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TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
CRIMES CONTRA A VIDA
HOMICÍDIO SIMPLES
HOMICÍDIO QUALIFICADO
● Só haverá homicídio híbrido se houver privilegiadora + qualificadora objetiva
(em azul)
§ 2º Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
SUBJETIVA
● Mediante paga ou promessa de recompensa SÃO motivos torpes;
● São homicídios mercenários quando há pagamento ou recompensa - NÃO precisa
ser necessariamente dinheiro;
● Na hipótese de pagamento ou ganho de recompensa há concurso de pessoas
necessário;
● ”mediante paga ou promessa de recompensa” só se aplica somente ao
EXECUTOR
● EXECUTOR sempre responde por essa qualificadora, o MANDANTE irá depender
● STJ: Não obstante a paga ou a promessa de recompensa seja circunstância
acidental do delito de homicídio, de caráter pessoal e, portanto, incomunicável
automaticamente a coautores do homicídio, não há óbice a que tal circunstância se
comunique entre o mandante e o executor do crime, caso o motivo que levou o
mandante a empreitar o óbito alheio seja torpe, desprezível ou repugnante. (REsp
1209852/PR, julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)
● VINGANÇA pode ou não ser torpe;
● CIÚMES não é motivo torpe, mas pode ser FÚTIL
III – com emprego de veneno (venefício), fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; TODOS SÃO DE
NATUREZA OBJETIVA
● EMPREGO DE VENENO pode ser algo que faça mal a todos (Ex.: chumbinho), bem
como a uma única pessoa (Ex.: uso de algo que a pessoa seja alérgica)
● ASFIXIA pode ser tóxica ou mecânica
● TORTURA é empregar um meio que cause muito mais dor do que o necessário para
alcancar o objetivo morte. HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO EMPREGO DE
TORTURA x TORTURA QUALIFICADA PELA MORTE (preterdoloso) - a diferença
se dará pelo dolo do agente
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; TRAIÇÃO É SUBJETIVA, O
RESTANTE É OBJETIVA
● TRAIÇÃO é a única qualificadora deste inciso que é SUBJETIVA!
● TRAIÇÃO é crime próprio, ou seja é necessário a qualidade de deposição de
confiança da vítima no agente, portanto só pode ser cometido por quem tem a
confiança da vítima
● MEDIANTE DISSIMULAÇÃO - “crime do tinder”
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (Incluído pela Lei n.
13.104, de 2015); NATUREZA OBJETIVA
● Hoje, entende-se que o feminicídio não se aplica aos transgêneros, transsexuais e
travestis (???)
● O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, até mesmo mulheres (crime comum)
HOMICÍDIO FUNCIONAL
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei
n. 13.142, de 2015) SUBJETIVA
● Matar alguma autoridade ou agente de segurança no exercício de sua função ou
devido a ela.
● Ex-policiais ou policiais aposentados estão protegidos por esta qualificadora
● Filhos adotivos e parentes por afinidade (sogra(o), cunhada(o) e etc) ficam de fora
dessa hipótese
○ O Direito Penal não admite analogia in malam partem, não admite analogia
para prejudicar o réu e se o tipo penal determina expressamente que
somente alcançará o parente consanguíneo até 3º grau, o filho adotivo não é
parente consanguíneo e não pode ser aplicada analogia in malam partem no
Direito Penal
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019) OBJETIVA
● Este dispositivo é uma norma penal em branco, visto que exige um complemento,
uma explicação sobre o que é considerado uma arma de fogo de uso restrito e
proibido, que se dá por meio de decreto do Presidente da República
● Pergunta: alguém que pratica um homicídio qualificado pelo uso de arma de fogo de
uso restrito também pode ser responsabilizado pelo crime de porte de arma de fogo
de uso restrito? DEPENDE do caso concreto. Se o agente se utilizar da arma de
fogo de uso restrito apenas para praticar o homicídio, não haverá o concurso de
crimes. Já se o sujeito pratica o homicídio, mas é possível provar que em outros
contextos, ele portava essa arma de fogo de uso restrito, a ele também poderá ser
imputado o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento
● CUIDADO:
○ Homicídio de familiar (parricídio, matricídio e filicídio)
■ Não qualifica, por si só, o homicídio
■ Trata-se de uma agravante genérica do art. 61, II, e, CP (contra
descendente, ascendente, irmão ou cônjuge
○ Homicídio premeditado
■ Não qualifica, por si só, o homicídio
■ Pode funcionar como circunstância judicial para a dosimetria da pena
(1ª fase)
HOMICÍDIO CULPOSO
§ 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
● Devido a pena mínima ser menor/igual do que 1 ano, a Lei 9099/95 prevê
suspensão condicional do processo
● É um crime de médio potencial ofensivo
● Pode se dar por três fatores
○ Negligência (culpa negativa): inobservância do dever de cuidado por parte
do agente.
