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Bens jurídicos tutelados pelo Código Penal: vida, patrimônio, etc.; cada título, capítulo, artigo,
etc., indica qual é o bem jurídico protegido; as Circunstâncias costumam estar presentes nos
parágrafos de cada artigo.
Crime Qualificado: quando, em função das circunstâncias, o fato foge da figura principal do
artigo, aumentando a pena do delito cometido. Já na primeira fase de fixação da pena o
tamanho da pena é maior.
Atenuantes e Agravantes: incidente na segunda fase da fixação da pena. Fica a critério do juiz
o quantum para o estabelecimento do aumento ou diminuição na aplicação da pena. Estão
presentes na parte geral do CP.
* omissão relevante (art. 13, § 2º, CP): não fazer o que se deveria fazer; non facere + quod
debeatur;
* Crimes Não Transeuntes: há um resultado naturalístico que deixa vestígios. Nos crimes que
deixam vestígios deve haver uma perícia para provar a materialidade (exame de corpo de
delito). O exame pode ser feito de duas maneiras:
* Conforme a Lei 9434/1997, permite-se que se extraiam órgãos da pessoa após a morte
cerebral; daí o critério que define onde se termina a vida para o meio jurídico;
* Autoria Colateral: quando mais de um agente pratica o delito sem ajuste prévio (ex.: dois
atiradores disparando na mesma vítima, sem que tenham ajustado esta prática);
* Autoria Incerta: quando, na Autoria Colateral, não se descobre quem causou o resultado;
nesta hipótese, ambos os agentes respondem por tentativa;
Erro de Tipo: falsa representação da realidade fática; pode ser Incriminador ou Permissivo
(descriminante putativa por erro do tipo); sempre exclui o dolo;
Error in persona: erro sobre a pessoa (art. 20, § 3º); é irrelevante, não excluindo o
crime; a cabeça acredita que está acontecendo uma coisa, mas ocorre
efetivamente outra; ex.: o agente acha que está matando a pessoa A (vítima
pretendida), mas está matando a pessoa B (vítima atingida), já que as duas são
muito parecidas;
Resultado único (art. 73, 1ª parte): parecido com o erro sobre a pessoa, mas com
conseqüências diferentes; ex.: o agente dispara arma contra a pessoa A,
querendo atingi-la, mas, por má pontaria, acaba atingindo a pessoa B;
Resultado duplo (art. 73, 2ª parte): se atingida a vítima pretendida e também uma
terceira pessoa, responde-se pelo crime doloso contra a vítima pretendida e
pelo crime culposo contra a terceira pessoa; a aplicação da pena segue a regra
do art. 70 (Concurso Formal);
O agente quer atingir a Coisa e mata a Pessoa: responde por homicídio culposo;
O agente quer matar a Pessoa e atinge a Coisa: não responde por nada, já que não
há dano culposo, desde que a vítima sequer foi exposta a perigo; se a vítima foi
exposta a perigo, o agente pode responder por tentativa de homicídio, por
dolo eventual, ou exposição a perigo de vida;
Erro provocado por terceiro: responde pelo crime o terceiro que provocou o erro, por autoria
mediata; o agente, se inevitável o erro, não responde pelo crime; se evitável, o agente
responde por culpa;
Erro de Proibição: o agente sabe o que está fazendo, mas avalia erroneamente a lei; para se
aplicar a pena criminal o agente deve ter o potencial conhecimento da ilicitude do fato;
Descriminantes Putativas
Erro de Tipo: exclui dolo e culpa se inevitável; exclui apenas o dolo se evitável;
Erro de Proibição: exclui a culpabilidade se inevitável; responde pelo crime com pena
reduzida se evitável;
Doutrina
Prova da Materialidade:
Elementos Objetivos
Elementos Subjetivos
Elementos Normativos
Nexo Causal (se houver): somente tem nexo causal crimes materiais, de resultado;
crimes de mera conduta não possuem nexo causal;
Classificação doutrinária:
Confronto: crimes muito parecidos; zona de confronto entre os diferentes tipos penais;
Generalidades
Figuras qualificadas
Estudo dos Crimes em Espécie: art. 121: Matar alguém. Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Doutrina: conceito: morte de um ser humano provocada por outro ser humano;
