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DIREITO CIVIL –

COISAS
PROFESSORA
ADILSEN
Aprendendo o
direito material
e o direito
processual
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
(EFEITOS DA POSSE)

1. A FUNGIBILIDADE DOS INTERDITOS


2. APLICAÇÃO DAS POSSESSÓRIAS ÀS
COISAS MÓVEIS
3. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
4. NATUREZA DÚPLICE DA AÇÃO
5. DISTINÇÃO ENTRE JUÍZO POSSESSÓRIO
E PETITÓRIO E A EXCEÇÃO DE DOMÍNIO
6. A MEDIDA LIMINAR NA POSSESSÓRIA
7. A EXIGÊNCIA DE PRESTAR CAUÇÃO
A FUNGIBILIDADE DOS INTERDITOS
• CPC, art. 920 - “A propositura de uma ação possessória em vez de
outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a
proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam
provados”.
• Este dispositivo é fiel ao princípio segundo o qual a parte expõe
o fato e o juiz aplica o direito (‘da mihi factum dabo tibi
ius’);
• Exemplificando: O possuidor sofre ameaças de invasão. Ao
providenciar a propositura da ação, o imóvel que estava cercado
foi invadido. O foco da ação mudou.
• Em verdade o que se quer proteger é a posse. O
pedido é sempre pedido de proteção
possessória, embora esta possa assumir mais de
uma forma e a indicada pela autor não seja
cabível.
• A fungibilidade é restrita a três
ações: reintegração, manutenção e
interdito proibitório;
• Trata-se de exceção ao princípio que proíbe o
julgamento ‘extra petita’ (CPC, art. 460), de aplicação
estrita às três ações;
• Inadmissível o emprego da fungibilidade entre uma ação
possessória e a ação de imissão de posse ou
reivindicatória, ou entre uma ação possessória e uma
ação de despejo. São de naturezas distintas.
FUNGIBILIDADE
FUNGIBILIDADE

• Atenção: o princípio da fungibilidade autoriza


a conversão do interdito proibitório em
interdito de manutenção ou reintegração se, depois
de ajuizado, ocorrer a turbação ou esbulho.
• Mas, ajuizada a ação de manutenção, não há mais
lugar para ser intentado o interdito proibitório;
todavia, a correção pode ser feita pelo juiz ao
despachar a inicial, ou na sentença ou até mesmo
na fase recursal (JTARS, 18/193).
NOVO CPC

• Art. 540. A propositura de uma ação possessória em


vez de outra não obstará a que o juiz conheça do
pedido e outorgue a proteção legal correspondente
àquela cujos requisitos estejam provados.
• Nota: sem alteração.
APLICAÇÃO DAS AÇÕES
POSSESSÓRIAS ÀS COISAS MÓVEIS

• Os interditos são utilizáveis para os imóveis ou móveis;


• Se o possuidor da coisa móvel ameaçada, turbada ou
esbulhada, necessitar de proteção, observar-se-á as mesmas
disposições sobre ações possessórias (CPC, art. 920 e ss.);
• Caso o possuidor objetive liminar, presente a ofensa com
menos de ano e dia, deve recorrer às ações possessórias;
• Passado esse prazo, o procedimento será ordinário, sem
perder o caráter possessório, sendo possível a antecipação
de tutela.
COISA MÓVEL
COISA MÓVEL PODE USUFRUIR DE
PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
• Além das hipóteses previstas no CC (arts. 1.216/1.220),
paralelamente, o CPC, art. 921, dispõe:

“É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:


I – condenação em perdas e danos;
II – cominação de pena para o caso de nova turbação
ou esbulho;
III – desfazimento de construção ou plantação feita em
detrimento de sua posse.

• Entretanto, nada impede que o autor ajuíze o pedido de indenização


em ação autônoma.
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
DEVE SER EXPRESSA
A cumulação é facultativa; se o pedido não foi formulado
pelas partes, o juiz não poderá conhecê-lo de ofício,
por julgá-lo implícito; isto seria um julgamento ‘ultra petita’;

Observe: o pedido de cominação de pena de multa é


cominatório típico e equivale a um interdito proibitório
incidental a uma ação de turbação ou esbulho;
QUANTIA DEVIDA DEVE SER PROVADA ...
Não se pode relegar à fase da liquidação a prova da
existência do dano (conhecimento), para que a
sentença possa reconhecê-lo;

O quantum debeatur (quantia devida) pode ser


apurada em liquidação futura;

Desde que o autor dispense o rito especial, pode


formular outros pedidos cumulados ao possessório,
como por exemplo, o de rescisão de compromisso de
compra e venda e o demarcatório (CPC, art. 951).
NOVO CPC
Art. 541. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou
esbulho;
III - desfazimento de construção ou plantação feita em
detrimento de sua posse.

