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Aula 01

HOMICÍDIO – ART. 121


Conceito: O homicídio é a destruição da vida humana por outro homem

Objetividade jurídica: proteção da vida humana. A vida é um bem jurídico individual


e social, indisponível.

Sujeitos Ativo:
crime COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa. A qualificação pode se
transformar em um agravante (ex: matar cônjuge), mas não altera o tipo.
AGRAVANTES GENÉRICAS

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

Sujeito ativo e concurso de pessoas


CRIME UNISUBJETIVO: basta um agente para praticar o crime.
Pode haver concurso eventual de pessoas: as pessoas se associam. Aplica-se a teoria
monista (Art. 30) todos respondem pelo mesmo crime na medida de sua
responsabilidade.
As qualificantes pessoais não se comunicam, são analisadas subjetivamente. (os
motivos são individuais).
As qualificantes objetivas (de meio) PODEM se comunicar, desde que a qualificante
passe pelo consciente de todos os agentes.

Sujeito Passivo: qualquer ser humano nascido vivo ou nascendo vivo. Não é necessário
que exista vida viável, podemos estar diante de uma pessoa prestes a morrer, ainda
assim teremos homicídio
Lei 9.434/97
Art. 3 A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados
a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica,
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e
transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por
resolução do Conselho Federal de Medicina.
Elementos objetivos do tipo
I – Diretos: o agente age imediatamente contra a vítima (disparo de arma de fogo,
golpes de faca, uso de veneno)
II – Indiretos: são os que operam mediatamente sobre a vítima através de outra causa
provocada pelo ato inicial do agente (estimular um cão ao ataque, induzir um doente
mental a matar)
III – Comissivos: quando praticados através de uma ação positiva do agente.
IV – Omissivos: quando praticados por intermédio de uma conduta negativa, um deixar
de agir.

No crime de homicídio a omissão só será relevante quando o agente tem o dever


jurídico de impedir o resultado.

Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; mãe em relação ao filho
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; professor de
natação em relação ao aluno
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado; causador
do incêndio que não salva o amigo
Omissão normativa e não causal!
Elementos Subjetivos do tipo
Dolo: Vontade livre e consciente de eliminar a vida humana (animus necandi)
a) Dolo Direto
O sujeito visa o resultado morte, ele realiza a conduta
com o fim de obter a morte da vítima.
b) Dolo indireto
b.1 Alternativo: quando a vontade se dirige ou a morte ou a outro resultado Ex:
desferir (facadas para matar ou ferir).
b.2 Eventual: quando o agente não quer a morte da vítima, prevê que é possível,
e age; para o agente é indiferente a morte. Ex: sujeito pretende matar A que
conversa com B, o agente prevê que ao matar A pode causar a morte de B ,
mesmo assim atira e atinge os dois.
Responde por dois homicídios, um por dolo direto, em relação a A e outro por
dolo eventual, em relação a B.
Consumação: se consuma com a morte da vítima. A prova da morte é dada pelo exame
de corpo de delito. Pode ser direto ou indireto.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto(vestuários, fotografias, partes do
corpo),não podendo supri-lo a confissão do acusado. CPP
A confissão do acusado não suprime a prova de delito
Não havendo vestígios, a prova testemunhal poderá suprir o exame de corpo de delito.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. CPP

Por ser um crime MATERIAL, admite a figura da tentativa. Quando a morte não ocorre
por circunstâncias alheias a sua vontade. Não se pune atos preparatórios, sendo
necessário o início da execução.
Tentativa perfeita: exaure a execução, o processo executório é integralmente realizado
Tentativa imperfeita: O processo executório é interrompido por circunstâncias alheias
a vontade do agente
Tentativa cruenta: deixa vestígios
Tentativa branca: não deixa vestígios
Crime IMPOSSÍVEL
Art. 17 do CP
Não há a figura da tentativa porque não há tipicidade. Há relação com o princípio da
lesividade.
a) Ineficácia absoluta do meio: O sujeito resolve matar a vítima com veneno, mas
administra farinha no lugar do veneno.
b) Impropriedade absoluta do objeto: sujeito decide matar a vítima dormindo com
um tiro, todavia, esta resolve sair com o namorado às escondidas e disfarça a sua
ausência com travesseiros. O sujeito ativo desfere tiros contra um travesseiro,
não há vida humana ali.
Se a ineficácia do meio ou impropriedade do objeto, não podem ser relativas, pois senão
o bem jurídico da vida correu risco. O ataque deve ser absolutamente impróprio ou
ineficaz.
Ex: Se o sujeito atira na cama e a vítima estava dormindo no chão, ou se o sujeito
administra pouco veneno, não suficiente para provocar a morte, o bem jurídico correu
risco e, portanto, há tentativa.
Desistência voluntária e Arrependimento eficaz
O agente pode ou desistir ou se arrepender. Esse comportamento afasta a figura da
tentativa.
Ex: dispondo de vários projéteis, dispara somente um, e desiste. (desistência
Voluntária)
Administra veneno na comida da vítima e depois lhe dá o antídoto (Arrependimento
eficaz)
A desistência tem que ser voluntária, mas não precisa ser espontânea, a pessoa pode ser
estimulada a desistir.
Se há desistência voluntária do ato de matar, ou arrependimento eficaz, o agente
responde apenas pelos ferimentos que restarem na vítima como lesão corporal, ou
seja, afastando a tentativa de homicídio. Artigo 15 do CP

Homicídio Simples:
O homicídio é simples quando for despido de qualquer circunstância que o agrave ou
qualifique ou que diminua a pena (privilegiadoras).
É o homicídio puro.

Dosimetria Art. 59
Qualificadoras: Só aparece na parte especial do código, tem parâmetros próprios (pena
autônoma) O reconhecimento da qualificadora é utilizado na pena base, o juiz inicia o
cálculo a partir de um patamar maior. (Privilegiadora é o contraponto da
qualificadora)
Agravantes: Só aparecem na parte geral do Código, não tem um quantum
determinado de aumento e na dosimetria da pena aparecem na segunda fase. Art. 61
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
        I - a reincidência; 
        II - ter o agente cometido o crime: 
        a) por motivo fútil ou torpe;
        b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
        c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
        d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
        e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
        f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na
forma da lei específica; 
        g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão;
        h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida; 
        i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
        j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade
pública, ou de desgraça particular do ofendido;
        l) em estado de embriaguez preordenada.

Atenuantes: só aparecem na parte geral do código, não tem um quantum


determinado de diminuição e na dosimetria da pena são aplicadas na segunda fase.
Sempre minimizam a pena. Art. 65 e 66
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de
70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do
julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento
de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,
provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o
provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante,


anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Majorantes: só aparecem na parte especial do código, aparecem no formato de fração
(ex: aumento de 1/3) e na dosimetria aparecem na terceira fase.
Minorantes: só aparecem na parte especial do código, aparecem em formato de fração
(ex: diminuição de 1/3) e na dosimetria da pena aparecem na terceira fase.