Objeto Material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta): pessoa humana com
vida; cadáver não pode ser vítima de homicídio; tem que se ter vida para sofrer o
homicídio;
Sujeito Passivo: pessoa humana com vida extra-uterina; o atentado contra a vida do
Presidente da República, do Vice-presidente, do Presidente do STF, e de todos os
indivíduos da linha sucessória presidencial é tratado pela lei 7170/1982 (lei de
segurança nacional) e não pelo art. 121; crimes de homicídio contra menores de 14
anos e maiores de 60 enquadram-se no § 4º, do art. 121, CP; no homicídio doloso
contra gêmeos xipófagos (grudados) responde-se por 2 homicídios, já que a morte do
segundo gêmeo é uma consequência necessária da primeira morte;
Elementos do Tipo:
Ação Nuclear (verbo do tipo): matar (conduta ativa comissiva ou omissiva tendente
ao fim de eliminar a vida de alguém);
Ação Física: crime de ação livre, que pode ser praticado por qualquer meio eficaz; ex.:
meios físicos, meios químicos, meio psíquico/moral, meio direto (ataque direto ao
corpo da pessoa); meio indireto (ataque indireto à pessoa; ex.: provocar dano em
veículo para a vítima sofrer acidente); comportamento comissivo ou omissivo;
etc.;
Classificação doutrinária: crime comum quanto ao sujeito ativo; crime material (crimes
em que há um resultado no mundo dos fatos); crime comissivo (mas pode ser
comissivo por omissão ou omissivo impróprio); crime instantâneo de efeitos
permanentes (sabe-se o exato momento de cometimento do crime e o resultado é
permanente); crime de dano;
Formas:
Simples no caput;
Privilegiado no § 1º;
Qualificado n § 2º;
Culposo no § 3º;
Homicídio Simples e Crime Hediondo: segundo o art. 1º, I, da lei 8930/1994, há uma
possibilidade de o homicídio simples ser considerado crime hediondo: quando
praticado por atividade típica de grupo de extermínio;
Homicídio Privilegiado: art. 121, § 1º:
Hipóteses:
Requisitos da emoção:
Imediatidade da reação;
Homicídio passional: não existe um tipo penal específico; pode configurar privilégio
quando presentes os requisitos legais; dependendo do homicídio passional, ao invés
de obter o privilégio, pode ser considerado qualificado, segundo suas circunstâncias;
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
II - por motivo futil; caráter subjetivo; fútil, para a doutrina, é aquele motivo
pequeno demais, insignificante, desproporcional ao ato; ex.: matar alguém por
um pequeno incidente de trânsito;
* é possível haver a incidência de mais de uma qualificadora; porém, apenas uma delas
qualificará o crime; as demais serão utilizadas como circunstâncias do art. 59;
* quando o comportamento qualificador estiver tipificado como outro crime, pode ser
que haja concurso de crimes e não crime qualificado, segundo o “dolo” do agente;
Homicídio Culposo: apenas condutas culposas que não estejam abrangidas no Código
Brasileiro de Trânsito;
Homicídio culposo
Resultado ilícito;
Tipicidade;
Aumento de pena
Suicídio
Conceito: morte do homem praticada pelo próprio homem; não se configura crime nem o
suicídio nem a sua tentativa, já que o Direito Penal não pune a autolesão; é um diferente
penal;
Elementos do Tipo:
Ação Nuclear: Induzir (criar a idéia); Instigar (quando o suicida já possui a idéia de
suicídio e o agente o reforça neste propósito); Prestar-lhe Auxílio (necessariamente
auxílio indireto, já que o auxílio direito seria caracterizado como o crime do art. 121);
em qualquer destas condutas, a vítima deve ter a consciência do que está fazendo, já
que, não o tendo, a conduta do agente caracteriza o crime do art. 121; trata-se de
um Tipo Penal Misto e Alternativo: se o agente incorre em qualquer dos verbos do
tipo ou em todos eles, responderá apenas por um crime; configura, porém,
circunstância agravante a ser considerada na segunda fase da dosimetria da pena
quando o agente pratica mais de um dos verbos;
Sujeito Ativo: qualquer pessoa; crime comum; no verbo Prestar-lhe Auxílio admite co-
