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PREPARATÓRIO

CONCURSO PÚBLICO
● NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Evangelista

Aula 01
DIREITO PENAL
PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
Introdução
O tema apresentado vem sendo apreciado
com muita frequência nos editais de
concursos da área de segurança e tribunais.
Trouxemos comentários de alguns dos
princípios de direito penal mais cobrados
pelas bancas examinadoras em concursos
recentes.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA:
O Direito Penal é subsidiário (devendo ser
aplicado quando outros ramos do direito
fracassarem) e fragmentário (só deve intervir
diante de relevantes e intoleráveis lesões ao bem
jurídico tutelado).
(FUNDEP 2018 – Adaptada) O princípio
da intervenção mínima do Direito Penal
encontra fundamento no caráter de sua
subsidiariedade e no princípio da
intranscendência. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. CARÁTER SUBSIDIÁRIO E
FRAGMENTÁRIO
Subsidiário – estritamente necessário –
quando os outros ramos do direito não
resolvem – condicionada ao fracasso de
outras esferas do direito.
Fragmentário - só deve intervir diante de
relevantes e intoleráveis lesões ao bem
jurídico tutelado – intervenção fracionada.
O princípio da insignificância é
desdobramento lógico de qual
característica da intervenção mínima?
R.: É desdobramento lógico da
fragmentariedade.
II. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICANCIA

se relaciona com a missão fundamental do


Direito Penal

ligação com o princípio da intervenção


mínima - sendo desdobramento lógico da
fragmentariedade.

A doutrina e jurisprudência entendem


tratar-se de causa de atipicidade material.
(CESPE – 2015 – TJ/BA) Julgue
verdadeiro ou falso. Depreende-se da
aplicação do princípio da insignificância
a determinado caso que a conduta em
questão é formal e materialmente
atípica.
R.: FALSO.
(FCC – 2015 – TJ/AL) Julgue
verdadeiro ou falso. O chamado
princípio da insignificância exclui a
tipicidade formal da conduta.
R.: FALSO.
(FGV – 2018 – Adaptada) Julia, primária
e de bons antecedentes, verificando a
facilidade de acesso a determinados bens
de uma banca de jornal, subtrai duas
revistas de moda, totalizando o valor inicial
do prejuízo em R$15,00 (quinze reais).
Após ser presa em flagrante, é denunciada
pela prática do crime de furto simples,
vindo, porém, a ser absolvida
sumariamente em razão do princípio da
insignificância.
De acordo com a situação narrada, o
magistrado, ao reconhecer o princípio da
insignificância, optou por absolver Julia em
razão da causa legal de exclusão da
ilicitude.
R.: FALSO. Trata-se de causa de
atipicidade da conduta.
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Aula 02
Requisitos do princípio da insignificância (STF/STJ):
1. Ausência de periculosidade social da ação;
2. Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
3. Mínima ofensividade da conduta do agente;
4. Inexpressividade da lesão jurídica causada.
Em resumo: inexpressividade da lesão jurídica
causada.
Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio da
insignificância para o reincidente, portador de maus
antecedentes, ou o criminoso habitual (STF – HC 115707, 2ªT;
STJ – AgRg no AREsp 334272, 5ªT).
Tem-se aplicado o princípio em
crimes contra o patrimônio, praticados sem
violência ou grave ameaça à pessoa (ex.:
crime de furto).
Há julgamentos do STJ indicando que a
qualificadora é incompatível com o princ. da
insignificância e, por consequente,
inaplicável.
BENS DIFUSOS
NÃO ADOTAM: STF e STJ não aceitam
o princ. da insignificância para os crimes
de moeda falsa, posse de drogas para
uso próprio, tráfico de drogas e tráfico
de armas;
STF tem admitido o princ.
da insignificância no crimes contra
Administração Pública praticados por
funcionário público. (STJ não
admite).
III. PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Condutas socialmente adequadas (aceitas)
são penalmente atípicas.
Em casos específicos, o STF/STJ já se
pronunciaram no sentido de entenderem a
existência dos crimes nos seguintes casos:
1. Casa de prostituição (CP, 229);
2. Contravenção penal de jogo do bicho
3. Venda ou exposição de DVD/CD “pirata”
(CP, 184, §2º).
❑ STJ (CDs e DVDs piratas)
Súmula 502:“Presentes a materialidade
e a autoria, afigura-se típica, em relação
ao crime previsto no art. 184, § 2º, do
CP, a conduta de expor à venda CDs e
DVDs piratas.”
(FAPEMS – 2017 – Adaptada) Em
relação ao princípio da adequação
social, apesar de uma conduta
subsumir ao modelo legal, não será
considerada típica se for
historicamente aceita pela sociedade.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
IV. PRINCÍPIO DA
OFENSIVIDADE/LESIVIDADE:
O fato praticado deve resultar em
lesão ou perigo de lesão ao bem
jurídico tutelado.
Daí, surgem tipos penais com a seguinte
classificação: crimes de dano e crimes
de perigo.
Crime de dano – efetiva lesão (ex.: homicídio);
Crime de perigo – basta o risco de lesão ao bem
jurídico (ex.: omissão de socorro). É dividido em:
a) Crime de perigo abstrato: o risco de lesão é
presumido por lei. Neste, a lei descreve a conduta
e o perigo é presumido por lei. Ex.: Embriaguez
ao volante.
b) Crime de perigo concreto: o risco deve ser
demonstrado. Ex.: Condução de veículo sem
habilitação.
Fim
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Aula 03
V. PRINC. DA LEGALIDADE
OU INTERVENÇÃO LEGALIZADA

Tem previsão na CF/88

Inaugura o Código Penal

É observado em tratados internacionais.


CF/88:
Art. 5º, II – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;”
Art. 5º, XXXIX – “não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal;”
CP:
Art. 1º - “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
há pena sem prévia cominação legal”.
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de
San José da Costa Rica, 1969)
Art. 9º - Princ. da Legalidade e da retroatividade. Ninguém
poderá ser condenado por atos ou omissões que, no
momento em que foram cometidos, não constituíam delito,
de acordo com o direito aplicável.
A ideia do princípio é garantir uma certa
segurança jurídica. É uma limitação ao
poder punitivo do Estado;
Onde consta a palavra crime, leia-se
infração penal (gênero de duas espécies –
crime e contravenção).
Entenda-se, onde consta a palavra pena, leia-
se sanção penal (gênero de duas espécies:
pena e medida de segurança).
Desdobramentos
✓ Necessidade de lei ordinária para
produção de infração penal e sanção
penal (reserva legal).
Dessa forma, medida provisória não
pode inovar criminalmente (não pode
criar crime nem cominar pena).
(CESPE – 2019 – PRF - Adaptada) O Presidente
da República, em caso de extrema relevância e
urgência, pode editar medida provisória para
agravar a pena de determinado crime, desde que a
aplicação da pena agravada ocorra somente após a
aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. O princípio da legalidade
impede que isso ocorra, pois somente
lei em sentido estrito (reserva legal)
poderá criminalizar condutas e cominar
penas.
Desdobramento
É proibida a analogia incriminadora,
mas se admite a analogia em benefício do
agente.
(CESPE – 2016 - ADAPTADA) Em
razão do princípio da legalidade, a
analogia não pode ser usada em matéria
penal.
R.: FALSO. Apenas a analogia em
prejuízo do agente é que é vedada
(Analogia in malam partem). A analogia a
favor do réu é admitida.
(FUNCAB – 2016 - ADAPTADA) O
direito penal não admite analogias
incriminadoras. Essa afirmativa é uma
decorrência do princípio da legalidade.
R.: VERDADEIRO. A analogia a favor do
réu é admitida.
VI. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA
HUMANA
➢ Fundamento da República Federativa do
Brasil, estampado no art. 1º, III da CF.
“Art. 1º A República Federativa do Brasil,
formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana...”
VII. PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
✓ As normas penais devem atender
tratamento digno aos sujeitos ativos de
infrações penais.
✓ Vedada tortura, tratamento desumano ou
degradante, penas de morte, caráter
perpétuo, cruéis, de banimento ou de
trabalhos forçados.
(FCC – 2015 - ADAPTADA) A
proscrição de penas cruéis e infamantes,
a proibição de tortura e maus-tratos nos
interrogatórios policiais e a obrigação
imposta ao Estado de dotar sua
infraestrutura carcerária de meios e
recursos que impeçam a degradação e a
dessocialização dos condenados são
desdobramentos do princípio da
humanidade.
R.: VERDADEIRO.
VIII. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
PENAL – apenas aquele que realiza o fato pode ser
responsabilizado.
Veda-se a punição de alguém por conduta de outrem.
IX. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE
Tem como precursor Claus Roxin.
Significa que não é possível incriminar
atitudes puramente subjetivas e que não
lesionem bens alheios.
➢ Só serão responsabilizados
comportamentos exteriorizados
pelo agente.
➢ Autolesão e suicídio são fatos
atípicos.
(CESPE/CEBRASPE – 2019 - ADAPTADA)
Aplicado no direito penal brasileiro, princípio da
alteridade assinala que, para haver crime, a
conduta humana deve colocar em risco ou lesar
bens de terceiros, e é proibida a incriminação de
atitudes que não excedam o âmbito do próprio
autor.
R.: CERTO. Aplicação do princípio da
alteridade, também denominado de princípio
da transcendentalidade. Significa que o
Direito Penal não pode ser provocado quando
não há lesão ou perigo de lesão a bem alheio.
X. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA
Exige-se voluntariedade (dolo ou culpa) do
agente quando de seu comportamento para
que haja alguma eventual responsabilização.
É PROIBIDA A RESPONSABILIDADE
OBJETIVA (sem culpa/dolo).
➢ Exceção: responsabilidade da pessoa
jurídica.
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Aula 04
XI. PRINC. DA ISONOMIA
Trata-se de observância de tratamento
igualitário de todos aqueles que se
encontram em circunstâncias iguais
(isonomia substancial).
Previsão expressa no texto constitucional:
Art. 5º da CF/88: Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade,
à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes
Fim
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Aula 5
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
Decorrência do princípio da legalidade, em
regra, aplica-se a lei penal vigente ao
tempo da realização do fato delituoso. É o
que chamamos de “tempus regit
actum”.
Assim, a lei penal nasce e aplica-se para
os fatos cometidos da sua vigência para
frente, para o futuro. Irá incidir para
adiante.
De forma excepcional, a lei penal,
quando benéfica, pode movimentar-se no
tempo. Chamamos esse fenômeno de
extra-atividade da lei penal.
❑ Da extra-atividade da lei penal podemos
ter: ultra atividade ou a
retroatividade da lei penal.
Ultra atividade da lei penal

Lei A (anterior) Lei B (posterior)


Pena: 1 a 4 anos Pena: 2 a 5 anos
FATO CRIME

❑ A lei anterior (revogada) continua a ser


aplicada para fatos ocorridos na sua vigência,
pois é mais benéfica.
(CESPE/CEBRASPE - 2015) A lei mais
benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando
da prolação da sentença – em decorrência do
fenômeno da ultratividade – mesmo já tendo
sido revogada a lei que vigia no momento da
consumação do crime. Verdadeiro ou falso?

