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Dia 21/02/2022
o tribunal do júri julga também outros delitos contra a vida, não somente o homicídio.
Homicídio consiste na eliminação da vida humana extrauterina provocada por outra pessoa.
Relação de causa e efeito, a conduta do autor provoca a eliminação da vida da vítima.
- Qualificado:
Culpa: ocorre quando há negligencia ou imprudência - agir sem o devido dever de cuidado. O
resultado não é desejado pelo autor.
- Crime impossível por absoluta impropriedade do objeto: Art. 17, CP - pode estar no meio ou
pode estar no próprio objeto.
Art. 17 do CP: Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
* Obs.: A absoluta impropriedade do objeto é aferida no momento da ação e não do resultado e é
objetiva, ou seja, o agente não responde pela tentativa (cuidado com o dolo).
- Crime impossível por absoluta ineficácia do meio: art. 17, CP; A ineficácia do meio é relativa - o
agente deve responder pela tentativa (ex. projétil antigo que não detona, a arma que em alguns
momentos dispara e em outros não, ou que apresenta defeito no momento do ato):
comprovável por perícia.
- Homicídio Simples:
• Sujeito ativo: o autor pode ser qualquer pessoa (crime comum);
- Admite coautoria e participação.
- Modos de praticar o delito: autoria, coautoria e participação.
- Autoria mediata: O autor aproveita-se de pessoa sem discernimento (mero instrumento) para
executar o homicídio. Utiliza de outra pessoa sem discernimento.
- Autoria Colateral: Duas ou mais pessoas realizam o ato executório ao mesmo tempo contra a
mesma vítima (enquanto ela ainda está viva), sem que uma saiba da intenção da outra, sendo que
o resultado morte decorre da ação de apenas uma delas. - Autoria incerta: é uma tipo de autoria
colateral, na qual não for possível estabelecer qual dos envolvidos deu causa à morte.
- Sujeito Passivo: qualquer pessoa – crime bicomum. Qualquer pessoa pode ser autor e qualquer
pessoa pode ser a vitima
- Sujeitos especiais: Homicídio contra Presidente da República, do Senado Federal, da Câmara dos
Deputados ou o Presidente do Supremo Tribunal Federal (tem proteção especial):
Lei de Segurança Nacional (Lei n. 7.170/83): Art. 29 - Matar qualquer das autoridades referidas
no art. 26. Pena: reclusão, de 15 a 30 anos. Lei foi revogada. 14.197/2021
- Genocídio: Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico,
racial ou religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
- Genocídio é doloso
“Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a
transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e
registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a
utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de
Medicina”.
• Materialidade:
- Provado pelo laudo de necropsia ou exame necroscópico (cadáver).
• Tentativa: art. 14
- Admissível: resultado não acontece devido a circunstancias alheias.
* Ex.: o agente quer matar a vítima com fogo, compra um galão de gasolina, joga em cima de vítima,
acende o fosforo, e desiste – ato preparatório – desistência voluntaria.
07/03/2022
ITER CRIMINIS = CAMINHO DO CRIME: planejamento (decisão) -> atos preparatórios -> atos de
execução -> consumação.
*Enquanto a pessoa não iniciar a execução o direito penal não se interessa por aquilo, ou seja, é
impunível. *
• A pessoa que não chega nos atos de execução mesmo q decida comprar uma arma de fogo,
houve crime? Não houve homicídio, mas pode ter havido o crime meio – porte de arma (crime
menos grave). **PROVA**
• Dolo Indireto ou Eventual: não se pretende inicialmente o resultado, mas assume-se o risco da
ocorrência dele. Aquele que a pessoa não pretende o resultado, mas, ela assume o risco de
produzi-lo, sabe que tem o risco, mas não se importa.
Art. 121, § 1º, CP — Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
- Relevante valor social: valor que é importante para a sociedade, não apenas para o indivíduo.
Ex.: o pai que mata o estuprador da própria filha – há um relevante valor para a sociedade,
proteção e a defesa dos filhos.
- Relevante valor moral: aquele que para o indivíduo é relevante. Ex.: religião – leva o indivíduo a
defender sua crença.
- Violenta emoção logo após injusta provocação da vítima: a pessoa perde totalmente o controle.
1. - Injusta Provocação: não importa o meio (cuidado com a proporcionalidade), desde que
seja injusta.
2. - Domínio de violenta emoção: não é suficiente qualquer emoção, ainda que intensa, é
necessário que a pessoa esteja sob o domínio de violenta emoção.