Homicídio Privilegiado
Art. 121, §1º
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida de injusta provocação da
vítima.
Leva em conta a motivação do agente.
O juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
# Motivo de relevante valor social: A causa que levou o sujeito a matar foi beneficiar a
coletividade. Ex.: Matar um bandido perigoso.
# Motivo de relevante valor moral: O motivo protege interesse particular de ordem
moral do autor. Ex.: Matar o estuprador da filha.
# Sob Domínio de Violenta Emoção, Logo em Seguida a Injusta Provocação da Vítima:
Requisitos cumulativos: a) Emoção violenta; b) Injusta provocação da vítima; c)
Sucessão imediata entre a provocação e a reação. • Emoção: Estado súbito e passageiro
de instabilidade psíquica. Deve ser violenta, intensa, absorvente- verdadeiro choque
emocional
Homicídio qualificado
Art. 121, §2º
É crime hediondo, assim não possuem indulto, graça, anistia, progressão de regime tem
circunstâncias específicas.
As qualificadoras resultam de: a) motivos determinantes (incs. I, II, VI e VII); b) meios
empregados (inc. III); c) modos ou formas (IV); d) conexão com outro crime (inc. V).
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime
VI- contra a mulher por razões da condição do sexo feminino
VII- contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
lno exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

I) Mediante paga ou promessa de recompensa ou outro motivo torpe

Motivo Torpe: Significa o motivo moralmente reprovável, abjeto, desprezível, que


demonstra depravação espiritual. A paga e a promessa de recompensa, são um exemplo
de motivo torpe.
O código penal usa uma fórmula exemplificativa.
Exs.: Matar para receber herança; ódio de classe; vaidade; inveja.
# Tanto o pagador quanto o receptor da recompensa respondem pelo crime qualificado?
# A recompensa pode ser dinheiro, casamento, emprego etc, ou nem ter sido ainda
determinada.

Também é agravante genérica

II) Motivo Fútil


É o motivo insignificante. Apresenta desproporção entre o crime e a sua causa. Motivo
frívolo, leviano
# Motivo fútil é diferente de ausência de motivo. Esta pode ser considerada motivo
torpe.

Ex: matar porque a vítima recusa um cigarro, a vítima riu do agente, uma fechada no
trânsito "O motivo fútil e o motivo torpe são circunstâncias agravantes que determinam
maior gravidade da culpabilidade. Figuram, também, como circunstâncias
qualificadoras do delito de homicídio (art. 121, § 2.º, I e II, CP).
Motivo fútil é aquele insignificante, flagrantemente desproporcional ou inadequado se
cotejado com a ação ou a omissão do agente. Torpe é o motivo abjeto, indigno e
desprezível, que repugna ao mais elementar sentimento ético." (PRADO, Luiz Regis et
al. Curso de Direito Penal).

Também é agravante genérica

III) Emprego De Veneno, Fogo, Explosivo, Asfixia, Tortura Ou Outro Meio


Insidioso OU Cruel Ou De Que Possa Resultar Perigo Comum
a) Homicídio cometido com emprego de meio insidioso: veneno.
b) Homicídio cometido com emprego de meio cruel: asfixia, tortura, fogo, explosivo.
c) Homicídio cometido com emprego de meio de que possa resultar perigo comum:
fogo (incêndio),
explosivo (grande quantidade).
# Veneno: Deve ser ministrado insidiosamente, ou seja,sem que a vítima saiba que o
está ingerindo.
Se assim não for não incide a qualificadora do venefício, podendo qualificar-se por
emprego de meio cruel.
É toda a substância mineral, vegetal ou animal que introduzida no organismo é capaz de
mediante ação química, bioquímica ou mecânica, lesar a saúde ou destruir a vida.

# Fogo: É meio cruel se for utilizado só no corpo da vítima. Constitui meio que causa
perigo comum
se houver possibilidade de atingir outras pessoas, como no incêndio.

# Explosivo: É qualquer corpo capaz de se transformar rapidamente em gás a


temperatura elevada. Provocando detonação que não atinge só a vítima, mas também
pode atingir outros. Ex: atos terroristas. Também pode causar perigo comum.

# Asfixia: É o impedimento da função respiratória e consequente ausência de oxigênio


no sangue.

# Tortura: É a inflição de mal desnecessário para causar a vítima dor, angústia,


amargura e sofrimento. É necessário distinguir o dolo para não se confundir o
“homicídio qualificado pelo emprego de tortura” e o “crime de tortura” (Lei 9.455). No
primeiro o dolo é de matar, utilizando como meio, a tortura. No segundo o dolo é de
apenas torturar sem levar a vítima à morte.

Situações que podem ocorrer:


a) Preterdolo: Dolo na tortura.
Culpa na morte.
Responde pelo crime de tortura com a pena aumentada pelo resultado morte.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.

b) Dolo na morte: Direto ou eventual.


Responde por homicídio qualificado pela tortura.

c) Durante a tortura o agente decide matar a vítima: Dolos distintos e, portanto,


Concurso material entre homicídio(simples) e tortura. – dolo n tortura e dolo no
homicídio.

IV) À Traição, Emboscada Ou Mediante Dissimulação Ou Outro Recurso


Que Dificulte Ou Torne Impossível A Defesa Da vítima

São circunstâncias que levam a prática do crime com maior segurança para o agente,
que se vale da boa-fé ou da desprevenção da vítima para praticar o crime.
# Traição: É a quebra de confiança depositada pela vítima no agente, que dela se
aproveita para matá-la. O crime é cometido mediante ataque súbito e sorrateiro,
atingindo a vítima descuidada e confiante. Só há traição se houver vínculo de confiança
entre a vítima e o agente.
Física: ex.: matar pelas costas
Moral: ex.: Atrair a vítima a um abismo.

# Emboscada: É o ato de esperar oculto a vítima para atacá-la. Tocaia; esconder-se para
aguardar a passagem da vítima despreparada.

# Dissimulação: É o emprego de recurso que distrai a atenção da vítima do ataque pelo


agente (a vítima atua como longa manus do agente). Ex: disfarce, surpresa,
dissimulação da borda de um poço

# FÓRMULA EXEMPLIFICATIVA: É necessário que que este “outro recurso” tenha a


mesma natureza das qualificadoras anteriormente descritas.

V) Para Assegurar A Execução, Ocultação, Impunidade Ou Vantagem De


Outro Crime
Essa qualificadora exige um vínculo com outro crime, uma conexão teleológica ou
consequencial.

# Assegurar a execução de outro crime: existe uma conexão teleológica. O que qualifica
o crime é a finalidade pela qual ele foi praticado.
Ex.: matar a empregada para sequestrar a criança.

# Assegurar a ocultação: o sujeito visa impedir a descoberta de um crime, existe uma


conexão consequencial.
Ex.: mata o perito que vai descobrir uma apropriação indébita.
O crime ainda não é conhecido e o agente mata para que este não venha a ser
descoberto.

# Assegurar a impunidade: Nesse caso o crime já é conhecido, embora sua autoria não
o seja.
Ex.: mata a testemunha que pode lhe identificar como autor de um roubo

# Assegurar a vantagem: O propósito do agente é garantir a fruição de qualquer


vantagem patrimonial ou não, resultantes de outro crime.
Ex.: matar o parceiro de estelionato para ficar com todo o produto do crime. Não é
necessário que a vantagem seja patrimonial, podendo ser moral.

Questões importantes sobre a qualificadora do Art. 121, §2º, V:

- Se o homicídio for cometido para assegurar a prática de uma contravenção? Não se


aplica a qualificadora. Pode ele responder pela qualificadora de motivo fútil ou torpe
conforme o caso.

- Se o crime conexo for impossível? Aplica-se a qualificadora pela culpabilidade do


sujeito que na sua subjetividade praticou dois crimes.
- Não é necessário que o delito que o agente pretende assegurar a execução chegue a ser
executado. Pune-se a censurabilidade da conduta, sem importar a realização da intenção
do agente. Basta que haja tal intenção.