R.: VERDADEIRO.
Retroatividade da Lei Penal

Lei A (anterior) Lei B (posterior)


Pena: 2 a 5 anos Pena: 1 a 4 anos
FATO CRIME
❑ A lei posterior será aplicada para fatos
ocorridos antes de sua vigência (voltará no
tempo), pois mais benéfica.
QUESTÃO: É possível que uma lei penal
mais benigna alcance condutas anteriores à
sua vigência, seja para possibilitar a
aplicação de pena menos severa, seja para
contemplar situação em que a conduta
tipificada passe a não mais ser crime.
R.: VERDADEIRO. A retroatividade da lei
penal consiste em aplicar a lei para casos
anteriores à sua vigência, desde que em
benefício do réu.
QUESTÃO: O princípio da anterioridade, no
direito penal, informa que ninguém será
punido sem lei anterior que defina a
conduta como crime e que a pena também
deve ser prevista previamente, ou seja, a
lei nunca poderá retroagir. Verdadeiro ou
falso?
R.: FALSO.
Revogação de um tipo penal
“ABOLITIO CRIMINIS”

Art. 2º, “caput” – CP: “Ninguém pode ser


punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da
sentença condenatória”.
(SELECON – 2019 - Adaptada) Patuscada
foi preso em flagrante, processado e
sentenciado pelo cometimento de determinado
crime. No curso da execução da pena, surgiu a
lei X que deixou de considerar como crime a
conduta que redundou na sua condenação.
Nesse caso, de acordo com as normas da parte
geral do Código Penal, ocorreu a abolição do
crime. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. Art. 2º do CP.
“ABOLITIO CRIMINIS”
CONSEQUÊNCIAS

NÃO RESPEITA COISA JULGADA

FAZ CESSAR APENAS OS EFEITOS


PENAIS DA CONDENAÇÃO
FAZ CESSAR APENAS OS EFEITOS PENAIS
DA CONDENAÇÃO

1. Restarão mantidos os efeitos


extrapenais

✓ Obrigação de reparar o dano (art. 91


do CP)
✓ Perda do cargo público (art. 92)
(EJEF) A abolitio criminis faz desaparecer
todos os efeitos penais, inclusive quanto
àqueles relativos aos fatos definitivamente
julgados. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. Aplica-se a fatos
definitivamente julgados.
Lei Mitior

Art. 2º - Parágrafo único - A lei posterior,


que de qualquer modo favorecer o
agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença
condenatória transitada em julgado.
(EJEF) A lex Mitior é inaplicável à sentença
condenatória que se encontra em fase de
execução. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. Lex Mitior – lei posterior benéfica (art.
2º, p. único do CP). É aplicável até depois do
julgamento.
Lei penal excepcional/temporária

Art. 3º do CP: A lei excepcional ou


temporária, embora decorrido o período de
sua duração ou cessadas as circunstâncias
que a determinaram, aplica-se ao fato
praticado durante sua vigência.
❑ São classificadas como leis
intermitentes (auto revogáveis).

❑ Tais leis possuem ultratividade. Mesmo


depois de revogadas podem ser aplicadas
para casos ocorridos durante a vigência.
Lei penal excepcional/temporária (art. 3º,
CP).
Ex.: CPM – tipifica crimes militares em tempo de
guerra.
Ex.: Lei geral da Copa – a lei dizia que só estão
sujeitos a esses tipos penais apenas aqueles que
praticarem a conduta até 31/12/2014.
(CESPE/CEBRASPE – 2019 -
Adaptada) Nas disposições penais da Lei
Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos
penais previstos nessa legislação tivessem
vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
Considerando-se essas informações, é correto
afirmar que a referida legislação é um exemplo
de lei penal temporária.
R.: VERDADEIRO.
(VUNESP – 2019 - Adaptada) A lei
excepcional ou temporária não se aplica ao
fato praticado durante sua vigência.
R.: FALSO. A lei excepcional ou temporária
aplica-se a fatos ocorridos durante a sua
vigência, mesmo depois de já revogada.
FIM
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Aula 6
Tempo do Crime
Art. 4º do CP: “Considera-se praticado o
crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do
resultado”.
✓ É no momento da ação ou omissão
(conduta) que todos os elementos do crime
(Fato Típico, Ilicitude e Culpabilidade)
devem estar presentes, e não no momento
do resultado.
✓ Teoria da atividade
Importância do tema – tempo do
crime

❑ É no momento da conduta que é observada


a tipicidade.

❑ É no momento da conduta que é observada


a condição do agente – Maior de idade?
Imputável?
(VUNESP – 2019 - Adaptada) Considera-se
praticado o crime no momento do resultado,
ainda que outro seja o momento da ação ou
omissão.
R.: FALSO. Art. 4º do CP – Teoria da
atividade.
(IESES – 2019 - Adaptada) Com relação ao
tempo do crime, o Código Penal adotou, nos
termos de seu art. 4º, a teoria da atividade,
considerando praticado o delito no momento
da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. Art. 4º do CP – Teoria da
atividade.
Súmula 711 do STF: A lei penal mais
grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente, se sua
vigência é anterior à cessação da
(CESPE/CEBRASPE – 2019 - Adaptada) A
superveniência de lei penal mais gravosa que a
anterior não impede que a nova lei se aplique
aos crimes continuados ou ao crime
permanente, caso o início da vigência da
referida lei seja anterior à cessação da
continuidade ou da permanência. Verdadeiro
ou falso?
R.: VERDADEIRO. Aplicação da Súmula 711
do STF.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-
TÍPICA: No momento da conduta o fato era típico e
surgiu nova lei dando roupagem diferente ao
delito, mas manteve o caráter criminoso do
comportamento.
(CESPE/CEBRASPE – 2018 - Adaptada)
Manoel praticou conduta tipificada como crime.
Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo
penal foi formalmente revogado, mas a
conduta de Manoel foi inserida em outro tipo
penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo
crime praticado, pois não ocorreu a abolitio
criminis com a edição da nova lei. Verdadeiro
ou falso?
R.: VERDADEIRO. Trata-se da aplicação do
princípio da CONTINUIDADE NORMATIVO-
TÍPICA.
Fim
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Aula 7
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO

❑ Art. 5º e 7º do CP.

✓ Trata-se de limites de atuação da lei penal


brasileira para fatos ocorridos no Brasil e
fora do Brasil.
✓ O tema é observado na lei penal através dos
princípios da territorialidade e da
extraterritorialidade.
Princ. da TERRITORIALIDADE
Art. 5º - “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo
de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território
nacional”.

LEI BRASILEIRA FATO NO BRASIL


(INAZ do Pará - 2019 - Adaptada) Aplica-se a
lei brasileira, sem prejuízo de
convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no
território nacional. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. É o que diz o art. 5º do CP.
Exceção ao princ. da
Territorialidade

❑ Imunidade diplomática – fenômeno da


INTRATERRITORIALIDADE – aplicação da
lei estrangeira no Brasil.
O que significa território nacional?

❑ Espaço Geográfico (solo, subsolo,


espaço aéreo correspondente, rios,
lagoas, mar) + Espaço Jurídico (por
ficção, equiparação - §1º do art. 5º).
Regras:
Art. 5º do CP
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso
no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou
mar territorial do Brasil.
(INSTITUTO AOCP – 2019 - Adaptada) Para os
efeitos penais, consideram-se como
extensão do território nacional as
embarcações e aeronaves brasileiras, de
natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem,
bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou
de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. ART. 5º, §1º, CP.
(SELECON – 2019 - Adaptada) A aeronave
Tropicália é de propriedade da União e
está sobrevoando país estrangeiro
quando Joecy, passageiro da aeronave, é
acusado de cometer crime culposo
durante o voo. Nesse caso, de acordo
com a parte geral do Código Penal, é
correto afirmar que a aeronave é
considerada extensão do território
nacional brasileiro. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO.
❑ Navios e aeronaves (públicas ou a
serviço do BR) – considerados
território brasileiro – lei brasileira
❑ Navios e aeronaves privadas
brasileiras, em alto-mar, seguem a
bandeira que ostentam - lei brasileira
❑ Embarcações e aeronaves estrangeiras
privadas – em território brasileiro – lei
brasileira.
(FCC – 2015 – Procurador do Ministério Público
de Contas/GO) Julgue em verdadeiro ou falso a
seguinte assertiva:
“Aplica-se a lei brasileira a crimes praticados a
bordo de embarcações brasileiras a serviço do
governo brasileiro que se encontrem ancorados
em portos estrangeiros”.
R.: VERDADEIRO.
EXTRATERRITORIALIDADE
❑ Casos de aplicação da lei brasileira a casos
fora do Brasil (art. 7º do CP)

❑ Segundo a doutrina, temos regras sobre


extraterritorialidade incondicionada,
condicionada e hipercondicionada.
EXTRATERRITORIALIDADE
Incondicionada (art. 7º do CP, I)
• VIDA/LIBERDADE do Presidente da
República
• Patrimônio Público Brasileiro (bens e
serviços);
• Genocídio quando o agente for
brasileiro ou domiciliado no Brasil

✓ §1º - “...o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que


absolvido ou condenado no estrangeiro”.
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente
da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia
mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
Público;
c) contra a administração pública, por quem está
a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
(INSTITUTO AOCP – 2019 - Adaptada) Segundo
dispõe o artigo 7º, inciso I, do Código
Penal, fica sujeito à lei brasileira, embora
cometido no estrangeiro, o crime de
genocídio, ainda que o agente seja
estrangeiro e não resida no Brasil.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. ART. 7º, d, CP: “...d) de genocídio,
quando o agente for brasileiro ou domiciliado no
Brasil...”.
(Instituto Acesso – 2019) João Carlos, 30 anos,
brasileiro, com residência transitória na
Argentina, aproveitando-se da aquisição de
material descartado por uma indústria
gráfica falida, passou a fabricar moeda
brasileira em território argentino. Para
garantir a diversidade da moeda falsificada,
João imprimia notas de 50 e de 100 reais.
Ao entrar em território brasileiro João foi
revistado por policiais que encontraram as
notas falsificadas em meio a sua bagagem.
João foi acusado da prática do crime
previsto no artigo 289 do Código Penal. É
correto dizer que cabe a aplicação
incondicionada da lei brasileira.
R.: VERDADEIRO. (Art. 7º, I, b)
EXTRATERRITORIALIDADE
Condicionada (art. 7º do CP, II)
❑ Crimes que por tratado/convenção
o Brasil se obrigou a reprimir.
❑ Crimes praticados por brasileiro;
❑ Crimes praticados em
aeronaves/embarcações
brasileiras privadas no
estrangeiro.
Art. 7º
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção,
o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou
embarcações brasileiras, mercantes
ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí
não sejam julgados.
Art. 7º, II – CONDIÇÕES:
§2:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em
que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles
pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no
estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no
estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade.
EXTRATERRITORIALIDADE
Hipercondicionada (art. 7º do CP, 3º§)
➢ Crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro
➢ CONDIÇÕES ANTERIORES (§2º) +
CONDIÇÕES DO §3º.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se
também ao crime cometido por
estrangeiro contra brasileiro fora
do Brasil, se, reunidas as condições
previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a
extradição;
b) houve requisição do Ministro da
Justiça.
Fim
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Aula 8
Lugar do crime
Art. 6º CP - Considera-se praticado o crime
no lugar em que ocorreu a ação ou
omissão, no todo ou em parte, bem como
onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.
❑ Pertinência: TEORIA da UBIQUIDADE
(MISTA) – CRIMES A DISTÂNCIA –
DOIS OU MAIS PAÍSES.
CRIME A DISTÂNCIA X CRIME PLURILOCAL
❑ Crime a distância – mais de um
país - teoria da ubiquidade (art.
6º, CP).
❑ Crime Plurilocal – mais de uma
comarca – teoria do resultado (art.
70, CPP).
(CESPE/CEBRASPE – 2019 - Adaptada) Em
razão da teoria da ubiquidade, considera-
se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou
deveria ter sido produzido o
resultado. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
(VUNESP– 2018 - Adaptada) Para fins de definir
o lugar do crime, o ordenamento pátrio adotou a
teoria do resultado. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO.
Pena cumprida no estrangeiro (Art. 8º CP)
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada,
quando idênticas.
❑ Princípio do “no bis in idem” não é
absoluto. O que a norma do artigo 8º do
código busca é apenas atenuar o efeito do
“bis in idem”.
(VUNESP – 2018 - Adaptada) João comete
um crime no estrangeiro e lá é condenado a
4 anos de prisão, integralmente cumpridos.
Pelo mesmo crime, João é condenado no
Brasil à pena de 8 anos de prisão. João ainda
deverá cumprir 4 anos de prisão no
Brasil. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Fim
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
● NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Evangelista

Aula 9
TEORIA DO CRIME
Noções:
1. Infração penal é gênero, podendo ser
dividida em crime (ou delito) e
contravenção penal (crime anão, delito
liliputiano) - sistema dualista ou binário;
Conceitos de crime:
a) conceito Legal –infração penal a que a
lei comina sanção.
b) Analítico: sob o ângulo dos elementos
ou requisitos de formação do crime.