autoria e participação;
Nexo Causal: há que ser estabelecido entre Conduta e Resultado; independe do tempo
que leva desde a prática do agente e o efetivo suicídio, porém, deve haver nexo
causal entre a conduta do agente e a prática do fato;
Tentativa: não admite; não resultando morte ou lesão corporal grave a conduta é
atípica;
Classificação: crime comum; crime material; comissivo; instantâneo; tipo misto
alternativo; crime de dano; crime de ação livre, por qualquer meio; plurisubisistente;
unisubjetivo;
* parte da doutrina e da jurisprudência entende que o crime de suicídio apenas pode ser
cometido por ação e não por omissão; Capez, Mirabete e Noronha entendem que não há
incompatibilidade com a omissão quando o agente possui o dever legal de agir;
Formas:
Simples: caput;
Aumento de pena
Havendo um sobrevivente:
Se quem sobrevive é aquele que comete a ação do suicídio coletivo (ex.: abrir a
torneira de gás tóxico), responde pelo crime do art. 121;
Se quem sobrevive não é aquele que cometeu a ação do suicídio coletivo, responde
pelo crime do art. 122;
Aquele que cometeu a ação do suicídio coletivo responde por homicídio tentado;
Aquele que não cometeu a ação do suicídio coletivo responde pelo art. 122;
Aquele que cometeu a ação do suicídio coletivo responde por homicídio tentado;
Aquele que não cometeu a ação do suicídio coletivo não tem responsabilização
penal, já que não há nem morte nem lesão grave; sua conduta é atípica;
Roleta russa (uma arma com um projétil; o ato tem que ser sempre da pessoa) e duelo
americano (duas armas, com apenas uma municiada): sempre deve ser a pessoa a cometer o
ato de atirar contra si; todos os participantes respondem pelo crime do art. 122 se a pessoa
morre ou sofre lesão grave;
Emprego de fraude contra a vítima, induzindo-a a erro: quem cometeu a fraude responde
pelo art. 121;
Suicídio não consumado e porte/disparo de arma de fogo: sobre o disparo de arma de fogo, o
agente não tem responsabilização penal, já que cometeu o ato para o suicídio, tendo sido este
o meio para a prática do fim; sobre o porte, como é crime de mera conduta, há tipicidade do
agente, porém, por questão de política criminal, levando em consideração os princípios do
direito penal, o MP pede o arquivamento do processo;
* se o crime resultou em lesão corporal grave, que a pena mínima é de 1 ano, enquadra-se no
benefício penal da Suspensão Condicional da Pena, previsto na lei 9099/1995 (Juizado Especial
Criminal);
Infanticídio
* combinação com o art. 124 é uma exceção pluralística à Teoria Monista, que é o
método adotado como regra geral no CP; a mãe responde pelo art. 124 e o agente
responde pelo art. 126;
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-
lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por
qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Objeto Jurídico: direito da vida intra-uterina; no art. 125 também se protege a incolumidade
física da gestante, já que ela não consente na realização do aborto;
Elementos do Tipo:
Meios de execução: qualquer meio apto para o fim (químicos, físicos, mecânicos, etc.);
pode ser praticado por omissão pelo agente que possui o dever jurídico de agir (ex.:
enfermeira deixa de dar os cuidados à gestante);
Sujeito Ativo: art. 124: crime próprio, de mão própria, somente a gestante podendo ser
autora; arts. 125 e 126: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa,
exceto a gestante;
Sujeito Passivo: arts. 124 e 126: feto; art. 125: dupla subjetividade passiva, sendo
sujeitos passivos o feto e a gestante;
Consumação: morte do feto; sobre o início do iter criminis há uma divergência
doutrinária, em função da determinação de qual é o momento de início da vida intra-
uterina; o critério mais adotado é o de que quando o óvulo fecundado se fixa na
parede uterina se inicia a vida intra-uterina; a prova da consumação é o exame de
corpo de delito;
Nexo causal: por ser crime material, há de ser estabelecido o nexo causal entre a
