, desde que as mesmas não agridam o
que parece ser o seu principal fim: evitar que a nossa Constituição Cidadã traga malefícios
insuperáveis para o povo brasileiro.

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