✓ Crime é conduta típica, antijurídica


e culpável (conceito tripartido) ou
apenas conduta típica e antijurídica
(conceito bipartido).
(IDECAN – 2017) Majoritariamente entende-
se que, de acordo com o conceito
analítico, crime é um:
a) Fato típico e antijurídico.
b) Fato antijurídico e culpável.
c) Fato típico, antijurídico e culpável.
d) Fato típico, antijurídico, culpável e
punível.
R.: C.
CONCEITO DE CRIME
✓ Conceito analítico: é a observação do
crime de forma sistematizada,
elementos e estrutura do crime.
Assim, os elementos que compõem o
fato típico são:
1. conduta;
2. tipicidade;
3. resultado;
4. nexo causal.
(MP/SP – 2015) São elementos do fato típico:
a) conduta, resultado, relação de causalidade e
tipicidade.
b) conduta, resultado, relação causalidade e
culpabilidade.
c) conduta, resultado, antijuridicidade e culpabilidade.
d) conduta, resultado, nexo de causalidade e
antijuridicidade.
e) conduta, relação de causalidade, antijuridicidade e
tipicidade.
R.: A.
Crime = Fato típico + Ilícito +
culpável
FATO TÍPICO – ELEMENTOS
1. Conduta - é a ação ou omissão que resulta
no fato criminoso.
a) ação (“facere”) – crime comissivo
b) omissão (“non facere”) – crime omissivo.
Elementos da conduta:
a) Exteriorização do pensamento. O pensamento
(cogitação), por si só, é impunível.
b) Consciência Caso o ato seja praticado de forma
inconsciente, não haverá conduta. Ex.: hipnose e
sonambulismo. Fatos atípicos.
c) Voluntariedade – ato volitivo, voluntário. Atos
involuntários eliminam a conduta. Ex.: coação
física irresistível.
(FGV - 2018) Durante uma tragédia
causada pela natureza, Júlio, que
caminhava pela rua, é arrastado pela força
do vento e acaba se chocando com uma
terceira pessoa, que, em razão do choque,
cai de cabeça ao chão e vem a falecer.
Sobre a consequência jurídica do ocorrido,
é correto afirmar que a tipicidade do fato
restou afastada, tendo em vista que não
houve conduta penal por parte de Júlio.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Sujeito sob estado de sonambulismo
pratica crime. Certo ou errado?

R.: ERRADO.
Ausente o elemento CONSCIÊNCIA.
Ausência de conduta - HIPÓTESES

COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL e INCONSCIÊNCIA

a) coação física irresistível - emprego de força


física superando a resistência da vítima.

Consequência: inexistência de conduta (ato


involuntário) - fato atípico.
b) inconsciência – é a falta de capacidade
psíquica. Ex.: sonambulismo, hipnose.
(CESPE/CEBRASPE – 2015 - Adaptada) A
coação física irresistível configura hipótese
jurídico-penal de ausência de conduta,
engendrando, assim, a atipicidade do fato.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Formas de conduta

✓ Ação - Os crimes de ação (comissivos) são praticados de forma


positiva – “um fazer”. Ex.: Matar alguém (121), subtrair coisa alheia
móvel (155)...

✓ Omissão - Crimes omissivos – deixar de fazer. A lei descreve uma


omissão proibida. São chamados de crimes omissivos puros ou
próprios. Ex.: “deixar de prestar socorro (art. 135).
(FCC – 2011 – TCE/SP) Os crimes que
resultam do não fazer o que a lei manda, sem
dependência de qualquer resultado
naturalístico, são chamados de omissivos
próprios. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO
Tipicidade
Trata-se de adequação do fato ao tipo penal.
A doutrina diferencia a tipicidade em dois aspectos:
a) tipicidade formal: é a conformidade do fato ao tipo
penal. Descrição do crime na lei.
b) tipicidade material: desvalor da conduta e do
resultado. Real aferição da lesão ao bem jurídico.
(VUNESP - 2019) A doutrina dominante
define tipicidade como a adequação de
um ato praticado pelo agente com as
características que o enquadram à norma
descrita na lei penal como crime.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Resultado – produto da conduta.

1. RESULTADO NATURALÍSTICO ou
MATERIAL - A modificação no mundo
exterior provocada pela conduta.
2. RESULTADO JURÍDICO ou
NORMATIVO - Lesão ou perigo de
lesão ao bem jurídico (tipicidade
material). É algo não palpável, não
perceptível.
Classificação de crimes quanto ao resultado
naturalístico
1. Crimes materiais – homicídio, furto,
roubo, estupro, lesão corporal.
2. Crimes formais – corrupção passiva,
extorsão.
3. Crimes de mera conduta – posse de
arma de fogo, violação de domicílio.
(CESPE/CEBRASPE - 2019) A consumação
do delito, em crimes formais, ocorre com o
mero resultado jurídico, de forma que
dispensa a mudança do mundo exterior para
a obtenção do resultado típico. Verdadeiro
ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Nexo Causal
É o critério legal de imputação do
resultado à conduta – art. 13, “caput”.
É o vínculo entre a conduta e o resultado. A
ponte que liga ambos.
O código penal indica que nexo causal ou
causa são termos que se assemelham:
CP - Art. 13 - O resultado, de que
depende a existência do crime, somente
é imputável a quem lhe deu causa.
(NUCEPE - 2017) O resultado, de que
depende a existência do crime, somente é
imputável a quem lhe deu causa. E
considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. Letra de lei – art. 13 do CP.
(CESPE – 2008 – PGE) Denis desferiu cinco facadas
em Henrique com intenção de matar. Socorrido
imediatamente e encaminhado ao hospital mais
próximo, Henrique foi submetido a cirurgia de
emergência, em razão da qual contraiu infecção e,
finalmente, faleceu. Acerca dessa situação
hipotética, com base no entendimento do STF, não
houve rompimento do nexo de causalidade,
devendo Denis responder por homicídio doloso
consumado.
R.: VERDADEIRO.
Fim
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
● NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Evangelista

Aula 10
Iter criminis – CAMINHO DO CRIME
Conceito – Trajeto (caminho) percorrido pelo agente
quando do cometimento do delito.
❑ Há crimes que consumam-se com a execução de
apenas um ato. Estes são denominados pela
doutrina de delitos unissubsistentes. Ex.: Injúria
verbal.
❑ Existem crimes em que é possível fracionar o
comportamento delituoso em partes, como
“cenas de um filme”. A doutrina denomina estes
crimes de plurissubsistentes.
❑ Assim, conforme a melhor doutrina, o iter criminis é
formado pelas seguintes fases: Cogitação,
preparação, execução e consumação.
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal;
(IESES – 2019 – Adaptado) Diz-se consumado
um crime quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO. O enunciado está conforme a
leitura do art. 14, I, CP.
Fases do iter criminis

Cogitação (fase interna)


Preparação (planejamento)
Execução
Consumação
1ª Cogitação – ocorre apenas na mente
do agente. O agente não exterioriza seu
pensamento. É impunível.

2ª Preparação – “conatus remotus”: o


infrator se organiza, planeja. São atos
“meios”. Em regra, não é punível.
3ª Execução – “conatus proximus” – é a
fase na qual o agente pratica o verbo
descrito no tipo penal.
Existem alguns critérios para definir o
início dos atos executórios.
❑Critério objetivo-formal ou formal – inicia-
se a execução com a realização do verbo
descrito no tipo. Prevalece esta teoria.
4ª Consumação – “summatum opus” –
ocorre a consumação quando o
comportamento praticado preenche todas
as elementares do tipo penal (art. 14, I).
Nos crimes materiais a consumação ocorre
com a existência do resultado desejado.
Ex.: Morte da vítima no homicídio,
obtenção da vantagem ilícita no
estelionato, diminuição do patrimônio da
vítima no furto...
(CESPE – 2019) A consumação do delito, em
crimes formais, ocorre com o mero resultado
jurídico, de forma que dispensa a mudança do
mundo exterior para a obtenção do resultado típico.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
(CESPE – 2016 – TCE/PR) No direito brasileiro,
os atos preparatórios não são puníveis em
nenhuma circunstância, nem mesmo como tipo
penal autônomo.
R.: FALSO.
Art. 14 - Diz-se o crime:
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Pena de tentativa
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois
terços.
TENTATIVA (art. 14, II, CP)

Requisitos:
➢ início da execução;
➢ inexistência da consumação;
➢ a presença de elemento subjetivo do tipo
doloso (dolo).
➢ interrupção da conduta por motivos
alheios à vontade do agente.
(INSTITUTO AOCP - 2019) Classifica-se como
crime tentado quando, iniciada a execução, não
se consuma
a) por circunstâncias alheias à vontade do
agente.
b) por inabilidade do agente.
c) pela deterioração do objeto.
d) em ração da atipicidade da conduta.
R.: A.
(MPE – GO – 2016) Julgue em verdadeiro ou
falso. A resolução do agente, no que diz respeito
ao dolo, não são coincidentes na tentativa e na
consumação.
R.: FALSO. O agente na tentativa atua com o
mesmo fim até alcançar o resultado.
(FCC – 2009 – DPE/MT) Julgue em
verdadeiro ou falso. O percentual de
diminuição de pena a ser considerado
levará em conta o iter criminis percorrido
pelo agente.
R.: VERDADEIRO.
FIM
PREPARATÓRIO
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● NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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Aula 11
Espécies de tentativa
❑ branca ou incruenta X cruenta ou
vermelha – o objeto material não sofre dano
na primeira.

❑ perfeita ou crime falho X imperfeita ou


inacabada – o agente finaliza os atos de
execução na primeira (perfeita), enquanto na
imperfeita a interrupção da conduta ocorre
ainda restando atos de execução.
(CESPE/CEBRASPE – 2019) A tentativa incruenta
ou branca ocorre quando, iniciados os atos
executórios, o agente não consegue a consumação
do delito, por força alheia à sua vontade, e nem
atinge o objeto material do crime. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO. Na tentativa branca, a vítima
não é atingida.
(FUMAC – 2018 - adaptada) No crime falho ou
na tentativa imperfeita, o processo de execução é
integralmente realizado pelo agente e o resultado é
atingido.. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. No caso de crime falho (tentativa
imperfeita) ainda existem atos de execução para
serem cumpridos.
Infrações que NÃO admitem tentativa
1. Crimes de atentado ou empreendimento – são crimes que
equiparam a forma tentada e consumada. Ex.: art. 352 – “evadir-se
ou tentar evadir-se o preso...”
2. Crime culposo (obs.: admite-se quando se tratar de culpa
imprópria – art. 20, §1º, parte final – ‘erro de tipo”).
3. Crime preterdoloso* – como o resultado agravador não foi
desejado pelo agente, não se pode falar em tentativa (corrente
minoritária indica que é possível).
4. Contravenção – não se pune a tentativa (art.4º da LCP).
5. Crime omissivo próprio
6. Crime habitual – (ex.: curandeirismo – art. 284, casa de
prostituição...).
7. Crime unissubsistente – conduta não pode ser fracionada.
Ex.: injúria verbal.
(CESPE/CEBRASPE – 2017) Crime culposo não
admite tentativa. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. O dolo é imprescindível nos
crimes tentados.
(IBFC – 2017) Nos crimes preterdolosos não se
admite a tentativa. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Desistência Voluntária
Art. 15 - O agente que, voluntariamente,
desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.
❑ Desistência voluntária - o agente interrompe
voluntariamente a conduta quando ainda tem
atos de execução para praticar - o infrator
“desistiu” de continuar o crime.
❑ Sinônimo de tentativa abandonada ou
qualificada
(Funiversa – 2015 – PC/DF) Julgue em
verdadeiro ou falso. Tentativa abandonada
ou qualificada ocorre quando há interrupção
do processo executório em razão de o
agente não praticar todos os atos de
execução do crime por circunstâncias
alheias à sua vontade.
R.: FALSO.
Arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente,
desiste de prosseguir na execução ou
impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.
❑ No arrependimento eficaz, o sujeito já
praticou todos os atos necessários para
consumar o crime, mas logo em seguida
arrepende-se e evita a consumação do delito
- o infrator precisa agir para evitar a
consumação.
Ex.: Sujeito invade uma casa e ao perceber que
se trata de casa de um amigo, deixa de subtrair
os bens e sai do local. Não responde por
tentativa de furto.
(Instituto Consulplan - 2019) O
arrependimento eficaz somente se
configura (é necessário) em relação à
tentativa perfeita. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. No arrependimento
eficaz os atos de execução se esgotaram.
❑ Em ambos os casos, não responderá o
infrator por crime tentado, mas apenas
pelos danos provocados até o instante em
que interrompeu a ação.

