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Alunos: Artur Alves Machado,Phelipe Melo,

Fábio Peclat, Ana


Disciplina: Teoria Jurídica do Direito Penal
Professor: João Dória
Graduação: Bacharel em Direito

Tema: Classificação dos crimes

São João de Meriti – RJ 2023.2


Classificação Dos Crimes
Há uma Classificação que divide os crimes: comuns, próprios e de mãos próprias.
1-Crime comum – Aquele que pode ser cometido por qualquer pessoa, não há
nenhuma exigência de qualidades especiais para o sujeito ser ativo dele.
Qualquer pessoa pode cometê-lo:

https://www.correiobraziliense.com.br/cidades-df/2023/03/5077078-motivo-futil-
homem- atira-em-menina-de-9-anos-e-no-tio-apos-esbarrao-no-df.html

2– Crime próprio – É um crime que a Lei exige que seja um sujeito atípico,
exemplo: Tem que ser funcionário (a) público (a). Trás uma exigência para ser
sujeito ativo. Apesar disso, a conduta prevista pelo tipo penal. Admite a
possibilidade de co-autoria, ele pode fazer pode fazer junto com alguém; ele pode
dividir aquela conduta, com outra pessoa, tenha ou não as características exigidas
pela Lei; basta que tenha, ele poderá dividir esta conduta com alguém que não tem.
Também em um crime próprio realizarautoria imediata, pode serque aquela pessoa
nomeou como sujeito ativo se utilize de um inimputável, alguém induzido ao erro,
então é possível que ocorra: Autoria(participação até mediata)
https://www.aosfatos.org/noticias/tjrj-mantem-queixa-crime-contra-aos-fatos/

3– Os Crimes de mãos próprias – Os crimes de mãos próprias , são chamados


crimes que a Lei também indica Lei específica, para ser sujeito ativo, mas a
natureza da conduta daquele crime, exige que aquela pessoa faça pessoalmente,
realize com as próprias mãos dela a prática daquela conduta, sendo inviável que
ela divida aquela este ato com outra pessoa ou que mande alguém no lugar dela,
por isso é inviável uma co-autoria.

https://www.band.uol.com.br/noticias/brasil-urgente/ultimas/homem-mata-
esposa-na-frente-dos-tres-filhos-apos-discussao-por-jogos-de-azar-16608255
Quanto ao Resultado:
Entende-se que o resultado é a consequência da conduta juridicamente relevante
de um ser humano, ocasionando em uma modificação no mundo exterior. Quanto
ao resultado podemos nos basear em duas teorias.
Resultado Naturalístico ou Natural
O resultado naturalístico ou natural é compreendido como uma consequência de
uma conduta em que um dano foi causado a um bem jurídico protegido. Para ser
um resultado natural é necessário que haja um dano a esse bem, onde podemos
compreender facilmente com alguns exemplos.
Exemplos:
− Crime de lesão corporal, previsto no art. 129 do CP;
− Crime de Furto, previsto no art. 155 do CP;
− Crime de estupro, previsto no art. 213 do CP.
Resultado Jurídico ou Normativo
Tendo em vista que resultado é a consequência de uma conduta de um ser
humano, entende-se que o Resultado Jurídico é a lesão ou ameaça de lesão a um
bem jurídico tutelado pelo direito penal. Observando tal conceito compreende-se
que todo crime possui um resultado jurídico, pois todo crime deve agredir um bem
jurídico de alguma forma. Para compreender este tema temos alguns exemplos.
Exemplos:
− Crime de ameaça, previsto no art. 147 do CP;
− Crime de calúnia previsto no art.138 do CP.
Crime Habitual
O crime habitual é uma classificação atribuída a certos tipos de crimes que
requerem a prática repetida de uma conduta criminosa para que o delito seja
efetivado. Nesse tipo de crime, ocorre uma repetição de ações que, quando
analisadas de forma isolada, não são consideradas ilegais, mas quando observadas
em conjunto, configuram um crime de acordo com a lei penal.
Exemplos:
− Classificados como crimes habituais temos:
− Exercício ilegal da medicina (art. 282 do CP);
− Casa de prostituição (art. 229 do CP);
− Rufianismo (art. 230 do CP).

Jurisprudência/STJ - Acórdãos
Processo AgRg no HC 787875 / SP AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS
CORPUS 2022/0380307-0
Relator Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO (1182)
Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA
Data do Julgamento 22/05/2023
Data da Publicação/Fonte DJe 25/05/2023
Ementa
PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.
HOMICÍDIO QUALIFICADO. EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA. NULIDADE.
COLISÃO DE VONTADES ENTRE DEFESA PESSOAL E DEFESA TÉCNICA. NÃO
OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que, havendo colisão de
vontades entre a defesa pessoal e a defesa técnica, deve prevalecer aquela que
garante o duplo grau de jurisdição. 2. Isso não obstante, "não é vedado [...] que o
advogado desista do recurso interposto pelo réu, desde que possua procuração com
poderes especiais para desistir ou conte com a anuência expressa da parte" (HC n.
712.847/PE, relator Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em
19/4/2022, DJe de 25/4/2022, grifei). 3. Na hipótese, não há colisão entre as
defesas, mas manifestação posterior da defesa técnica, atuando em nome do réu e
com poderes especiais para desistir do recurso. É dizer, o ora paciente se retratou
da primeira manifestação de vontade, desistindo de recorrer, após cerca de um
mês, por meio do peticionamento da defesa técnica nos autos. 4. Agravo regimental
desprovido.
Acórdão
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de
16/05/2023 a 22/05/2023, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos
termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Sebastião
Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz e Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado
do TJDFT) votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento a Sra. Ministra
Laurita Vaz.