conduta do agente e a morte do feto;
Crime impossível: se o feto já não possuía vida quando da prática do crime; ou por
impropriedade absoluta do meio empregado;
Formas:
Art. 127: forma majorada, quando a gestante sofre lesão grave ou morre; apenas a
pena do terceiro é majorada, já que não se pune a auto-lesão;
Aborto necessário
* potencial pergunta para prova: no aborto sentimental ou necessário (art. 128), o auto-aborto
causa punição à gestante? Em regra geral não, sendo tipificada sua conduta no art. ???; por
outro lado, incrementar a resposta envolvendo o Estado de Necessidade e a ausência de
Culpabilidade por Inexigibilidade de Conduta Diversa (ex.: índia estuprada e que o médico
passa na aldeia apenas esporadicamente);
* potencial pergunta para prova: quem é o sujeito passivo do crime de aborto? Em algumas
hipóteses é apenas o feto; em outras hipóteses, a gestante também é sujeito passivo do crime;
Lesões Corporais
Conceito: qualquer forma de ofensa à integridade corporal ou à saúde de outra pessoa; a dor,
pura e simplesmente, não caracteriza a lesão corporal (enquadra-se na contravenção penal de
vias de fato);
Objeto Jurídico: pessoa na sua incolumidade física (integridade corporal e saúde, física ou
mental);
Lesões esportivas: para que não haja tipificação da conduta, é imprescindível que haja o
consentimento da vítima em relação às regras do jogo e que as lesões estejam no âmbito
normal da prática esportiva. Requisitos para não constituir o crime, segundo Capez: a agressão
deve estar dentro dos limites da prática desportiva ou seja seu desdobramento previsível; o
consentimento do participante; a atividade não pode ser contrária à ordem pública, aos
postulados éticos e bons costumes. Não adotando a Teoria da Imputação Objetiva, há exclusão
da ilicitude, pois se trata do exercício regular de um direito.
* não há aplicação do direito penal para condutas socialmente adequadas (ex.: mulheres que
fazem unha, depilam, etc.)
Elementos do Tipo:
Meios de execução: crime de ação livre; pode ser praticado por qualquer meio que seja
apto ao fim (ex.: provocação verbal que leva a pessoa a ter problemas de saúde); é
um crime comissivo, mas pode ser praticado por omissão na modalidade de crime
omissivo impróprio;
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, exceto a própria pessoa, pois o direito penal não pune a
auto-lesão como um fim em si mesmo; a auto-lesão amparada por legitima defesa
(que decorre do revide a uma agressão injusta) pode gerar punição para o terceiro;
Sujeito Passivo: qualquer pessoa; quando a vítima for mulher grávida, menor de 14
anos, tiver relação de co-habitação, for portadora de deficiência, entre outras
qualidades especiais, pode levar à figura qualificada ou majorada do delito; cadáver
não pode ser vítima deste delito;
Tentativa: na forma do caput é admissível; nas formas qualificadas pelo resultado somente é
possível naquelas que não forem preterdolosas (dolo no antecedente e culpa no
conseqüente); na figura culposa não cabe tentativa;
Elemento subjetivo: dolo na figura do caput; nas figuras qualificadas pelo resultado sempre
ocorre dolo no antecedente e, quanto ao resultado agravador, dependendo do caso, pode ser
punido ou não;
Vias de Fato é a mera agressão que não tem como resultado “ofensa à integridade física
ou à saúde”;
Formas:
Simples – Lesão leve: enquadra-se neste tipo por exclusão; não se enquadrando em
nenhuma das outras formas de lesão, enquadra-se no caput;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Figura privilegiada:
Diminuição de pena
Figura Culposa:
Substituição da pena
Aumento de pena
Violência Doméstica
Causa de aumento de pena em razão de violência doméstica quando a vítima for portadora
de deficiência:
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto (pelo menos uma
pessoa determinada) e iminente (está ocorrendo ou na iminência de ocorrer):
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave (subsidiariedade expressa).