○ Imprudência (culpa positiva): Excesso de confiança, sem assumir o risco
do resultado (por isso, não confundir com o dolo eventual em que se assume
tal risco)).
○ Imperícia (culpa profissional): Falta de aptidão técnica, geralmente
relacionada a profissão do agente
● Crimes culposos não admitem a tentativa (Exceto a culpa imprópria, Art. 20, §1º,
CP)
● Crimes Preterdolosos (dolo na conduta e culpa no consequente. Ex.: Lesão
corporal com resultado morte) não admitem a tentativa
○ Isso porque, existe a hipótese específica da modalidade preterdolosa no CP
PERDÃO JUDICIAL
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
● Milícia privada = Agentes de segurança que “tomam conta” de determinada região
prometendo segurança a população cobrando e extorquindo essa população
● É crime hediondo, se cometido por grupo de extermínio
Aula 6 - Crimes Contra a Pessoa - Homicídio VI
2) (CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário) Acerca dos crimes previstos na parte
especial do Código Penal, julgue o item a seguir.
De acordo com a doutrina e a jurisprudência dominantes, o chamado homicídio
privilegiado-qualificado, caracterizado pela coexistência de circunstâncias privilegiadoras,
de natureza subjetiva, com qualificadoras, de natureza objetiva, não é considerado crime
hediondo. (A privilegiadora afasta a hediondez)
3) (FGV - 2012 - PC-MA - Delegado de Polícia) Juca, transtornado, após ter flagrado seu
pai praticando violência sexual com sua irmã de apenas 05 anos de idade, que vem a
falecer em razão da violência praticada, desfere uma facada contra a cabeça do seu genitor
que também vem a falecer. Após desferir o golpe contra seu pai, e certificar-se da morte
deste, Juca foge levando o relógio que a vítima usava na ocasião. O agressor sexual era
solteiro e possuía somente estes dois filhos. Mais tarde, com a prisão de Juca, o fato foi
levado ao conhecimento da autoridade policial. Com base no exposto, assinale a alternativa
que apresenta a tipificação correta.
a) Juca deverá responder por homicídio qualificado por meio cruel (Art. 121, § 2º, III, do CP)
e por furto simples (Art. 155, do CP). (Não responde por furto/roubo, pois no caso em
específico, Juca é o único herdeiro e facada não é considerado meio cruel)
b) Juca deverá responder por homicídio privilegiado (Art. 121, § 1º, do CP) e por furto
simples (Art. 155, do CP).(Não responde por furto/roubo, pois no caso em específico, Juca é
o único herdeiro)
c) Juca não deverá responder por qualquer crime por ter agido escorado pela excludente de
ilicitude da legítima defesa de terceiro. (a questão não deixa claro se a situação foi uma
ameaça atual ou iminente, a violência sexual parece se tratar de uma agressão pretérita)
d) Juca deverá responder por homicídio privilegiado (Art. 121, § 1º, do CP). (Relevante valor
moral)
e) Juca deverá responder por homicídio privilegiado (Art. 121, § 1º, do CP) e por roubo
simples (Art. 157, do CP).(Não responde por furto/roubo, pois no caso em específico, Juca é
o único herdeiro)
4) (FUMARC - 2018 - PC-MG - Escrivão de Polícia Civil) A policial Michele Putin, na noite
de 14 de março de 2018, quando retornava para sua casa, após liderar uma exitosa
operação contra o tráfico de entorpecentes na comunidade de “Miracema do Norte”, foi
abordada por dois homens armados e friamente assassinada. Num fenomenal trabalho
investigatório, a Polícia Civil logrou êxito em identificar os assassinos como sendo os irmãos
Jorge e Ernesto Petralha, apurando que tal homicídio se deu em represália pelas prisões
ocorridas quando da citada operação policial. Diante desse quadro, podemos asseverar que
os assassinos responderão por:
a) Feminicídio, conduta tipificada no art. 121, § 2° , VI CP.