Falsa médica paga fiança de R$ 50 mil e vai responder em liberdade; entenda


o caso.
https://www.estadao.com.br/sao-paulo/falsa-medica-paga-fianca-de-r-50-mil-e-vai-
responder-em-liberdade-entenda-caso-nprm/

Quanto a natureza da conduta


Conduta é “a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a uma
finalidade” (CAPEZ, 2020, p. 258).
A natureza da conduta no Direito Penal desempenha um papel fundamental na
determinação da responsabilidade criminal de um indivíduo. Ela se refere à ação ou
omissão humana que é consciente, voluntária e direcionada a uma finalidade,
conforme definido por juristas como Capez.
Alguns pontos-chave relacionados à natureza da conduta no Direito Penal incluem:
• Exteriorização no Mundo Concreto: O Direito Penal lida apenas com
condutas que são exteriorizadas no mundo real e perceptíveis. Isso significa que o
pensamento por si só não é objeto do Direito Penal. Para que algo seja considerado
crime, deve haver uma ação concreta ou uma omissão mensurável que pode ser
observada.
• Ação ou Omissão:
A conduta pode assumir duas formas principais: ação (quando alguém pratica
ativamente um ato) ou omissão (quando alguém falha em agir quando tem o dever
legal de fazê-lo). Ambas as formas de conduta podem ser consideradas criminosas
se atenderem aos requisitos legais.
• Evitabilidade da Conduta: Uma característica importante é a possibilidade
de evitar a conduta. Se um agente age sob ameaça de morte ou coação moral que
o impeça de evitar a ação, o Direito Penal pode não considerar essa conduta como
criminosa. Isso se baseia no princípio de que o Direito Penal se preocupa com a
culpabilidade do agente, e não com ações que ocorrem sob coação.
Resultados e Vontade: A conduta no Direito Penal está intrinsecamente ligada à
vontade do agente e aos resultados produzidos. A conduta pode ser classificada
como dolosa quando o agente age com a intenção de produzir um resultado
específico. Por outro lado, é considerada culposa quando o agente age de forma
negligente ou imprudente, resultando em um resultado não intencional.
• Exclusão de Caso Fortuito e Coação Física: O Direito Penal não se
preocupa com
resultados decorrentes de eventos imprevisíveis e inevitáveis, como casos fortuitos
ou força maior. Além disso, a conduta praticada sob coação física, que envolve uma
ameaça física direta, geralmente não é considerada criminosa, pois o agente não age
de forma voluntária.
Em resumo, a natureza da conduta no Direito Penal envolve a análise da ação ou
omissão de um indivíduo em relação a sua intenção, a possibilidade de evitabilidade
e a consequência produzida. Essa análise é essencial para determinar se um ato é
criminoso e, em caso afirmativo, se deve ser classificado como doloso (com
intenção) ou culposo (sem intenção).
Crime de Ação
Crime de ação é quando o agente de modo proativo executa algo. Requer do
agente uma conduta contínua no contexto do crime tipificado.
Exemplos: Matar, roubar, Furtar, Caluniar.
Crime de Omissão
No contexto do Direito Penal, os delitos não levam em consideração eventos
fortuitos ou situações de força maior como objeto de análise. Em vez disso, eles se
originam das ações e omissões humanas, que podem ser divididas em ações
(ações positivas) e omissões (ações negativas).
Um crime omissivo ocorre quando uma pessoa não cumpre uma obrigação legal
imposta pela lei. Esses crimes podem ser divididos em duas categorias: próprios e
impróprios, dependendo se um resultado específico é necessário para que o crime
seja configurado.
Crimes Omissivos Próprios: Nestes casos, a própria omissão constitui o cerne do
crime. A simples falta de ação, sem a produção de um resultado específico, é
suficiente para caracterizar o delito. Por exemplo, a omissão de prestar assistência
quando se tem o dever legal de fazê-lo é um exemplo de crime omissivo próprio.
Crimes Omissivos Impróprios (Comissivos por Omissão): Nestes crimes, a mera
omissão não é suficiente para configurar o delito. É necessário que a omissão
resulte em um efeito específico que também seja definido pela lei como crime. O
agente deve ter a obrigação legal de evitar esse resultado, e sua omissão deve ser
a causa desse resultado. Por exemplo, se alguém falha em alimentar seu filho,
resultando na morte da criança por desnutrição, essa omissão pode constituir um
crime omissivo impróprio de homicídio.
Resumidamente, no âmbito do Direito Penal, os delitos derivam de ações e
omissões humanas, sendo categorizados como crimes omissivos quando alguém
não cumpre um dever legal. A distinção entre crimes omissivos próprios e
impróprios está relacionada à necessidade de um resultado específico para a
configuração do crime, com os crimes omissivos próprios exigindo apenas a
omissão e os impróprios requerendo que a omissão seja a causa de um resultado
criminal.