Considerações preliminares: perigo genérico: tudo que não couber nos outros crimes de
perigo se enquadra no art. 132, subsidiariamente; os crimes de perigo tem uma dupla
classificação:
Perigo abstrato: prova-se a conduta, mas não precisa provar a situação de perigo; se a
conduta for capaz de criar um potencial perigo já se enquadra no perigo abstrato; o
perigo é presumido simplesmente pela conduta; ex.: portar arma de fogo, sem
mostrar de forma ameaçadora; ex.: posse de substância entorpecente para consumo
próprio;
* o art. 132 prevê uma situação de Perigo Concreto, já que seu texto inclui os termos “direto e
iminente”;
Objeto jurídico: proteção à Vida e à Saúde em relação a situações de Perigo Concreto (não é
crime de dano);
Elementos do tipo:
Ação nuclear: expor (colocar) a perigo a vida ou a saúde; pode ser praticado por ação ou
omissão (ex.: em razão de preceito religioso, as Testemunhas de Jeová podem
responder a este delito quando negam a transfusão de sangue, se chegam a expor a
perigo da vida ou da saúde de outrem) quando a omissão for relacionada a entrega
de equipamento de segurança há enquadramento na lei 8213/1991 e não no artigo
132; perigo futuro não configura o crime; o perigo deve ser atual ou iminente;
Sujeito Passivo: qualquer pessoa, desde que seja determinada; não haverá crime
quando a exposição de perigo for relacionada a alguém que esteja no dever de
enfrentar o perigo, desde que o perigo seja inerente à necessidade (ex.: bombeiro
que entra na casa para apagar um incêndio);
Elemento Subjetivo: dolo de perigo (direto ou eventual, como ex.: a Testemunha de Jeová);
vontade de matar ou vontade de ferir é intenção de dano e afasta o crime de perigo;
* Da pergunta anterior, e se sobrevier morte? Deve responder por homicídio culposo ou por
lesão corporal seguida de morte? Homicídio culposo, em razão da subsidiariedade expressa,
bem como pela incompatibilidade do crime do art. 132 com o crime de lesão corporal seguida
de morte, pois esta exige que a conduta seja praticada com dolo de ferir (dolo no antecedente
e culpa no conseqüente).
Tentativa: depende; se for praticado por ação é possível, já que o crime é plurisubsistente; se
for praticado por omissão não cabe tentativa;
Formas: simples do caput e causa de aumento de pena relacionada ao transporte regular de
trabalhadores (só incidiria nesta norma se fosse carro de boi, pois os demais veículos seriam
enquadrados no Código de Trânsito);
Classificação: crime de ação livre (de qualquer maneira); perigo concreto; crime comum; crime
comissivo ou omissivo; crime subsidiário; plurisubsistente se for comissivo ou unisubsistente
se for omissivo; crime unisubjetivo (pode ser praticado por uma ou mais pessoas); crime de
menor potencial ofensivo;
Concurso de crimes: o crime subsidiário não admite concurso em relação ao crime principal, já
que haveria aplicação de um ou outro; em relação a outros crimes que não o principal, pode
haver concurso, como ex.: por não ceder equipamento obrigatório de segurança há
enquadramento no art. 132 e também no tipo específico da lei 8213/1991;
Confronto:
Em relação a este crime e o crime de disparo de arma de fogo: disparar arma de fogo
pode ou não configurar perigo da vida ou da saúde de outrem; se o disparo foi a
esmo e não colocou ninguém em situação de perigo, não há confronto; se o disparo
coloca em perigo a vida ou a saúde de outrem, responde pelo disparo, já que este
possui pena maior;
Ação penal / Jecrim: ação penal pública incondicionada; crime de menor potencial ofensivo
(pena máxima de até 2 anos), sendo processado no Jecrim, admitindo transação penal e
suspensão condicional do processo.