- Violenta emoção logo após injusta provocação da vítima: indica uma reação imediata impensada,
não é premeditada
1. - Logo após a injusta provocação: reação imediata, sem tempo para reflexão (cuidado com
a vingança)
OBS: Atenuante genérica (art. 65, III, “c”, CP): sob a influência de….
Caráter subjetivo dos privilégios: não se comunicam aos coautores ou partícipes – dizem respeito
ao sujeito/pessoa.
Simples: crime normal, pena geral.
Qualificado: crime com uma reprovabilidade maior, traz uma pena especifica mais grave.
Agravado/Majorado: não traz uma pena especifica, mas traz um percentual de aumento de pena
(proporcional).
14/03/2022
I – Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (homicídio mercenário)
Obs: Crime de concurso necessário: ao menos um mandante e um executor, embora possível haver
mais de um mandante e mais um executor e até intermediários.
Obs: O que é motivo torpe? É aquele que é vil, repugnante, imoral. Ex.: preconceito, canibalismo,
vampirismo, rituais, prazer, ciúmes, fatores econômicos etc. E a Vingança? Depende da situação.
III - Se o homicídio é cometido com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
- Veneno (venefício):
* Substância química ou biológica que, introduzida no organismo, pode causar a morte. Pode se
apresentar em forma líquida, sólida ou gasosa.
III - Se o homicídio é cometido com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
- Fogo:
* Por exposição direta: o fogo atinge diretamente o corpo da vítima, mesmo que aplicado
indiretamente (incêndio da residência).
* Por exposição indireta: o fogo não atinge o corpo da vítima, que vem a morrer por outras causas:
asfixia por inalação de fumaça, ou cozimento da vítima.
- Explosivo
* Definição: Capaz se provocar explosão (Violento estrondo causado por repentina libertação de
energia por uma reação química muito rápida, por uma reação nuclear ou pelo escape de gases
ou vapores sob grande pressão).
* Por exposição direta: a explosão atinge diretamente o corpo da vítima, mesmo que por pedaços
arremessados pela explosão.
* Por exposição indireta: a explosão gera um desabamento ou outra consequência que atinge a
vítima, ou a soterra, etc., causando sua morte.
- Asfixia
* Definição: Interrupção da função respiratória da vítima. Pode ocorrer por asfixia mecânica ou
tóxica.
* Por Asfixia Mecânica:
a. Esganadura: compressão do pescoço da vítima (mãos, gravata, pisão etc.).
b. Estrangulamento: compressão do pescoço da vítima com qualquer instrumento que nele possa
ser enrolado.
c. Enforcamento: compressão do pescoço da vítima por corda ou objeto similar, envolto no
pescoço, que pela ação da gravidade sobre o peso da vítima provoca sua morte.
d. Sufocação: utilização de objeto para interromper a passagem de ar pelo nariz e boca ou garganta
da vítima (mãos, saco plástico, travesseiro, papel etc.).
e. Sufocação Indireta (imprensamento): Impedimento do funcionamento correto do aparelho
respiratório, com a colocação de peso sobre o diafragma ou pulmões. f. Soterramento: cobertura
do corpo da vítima por terra, areia ou algo similar (necessário que esteja viva).
- Tortura
- Há emprego de sofrimento físico e/ou mental, lento e gradual, que esvai as forças da vítima aos
poucos, causando-lhe a morte (sede, fome (inanição), insolação, crucificação, empalamento, etc.).
- Meio cruel
- Embora haja grave de sofrimento, a execução tem que ser breve, senão será tortura
(apedrejamento, atropelamento intencional, espancamento, choque, lançar a vítima de um
edifício, etc.).
- A crueldade só qualifica o homicídio se for a causa direta da morte e nem sempre a reiteração da
ação é considerado um meio cruel, só se causar sofrimento grave. Cruel, mas rápido
- Meio Insidioso
- Que é enganador, falso, pérfido, traiçoeiro etc. (sabotar freio, paraquedas, etc.).
- Traição:
* O autor se aproveita da confiança da vítima, para matá-la, pela diminuição do seu estado natural
de alerta. Há discussão quanto à atacar a vítima pelas costas.
- Emboscada:
* o autor arma uma tocaia, se esconde e aguarda a passagem ou chegada da vítima e a ataca, sem
deixar chance de defesa.