- Não é preciso que o outro crime tenha sido ou venha a ser praticado pelo próprio
agente do homicídio, podendo ser por terceiro.

# É possível homicídio privilegiado/qualificado?


SIM.
Os autores são unânimes, entretanto, por decorrência lógica as qualificadoras devem ser
de natureza objetiva, pois as privilegiadoras são de natureza subjetiva.

Ex:
Praticado por relevante valor moral com emprego de veneno.
Cometido por violenta emoção com esganadura.
Eutanásia por asfixia.
Não poderá ser relevante valor moral e motivo fútil ou relevante valor social e motivo
torpe.

- Em todos os exemplos dados o agente responde pelos dois crimes em concurso


material (homicídio qualificado + o crime conexo).

VI) Contra A Mulher Por Razões Da Condição De Sexo Feminino:


Não existe um tipo penal do feminicídio, o que existe é uma qualificadora!
# Critérios biológico, legal e psicológico para definição do sexo
121, § 2º-A
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar
LEI 11.340 Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e
familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de
convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais,
por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher


Este inciso não exige o requisito do inciso anterior, qual seja, o ambiente familiar.
Majorante:
§7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for
praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto:
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças
degenerativas que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de
ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº
11.340

VII) Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da


Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:

Constituição Federal
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.

Homicídio majorado
Todo Crime pode ser majorado
# 121 § 4º PARTE FINAL
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.

# 121 § 6º
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.

HOMICÍDIO CULPOSO
Culpa é a “conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico
não querido, mas previsível, ou excepcionalmente previsto, de tal modo que podia, com
a devida atenção, ser evitado”
- Maggiore

O agente não quis o resultado, mas o agir descuidado foi fruto de sua vontade.

Elementos:
1. Conduta humana voluntária de fazer ou não fazer;
2. Esse agir voluntário é um comportamento voluntário DESCUIDADO,
manifestado por imprudência, negligência ou imperícia;
3. Previsibilidade objetiva da morte – possibilidade de se prever o risco da morte;
4. Ausência da previsão subjetiva: o sujeito agente não previu o que era previsível;
5. Exigibilidade da previsão subjetiva nas condições concretas pessoais do agente
(culpabilidade)
6. Resultado da morte involuntário: Não há tentativa nos crimes culposos
7. Tipicidade: o código precisa prever a forma culposa no tipo penal

 Culpa Inconsciente: Não há previsão do resultado. É a culpa “comum”.


 Culpa Consciente: O resultado é previsto, mas não querido. O agente confia na
sua não ocorrência.

 Diferença entre culpa consciente e Dolo Eventual: Naquela o agente, embora


prevendo o resultado, não o deseja, e confia na sua habilidade para que, mesmo
prosseguindo na ação, o resultado não se verifique. Neste o agente prevê o
resultado e, ainda que não o deseje, mostra-se indiferente à sua ocorrência,
assumindo o risco de produzi-lo.

Homicídio culposo qualificado


Art. 121, §4º
No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge
para
evitar prisão em flagrante.

I) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.


Ex.: Motorista profissional, dirigindo veículo em serviço, mata transeunte deixando de
observar regra de trânsito; Erro médico, quando o médico sabe a técnica e não a
observa.

# Não se confunde com Imperícia, que indica inabilidade de ordem profissional,


incapacidade.

II) Omissão de socorro à vítima


Ex: Se o sujeito, após deixar a arma ao alcance da vítima, deixa de lhe prestar
assistência, vindo ela a falecer, não responde ele por dois crimes (homicídio culposo +
omissão de socorro), mas sim por homicídio culposo qualificado pela omissão de
socorro.

III) Não procurar diminuir as consequências do seu comportamento


Ex: Não obstante ter sido a vítima socorrida por terceiros, o sujeito que causou o evento,
se nega a transportar a vítima ao hospital.

IV) Fuga para evitar prisão em flagrante


Necessita-se do elemento subjetivo de “para evitar prisão em flagrante”. Se o sujeito
foge, por exemplo, para fins de evitar agressões ou linchamento das pessoas que
presenciaram o delito, não se caracteriza a qualificadora.

§ 5º Perdão Judicial No Homicídio Culposo

Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as


consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária.

É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática delituosa por um sujeito culpado,
não
lhe aplica a pena, levando em conta determinadas circunstâncias.
Ex: causar a morte de um filho, da esposa

A natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial é declaratória da extinção


da punibilidade conforme súmula 18 do STJ “A sentença concessiva de perdão judicial
é
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.

Homicídio Culposo No Trânsito – Lei 9.503/97

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
vítima do acidente
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de
transporte de passageiros
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou
de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito
de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

O uso de álcool no homicídio culposo no trânsito é uma qualificadora do tipo.


Ademais, refere-se que o homicídio no trânsito sob efeito de álcool pode ser indiciado
por dolo eventual.

Qualificação doutrinária do Homicídio:

- Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa (≠ do crime próprio)


- Material: exige um resultado material (≠ de crime formal, não precisa que haja
resultado como o crime de honra)

- Simples: atinge somente uma objetividade jurídica, pois o único bem a ser protegido é
a vida (≠ de crime complexos)

- De dano exige efetiva lesão (≠ de crimes de perigo, onde apenas o perigo da lesão
gerado a partir do comportamento do agente)

- Instantâneo: ocorre em um determinado momento definido no tempo e no espaço (≠


de crimes permanentes, como extorsão mediante sequestro, onde a consumação de
prolonga no tempo)

- Unisubjetivo: basta um único sujeito para ser agente (≠ de crime plurisubjetivo)

- Plurissubsistente: crime capaz de ser fracionado, capaz de ser tentado, isto é, é


praticado com mais de um ato. (≠ de crimes unissubsistentes)

Pena e Ação penal

- Homicídio Simples: reclusão de 6 a 20 anos


- Homicídio qualificado: reclusão de 12 a 30 anos
- Homicídio Culposo: detenção de 1 a 3 anos (cabe a suspensão condicional do processo
– pena mínima não excede um ano)

Ação Penal Pública Incondicionada: não precisa de representação


Há ainda a Ação penal privada (queixa crime – crimes contra a honra) e a
Ação penal privada subsidiária da pública (quando o procurador não oferece
a denúncia há a possibilidade de o particular oferecer a queixa crime).

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A


AUTOMUTILAÇÃO – ART. 122

Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou


prestar-lhe auxílio material para que o faça
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos

O ato suicida não é previsto como crime por razões de política criminal, de forma que a
pessoa que tenta suicidar-se não comete infração penal. O tipo penal descrito no artigo
122, CP, visa à punição daquele terceiro que induz, instiga ou auxilia outrem ao
suicídio, num quadro em que o suicida figura na qualidade de vítima.

Conceito:
Estamos diante de um crime formal, não exige que haja um resultado material, a simples
instigação se enquadra no tipo penal.

Objetividade Jurídica:
Vida humana e integridade física da pessoa (dupla objetividade jurídica – crime
complexo)

Sujeito Ativo:
qualquer pessoa – crime comum

Sujeito Passivo:
Qualquer pessoa, com ressalva de que a vítima seja capaz de ser induzido, instigado ou
auxiliado, ou seja, que possa resistir e tenha capacidade de discernimento, vez que a
decisão será da própria vítima.

