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Teoria e Fundamentos da

Constituição

Prof. Dr. Ricardo Dias


UNAMA – 2023.2
Constitucionalismo
 Conceito: Em sentido lato, é um movimento
intelectual que valoriza a Constituição de um
Estado; Em sentido estrito, diz respeito à
garantia de direitos e à limitação do poder
estatal.
 J.J Gomes Canotilho: é a teoria que ergue o
princípio do governo limitado indispensável
à garantia dos direitos em dimensão
estruturante da organização político-social de
uma comunidade.

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Constitucionalismo
 Em síntese: é uma teoria, uma técnica de
limitação do governo, com a finalidade de
garantir aos cidadãos o exercício de seus
direitos, inserindo na alçada de controle a
lei (produção legislativa).

 Existência do Estado (Paz de Vestfália


1648, crise econômica americana 2008)

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Constitucionalismo – evolução histórica
Constitucionalismo antigo: da antiguidade até fim
do século XVIII (começo das revoluções liberais).
Suas características são a inexistência de lei escrita e
as constituições costumeiras. Como experiências
marcantes existem os Estados teocráticos, ou seja,
Hebreus e Grécia democrática.
Constitucionalismo moderno: do fim do século XVIII
ao fim da segunda guerra. Possui como
características o surgimento das primeiras
constituições formais e escritas e a influência das
revoluções liberais. Divide-se em constitucionalismo
clássico ou liberal e social.

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Constitucionalismo – evolução histórica
Constitucionalismo clássico americano: de 1787, por meio
de contrato de colonização, em meio a Estado liberal que
consagra modelo absenteísta. Tem como características a
primeira constituição escrita, as primeiras formulações de
supremacia, rigidez (controle) e formalismo (texto), controle
judicial de constitucionalidade, separação de poderes (teoria
de freios e contrapesos), forma federativa de Estado e
sistema presidencialista.
Constitucionalismo clássico francês: de 1789, a França
adota modelo analítico. Suas características são o
desprovimento de tanta força normativa, a supremacia do
Parlamento, distinguindo poder originário e derivado,
consagração do rol dos direitos fundamentais, inspirados no
ideal de liberdade onde o povo é titular legítimo do poder.
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Constitucionalismo – evolução histórica
Constitucionalismo social: do fim da primeira guerra (1918) até
a segunda, pois surge com crise do Estado liberal e com atuação
estatal positiva. Tem como características os direitos
fundamentais, o surgimento das garantias institucionais e a
separação de poderes.
Neoconstitucionalismo: surge depois da II Guerra, e na
América Latina, nos anos 80. Busca a eficácia da Constituição,
que fica no centro do sistema com imperatividade e
superioridade. Tem como características o reconhecimento da
força normativa, a rematerialização, a centralidade dos direitos
fundamentais e o desenvolvimento da hermenêutica.
Surge a ideia de pluralismo, onde se reconhece a diversidade
cultural. Cresce a soberania popular; o titular do poder é o povo,
mas o exercício dá-se através dos representantes.

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Direito Constitucional - conceito
José Afonso da Silva: é “o ramo do Direito Público que expõe,
interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”.
Uadi Lamego Bulos, “é a parcela da ordem jurídica que compreende a
ordenação sistemática e racional de um conjunto de normas supremas
encarregadas de organizar a estrutura do Estado e delimitar as relações
de poder”
Alexandre de Morais: “é o ramo do Direito Público, destacado por ser
fundamental à organização e funcionamento do Estado, à articulação dos
elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da
estrutura política.
Afonso Arinos de Melo Franco, “é o estudo metódico da Constituição
do Estado, da sua estrutura institucional político-jurídica”
Manoel Gonçalves Ferreira Filho: “é o conhecimento sistematizado das
regras jurídicas relativas à forma do Estado, à forma do governo, ao
modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus
órgãos e aos limites de sua ação.”

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Direito Constitucional – natureza
Direito Constitucional é considerado como um ramo do Direito Público
(Direito Público por excelência), porque visa o estudo das normas
que estruturam o Estado. Mas também trata das relações entre os
cidadãos, em razão dos direitos e garantias fundamentais.
Atualmente o Direito Constitucional não é mais visto apenas como um
ramo do Direito Público, com normas destinadas exclusivamente à
regulação do tratamento cidadão-Estado e do Estado, pois os direitos
fundamentais têm eficácia horizontal, isto é, uma eficácia que
regula a relação entre os cidadãos.
Konrad Hesse: é um direito público atípico porque é diferenciado em
relação aos demais ramos do direito público (penal, administrativo,
processual) e possui uma hierarquia diferente em relação aos outros
ramos do direito (força normativa). Na CF/88, encontram-se princípios
de direito eleitoral, administrativo, processual, ambiental, e cabe ao
Direito Constitucional sistematizá-los.
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Direito Constitucional – objeto
As constituições são os objetos básicos do Direito
Constitucional, nasceram sucintas, e com a
intenção de regular apenas alguns aspectos da
relação do Estado com o cidadão, com o decorrer
da evolução da sociedade e do Direito, foram
tornando-se complexas.
O objeto imediato do estudo do Direito
Constitucional é a própria Constituição Política do
Estado. Amplamente, o Direito Constitucional
estuda tanto a Constituição política do Estado
quanto a Teoria da Constituição.

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Direito Constitucional – conteúdo científico

A) Direito Constitucional Positivo;


B) Direito Constitucional Comparado;
“Método de Trabalho”
C) Direito Constitucional Geral.

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Direito Constitucional Positivo

O Direito Constitucional Positivo é o que


tem por objeto o estudo dos princípios e
normas de uma constituição concreta, de
um Estado determinado; compreende a
interpretação, sistematização e crítica das
normas jurídico-constitucionais desse
Estado.

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Direito Constitucional Comparado

O Direito Constitucional Comparado é o estudo


teórico das normas jurídico-constitucionais
positivas de vários Estados, preocupando-se
em destacar as singularidades e os contrastes
entre eles ou entre grupos deles. Na medida
em que o método comparativo permite a
formulação de leis ou relações gerais e a
verificação de estruturas governamentais
semelhantes.

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Direito Constitucional Geral

O Direito Constitucional Geral é a disciplina


que descreve princípios, conceitos e
instituições relacionadas a ele, que se
encontram em vários direitos positivos ou
em grupos deles para classificá-los e
sistematiza-los numa visão unitária.

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Constituição - conceito
A lei fundamental de um Estado, que determina
a organização político-jurídica do Estado.
Sistema de normas jurídicas, escritas ou
costumeiras, que regula a forma do Estado, a
forma de seu governo, o modo de aquisição
e o exercício do poder, o estabelecimento de
seus órgãos e suas competências, os limites
do poder do Estado, os direitos e garantias
fundamentais. É o conjunto de normas que
organiza os elementos constitutivos do Estado.