• Nota: sem alteração


4. NATUREZA DÚPLICE DA AÇÃO
A duplicidade das ações possessórias é prevista em
lei (CPC, art. 922):

“é lícito ao réu, na contestação, alegando que foi


ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes
da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”.

Logo, não há necessidade de o réu ajuizar


reconvenção. O pedido é feito na contestação.
Como o réu pode formular pedidos a
seu favor na contestação, não se admite
reconvenção em ação possessória;

A ação possessória somente adquire


natureza dúplice se o réu também
demandar, na contestação, proteção
possessória (RT 615/187); por isso,
estas ações são dúplices por vontade
do legislador (art. 922) e não por sua
natureza;
NOVO CPC

• Art. 542. É lícito ao réu, na contestação, alegando que


foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo
autor.

• Nota: sem alteração.


CONTESTAR PEDINDO
PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
A situação jurídica apresenta-se de tal modo
que qualquer dos sujeitos pode ajuizar a ação
contra o outro;
Em razão desse caráter da ação, permite se
analise entre os litigantes quem tem a
melhor posse e quem efetivamente a turbou
ou a esbulhou, pois ambos costumam arguir a
condição de possuidores.
5. DISTINÇÃO ENTRE JUÍZO PETITÓRIO
E POSSESSÓRIO.
A EXCEÇÃO DE DOMÍNIO
O CPC, art. 923, assim dispõe:
“Na pendência do processo possessório, é defeso,
assim ao autor como ao réu, intentar ação de
reconhecimento de domínio”;
Ou seja, fica obstada a ação de reconhecimento de
domínio, se na possessória as partes discutem a posse com
base no domínio; discute-se o ius possessionis (posse
autônoma ou formal); no juízo petitório se invoca o ius
possidendi (posse causal);
Examina-se o domínio como subsídio quando da prova não
puder ressaltar a boa ou melhor posse. O domínio é
alegado incidentalmente.
As ações possessórias se diferem das ações
petitórias que também são chamadas de
dominiais. Nessas últimas existe a conjugação
entre o pedido que é de posse e a causa de
pedir que é propriedade. Nas ações
possessórias o pedido e a causa de pedir é a
posse.
ação reivindicatória = pede-se a restituição da coisa da qual se é proprietário;
ação de imissão na posse = peço a posse por que adquiriu a propriedade;
ação de nunciação de obra nova = obra em construção, solicita a proteção do prédio
confinante por que existe obra que pode prejudicar o seu bem ou o exercício do seu
direito. No caso de obra já concluída trata-se de ação demolitória;
Ação de depósito = devolução da coisa em razão de contrato de depósito (tem por
fundamento o contrato);
Embargos de Terceiro (artigo 1046 CPC) = livrar o bem da posse ou propriedade de
terceiro estranho à relação processual, de constrição judicial que pesa sobre o
mesmo bem;
ação publiciana = retomada da posse por quem a perdeu, mas baseado no fato de de
já ter adquirido a propriedade por usucapião apesar de não o reconhecimento
judicial;
NA AÇÃO
POSSESSÓ
RIA NÃO
IMPORTA
.....