❑ Prevalece o entendimento de que os


institutos são causas de exclusão da
tipicidade.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem
violência ou grave ameaça à pessoa,
reparado o dano ou restituída a coisa,
até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois
terços.
Arrependimento posterior (art. 16)
Benefício legal após o cometimento do delito.
Resulta em diminuição da pena – 1/3 a 2/3.

Requisitos:
❑ Crime sem violência ou grave ameaça.
❑ A reparação deve ocorrer até o recebimento da denuncia
ou queixa.
❑ O ato de reparação deve ser voluntário do agente. No
caso de reparação feita por terceiros, não cabe o
benefício.
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CONCURSO PÚBLICO
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Aula 12
(CESPE/CEBRASPE – 2019) O arrependimento
posterior ocorre quando o agente, mesmo em
crimes cometidos com violência ou grave ameaça à
pessoa ou ao bem tutelado, repara o dano à pessoa
ou restitui o bem até a prolação da sentença, por
ato voluntário próprio. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. No arrependimento posterior, o
benefício só é aplicado para crimes sem violência
ou grave ameaça (art. 16 do CP).
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-
se o crime.
“tentativa inidônea” ou “quase crime”
❑ Impossibilidade absoluta de consumação do

delito. Neste caso, não se pune a tentativa e o


infrator responde apenas pelos atos anteriores.
Hipóteses
❑ Completa ineficácia do meio
❑ Absoluta impropriedade do objeto
(VUNESP - 2018) Quando, por ineficácia absoluta
do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impraticável consumar-se o crime, configura-se o
instituto
a) da tentativa.
b) do arrependimento eficaz.
c) da desistência voluntária
d) do arrependimento posterior
e) do crime impossível.

R.: E.
(ACAFE – 2008 - adaptada) “Tício”, com intenção
de matar “Mévio”, apontou na sua direção o
revolver que legalmente possuía. Entretanto, não
ocorreu disparo porque a arma se achava sem
munição. A conduta de “Tício” caracteriza crime
impossível, por absoluta ineficácia do meio.
Verdadeiro ou falso?

R.: VERDADEIRO.
Súmula 145 do STF
“não há crime quando a preparação do
flagrante pela polícia torna impossível a
consumação”.
A doutrina também denomina de crime
de ensaio, delito de laboratório, crime
putativo por obra do agente
provocador.
(CESPE/CEBRASPE – 2015) Se a preparação de
flagrante pela polícia impedir a consumação do
crime, estará caracterizado crime impossível.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. SÚMULA 145 DO STF.
A súmula 567 (STJ) indica que a vigilância
presencial ou eletrônica no estabelecimento não
torna impossível a consumação.
Súmula 567 – STJ: Sistema de vigilância realizado
por monitoramento eletrônico ou por existência de
segurança no interior de estabelecimento
comercial, por si só, não torna impossível a
configuração do crime de furto.
(MPE-MS – 2018) Segundo o Superior Tribunal de
Justiça, é possível a consumação do furto em
estabelecimento comercial, ainda que possua
vigilância mediante câmara de vídeo em circuito
interno ou realizada por seguranças. Verdadeiro
ou falso?
R.: VERDADEIRO. SÚMULA 567 DO STJ.
Fim
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Aula 13
CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO
CRIME DOLOSO

Art. 18 - Diz-se o crime:


I – doloso, quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;

❑Sujeito consciente de seu intento,


voluntariamente encaminha-se para um
resultado pretendido.
(VUNESP - 2021 - Adaptada) Nos
termos do quanto expressamente
determina o art. 18 do CP, o crime é
doloso, quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
(IBADE - 2018 - Adaptada) Quando o
agente quis o resultado ou assumiu o risco
de produzi-lo, ele comete o crime de
forma:
a) Agravada.
b) Culposa.
c) Punível.
d) Dolosa.
e) Tentada.

R.: D.
TIPOS DE DOLO E TEORIAS
ADOTADAS

Dolo direto – teoria da vontade - o


agente quer o resultado.

Dolo indireto – teoria do consentimento


ou assentimento (dolo eventual) - o
agente aceita um resultado que pode vir
a ocorrer.
❑ Para o agente, o resultado é indiferente.
(CESPE/CEBRASPE - 2018 - Adaptada)
Em relação ao crime doloso, o Código Penal
adota a teoria da vontade para o dolo direto e
a teoria do assentimento para o dolo
eventual. Verdadeiro ou falso?

R.: VERDADEIRO.
(VUNESP - Adaptada) O indivíduo B, com a
finalidade de comemorar a vitória de seu time de
futebol, passou a disparar “fogos de artifício” de sua
residência, que se situa ao lado de um edifício
residencial. Ao ser alertado por um de seus amigos
sobre o risco de que as explosões poderiam atingir
as residências do edifício e que havia algumas
janelas abertas, B respondeu que não havia
problema porque naquele prédio só moravam
torcedores do time rival.
Um dos dispositivos disparados explodiu dentro de
uma das residências desse edifício e feriu uma
criança de 5 anos de idade que ali se encontrava.
Com relação à conduta do indivíduo B, é correto
afirmar que o indivíduo B poderá ser
responsabilizado pelo crime de lesão corporal
dolosa. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Elementos do dolo

❑ Elemento cognitivo – consciência do que faz


e da realidade.

❑ Elemento volitivo – vontade de agir.


Abrangência do dolo e espécies

O dolo do agente é classificado conforme os


resultados que pode alcançar. Temos:

1. Dolo direto de 1º grau – o fim


pretendido.
2. Dolo direto de 2º grau - consequências
inafastáveis e inerentes ao meio empregado
(efeito colateral).
3. Dolo eventual - evento provável.
(TJ/PR – 2008 - Adaptada) George Shub,
conhecido terrorista, pretendendo matar o
Presidente da República de Quiare, planta uma
bomba no veículo em que ele sabe que o político é
levado por um motorista e dois seguranças até uma
inauguração de uma obra. A bomba é por ele
detonada à distância, durante o trajeto, provocando
a morte de todos os ocupantes do veículo. Com
relação à morte do motorista, George Shub agiu
com dolo de segundo grau. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
(FGV – 2014 - Adaptada) Jorge pretende matar seu
desafeto Marcos. Para tanto, coloca uma bomba no jato
particular que o levará para a cidade de Brasília. Com 45
minutos de voo, a aeronave executiva explode no ar em
decorrência da detonação do artefato, vindo a falecer,
além de Marcos, seu assessor Paulo e os dois pilotos
que conduziam a aeronave.
Considerando que, ao eleger esse meio para realizar o
seu intento, Jorge sabia perfeitamente que as demais
pessoas envolvidas também viriam a perder a vida, o
elemento subjetivo de sua atuação em relação à morte
de Paulo e dos dois pilotos é o dolo direto de 2º grau ou
de consequências necessárias. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
(IPAD - 2012) Aquele que assume os riscos
de produzir o resultado criminoso pratica o
delito sob a modalidade de:
A) Culpa consciente
B) Culpa inconsciente
C) Dolo direto
D) Dolo eventual
E) Preterdolo.

R.: D.
FIM
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Aula 14
CRIME CULPOSO

Art. 18 - Diz-se o crime:


II - culposo, quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.

❑ Os crimes culposos devem ser expressamente


previstos.
(CESPE/CEBRASPE) Demétrio, policial civil do
estado de Roraima, conduzindo viatura policial
em alta velocidade, na perseguição a bandidos,
perdeu o controle do veículo, vindo a atingir
uma senhora que estava em uma parada de
ônibus. Do acidente, resultou a morte da vítima.
Demétrio será julgado por um júri popular,
tendo em vista que houve, em tese, um crime
contra a vida. VERDADEIRO ou FALSO?
R.: FALSO.
(Instituto AOCP – 2019 - Adaptada)
Considera-se crime culposo quando
a) o agente atinge o resultado delitivo requerido.
b) o agente impede que resultado delitivo se
conclua.
c) o agente não quer o resultado delitivo, mas
assume o risco de se realizar.
d) o agente pratica a conduta por imperícia,
imprudência ou negligência.
e) o delito se agrava por resultado diverso do
pretendido.
R.: D.
CRIME CULPOSO

❑ No crime culposo, o agente não quer o


resultado nem assume o risco de produzi-lo.
O resultado ocorre por descuido, falta de
cautelas que deveriam ter sido adotadas
para evitar o acontecimento.
❑ É classificado de crime aberto – exige uma
análise do magistrado no caso concreto.
(CESPE – 2009) Nos crimes culposos, o tipo
penal é aberto, o que decorre da
impossibilidade do legislador de antever todas
as formas de realização culposa; assim, o
legislador prevê apenas genericamente a
ocorrência da culpa, sem defini-la e, no caso
concreto, o aplicador deve comparar o
comportamento do sujeito ativo com o que
uma pessoa de prudência normal teria, na
mesma situação.

R.: VERDADEIRO.
Fatores que implicam na culpa

❑ A quebra do dever de cuidado objetivo - é o


cuidado mediano que todos devem ter quando
em coletividade.
❑ A falta do cuidado resulta em imprudência,
negligência ou imperícia.

❑ Previsibilidade objetiva do resultado –


perspicácia comum, normal do homem de
prever o resultado, isto é, previsibilidade
mediana.
ESPÉCIES DE CULPA:
Própria e Imprópria

a) Culpa própria – art. 18, II.


Se subdivide em:
A1. Culpa inconsciente – sem previsão.
Mas havia previsibilidade (possibilidade de
antever).
A2. Culpa consciente – o sujeito prevê o
resultado, mas acredita que não vai
acontecer (ex.: comum em delitos de
trânsito).
(FUNCAB – 2013) A culpa consciente ocorre
quando o agente:
a) mesmo sem previsão do resultado que é
previsível, avança na ação.
b) quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.
c) prevê o resultado, mas espera, sinceramente,
que possa evitá-lo, pelo emprego de
habilidades.
d) não quer o resultado, mas assume o risco de
produzi-lo.
e) de outra forma, assumiu a responsabilidade
de impedir o resultado.
R.: C.
(NC-UFPR – 2021 - Adaptada) A.A. saiu de
uma festa um pouco sonolento, pretendendo ir
para casa conduzindo sua motocicleta. Na
ocasião, foi advertido pelo sujeito B.B., que disse:
“pilotando neste estado você pode matar
alguém”. A.A., porém, afirmou que estava em
condições de evitar qualquer acidente, até porque
as ruas estariam quase desertas e o vento no
rosto o manteria acordado. Afirmou, ainda, que
não se arriscaria a sofrer um acidente, porque de
moto “o para-choque era ele mesmo”.
No trajeto para casa, porém, por estar com os
reflexos mais lentos,A.A. não percebeu um
pedestre que atravessava a rua e o atropelou,
causando-lhe a morte. Embora tenha ficado
bastante ferido, A.A. sobreviveu ao acidente e
foi acusado de cometer crime.
A partir das noções de dolo e culpa
aplicadas ao caso, é correto afirmar que
A.A. agiu com culpa consciente porque
levianamente subestimou o risco de causar o
resultado e confiou que ele não ocorreria.
R.: VERDADEIRO
b) Culpa imprópria (por equiparação ou por
assimilação) – ato doloso que a lei pune como
culposo: ocorre quando o agente comete um
erro de tipo sobre a ilicitude do fato
(evitável) – “legítima defesa putativa”.
(CESPE - 2016) A culpa imprópria ocorre
nas hipóteses de descriminantes putativas
em que o agente, em virtude de erro
evitável pelas circunstâncias, dá causa
dolosamente a um resultado, mas
responde como se tivesse praticado um
delito culposo. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
CRIME PRETERDOLOSO

Agravação pelo resultado


Art. 19 - Pelo resultado que agrava
especialmente a pena, só responde o agente
que o houver causado ao menos
culposamente.