Quando a pessoa não tem capacidade de discernimento (menor de 14 anos e o


deficiente mental, pessoa sob efeito de drogas) o agente não responderá por
induzimento, mas por lesão corporal ou homicídio (entende-se a vítima como longa
manus do agente – instrumento do autor do crime).

§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de


natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou
contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do
art. 129 deste Código.

§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14


(quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art.
121 deste Código.

Todavia, quando do induzimento de menor de 14 anos ou incapaz não resulta lesão


corporal grave ou morte, o agente responderá pelo Art. 122 - induzimento, instigação ou
auxílio a suicídio ou a automutilação.

Elementos Objetivos do tipo:

A participação no suicídio pode ser:


Moral: Induzimento (quando o agente planta na mente da vítima a ideia do suicídio ou
mutilação) ou instigação
Material: fornece meios para a realização da prática do suicídio, ajuda nos meios de
PREPARAÇÃO.
Ex.: o agente disponibiliza veneno, arma, ensina técnicas de suicídio etc.

O auxílio não adentra nos atos de execução, pois desta forma estaríamos diante de uma
lesão corporal ou homicídio. Pouco importa o consentimento das vítimas, em todos os
casos, pois tratam-se de bens jurídicos indisponíveis.

Observe-se que no Brasil, nem mesmo a “eutanásia” ou o chamado “suicídio


assistido” nos casos de doentes terminais são permitidos. No primeiro caso ocorrerá,
de regra, homicídio privilegiado (artigo 121, § 1º., CP); no segundo caso, ficará
configurado, sem dúvida, o auxílio ao suicídio (artigo 122, “caput” ou §§ 1º., 2º., 6º.
ou 7º., dependendo das consequências do ato e das condições psíquicas da vítima).
Elementos subjetivos do tipo:

Dolo: vontade consciente de induzir, instigar


Finalidade dupla: o agente pode induzir, instigar ou auxiliar o suicídio ou a
automutilação.

O comportamento pode ser direto, eventual ou alternativo.

Se o agente atua com vistas somente à automutilação, o artigo 122 não é um “crime
doloso contra a vida”, mas contra a integridade física. E, ainda que resulte morte
derivada dessa automutilação, esse resultado mais gravoso se dará a título de preterdolo.
(art. 122, §2º)

Por outro lado, quando há a ocorrência de lesões graves ou gravíssimas no caso de


automutilação, essas poderão decorrer do dolo do agente (ele visa, desde o início, a
lesão mais gravosa) ou de preterdolo (o agente visava uma lesão mais leve, mas ocorre
uma mais grave). (art. 122, §1º)

Quando o agente visa o suicídio da vítima e ocorre apenas lesão (leve, grave ou
gravíssima), na verdade seu dolo era superior ao que de fato acabou resultando. Mas,
esse dolo é suficiente para configurar o crime do artigo 122, já que, atualmente, como já
visto, os resultados mais gravosos não são exigência para a punição, mas tão somente
circunstâncias que qualificam o crime (122, §1º, §2º)

Não há a forma culposa

Consumação:

Atualmente, se alguém induz, instiga ou auxilia outrem a suicidar-se ou automutilar-se


(por meios morais ou materiais), sem que haja resultado, já estará consumado o crime.

Os resultados podem qualificar ou majorar o crime.

Tentativa:
O exaurimento do crime ocorre com a ocorrência dos verbos do tipo (instigar, induzir,
auxiliar).
Assim, só ocorre a tentativa quando o verbo não chega a ocorrer.
Ex.: O agente envia o induzimento ao suicídio em um bilhete, que não chega a vítima.
O sujeito leva arma a um manicômio a pedido de um amigo, para que ele se suicide,
todavia, quando passa pela revista a arma é descoberta e lhe confiscam.

Qualificadoras:

122, § 1º
Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Lesão corporal de natureza grave:


129, §1º
Se resulta:
I – incapacidade para as funções habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto

Lesão corporal de natureza gravíssima:


129, §2º
Se resulta:
I – incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto.

122, § 2º Consumação do suicídio ou instigação à automutilação preterdolosa


Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Majorantes:
As majorantes podem incidir sobre o crime simples ou nas formas qualificadas.
§ 3º
A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
Ex.: desejo de receber herança, seguro de vida, eliminação do rival em motivo amoroso
ou de negócios. Motivo egoístico pressupõe interesses materiais, o motivo fútil é
desproporcional.

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de


resistência.
Ex.: estariam abrangidos os alienados, débeis mentais, embriagados, drogados, entre 14
e 18 anos, enfermos.

§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de


computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
O agente deve realizar esta conduta através de vítima determinada

§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de


rede virtual.
O fato de a pena ser aumentada para o líder do grupo não isenta os demais da
responsabilidade penal.

Qualificação doutrinária:

- Crime complexo:
Dois bens jurídicos protegidos

- Crime comum:
Qualquer agente

- Crime formal:
Não precisa de resultado
- Crime instantâneo:

- Crime de ação múltipla:


Crime com mais de um verbo no tipo

- Doloso:

Pena:
Simples: reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos;

Se resulta em lesões graves ou gravíssimas: reclusão de 1 a 3 anos;

Se resulta em morte: reclusão, de 2 a 6 anos.

Ação penal:
Ação penal pública incondicionada em todas as suas formas (inteligência do art. 100,
CP). Como visto, com a inclusão indevida da automutilação em um crime doloso contra
a vida ao invés de alocar tal conduta no crime de lesão corporal, surge uma alteração na
competência para o processo e julgamento das figuras do art. 122, CP.
Se o induzimento, instigação ou auxílio se dirigir à prática do suicídio, pretendendo,
portanto, o agente atingir o bem jurídico da vida, a competência para o processo e
julgamento será do Tribunal do Júri.

Contudo, se o induzimento, instigação ou auxílio se voltar tão somente à automutilação,


ainda que dela resulte preterdolosamente a morte, porque o agente queria apenas a
autolesão, decorrendo desta a morte que não era objetivada, a competência será do Juiz
Singular, tendo em vista que claramente não se trata de um crime doloso contra a vida,
embora alocado no Capítulo “Dos Crimes Contra a Vida”.

Será sempre necessário, portanto, para fins de estabelecimento de competência para o


processo e julgamento do art. 122, em qualquer de suas modalidades, a aferição do dolo
do agente, se informado pelo intento de provocar o suicídio ou a autolesão. Afinal, o
Júri somente tem competência para o processo e julgamento dos crimes dolosos contra a
vida, não de crimes que são informados pelo “animus laedendi” ou “animus nocendi” ou
mesmo por preterdolo.

INFANTICÍDIO – ART. 123

Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto


ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.

Histórico: no Direito Romano o infanticídio era equiparado ao homicídio, assim como


na Idade Média e as penas eram duríssimas.

A partir do Séc. XVIII, o infanticídio passou a ser tratado como um homicídio


privilegiado. Surgiu a figura da “honoris causa” – temor, vergonha da maternidade
ilegítima e, portanto, proteção da honra da mulher.
O código de 1830 adotou o sistema psicológico em seu art. 192 – “Se a própria mãe
matar
o filho recém-nascido para ocultar sua desonra – prisão com trabalho de 1 a 3 anos.”

O código penal atual, passou a empregar as implicações psicofisiológicas do crime,


surgidas do estado puerperal – perturbação psicológica decorrente do parto, não mais a
figura da desonra.

