Você está na página 1de 5

Tema: Erro penal: erro de tipo, erro de proibição e descriminantes putativas

Conceito de crime:

Conduta ou fato típico (comportamento/ação ou omissão que se adequa ao tipo),


antijurídica (contrária ao ordenamento jurídico/reprovável no ordenamento) e
culpável (juízo de reprovação sobre o autor da conduta/juízo de censura a atitude
do autor.

Fato típico é a síntese da conduta ligada ao resultado pelo nexo causal,


amoldando-se ao modelo legal incriminador.

A antijuridicidade é a contradição entre uma conduta e o ordenamento jurídico


causando lesão ao bem jurídico tutelado pela norma legal, é o ilícito penal.

Dentro da antijuridicidade temos as excludentes de ilicitude da parte geral: legítima


defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício
regular do direito e da parte especial que estão descritas no próprio artigo (aborto
necessáro e restituição possessória pela turbação ou esbulho).

Culpabilidade é a reprovação (juízo de valoração concreta) da conduta típica e


antijurídica.

São elementos da culpabilidade:

a) Incapacidade de culpabilidade ou imputabilidade - capacidade de entender a


antijuridicidade da conduta;
b) A possibilidade de conhecimento da ilicitude do fato - erro de proibição
c) A inexigibilidade de conduta diversa, que possa exigir do sujeito um
comportamento diverso daquele que tomou ao praticar o fato típíco.

Erro

O erro é o falso conhecimento de um fato ou norma jurídica, o conhecimento


equivocado a respeito da realidade. A ignorância é o desconhecimento total do
objeto.

No D. Brasileiro aplica-se a teoria unitária e ambos os conceitos prevalecem como


erro de tipo ou de proibição.

Enquanto vigorava a teoria psicológica da culpabilidade vigiam os conceitos de


erro de fato e erro de direito.

A teoria da psicologia da culpabilidade estudava os conceitos primários do delito


onde separava-se o fato criminoso em duas partes fundamentais: 1ª parte
analisava a responsabilidade objetiva penal e a 2ª tratava da culpabilidade do
agente, da vontade externa do ato praticado.

No entanto esta teoria mostrou-se inaplicável dentro do nosso direito pois na


análise de ambos os erros resta presente o erro de fato, existindo hoje apenas a
teoria dual entre o erro de tipo e erro de proibição.

Erro de tipo é o que incide sobre os elementos do tipo penal que exclui o dolo e o
fato típico.

Ex. exclusão do dolo no homicídio culposo

O erro é analisado pela possibilidade de punição pelo crime

Importante é observar, entretanto, que coexistem no sistema penal brasileiro, o


erro evitável (inescusável) e o inevitável (escusável) que pode excluir o crime.

Se o erro for inevitável (escusàvel), levando em consideração as circunstâncias


em que se encontrava(m) o(s) sujeito(s) e/ou objeto(s) ao tempo da ação, afasta-
se dolo e culpa;

Se o erro for evitável (inescusável), o sujeito ativo irá responder por conduta
culposa, se, claro, houver previsão legal., uma vez que se tomadas as precauções
necessárias e plausíveis, o erro não tomaria forma.

Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de


crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.

O erro essencial é aquele que incide sobre os elementos constitutivos do tipo


penal apto a gerar o afastamento do dolo.

O erro acidental (incide sobre as qualidades do elemento constitutivo do tipo)


consiste quando o agente tem total consciência da ilicitude de seu ato errando
apenas sobre o elemento essencial do fato ou em sua execução.

Erro quanto a pessoa (error in persona) - art. 20. § 3º O erro quanto à pessoa
contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o
agente queria praticar o crime.
Erro sobre o objeto (error in objetcto) - erra sobre a avaliação das características
do objeto.

Erro quanto a execução do crime (aberratio ictus) quando, por acidente ou erro no
uso dos meios de execução, o sujeito ativo atinge pessoa diversa da pretendida.
Não ocorrendo concurso formal de crimes (art. 70 do CP), o réu responde
somente pelo erro sobre a pessoa, no supracitado art. 20 § 3° do CP.

Erro quanto o resultado atingido em face do pretendido (aberration criminis)


quando, fora dos casos do art. 73 do CP, por acidente ou erro na execução da
prática delitiva, for alcançado resultado diverso do pretendido pelo autor. Haverá
imputação de culpa se esta for legalmente prevista. No caso de o sujeito ativo
conseguir, também, o resultado que pretendia inicialmente, deverá ser observada
a aplicação do art. 70 (concurso formal de crimes) e 73 do CP.

Erro de causa do resultado do crime (aberratio causae) - curso causal, o


chamado aberratio causa, como no caso do indivíduo que, supondo ter matado a
vítima por estrangulamento, enforca-a para dissimular o assassinato e tentar
ludibriar os oficiais para que estes pensem que houve suicídio. Entretanto, os
peritos descobrem que a morte só ocorreu após o enforcamento. Neste caso, o
agente responderá apenas por um só delito (no caso, homicídio) doloso
consumado.

Erro de fato é o erro sobre a situação do fato que faz o agente imaginar que está
praticando uma conduta lícita, no entanto, pratica um ato tipificado como crime.

Causas legais:

a) erro inevitável sobre a ilicitude do fato ou erro de proibição escusável (art. 21 -


erro de proibição escusável)

Erro sobre a ilicitude do fato


Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente
atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.

Erro de proibição o agente não tem a consciência da ilicitude do fato, que é


pressuposto da culpabilidade, ignora a ilicitude do crime no momento do crime.
Existe a prática delitiva, mas fica excluída a reprovabilidade da conduta.

Existem várias espécies de erro de proibição:


a) ignorância ou errada compreensão da lei penal;
b) erro sobre a existência de uma causa que exclua a antijuridicidade da conduta;
c) erro que incide sobre a norma proibitiva (não sobre a Lei);
d) erro sobre a posição de garantidos;
e) erro sobre os limites de uma causa de justificação;
f) erro sobre os pressupostos fáticos das causas de exclusão da antijuridicidade
etc.

Erro inevitável sobre a ilicitude do fato ou erro de proibição escusável (art. 21 -


erro de proibição escusável)

Erro sobre a ilicitude do fato


Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.

Erro do proibição evitável:

Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente


atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir
essa consciência.

Ex. Jornal divulga aprovação da eutanásia.

Desconhecimento da lei

Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a


conhece.

lei de introdução ás Normas de D. Brasileiro

O desconhecimento da lei é a ignorância a respeito da lei penal, a agente supõe


ser lícito porque desconhece a existência da lei penal.
O desconhecimento da lei é circunstância atenuante prevista no art. 65, II e não
exclui a culpabilidade.
Nos casos das contravenções, a ignorância ou errada compreensão da lei pode
gerar a aplicação do perdão judicial previsto no art. 8º da Lei de Contravenção
Penal.

Erro de direito
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreensão da
lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada.

Discriminantes putativas são excludentes imaginárias, aquilo que aparenta


verdadeiro.
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. (art.
20 C.P.)

Existem 3 espécies:

Erro quanto aos pressupostos fáticos da exclusão de ilicitude: acredita estar


agindo em legitima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever
leal e exercício regular do direito e consentimento do ofendido e assim não está
agindo.

2)Erro quanto a existência de uma causa excludente de ilicitude - equivoca-se


acreditanto existir uma excludente de ilicitude.

3)Erro quanto aos limites de uma excludente de antijuridicidade - conhcedor da


excludente desconhece seus limites..

2 e 3 trata-se de erro de proibição

Você também pode gostar