Quem é
dono?
Quem tem
domínio?
• A consequência prática da proibição (art. 923) é que
poderá o possuidor não proprietário, desde que
ajuíze ação possessória, impedir a recuperação da
coisa pelo seu legítimo dono, pois este ficará
impedido de recorrer à reivindicatória até que a
possessória seja definitivamente julgada;

• O art. 923 só se refere as ações possessórias em


que a posse seja disputada a título de domínio; não
há proibição se a ação possessória tiver por
fundamento exclusivo atos concretos de posse (ius
possessionis).
Todavia, se ambos os contendores
discutem a posse com base no domínio,
ou, ainda, se a prova do fato da posse é
confusa, a posse deve ser decidida em
favor de quem tem o domínio.
Nesse sentido, a Súmula 487 do STF:
“Será deferida a posse a quem,
evidentemente, tiver o domínio, se com
base neste for ela disputada”.
Entretanto, a ação não deixa de ser
possessória, não ocorrendo coisa
julgada acerca do domínio;

Não se converte a ação em petitória


unicamente porque ventilado o
domínio por ambas as partes e na
motivação da sentença;
ESSA É A POSIÇÃO DO
STJ:
“NÃO CABE, EM SEDE DE
POSSESSÓRIA, A
DISCUSSÃO SOBRE
DOMÍNIO, SALVO SE
AMBOS OS LITIGANTES
DISPUTAM A POSSE
ALEGANDO
PROPRIEDADE OU
QUANDO DUVIDOSAS
AMBAS AS POSSES
ALEGADAS” (RESP
5.462/MS).
NOVO CPC
Art. 543. Na pendência de ação possessória é
vedado, assim ao autor como ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio.

Nota: sem alteração.


6. A LIMINAR
Procedimento:
O CPC, art. 924 refere-se ao ajuizamento das
ações possessórias no ano e dia da turbação ou
do esbulho;

Proposta a ação nesse prazo, o procedimento


especial dessas ações permite a expedição do
mandado liminar, de manutenção, reintegração ou
proibitório, nos termos do art. 928, caso em que a
ação será considerada de força nova;
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Passado esse prazo (ano e dia), o rito será
ordinário e a ação, de força velha, seguindo-se,
então, o prazo para a contestação, instrução e
julgamento;

Nesse caso, não haverá possibilidade de


deferimento liminar, nem o processo se
transformará em pleito petitório;

Lembre-se, a medida liminar é provisoriedade no


processo, que pode ser mantida ou não na
sentença;
AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO DE POSSE
Na maioria dos casos, há necessidade de
realização de audiência de justificação de posse,
em razão dos riscos que acarreta a concessão da
liminar, devendo o réu ser citado para
comparecer à audiência (CPC, art. 928, 2ª parte);
Mas se a petição estiver devidamente instruída, o
juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do
mandado liminar (CPC, art. 928, 1ª parte);
pressupostos (os mesmos dos processos
cautelares): ‘fumus boni iuris’ e ‘periculum in
mora’;
ÚNICA SAÍDA POSSÍVEL ...
A ÚNICA SAÍDA POSSÍVEL ....

• Não há vantagem alguma para o proprietário em


promover ação possessória se o esbulho sofrido data
de mais de ano e dia, pois seguirá o rito ordinário, sem
liminar. Melhor ajuizar desde logo a reivindicatória;

• Mas se a posse em disputa não envolver domínio (ius


possidendi), a única via judicial de que se podem valer é a
possessória (a parte final do art. 924 teve em mira
conferir algum meio de defesa ao mero possuidor).
NOVO CPC
• Art. 544. Regem o procedimento de manutenção e de
reintegração de posse as normas da Seção II deste
Capítulo quando proposta dentro de ano e dia da
turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será
comum, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

• Nota: o texto foi ajustado às divisões do novo CPC.


Assim, “as normas da seção seguinte” deram lugar para
“as normas da Seção II deste Capítulo” .
7. A EXIGÊNCIA DE PRESTAR
CAUÇÃO
Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor
provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece
de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação,
responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo
de 05 dias para requerer caução sob pena de ser
depositada a coisa litigiosa (CPC, art. 925);

A caução deve ser prestada na forma dos arts. 826 a 830


do CPC;
Cabe ao réu provar a falta de idoneidade
financeira do autor, em qualquer fase do
processo;
Não prestando a caução, a coisa litigiosa será
depositada judicialmente;
A caução poderá ser real (imóvel, carro, jóias,
dinheiro) ou fidejussória (carta de fiança);
Fica a critério do juiz deferir ou não o
pedido de caução
NOVO CPC
• Art. 545. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor
provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de
idoneidade financeira para, no caso de decair da ação,
responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de
cinco dias para requerer caução sob pena de ser depositada a
coisa litigiosa.

• Nota: sem alteração

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