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Constituição - concepções
SOCIOLÓGICO (Ferdinand Lassale) - É a soma dos
fatores reais do poder que regem nesse país. Constituição
é apena uma folha de papel
POLÍTICO (Carl Schmitt) - É a decisão política
fundamental, decisão concreta de conjunto sobre o modo e
forma da existência da unidade política. Estrutura e órgãos
do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc...,
Leis constitucionais são os demais dispositivos inscritos no
texto constitucional, que não contenham matéria de
decisão política fundamental.
JURÍDICO (Hans Kelsen) - norma pura, puro dever ser,
sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica,
política ou filosófica.
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Constituição - classificações
A) Quanto ao conteúdo
Materiais - 2 sentidos:
Amplo- Organização total do Estado, com regime político.
Estrito- Normas constitucionais escritas ou costumeiras,
inseridas ou não em um documento escrito, que regulam a
estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos
fundamentais. Refere-se à matéria essencialmente
constitucional; as demais, mesmo que integrem uma
constituição escrita, não seriam constitucionais.
Formais - É o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob
forma escrita, a um documento solenemente estabelecido pelo
Poder Constituinte e somente modificável por processos e
formalidades especiais nela própria estabelecidos.

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Constituição - classificações
B) Quanto à forma:
Escrita - Codificada e sistematizada em um texto único,
elaborado reflexivamente por um órgão constituinte,
encerrando todas as normas tidas como fundamentais
sobre a estrutura do Estado, a organização dos poderes
constituídos, seu modo de exercício e limites de atuação,
os direitos fundamentais( políticos, individuais, coletivos,
econômicos e sociais).
Não escrita - É a constituição cujas normas não constam
de um documento único e solene, mas se baseie
principalmente nos costumes, na jurisprudência e em
convenções e em textos constitucionais esparsos. Ex:
Constituição Inglesa.
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Constituição - classificações

C) Quanto ao modo de elaboração:

Dogmática - Sempre escrita. Elaborada por um órgão


constituinte, e sistematiza os dogmas ou ideias
fundamentais da teoria política e do direito;

Histórica - Não escrita. Resultante da lenta formação


histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-
políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da
organização de determinado Estado.

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Constituição - classificações
D) Quanto à origem:
Populares (democráticas, promulgadas) - Se originam
de um órgão constituinte composto de representantes do
povo, eleitos para o fim de as elaborar e estabelecer. Ex:
1891, 1934, 1946 e 1988.

Outorgadas - elaboradas e estabelecidas sem a


participação do povo, aquelas que o governante, Rei,
imperador, presidente, Junta Governativa, ditador, por si
ou por interposta pessoa ou instituição outorga, impõe,
concede ao povo, como foram as Constituições de 1824,
1937, 1967 e 1969.

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Constituição - classificações
E) Quanto à estabilidade
Rígidas - São as constituições somente alteráveis
mediante processos, solenidade e exigências formais
especiais, diferente e mais difíceis que os de formação das
leis ordinárias ou complementares.
Flexíveis - Pode ser livremente modificada pelo legislador
segundo o mesmo processo de elaboração das leis
ordinárias. A própria lei ordinária contrastante muda o texto
constitucional.
Semi-rígidas - É a constituição que contém uma parte
rígida e outra flexível, como fora a Constituição do Império.
(artigo 178) e a de 1988.

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Constituição - objeto
Estabelecer a estrutura do Estado, a
organização do Estado, a organização de seus
órgãos, o modo de aquisição do poder e a
forma de seu exercício, limites de atuação,
assegurar os direitos e garantias dos
indivíduos, fixar o regime político e disciplinar
os fins sócio/econômicos do Estado, bem como
os fundamentos dos direitos econômicos,
sociais e culturais.

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Constituição - elementos
a) Elementos orgânicos: compreendem as normas que regulam a
estrutura do Estado e do Poder. Exemplos: Título III (Da Organização
do Estado) e IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de
Governo).
b) Elementos limitativos: compreendem as normas que compõem os
direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação do poder estatal.
Os direitos sociais, que são aqueles que exigem prestações positivas
do Estado em favor dos indivíduos, não se enquadram como
elementos limitativos. Exemplo: Título II (Dos Direitos e Garantias
Fundamentais), exceto Capítulo II (Dos Direitos Sociais).
c) Elementos socioideológicos: são as normas que traduzem o
compromisso das Constituições modernas com o bem estar social.
Tais normas refletem a existência do Estado social, intervencionista,
prestacionista. Exemplos: Capítulo II do Título II (Dos Direitos Sociais),
Títulos VII (Da Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem
Social).
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Constituição - elementos
d) Elementos de estabilização constitucional:
compreendem as normas destinadas a prover solução de
conflitos constitucionais, bem como a defesa da
Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
São instrumentos de defesa do Estado, com vistas a
promover a paz social. Exemplos: art. 102, I, “a” (ação de
inconstitucionalidade) e arts. 34 a 36 (intervenção).
e) Elementos formais de aplicabilidade: compreendem
as normas que estabelecem regras de aplicação da
constituição. Exemplos: preâmbulo, disposições
constitucionais transitórias e art. 5º, § 1º, que estabelece
que as normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata.

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1824
Foi outorgada em 25 de março de 1824, marcada por forte
centralismo administrativo e político, tendo em vista a
figura do Poder Moderador.
As características mais importantes são:
- Território dividido em províncias, que poderiam ser
subdivididas.
- Governo monárquico hereditário, constitucional e
representativo.
- Religião católica como oficial:
- Eleições indiretas; Sufrágio censitário, baseado em
determinadas condições econômicas

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1891
- Estruturou o federalismo brasileiro segundo o modelo norte-
americano, sistema jurídico-constitucional estrangeiro com uma
realidade completamente diversa;
- Tripartição dos poderes. Poder Legislativo, o Executivo e o Judiciário,
harmônicos e independentes entre si;
- O sufrágio ainda encontrava restrições censitárias, mulheres, negros,
mendigos e analfabetos ainda não podiam alistar-se como eleitores
- Separação entre a Igreja e o Estado, assim a religião católica deixa
de ser considerada como oficial, estabelecendo assim o direito de culto
externo a todas as religiões;
- Admitiu-se o recurso ao Supremo Tribunal Federal de decisões
judiciais em que se questionasse a validade de leis e atos dos
governos locais em face da Constituição.

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1934
- Fruto da Assembleia Nacional Constituinte. Extensão
do voto às mulheres com mesmo valor que o voto
masculino;
- Mantidos República, a Federação, a separação dos
poderes, o presidencialismo e o regime representativo
- Instituição do voto secreto;
- Estabeleceu dois mecanismos de reforma
constitucional, a revisão e a emenda;
- Institui o Mandado de Segurança e a Ação Popular.

