1) Uma mulher recorreu da decisão de não suspender o cumprimento de sentença de reintegração de posse de um imóvel;
2) A sentença transitou em julgado reconhecendo o direito dos herdeiros permanecerem no imóvel;
3) O recurso foi desprovido pois a discussão sobre o domínio não cabe em ação possessória, devendo o mandado ser cumprido.
1) Uma mulher recorreu da decisão de não suspender o cumprimento de sentença de reintegração de posse de um imóvel;
2) A sentença transitou em julgado reconhecendo o direito dos herdeiros permanecerem no imóvel;
3) O recurso foi desprovido pois a discussão sobre o domínio não cabe em ação possessória, devendo o mandado ser cumprido.
1) Uma mulher recorreu da decisão de não suspender o cumprimento de sentença de reintegração de posse de um imóvel;
2) A sentença transitou em julgado reconhecendo o direito dos herdeiros permanecerem no imóvel;
3) O recurso foi desprovido pois a discussão sobre o domínio não cabe em ação possessória, devendo o mandado ser cumprido.
AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0014916-57.2019.8.16.0000 – 2ª VARA CÍVEL DE
PARANAGUÁ
AGRAVANTES: JACIRA CONSTANTE
AGRAVADO: ESPÓLIO DE AFONSO SUAVE E MARIA CONCEIÇÃO SUAVE
RELATOR: Juiz ALEXANDRE GOMES GONÇALVES (EM SUBSTITUIÇÃO AO DES.
ROBERTO MASSARO)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. AÇÃO DE
MANUTENÇÃO DA POSSE. SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO QUE RECONHECEU O DIREITO DOS AGRAVADOS PERMANECEREM NO IMÓVEL. DISCUSSÃO SOBRE O DOMÍNIO QUE NÃO TEM LUGAR NESTE RECURSO, TAMPOUCO NO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. VEDAÇÃO EXPRESSA DO ARTIGO 557, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC. IMPOSSIBILIDADE DE SUSPENDER O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA PARA AGUARDAR A DECISÃO DA AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO. MANDADO DE REINTEGRAÇÃO DEVIDAMENTE CUMPRIDO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
I. RELATÓRIO
Trata-se de Agravo de Instrumento interposto contra a
decisão do evento 46.1 dos autos de cumprimento de sentença nº 0000306-38.1989.8.16.0129, que indeferiu o pleito de suspensão do processo até julgamento da ação de adjudicação compulsória a que se referem os autos nº 15292-54.2013.
Sustenta a agravante, em suma (evento 1.1 dos autos
recursais): que os autos de origem se referem a ação de manutenção de posse ajuizada pelos agravados em face da agravante; que a sentença julgou procedente o pedido; que, iniciado o cumprimento de sentença, opôs exceção de pré-executividade alegando que a ação foi convertida em reintegração de posse sem pedido, pugnando pelo recolhimento do mandado de reintegração de posse, o que foi indeferido; que, na sequência, informou ter vencido certame licitatório para aquisição do imóvel junto à Prefeitura, que se negou a adjudicar o imóvel à agravante, em razão da existência de ação da manutenção de posse; que ajuizou ação em face do Município e pediu o sobrestamento do feito, o que foi indeferido; que está pendente ação para aquisição da propriedade do imóvel e seria um contrassenso ter de desocupar imóvel licitamente adquirido. Afirmando a presença dos requisitos legais, pugnou pela antecipação da tutela recursal para suspensão da ordem de reintegração de posse, provendo-se ao fim o recurso para isso.
A antecipação da tutela recursal foi indeferida pela
decisão do evento 5.1 destes.
Houve contrarrazões no evento 16.1, pelo desprovimento
do recurso.
É o relatório.
II. VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO
Presentes os requisitos de admissibilidade, intrínsecos
e extrínsecos, conheço do Agravo de Instrumento.
Sem maiores delongas, o recurso não comporta provimento,
haja vista a inexistência da probabilidade do direito.
A ordem de reintegração de posse decorre de sentença
transitada em julgado, que reconheceu o direito dos agravados de permanecerem na posse do imóvel.
A tutela possessória ora perseguida, como bem afirmado
na decisão atacada, não pode deixar de ser cumprida por qualquer discussão meritória sobre o domínio do imóvel, a uma porque já reconhecido o direito do possuidor, e a duas porque expressamente vedada pela letra do artigo 557, caput e parágrafo único, do CPC.
Sobre o tema, a razão de ser da proibição da discussão
do domínio nas ações possessórias:
“O juízo da ação possessória, para realmente viabilizar
o alcance da tutela possessória, não pode se permitir discussões inerentes ao domínio, sob pena de a tutela jurisdicional, que deveria ser outorgada à posse, ser deferida sempre em favor do proprietário. Note-se que o possuidor esbulhado pelo titular do domínio não teria sequer razão para propor a ação de reintegração de posse, já que o proprietário-demandado sempre receberia a tutela jurisdicional. É a própria autonomia do conceito de posse diante da propriedade que exige a limitação na cognição. Por isso, corretamente, afirma o artigo 557, § único do CPC, que a alegação de propriedade ou qualquer outro direito sobre o bem não impede a tutela exclusiva da posse.
Não há dúvida que a restrição à discussão do domínio é
constitucional. Tal restrição não viola o direito de propriedade nem, muito menos, o direito de defesa ou o direito de ação. A restrição tem o objetivo de tornar possível a prestação de uma forma de tutela jurisdicional imprescindível à situação jurídica do possuidor. Não há posse ou situação jurídica de possuidor sem tutela jurisdicional possessória e não há efetiva e adequada tutela jurisdicional possessória sem restrição à discussão do domínio. Não fosse assim, a posse e o possuidor estariam ao desamparo da tutela do Estado. A restrição, além de estar fundada na posse, está baseada no direito fundamental à tutela jurisdicional adequada e efetiva dos direitos (art. 5º, XXXV, CF). A propriedade pode ser tutelada mediante o exercício do direito do de ação depois de esgotado o juízo possessório.” (Novo Código de Processo Civil Comentado, Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, 3ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, p. 708/709)
Veja-se que, quanto ao que demanda a agravante neste
recurso, não há probabilidade do direito, o que já foi dito na decisão agravada, nada mais precisando ser acrescentado. Adicionalmente, não há pertinência sobre alguma probabilidade de direito da agravante sobre o imóvel, cuja discussão sobre o domínio não tem lugar neste recurso, tampouco no cumprimento de sentença da ação possessória.
Portanto, o deferimento da suspensão do cumprimento de
sentença não faz nenhum sentido.
Ademais, o mandado de reintegração de posse já foi
devidamente cumprido, conforme auto de reintegração do mov. 52.1 dos autos de origem.
Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do Agravo de
Instrumento e negar-lhe provimento.
III. DECISÃO
Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 12ª Câmara
Cível do TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE E NÃO-PROVIDO o recurso de JACIRA CONSTANTE MOREIRA.
O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargadora
Ivanise Maria Tratz Martins, sem voto, e dele participaram Juiz Subst. 2ºgrau Alexandre Gomes Gonçalves (relator), Desembargador Rogério Etzel e Juiz Subst. 2ºgrau Luciano Carrasco Falavinha Souza.