O estado puerperal de que trata o art. 123 é um caso de responsabilidade diminuída.


“O processo do parto exerce reflexivamente uma tão profunda ação física sobre a
parturiente, que pode determinar facilmente uma transitória conturbação da
consciência”. “Influi no psiquismo as dores, a perda de sangue, o excessivo esforço dos
músculos.” Essa orientação tem merecido críticas por se entender não comprovada a
suposta problemática influência do estado puerperal no psiquismo da parturiente.

Objetividade jurídica:
Continuamos tratando aqui da proteção da vida.
Proteção ao direito à vida do neonato (aquele que acabou de nascer) e a do nascente
(aquele que está nascendo).

Sujeito Ativo:
A mãe da vítima, o que configura um crime próprio.

Infanticídio e concurso de agentes:

Crime unisubjetivo: basta uma pessoa (a própria mãe) para praticar o crime, todavia,
pode ocorrer a hipótese de terceiro concorrer para a sua prática.

Os últimos entendimentos doutrinários dispõem que, conforme o art. 30 do Código


Penal:

Não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoas, salvo


quando elementares do crime.

Assim, nos termos da disposição, a influência do estado puerperal (elementar) é


comunicável aos participantes, em todos os casos: pode-se estar diante de terceiro que
estimula a mãe cometer infanticídio, de terceiro que fornece meios para a execução ou
de terceiros que executam a ação instigados pela mãe.
Logo, o concurso de pessoas é uma exceção à especificidade do agente ativo.

Sujeito passivo:
É específica, pois trata-se do neonato e do nascente.
Não é necessária a vida autônoma do fruto da concepção, com isso, percebe-se uma
antecipação do início da personalidade, visto que o feto vindo à luz já representa, do
ponto de vista biológico, antes mesmo de totalmente desligado do corpo materno, uma
vida humana.

O infanticídio é diferente do aborto, pois o primeiro ocorre durante o parto, isto é, já se


desencadeou o trabalho de parto.
O parto se inicia com a dilatação do colo do útero, após vem a expulsão do feto e a
expulsão da placenta.

Prova da vida extrauterina


O infanticídio existe desde que haja a morte de um neonato vivo, pouco importando as
condições de maturidade, de desenvolvimento, de conformação, de força etc., isto é, da
vitalidade que apresenta.
1º) cessação da circulação feto placentária;
2º) substituição da respiração placentária pela respiração pulmonar;
3º) substituição da nutrição placentária pela nutrição gastrointestinal.
Todos estes fatos têm características expressões anatômicas, cuja averiguação
constitui a prova da vida extrauterina.
As modalidades de provas são denominadas docimasias (exame).
• Docimasias respiratórias e não-respiratórias.
• Ar nos pulmões
• Hidrostática de Galeno – pulmões na água.

Prova do início do parto com feto vivo


Também no caso do feto nascente é indiferente se averiguar a capacidade de vida
autônoma, basta que ele venha nascendo vivo.
É mais difícil a averiguação da vida biológica no início do parto. O indício mais
acreditado é a constatação da bossa sero-sanguínea, marca no início da cabeça
avermelhada que indica que o feto vinha fazendo força para nascer.

As provas se servem a distinguir o aborto e o infanticídio.

A possibilidade de erro sobre a pessoa no infanticídio:


Supondo a hipótese em que a parturiente, influenciada pelo estado puerperal, mate o
filho de outra mulher pensando que era o próprio filho, ela responderá segundo o Art.
20 do Código Penal.
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não
isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria
praticar o crime.

Portanto, leva-se em conta as condições da vítima virtual, chama-se INFANTICÍDIO


PUTATIVO.

Elementos Objetivos do tipo:

Elemento cronológico: durante ou logo após o parto.


O tempo da execução, aqui, se torna essencial e relevante.
O momento durante o parto é bem delimitado, posto que o parto se inicia com as
contrações uterinas e termina com a expulsão do feto.
Todavia, com relação ao momento após do parto, há dificuldades em se mensurar qual a
duração deste tempo. Alguns autores falam em 7/8 dias, outros deixam ao critério do
julgador, após a análise do caso concreto.
A jurisprudência entende que tendo forte valor probatório, o prazo se estende durante o
estado transitório de desnormalização psíquica.

Elemento psicofisiológico: influência do estado puerperal.


Tratando de mulheres mentalmente sãs que, por conta do desgaste físico e emocional do
parto sofrem colapso no senso moral.
Existe jurisprudência dizendo que o estado puerperal é efeito normal e corriqueiro de
qualquer parto, sendo assim, basta comprovar que a parturiente estava em período ou
sofria os efeitos do puerpério.
Todavia, não se deve confundir o estado puerperal com existência de perturbação da
saúde mental e existência de inimputabilidade e semi-imputabilidade (art. 26 e §ú)

Conclusões:

1ª) Se em decorrência do estado puerperal é desencadeado acessos de persistente


doença mental, causando a morte do próprio filho, de modo a anular de todo o
entendimento e a vontade da parturiente, haverá uma exclusão da culpabilidade pela
inimputabilidade causada pela doença mental – art. 26 caput.
2ª) Se em consequência da influência do estado puerperal a mulher vem a sofrer
simplesmente perturbação da saúde mental, que não lhe retire a inteira capacidade de
entendimento e de autodeterminação, aplica-se o disposto no art. 26 parag. único. Nesse
caso responde por infanticídio com a pena atenuada/minorada.
Art. 26, Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
3ª) É possível que em consequência do puerpério, a mulher venha a sofrer uma simples
influência psíquica lhe retira os limites por lapso de tempo, responde por infanticídio
sem atenuação da pena.

Elementos Subjetivos do tipo:


O infanticídio é um crime exclusivamente doloso (dolo direto ou eventual, omissivo ou
comissivo)

Forma culposa
Para Damásio, o crime culposo é atípico. Já Greco defende que, se o infanticídio for
cometido na forma culposa, estamos diante de um homicídio culposo.

Consumação e tentativa
O infanticídio é consumado com a morte da vítima (nascente ou neonato)
A tentativa é possível, vez que trata-se de crie material, sempre que se iniciarem os atos
de execução, mas, por motivos alheios a vontade da parturiente, a vítima venha a
sobreviver.

Qualificação Doutrinária:
Crime próprio
Exige capacidade especial do agente (condição de parturiente)

Crime material

Crime de dano:
Necessária a efetiva lesão do bem jurídico

Comissivo ou omissivo impróprio:


É comissivo por excelência, vez que o verbo do tipo é matar, todavia, como a mãe está
na posição de garante, a omissão é relevante, tendo em vista a posição de garante.

Simples:
Atinge apenas um bem jurídico

De forma livre:
Permite-se qualquer forma de execução

Monossubjetivo
Suficiente um único agente para a prática do crime

Pena e ação penal:


A pena é de detenção, diferente dos crimes anteriormente estudados
Ação penal pública incondicionada.

ABORTO – ARTs. 124, 125, 126

Definição legal:
É a interrupção da gravidez, não sendo necessária a expulsão do feto ou do produto da
concepção.
Precisa ocorrer a morte do produto da concepção, esteja ele em fase ovo, embrião ou
feto.