❑ Dolo na conduta e culpa no resultado.

❑ Prevalece o entendimento que não é


possível a tentativa de crime
preterdoloso.
CRIME PRETERDOLOSO

Ex1.: Art. 129, §3º do CP - Lesão


corporal seguida de morte

Ex2.: Tortura seguida de morte – Lei


9455/97
(TJ/DF – 2019 - Adaptada) O crime preterdoloso
ocorre quando o agente atua com culpa na
conduta antecedente, mas o resultado agrava a
pena devido a uma conduta dolosa posterior.
Verdadeiro ou falso?

R.: FALSO. O crime preterintencional


(preterdoloso) ocorre com a conduta dolosa e
resultado agravador culposo.
(FCC – 2021 - Adaptada) A tipicidade
preterdolosa enseja crime qualificado pelo
resultado em que o tipo-base é doloso e o
resultado qualificador é culposo. Verdadeiro
ou falso?

R.: VERDADEIRO.
Fim
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
● NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Evangelista

Aula 15
ILICITUDE - excludentes
EXCLUDENTES DE ILICITUDE
Art. 23 - Não há crime quando o
agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de
dever legal ou no exercício regular
de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em
qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou
culposo.
(VUNESP – 2021) Nos estritos termos do art. 23 do CP,
não há crime quando o agente pratica o fato
a) Em estado de necessidade, em legítima defesa e no
exercício regular de direito, apenas.
b) em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal, no exercício
regular de direito e sob ordem não manifestamente
ilegal de superior hierárquico.
c) em estado de necessidade, em legítima defesa e em
estrito cumprimento de dever legal, apenas.
d) em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal e no exercício
regular de direito, apenas.
R.: D.
CONCEITO DE ILICITUDE

❑ É a contrariedade do fato ao
direito.

❑ A tipicidade é um indício de ilicitude.

❑ A ilicitude é o segundo elemento do


crime (conceito formal ou analítico).
Crime = FT + Ilicitude +
Culpabilidade
FATO TÍPICO
CONDUTA
TIPICIDADE
RESULTADO
NEXO CAUSAL
ILICITUDE
Contrariedade à lei
Crime = FT + Ilicitude + Culpabilidade
❑ Rol elencado no art. 23 é meramente
exemplificativo.
❑ Há descriminantes (excludentes de
ilicitude) na parte especial do CP.
Ex.: aborto para salvar a gestante
(aborto necessário).
Art. 128 do CP
I – se não há outro meio de salvar a
vida da gestante.
(VUNESP - 2021) São excludentes de
ilicitude,
a) a coação irresistível e o aborto
terapêutico.
b) a obediência hierárquica e a legítima
defesa.
c) o estrito cumprimento do dever legal e o
aborto terapêutico.
d) a obediência hierárquica e o estrito
cumprimento do dever legal.
R.: C.
Excesso nas excludentes - consequência
O excesso será punido.
O excesso é a desnecessária
intensificação de uma conduta
inicialmente legítima. Ocorre quando o
agente, estando amparado por uma das
causas justificativas resolve ir além do que a
lei permite.
Espécies de excesso
A) excesso consciente/voluntário –
crime doloso;
B) Inconsciente/involuntário – incorreu
em erro, não percebeu o próprio excesso.
Espécies de excludentes de
ilicitude
Estado de Necessidade (art. 24)
A primeira justificante aprecia
situações de um grande perigo.

❑ O agente é obrigado a sacrificar


um bem jurídico para salvar
outro.
Estado de Necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de
necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade
quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício
do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida
de um a dois terços
Requisitos:
❑ Perigo atual

❑ Perigo não provocado


voluntariamente
❑ Para salvar direito próprio ou
alheio
❑ Inexistência de dever legal de

enfrentar o perigo
(MPE-PR – 2021 – Adaptada) Por
descuido, o turista A cai no interior de área
reservada a gorila em zoológico e é
violentamente dominado por este, em clara
situação de perigo atual: a ação do policial
aposentado B que, em passeio turístico ao
local, percebe o incidente e realiza disparo
certeiro e letal de arma de fogo no gorila,
justamente pela legítima defesa de terceiro.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. Trata-se de situação
de perigo, o que possibilita a
excludente de ESTADO DE
NECESSIDADE.
❑ Perigo atual - risco presente,
conforme previsão da lei.
❑ Para questões objetivas, o perigo é
atual, não iminente.
❑ Perigo não provocado
dolosamente pelo agente.
❑ Para salvar direito próprio ou alheio
FIM
PREPARATÓRIO
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● NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Evangelista

Aula 16
Legítima Defesa
❑ A legítima defesa pressupõe a
defesa contra um agressor
❑ Existe legítima defesa da honra
no Brasil?
(FCC – 2021 – adaptada) Julgue em verdadeiro
ou falso.
Segundo o STF, a legítima defesa da honra nos
crimes contra a vida está excluída do âmbito do
instituto da legítima defesa, havendo óbice pra
sua utilização de forma direta ou indireta.
R.: VERDADEIRO. Para o STF, a tese de
legítima defesa da honra ofende a CF/88
quanto ao princípio fundamental da
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,
CF/88), da proteção à vida e da igualdade
de gênero (art. 5º, CF/88).
Legítima Defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa


quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito
seu ou de outrem.
Legítima Defesa
Novidade trazida pela lei 13.964/19 – Pacote
anticrime
CP - Art. 25
Parágrafo único. Observados os requisitos
previstos no caput deste artigo, considera-se
também em legítima defesa o agente de
segurança pública que repele agressão ou risco de
agressão a vítima mantida refém durante a
prática de crimes.
(FAPEC – 2021) Plínio, pacato morador do
Município de Dourados-MS, estava em uma
balada na cidade de Ponta Porã-MS a quando
foi agredido injustamente por um conhecido
lutador de artes marciais, chamado Talles.
Imediatamente, Plínio, visando revidar as
agressões perpetradas por Talles, apoderou-se
de um pedaço de madeira, que estava jogado
próximo a sua mesa, e agrediu Talles, visando
a repelir as agressões que estava sofrendo.
Com base no texto acima apresentado, é
correto afirmar:
a) Plínio praticou o crime em estado de
necessidade, causa de exclusão da ilicitude.
b) Plínio praticou o crime em exercício regular
de direito, causa de exclusão da culpabilidade.
c) Plínio praticou o crime em legítima defesa,
causa de exclusão da culpabilidade.
d) Plínio praticou o crime em legítima defesa,
causa de exclusão da ilicitude.
e) Plínio praticou o crime em estrito
cumprimento de dever legal, causa de
exclusão da ilicitude.
R.: D. Excludente de
ilicitude.
Requisitos

❑ Agressão injusta
❑ Agressão atual ou iminente (não
admite defesa futura ou passada)
❑ Defesa de direito próprio ou alheio
❑ Repulsa com “meios necessários”
❑ Uso moderado dos meios (uso
proporcional).
❑ Conhecimento da situação de agressão
(elemento subjetivo)
(UFPR – 2021 – adaptada) A exigência do
meio necessário para configurar a legítima
defesa não corresponde à exigência de
“paridade de armas” como meio para repelir
uma agressão injusta. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. O meio necessário
para repelir a agressão pode até ser
desproporcional, se esse é o único à
disposição, mas deve ser usado de forma
moderada.
Estrito cumprimento de dever legal

❑ O agente que atua no cumprimento de


determinação legal não pratica conduta
ilícita.

Ex: Cumprimento de mandado judicial


de busca e apreensão domiciliar

Ex: Cumprimento de mandado judicial de


prisão.
(MPE/PR – 2021 – adaptada) O
motorista A ignora o sinal de parada
obrigatória e conduz o veículo em sentido
diverso para evitar blitz de trânsito: se o
disparo de arma de fogo pelo policial B,
visando o motorista A, produz apenas
danos superficiais no veículo deste, mas
impede sua efetiva fuga da blitz, a ação do
policial B é justificada pelo estrito
cumprimento do dever legal. Verdadeiro
ou falso?
R.: FALSO.
Exercício regular de direito
❑ Um ato lícito para qualquer área do
direito não pode ser ilícito perante o
direito penal.

✓ Lesões em atividades esportivas


✓ Intervenções médicas ou cirúrgicas
✓ Ofendículos
(UFPR-2021) Assinale a alternativa que contém três excludentes de
ilicitude (causas de exclusão ou excludentes de antijuridicidade).
a) Estrito cumprimento do dever legal, legítima defesa e estado de
necessidade.
b) Erro sobre a ilicitude do fato, estado de necessidade e estrito
cumprimento do dever legal.
c) Coação irresistível, legítima defesa e consentimento do ofendido.
d) Erro de proibição direto, inimputabilidade por doença mental e
obediência hierárquica.
e) Obediência hierárquica, estado de necessidade e coação
irresistível.
R.: A.
Fim
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Aula 17
CULPABILIDADE

❑ Elementos de formação

❑ Excludentes
CRIME

FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL


❑ Culpabilidade – Juízo de reprovação
do agente que comete um fato típico
e ilícito, sabendo que seu
comportamento é contrário à lei e
havendo possibilidade de agir
diferente.
(CESP/CEBRASPE – 2019 – Adaptada) Em relação
à estrutura analítica do crime, o juízo da
culpabilidade avalia
a) a prática da conduta
b) as condições pessoais da vítima
c) a existência do injusto penal
d) a reprovabilidade da conduta
e) a contrariedade do fato ao direito.
R.: D.
Imputabilidade (art. 26, CP)

❑ Capacidade para o agente ser


responsabilizado criminalmente.

❑ Capacidade mental de compreender o


caráter ilícito do fato e de determinar-
se de acordo com esse entendimento.
Inimputáveis

CP - Art. 26 - É isento de pena o


agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Parágrafo único - A pena pode ser
reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de
saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.
Hipóteses de eliminação da
imputabilidade

MENORIDADE

DOENÇA
MENTAL

EMBRIAGUEZ
COMPLETA
1. Menoridade:

❑ Previsão - Art. 27, CP, e Art. 228,


CF

❑ Critério puramente biológico

❑ PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE
INIMPUTABILIDADE

❑ A LEI 8.069/90 (ECA) trata da


menoridade.
(CONSULPLAN – 2019 – Adaptada)
Para o menor de 18 anos, nosso
Código Penal adotou o sistema
puramente biológico. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO.
2. Por doença mental:
❑ (Art. 26, CP) O critério adotado é o
biopsicológico.