Quanto à forma de lesão


caput, do art. 129: ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Pena -
detenção, de três meses a um ano, verifica-se que a expressão ‘lesão corporal’
compreende tanto a integridade física da vítima, com a ofensa à sua saúde. No
âmbito do Direito Penal, a lesão corporal refere-se a qualquer alteração prejudicial
na anatomia do corpo humano, como fraturas, cortes, luxações e queimaduras. Isso
inclui equimoses, que são manchas devido ao rompimento de pequenos vasos
sanguíneos, e hematomas, que são equimoses acompanhadas de inchaço, sendo
considerados lesões mais graves. Por outro lado, eritemas, que são vermelhidões
passageiras, e a simples dor não são considerados lesões.
A comprovação da lesão física é feita por meio de vestígios palpáveis, cuja ausência
pode resultar em infrações menores, como vias de fato ou injúria real. Isso engloba
ações como bofetadas, socos e chutes. Além disso, até o corte de cabelo sem
autorização da vítima pode ser considerado crime de lesões corporais ou injúria
real, dependendo das circunstâncias e intenções envolvidas.
Por outro lado, a ofensa à saúde vai além da anatomia e considera o equilíbrio
funcional do organismo. Isso inclui a provocação de perturbações fisiológicas, como
vômitos, paralisia momentânea e a transmissão intencional de doenças, bem como
a perturbação da saúde mental da vítima. Por exemplo, a indução de choque
nervoso, convulsões ou outras alterações psíquicas por ameaças pode ser
considerada lesão corporal, pois afeta a saúde mental da vítima.
Em resumo, no Direito Penal, lesão corporal envolve danos físicos ao corpo
humano, enquanto a ofensa à saúde inclui perturbações tanto físicas quanto
mentais. A comprovação da lesão é feita por meio de vestígios palpáveis, e a
gravidade das ações pode resultar em diferentes classificações legais e
penalidades.
Crime ou Delito Putativo
O delito putativo, também conhecido como delito imaginário, é uma situação em
que o agente possui a intenção de cometer um crime específico, mas essa intenção
não se materializa na prática. Em outras palavras, o agente planeja ou deseja
cometer um delito, mas na realidade não ocorre nenhum ato que constitua uma
infração legal, ou seja, não há ação criminosa efetiva que se enquadre nos
elementos do tipo penal. Essa situação envolve o desvalor da intenção, pois o
agente está motivado a cometer o crime, mas não há a concretização do fato típico
ou punível. Em suma, o delito putativo existe apenas na mente do agente,
permanecendo como uma intenção não realizada, sem que ocorra efetivamente a
prática de um ato criminoso passível de punição legal.
Quanto ao número de sujeitos ativos

Sujeitos do crime são as pessoas ou entes relacionados à prática e aos efeitos da


empreitada criminosa. Dividem-se em sujeito ativo e sujeito passivo.

Sujeito ativo
Sujeito ativo é a pessoa que realiza direta ou indiretamente a conduta criminosa,
seja isoladamente, seja em concurso.
Autor e coautor realizam crime de forma direta, ao passo que o partícipe e o autor
mediato o fazem indiretamente.
O sujeito ativo pode receber variadas denominações, dependendo do momento
processual e do critério posto em exame, tais como agente (geral), indiciado (no
inquérito policial), acusado (com o oferecimento da denúncia ou queixa), réu (após
o recebimento da inicial acusatória), sentenciado (com a prolação da sentença),
condenado (após o trânsito em julgado da condenação), reeducando (durante a
execução da pena), egresso (após o cumprimento da pena), criminoso e
delinquente (objeto de estudo das ciências penais, como na criminologia).

A regra é a de que apenas o ser humano pode ser sujeito ativo de infrações penais,
mas também se discute a possibilidade de responsabilidade penal da pessoa
jurídica.

Em que pesem as reminiscências históricas, os animais podem funcionar como


instrumento do crime, como no caso do cão bravio que cumpre orem de ataque
emanada de seu dono, mas jamais serão sujeito ativo de uma infração penal.

Crimes unissubjetivos ou monosubjetivos


Os crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou de concurso eventual) são
aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a
co-autoria e a participação.
Exemplos de crimes Unissubjetivos ou monossubjetivos: Roubo; furto; homicídio.

Os crimes plurissubjetivos

Os crimes plurissubjetivos (ou de concurso necessário) são aqueles que exigem


dois ou mais agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica.
Eles subdividem-se em três espécies de acordo com o modus operandi:

- Crimes de condutas paralelas: quando há colaboração nas ações dos sujeitos,

- Crimes de condutas convergentes: onde as condutas encontram-se somente após


o início da execução do delito pois partem de pontos opostos e

- Crimes de condutas contrapostas: onde as condutas desenvolvem-se umas


contra as outras. Exemplo de crimes plurissubjetivos:
JOÃO, sozinho, jamais praticará o crime de associação criminosa. O tipo penal
do art, 288 do CP exige pluralidade de agentes (no mínimo três)

Princípio da indivisibilidade

O denominado princípio da indivisibilidade é inerente à ação penal privada e


consiste na necessidade de o querelante oferecer queixa contra todos os autores
do fato, sob pena de extinção de punibilidade se houver renúncia com relação a
algum deles. O aludido princípio conjuga-se com o princípio da oportunidade, que
em sede de ação penal privada se contrapõe ao da obrigatoriedade, que vigora na
ação penal pública. Dessa forma, se cabe ao querelante escolher processar ou não
o autor do fato, e se o
fizer, terá que oferecer queixa contra todos os envolvidos; com base no art. 48 do
CPP .

Crime unissubsistente:

Amite a prática do crime por meio de um único ato. Ex.: injúria verbal.
Crime Plurissubsistente:

Exige uma ação consistente em vários atos. Ex.: homicídio.

Quanto à forma de execução da conduta

Crime comissivo: cometidos por meio de uma ação. Ex.: sequestro.

Crime omissivo: praticado através de uma abstenção, um não agir. Ex.: omissão de
socorro.