Ovo: até 3 semanas;


Embrião: de três semanas a três meses;
Feto: após três meses

Início da vida: quando o óvulo realiza nidação


Entendimento reconhecido pela jurisprudência e doutrina

Tipos penais do crime de aborto:


Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho
provoque:  (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
 Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
 Pena - reclusão, de três a dez anos.
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:  (Vide ADPF
54)
  Pena - reclusão, de um a quatro anos.
  Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é
maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento
é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Figuras típicas do aborto:


1º) aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento – CP art. 124;
2º) aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante – CP art. 125;
3º) aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante – CP art. 126;
4º) aborto majorado – CP art. 127;
5º) aborto legal – CP art. 128.

Objetividade Jurídica:
Vida humana em formação; vida intrauterina.
No caso do aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante, protege-se
também a integridade física da gestante

Sujeito Ativo:
A exceção do art. 124, no caso de aborto provocado pela gestante, é crime próprio, nos
demais casos de crime de aborto, qualquer pessoa pode ser agente ativo, tornando-se um
crime comum

Sujeito passivo:
O produto da concepção, Hungria nomeia o sujeito passivo como o “nascituro”.
Ainda, Fragoso identifica o Estado como sujeito passivo, sendo a sua doutrina antiga e
conservadora.
O sujeito passivo também pode ser a mulher, quando o aborto é praticado sem o seu
consentimento.
Elementos objetivos do Tipo:
Os elementos objetivos serão os elementos que construirão o crime de aborto.

Assim, de início, o objeto material do delito é o produto da fecundação, sendo assim o


início da vida é relevante para a caracterização do crime. Como já mencionado, a
doutrina entende o início da vida no momento em que o óvulo realiza nidação

Meios:
- Químicos: substâncias que intoxicam a mãe e o consequente aborto.
Ex.: fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico.

- Físicos:
Ex.: traumatismo com punção, dilatação do colo do útero, curetagem do útero

- Térmicos:
Ex.: bolsa de água quente, gelo no ventre

- Elétricos:
Ex.: choques

- Psíquicos ou morais:
Ex.: terror, sustos

# o que importa é que o meio seja idôneo à prática de aborto.

Elementos subjetivos do Tipo:

Crime doloso, não há que se falar em aborto culposo, todavia, pode haver crime
preterdoloso, quando há intenção de interromper a gravidez, mas culpa no resultado do
aborto, p. exemplo, lesão corporal à gestante.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

A gestante não responde pelas lesões corporais que causar a si mesma, todavia, ao
terceiro aplica-se a majorante acima, mesmo que com o consentimento da gestante.

A imprudência da gestante durante a gravidez não é punida (ausência da forma culposa).

O terceiro que causar aborto culposamente (por imprudência, negligência ou imperícia),


responde por lesão corporal culposa.

Consumação e tentativa:
O crime consuma-se com a interrupção da gravidez e morte do feto.

A tentativa ocorre quando as manobras abortivas não interrompem a gravidez ou


provocam a aceleração do parto.

Se o feto nasce viável e vem a perecer ulteriormente, em consequência das manobras


abortivas, o crime de aborto se consuma, mas se a morte resultou de causa
independente, existirá apenas tentativa de aborto.

Haverá concurso de crimes – aborto tentado e homicídio ou infanticídio consumado, se


a criança sobrevive as manobras abortivas e sofre outro ataque. Poderá ser homicídio ou
infanticídio.

ART. 124
Aborto provocado pela gestante ou consentir que outrem lhe provoque.
Pena – de um a três anos

Chama-se de autoaborto.

Há duas figuras típicas:

1) Provocar aborto em si mesma


2)Consentir que outro lhe provoque

Concurso de agentes:
Nada impede, no entanto, que a gestante tenha auxílio de terceiro (indução, instigação
ou auxílio – participação), neste caso o terceiro responde por Aborto, nos termos do Art.
124. Isto ocorre pois aplica-se o 30 do Código Penal:

Não se comunicam as circunstâncias de caráter pessoas, salvo


quando elementares do crime.

Também responde pelo Art. 124 o terceiro que instigue, auxilie ou induza a gestante a
consentir que lhe provoquem aborto.
Caso o terceiro pratique atos executórios com o consentimento da vítima, ele irá ter o
crime dele, fundado no Art. 126.
Aquele que induzir a gestante ao consentimento e provocar por si mesmo o aborto nela,
responderá apenas pelo Art. 126, pois o induzimento se encontra absorvido como atos
preparatórios no artigo 126.
ART. 125
Aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante
Pena – reclusão, de três a dez anos

Protege-se dois bens jurídicos (nascituro e gestante)

O dissentimento da ofendida pode ser real ou presumido.


É real quando o sujeito emprega violência, grave ameaça ou fraude. É presumido
quando ela é menor de 14 anos, alienada ou débil mental – art. 126, §ú

Art. 126, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior (Art. 125), se a gestante
não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.

ART. 126
Provocar aborto com o consentimento da gestante
Pena – reclusão, de um a quatro anos

Se serve a punir o terceiro que pratica o aborto com o consentimento da gestante.

A existência dos arts. 124 e 126 é uma exceção à Teoria monista, posto que, segundo
ela, “todos que concorrem no mesmo crime, respondem pelas penas nele cominadas”.
Assim, a existência desses dois tipos penais, um para punir a gestante e outro para punir
o terceiro, mas que realizam o mesmo crime, qual seja, aborto consentido, configura
uma contramão à referida teoria.

Conforme se depreende, neste caso de terceiro que realiza aborto com o consentimento
da gestante, a figura do consentimento não exclui o delito. Isto pois a vida do feto e a
vida e integridade física da mãe são indisponíveis.

Se exige que a gestante tenha capacidade para consentir, caso contrário, o agente incorre
no Art. 125. Todavia, o consentimento não precisa ser expresso, pode ser depreendido
da própria conduta da gestante, deste modo, a passividade e tolerância da mulher
equivalem ao consentimento tácito.

O consentimento da gestante deve perdurar durante toda a prática abortiva, se ela se


arrepender não se fala mais em aborto consentido.

Se a gestante é semi-imputável (§ único artigo 26) a agente responde pelo Art. 126 –
aborto com consentimento.

Forma majorada:
Art. 127
As penas cominadas nos dois artigos anteriores (Art. 125 e 126) são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza
grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
morte.
Pune-se com maior rigor, aqui, a lesão à integridade física da gestante, realizada por
terceiro mesmo que o aborto tenha sido consentido.

Além disso, o terceiro responde pelo Art. 127 mesmo que o aborto não tenha sido
exitoso.
Neste sentido, pode haver uma tentativa de aborto (pois a criança nasceu viva)
majorada pela lesão corporal de natureza grave na gestante (no caso de, por exemplo, a
gestante ter perdido o útero em razão das manobras abortivas).

A gestante que pratica o aborto não responde por este artigo, tampouco o partícipe do
crime do Art. 124 (aquele que instiga, induz ou auxilia a gestante a realizar o aborto).

Aborto Legal:
Art. 128
Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

ADPF-54- Autoriza o aborto dos fetos anencefálicos 2012.

Apesar da redação do artigo, o mencionado artigo trata de exclusão da ilicitude.

Inciso I
Aborto necessário ou terapêutico
O aborto deste artigo caracteriza estado de necessidade, assim, escolhe-se um bem
jurídico entre dois que se pretende proteger.

Só é permitida a aplicação deste inciso se o aborto é necessário para evitar a morte da


gestante, não basta apenas que se diga que o aborto se deveu a preservar sua saúde ou
evitar alguma intempérie.

Não é necessário que o perigo seja atual, mas deve ser comprovado que em decorrência
da evolução da gravidez, sobreviria a morte da gestante.