✓ Dependência ou intoxicação
involuntária decorrente do consumo de
drogas ilícitas – É DOENÇA (art. 45 da
lei 11.343/06) – critério biopsicológico.
LEI 11.343/06
Art. 45. É isento de pena o agente
que, em razão da dependência, ou
sob o efeito, proveniente de caso
fortuito ou força maior, de droga,
era, ao tempo da ação ou da
omissão, qualquer que tenha sido
a infração penal praticada,
inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse
entendimento.
(CONSULPLAN – 2019 – Adaptada) Para o
doente mental, nosso Código Penal adotou um
misto do sistema biológico com o sistema
psicológico. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
3. Embriaguez completa
(acidental ou involuntária)

CP: Art. 28, § 1º - É isento de pena o


agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
❑ Por embriaguez completa fortuita:
existem cinco modalidades de embriaguez:
preordenada, voluntária, culposa, fortuita e
a patológica.
❑ Caso fortuito – ocorre quando o agente
desconhece o efeito inebriante da
substância que ingere.
❑ Força maior – o agente é obrigado a
ingerir a substância inebriante.
FIM
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Aula 18
Hipóteses que NÃO ELIMINAM A
imputabilidade

SEMI-IMPUTABILIDADE

EMOÇÃO E PAIXÃO

EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL


Art. 26 - Parágrafo único - A pena pode
ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de
saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado não era
inteiramente capaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade
penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou
culposa, pelo álcool ou substância de
efeitos análogos.
(VUNESP – 2019 – Adaptada)
Julgue verdadeiro ou falso.
A emoção ou a paixão excluem
a imputabilidade penal para os
delitos que exigem especial fim
de agir.
R.: FALSO.
Semi-imputabilidade

✓ Critério biopsicológico

✓ Redução de pena de 1/3 a


2/3 ou medida de
segurança.
Medida de segurança
(art. 96):

✓ Internações em hospital

✓ Tratamento ambulatorial
Emoção e paixão

❑ Emoção: perturbação de caráter


rápido, curta duração (ex.:
angústia, medo, ira...),
❑ Paixão: perturbação duradoura,
crônica (ex.: amor, ódio, ciúme,
“paixão pelo time.

✓ Formas de perturbação da
consciência.
Consequências

❑ Emoção: pode servir como


atenuante (art. 65, III, c) ou em
casos específicos, como diminuição
de pena (art. 121, §1º e 129,
§4º).
❑ Paixão: pode ser compreendida
como doença mental.
Embriaguez não acidental
(voluntária ou culposa) – não
excluem a imputabilidade (art. 28, II,
CP).

✓ Embriaguez preordenada – agrava


a pena (art. 61, II, “l”).
(CONSULPLAN – 2019 – Adaptada)
A embriaguez voluntária ou a culposa
não excluem a imputabilidade penal,
segundo a actio libera in causa. Da
embriaguez culposa, contudo, só pode
advir um crime culposo. Verdadeiro
ou falso?
R.: FALSO.
(VUNESP – 2019 – Adaptada) A
embriaguez culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos,
exclui a imputabilidade penal.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. A EMBRIAGUEZ
VOLUNTÁRIA OU CULPOSA NÃO
EXCLUI A IMPUTABILIDADE.
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CONCURSO PÚBLICO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 19
Exigibilidade de conduta
diversa
Era possível o agente agir
diferente, ter outro
comportamento?
Se era possível, ou seja, era
exigível conduta diversa,
haverá culpabilidade.
(CESPE/CEBRASPE Adaptada)
Em um clube social, Paula, maior e
capaz, provocou e humilhou
injustamente Carlos, também
maior e capaz, na frente de
amigos. Envergonhado e com
muita raiva, Carlos foi à sua
residência e, sem o consentimento
de seu pai, pegou um revólver
pertencente à corporação policial
de que seu pai faz parte.
Voltando ao clube depois de
quarenta minutos, armado com o
revólver, sob a influência de
emoção extrema e na frente dos
amigos, Carlos fez disparos da
arma contra a cabeça de Paula,
que faleceu no local antes mesmo
de ser socorrida. A culpabilidade de
Carlos poderá ser afastada por
inexigibilidade de conduta diversa.
R.: FALSO.
Art. 22 do CP – “Se o fato é
cometido sob coação irresistível
ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal,
de superior hierárquico, só é punível
o autor da coação ou da ordem”.
Hipóteses de EXCLUSÃO da
culpabilidade por inexigibilidade de
conduta diversa

❑ Coação moral irresistível

❑ Obediência hierárquica
❑ Coação moral irresistível –
A coação é moral (vis
compulsiva) - emprego de
grave ameaça contra alguém
com o fim de obrigar o
sujeito a tomar uma postura
ilegal.
(CESPE/CEBRASPE – 2018 –
Adaptada) Joaquim, penalmente
imputável, praticou, sob absoluta e
irresistível coação física, crime de
extrema gravidade e hediondez. Nessa
situação, Joaquim não é passível de
punição, porquanto a coação física,
desde que absoluta, é causa
excludente da culpabilidade.
R.: FALSO. É CAUSA DE
EXCLUSÃO DA CONDUTA, FATO
TÍPICO.
Obediência hierárquica – se o fato é
cometido em cumprimento a ordem,
não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor
da ordem.
(FUNCAB – 2013 - adaptada)
A estrita obediência a ordem,
não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico é causa de
exclusão de:
a) Antijuridicidade
b) Culpabilidade
c) Tipicidade
d) Ilicitude
R.: B.
Potencial consciência da ilicitude

❑ Para ser responsabilizado, deve o


agente saber o que fez... Ter
conhecimento da ilicitude de seu
comportamento.
❑ Basta a possibilidade de
conhecimento da antijuridicidade.
Hipótese de exclusão do potencial
conhecimento da ilicitude
❑Erro de proibição ou erro sobre a
ilicitude do fato - o agente atua sem
consciência da ilicitude do fato e não
era possível ter ou atingir essa
consciência (art. 21 do CP).

Ex.: “achado não é roubado” –


incorre no crime do art. 169, II, CP
Erro de proibição

❑ Direto – ignorância sobre o


conteúdo da norma.
❑ Indireto – o agente conhece
a norma, mas acredita estar
amparado por uma excludente
de ilicitude.
Art. 21 - O desconhecimento da
lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável,
isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a
um terço.
✓ Exclui a culpabilidade –
elimina a potencial
consciência da ilicitude.
(CESPE/CEBRASPE – 2019 –
Adaptada) A conduta típica será
inteiramente desculpável e será
excluída a culpabilidade quando o
erro inevitável recair sobre a
ilicitude do fato. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO.
(MPE/RS – 2021 – Adaptada)
Sebastião, contratado por Horácio,
arrancou mudas de árvores nativas
que haviam sido plantadas por
servidores do Município em
logradouro público próximo à
residência do segundo. Flagrados
por policiais militares e conduzidos
à Delegacia de Polícia, foi lavrado
termo circunstanciado da
ocorrência.
Durante a instrução processual,
porém, restou comprovado que
Sebastião, pessoa simples e
analfabeta, desconhecia que sua
conduta fosse contrária à ordem
jurídica, tendo inclusive afirmado,
em seu interrogatório, que, se
soubesse, jamais teria destruído as
plantas. Em sendo assim, Sebastião
incorreu em erro de proibição
direto. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Até a próxima aula
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 20
Art. 29 - Quem, de qualquer modo,
concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor
importância, a pena pode ser diminuída de
um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis
participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter
sido previsível o resultado mais grave.
(INSTITUTO AOCP – 2019) Quem,
de qualquer modo, concorre para o
crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua
culpabilidade. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Circunstâncias incomunicáveis

Art. 30 - Não se comunicam as


circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando
elementares do crime.

Art. 31 - O ajuste, a determinação ou


instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo
menos, a ser tentado
(INSTITUTO AOCP – 2019) Não se
comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, ainda que
elementares do crime. Verdadeiro ou
falso?
R.: FALSO.
(INSTITUTO AOCP – 2018 -
ADAPTADA) Três indivíduos que são
amigos se reúnem para fazer uso de
narcóticos. Porém, em dado momento, os
entorpecentes acabam e eles não têm mais
dinheiro para reabastecer o vício. Um
deles, chamado Ronaldo, propõe que se
dirijam a um ponto de ônibus para roubar
algum transeunte que lá esteja aguardando
a chegada do veículo de lotação.
Contudo, ao se aproximarem do referido
ponto de ônibus, uma viatura policial passa
por eles, inibindo-lhes a vontade de praticar
o delito.
Se o crime de roubo planejado pelo trio não
chegou pelo menos a ser tentado, qual é a
consequência penal para Ronaldo, aquele
que havia sugerido a prática desse delito
contra o patrimônio?
R.: NENHUMA. POIS TAIS ATOS SÃO
IMPUNÍVEIS.
Classificação de delitos quanto a
concurso de pessoas

a) Crime monossubjetivo – é crime


de concurso eventual, praticado por
uma ou várias pessoas associadas.
É a regra no CP.
Ex.: art. 121, 155, 157...

❑ Quando há concurso de mais


de uma pessoa para o cometimento dos
crimes de furto, roubo, estupro, haverá
uma qualificadora ou causa de aumento
de pena.
b) Crime plurissubjetivo – é o delito
em concurso necessário. A pluralidade
de agentes é elementar do tipo.

❑ Para a existência do crime é


fundamental que haja mais de
uma pessoa concorrendo para o
crime.

Ex.: Associação criminosa, rixa,


bigamia...
CONDUTAS NOS CRIMES
PLURISSUBJETIVOS

B1. Condutas paralelas – as várias condutas


se auxiliam mutuamente (ex.: art. 288):

B2. Condutas convergentes - as ações se


convergem para o resultado (ex.: 235 -
bigamia).

B3. Condutas contrapostas – condutas


contrárias entre as partes. Ex.: art. 137 –
rixa.
CONCEITO DE CONCURSO DE PESSOAS

❑ Reunião de indivíduos concorrendo, de


forma relevante, para a efetivação do
mesmo resultado, agindo todos com
identidade de propósitos.

❑ A adesão de vontade dos


agentes ocorre até a consumação do
resultado. Após, qualquer adesão de
vontade pode ensejar crime novo
(autônomo) ou irrelevante penal.
Ex.: “A” e “B” combinam um furto.
Durante a subtração, “C” resolve
auxiliar no delito. Após a subtração da
coisa, “D” admite ocultar o bem em
benefício dos agentes.

A, B, C - respondem por furto qualif.

D - responde por favorecimento


real (art. 349)
Requisitos do concurso de pessoas

❑ Pluralidade de agentes e condutas

❑ Relevância causal das condutas

❑ Liame subjetivo entre os agentes –


agentes estão conscientes que
contribuem para a prática do mesmo
evento, independente de acordo prévio.

❑ Identidade de infração penal – todos


irão contribuir para o mesmo fato.
(CESPE/CEBRASPE – 2018)
Para que fique caracterizado o
concurso de pessoas, é
necessário que exista o prévio
ajuste entre os agentes
delitivos para a prática do
delito. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. O concurso de agentes
dispensa o ajuste prévio, embora o
liame subjetivo entre os agentes seja
necessário.
Teorias aplicadas no concurso de
agentes

Monista (unitária ou igualitária) – o


crime é o mesmo para todos os
concorrentes. Teoria adotada pelo
CP, em regra.

Código Penal
Art. 29 – Quem, de qualquer modo,
concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade.
(FGV - 2018 – adaptada) Julgue em verdadeiro
ou falso a assertiva abaixo.
De maneira geral, os delitos tipificados no
ordenamento jurídico brasileiro são de concurso
eventual, tendo em vista que podem ser
executados por uma ou mais pessoas.
Excepcionalmente, porém, existem delitos de
concurso necessário, sendo indispensável a
pluralidade de agentes para configuração do tipo.
Sobre o tema concurso de pessoas, é correto
afirmar que o Código Penal, como regra geral,
adota a teoria Monista, de modo que autor e
partícipe respondem pelo mesmo crime, cada
um, porém, na medida de sua culpabilidade.
R.: VERDADEIRO.
(CESPE/CEBRASPE – adaptada)
Quanto ao concurso de pessoas, o
direito penal brasileiro acolhe, a teoria
monista, segundo a qual todos os
indivíduos que colaboraram para a
prática delitiva devem, como regra
geral, responder pelo mesmo crime.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
CP - Art. 29 - Quem, de qualquer
modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade.
Pluralista – cada agente responde por
um crime diverso de acordo com sua
conduta.

✓ Ex.: Aborto (agente que consente – art.


124; executor do aborto – art. 126).
✓ Ex.: Corrupção ativa e passiva.