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1937
- Outorgada por Getúlio Vargas em 10.11.1937, com
substrato das constituições fascistas, conhecida como
Constituição polaca, cópia da Constituição polonesa;
- Redução dos direitos individuais (MS e AP);
- Proibidos a greve e o lock-out, considerados incompatíveis
com os interesses da produção nacional;
- Prefeitos municipais nomeados pelo Governador;
- Possibilidade de o Presidente da República interferir nas
decisões do Judiciário;
Eliminou a Justiça Federal de primeira instância;
- Presidente da República “autoridade suprema do Estado”,
com absoluta imunidade penal, eleito por um Colégio Eleitoral
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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1946
- Promulgada pela Assembleia Constituinte. Redemocratização,
repudiando-se o Estado totalitário;
- Mantêm, o regime representativo, a Federação e a República;
- Retorna a tripartição dos Poderes. Reestabelecidos o MS e AP;
- A propriedade foi condicionada à sua função social, possibilitando a
desapropriação por interesse social. Direito de greve foi reconhecido;
- Renúncia do presidente Jânio Quadros, o vice João Goulart se encontrava
na China e as Forças Armadas temendo as ligações comunistas, tentaram
impedir o seu retorno. Para assegurar a ordem e a posse do vice que fora
eleito pelo voto popular, foi introduzido em 1961 o regime parlamentarista.
Os ministros militares não achavam conveniente, para a Segurança
Nacional, nem o retorno do Vice-Presidente João Goulart ao país e muito
menos sua posse na Presidência da República. Em março de 1964, Golpe
Militar. Fechamento do Congresso Nacional, suspensão de direitos.

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1967

- Seguiu as mesmas linhas da Constituição de 1937,


concentrando o poder e privilegiando o Poder Executivo
em detrimentos dos outros poderes. Houve também uma
grande preocupação com a segurança nacional;
- Redução da autonomia dos municípios.
- Suspensão de direitos políticos e individuais
- Formalmente a tripartição de poderes existia, mas na
realidade era o Poder Executivo detentor de todo poder.

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1969 (Emenda nº 1)
- Imposta por uma Junta Militar;
- Mandato presidencial aumentado para cinco anos;
- Eleições indiretas para os governos estaduais;
- “milagre econômico” do Governo Médici;
- Em 1977, no governo Geisel dissolveu o Congresso;
- Em 1978, revogação do AI-5, a previsão da impossibilidade de
suspensão do Congresso Nacional pelo Presidente da República;
- Em 1979, foi concedida a anistia para os praticantes de crimes
políticos. Iniciada a redemocratização;
Em 1980, a EC nº 15 prevê eleições diretas para Governadores;
- Em 1983, movimento “Diretas Já”. Um civil foi eleito mesmo que
indiretamente à Presidência da República. Tancredo Neves
adoeceu e veio a falecer. O vice-presidente, José Sarney assumiu
o governo.

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Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1988
- Constituição cidadã promulgada pela Assembleia
Nacional Constituinte em 05.10.1988. ampla participação
popular durante a sua elaboração e a busca pela
efetivação da cidadania;
- Forma de governo: República, confirmada pelo plebiscito
nos termos do art. 2º do ADCT (Ato das disposições
constitucionais Transitórias)[45]:
Art. 2º- No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá,
através de plebiscito, a forma (república ou monarquia
constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo
ou presidencialismo) que devem vigorar no País.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 31
Constitucionalismo brasileiro –
evolução histórica
Constituição de 1988

- Organização dos poderes segundo a doutrina de


Montesquieu, equilíbrio maior através da técnica de freios
e contrapesos, abrandando a supremacia do Executivo.
- Valorização dos direitos sociais.
- Tutela de novas espécies de direitos, os chamados
direitos coletivos e difusos.
- De posição democrática e liberal, a Constituição de 1988,
sofreu influência da Constituição portuguesa de 1976,
apresentando maior legitimidade popular.

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Teoria do Poder Constituinte:
Marco Histórico e Conceito
 Século XVIII na França (mudança do Teocentrismo
[religião] e Antropocentrismo [homem]). Iluminismo.
Surge a Teoria do Poder Constituinte – Emmanuel
Joseph Sieyès (publicação “O que é o terceiro
Estado”. Clero, Nobreza, ...Povo).
 Conceito: é o Poder de estabelecer uma nova
Constituição ou de modificar uma já existente.
Rompe com a Ordem anterior.
 Responsável pela criação, modificação, alteração,
revisão, revogação, elaboração, reforma e mutação
de uma Constituição.

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Poder Constituinte: Titularidade e Exercício
 Origem na convocação de uma Assembleia Nacional
Constituinte. (EC 26, de 27/11/1985). Cenário Político/Social.
Art. 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal reunir-se-ão, unicameralmente, em Assembleia
Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 01/12/1987.
Art. 3º A Constituição será promulgada depois da aprovação de
seu texto, em dois turnos de discussão e votação, pela maioria
absoluta dos Membros...
Art. 4º É concedida anistia a todos os servidores públicos
civis da Administração direta e indireta e militares, punidos
por atos de exceção, institucionais ou complementares.
§ 1º É concedida, igualmente, anistia aos autores de crimes
políticos ou conexos, e aos dirigentes e representantes de
organizações sindicais e estudantis, bem como aos servidores
civis ou empregados que hajam sido demitidos ou dispensados
por motivação exclusivamente política, com base em outros
diplomas legais.
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Preâmbulo da CF/88
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia
social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

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Titularidade e Exercício
 Titularidade: é do Povo
 Exercício da titularidade: por meio de
representantes, ou diretamente nos
termos da Constituição.
Art. 1º . . .
Parágrafo único. “Todo Poder emana do
Povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.”

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Classificação do Poder Constituinte
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO:
Poder inaugural ou de 1º grau. Nome dado ao Poder de criar a
Constituição, que é o documento que organiza juridicamente todo o
Estado. Tem natureza fática, extrajurídica. É um Poder pré-existente
à Ordem Jurídica.
 Características:

- Inicial: ponto de partida de todo o regramento jurídico do Estado


- Soberano: não reconhece nenhuma força superior nem interna,
nem externamente.
- Autônomo: a estruturação é feita de maneira autônoma
- Incondicionado: não está atrelada à ordem jurídica anterior (há
corrente doutrinária que defende que está condicionado a
documentos internacionais, de valores – DH, pena de morte, tortura)
- Ilimitado: não encontra limites temáticos, condições. (há corrente
doutrinária que limita

12/09/2023 Copyright© Ricardo Dias 37


Classificação do Poder Constituinte
PODER CONSTITUINTE DERIVADO
Constituído, secundário ou de 2º grau. Tem natureza
jurídica. Deve obedecer às regras instituídas pelo Poder
Constituinte Originário.
 É classificado em:

- Reformador: procedimento específico estabelecido pelo


Poder Constituído Originário para realizar reforma, Emendas
Constitucionais
- Decorrente: Poder concedido aos Estados-membros e DF
para elaborar suas próprias Constituições
- Revisor: art. 3º do ADCT, revisar a CF/88 5 anos após sua
promulgação, Não pode mais ser utilizado.
Estado Constitucional de Direito. Poderes Constituídos:
Executivo, Legislativo e Judiciário.
12/09/2023 Copyright© Ricardo Dias 38
RECEPÇÃO: RECEPÇÃO MATERIAL DAS
NORMAS CONSTITUCIONAIS
 São três os efeitos da entrada em vigor de uma nova Constituição:
a) A Constituição anterior é integralmente revogada; ela é
inteiramente retirada do mundo jurídico, deixando de ter vigência e,
consequentemente, validade;
 b) As normas infraconstitucionais editadas na vigência da
Constituição pretérita que forem materialmente compatíveis com a
nova Constituição são por ela recepcionadas. Com o advento de
uma nova Constituição, continuam válidas todas as normas
infraconstitucionais com ela materialmente compatíveis.
 c) As normas infraconstitucionais editadas na vigência da
Constituição pretérita que forem materialmente incompatíveis com a
nova Constituição são por ela revogadas. Com a entrada em vigor
de uma nova Constituição, as normas infraconstitucionais com ela
materialmente incompatíveis são revogadas (retiradas do mundo
jurídico), deixando de ter vigência e, consequentemente, validade.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 39
REVOGAÇÃO DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS
 C F/88 – “ revogação por normação
geral”
 No Brasil é o processo de Revogação
por Normação Geral que ocorre,
nesse caso, ao criar uma nova
Constituição Federal, revoga-se
integralmente a CF antiga.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 40
DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO
 Teoria da Desconstitucionalização
 A nova Constituição recepciona as normas da Constituição
pretérita, conferindo-lhes “status” legal, infraconstitucional.
Embora não houvesse óbice para que a CF/88 adotasse a
desconstitucionalização, ela não o fez, nem de forma genérica,
nem quanto a algum dispositivo específico. Cabe destacar,
nesse sentido, que a desconstitucionalização é fenômeno
que somente ocorrerá quando houver determinação
expressa
 Normas da Constituição com status de lei infraconstitucional
 Ex: O Código Tributário Nacional foi criado por
uma lei ordinária, a Lei 5.172/66 e pelo Ato Complementar 36/67
nomeado como Código Tributário Nacional. Nesta cronologia
o CTN embora formalmente lei ordinária foi recepcionado como
LC pela EC 01/1969.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 41
REPRISTINAÇÃO
 Decreto-Lei nº 4.657, 04/09/1942. Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro -
LINDB. (Redação da Lei nº 12.376, de 2010)
Art. 2º
§3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada
não se restaura por ter a lei revogadora perdido a
vigência.
 Ex: A Lei 001, foi revogada pela Lei 002. Com o
advento da Lei 003, que revogou a Lei 002, a Lei
001 não se restaura.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 42
MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
 Mutação constitucional é a forma pela qual o Poder
Constituinte Difuso se manifesta. É forma de alteração
do sentido do texto maior, sem, todavia afetar-lhe a
letra. Trata-se de uma alteração do significado do texto,
que é adaptado conforme a nova realidade na qual a
Constituição está inserida.
 O Poder Constituinte Difuso é o responsável pelos
processos informais de modificação da Constituição,
relaciona-se à mutação constitucional, da construção de
novas interpretações aos dispositivos constitucionais,
com transformação do sentido, sem que se opere
qualquer modificação do seu texto.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 43
APLICABLIDADE DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS NO TEMPO
 José Afonso da Silva classifica as normas
constitucionais em três grupos: 1) normas de
eficácia plena; 2) normas de eficácia contida e;
3) normas de eficácia limitada.
 1) Normas de eficácia plena: Desde a entrada
em vigor, produzem, ou têm possibilidade de
produzir, todos os efeitos que o Legislador
Constituinte quis regular. É o caso do art. 2º da
CF/88, que diz: “são Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 44
APLICABLIDADE DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS NO TEMPO
2) Normas constitucionais de eficácia contida ou
prospectiva: Normas que estão aptas a produzir todos os seus
efeitos desde o momento da promulgação da Constituição, mas
que podem ser restringidas por parte do Poder Público. Cabe
destacar que a atuação do legislador, no caso das normas de
eficácia contida, é discricionária.
Ex: art.5º, inciso XIII, da CF/88: “é livre o exercício de qualquer
trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer”. No entanto, a lei poderá
estabelecer restrições ao exercício de algumas profissões. Cita-
se, por exemplo, a exigência de aprovação no exame da OAB
como pré-requisito para o exercício da advocacia.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 45
APLICABLIDADE DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS NO TEMPO
3) Normas constitucionais de eficácia limitada: São
aquelas que dependem de regulamentação futura para
produzirem todos os seus efeitos. Um exemplo de norma
de eficácia limitada é o art. 37, inciso VII, da CF/88, que trata
do direito de greve dos servidores públicos (“o direito de
greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica”).
A Constituição Federal de 1988 outorga aos servidores
públicos o direito de greve; no entanto, para que este possa
ser exercido, faz-se necessária a edição de lei ordinária que
o regulamente. Assim, enquanto não editada essa norma, o
direito não pode ser usufruído.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 46
EFICÁCIA SOCIAL DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS

 A eficácia social da norma constitucional não se


funda somente na sua positivação, estando
relacionada à uma gama de conteúdos existentes
na sociedade, dentre estes a criação de políticas
públicas.
 A ineficiência do Poder Público em oferecer os
mecanismos para o exercício dos direitos e
garantias estabelecidos pela Carta Magna é um
fator que compromete a eficácia social da norma
constitucional.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 47
EFICÁCIA JURÍDICA DAS NORMAS
CONSTITUCIONAIS