Perigo: a doutrina entende que se trata de perigo concreto e não abstrato, em função do uso
do verbo “abandonar” (deixar à própria sorte...); não basta somente o ato em si, mas deve
haver o abandono correndo um risco;
* quando o tipo penal inclui em seu texto expressão do tipo “gerando o perigo de dano”, é
certeza que se trata de perigo concreto; não tendo expressão deste tipo, há que se interpretar
os verbos utilizados em relação ao delito específico;
Objeto jurídico: segurança do indivíduo que por si só não possui condições de se defender,
protegendo sua incolumidade física;
Elementos do tipo:
Classificação: crime próprio; crime de perigo concreto; crime de ação livre (ação ou
omissão de qualquer maneira apta); se praticado por ação é plurisubsistente; se
praticado por omissão é unisubsistente; crime instantâneo e é instantâneo de
efeitos permanentes enquanto perdurar a situação de abandono;
unisubjetivo;PROVA
* tanto praticado através de ação quanto de omissão, deverá existir um dever do agente
de agir ou de se abster (cuidado, guarda, vigilância, autoridade);
dever de autoridade: poder de uma pessoa sobre outra, tanto decorrente de direito
publico quanto de direito privado;
* se a vítima não se encontra em nenhum destes tipos de dever, o agente que pratica
o ato responde pelo crime de dano genérico, art. 132, ou, no máximo, pela
omissão de socorro;
Sujeito ativo: crime próprio, que só pode ser praticado por agente que tenha o dever de
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade; * crime próprio não há compatibilidade
com concurso de agentes, mas o agente pode ser partícipe (auxílio indireto ao
crime);
Sujeito passivo: qualquer pessoa que se encontre sob o cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade do sujeito ativo e que, por qualquer motivo, seja incapaz de se defender
dos riscos do abandono; pouco importa o consentimento do ofendido;
* se o agente desconhecer que possui um dos deveres mencionados comete erro de tipo, já
que estes deveres são elementares do crime de abandono; se for escusável, excluirá dolo e
culpa; se for inescusável, excluirá apenas o dolo;
Momento consumativo: todo crime de perigo concreto consuma-se quando ocorrer a situação
do perigo concreto; a partir do momento em que a vítima encontra-se em situação de perigo,
o crime está consumado; antes deste perigo ocorrer ou será conduta atípica ou tentativa
(apenas na modalidade de ação);
Tentativa: admissível apenas quando a conduta for praticada por ação; quando a omissão gera
o resultado de perigo, configurando o próprio crime; quando a omissão não gera o resultado
de perigo, não configura o crime, o que inadmite a tentativa;
Formas:
Simples: caput;
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes
do abandono:
§ 2º - Se resulta a morte:
Aumento de pena
Majorada: § 3º;
Ação Penal: pública incondicionada; não corre no juizado especial criminal, mas, como a pena
mínima é menor do que 1 ano, é possível conceder a suspensão condicional do processo;
Estatuto do Idoso: existe crime especial quando se trata de abandono do idoso em asilo, casa
de saúde de longa permanência, etc.; neste crime se protege a solidariedade familiar em
relação aos idosos;
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro
da autoridade pública:
Bens jurídicos protegidos: dever de solidariedade para com o necessitado (por quem não
causou o dano), quando está com sua vida ou incolumidade física em risco;
* o tipo é específico em proteger a vida ou incolumidade física; quando alguém presencia, por
exemplo, um furto (apenas um bem patrimonial em risco), não há crime algum sobre a
conduta de omissão de socorro;
* Potencial pergunta para prova: Terceira pessoa que presencia um esfaqueamento; que
responsabilização esta pessoa pode ter se omitir o socorro? Se o terceiro não possui o dever
de agir, ele não responde pelo crime de dano, mas pode responder pela omissão de socorro;
se o terceiro tem o dever de agir, pode ser responsabilizado inclusive pelo crime de dano;
Elementos do Tipo:
Ação Nuclear: deixar de prestar assistência (assistência imediata, desde que seja possível
e não haja risco pessoal); não pedir o socorro da autoridade competente (assistência
mediata);
Sujeito Ativo: crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa; prevalece o
entendimento de que não há necessidade de presença no local onde o socorro é
necessitado para cometer o crime, bastando que haja o domínio do fato (ex.: diretor
clínico ordena por telefone que determinado paciente não seja atendido); não pode
ser sujeito ativo do crime o causador do perigo ou dano, pois este responderá por
crime conforme o perigo ou dano causado;