b) Homicídio funcional, conduta tipificada no art. 121, § 2° , VII CP.
c) Homicídio qualificado por motivo fútil, conduta tipificada no art. 121, § 2° , II CP.
d) Homicídio qualificado por motivo torpe, conduta tipificada no art. 121, § 2° , II CP.
7) (VUNESP - 2018 - TJ-RS - Juiz de Direito) O feminicídio (CP, art. 121, § 2 o , VI):
a) está ausente do rol dos crimes hediondos (Lei n o 8.072/90). (TODOS OS HOMICÍDIOS
QUALIFICADOS SÃO CRIMES HEDIONDOS)
b) demanda, para seu reconhecimento, obrigatória relação doméstica ou familiar entre
agressor e vítima.
c) é o homicídio qualificado por condições do sexo feminino.
d) foi introduzido em nosso ordenamento pela Lei Maria da Penha (Lei n o 11.340/06).
e) admite a modalidade preterdolosa.
10) (FGV - 2018 - AL-RO – Advogado) Após intenso debate político repleto de ofensas,
Ana, 40 anos, e Maria, 30 anos, iniciam uma longa discussão. Ana, revoltada com o
comportamento agressivo de Maria, arremessa uma faca em direção a esta com a intenção
de causar sua morte, mas a arma branca acaba por atingir Joana, criança de 13 anos, que
passava pela localidade, sendo o golpe de faca no coração a causa eficiente de sua morte.
Descobertos os fatos pelo Ministério Público, considerando apenas as informações
narradas, é correto afirmar que Ana deverá ser responsabilizada pelo crime de homicídio
a) doloso consumado sem a causa de aumento da idade da vítima, em razão do erro de
execução.
b) culposo consumado, em razão do erro sobre a pessoa.
c) culposo consumado, em razão do erro de execução.
d) doloso consumado sem causa de aumento da idade da vítima, em razão do erro de
pessoa.
e) consumado com a causa de aumento da idade da vítima, em razão do erro sobre a
pessoa
QUALIFICADORAS:
AUMENTO DE PENA
§ 3º A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
● Vítimas com depressão, menores de idade entre 14 a 17 anos (devido ao § 6º)
INFANTICÍDIO
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Pena - detenção, de 2 a 6 anos.
● Verbo: matar
● Elementares: sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após
● Pode ser considerado uma forma de Homicídio Privilegiado
● Estado Puerperal: Efeitos psíquicos causados em mulheres devido a gravidez e ao
parto
○ Haverá, inclusive, uma presunção que a mulher está em estado puerperal e
portanto, em regra, não há necessidade de Laudo Psiquiátrico para
comprovar o Estado Puerperal
● Crime Próprio, em regra, só pode ser praticado por mulheres mães
● “logo após": não há definição legal para saber qual a duração do estado puerperal,
é feito uma análise casuística
● Cabe a modalidade culposa? NÃO!
● O art. 61 do CP trás Circunstâncias Agravantes:
○ Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime: (...) II - ter o agente cometido o crime: (...) e)
contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; (...) h) contra criança,
maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
○ A mãe que pratica Infanticídio NÃO responde por essas agravantes
● Por qual crime responde a mãe que, logo após o parto, sob o estado puerperal,
e com a intenção de matar o próprio filho, mata outra criança pensando ser
seu filho?
