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INTRODUÇÃO

Para que possamos compreender o principio do estado de direito comecemos, antes,


por definir o conceito de estado e direito.

DIREITO
Podemos definir o direito como o conjunto de normas juridicas que visam regular e
disciplinar as condutas humanas dentro de uma comunidade organizada.
Em todas as situações o direito anda associada à ideia de um conjunto de regras de
comportamento social ou de cada uma desses regras. A lei, o regulamento e os estatutos é tudo
direito. Todos eles constituem direito que preside a nossa vida em sociedade.
Chama-se a estas regras que acompanham e definem até ao pormenor o nosso cotidiano
Direito objectivo.
Ao direito como poder de cada qual agir ou exigir um comportamento de outrem
chama-se Direito subjectivo.

ESTADO
Segundo Araújo 2018, (apud kelsen 2005) , define o Estado como sendo ̎uma ordem
jurídica centralizada,limitada no seu domínio espacial e temporal de vigência,soberana ou
imediatamente subordinada ao Direito Internacional, globalmente, em regra, eficaz .̎
Um elemento comum a todas as definições existentes é o facto de ser patente a presença
dos três elementos constitutivos defendidos por Georg Jellinek, na sua obra Teória Geral do
Estado: a presença de um povo, de um território e de um poder político.
O povo é o elemento humano do estado. É o conjunto de pessoas que se encontram
fixadas num determinado território e que têm um vínculo jurídico com o estado denominado de
cidadania ou de nacionalidade. O conceito de povo é distinto do conceito de população, em
virtude de, neste caso, se incluírem todas as pessoas que vivem num determinado território,
sejam elas nacionais, estrangeiras ou apátridas.
O território é o espaço delimitado pelas fronteiras terrestres, marítimas e aéreas. É o
local onde o povo exercita os seus direitos de cidadania e o poder politico exerce o seu poder de
domínio.
O poder político assenta na sua legitimação democrática e caracteriza-se pelo facto de
poder impor a sua vontade pela força. O Estado tem a faculdade de fixar as regras juridicas de
conduta e de as impor segundo os princípios racionais da justiça.
PRINCIPIO DE ESTADO DE DIREITO
Origem e desenvolvimento histórico
O princípio do estado de direito desenvolveu-se na luta contra o arbítrio do Monarca,
contra o absolutismo isento de controlo, ao qual procurou contrapor o governo das leis :
pretendendo desse modo erguer a posição de valores rectores do ordenamento jurídico
as ideias de justiça, racionalidade, generalidade e universalidade.
O mesmo assenta na ideia, que vem da antiguidade, de que a lei deve ter primazia na
organização e funcionamento de uma comunidade política, devendo o governo pessoal
de uma pessoa ou de grupos de pessoas limitar-se às situações em que uma norma seja
insuficiente.
Actualmente, o princípio do estado de direito é uma marca indelével de uma sociedade
bem ordenada. O preambulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma
que: ̎ é essencial a proteção dos direitos do homem através de um regime de direito, para
que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a
opressão ̎. Trata-se de um avanço jurídico-cultural de relevância universal, na medida
em que pretende oferecer ordem, estrutura, racionalidade, humanidade e justiça à
organização jurídica das diferentes comunidades politicas

Estado de direito angolano


O principio de estado constitucionalmente relevante na CRA apresenta-se
com múltiplas facetas em grandes partes a mercê do desenvolvimento que o
conceito foi beneficiado, desde que surgiu pela primeira vez no século
XIX, sendo hoje praticamente total a sua positivação.
A ideia básica da subordinação do estado ao direito com a exclusão de
arbítrio encontra-se expressa no preambulo e em vários outros preceitos
constitucionais essa é uma qualificação que logo o preâmbulo da nova
CRA não deixa de mencionar explicitamente em duas ocasiões: destacamos
que a CRA se filia e enquadra-se diretamente na longa e persistente luta do
povo angolano primeiro para resistir a ocupação colonizadora, depois para
conquistar a independência e a dignidade de um estado soberano. E mais
tarde para edificar em angola um estado democrático e de direito e uma
sociedade mais justa reafirmando o nosso conhecimento com os valores e
princípios fundamentais da independência soberania e unidade do estado
democrático e de direito.
Em 1991 por intermédio de uma revisão constitucional angola consagra-se
multipartidarismo e a democratização da sociedade angolana com base na
edifiacação de um estado democrático de direito.
O que então o principio de estado de direito? Quais são os princípios do
estado de direito? Como se estruturalizam os princípios do estado de
direito?
O conceito de Estado de direito é relacionado ao poder do Estado. É quando esse poder,
em relação às decisões que podem ser tomadas pelos governantes, é limitado pelo
conjunto das leis, pelo direito.