 Significa que a norma está apta a produzir efeitos


na ocorrência de relações concretas; mas já
produz efeitos jurídicos na medida em que a sua
simples edição resulta na revogação de todas as
normas anteriores que com ela conflitam.
 Art. 5º, §1º, da CF88:
 §1º As normas definidoras dos direitos e
garantias fundamentais têm aplicação imediata.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 48
INERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS -
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
A Hermenêutica (Interpretação) Constitucional serve para
solucionar, no caso concreto, conflitos entre bens jurídicos
protegidos pela Carta Magna, bem como para dar eficácia e
aplicabilidade às normas constitucionais. Tanto o Judiciário
quanto o Executivo e o Legislativo interpretam a Constituição.
Peter Häberle, jurista alemão, quebrou completamente esse
paradigma após a crise do processo democrático dos anos 70
na Alemanha, ao propor um novo modelo para a interpretação
constitucional. Segundo ele, são intérpretes da Constituição
todos aqueles que a vivenciam: os cidadãos, os órgãos
públicos, a opinião pública e demais grupos sociais. A teoria
desenvolvida por Häberle é conhecida como a “sociedade
aberta dos intérpretes”.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 49
INERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS -
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
Há duas correntes doutrinárias que se posicionam de maneira
diversa com relação à atuação do juiz na interpretação
constitucional.
INTERPRETATIVISTAS: consideram que o juiz não pode, em
sua atividade hermenêutica, transcender o que diz a
Constituição, limitando-se a analisar os preceitos expressos e os
preceitos claramente implícitos no texto constitucional.
NÃO-INTERPRETATIVISTAS: defendem que o juiz deve pautar
sua atuação em valores substantivos (justiça, liberdade e
igualdade). Os resultados da atuação judicial não decorrem de
uma interpretação direta do texto constitucional, mas sim da
aplicação de valores substantivos à apreciação de um caso
concreto., podendo transcender a literalidade da Constituição.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 50
MÉTODOS DE INERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
a) Método jurídico (hermenêutico clássico): considera que a
Constituição é uma lei como qualquer outra, devendo ser
interpretada usando as regras da Hermenêutica tradicional, ou
seja, os elementos literal (textual), lógico (sistemático), histórico,
teleológico e genético. O elemento literal, como o nome diz,
busca analisar o texto da norma em sua literalidade. O lógico,
por sua vez, busca avaliar a relação de cada norma com o
restante da Constituição. O histórico avalia o momento de
elaboração da norma (ideologia então vigente), enquanto o
teleológico busca a sua finalidade. O genético investiga a origem
dos conceitos empregados na Constituição. O método jurídico
valoriza o texto constitucional. Cabe ao intérprete descobrir o
sentido deste texto, sem extrapolar a literalidade da lei.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 51
MÉTODOS DE INERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL

b) Método tópico-problemático: Criado por


Theodor Viehweg, neste método, há prevalência do
problema sobre a norma, ou seja, busca-se
solucionar determinado problema por meio da
interpretação de norma constitucional. Parte das
premissas: a interpretação constitucional tem caráter
prático, pois busca resolver problemas concretos e a
norma constitucional é aberta, de significado
indeterminado (por isso, deve-se dar preferência à
discussão do problema).
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 52
MÉTODOS DE INERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
c) Método hermenêutico-concretizador: criado por
Konrad Hesse, A leitura da Constituição inicia-se pela pré-
compreensão do seu sentido pelo intérprete, a quem cabe
aplicar a norma para a resolução de uma situação concreta.
Valoriza a atividade interpretativa e as circunstâncias
nas quais esta se desenvolve, promovendo uma relação
entre texto e contexto, transformando a interpretação em
“movimento de ir e vir” (círculo hermenêutico). O método
hermenêutico-concretizador diferencia-se do método tópico-
problemático porque enquanto este pressupõe a primazia
do problema sobre a norma, aquele se baseia na
prevalência do texto constitucional sobre o problema.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 53
MÉTODOS DE INERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL

d) Método integrativo ou científico-espiritual:


Segundo este método, preconizado por Rudolf
Smend, a interpretação da Constituição deve
considerar a ordem ou o sistema de valores
subjacentes ao texto constitucional. A
Constituição deve ser interpretada como um todo,
dentro da realidade do Estado.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 54
MÉTODOS DE INERPRETAÇÃO
CONSTITUCIONAL
e) Método normativo-estruturante: Este método
considera que a norma jurídica é diferente do
texto normativo: aquela é mais ampla que este,
pois resulta não só da atividade legislativa, mas
igualmente da jurisdicional e da administrativa.
Assim, para se interpretar a norma, deve-se utilizar
tanto seu texto quanto a verificação de como se
dá sua aplicação à realidade social (contexto). A
norma seria o resultado da interpretação do
texto aliado ao contexto.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 55
INTERPRETAÇÃO CONFORME

Interpretação conforme a Constituição: Esse


princípio, criado pela jurisprudência alemã, se aplica
à interpretação das normas infraconstitucionais (e
não da Constituição propriamente dita). Trata-se de
técnica interpretativa cujo objetivo é preservar a
validade das normas, evitando que sejam
declaradas inconstitucionais. Ao invés de se
declarar a norma inconstitucional, o Tribunal
busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à
constitucionalidade.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 56
INTERPRETAÇÃO CONFORME

CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE


A interpretação constitucional derivada das decisões
proferidas pelo STF – a quem se atribuiu a função eminente
de "guarda da Constituição" (CF, art. 102, caput) – assume
papel de essencial importância na organização institucional
do Estado brasileiro, a justificar o reconhecimento de que o
modelo político-jurídico vigente em nosso país confere, à
Suprema Corte, a singular prerrogativa de dispor do
monopólio da última palavra em tema de exegese das
normas inscritas no texto da Lei Fundamental.
ADI 3.345, AI 733.387, HC 91.361, RE 227.001

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 57
COMPETÊNCIA PRECÍPUA E PRIVATIVA DO STF
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o
Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a
União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as
respectivas entidades da administração indireta;

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 58
JURISPRUDÊNCIA DO STF – CONTROLE
CONCENTRADO
ADI 3255 – 22/06/2006
NÚMERO ÚNICO: 0002448-72.2004.0.01.0000
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Origem: PA - PARÁ
Relator: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
REQTE.(S)
ASSOCIAÇÃO DOS MEMBROS DOS TRIBUNAIS DE CONTAS DO BRASIL - ATRICON
PARTIDO DOS TRABALHADORES - PT
ADV.(A/S)
IRANI DE FÁTIMA TEIXEIRA CONTENTE
RICARDO AUGUSTO DIAS DA SILVA
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) resolveu em definitivo o impasse que
se arrastava, há tempos, sobre o processo de escolha de Conselheiros do Tribunal
de Contas do Estado do Pará e do Tribunal de Contas dos Municípios. Por
unanimidade, os ministros julgaram parcialmente procedente o pedido formulado na
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3255.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 59
CONTROLE CONCENTRADO
O papel mais relevante do Supremo Tribunal Federal (STF) no sistema de
equilíbrio entre os três Poderes da República é o de responsável pela
verificação da conformidade das leis e dos atos normativos com a
Constituição da República. Por meio do chamado controle concentrado,
a Corte pode declarar a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de
normas, o descumprimento de preceito fundamental previsto na Carta de
1988 e a omissão na criação de norma que torne efetiva regra
constitucional.