Crimes de forma livre

É o praticado por qualquer meio de execução. Ex: O crime de homicídio (art. 121)
pode ser cometido de diferentes maneiras, não prevendo a lei um modo específico
de realizá- lo.

Crime de Forma Vinculada:

O tipo já descreve a maneira pela qual o crime é cometido. Ex: O curandeirismo é


um crime que só pode ser realizado de uma das maneiras previstas no tipo penal
(art. 284 e incisos, CP).

Crime de Atentado

O crime de atentado, também conhecido como crime de empreendimento, consiste


naquele que prevê expressamente em sua descrição típica a conduta de tentar o
resultado, afastando a incidência da previsão contida no art. 14 , II , do Código
Penal , que cuida da tentativa, in verbis (grifo e destaque nossos)

Crime multitudinário

Nestes delitos, um grupo comete uma série incontável de crimes em uma mesma
situação. Nestas circunstâncias, um criminoso influencia o outro, numa espécie de
“efeito manada”.

JURISPRUDENCIA DE CRIME UNISSUBJETIVO

HC 193729 / RS - RIO GRANDE


DO SUL HABEAS CORPUS
Relator(a): Min. GILMAR
MENDES Julgamento:
09/11/2020 Publicação:
11/11/2020
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Publicação
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-269 DIVULG 10/11/2020 PUBLIC 11/11/2020
Partes
PACTE.(S) : GABRIEL FAVRETTO FACCIO PACTE.(S) : CLAUDENIR JOEL
PERTUZZATTI IMPTE.(S) : VALTER AUGUSTO KAMINSKI E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA IMPTE.(S) : MARCOS
MASSIERO KAMINSKI
Decisão
Decisão: Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado por Valter
Augusto Kaminski e outro, em favor de Claudenir Joel Pertuzzatti e Gabriel Favretto
Faccio, contra decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, nos autos do
RHC 127.708/RS. Colho da decisão impugnada: “Trata-se de recurso ordinário em
habeas corpus, sem pedido liminar, interposto por GABRIEL FAVRETTO FACCIO
e CLAUDENIR JOEL PERTUZZATTI, contra v. acórdão proferido pelo eg. Tribunal
de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Depreende-se dos autos que os
recorrentes foram denunciados pela suposta prática dos ilícitos previstos nos arts.
16, parágrafo único, III e IV, da Lei n. 10.826/2003, e 180, caput, do Código Penal.
Irresignada, a d. Defesa impetrou habeas corpus na origem, que teve a sua ordem
denegada, nos termos na seguinte ementa (fls. 368-375): […] Daí o presente
recurso ordinário, no qual a d. Defesa alega ausência de justa causa para
persecução penal. Sustenta que a denúncia está fundamentada em provas ilícitas,
embora obtidas por meio de mandado de busca e apreensão, deferido com base,
exclusivamente, em denúncias anônimas. Alega inépcia da denúncia com relação
ao delito de posse ilegal de arma de fogo com numeração suprimida, por se tratar
de crime unissubjetivo: “o crime de posse de arma de fogo de uso restrito é um
crime unissubjetivo ou de mão própria, sendo impossível a prática por dois
indivíduos ao mesmo tempo, conforme narrado na denúncia. Não admite-se co-
autoria, só pode ser autor quem está em situação de realizar pessoalmente e de
forma direta o fato punível, não dependendo de outros agentes” (fl. 402). Aduz ser
“perceptível a ausência de ‘fundadas razões’, nos termos do artigo art. 240, CPP,
em relação ao réu Gabriel para ser deferida busca e apreensão em seu domicílio,
que é ‘asilo inviolável do indivíduo’, nos termos do artigo 5º, XI, da CF”(fl. 398).
Afirma dificuldades no "exercício da ampla defesa e contraditório” (fl. 399). Requer
o provimento do presente recurso, para “I –Reconhecer a ilegalidade na busca e
apreensão domiciliar pela ausência de ‘fundadas razões’ (denúncia anônima é
elemento desprovido de valor probatório), declarando os objetos apreendidos no
auto de apreensão (fls. 70-71) provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF e art. 157, CPP),
trancando a ação penal pela ausência de justa causa (prova de materialidade); II –
Trancar a ação penal em relação ao 1° fato acusatório, em razão da inépcia da
denúncia (imputação de crime unissubjetivo a dois agentes)” (fl. 403, grifei). No
STJ, o recurso ordinário foi improvido. Nesta Corte, o recorrente insiste na alegação
de que o processo deve ser trancado, porquanto o mandado de busca e apreensão
teria sido expedido com base em denúncia anônima. É o relatório. Decido. Segundo
o entendimento desta Corte, a extinção de processo penal de forma prematura
somente é possível em situação de manifesta atipicidade, ausência de justa causa
ou de flagrante ilegalidade demonstradas por meio de prova pré-constituída. No
ponto, destaco os seguintes precedentes: “Processual penal. Habeas corpus.
Fraude à licitação, Crime de responsabilidade e Associação criminosa.
Trancamento de ação penal. Ausência de teratologia, ilegalidade flagrante ou abuso
de poder. Inadequação da via eleita.
1. O trancamento da ação penal só é possível quando estiverem comprovadas, de
plano, a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a evidente ausência
de justa causa. 2. As peças que instruem este processo não evidenciam nenhuma
teratologia, ilegalidade flagrante ou abuso de poder que autorize o encerramento
prematuro do processo-crime. 3. A denúncia descreveu, de forma suficientemente
clara, as condutas imputadas aos agentes, apontando a presença dos elementos
indiciários mínimos necessários para a instauração da persecução penal. Inicial
acusatória que bem permitiu aos pacientes o pleno exercício do direito de defesa.
4. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em matéria de crimes societários,
tem orientação consolidada, no sentido de que não se faz necessária ‘descrição