- Dissimulação:
* O autor engana a vítima, escondendo sua intenção homicida, através de uma farsa, de uma
mentira ou encenação. Ela pode ser moral ou material: a primeira consiste na farsa verbal, utiliza-
se o diálogo para enganar a vítima; na segunda, utiliza-se de um disfarce ou outro meio de enganar.
28/03/2022
Art. 121, §2º, V — Se o homicídio é cometido para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
ou vantagem de outro crime.
- O homicídio nesse caso é qualificado pela conexão com outro crime, que se torna o motivo da
realização de novo delito.
- Execução:
* O autor comete o delito porque a vítima é um obstáculo à execução de outro crime, que é o
realmente pretendido. Ex.: vai resgatar um preso, para isso mata o agente penitenciário.
- Ocultação:
* O autor comete o delito para que outro crime não seja descoberto. Ex.: matar alguém que pode
fazer com que aquele crime seja descoberto. Comete crime para que não seja descoberto.
- Impunidade:
* O autor comete o delito para que não seja punido por outro crime que já foi descoberto. Comete
outro crime para que ele não seja punido. Ex.: matar a testemunha
- Vantagem:
* O autor comete o delito para não perder a vantagem, o lucro, o proveito de crime anterior. Ex.:
crimes patrimoniais. Assalto ao banco, tudo que foi adquirido no crime. Ex.: ir em uma loja, assalta,
e leva várias joias (vantagem que ele obteve), após, ele vende e paga os custos que ele teve para
realizar o assunto, o que sobrar é lucro. Proveito é o que ele realiza com o dinheiro do crime.
Art. 121, §2º, VI — Se o homicídio é cometido contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Obs.: A vítima não precisa ser familiar do autor, porque a conceituação do que seria violência
doméstica é da Lei Maria da Penha.
Art. 121, §2º, VII — Se o homicídio é cometido contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
- É o chamado homicídio funcional.
- É pressuposto da figura qualificada que a vítima esteja no exercício de suas funções no momento
do delito, ou que esteja de folga, mas o crime seja praticado em razão delas.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade
física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput
do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.
HOMICÍDIO CULPOSO:
Art. 121, §3º, CP — Se o homicídio é culposo:
Pena — detenção de um a três anos
- O autor não quer e não assume o risco de provocar a morte, mas a ela dá causa por imprudência,
negligência ou imperícia. Dessa forma, é causado pela inobservância do dever objetivo de cuidado,
que todos devemos ter em sociedade (pessoa de média diligência).
- Imprudência: conduta comissiva perigosa que expõe a risco outras pessoas, por ser marcada pela
afoiteza, imoderação, insensatez, etc.
- Negligência: É uma conduta negativa (omissiva), falta de uso da precaução devida no caso
concreto (ação preventiva) para evitar o resultado, em consequência do descaso.
- Imperícia: Conduta realizada com incapacidade ou de falta de conhecimentos técnicos no
desempenho de arte, profissão ou ofício, dando causa ao resultado.
Obs.: Possível que o autor aja com imprudência e negligência concomitantemente, mas, se tiver
provocado uma morte responderá por crime único, sendo a gravidade da conduta aferida na
fixação da pena-base.
Obs.: Não confundir erro médico com imperícia.
Obs.: Em caso de concorrência de culpas, ambos os concorrentes respondem pelo resultado.
- Causas de aumento de pena: Art. 121, §4º — No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências de seu
ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante.
- Perdão judicial: Art. 121, §5º — Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária.
- Ação penal: No homicídio culposo a ação penal também é pública incondicionada e o julgamento
cabe ao juízo singular, podendo se aplicar os institutos da Lei 9099/95.
HOMICÍDIO CULPOSO DE TRÂNSITO:
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor.
Pena — detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
habilitação para dirigir veículo automotor.
- A culpa nos delitos de trânsito provém, normalmente, do desrespeito às normas disciplinares
contidas no próprio Código de Trânsito.
- Causas de aumento de pena: A pena do homicídio culposo na direção de veículo automotor será
aumentada de um terço até metade: 1. Se o agente não possui PPD ou CNH; 2. Se o crime é
praticado em faixa de pedestre ou sobre a calçada; 3. Se o agente deixa de prestar imediato
socorro à vítima, quando possível fazê-lo sem risco pessoal; 4. Se está, no exercício de sua profissão
ou atividade, dirigindo veículo de transporte de passageiros.
- Modalidade qualificada: 302, §3º, CTB: Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de
álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão,
de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação
para dirigir veículo automotor.