Dualista - haverá um crime para os


executores e outro para os partícipes.
(TRF – adaptada) O Código Penal
brasileiro atualmente vigente adota a teoria
exclusivamente monista do concurso de
agentes. Em decorrência desta opção
dogmática de nosso legislador, jamais, e em
hipótese alguma, nossa legislação admitiu a
possibilidade de excepcioná-la, para adotar a
teoria pluralista. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO.
(FUNDATEC – adaptada) Sobre as
teorias que tratam do concurso de
agentes, indique aquela adotada como
regra pelo Código Penal:
A) Teoria unitária ou monista
B) Teoria pluralista
C) Teoria dualista
D) Teoria objetivo-formal
R.: A.
Até a próxima aula.
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 21
Concurso de agentes – aspectos
relevantes

Autoria e participação

Autoria – conceito depende da


teoria adotada
Teoria objetiva/dualista
(objetivo formal) – estabelece
distinção entre autor e partícipe.

Autor: realiza o núcleo do tipo.


Partícipe: concorre sem realizar
o núcleo do tipo.

❑ O CP adotou essa teoria,


conforme boa parte da
doutrina.
(CESPE/CEBRASPE – 2018 –
adaptada) Clara, tendo descoberto
uma traição amorosa de seu
namorado, comentou com sua
amiga Aline que tinha a intenção de
matá-lo. Aline, então, começou a
instigar Clara a consumar o
pretendido. Nessa situação, se Clara
cometer o crime, Aline poderá
responder como partícipe do crime.
R.: VERDADEIRO.
Teoria do Domínio do Fato
(doutrina moderna) – finalidade de
identificar o autor executor e
diferenciá-lo dos demais personagens.

❑ Só cabe nos crimes dolosos, pois


exige o controle finalístico sobre o
fato.
Aspectos da teoria do domínio do
fato:

a) Domínio da ação: Autor imediato


é aquele que executa o núcleo do tipo
por sua vontade.
b) Domínio da vontade – o agente se vale
de terceiro para a prática do delito, controle
da vontade de terceiro executor. Surge o
autor mediato e nas seguintes hipóteses:

b1. Coação moral irresistível


b2. Erro determinado por terceiro
b3. Domínio da organização.
(UFPR – 2018 – adaptada) A médica M. deseja
matar o paciente P. Para tanto, entrega ao
enfermeiro E. uma ampola contendo substância
venenosa, rotulando-a como medicamento e
dizendo a E. que o conteúdo da ampola deve ser
ministrado imediatamente a P. mediante injeção.
E. injeta em P. a substância venenosa, indo P.
imediatamente a óbito.
Apenas M. deve responder por homicídio
doloso qualificado pelo emprego de
veneno, visto que E., apesar de ter
causado a morte de P., desconhecia o
conteúdo da ampola.
R.: VERDADEIRO. Trata-se de hipótese
de autoria mediata (erro determinado por
terceiro).
c) Domínio funcional: Os agentes
atuam em colaboração, mas ambos
possuem domínio sobre o todo.

❑ Todos respondem pelo mesmo crime


(imputação recíproca).
Ex.: A e B cometem um roubo.

❑ Enquanto A subtrai os bens, B


aponta a arma e mantem a
ameaça sobre as vítimas.
Participação

Partícipe – aquele que concorre


para a infração sem praticar o
núcleo do verbo (teoria objetivo
formal).
❑ Conduta acessória – depende
da existência da conduta
principal.
Formas de participação

❑ Participação moral – por ideias.

induzimento (faz nascer a ideia


criminosa)
Instigação (reforça a ideia)

❑ Participação material – auxílio


material.
Conceitos importantes

❑ Autoria COLATERAL (ou imprópria) –


ocorre quando duas ou mais pessoas, sem
liame subjetivo, concentram suas ações
para o cometimento da infração. Não há
concurso de pessoas.

❑ Autoria INCERTA – ocorrendo a autoria


COLATERAL e não se podendo identificar
efetivamente qual dos agentes causou
o resultado, ambos respondem por crime
tentado, mesmo que haja a consumação do
delito.
(CESPE/CEBRASPE – 2018) João e
Manoel, penalmente imputáveis, decidiram
matar Francisco. Sem que um soubesse da
intenção do outro, João e Manoel se
posicionaram de tocaia e,
concomitantemente, atiraram na direção
da vítima, que veio a falecer em
decorrência de um dos disparos. Não foi
possível determinar de qual arma foi
deflagrado o projétil que atingiu
fatalmente Francisco. Nessa situação, João
e Manoel responderão pelo crime de
homicídio na forma tentada.
R.: VERDADEIRO. Exemplo de
autoria incerta.
(CESPE/CEBRASPE – 2018 - adaptada)
João e Pedro, maiores e capazes, livres e
conscientemente, aceitaram convite de Ana,
também maior e capaz, para juntos
assaltarem loja do comércio local. Em data e
hora combinadas, no período noturno e após o
fechamento, João e Pedro arrombaram a
porta dos fundos de uma loja de decoração,
na qual entraram e ficaram vigiando enquanto
Ana subtraía objetos valiosos, que seriam
divididos igualmente entre os três.
Alertada pela vizinhança, a polícia chegou
ao local durante o assalto, prendeu os
três e os encaminhou para a delegacia de
polícia local.
Na situação considerada, configurou-se a
autoria imprópria (colateral) decorrente
do concurso de pessoas.
R.: FALSO. Trata-se de concurso de
agentes.
Até a próxima aula
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 22
CRIMES CONTRA A
PESSOA
CRIME DE HOMICÍDIO
❑ Início da parte especial do
Código Penal

Título I
Dos Crimes Contra a Pessoa

Capítulo I
Dos Crimes Contra a VIDA
Capítulo I
Dos Crimes Contra a VIDA
✓ Homicídio
✓ Instigação, Induzimento ou Auxílio a Suicídio ou
automutilação
✓ Infanticídio
✓ Aborto
Art. 121 do Código Penal
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

Caso de diminuição de pena


§ 1º Se o agente comete o crime
impelido por motivo de relevante valor
social ou moral, ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a
injusta provocação da vítima, o juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.
(Instituto Consulplan – 2019) O
crime de disparo de arma de fogo
(art. 15 da Lei nº 10.826/2003) se
configura na modalidade
preterdolosa se for praticado como
meio para a execução de um
homicídio (tipificado no art. 121,
“caput”, do CP). Verdadeiro ou
falso?
Lei 10.826/03
Art. 15. Disparar arma de fogo
ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou
em direção a ela, desde que
essa conduta não tenha
como finalidade a prática de
outro crime.
R.: FALSO. O tipo penal de disparo
de arma de fogo, conforme art. 15
da lei 10.826/2003, estará
realizado com a simples prática do
disparo. Se, o agente efetua o
disparo com o fim de matar, deverá
ser responsabilizado pelo crime de
homicídio, tentado ou consumado.
Trata-se de um crime subsidiário.
Conceito de homicídio: é a
injusta morte de uma pessoa
praticada por outrem.
● Nelson Hungria: Homicídio é
o tipo central dos crimes
contra a vida. É o crime
por excelência.
Questão: Onde se encontra o
homicídio preterdoloso?
Questão: Onde se encontra o
homicídio preterdoloso?
R.: É sinônimo de lesão
corporal seguida de morte. É
previsto no art. 129, §3º, CPB.
Homicídio simples
1. Em regra não é crime
hediondo (lei 8.075/90 – “...salvo
quando praticado em atividade
típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só
agente...”
2. É crime comum, praticado por
qualquer pessoa e qualquer pessoa
pode ser vítima.
Conduta: matar alguém em
vida extrauterina.
❑ O crime de homicídio tem

como limite temporal da vida


o nascimento, ou seja, o
início do parto, vida
extrauterina.
Voluntariedade: é punido a título
de dolo (direto ou eventual).

❑ Embriaguez ao volante com


resultado morte
STF: entende ser culpa consciente
(configurando art. 302, CTB).
❑ “Racha” com resultado morte
STF: entende ser dolo eventual (art.
121, CPB).
Consumação: consuma-se com a
morte da vítima (delito material).

❑ Quando se dá a morte? A morte


se dá com a cessação da atividade
encefálica (lei 9.434/97)

Tentativa: crime plurissubsistente.


É possível.
Até a próxima aula
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CONCURSO PÚBLICO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 23
HOMICÍDIO DOLOSO
PRIVILEGIADO
Caso de diminuição de pena
§ 1º Se o agente comete o
crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou
sob o domínio de violenta emoção,
logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode
reduzir a pena de um sexto a um
terço.
São três as
privilegiadoras:

✓ Relevante valor social


✓ Relevante moral
✓ Domínio de violenta
emoção
1. Motivo de relevante valor
social
✓ O agente mata para atender
interesses da coletividade.

Ex1.: Matar o traidor da pátria


(doutrina);
Ex2.: matar perigoso bandido
que ronda a vizinhança.
2. Matar por relevante valor
moral
❑ O motivo está ligado a
sentimentos de compaixão,
misericórdia ou piedade.
Ex.: Eutanásia.
3. Homicídio Emocional
❑ Domínio de violenta emoção –
violenta emoção, intensa e
absorvente.
❑ Reação imediata – reação sem
intervalo temporal, em ato contínuo.
❑ Injusta provocação da vítima –
não significa necessariamente uma
agressão, mas qualquer conduta
desafiadora, ainda que atípica.
❑ Ex.: pai que mata estuprador
da filha logo após o crime

❑ Ex.: esposa que surpreende


o marido em traição.
(CESPE/CEBRASPE - adaptada)
Para a caracterização do homicídio
privilegiado, exige-se que o agente se
encontre sob o domínio de violenta
emoção; para a caracterização da
atenuante genérica, basta que o agente
esteja sob a influência da violenta
emoção, vale dizer, para o privilégio,
exige-se reação imediata; para a
atenuante, dispensa-se o requisito
temporal. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
(Art. 65, III, c)
❑ Homicídio privilegiado-qualificado:
compatível circunstância
privilegiadora (subjetiva) com
circunstância qualificadora (objetiva
– meio/modo)

❑ Não tem caráter hediondo.


(CESPE/CEBRASPE – 2022) O
reconhecimento da causa
especial de diminuição de pena,
quando coexistir com o
homicídio qualificado, afastará o
caráter hediondo do delito.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO
(FCC – 2021) É possível o
reconhecimento do homicídio
qualificado-privilegiado quando
a qualificadora for de natureza
subjetiva. Verdadeiro ou
falso?
R.: FALSO. No homicídio
qualificado-privilegiado a
qualificadora é de ordem objetiva
e a circunstância privilegiadora de
natureza subjetiva.
(CESPE/CEBRASPE – 2018)
Situação hipotética: João,
penalmente imputável,
dominado por violenta emoção
após injusta provocação de
José, ateou fogo nas vestes do
provocador, que veio a falecer
em decorrência das graves
queimaduras sofridas.
Nessa situação, João responderá
por homicídio na forma
privilegiada-qualificada, sendo
possível a concorrência de
circunstâncias que, ao mesmo
tempo, atenuam e agravam a
pena.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Até a próxima aula
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NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 24
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo,
asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou
torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
HOMICÍDIO QUALIFICADO (§2º, ART. 121)

❑Motivo torpe: motivo vil, ignóbil,


repugnante, abjeto (quase sempre
espelhando ganância).
❑Vingança e ciúme são motivos torpes?
Dever ser observado o caso concreto
❑Qualificadora de ordem subjetiva
Motivo torpe em provas de concursos

❑ Rituais macabros
❑ Motivação econômica (intenção de
ocupar o cargo público da vítima)
❑ Homicídio por ordem de facção
criminosa...
Por motivo fútil

❑ Ocorre quando há real


desproporção entre o delito e
sua causa moral (“pequeneza do
motivo”).
Ex.: Briga de trânsito.
III. Com emprego de veneno,
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou
de que possa resultar perigo
comum.
Emprego de veneno – venefício.

