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23/12/2023, 21:24 Constituição – Wikipédia, a enciclopédia livre

Constituição
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Uma constituição[nota 1] é o conjunto de normas jurídicas que ocupa o topo da hierarquia do


direito de um Estado, e que pode ou não ser codificado como um documento escrito.

Tipicamente, a constituição enumera e limita os poderes e funções do Estado, e assim formam, ou


seja, constituem a entidade que é esse Estado. No caso dos países (denominação coloquial do
Estado nacional soberano) e das regiões autônomas dos países, o termo refere-se especificamente a
uma constituição que define a política fundamental, princípios políticos e estabelece a estrutura,
procedimentos, poderes e direitos de um governo. Ao limitar o alcance do próprio governo, a
maioria das constituições garante certos direitos para as pessoas. O termo constituição pode ser
aplicado a qualquer sistema global de leis que definem o funcionamento de um governo, incluindo
várias constituições históricas não codificadas que existiam antes do desenvolvimento de
modernas constituições.[3]

Classificações
A Constituição rígida ou complexa é aquela que se situa no topo da pirâmide normativa,[4] não
podendo ser modificada pelos mesmos procedimentos que a legislação infraconstitucional, e
aplica-se a diferentes níveis de organização política. Elas existem em nível nacional (por exemplo, a
codificada Constituição do Canadá, a não-codificada Constituição do Reino Unido), por exemplo,
em nível regional (a Constituição do Rio de Janeiro), e às vezes em níveis mais baixos. Ela também
define os vários grupos políticos e outros, como partidos políticos, grupos de pressão e sindicatos.

A Constituição supranacional é possível (por exemplo, se propôs a


Constituição da União Europeia). Uma das doutrinas de direito
internacional admite uma relativização da soberania absoluta das
nações modernas, assumindo que a constituição pode ser limitada
pelos tratados internacionais, como a Convenção Americana sobre
Direitos Humanos e a Convenção Europeia dos Direitos Humanos,
que vincula os 47 países membros do Conselho da Europa.

Como exemplo da existência de constituições em nível menor que o


do Estado soberano, temos a separação dos países em estados
independentes, no caso o Brasil, segundo o art. 1 da constituição: Atual Constituição do Brasil
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos (...).

Assim, nos Estados Federativos, além da Constituição Federal, temos Constituições de cada Estado
Federado, subordinadas às previsões da Constituição Federal. É o poder constituinte derivado
decorrente.

Origens
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição 1/5
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O artigo 5.º da Declaração Universal dos Direitos dos Povos, da ONU, dispõe que todo povo tem o
direito imprescritível e inalienável à autodeterminação. Essa declaração tem como princípio que
não são os Estados que estabelecem as regras de tais direitos, mas sim os próprios povos, com suas
demandas e exigências.

A teoria constitucional moderna - técnica específica de limitação do poder com fins garantistas,
segundo a definição do constitucionalista português José Gomes Canotilho — tem a sua origem nas
revoluções americana e francesa e coincide com a positivação dos direitos fundamentais.

Procedimentos
A Constituição é elaborada pelo poder denominado constituinte
originário ou primário (cujo poder é, segundo a teoria clássica
hoje questionada, soberano e ilimitado) e nos países democráticos
é exercido por uma Assembleia Constituinte.

A reforma (revisão ou emenda) da Constituição é feita pelo


denominado poder reformador. O poder reformador é derivado,
condicionado e subordinado à própria Constituição, enfim é
limitado pela vontade soberana do Poder Constituinte Originário.
No caso da Constituição escrita e rígida, há a exigência de
procedimentos mais difíceis e solenes para elaboração de
emendas constitucionais do que se exige para a criação de leis
ordinárias.
Constituição russa de 1918 Muitas Constituições proíbem a abolição do conteúdo de algumas
normas consideradas fundamentais (núcleo intangível). No Brasil
(cuja constituição atual foi promulgada em 1988), essas normas
são conhecidas como cláusulas pétreas, e são previstas pelo art. 60 (implicitamente irreformável),
que também prevê além das cláusulas pétreas (limitações materiais), limitações circunstanciais e
formais.

Dentre as cláusulas pétreas, podemos citar, o artigo primeiro que trata dos fundamentos da
República Federativa do Brasil; o artigo 3º que trata dos objetivos de nossa sociedade; o artigo 5.º
que elenca as garantias e direitos fundamentais e invioláveis; o artigo 6º que elenca um grupo de
direitos mínimos (Piso Vital Mínimo) sem os quais o ser humano (no Brasil) não se desenvolve
plenamente. Há outros, como o art. 170 (atividade econômica) e o 225 (meio ambiente).