Aumento de pena: p. 3º
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. – pessoa
que tenha alguma enfermidade, ex.: depressão.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores,
de rede social ou transmitida em tempo real. EX.: Um jovem maior de 14 anos corta o próprio
braço em decorrência da brincadeira da baleia azul, aplica-se a pena em dobro – 4 a 12 anos.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede
virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima
e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra
causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129
deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos
ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos
termos do art. 121 deste Código.
Objetividade jurídica:
- Preservação da vida humana extrauterina
Crime simples:
- Pode ser praticado por qualquer pessoa
Tipo objetivo:
- Não é suficiente que alguém tire a própria vida, mas que o faça consciente e voluntariamente.
- A falta de capacidade de entendimento da vítima (criança ou alguém com grave deficiência
mental), se o autor tinha ciência disso, transmuta o delito em homicídio.
- Consiste em reforçar a intenção suicida já presente na vítima. Incentivar ou reforçar uma ideia
que já existe na pessoa.
Auxílio
- A vítima já está decidida a se matar e o agente apenas a ajuda a concretizar o ato, fornecendo-
lhe o instrumento ou a orientação necessária. A vítima está decidida a se matar e pede ajuda a
alguém, e essa pessoa de auxilio ou ofereça algum instrumento para a vítima.
Auxílio por omissão
- É possível apenas para a figura do garantidor (dever objetivo de cuidado). O agente tem o dever
jurídico de evitar o resultado (suicídio) e, intencionalmente, não o faz.
Crime de ação múltipla
- Há a previsão de vários verbos (núcleos) separados pela partícula “ou”. Nesse caso, a realização
de mais de uma das ações previstas no tipo penal constitui crime único, desde que voltadas à
mesma vítima. Ter mais de uma ação, induz, instigar e oferecer objetos para realizar o crime –
crime é um só, só aumenta a pena.
Momento da ação delituosa
- Deve ocorrer antes do suicídio.
Nexo causal
- É necessário que haja nexo causal entre o auxílio e o modo escolhido pela vítima para se suicidar.
- Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum).
- Sujeito passivo: Qualquer pessoa que tenha discernimento sobre o ato é suicida.
Consumação e tentativa
- Consumação: ocorrerá mesmo quando não houver resultado morte, desde que resulte em lesão
grave. Em caso de morte: reclusão, de dois a seis anos; e, em caso de lesão grave: reclusão de um
a três anos
- Tentativa: passou a ser possível em algumas hipóteses. Desde que não haja um contato direto.
Ex.: uma mensagem; um pacote com uma corda por exemplo.
Ação Penal:
- Pública incondicionada de competência do tribunal do júri.
Causas de aumento de pena (pena duplicada)
- Motivo egoístico: o autor age por egoísmo (herança, posto de trabalho, casar com a mulher da
vítima etc).
04/04/2022
- INFANTICÍDIO
- Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após:
Objetividade jurídica:
- A preservação da vida humana.
Estado puerperal:
- Conceito: É o conjunto de alterações físicas e psíquicas breve e provisório que ocorrem no
organismo da mulher em razão do fenômeno do parto, levando-a a rejeitar o próprio filho, em
razão da atribuição, consciente ou inconsciente, da culpa do sofrimento ao infante. É um crime sui
generis, não se enquadrando no conceito de semi-imputabilidade.
Psicose Puerperal
– Consideravelmente mais rara, em que a mulher perde por completo a capacidade de
entendimento e autodeterminação, sendo, em tal caso, tratada como inimputável.
Depressão Pós-parto
– Quadro de perturbação psíquica que pode se estender por vários meses e que não tem o parto
como única fonte desencadeadora.
Elemento temporal
- Só pode ser praticado no momento em que o filho está nascendo (passando pelo canal vaginal,
por exemplo) ou logo após o nascimento. Se for provocada antes, será crime de autoaborto (O
parto se inicia com a dilatação do colo do útero e finda com a expulsão do feto). Não há tempo
predeterminado, pois varia em cada caso.
Meios de execução
- Trata-se de crime de ação livre (omissão também), que admite qualquer meio executório capaz
de gerar a morte.
Crime Próprio
- Só pode ser praticado pela mãe no próprio filho, durante ou logo após o parto. Obs.: o infanticídio
não é crime de mão própria (não pode ser delegado para alguém fazer por você), pois admite
coautoria.
Coautoria e participação
- Embora seja um crime próprio, admite-se tanto a coautoria quanto a participação.
Sujeito passivo
- O próprio filho que está nascendo ou recém-nascido.