minuciosa e pormenorizada da conduta de cada acusado, sendo suficiente que,
demonstrado o vínculo dos indiciados com a sociedade comercial, narre as
condutas delituosas de forma a possibilitar o exercício da ampla defesa’ (RHC
117.173, Rel. Min. Luiz Fux). 5. Agravo regimental desprovido.” (HC 138.147-AgR,
Primeira Turma, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe 17.5.2017) “RECURSO
ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS DA
IMPETRAÇÃO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: POSSIBILIDADE DO
REEXAME DO WRIT PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DENÚNCIA QUE
CONTÉM A ADEQUADA INDICAÇÃO DAS CONDUTAS DELITUOSAS
IMPUTADAS AO RECORRENTE. O RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA É
DE MERA DELIBAÇÃO E NÃO DE COGNIÇÃO EXAURIENTE. TRANCAMENTO
DA AÇÃO PENAL EM HABEAS CORPUS: MEDIDA EXCEPCIONAL A SER
APLICADA SOMENTE EM CASOS DE MANIFESTA ATIPICIDADE DA CONDUTA,
CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE OU AUSÊNCIA DE INDÍCIOS
MÍNIMOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE DELITIVAS. RECURSO AO QUAL
SE NEGA PROVIMENTO. I – Embora os ministros integrantes da Sexta Turma do
Superior Tribunal de Justiça não tenham conhecido do writ, Suas Excelências, ao
afastarem a possibilidade da concessão da ordem, de ofício, analisaram os
fundamentos de mérito da impetração, o que autoriza o reexame do habeas corpus
por esta Suprema Corte. II – A denúncia contém a adequada indicação das
condutas delituosas imputadas ao ora recorrente, a partir de elementos aptos a
tornar plausível a acusação, o que lhe permite o pleno exercício do direito de defesa.
III – O juízo de recebimento da peça acusatória é de mera delibação, jamais de
cognição exauriente. Não se pode, portanto, confundir os requisitos para o
recebimento da denúncia com o juízo de procedência da imputação criminal. IV –
O trancamento da ação penal, em habeas corpus, constitui medida excepcional que
só deve ser aplicada nos casos de manifesta atipicidade da conduta, de presença
de causa de extinção da punibilidade do paciente ou de ausência de indícios
mínimos de autoria e materialidade delitivas. V – Recurso ao qual se nega
provimento.” (RHC 140.008, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe
de 26.4.2017) In casu, registro que a jurisprudência desta Suprema Corte tem o
entendimento de que a denúncia anônima não macula a ação penal quando seguida
de diligência que têm por fim a verificação do que nela veiculada. Confiram-se os
seguintes precedentes: “Penal e Processo Penal. Agravo Regimental em Habeas
Corpus. Tráfico e associação para o tráfico de entorpecentes arts. 33 e 35 da Lei n.
11.343/2006. Denúncia anônima. Aptidão para deflagrar a investigação. Escutas
telefônicas e prorrogações. Medidas autorizadas após o surgimento de indícios de
envolvimento do paciente nos fatos investigados. Legalidade. Decisões
fundamentadas. Inexistência de afronta ao art. 93, IX, da CF. Temas de fundo não
examinados pelo Tribunal a quo. Supressão de instância. Inviabilidade do habeas
corpus para analisar requisitos de admissibilidade de recursos. 1. A denúncia
anônima é apta à deflagração da persecução penal quando seguida de diligências
para averiguar os fatos nela noticiados antes da instauração de inquérito policial.
Precedentes: HC 108.147, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe
de 1º.2.2013; HC 105.484, Segunda Turma, Relatora a Ministra Cármen Lúcia, DJe
de 16.4.2013; HC 99.490, Segunda Turma, Relator o Ministro Joaquim Barbosa,
DJe de 1º.2.2011; HC 98.345, Primeira Turma, Redator para o acórdão o Ministro
Dias Toffoli, DJe de 17.09.10; HC 95.244, Primeira Turma, Relator o Ministro Dias
Toffoli, DJe de 30.4.2010. 2. In casu, a Polícia, a partir de denúncia anônima, deu
início às investigações para apurar a eventual prática dos crimes de tráfico e de
associação para o tráfico de entorpecentes, tipificados nos arts. 33 e 35 da Lei n.
11.343/2006. 3. Deveras, a denúncia anônima constituiu apenas o ponto de partida
para o início das investigações antes da instauração do inquérito policial e a
interceptação telefônica e prorrogações foram deferidas somente após o
surgimento de indícios apontando o envolvimento do paciente nos fatos
investigados, a justificar a determinação judicial devidamente fundamentada, como
exige o art. 93, IX, da Constituição Federal. 4. O prazo originalmente estabelecido
para a interceptação telefônica pode ser prorrogado, sendo certo que as decisões
posteriores que autorizarem a prorrogação, sem acrescentar novos motivos,
evidenciam que essa prorrogação foi autorizada com base na mesma
fundamentação exposta na primeira decisão que deferiu o monitoramento.
Precedente: HC 100.172, Plenário, Relator o Ministro Dias Toffoli, DJe de 25.09.13.
5. O édito condenatório não está baseado somente nas escutas telefônicas, mas,
também, em consistente acervo probatório produzido no curso da instrução
criminal. 6. As questões suscitadas nas razões da impetração não foram
examinadas pelo Tribunal a quo, que se limitou a negar seguimento ao recurso
especial, sob o fundamento de inobservância de requisitos formais (ausência de
prequestionamento, vedação ao exame de prova e inexistência de demonstração
de divergência jurisprudencial). 7. O objeto da tutela em habeas corpus é a
liberdade de locomoção quando ameaçada por ilegalidade ou abuso de poder (CF,
art. 5º, LXVIII), não cabendo sua utilização para reexaminar pressupostos de
admissibilidade de recursos (HC 112.756, Primeira Turma, Relatora a Ministra Rosa