Os instrumentos processuais que viabilizam o controle concentrado são


as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), as Ações
Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs), as Ações Diretas de
Inconstitucionalidade por Omissão (ADOs) e as Arguições de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs). Com exceção da
ADO, regulamentada em 2009, as outras três classes processuais contam
com mais de 20 anos de existência.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 60
STF – CONTROLE CONCENTRADO
Conformidade
A ADI e a ADC estão previstas na Constituição de 1988 (artigos 102 e 103) e são
regulamentadas pela Lei 9.868/1999 (Lei das ADIs). A ADI é utilizada para
questionar leis ou atos normativos federais ou estaduais que violam a Carta
Magna. No caso da ADC, o objeto de questionamento são apenas as leis ou os
atos normativos federais.
Lacuna
A ADPF foi regulamentada em 1999, por meio da Lei 9.882/1999. Essa classe
processual foi criada para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental
resultante de ato do Poder Público (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) – entre eles os anteriores à promulgação do atual texto constitucional.
Ou seja, a ADPF supre uma lacuna deixada pela ADI, que somente pode ser
ajuizada contra lei ou atos normativos, federais ou estaduais, que entraram em
vigor em data posterior à promulgação da Carta de 1988.
Omissão
A ADO, por sua vez, tem como objetivo analisar a possível omissão na criação de
norma para tornar efetiva uma regra constitucional. Essa classe processual está
regulamentada pela Lei 9.868/1999, em capítulo acrescido à norma em 2009 pela
Lei 12.063/2009.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 61
STF - CONTROLE CONCENTRADO
LEGITIMIDADE ATIVA PARA AJUIZAR
Procurador-Geral da República, as ADIs, ADCs e ADPFs podem ser apresentadas
pelo Presidente da República, pelas mesas do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados, pelas Casas legislativas e pelos governadores dos estados e do Distrito
Federal, pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, pelos partidos
políticos com representação no Congresso Nacional, pelas confederações sindicais
e pelas entidades de classe de âmbito nacional. (pertinência temática)
Uma vez proposta uma dessas ações, não será mais admitida a desistência do
pedido, em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público.
A análise do mérito de uma ação constitucional só pode ser iniciada no Plenário do
STF com a presença de pelo menos oito ministros. Entretanto, bastam seis votos
para que seja declarada a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de uma
norma.
O julgamento dessas ações diz respeito a uma norma específica (controle
concentrado), e não a uma situação concreta que envolva determinadas pessoas
(controle difuso). Por isso, a decisão do STF vale para todos os cidadãos e tem
efeito vinculante, ou seja, deve ser observada pelos Poderes Judiciário e
Executivo e, no âmbito administrativo, o Legislativo.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 62
STF – SUS (pandemia)
ADI 6341 MC-Ref
Tribunal Pleno. Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO. Redator(a) do acórdão: Min. EDSON FACHIN
Julgamento: 15/04/2020 - Publicação: 13/11/2020
EMENTA: REFERENDO EM MEDIDA CAUTELAR EM ADI. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO À
SAÚDE. EMERGÊNCIA SANITÁRIA INTERNACIONAL. LEI 13.979 DE 2020. COMPETÊNCIA DOS
ENTES FEDERADOS PARA LEGISLAR E ADOTAR MEDIDAS SANITÁRIAS DE COMBATE À
EPIDEMIA INTERNACIONAL. HIERARQUIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. COMPETÊNCIA
COMUM. 1. A emergência internacional, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, não implica
nem muito menos autoriza a outorga de discricionariedade sem controle ou sem contrapesos típicos
do Estado Democrático de Direito. (...) Os agentes públicos agem melhor, mesmo durante
emergências, quando são obrigados a justificar suas ações. 2. O exercício da competência
constitucional para as ações na área da saúde deve seguir parâmetros materiais específicos, a serem
observados, por primeiro, pelas autoridades políticas. 3. O pior erro na formulação das políticas
públicas é a omissão, sobretudo para as ações essenciais exigidas pelo art. 23 da CF/88. É grave
que, sob o manto da competência exclusiva ou privativa, premiem-se as inações do governo
federal, impedindo que Estados e Municípios, no âmbito de suas respectivas competências,
implementem as políticas públicas essenciais. O Estado garantidor dos direitos fundamentais
não é apenas a União, mas também os Estados e os Municípios. 4. A diretriz constitucional da
hierarquização, constante do caput do art. 198 não significou hierarquização entre os entes federados,
mas comando único, dentro de cada um deles. 5. É preciso ler as normas que integram a Lei 13.979,
de 2020, como decorrendo da competência própria da União para legislar sobre vigilância
epidemiológica, nos termos da Lei Geral do SUS, Lei 8.080, de 1990. O exercício da competência da
União em nenhum momento diminuiu a competência própria dos demais entes da federação.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 63
STF – SUS (pandemia)
ACO 3478 MC / PI - PIAUÍ
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA
Relator(a): Min. ROSA WEBER. Julgamento: 03/03/2021
Ação Cível Originária. Direito social à saúde (CF, arts. 6º e 196). Pandemia
do novo Coronavírus. Dever da União de prover os entes subnacionais
na execução e formulação de políticas sanitárias. Injustificada redução
de custeio dos leitos de UTI nos Estados-membros.
Ante o exposto, defiro ad referendum do Plenário desta Corte (art. 5º, IV, c/c
art. 21, V, do RISTF), a tutela de urgência para (i) determinar à União que
restabeleça, imediatamente, de forma proporcional às outras unidades
federativas, os leitos de UTI destinados ao tratamento da Covid-19 no
Estado requerente que estavam habilitados (custeados) pelo Ministério da
Saúde até dezembro de 2020, e que foram reduzidos nos meses de
janeiro e fevereiro de 2021; (iii) determinar à União Federal que preste
suporte técnico e financeiro para a expansão da rede de UTI’s no Estado
requerente, de forma proporcional às outras unidades federativas, em caso
de evolução da pandemia.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 64
STF – SUS (pandemia)
ADI 6764
Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO
Julgamento: 13/04/2021 - Publicação: 23/04/2021
Decisão
INDEFERIMENTO. 1. O Presidente da República, Jair Bolsonaro, mediante
petição por si subscrita, ajuizou ação direta, com pedido de concessão de
liminar, buscando interpretação conforme à Constituição Federal aos artigos
2º, incisos I, II e IV, 3º, incisos I e II, da Lei nº 13.874, de 20 de setembro
de 2019 – Lei de liberdade econômica –, 2º, incisos I e II, e 3º, incisos II e
VI, da Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, a versar medidas de
enfrentamento à crise sanitária decorrente do novo coronavírus, e a
declaração de inconstitucionalidade dos Decretos nº 41.874/2021 do
Distrito Federal,; 20.233/2021, do Estado da Bahia; 55.782/2021 e
55.789/2021, do Estado do Rio Grande do Sul, por meio dos quais
determinado fechamento total e toque de recolher em virtude da
pandemia covid-19. Indeferida a inicial, por ausência de capacidade
postulatória do Presidente da República.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 65
STF – CONTROLE CONCENTRADO
Modulação
Em regra, a decisão em ações de controle concentrado tem efeito retroativo à
edição da norma. Mas, com base no artigo 27 da Lei das ADIs, o STF pode, por
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, restringir
os efeitos da decisão ou determinar que ela só tenha eficácia ao fim de
todos os recursos (trânsito em julgado) ou de outro momento a ser fixado.
É a chamada modulação dos efeitos, que exige o voto de 2/3 da composição
Plenária (oito ministros).
Plenário Virtual e processo eletrônico
Em 2019, o STF decidiu que medidas cautelares em ações de controle
concentrado podem ser julgadas em ambiente virtual. O objetivo é dar maior
celeridade e eficiência aos julgamentos. A proposta foi regulamentada na
Resolução 642, que também permite a análise em ambiente eletrônico de
processos em que a matéria discutida tenha jurisprudência dominante no STF –
incluindo, portanto, ações de controle concentrado. Desde 2006, por meio da
Resolução 417, todos os atos e peças referentes às ADIs, ADCs, ADOs e
ADPFs somente podem ser recebidas pelo STF por meio eletrônico.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 66
Caso Deputado Daniel Silveira. Ação
Penal 1.044 (autor MPF)
Crimes: coação no curso do processo, por três vezes, (artigo 344 do Código
Penal) e incitação da prática de tentar impedir ou restringir, com emprego de
violência ou grave ameaça, o exercício dos Poderes constitucionais, por duas
vezes, (Artigo 359-L, parágrafo único do Código Penal. Condenado a oito anos
e nove meses pelo plenário do Supremo em 20/04/2022. Cabe recurso ao
próprio pleno.
Antecedentes: Antes de ser deputado, serviu à PM do Rio de Janeiro
(PMERJ), onde foi incorporado a partir de 2013. Antes disso, era cobrador de
ônibus, função que, em 2007, lhe rendeu um boletim de ocorrência na Polícia
Civil em Petrópolis. A polícia descobriu seu envolvimento em uma fraude na
produção de atestados médicos, que foram utilizados para se ausentar por um
mês do serviço. Isso atrasou em dois anos sua entrada na polícia. Sua
efetivação se deu apenas mediante a entrada de processo administrativo na
Justiça do Rio de Janeiro. Em 2016, prescreveu o inquérito envolvendo a
fraude de atestados, o que permitiu sua efetivação na PMERJ. Confessou ter
sido preso ao menos 90 vezes durante sua carreira como policial. Segundo um
boletim interno da PMERJ, 80 dessas prisões e detenções ocorreram entre os
anos de 2013 e 2017, tendo ocorrido por episódios de insubordinação.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 67
Caso Deputado Daniel Silveira. Ação
Penal 1.044 (autor MPF)
A Constituição não permite o uso da imunidade parlamentar como
pretexto para a prática criminosa, pois exclui a possibilidade de
normalização ou legitimação de discursos, incentivos ou incitações à
violência, física ou moral, seja contra pessoas ou instituições do
regime democrático.
Art. 107 - CP (extinção da punibilidade por anistia, graça ou indulto)