○ Erro sobre a pessoa: Art. 20, § 3º, CP - O erro quanto à pessoa contra a
qual o crime é praticado não é isento de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
quem o agente queria praticar o crime.
○ Portanto, ela ainda será responsabilizada pelo crime de infanticídio
● Por qual crime responde o agente que participa do infanticídio, mas que não
se encontra sob o efeito do estado puerperal?
○ Ex.: Uma mãe sob o efeito do estado puerperal recebe auxílio de um terceiro
para matar seu próprio filho. Por qual crime os dois agentes respondem?
■ Existe uma hipótese de Concurso de pessoas
Art. 30, CP - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime
○ O estado puerperal é uma circunstância pessoal da mãe, MAS é uma
elementar e, portanto, deve se comunicar com o terceiro. Dessa forma, a
mãe e o terceiro (como partícipe) respondem por Infanticídio
● Por qual crime responde o agente que contribui para o infanticídio?
○ 1º Situação) Mãe pratica os atos executórios auxiliado por terceiro
■ Ambos respondem pelo art. 123, a mãe como autora e o terceiro
como partícipe
○ 2ª Situação) Mãe e terceiro praticam os atos executórios conjuntamente
■ Ambos respondem pelo art. 123, a mãe como autora e o terceiro
como coautor
○ 3ª Situação) Terceiro pratica atos executórios auxiliado pela mãe
■ A mãe responde pelo art. 123 como partícipe e;
● 1º corrente) o terceiro responde por homicídio
● 2º corrente) o terceiro também responde pelo art. 123, mas
como autor
ABORTO:
● Objeto Jurídico protegido: Vida
● Objeto Material: Feto (e no art. 125 a Integridade Física e Psíquica da Gestante)
● Termo inicial da gravidez: Fecundação (Pílulas do dia seguinte ou outros métodos
contraceptivos que atuam após a fecundação são Exercícios Regulares de Direito -
a lei permite)
● É possível o aborto culposo? Não existe a possibilidade de aborto culposo, pois
não há previsão legal
● É possível a prática do crime de aborto por omissão (art. 13, § 2º, CP - Omissão
imprópria)? Sim, é possível!
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma (autoaborto) ou consentir que outrem lho
provoque (consentimento para o aborto):
Pena - detenção, de 1 a 3 anos.
● As duas condutas descritas são crimes de Mão-Própria, ou seja, não há
possibilidade de delegação (não há coautoria) da conduta, pois provocar aborto em
si ou consentir só pode ser realizado pela gestante
● Autoaborto - Não há possibilidade de coautoria, mas permite que haja a
possibilidade de existir o participe
● Consentimento para o aborto - É uma Excessão pluralística (um médico que
provoca o aborto de uma gestante responde pelo art. 126 e a gestante pelo art. 124)
● Crime de médio potencial ofensivo
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores (art 125 e 126) são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados
para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave (sentido ampo:
grave ou gravissíma); e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém
a morte
● Não pode ser aplicado para a gestante que visava (art. 126) ou não (art. 125) o
aborto
● São hipóteses Preterdolosas
● O aborto não precisa ser consumado
OBSERVAÇÕES JURISPRUDENCIAIS
● Homicídio de mulher visivelmente grávida ou que o agente tem conhecimento
da gravidez
○ Concurso formal impróprio (imperfeito) entre homicídio (art. 121, CP) e aborto
provocado por terceiro (art. 125, CP)
○ HC 191.490-RJ, julgado em 27/09/2012
● Aborto de gêmeos ou trigêmeos
○ A doutrina entende que haverá dois ou três crimes de aborto em concurso
formal impróprio (imperfeito), desde que a(o) agente tenha conhecimento
dessa condição.