Mecanismos de controle
A principal garantia dessa superioridade (supremacia, primazia) das Constituições rígidas são os
mecanismos de controle de constitucionalidade, que permitem afastar num caso concreto a
aplicação de uma norma incompatível com texto constitucional (controle difuso) ou retirá-las do
ordenamento jurídico, quando uma norma, em tese, violar a Constituição (controle concentrado).

As demais normas jurídicas (ditas infraconstitucionais) devem estar em concordância com a


Constituição, não podendo contrariar as exigências formais impostas pela própria Constituição
para a edição de uma norma infraconstitucional (constitucionalidade formal) nem o conteúdo da
Constituição (constitucionalidade material).

Aspectos diversos

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição 2/5
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Entidades não políticas, como corporações e associações, incorporadas ou não, têm muitas vezes
um sistema normativo equivalente a uma Constituição, muitas vezes chamado de memorando ou
estatuto.

A Constituição da Índia é a Constituição mais longa escrita de qualquer país do mundo,[5]


contendo 448 artigos e 94 emendas com 117 369 palavras em sua versão na língua inglesa.[6]

Princípio da Unidade da Constituição


Fundamental para a manutenção do Estado, o princípio da unidade regula e pacifica os conflitos de
diversos grupos que formam uma sociedade. Portanto, necessário se faz que os cidadãos se
entendam como responsáveis por este princípio e não só o defendam como também o sustente.

Segundo este princípio, o direito constitucional deve ser


interpretado de forma a evitar antinomias entre suas normas e
entre os princípios constitucionais. Deve-se considerar a
Constituição na sua globalidade, não interpretando as normas
de forma isolada, mas sim como preceitos integrados num
sistema interno unitário de normas e princípios.

Em decorrência desse princípio, tem-se que todas as normas da


Constituição possuem igual dignidade, não havendo hierarquia
Magna Carta de 1215
dentro dela; Além disso, há controvérsia sobre a existência de
normas constitucionais inconstitucionais,[7] justamente pela
ausência de hierarquia entre elas. Enquanto uns defendem que as cláusulas pétreas implicam em
tal possibilidade, outros a negam. Por isso, é polêmico o reconhecimento da inconstitucionalidade
de uma norma constitucional em face de outra; Por fim, a escola atual da jurisprudência dos
valores indica a resolução de antinomias entre princípios constitucionais pelo método da
ponderação. Neste caso, o texto constitucional deve ser visualizado de modo harmônico.

Princípios do desenho constitucional


Quando as tribos passaram a viver em cidades e a estabelecer as nações, muitas viviam com
costumes não escritos, enquanto alguns países, monarcas autocráticos mesmo tirânicos,
governaram por decreto, ou mero capricho pessoal. Tal regra levou alguns pensadores a assumir a
posição de que o que importava não era o desenho das instituições governamentais e operações,
assim como o caráter dos governantes. Este ponto de vista pode ser constatado em Platão, que
designou-o por governo de "reis-filósofos",[8] escritores posteriores, como Aristóteles, Cícero e
Plutarco, analisaram projetos de governo do ponto de vista jurídico e histórico.

Nos últimos escritos, Orestes Brownson[9] iria tentar explicar o que os arquitetos constitucionais
estavam tentando fazer. De acordo com Brownson há, em certo sentido, uma hierarquia entre três
"constituições" envolvidas: a primeira Constituição, é a da natureza que inclui tudo o que
designamos por "Lei natural". A segunda é a constituição da sociedade, um conjunto de regras não
escritas e comumente entendidas pela sociedade formada por um contrato social antes de
estabelecer governo e, pela qual estabelece a terceira e ultima constituição, a constituição de
governo. A constituição da sociedade inclui os procedimentos para a tomada de decisões por
convenções públicas convocadas por edital e conduzidas por regras estabelecidas em protocolo.
Cada constituição deve ser consistente com, e derivam sua autoridade, da anterior, bem como a
partir de um ato histórico de formação da sociedade ou ratificação constitucional. Brownson
argumentou que o Estado é uma sociedade com domínio efectivo sobre um território bem definido,
que o consentimento para uma constituição bem concebida de governo surge da presença nesse
território, e que é possível as disposições de uma constituição de governo serem "inconstitucionais"

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição 3/5
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se elas forem inconsistentes


com as constituições da
natureza ou da sociedade.
Brownson argumentou que
não é a ratificação sozinha
que dá legitimidade a uma
constituição de governo,
mas que também deve ser
competentemente
desenvolvida e aplicada.