Pessoa ferida: pessoa que apresente lesões que acarretem na impossibilidade de sua
defesa própria; o perigo é presumido;
* situação em que o risco da prestação de socorro é para terceira e não para o potencial
prestador; ex.: agente está levando a mãe muito doente ao hospital e defronta com situação
em que há alguém necessitando de socorro; neste caso, não havendo a prestação de socorro,
segundo Capez, não se afasta a tipicidade da conduta, devendo-se avaliar as excludentes de
ilicitude (estado de necessidade) ou de culpabilidade (inexigibilidade de conduta diversa);
* quando o médico se recusa a prestar assistência, alegando estar de folga, pode responder
por omissão de socorro; ex.: médico presente em algum vôo e recusa a prestar assistência;
Concurso de pessoas:
Pode haver participação em crime de ação mediante omissão? Pode, desde que a omissão seja
imprópria; ex.: alguém está matando uma pessoa e o agente que tem o dever de agir omite-se;
No crime omissivo puro, como é o caso da omissão de socorro, pode haver participação? Este
tipo de crime é incompatível com a co-autoria; o crime omissivo puro é um nada, não podendo
ser ajustado este “nada” entre dois ou mais agentes; se existem duas ou mais pessoas em
condições de prestar o socorro e ambas se omitem, cada uma delas é autora do delito de
omissão de socorro. Pode haver a participação naquela hipótese em que uma pessoa deseja
prestar o socorro e outra a induz a não fazê-lo (situação muito rara, já que ocorre a maior
chance desta pessoa também cometer o delito de omissão de socorro);
A participação em crime omissivo puro consiste numa atitude ativa do agente que auxilia,
induza ou instiga outrem a omitir a conduta devida;
Elemento Subjetivo: dolo de perigo de dano, consistente na vontade livre e consciente de,
mesmo tendo a condição de prestar o socorro sem risco pessoal, deixar de fazê-lo ou de pedir
o auxílio da autoridade competente;
Se o agente comete lesão corporal ou homicídio culposo, sua conduta omissiva não é
absorvida por estes crimes; neste caso, o agente responderá pela lesão corporal ou homicídio
culposo com qualificação ou aumento de pena pela omissão de socorro;
Concurso de crimes: jamais poderá se falar no concurso de crime de dano; o causador do dano
não concorre com este crime, pois ele responde por circunstância agravante, na 2ª fase da
dosimetria da pena; ex.: cometeu homicídio por culpa e deixou de prestar socorro; neste caso,
responde apenas por homicídio culposo com a agravante de deixar de prestar socorro;
Tentativa: inadmissível;
Potencial pergunta para prova: Dê dois motivos pelos quais não é possível a tentativa no
crime do art. 135: trata-se de crime omissivo próprio, o que o torna incompatível com a
tentativa; trata-se de um crime unissubsistente (conduta única), o que também torna
incompatível com a tentativa;
Formas:
Simples: caput;
Potencial pergunta para prova: Porque se trata de uma figura majorada e não qualificada?
Figura qualificada é aquela que se tem aumento em base fixa; quando o legislador utilizar
percentual, trata-se de uma figura majorada ou aumentada. Momento que o juiz aplica: figura
qualificada o juiz já parte na 1ª fase da dosimetria da pena com a pena maior; na figura
majorada o juiz aplica o aumento de pena na 3ª fase da dosimetria da pena.
Omissão de socorro e Código Brasileiro de Trânsito: no Código de Trânsito, quando o agente
tem o dolo de matar, a omissão de socorro é causa de aumento de pena; também há um tipo
penal no Código de Trânsito de omissão de socorro;
Ação penal: pública incondicionada; trata-se de crime de menor potencial ofensivo (pena
máxima do caput de até 2 anos), aplicando-se a Lei 9099/1995 (Juizado Especial Criminal);
admite transação penal e suspensão condicional do processo (mais amplo, abrangendo os
crimes que tenham pena mínima de até 1 ano);
Estatuto do Idoso: aplica-se o art. 97 da lei 10741/2003 e não o art. 135 do CP, conforme o
princípio da especialidade;
Conceito: é uma briga que tem que haver, no mínimo, vias de fato (agressão) ou lesão
corporal; no crime de rixa, ao mesmo tempo, os rixosos serão vítimas e infratores, já que não
se consegue se estabelecer quem foi o causador, em função da confusão generalizada (muitas
pessoas brigando, com o mínimo de 3 pessoas); a doutrina classifica a rixa em duas espécies:
pré-ordenada (ex proposito; os rixosos já haviam ajustado previamente a briga) e de improviso
(ex improviso; quando a rixa ocorre sem ajuste anterior);
* havendo 3 pessoas em briga generalizada se caracteriza a rixa, mesmo que entre os 3 havia
algum inimputável; o inimputável não responderá por processo criminal, os demais sim;
* aquele que comete ação destacada da briga generalizada responde pelo dano que comete;