4) (VUNESP - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia) Suponha que “A” seja instigado a
suicidar-se e decida pular da janela do prédio em que reside. Ao dar cabo do plano suicida,
“A” não morre e apenas sofre lesão corporal de natureza leve.
Pode-se afirmar que o instigador deverá responder pelo crime de tentativa de instigação ao
suicídio, previsto no art. 122 do Código Penal. (A instigação foi consumada)
5) (CESPE - 2014 - TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto) Mauro, sabendo que sua vizinha,
Maria, apresentava quadro depressivo e considerava pôr fim à própria vida,
entregou-lhe uma dose letal de veneno. Maria, no entanto, deixou cair parte da dose,
tendo ingerido apenas pequena porção do veneno e, após lavagem estomacal, sobreviveu
sem danos físicos.
Nessa situação, deve ser imputada a Mauro a prática de auxílio a suicídio.
6) (CESPE - 2018 - Polícia Federal - Perito Criminal Federal) Uma mulher de vinte e oito
anos de idade foi presa acusada do crime de infanticídio, após ter jogado em uma
centrífuga o bebê que ela havia dado à luz. Segundo a ocorrência policial, um familiar da
suspeita disse que ela havia escondido a gravidez e que negava que houvesse praticado
aborto. A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
A configuração do crime de infanticídio independe da existência de estado puerperal,
bastando para tal que o sujeito passivo seja uma criança. (O crime de Infanticídio depende
do estado puerperal)
8) (Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) Ana, após realizar exame
médico, descobriu estar grávida. Estando convicta de que a gravidez se deu em decorrência
da prática de relação sexual extraconjugal que manteve com Pedro, seu colega de
faculdade, e temendo por seu matrimônio decidiu por si só que iria praticar um aborto. A
jovem comunicou a Pedro que estava grávida e pretendia realizar um aborto em uma clínica
clandestina. Pedro, por sua vez, procurou Robson, colega que cursava medicina, e o
convenceu a praticar o aborto em Ana. Assim, alguns dias depois de combinar com Pedro,
Robson encontrou Ana e realizou o procedimento de aborto. Sobre a questão apresentada,
é correto afirmar que a conduta de Ana se amolda ao crime previsto no
a) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua
vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124, segunda parte, do Código
Penal. Já Pedro responderá como partícipe no crime de Ana.
b) art. 125, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua
vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto
provocado por terceiro sem consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime
de Robson.
c) art. 124, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 126 do Código Penal (aborto provocado por
terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Ana.
d) art. 126, primeira parte, do Código Penal (autoaborto). Robson, por sua vez, tem sua
conduta subsumida ao crime previsto no art. 124 do Código Penal (aborto provocado por
terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime de Ana.
e) art. 124, segunda parte, do Código Penal (consentimento para o aborto). Robson, por sua
vez, tem sua conduta subsumida ao crime previsto no art. 126, do Código Penal (aborto
provocado por terceiro com consentimento). Já Pedro responderá como partícipe no crime
de Robson.
10) (VUNESP - 2014 - PC-SP - Delegado de Polícia) “X” recebe recomendação médica para
ficar de repouso, caso contrário, poderia sofrer um aborto. Ocorre que “X” precisa trabalhar
e não consegue fazer o repouso desejado e, por essa razão, acaba expelindo o feto, que
não sobrevive. Em tese, “X”
a) não praticou crime algum.
b) praticou o crime de aborto doloso.
c) praticou o crime de aborto culposo.
d) praticou o crime de lesão corporal qualificada pela aceleração do parto.
e) praticou o crime de desobediência.