Weber, DJe de 13.03.13; HC 113.660, Segunda Turma, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJ de 13.02.13; HC 112.130, Segunda Turma, Relator o Ministro
Ayres Britto, DJe de 08/06/2012). 8. Agravo regimental em habeas corpus
desprovido”. (HC-AgR 120.234/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJe
26.3.2014) “HABEAS CORPUS - PERSECUÇÃO PENAL - DELAÇÃO ANÔNIMA –
POSSIBILIDADE - DOUTRINA - PRECEDENTES PRETENDIDA EXTINÇÃO DO
PROCEDIMENTO PENAL POR SUPOSTA INVIABILIDADE JURÍDICA DA
DELATIO CRIMINIS ANÔNIMA - INADMISSIBILIDADE, NA ESPÉCIE, DO
ENCERRAMENTO SUMÁRIO DA INVESTIGAÇÃO PENAL - CORRETA ADOÇÃO,
PELA AUTORIDADE POLICIAL, DE PRÉVIA E SUMÁRIA APURAÇÃO DA
CONDUTA DELITUOSA OBJETO DA NOTITIA CRIMINIS ANÔNIMA -
OBSERVÂNCIA, PELA POLÍCIA JUDICIÁRIA, DA DIRETRIZ JURISPRUDENCIAL
FIRMADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM TEMA DE DELAÇÃO
ANÔNIMA - CONSEQUENTE INOCORRÊNCIA, NO CASO, DE SITUAÇÃO
CONFIGURADORA DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO -
PEDIDO INDEFERIDO”. (HC 106664/SP, Rel. Min. Celso de Mello, Segunda
Turma, DJe 30.10.2014) Na espécie, observem-se trechos do ato impugnado:
“Consigne-se, ab initio, que o trancamento da ação penal constitui medida de
exceção, justificada apenas quando comprovadas, de plano, sem necessidade de
análise aprofundada de fatos e provas, inépcia da exordial acusatória, atipicidade
da conduta, presença de causa de extinção de punibilidade ou ausência de indícios
mínimos de autoria ou de prova de materialidade. A liquidez dos fatos, cumpre
ressaltar, constitui requisito inafastável na apreciação da justa causa, pois o exame
aprofundado de provas é inadmissível no espectro processual do habeas corpus e
de seu recurso, cujo manejo pressupõe ilegalidade ou abuso de poder flagrante a
ponto de ser demonstrada de plano, diga- se, sem dilação probatória. […] No
presente caso, é possível sim verificar a presença dos indícios necessários para a
persecução penal, uma vez que o d. Ministério Público estadual, na narrativa
constante.
da inicial acusatória, asseverou estarem presentes suficientes provas da
materialidade e da autoria atribuída aos ora pacientes. Segundo o Parquet, as
provas angariadas nos autos são suficientes para demonstrar a autoria e
materialidade dos crimes, tendo sido descrito adequadamente os fatos criminosos
em tese, e individualizado, o quanto possível, a conduta de cada um dos
denunciados, no concernente à prática dos crimes. […] II - Licitude das provas e
denúncia anônima Como bem salientado no v. acórdão, as provas que decorreram
do mandado de busca e apreensão não foram obtidas apenas com esteio em
denúncias anônimas, mas sim nas condutas materialmente provadas e com fortes
indícios de autoria. Nesse sentido, explicou o v. acórdão (fl. 372): “não há falar em
nulidade da prova obtida após o recebimento de denúncias anônimas e posterior
expedição de mandado de busca e apreensão, vez que o oferecimento da peça
acusatória não se baseou apenas nestas, mas também nas investigações feitas
pela polícia, que atestaram a veracidade das referidas informações.” (grifei) […]
Diante de todo o exposto, tem-se que a devida expedição de mandado (ordem
judicial), com amparo em denúncias anônimas e demais provas nos autos, não
configura qualquer nulidade, pois a busca e apreensão se deu de forma autorizada
e amparada em lastro probatório suficiente, não logrando êxito a d. Defesa em suas
alegações. (eDOC 10, p. 76) A defesa diz que “ao contrário do entendimento dos
acórdãos do TJ/RS e do STJ, a autoridade policial não confirmou as denúncias
anônimas, bem pelo contrário, pleiteou a expedição de mandado de busca e
apreensão com base tão somente nas denúncias anônimas que foi deferido pelo
juiz de Primeira Instância. Logo, se ocorreu eventual confirmação, foi apenas
mediante a ilegal busca e apreensão fundada, tão somente, em denúncia anônima,
o que não pode ser aceito à luz do princípio constitucional da inviolabilidade
domiciliar.” Não tem razão. Conforme se pode observar, no curso das
investigações, a autoridade colheu depoimentos de testemunhas que,
anonimamente, prestaram informações que subsidiaram o pedido de expedição de
mandado de busca e apreensão. As investigações, portanto, já estavam em
andamento, de modo que está afastada a alegação de que elas se iniciaram
exclusivamente a partir de denúncia anônima. O Juízo, então, com base em
fundadas razões, determinou a busca e apreensão, por meio de decisão que não
padece de qualquer vício. O ingresso no domicílio dos pacientes, assim, foi
realizado com autorização judicial, concedida depois de verificadas fundadas
razões de que eles eram os prováveis autores dos crimes, o que somente será
esclarecido no curso da instrução. Não há, assim, qualquer margem para o
trancamento do processo penal. Ante o exposto, denego a ordem. (art. 192, caput,
RISTF) Publique-se. Comunique-se ao Juízo de primeiro grau. Brasília, 9 de
novembro de 2020. Ministro Gilmar Mendes Relator Documento assinado
digitalmente
Observação
23/03/2021 Legislação feita por:(GFG).
Legislação
LEG-FED CF ANO-1988 ART-00005 INC-00056 CF-1988 CONSTITUIÇÃO
FEDERAL LEG-FED DEL- 002848 ANO-1940 ART-00180 "CAPUT" CP-1940
CÓDIGO PENAL LEG-FED DEL-003689 ANO-1941 ART-00157 ART-00240 CPP-
1941 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL LEG-FED LEI-010826 ANO-2003 ART-
00016 PAR-ÚNICO INC-00003 INC-00004 ED-2003 ESTATUTO DO
DESARMAMENTO LEG-FED RGI ANO-1980 ART-00192 "CAPUT" RISTF-1980
REGIMENTO INTERNO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