Para evitar qualquer dificuldade, deixou o legislador consignado expressamente a


possibilidade de o médico provocar este aborto. Nesse caso, não é necessário que o
perigo seja atual, bastando a certeza que o desenvolvimento da gravidez poderá
provocar a morte da gestante.

FAQ inciso I:
# Se o aborto é praticado por enfermeiro?
Se tratando de aborto necessário, o enfermeiro é favorecido pelo estado de necessidade
do artigo 24 (estado de necessidade) que exclui a ilicitude do fato.

# Se a enfermeira auxilia o médico?


Não deve ser punida, tendo em vista ser um fato impunível, o fato principal praticado
pelo médico é lícito, a conduta dela é acessória.
# Alguns autores sustentam que o aborto necessário depende do consentimento da
gestante, pois não se equipara a cirurgia que pode ser levada a efeito sem o
consentimento do paciente, mas na verdade o médico não necessita do consentimento da
gestante estando amparando pelo artigo 24.

Inciso II
Aborto sentimental

É aquele que pode ser praticado por ter a gravidez resultado de estupro, seja ele estupro
de vulnerável (menor de 14 anos, mulher sob efeito de entorpecentes, com deficiência
mental ou acamada sem consciência).

Neste caso, é obrigatório que seja praticado por médico, posto que não existe mais
estado de necessidade, não excluindo a ilicitude no caso de enfermeira praticá-lo.

Também é indispensável o consentimento da gestante, sendo ela incapaz, deve estar


presente o consentimento de seu representante legal.

Para que o médico pratique o aborto não há necessidade de sentença condenatória


por estupro, nem mesmo de autorização judicial ou boletim de ocorrência policial.
Deve ele submeter-se apenas ao código de ética médica, admitindo como prova
elementos sérios a respeito da ocorrência do estupro.

ADPF 54
Autoriza o aborto dos fetos anencefálicos 2012

Entendeu-se que, de acordo com o preceito da dignidade da pessoa humana, não se


poderia obrigar uma mulher a levar até o fim uma gravidez, cujo produto, a criança,
nasceria morta.

Não cria mais uma forma de aborto legal, isto é, não descriminaliza a conduta: #Alguns
juízes comparam o feto anencefálico ao sujeito em morte cerebral e, portanto, haveria
ausência de tipicidade por conta da não existência de características da vida intrauterina
que se pretendia proteger. #Também se argumenta a ausência de culpabilidade por
inexigibilidade de conduta diversa, nesse ínterim, não se podia responsabilizar a
gestante por não levar ao fim a gravidez de um ser que nasceria morto, pelo aspecto
emocional e pelos riscos que envolvem esta gravidez. Ambos os argumentos se gizam
na dignidade da pessoa humana.

Qualificação doutrinária:

Crime material
Exige a morte do feto

Crime instantâneo
Ocorre em um momento definido no tempo e no espaço

Crime de dano
Se configura quando há lesão do bem jurídico
Crime próprio
No caso de autoaborto ou participação
Crime comum nos demais casos
125, 126, 128

Crime de forma livre

Pena e ação penal:


Todos os tipos estão sob a competência do tribunal do júri.
124 – detenção, de um a três anos. Cabe a suspensão condicional do processo!
125 – reclusão, de três a dez anos
126 – reclusão, de um a quatro anos. Cabe a suspensão condicional do processo!

Ação penal pública incondicionada


Ação penal privada subsidiária da pública, quando o MP não oferece a denúncia no
prazo (5 dias réu preso, 15 dias réu solto)

LESÃO CORPORAL – ART. 129

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.

Como se percebe, o artigo se inicia tratando da lesão corporal de natureza leve.


Conceito:
A lesão corporal é conceituada como “a ofensa à integridade corporal ou à saúde de
outrem” pode ser do ponto de vista anatômico, fisiológico ou mental.

Objetividade Jurídica:
Integridade física

Sujeito Ativo:
Pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).
Não se pune a autolesão.

Atenção!
Quando a pessoa se auto lesiona para obter prêmio do seguro, comete fraude (At. 171,
§2, V), assim responde por um crime contra o patrimônio, não contra a integridade
física.

No código penal militar também existe a figura da autolesão para evitar o serviço
militar, que é punida.

Sujeito Passivo:
Qualquer pessoa que seja alvo do ataque, da lesão corporal sofrida, mesmo que haja o
consentimento da vítima não se exclui a punibilidade, posto que o bem jurídico da
integridade física é indisponível.
A lesão leve é condicionada à representação, por força disso, o Código Penal “autoriza”
o duelo/briga até o limite da lesão corporal leve, posto que, não representando o crime,
não há responsabilização penal.
Exceção: vítima de violência doméstica (Lei Maria da Penha) – pública incondicionada

Nos casos de que tratam o Art. 129, §1º, IV (lesão corporal que resulta em aceleração
do parto), Art. 129, §2º, V (lesão corporal que resulta em aborto) ou violência doméstica
(Lei Maria da Penha) o crime se torna próprio, posto que o sujeito passivo deve ser a
gestante ou mulher, respectivamente.

Elementos objetivos do tipo:

Ofensa à integridade corporal:


Causar mal físico interno ou externo, seja anatômico (ex.: ferimentos hematomas,
mutilações, fraturas, equimoses), fisiológico (ex.: mal funcionamento de órgão, insônia,
estado de inconsciência, vômitos) ou mental (ex.: qualquer distúrbio psíquico)

Modos de Ofender:
Normalmente é praticado por meio de violência física (ex.: socos, arma, facadas,
golpes), todavia, é importante destacar que não há dolo de matar, neste crime estamos
tratando do animus laedendi ou animus nocendi.
No entanto, como não estamos tratando apenas de dano anatômico, a lesão corporal
pode ser praticada por sustos, por violência moral, etc.
Por excelência deixa vestígios, assim, a lesão corporal à aspecto mental ou fisiológica
deve também ser provada.

Possibilidade de omissão imprópria


Quando o agente tem o dever legal de prestar socorro à vítima – posição de garante
(hipóteses do Art. 13, CP)

Autoria mediata:
O crime pode ser cometido por ação indireta, quando o agente se utiliza de um animal,
ou sujeito inimputável (longa manus) para cometer o crime. Nesses casos, apenas o
agente vai responder pelas lesões corporais causadas.

Elementos subjetivos do tipo:

Há lesão corporal dolosa (animus laedendi – vontade de lesionar), culposa e


preterdolosa.
O tipo doloso é previsto no caput do art. 129. As formas culposas estão previstas nos §
6º e 7º. O preterdolo é admitido nas formas qualificadas dos §§1º, 2º e 3º do art. 129.

No caso do crime preterdoloso, o delito fundamental é punido a título de dolo, enquanto


os resultados (que qualificam o crime) a título de culpa.
Ainda, as qualificadoras podem ser identificadas como culposas e o delito fundamental
a título de dolo.

Consumação e tentativa:
Consuma-se com a lesão à integridade física ou psíquica da vítima. O crime é material,
portanto, exige um resultado naturalístico.

Sempre que não ocorrer o resultado por circunstâncias alheias à vontade do agente,
haverá a tentativa.
A única dificuldade na forma tentada é se mensurar se o autor do crime queria a forma
mais grave (qualificada) do crime, todavia, sempre que houver dúvida, admite-se que
queria praticar a lesão leve.