CAPÍTULO II
DAS LESÕES CORPORAIS
LESÃO CORPORAL
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE - sentido estrito (esse nome foi dado pela
doutrina)
§ 1º Se resulta: (P/I/D/A)
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
● Hipótese de crime a prazo, ou seja, é necessário esperar os 30 dias para se figurar
essa hipótese
● Ocupação habitual é diferente de trabalho (atividade laborativa), ou seja, ocupação
habitual pode ser uma atividade recreativa, desde que lícita
II - perigo de vida;
● Deve ser um perigo concreto, não pode ser um “e se…”
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
○ Membro – braços, mãos, pernas, pés
■ Dedos não são membros, mas é a sua perda causa debilidade
permanente de membro
○ Sentido – Visão, olfato, tato, audição, paladar
■ A perda de um dos olhos causa debilidade permanente de sentido
○ Função – sistema respiratório, neurológico, urinário, etc
● Debilidade é diferente de perda/inutilização
● Se houver a possibilidade de se realizar uma cirurgia para curar totalmente a
debilidade, ainda sim deve incidir a natureza grave da lesão
IV - aceleração de parto:
● O agente deve conhecer a condição de gestante da vítima
● O dolo do agente não pode estar voltado para o feto, pois se isso ocorrer ele
responde pelo crime de aborto (pois é uma hipótese preterdolosa)
Pena - reclusão, de 1 a 5 anos.
● Médio potencial ofensivo
DIMINUIÇÃO DE PENA
SUBSTITUIÇÃO DA PENA
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
● Só é aplicado a lesões corporais leves
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas
§ 6° Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de 2 meses a 1 ano.
● Devido a negligência, imprudência ou imperícia
● Na lesão corporal culposa não há diferenciação entre lesões leves, graves ou
gravíssimas
● Se ocorrer a morte, aplica-se o Crime de Homicídio Culposo
● Não se aplica a lesões causadas no trânsito (art. 303, CTB)
AUMENTO DE PENA
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
§ 12 Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição, a pena é aumentada de 1/3 a 2/3. . (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
● Diferentemente do crime de homicídio que essa hipótese é uma qualificadora, aqui
no crime de lesão corporal é causa de aumento de pena
● Aplica-se na lesão corporal leve, grave, gravíssima (crime hediondo) e seguida de
morte (crime hediondo)
● Deve ser consanguíneo, parentes afins não valem
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da CONDIÇÃO DO SEXO
FEMININO, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188,
de 2021) (Entrou em vigor em 29/07/2021, antes dessa data aplica-se o § 9º)
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos.
● Médio potencial ofensivo, mas a suspensão condicional do processo dependerá da
hipótese
● Art. 121. § 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o
crime envolve:
I - violência doméstica e familiar; (Aqui se aplica-se a lei Maria da Penha, Lei 11.340/06
- NÃO PODE SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO)
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Aqui não necessariamente
aplica a Lei Maria da Penha, pode aplicar o §13 - PODE SUSPENSÃO CONDICIONAL
DO PROCESSO)
● Súmulas
○ Súmula 536-STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal
não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
○ Súmula 542, STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.
○ Súmula 589, STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações
domésticas.
● O Delegado de Polícia Pode Arbitrar Fiança, na Esfera Policial, diante de um
Flagrante Delito Relacionado ao § 13, Art. 129, da CP? A resposta é sim, ele
poderá arbitrar fiança, devido ao que está disposto no art. 322 do Código de
Processo Penal. Segundo este, o Delegado de Polícia poderá arbitrar fiança em
crimes cuja pena máxima não ultrapasse quatro (4) anos. Todavia, é interessante
notar que, antigamente, quando ainda se utilizava o § 9º na violência doméstica
contra a mulher, a pena era de 3 meses a 3 anos de detenção, o que dificultava a
possibilidade de fixação de fiança. Agora a pena máxima aumentou para 4 anos e,
se o sujeito ativo do delito cometer um outro delito em concurso de crimes, a pena
máxima será alcançada e a fiança inviabilizada.