Art. 84, XII - CF (competência privativa do Presidente, conceder


indulto)
 Art. 102 – CF (STF - guarda da Constituição)

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 68
Caso Deputado Daniel Silveira. Ação Penal
1.044 (autor MPF)
DECRETO DE 21 DE ABRIL DE 2022
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,caput, inciso XII, da Constituição, tendo
em vista o disposto no art. 734 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, e
Considerando que a prerrogativa presidencial para a concessão de indulto individual é medida fundamental à manutenção
do Estado Democrático de Direito, inspirado em valores compartilhados por uma sociedade fraterna, justa e responsável;
Considerando que a liberdade de expressão é pilar essencial da sociedade em todas as suas manifestações;
Considerando que a concessão de indulto individual é medida constitucional discricionária excepcional destinada à
manutenção do mecanismo tradicional de freios e contrapesos na tripartição de poderes;
Considerando que a concessão de indulto individual decorre de juízo íntegro baseado necessariamente nas hipóteses
legais, políticas e moralmente cabíveis;
Considerando que ao Presidente da República foi confiada democraticamente a missão de zelar pelo interesse público; e
Considerando que a sociedade encontra-se em legítima comoção, em vista da condenação de parlamentar
resguardado pela inviolabilidade de opinião deferida pela Constituição, que somente fez uso de sua liberdade de
expressão;
D E C R E T A:
Art. 1º Fica concedida graça constitucional a Daniel Lucio da Silveira, Deputado Federal, condenado pelo Supremo
Tribunal Federal, em 20 de abril de 2022, no âmbito da Ação Penal nº 1.044, à pena de oito anos e nove meses de
reclusão, em regime inicial fechado, pela prática dos crimes previstos:
I - no inciso IV do caput do art. 23, combinado com o art. 18 da Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983; e
II - no art. 344 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
Art. 2º A graça de que trata este Decreto é incondicionada e será concedida independentemente do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória.
Art. 3º A graça inclui as penas privativas de liberdade, a multa, ainda que haja inadimplência ou inscrição de
débitos na Dívida Ativa da União, e as penas restritivas de direitos.
Brasília, 21 de abril de 2022; 201º da Independência e 134º da República.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 69
STF – CONTROLE CONCENTRADO
Modulação
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em 13/05/2021, que a
exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base
de cálculo do PIS/COFINS é válida a partir de 15/3/2017, data em que foi fixada
a tese de repercussão geral, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE)
574706. O ICMS que não se inclui na base de cálculo do PIS/COFINS é o que é
destacado na nota fiscal.
Embargos
A modulação dos efeitos foi definida no julgamento de embargos de declaração
opostos pela União, que pretendia que os efeitos retroativos da decisão fossem
considerados válidos somente após o julgamento dos embargos, impcto, superior
a R$ 250 bilhões.
Modulação
A relatora, ministra Cármen Lúcia, acolheu parcialmente o pedido da União, ao
destacar que os efeitos vinculantes da sistemática de repercussão geral requerem
balizamento de critérios para preservar a segurança jurídica. Dessa forma,
decidiu-se pela aplicação da tese a partir da data da sua formulação, ressalvados
os casos ajuizados até o julgamento do mérito do RE.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 70
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Segundo J.J. Gomes Canotilho, podem ser de duas
espécies:
a) Princípios político-constitucionais: representam
decisões políticas fundamentais, conformadoras de
nossa Constituição. São os chamados princípios
fundamentais, os quais preveem as características
essenciais do Estado brasileiro. Ex: o princípio da
separação de poderes, a indissolubilidade do vínculo
federativo, o pluralismo político e a dignidade da pessoa
humana.
b) Princípios jurídico-constitucionais: se referem à ordem
jurídica nacional. Em regra, derivam dos princípios
político constitucionais. Ex: princípio do devido processo
legal, do juiz natural e da legalidade.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 71
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Separação de Poderes: princípio cujo objetivo é evitar
arbitrariedades e o desrespeito aos direitos fundamentais. O
poder político não pode estar concentrado nas mãos de uma
só pessoa. Representa limitação do poder estatal.
Atualmente, a separação de poderes não é vista como algo
rígido. O poder político é uno, indivisível, o que pode ser
objeto de separação são as funções estatais (e não o poder
político). A Constituição se refere às funções distintas de um
mesmo Poder: a legislativa, a executiva e a judiciária. A
Constituição Federal de 1988 adotou uma separação de
Poderes flexível. Eles não exercem exclusivamente suas
funções típicas, mas também outras, denominadas atípicas. A
Constituição Federal de 1988, em seu art. 2º, trata da
separação de poderes, dispondo que “são poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário.”
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 72
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Separação dos poderes (independentes e harmônicos)
Independência é a ausência de subordinação, de hierarquia
entre os Poderes. Harmonia, significa colaboração,
cooperação; visa garantir que os Poderes expressem
uniformemente a vontade da União. A independência entre
os Poderes não é absoluta. Ela é limitada pelo sistema de
freios e contrapesos (check and balances), de origem norte-
americana. Interferência legítima de um Poder sobre o
outro, nos limites estabelecidos constitucionalmente. É o
que acontece, por exemplo, quando o Congresso Nacional
(Poder Legislativo) fiscaliza os atos do Poder Executivo (art.
49, X, CF/88). Ou, então, quando o Poder Judiciário controla
a constitucionalidade de leis elaboradas pelo Poder
Legislativo.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 73
Constituição Federal
Art. 2º São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha,


pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do Presidente da República, e destinam-se à
defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 74
LEI Nº 14.197, DE 1º DE SETEMBRO DE 2021
Acrescenta o Título XII na Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), relativo aos crimes contra o Estado Democrático de Direito; e revoga a Lei nº 7.170, de 14 de
dezembro de 1983 (Lei de Segurança Nacional),

DOS CRIMES CONTRA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

Abolição violenta do Estado Democrático de Direito


Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o
Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos
poderes constitucionais:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, além da pena
correspondente à violência.
Golpe de Estado
Art. 359-M. Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o
governo legitimamente constituído:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, além da pena
correspondente à violência.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 75
LEI Nº 14.197, DE 1º DE SETEMBRO DE 2021
Acrescenta o Título XII na Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), relativo aos crimes contra o Estado Democrático de Direito; e revoga a Lei nº 7.170, de 14 de
dezembro de 1983 (Lei de Segurança Nacional),

DOS CRIMES CONTRA AS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS


Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Art. 359-L. Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado
Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência.
Golpe de Estado
Art. 359-M. Tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente
constituído:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, além da pena correspondente à violência.
DOS CRIMES CONTRA O FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS NO
PROCESSO ELEITORAL
Interrupção do processo eleitoral
Art. 359-N. Impedir ou perturbar a eleição ou a aferição de seu resultado, mediante violação
indevida de mecanismos de segurança do sistema eletrônico de votação estabelecido pela
Justiça Eleitoral:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 76
Separação de Poderes
Súmula Vinculante 37 - STF
“Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia”.
Súmula 649 – STF
“É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle
administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros
Poderes ou entidades”.
A separação dos poderes, sob o enfoque da pré-compreensão das funções
institucionais e constitucionais, proporciona a interpretação de que a atividade de
"fixar" – isto é, de "deliberar acerca" e "definir" – o orçamento corresponde a
uma das típicas atribuições do Poder Legislativo na seara do Estado
Democrático de Direito (CRFB/1988, art. 1º). O Poder Judiciário, não
obstante ostente iniciativa de encaminhamento da proposta orçamentária
que lhe é própria, não interdita, do ponto de vista formal, que o controle
sobre essa iniciativa constitucionalmente consagrada seja realizado, de
modo autônomo, em sede parlamentar. A separação de poderes, conquanto
cláusula pétrea, não sofreu violação nesta ação direta (CRFB/1988, art. 2º c/c art.
60, § 4º). [ADI 5.468, rel. min. Luiz Fux, j. 30-6-2016, P, DJE de 2-8-2017.]

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 77
Separação dos Poderes - ADPF
Em 28/04/2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o
restabelecimento da composição do conselho deliberativo do Fundo
Nacional do Meio Ambiente (FNMA), do Conselho Nacional da Amazônia
Legal e do Comitê Orientador do Fundo Amazônia. Por maioria de votos, o
Plenário declarou inconstitucionais três decretos presidenciais que alteravam
a composição desses órgãos.
No julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental (ADPF) 651, o colegiado concluiu que as mudanças
promovidas pelas normas afrontam o princípio da vedação do retrocesso
institucional em matéria ambiental e da participação da sociedade civil
na formulação de políticas públicas ambientais.
A ação foi proposta pelo partido Rede Sustentabilidade, inicialmente
apenas contra o artigo 5º do Decreto Presidencial 10.224/2020, que alterava
o conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).
Posteriormente, o partido incluiu no pedido o Decreto 10.239/2020, que
afastava a participação de governadores no Conselho Nacional da
Amazônia Legal, e o Decreto 10.223/2020, que extinguia o Comitê
Orientador do Fundo Amazônia.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 78
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Dignidade da Pessoa Humana: princípio que coloca o ser humano
como a preocupação central para o Estado brasileiro: a proteção às
pessoas deve ser vista como um fim em si mesmo. Possui elevada
densidade normativa e pode ser usado, por si só e
independentemente de regulamentação, como fundamento de
decisão judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando
qualquer norma com ele conflitante), o princípio da dignidade da
pessoa humana vincula o Poder Público. (isonomia)
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
12/09/2023 Copyright@RicardoDias 79
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Pluralismo Político: visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais no
processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção
filosófica e política.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos,
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 80
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Estado Democrático de Direito: o art. 1º, caput, da
CF/88 dispõe que a “República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se um
Estado Democrático de Direito.
O regime político adotado pelo Brasil é a democracia.
Hoje, a doutrina denomina de Estado Constitucional,
que é, ao mesmo tempo, um Estado de Direito e um
Estado Democrático. O Estado Democrático de
Direito, portanto, é o Estado Constitucional submetido
à Constituição e aos valores humanos nela
consagrados.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 81
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS POLÍTICOS
CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 82
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS

A teoria geral dos direitos humanos compreende os


elementos basilares acerca do estudo dos direitos
humanos internacionais. Apresenta temas como
conceito, histórico, características e outros pontos e
Direitos Humanos X Direitos Fundamentais
Ontologicamente não há distinção entre direitos
humanos e direitos fundamentais, sendo essas
expressões comumente usadas como termos sinônimos.
Didaticamente, no entanto doutrinas as utilizam como
expressões diversas.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 83
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS

•Direitos Fundamentais: Direitos essenciais à


dignidade humana, positivados na ordem interna
do País, previstos na Constituição dos Estados.
•Direitos Humanos: direitos essenciais à
dignidade humana, reconhecidos na ordem
jurídica internacional com previsão nos Tratados
ou outros instrumentos normativos do Direito
Internacional, são direitos que transcendem a
ordem interna dos Estados.

12/09/2023 Copyright@RicardoDias 84
FINAL DE AULA

Boa noite.

Prof. Dr. Ricardo Dias


12/09/2023 Copyright@RicardoDias 85

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