As únicas lesões corporais graves que não admitem a tentativa são a aceleração do
parto (129, §1º, IV), o perigo de vida (129, §1º, II), o aborto (129, §2º, V) e a lesão
corporal seguida de morte (129, §3º).
Não permitem a figura tentada porque são exclusivamente preterdolosas!

Art. 129, caput


Lesão corporal leve
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

O conceito de lesão corporal leve é dado por exclusão, isto é, trata-se do art. 129, caput
+ não causa nenhum resultado previsto nos §§ 1 e 2.

A violência doméstica do §9º é uma lesão leve, ou seja, não está citada nos §1º e §2º vez
que não inclui um resultado, mas uma qualificação da vítima. Assim, se ocorrerem
resultados mais graves, também aplicarão as qualificadoras dos mencionados
parágrafos.

§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,


cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,
ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

Atenção!
O §º9 não trata exclusivamente de mulher, mas de relações familiares,
independentemente de gênero.

Também há o §10º que trata de uma majorante aos casos em que há lesão corporal
grave cometida no contexto familiar, de violência doméstica, veja:

Art. 129, § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as


circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em
1/3 (um terço)

Ademais, protege-se ainda a pessoa portadora de deficiência de lesões corporais


causadas no âmbito familiar.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se
o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.

Lesão Corporal Grave


Pena – reclusão de um a cinco anos
§1º, I
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias
Ocupações habituais são entendidas como rotina do indivíduo, não apenas ocupações
laborais, mas as ocupações habituais devem ser lícitas (não se pune na forma qualificada
um ladrão que por conta de lesão corporal ficou impedido de pular o muro).
A gravidade da lesão deve ser comprovada por perícia.
Dolo - dolo
Dolo - culpa (culpa no resultado: incapacidade para ocupações habituais)

§1º, II
Perigo de vida
Perigo de vida é a probabilidade concreta e presente do resultado letal, identificada por
perícia.
Dolo - culpa (apenas) - pois senão seria tentativa de homicídio

§1, III
Debilidade permanente de membro, sentido ou função
Não houve perda, mutilação do membro, mas ele restou debilitado, redução da
capacidade funcional
ex. perda de um dedo
Dolo - Dolo
Dolo - culpa

§1º, IV
Aceleração de parto
Aceleração do parto quer dizer, na verdade a antecipação do parto, quando a criança
nasce prematura em razão de lesão corporal sofrida pela mãe.
O sujeito ativo precisa conhecer a situação gravídica da mulher e a ignorância precisa
ser plenamente escusável.
Dolo - culpa (apenas)

§2º - Lesão Corporal “Gravíssima”


Reprimenda maior
Pena – reclusão, de dois a oito anos

§2º, I
Incapacidade permanente para o trabalho
Incapacidade permanente para o trabalho, a permanência é entendida como aquela em
que não se enxerga um fim para a incapacidade. Além disso, a doutrina entende que a
incapacidade deve ser para qualquer atividade laboral
Dolo - dolo
Dolo - culpa

§2º, II
Enfermidade incurável
Enfermidade incurável quer dizer aquela que não apresenta prognóstico de cura na
atualidade
Dolo - dolo
Dolo - culpa

§2º, III
Perda ou inutilização do membro, sentido ou função
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Diferente de mutilação
ex. perda de uma mão
Dolo - dolo
Dolo – culpa

§2º, IV
Deformidade permanente
A deformidade permanente é entendida como o dano visível, permanente e irreparável,
capaz de causar certa impressão vexatória (ex.: comum nas queimaduras, cicatrizes e
queloides). Pouco importa o tipo de lesão, desde que ela seja grave e percebível, não se
exigindo que esteja em um lugar do corpo mais visível, como rosto, etc. Pode ser em
qualquer lugar do corpo.
Dolo - dolo
Dolo - culpa

§2º, V
Aborto
É necessário que o agente conheça a gravidez ou que exista a possibilidade de se
percebê-la, posto que, caso contrário estaríamos tratando de erro de tipo – o autor do
crime não tinha o dolo de lesionar gestante, pois não sabia que a mulher estava grávida
(Art. 20, §1º)
De todo modo, esta qualificante só existe na forma preterdolosa, pois se houvesse dolo
no resultado, o agente responderia por aborto. O sujeito quer causar a lesão, mas não o
aborto.
Dolo – culpa (apenas)

Lesão corporal seguida de morte


§3º
Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo
O agente não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, o dolo era somente de
causar a lesão, embora possível de ser previsto. É preciso que seja possível de ser
previsto para que a responsabilidade não seja objetiva.
Dolo – culpa (apenas)

Minorantes
§4º
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

São circunstâncias legais que ocasionam diminuição de pena. A minorante são de


caráter pessoal e, portanto, incomunicável em caso de concurso de agentes.
Esta disposição só se aplica aos fatos dos §§ 1º, 2º e 3º

Substituição de Pena
§5º
O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior (§4º);
II - se as lesões são recíprocas.
Apenas para os casos de lesões leves, a pena é substituída por multa.
No caso do II, não pode haver o caso de legítima defesa, posto que se houver, não se
configurará a reciprocidade.

Lesão Culposa
§6º
Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Se a imprudência, negligência ou imperícia do agente (agir descuidado) derivou não a


morte, mas a lesão corporal da vítima, o agente é punido de acordo com este artigo.
No caso de lesão culposa não importa sua gravidade pois somente será levado em
conta na fixação da pena (artigo 59). Ex.: fumar perto de depósito de pólvora,
negligenciar na guarda de cão bravio, não o mantendo sob vigilância.

Majorante – Aumento de pena


§7º
Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos
§§ 4o e 6o do art. 121 deste Código.

Artigo referido: §4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.

Aumenta-se a pena também na lesão corporal culposa se ocorrer qualquer das


hipóteses do artigo 121 § 4º. Não há lesão culposa qualificada quando a vítima é
socorrida por terceiros, está levemente ferida não necessitando de atendimento, etc.

Última parte do § 4º do 121- Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. Aqui, aplica-se apenas em lesão corporal dolosa!

Artigo referido § 6º do 121- A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio. Aqui, aplica-se apenas em lesão corporal
dolosa!

Perdão judicial – lesão culposa


§8º
Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121

Artigo referido: § 5º do 121 - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de


aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária.

Lesão Corporal no Código de Trânsito


Trata sempre da lesão culposa

Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:


Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das
hipóteses do § 1o do art. 302.
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena
é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
vítima do acidente;
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de
transporte de passageiros

§ 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem


prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o
veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de
álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se
do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.

Lesão Funcional
§12

Similar ao homicídio praticado contra autoridade ou agente da segurança pública.


Aumenta-se a pena de um a dois terços.

§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é
aumentada de um a dois terços.

Qualificação Doutrinária:

Crime Comum:
Praticado por qualquer pessoa.

Crime material:
Exige um resultado naturalístico.

Crime simples:
Só atinge uma objetividade jurídica

Crime de Dano:
Exige-se efetiva lesão do objeto jurídico

Crime Instantâneo:
Atinge a consumação em um momento específico.

Crime de forma livre:


Admite qualquer forma de execução

Pena e Ação Penal:


129, caput- Ação penal pública Condicionada a Representação
129 § 1º, 2º, 3º Ação penal pública Incondicionada
129 §6º - Ação penal pública Condicionada a Representação
129 §9º- Ação penal pública Condicionada a Representação

Súmula 542-STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de


violência doméstica (129, §9º) contra a mulher é pública incondicionada.

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