ex.: alguém lança de longe uma garrafa no meio da confusão e lesiona alguma pessoa; neste
caso, responderá por lesão corporal; se o agente participa também da rixa, responde também
por este crime;
* quando se consegue identificar quem é o agressor, não se trata de rixa e sim de lesão
corporal;
Elementos do tipo:
Classificação: crime de ação livre (no mínimo com vias de fato); crime de concurso
necessário; a co-autoria é imprescindível (no mínimo 3 pessoas); crime de condutas
contrapostas (todos os agentes se batem entre si); pode haver participação (naquele
caso que o agente auxilia indiretamente a rixa);
Tentativa: há divergência na doutrina; Damásio diz ser possível a tentativa de rixa apenas na
pré-ordenada; Mirabete concorda a posição anterior, mas afirma que, na prática, será muito
difícil comprovar tal situação, já que há que se ter início de execução (ato preparatório é
impunível); Capez afirma ser muito difícil de estabelecer se a pré-ordenação da rixa culminará
numa rixa, o que é impossível antever, afastando a possibilidade de tentativa;
Concurso de crimes: mesmo havendo a rixa, é possível que um ou mais dos rixosos pratiquem
condutas autônomas; quem cometeu conduta autônoma responde pelo outro crime em
concurso material; desde que o resultado da conduta autônoma não seja lesão corporal de
natureza grave ou morte, os demais rixosos não respondem em concurso; os resultados lesão
corporal de natureza grave ou morte qualificam o crime de rixa; hipóteses de concurso de
crimes:
Lesão corporal leve e vias de fato: além da rixa, se individualiza uma conduta destacada
de lesão corporal leve e vias de fato; neste caso, não haverá concurso de crimes em
respeito ao princípio da consunção;
Homicídio ou lesão corporal grave: havendo algum destes resultados, seja contra um
dos contendores ou pessoa estranha à rixa, identificado o seu autor, este responderá
pelo crime de dano (lesão grave ou homicídio) em concurso material com o crime de
rixa, havendo divergência doutrinária se esta rixa será qualificada ou não; nesta
hipótese, os demais contendores não são autores das lesões ou do homicídio e
responderão pela rixa qualificada. Na hipótese de o autor não ser identificado, todos
os contendores responderão pela rixa qualificada;
Crime de disparo de arma de fogo: quando em uma rixa alguém dispara arma de fogo e
é identificado, responde em concurso de crimes; se não identificado o autor, não há
responsabilização;
Crime de porte ilegal de arma de fogo: quando em uma rixa alguém porta ilegalmente
arma de fogo, responde em concurso de crimes; se a arma é encontrada e não é
encontrado o seu portador, a autoria é incerta e não há responsabilização;
Formas:
Simples: caput;
Noronha entende que o autor deve responder pelo crime de homicídio em concurso
com o crime de rixa simples;
* quando a morte foi causada por policial que tentava conter a rixa: avalia-se a conduta do
policial para verificar se cometeu crime ou não; quanto aos rixosos, o entendimento
doutrinário é de que a morte não se deu em função da participação na rixa e sim pela ação
policial; prevalece o entendimento de que os rixosos não respondem pela rixa qualificada;
* quando um dos rixosos abandona a rixa antes que a morte ocorre: há divergência
doutrinária, mas prevalece o entendimento de que, se a natureza da briga possui tendências
graves (com uso de armas potenciais de criar o resultado morte), haverá a responsabilização
de todos os rixosos pelo crime de rixa qualificada; quando a natureza da briga até o momento
que o rixoso a abandona é de tendências leves (não há uso de armas potenciais de criar o
resultado morte), este rixoso responderá pelo crime de rixa simples;
Autoria incerta: nesta, pelo contrário da rixa qualificada, duas ou mais pessoas
perfeitamente identificáveis, sem que uma saiba da conduta da outra, querem dar
causa ao resultado, mas apenas uma delas consegue, mas, entretanto, não se
consegue comprovar quem efetivamente causou o resultado, devendo se aplicar o
princípio do in dubio pro réu e ambos responderão por tentativa do crime de dano;
Ação penal / Jecrim: pública incondicionada; ambas as formas do crime configuram-se como
de menor potencial ofensivo, sendo processadas no Juizado Especial Criminal;
* os crimes contra a honra também são punidos por outros dispositivos legais; guardam
proteção jurídica também pela Lei Eleitoral (norma especial, que prevalece sobre a norma
geral); também o Código Penal Militar prevê hipóteses de crimes contra a honra no âmbito
militar; a Lei de Imprensa também previa crimes contra a honra, mas foi declarada
inconstitucional, sendo tais crimes enquadrados na norma geral prevista no CP;