LINK MIDIA
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/11/23/furto-de-cabos-cresce-
quase-20- vezes-no-rio-crime-tem-afetado-o-fornecimento-de-energia.ghtml

Nessa aplicação abordaremos a classificação dos crimes, veremos,


respectivamente: crimes não transeuntes; crimes transeuntes; crimes vagos;
crimes mutilados de dois atos; crimes de intenção e de tendencia; crime
remetido.
Observação: Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei
comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa
ou cumulativamente.
Crimes não transeuntes
São aqueles que o ilícito penal será obrigatório a realização do exame de corpo
de delito. (ART. 129 C.P) – (ART. 158 C.P). A falta desta prova técnica não
poderá ser suprida pela confissão do acusado, embora se admita, quando
desaparecem os rastros da infração, que sua ausência seja superada com a
realização do corpo de delito indireto (prova testemunhal). (ART. 167 C.P)
Exemplos de crimes não transeuntes:
- Homicídio (ART. 121 C.P)
- Estupro (ART. 213 C.P)
- Lesões corporais (ART. 129 C.P)
Crimes transeuntes
Também denominado de crime de fato transitório. É o crime que não deixa
vestígios material e pelo fato de não deixar vestígios não é obrigatório a
realização do exame de corpo de delito.
Exemplos de crimes transeuntes:
- Calúnia (ART. 138 C.P)
- Difamação (ART. 139 C.P)
- Injúria (ART. 140 C.P
Observação: Todos estes, mencionados acima, são praticados por meio verbal.
Crimes vagos
Crime vago é aquele que tem o Estado como sujeito passivo constante, mas
atinge também interesses da coletividade, de forma que essa se torna a vítima
direita do agir criminoso. Ou seja, crime vago é aquele em que figura como
sujeito passivo eventual uma entidade destruída de personalidade jurídica, como
a família ou a sociedade.

Exemplos de crimes vagos:

- Tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, ART. 33)


- Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária (ART. 209 C.P)
- Violação de sepultura (ART. 210 C.P)
- Vilipêndio a cadáver (ART. 212 C.P)
- Aborto com consentimento de gestante (ART. 126 C.P)
- Alteração da substância alimentícia ou medicinal (ART. 273 C.P)
Crime mutilado de dois atos
Os delitos mutilados de dois atos (ou vários atos) são aqueles nos quais o
autor quer alcançar, após ter realizado o tipo, o resultado que fica fora dele e
que depende de um ato próprio, seu. Pode ser ilustrado com o exemplo do
crime de moeda falsa. (ART. 289 C.P)
Crime de intenção e de tendencia
Sua classificação foi dada pelo jurista Francisco de Assis Toledo, sendo assim,
chamado aquele crime em que o agente quer e persegue um resultado que não
necessita ser alcançado, de fato, para consumação do crime (crime incongruente
ou formal). É o delito que possuí como elementares as “intenções especiais”,
expressas no próprio tipo.
Exemplo:

No crime de extorsão mediante sequestro, temos:


I. O tipo objetivo, que é sequestrar alguém;
II. O tipo subjetivo, que é o dolo, ou seja, a consciência e a vontade de
sequestrar;
III. O tipo subjetivo especial, que é o fim de obter, para si ou para outrem,
qualquer vantagem, como condição de preço ou resgate. Essa intenção
especial é que transcende do tipo objetivo.
Rogério Sanches da Cunha ensina que crime de tendência interna
transcendente (ou crime de intenção), o sujeito ativo quer um resultado
dispensável para a consumação do delito. O tipo subjetivo é composto pelo
dolo e por elemento subjetivo especial (finalidade transcendentes).
Exemplo:

(ART. 159 C.P) – a obtenção da vantagem (resgate) é dispensável para a


consumação (que se contenta com a privação da liberdade da vítima); no
delito de petrechos para falsificação de moedas, (ART. 291 C.P) – a efetiva
falsificação das moedas e sua colocação em circulação são dispensáveis
para a consumação do crime (que se contenta com a fabricação, aquisição,
fornecimento, posse ou guarda de maquinismo, aparelho, instrumento ou
qualquer objeto especialmente destinado a calcificação de moeda).
Crime remetido
É o que se verifica quando sua definição típica se reporta a outro crime, que
passava integrá-lo, como uso do documento falso (fazer uso de qualquer dos
papéis falsificados ou alterados, a que se referem o ART. 297 a 302 C.P, ART.
304 C.P).
JURISPRUDÊNCIA - Supremo Tribunal Federal Órgão
julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 16/09/2021
Publicação: 13/02/2023
Repercussão Geral – Mérito
Ementa: Repercussão geral no recurso extraordinário com agravo.
Constitucional. Processo Penal. Execução. 2. Progressão de regime prisional.
Condenado por crime hediondo ou equiparado, sem resultado morte, reincidente
por crime comum (não específico). Art. 112, incisos V, VI e VII, da Lei de
Execução Penal, com redação dada pela Lei 13.964/2019 (Pacote
Anticrime). 3. Princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX, CF): taxatividade e
interpretação mais benéficos ao réu. Retroatividade da norma mais benéfica ao
réu (art. 5º, XL, CF). Repercussão geral reconhecida. 4. A leitura dos dispositivos
legais (art. 112 e incisos, LEP) atinentes à progressão de regime permite
constatar a existência de verdadeiro vácuo normativo. Referida legislação não
disciplinou, de forma expressa, a fração para progressão do condenado por crime
hediondo ou equiparado reincidente em crime comum. 5. Diante da lacuna
legislativa, não se pode admitir a aplicação de norma mais gravosa a partir de
interpretação prejudicial ao réu. Tendo em vista a ausência de previsão aplicável a
apenados condenados por crimes hediondos ou equiparados, mas reincidentes
genéricos (condenação anterior por crime não hediondo ou equiparado), deve-se
integrar a norma a partir de interpretação em benefício do réu, já que vedada a
analogia in malam partem. 6. A Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime) resultou em
tratamento mais benéfico a condenados por crime hediondo, sem resultado morte,
reincidentes não específicos. Nesse cenário, a norma mais benéfica deve retroagir
mesmo para fatos criminosos passados. 7. Julgamento do mérito por reafirmação
de jurisprudência: RHC 200.879/SC, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, por
unanimidade, DJe 14.6.2021; RHC 196.810 AgR/SC, Rel. Min. Rosa Weber,
Primeira Turma, por maioria, DJe 25.6.2021; RHC 198.156 AgR/SC, Rel. Min.
Rosa Weber, Primeira Turma, por maioria, DJe 25.6.2021; ARE 1.330.176/SC,
Rel. Min. Edson Fachin, decisão monocrática, DJe 6.8.2021; HC 202.691/SP, Rel.
Min. Nunes Marques, decisão monocrática, DJe 6.8.2021; HC 193.187/PR, Rel.
Min.

Alexandre de Moraes, decisão monocrática, DJe 25.5.2021. 8. Agravo no recurso


extraordinário provido para conhecer, mas não prover o recurso extraordinário
interposto pelo Ministério Público Federal. 9. Fixação da tese: “Tendo em vista a
legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF), a alteração
promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não autoriza a incidência do
percentual de 60% (inc. VII) aos condenados reincidentes não específicos para o
fim de progressão de regime. Diante da omissão legislativa, impõe-se a analogia
in bonam partem, para aplicação, inclusive retroativa, do inciso V do artigo 112
da LEP (lapso temporal de 40%) ao condenado por crime hediondo ou
equiparado sem resultado morte reincidente não específico.”
Tema
1169 – Progressão de regime de pessoas condenadas por crime hediondo sem
resultado morte, reincidentes não específicos, ante a publicação da Lei
13.964/2019 (Pacote Anticrime).
Tese
Tendo em vista a legalidade e a taxatividade da norma penal (art. 5º, XXXIX, CF),
a alteração promovida pela Lei 13.964/2019 no art. 112 da LEP não autoriza a
incidência do percentual de 60% (inc. VII) aos condenados reincidentes não
específicos para o fim de progressão de regime. Diante da omissão legislativa,
impõe-se a analogia in bonam partem, para aplicação, inclusive retroativa, do
inciso V do artigo 112 da LEP (lapso temporal de 40%) ao condenado por crime
hediondo ou equiparado sem resultado morte reincidente não específico.
Bibliografia 1.2
Disponível em: https://direitodesenhado.com.br/resultado-no-fato-
tipico/#:~:text=Todo%20crime%20possui%20resultado%20jur%C3%ADdico,mundo
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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/dano-e-lesao-resultado-


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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/qual-a-diferenca-entre-o-crime-


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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/pergunta-de-concurso-qual-a-
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https://www.jusbrasil.com.br/artigos/das-lesoes-
corporais/174004062#:~:text=Conceito%20de%20les%C3%A3o.&text=a)%20Por%2
0ofensa%20%C3%A0%20integridade,Equimose%20constitui%20les%C3%A3o.
https://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/850/Delito-putativo
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-que-e-delito-
putativo/315461805#:~:text=Delito%20putativo%20(ou%20delito%20imagin%C3%A
1rio,sequer%20fato%20t%C3%ADpico%20ou%20pun%C3%ADvel).
Bibliografia 1.3
JUSBRASI
L STF.JUS
G1

Bibliografia 1.4
JusBrasil - HC N° 124.908-MS. Publicado no dia 14/04/2012
Código Penal – Direito Penal atualizado
PETIÇÃO ONLINE – dicionário jurídico
DIREITO PENAL: PARTE GERAL: VOLUME ÚNICO – SÃO PAULO:
EDITORA JUSPODIVM 2015 P. 168

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