Ver também
Direito constitucional
Constituição do Brasil
Constituição de Portugal Constituição dos Estados Unidos
Constituição do Chile de 1828
Constituição dos Estados
Unidos
Constituição da República Romana
Constituição de Medina

Notas
1. Também chamada de Constituição Federal, no caso de uma Federação; Constituição da
República, no caso de uma República; Constituição Política,[1][2] Constituição Nacional, Lei
Fundamental, Lei Básica, Lei Suprema, Lei Maior, Magna Carta ou Carta Magna para o
documento constitucional britânico, e ainda referida com eufemismos como Carta Mãe, Carta
da República, Carta Política, Lei das Leis, Texto Magno ou Texto Constitucional

Referências
1. BRASIL. Cláudio Pacheco. Tratado das Constituições Brasileiras. Rio de Janeiro; Freitas
Bastos, 1957/1965.
2. GAY Y FORNER, Vicente. Las Constituciones Politicas: El verdadero gobierno de los pueblos.
Madrid; Compañía Ibero Americana de Publicaciones. 1929.(em castelhano)
3. Smania, Taciana (11 de dezembro de 2008). «Constituição - Conceito» (http://www.tacianasma
nia.com.br/2008/12/constituio-conceito.html). Taciana Smania. Consultado em 3 de março de
2012
4. Lima, Caroline Silva (10 de junho de 2010). «Qual a diferença entre constituição flexível e
constituição rígida?» (http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=2010060916014147
8). lfg. Consultado em 5 de março de 2012
5. Pylee, M.V. (1997). India's Constitution. [S.l.]: S. Chand & Co. p. 3. ISBN 812190403X
6. «Constitution of India» (https://web.archive.org/web/20150223171017/http://indiacode.nic.in/coi
web/welcome.html). Ministry of Law and Justice of India. Julho de 2008. Consultado em 17 de
dezembro de 2008. Arquivado do original (http://indiacode.nic.in/coiweb/welcome.html) em 23
de fevereiro de 2015
7. Passos, Thaís Bandeira Oliveira; Pessanha, Vanessa Vieira. «Normas Constitucionais
Inconstitucionais? A Teoria de Otto Bachof» (http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/
salvador/thais_bandeira_oliveira_passos.pdf) (PDF). conpedi. Consultado em 3 de março de
2012
8. Aristotle, by Francesco Hayez

https://pt.wikipedia.org/wiki/Constituição 4/5
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9. The American Republic: its Constitution, Tendencies, and Destiny (http://onlinebooks.library.up


enn.edu/webbin/gutbook/lookup?num=2053), O. A. Brownson (1866)

Ligações externas
As Constituições dos Países de Língua Portuguesa Comentadas (http://www2.senado.leg.br/b
dsf/bitstream/handle/id/188898/Constitui%C3%A7%C3%B5es%20de%20L%C3%ADngua%20
Portuguesa.pdf?sequence=4) (PDF). 91. Brasília: Edições do Senado Federal. 2007
Constitute (https://www.constituteproject.org/#/)- arquivo de constituições do Google
Constitutions of the World (http://www.verfassungen.net/index.html)- portal de textos integrais
de constituições atuais e históricas de todo o mundo
Constitutions of the World (https://web.archive.org/web/20080510104227/http://kclibrary.nhmcc
d.edu/constitutions-subject.html)- portal de textos integrais de constituições atuais e históricas
de todo o mundo
Constituição da República de Angola (http://www.parlamento.ao/constituicao-an/index.html)
Constituição de República de Cabo Verde (https://www.icrc.org/ihl-nat.nsf/162d151af444ded44
125673e00508141/1437105f604ce363c1257082003ea54a/$FILE/Constitution%20Cape%20V
erde%20-%20POR.pdf)
Constituição da República da Guiné-Bissau (http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaPe
squisaCplp/anexo/guinebissau.pdf)
Constituição da República de Moçambique (https://web.archive.org/web/20120813061409/htt
p://www.mozambique.mz/pdf/constituicao.pdf)
Constituição da República Democrática de S. Tomé e Príncipe (http://www.parlamento.st/consti
tuicao.htm)
Constituição da República Democrática de Timor-Leste (http://pascal.iseg.utl.pt/~cesa/Constitu
icao%20Timor%20Leste.pdf)

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