Consumação
- No momento da morte (crime material).
Tentativa
- É absolutamente possível (crime plurissubsistente).
Elemento subjetivo
- Dolo (direto ou eventual). Não existe modalidade culposa de infanticídio.
Ação Penal
- Pública incondicionada de competência do tribunal do júri.
ABORTOS
- Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em
conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal.
ABORTO
Conceito: Aborto é a interrupção da gravidez com a provocação da morte do ovo (ou zigoto) – nos
dois primeiros meses, do embrião – nos dois meses seguintes ou do feto.
Espécies de Aborto:
a) natural;
b) acidental; um acidente de carro, domestico, uma queda, uso de alguma medicação.
c) criminoso;
d) legal.
ABORTO CRIMINOSO
1. Autoaborto (art. 124, 1ª parte)
2. Consentimento para o aborto (art. 124, 2a parte)
AUTOABORTO
Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena — detenção
de um a três anos.
Sujeito ativo: A própria gestante (crime de mão própria). Somente a gestante pode provocar
manobras abortivas em si mesma, que levem à morte do feto (ingestão de medicamento abortivo,
quedas intencionais, esforços excessivos, utilização montanhas-russas etc. (não admite coautoria)
Obs.: É possível haver partícipe no autoaborto (incentivo verbal, adquirir medicamentos para a
gestante - amigos, namorados ou familiares, e até mesmo o farmacêutico, com ciência do
propósito).
Obs.: Aborto social ou por causas econômicas – Escusas mais comuns: não serem casadas,
aventura sexual, muito jovens, falta de condição financeira, mas esses argumentos não são aceitos
pela lei.
PROVOCAÇÃO DE ABORTO CONSENTIDO
Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.
Obs.: Exceção à teoria unitária ou monista (todos que concorrerem para o resultado criminoso
devem responder pelo mesmo crime). O legislador entendeu que as condutas têm gravidades
distintas e criou uma exceção, na qual a gestante incorra em crime mais leve (art. 124, 2ª parte),
e o terceiro pelo mais grave (art. 126).
Obs.: O consentimento deve ser livre e espontâneo e durar até a consumação do ato.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum). É cabível coautoria e participação e, pode haver,
crime de associação criminosa (art. 288 do CP).
Sujeito Passivo: É o produto da concepção (zigoto, embrião ou feto).
Hipóteses:
1. Sem autorização da gestante
2. Com autorização inválida da gestante, em razão de:
a) emprego de fraude (Ex. Falso risco de morte da gestante)
Obs.: Hipóteses “d” e “e”, apenas com consentimento dos representantes legais.
Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum). É cabível coautoria e participação e, pode haver,
crime de associação criminosa (art. 288 do CP).
Sujeito Passivo: É o produto da concepção (zigoto, embrião ou feto) e a gestante.
TEMAS COMUNS A TODAS AS ESPÉCIES DE ABORTOS CRIMINOSOS
Objetividade Jurídica: Tutelar a vida humana intrauterina (não precisa que o feto seja expulso só
corpo da mãe, se estiver morto no ventre já haverá o crime).
Consumação: se consuma no momento da morte do feto (crime material), ainda que ocorra
posteriormente.
Tentativa: Cabível para todos os abortos criminosos.
Crime impossível por absoluta impropriedade do objeto
Causas de aumento de pena: As penas são aumentadas de um 1/3 se a gestante sofre lesão
corporal de natureza grave e são duplicadas se morre.
ABORTO LEGAL
Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: I — se não há outro meio de salvar a vida da
gestante; II — se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Espécies de aborto legal (causas especiais de exclusão da ilicitude)
1. Aborto necessário ou terapêutico: desde que não haja outro meio para salvar a vida da gestante
e que seja realizado por médico.
2. Aborto sentimental ou humanitário: desde que a gravidez seja resultante de estupro, que haja
consentimento da gestante ou de seu representante legal (se incapaz) e que seja realizado por
médico.
Obs.: Falso estupro: se ficar caracterizado, o médico não responde por nada e a gestante responde
por consentimento para o aborto e falsa comunicação de crime (caso não acuse ninguém) ou por
denunciação caluniosa (caso aponte um autor).
Gravidez resultante de estupro cometido por mulher: gestante não poderá se beneficiar da própria
torpeza, não sendo admitido o aborto.
Aborto de feto anencéfalo: Segundo o STF (ADPF 54), não há crime.
Aborto eugenésico (feto com alguma anomalia, síndrome etc): é ilícito (crime).
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