2) (VUNESP - 2018 - TJ-MT – Juiz) João, com a intenção de matar, desferiu golpes de
faca em seu irmão José. Antes de desferir o golpe fatal, atendendo aos apelos de sua mãe
que implorava para que poupasse a vida de José, João parou de agredir o irmão. Por
insistência de sua mãe, João socorreu José, que sobreviveu com lesões corporais que,
embora tenham causado risco de vida, se regeneraram em vinte dias. Sobre a situação
hipotética, assinale a alternativa correta.
a) João responderá por lesões corporais graves em razão da desistência voluntária. (Na
desistência voluntária o agente responde apenas pelos atos já praticados. Além disso aqui
também caberia o arrependimento eficaz)
b) João responderá por tentativa de homicídio com redução de pena pelo arrependimento
posterior.
c) João responderá por lesões corporais leves em razão da desistência voluntária.
d) João responderá por tentativa de homicídio.
e) João não responderá por crime.
3) (Inédita) Sobre os aspectos relacionados ao delito de lesões corporais, é correto afirmar
que:
a) A gradação como lesão leve, grave ou gravíssima se aplica às modalidades dolosa e
culposas do delito. (Não se aplica a gradação em lesões culposas)
b) No caso de lesões recíprocas, o Juiz pode, em qualquer caso, substituir a pena de
detenção pela pena de multa. (art. 129, §5º, CP - apenas se aplica a lesões de natureza
leve)
c) Nos casos de lesão corporal culposa, o Juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária. (art. 129, §8º)
d) Aumenta-se a pena do delito de lesões corporais caso praticadas em situação de
violência doméstica. (Qualifica)
e) Qualifica-se o delito de lesão corporal em caso de prática contra agente integrante da
Força Nacional de Segurança Pública (Causa de aumento de pena)
5) (FCC - 2017 - PC-AP - Delegado de Polícia) João decide agredir fisicamente Pedro, seu
desafeto, provocando-lhe vários ferimentos. Porém, durante a luta corporal, João resolve
matar Pedro, realizando um disparo de arma de fogo contra a vítima, sem contudo,
conseguir atingi-lo. A polícia é acionada, separando os contendores. Diante do caso
hipotético, João responderá
a) apenas por lesões corporais.
b) apenas por tentativa de homicídio. (Progressão criminosa: altera o dolo para um crime
mais grave durante a conduta, Resultado: o crime mais grave absorve o crime menos
grave)
c) por rixa e disparo de arma de fogo.
d) por lesões corporais consumadas e disparo de arma de fogo.
e) por lesões corporais consumadas e homicídio tentado.
6) (FGV - 2015 - TJ-PI - Analista Judiciário - Escrivão Judicial) A qualificadora "deformidade
permanente" do crime de lesão corporal (artigo 129, § 2º, IV, do CP) deve ser valorada
quando:
a) da consumação do crime;
b) da prática da ação;
c) do exaurimento do crime;
d) da ação médica reparadora;
e) da oitiva em juízo.
7) (CESPE - 2015 - TJ-PB – Juiz) O crime de lesão corporal praticado por um indivíduo
contra seu irmão, no âmbito doméstico, configura apenas o crime de lesão corporal simples,
dada a inaplicabilidade da Lei Maria da Penha em casos em que a vítima seja do sexo
masculino. (aplica-se a art. 129, §9º e não o caput)
8) (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Perito Criminal Federal) Tendo em vista que o
médico-legista deve descrever, em seu laudo, às lesões que eventualmente encontrar, e
cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida
de morte, em conformidade com o art. 129 do Código Penal, julgue o item que se segue.
A incapacidade para ocupações habituais por mais de trinta dias, a deformidade
permanente e a aceleração de parto caracterizam lesões corporais de natureza grave.
9) (CESPE - 2012 - PC AL –
Agente de Polícia) A conduta
de João configura tentativa de
homicídio ou lesão corporal
de natureza grave, a
depender do elemento
subjetivo de João, a ser
revelado com base em elementos fáticos apurados na investigação e no processo.
11) (CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público Federal) Para a configuração da agravante da
lesão corporal de natureza grave em face da incapacidade para as ocupações habituais por
mais de trinta dias, não é necessário que a ocupação habitual seja laborativa, podendo ser
assim compreendida qualquer atividade regularmente desempenhada pela vítima. (Pode ser
uma incapacidade de realizar qualquer atividade habitual da vítima)