O estado de direito apresenta como pressupostos materiais os seguintes


subprincípios: constitucionalidade, juridicidade, sistemas de direitos
fundamentais, separação de poderes, independencia dos tribunais e
garantias da administração autonóma local.
1. Princípio da constitucionalidade
Este principio tem como pressuposto que um estado de direito é um estado
constitucional, razão pela qual a constituição vincula a todos os poderes
públicos, havendo a supremacia da constituição. Como afirma Gomes
Canotilho (2003, pag. 246-248) deste princípio deduzem-se outros
elementos constitutivos do principio do estado de direito que são:
a) Vinculação do legislador a constituição: todos os atos normativos do
estado devem estar em conformidade com a lei fundamental do país,
razão pela qual as leis devem ser feitas pelos órgão definidos pela
constituição, segundo a forma estabelecida e conforme os
procedimentos fixados ( art. 226 n◦2 CRA).
b) Vinculação de todos os atos do estado a constituição: significa que
não são apenas as leis que devem obediência a lei fundamental do
país, todos os atos do estado sejam eles políticos, jurisdicionais,
administrativos e legislativos devem estar em conformidade ou
obedecer a lei fundamental do país (art. 226 n◦1 CRA).
c) Princípio da reserva da constituição: há determinadas matérias que
são da exclusiva competência da constituição, razão pela qual não
podem ser reguladas por legislação ordinária. Este princípio
materializa-se no princípio da tipicidade constitucional de
competências dos órgãos de soberania, e no princípio da
constitucionalidade de restrições de direitos, liberdades e garantias
dos cidadãos.
d) Força normativa da constituição: os princípios e normas
constitucionais têm prevalência sobre todos os atos do estado e este
deve pautar a sua ação com base no respeito destes postulados (art.
6◦ e 28◦ CRA).
2.Princípio da juridicidade

Este principio afirma que as estrutura do poder politico ,da


administração publica e da Sociedade deve conformar-se as medidas
do direito. Segundo Gomes Canotilho (2003,pag.243) o direito
compreende-se como um meio de ordenação racional e vinculativa
de uma comunidade organizada e, para cumprir esta função
ordenadora , o direito estabelece regras e Medidas, prescreve formas
e procedimentos e cria instituições.
O estado de direito é um estado de justiça, onde se devem respeitar
os direitos e liberdades de todos, onde devem prevalecer a
equidade,justiça, igualdade e respeito pelas minorias.

3.Direitos fundamentais

Um dos elemento fundamentais de um estado de direito é a defesa


dos direitos, liberdade e garantias e o respeito pela dignidade da
pessoa humana.
Os direitos fundamentais estão inseridas na CRA no seu título II, que
tem como epígrafe os direitos e deveres fundamentais. A
constitucionalização dos direitos fundamentais significa a sua
positivação, a sua incorporação na ordem jurídica positiva dos
direitos considerados naturais e inalienáveis do indivíduo. Esta
positivação torna-os direitos protegidos sobre a forma de normas
(regras e princípios) do direito constitucional.
Formalmente esta fundamentação constitucional tem as seguints
consequências:
a) Enquanto normas fundamentais, são normas colocadas num grau
superior da ordem jurídica;
b) Como normas constitucionais, estão submetidas aos processos
agravados de revisão constitucional;
c) Como normas que incorporam os direitos fundamentais, passam
muitas das vezes a constituir limites materiais da revisão
constitucional (art. 159◦, alínea b CRA).
d) Como normas dotadas de vinculação imediatas dos poderes
públicos, constituem parâmetros de escolhas, acções e decisões
ou controlo dos órgão legislativos, administrativos e
jurisdicionais.
4. princípio da separação de poderes: a separação ou divisão de poderes é
entendida como um princípio que exige a vinculação dos actos estaduais a
uma competência constitucionalmente definida e uma ordenação
relativamente de funções ( separação de poderes e interdependência de
funções). É um princípio fundamental e caracterizador de um estado de
direito.
5. independência dos tribunais: O princípio do estado de direito pressupõe a
garantia da proteção jurídica e abertura da via judiciaria,para se assegurar
ao cidadão uma defesa sem lacunas,bem como o pricípio da
proporcionalidade ou principio da proibição dos excessos que asseguram os
limites do estado em caso de declaração do estão de sitio ou exceção e na
limitação nas restrições de direitos, liberdade e garantias dos cidadãos e,
finalmente,funciona como um principio básico das medidas de policia.
Neste ultimo aspecto, este principio é parte integrante do principio
informador da legalidade da administração.
6. Garantia da administração autonóma local: io estado de direito tem um
dos seus elementos a garantia da administração municipal autonoma,que
assenta na democracia descentralizada, ou seja,uma democracia assente
num poder local autônomo,que assegura a separação territorial de poder
(Estado e poder local) e uma maior participação democrática no exercício
do poder.
O artigo213 da CRA dispõe que as formas organizativas do poder local
compreendem as autarquias locais,as instituições do poder tradicional e
outras modalidades especificas de participação dos cidadãos,em termos a
serem definidos por lei.

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