❑ Imprescindível que a vítima


desconheça estar ingerindo a
substância letal.
IV. À traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido.
❑Traição: é o ataque inesperado, desleal.
Ex: atirar na vítima pelas costas.
❑ Emboscada: pressupõe ocultamento do
agente que ataca a vítima com
surpresa.
❑ Dissimulação: fingimento, ocultação da
intenção do agente, uma farsa ou
encenação.
(CESPE/CEBRASPE – 2019 –
Adaptada) O crime de homicídio
admite interpretação analógica no que
diz respeito à qualificadora que indica
meios e modos de execução desse
crime. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
V. Para assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime.

❑ Ex.: QUEIMA DE
ARQUIVO
Feminicídio

❑ “contra a mulher por razões da


condição de sexo feminino”

❑ Feminicídio é o homicídio doloso


praticado contra a mulher por “razões
da condição de sexo feminino”, ou seja,
desprezando, menosprezando,
desconsiderando a dignidade da vítima
enquanto mulher.
Feminicídio

❑ Qualificadora de natureza objetiva


– STJ (informativo 625).
Para boa parte da doutrina, trata-
se de qualificadora de caráter
subjetivo.
(FUNDEP UFMG - 2019 –
adaptada) De acordo com o STJ, a
qualificadora do feminicídio pode
coexistir com a qualificadora do
motivo torpe, pois o feminicídio tem
natureza objetiva, o que dispensa a
análise do animus do agente,
enquanto o motivo torpe tem
natureza subjetiva, já que de caráter
pessoal. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
MAJORANTES do Feminicídio (§7º)

❑ Aumento de 1/3 a metade quando:

I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses


posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos,
maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou
portadora de doenças degenerativas que
acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade
física ou mental;
III - na presença física ou virtual de descendente
ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas protetivas
de urgência.
(CESPE/CEBRASPE – 2019) A
circunstância do descumprimento de
medida protetiva de urgência imposta ao
agressor, consistente na proibição de
aproximação da vítima, constitui causa de
aumento de pena no delito de
feminicídio. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO (art. 121,
§7º, IV do CP)
(INSTITUTO AOCP – 2019) Assinale, dentre as alternativas a
seguir, a única que NÃO majora de 1/3 até a metade a pena
para o autor do delito de feminicídio.
a) Praticar o crime nos 5 meses posteriores ao parto.
b) Praticar o crime contra pessoa menor de 14 anos.
c) Praticar o crime contra pessoa com deficiência.
d) Praticar o crime na presença física ou virtual de
descendente ou de ascendente da vítima.
e) Praticar o crime contra pessoa maior de 60 anos.
R.: A.
I - durante a gestação ou
nos 3 (três) meses
posteriores ao parto.
Homicídio Funcional
VII – contra autoridade ou agente
descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do
sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição:
(FUMARC – 2018 - Adaptada) A policial
Michele Putin, na noite de 14 de março de
2018, quando retornava para sua casa,
após liderar uma exitosa operação contra
o tráfico de entorpecentes na comunidade
de “Miracema do Norte”, foi abordada por
dois homens armados e friamente
assassinada.
Num fenomenal trabalho investigatório, a
Polícia Civil logrou êxito em identificar os
assassinos como sendo os irmãos Jorge e
Ernesto Petralha, apurando que tal
homicídio se deu em represália pelas
prisões ocorridas quando da citada operação
policial.
Diante desse quadro, podemos asseverar
que os assassinos responderão por
homicídio funcional, conduta tipificada no
art. 121, §2º, VII CP. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO.
Até a próxima aula
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Professor: João Luiz Evangelista

Aula 25
HOMICÍDIO CULPOSO
Art. 121, §3º: Se o homicídio é
culposo:
Pena – detenção, de um a três
anos.
❑ Ocorre homicídio culposo quando o
agente, com ausência de cuidados,
provoca um resultado não desejado.

❑ Negligência

❑ Imprudência

❑ Imperícia
(VUNESP – 2019) Segundo o Art. 121 do Código
Penal, se o desmoronamento de uma edificação
em obra motivar a morte de um funcionário e a
circunstância for caracterizada como homicídio
culposo, o engenheiro responsável estará
sujeito à pena de
a) Detenção de 1 a 3 anos.
b) Detenção de 4 a 6 anos.
c) Detenção de 8 a 12 anos.
d) Reclusão de 2 a 4 anos.
e) Reclusão de 5 a 10 anos.
R.: A.
(INSTITUTO AOCP – 2019 - Adaptada)
Os crimes de homicídio, lesão corporal
e peculato admitem a forma culposa.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Art. 121, §3º - homicídio culposo.
Art. 129, §6º - lesão corporal culposa
Art. 312, §2º - Peculato culposo.
PERDÃO JUDICIAL
§ 5º - Na hipótese de homicídio
culposo, o juiz poderá deixar de
aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente
de forma tão grave que a sanção
penal se torne desnecessária.
PERDÃO JUDICIAL

❑ Aplicável ao homicídio culposo

❑ Se as consequências da infração
atingirem o próprio agente de
forma tão grave que a sanção penal
se torne desnecessária.
(NUCEPE - 2019 - Adaptada)
O perdão judicial pode ser
aplicado em caso de homicídio
culposo ou privilegiado.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. O perdão judicial
está previsto para o homicídio
culposo no §5º do art. 121.
Até a próxima aula
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Professor: João Luiz Evangelista

Aula 26
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
TÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIO

Capítulo I
Do furto: arts. 155 a 156.
ART. 155 – “Caput” – furto simples
§1º - majorante do repouso noturno – furto noturno
§2º - furto privilegiado
§3º - furto de energia
§4º - qualificadoras
§4º-A – qualificadora (Lei 13.654/18) furto com explosivos
(crime hediondo)
§4º-B – qualificadora – furto por meio digital (Lei 14.155/21)
§4º-C majorante do furto por meio digital (Lei 14.155/21)
§5º- qualificadora
§6º - qualificadora (Lei 13.330/16) - abigeato
§7º - qualificadora (Lei 13.654/18) – furto de explosivos
Art. 155 - Subtrair, para si ou
para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa.

❑Bem jurídico tutelado: patrimônio


alheio com valor econômico ou não
– posse ou detenção legítima.

❑ Crime comum – qualquer pessoa


pode cometer o delito.
❑Ânimo de assenhoreamento
(apossamento) – agir como dono
– crime doloso.

❑Coisa abandonada não é


objeto material de furto.
(INSTITUTO AOCP – 2019 - Adaptada)
A coisa abandonada pode ser objeto
material do crime de furto. Verdadeiro ou
falso?
R.: Falso.
❑ Coisa achada não é objeto
de furto.
❑ Aquele que se apropria de
coisa achada e não a
devolve, comete o crime de
apropriação de coisa
achada (art. 169, p. único,
II do CP).
Subtração de equipamentos de
proteção individual (EPIs), por
ocasião de calamidade pública, é
FURTO?
R.: Não. Trata-se do ART. 257 do
CP.
Subtração, ocultação ou inutilização de
material de salvamento

Art. 257 - Subtrair, ocultar ou


inutilizar, por ocasião de incêndio,
inundação, naufrágio, ou outro desastre ou
calamidade, aparelho, material ou qualquer
meio destinado a serviço de combate ao
perigo, de socorro ou salvamento; ou
impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e
multa.
Qual o crime de quem
subtrai coisa sua na posse
de terceiro?
R.: Art. 345 – exercício
arbitrário das próprias
razões
❑ Fazer justiça com as
próprias mãos.
“A” ao ser demitido ficou com um
crédito trabalhista da empresa onde
trabalhava. Ocorre que “B”, antigo
patrão, recusa-se a pagar os valores
devidos a “A”. Neste caso, “A”
resolve invadir a empresa e subtrair
mercadorias no valor do montante da
dívida trabalhista a fim de resolver a
questão. “A” deve responder pelo
crime de furto. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. Crime do art. 345 –
Exercício arbitrário das próprias
razões.
Subtração praticada por
funcionário público configura
o crime de peculato ou
furto?

a) Será furto se agiu sem a


facilidade do cargo.
b) Será peculato se a facilidade
do cargo contribuiu para a
subtração.
Peculato furto
Art. 312 - § 1º - Aplica-se a mesma
pena, se o funcionário público, embora
não tendo a posse do dinheiro, valor ou
bem, o subtrai, ou concorre para que
seja subtraído, em proveito próprio ou
alheio, valendo-se de facilidade que
lhe proporciona a qualidade de
funcionário.
(INSTITUTO AOCP – 2019) Um
servidor público estadual apropriou-
se de um computador, do qual tinha
a posse em razão de seu cargo, a fim
de entregá-lo como presente para
sua esposa. Qual foi o delito
praticado por esse servidor?

a) Furto
b) Concussão
c) Peculato
d) Prevaricação
e) Corrupção passiva.
R.: C.
Furto de uso é crime?

Requisitos:

a) Finalidade de uso.
b) Coisa não consumível
c) Restituição integral
❑Consumação (teoria da amotio):
ocorre quando a coisa passa para o
domínio do agente, mesmo que por
pouco tempo. Basta a inversão da
posse do bem.

❑É cabível a tentativa.

❑ A vigilância constante não torna o


crime impossível – Súmula 567
(STJ)
(FUNDEP – 2019 - adaptada) O delito
de roubo, assim como o de furto,
consuma-se no momento em que o
agente se torna possuidor da coisa alheia
móvel, ainda que por poucos instantes,
sendo prescindível a posse mansa,
pacífica, tranquila e desvigiada do bem.
Dessa forma, prevalece, a teoria
da amotio ou apprehensio junto ao
Superior Tribunal de Justiça. Verdadeiro
ou falso?
R.: VERDADEIRO.
Súmula 567 (STJ): Sistema de
vigilância realizado por monitoramento
eletrônico ou por existência de
segurança no interior de
estabelecimento comercial, por si só,
não torna impossível a configuração de
furto.
ATÉ A PRÓXIMA AULA
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Professor: João Luiz Evangelista

Aula 27
§1º - A pena aumenta-se de 1/3,
se o crime é praticado durante o
repouso noturno

❑ Repouso noturno é o horário de


recolhimento para o descanso.
❑ O costume local vai indicar o
período – costume interpretativo.

❑ STF/STJ – não impede a


majorante se a casa está vazia ou os
moradores acordados.
Furto privilegiado

§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de
pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.

❑ Coisa de pequeno valor = menos que o


salário mínimo.
❑ Criminoso primário

❑ Não se confunde com o furto insignificante.


Para aplicação do princípio da insignificância, a
coisa subtraída deve ter valor inferior a 10%
do salário mínimo.
Furto PRIVILEGIADO-
QUALIFICADO
STJ: compatíveis com o privilégio
do furto as qualificadoras de
ordem objetiva.

❑ Não cabe para a qualificadora


de abuso de confiança (de
ordem subjetiva)
(CESPE/CEBRASPE – 2019 -
adaptada) Pedro, réu primário, valendo-
se da confiança que lhe depositava o seu
empregador, subtraiu para si mercadoria
de pequeno valor do estabelecimento
comercial em que trabalhava. Nessa
situação, apesar de configurar a prática
de furto qualificado pelo abuso de
confiança, o juiz poderá reconhecer o
privilégio.
R.: FALSO
(FUNDEP – 2019 - adaptada)
Gustavo e Thiago subtraíram a quantia
de R$ 300,00 da carteira de um amigo
com quem dividiam uma mesa no
restaurante em que almoçavam. No
caso de uma condenação pelo delito de
furto, se presentes todos os requisitos
legais, o juízo deverá reconhecer o
furto de pequeno valor (art. 155, §2º
do CP), mesmo nesse caso incidindo a
qualificadora do concurso de agentes e
do abuso de confiança. Verdadeiro ou
falso?
R.: FALSO
Furto famélico – subtração
de pequena quantidade de alimento
para saciar a própria fome ou de
familiares, quando não há outro meio
de obter o alimento (hipótese de
estado de necessidade).
Cláusula de equiparação – furto de
energia

§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a


energia elétrica ou qualquer outra
que tenha valor econômico.

❑ Energia térmica, mecânica,


radioativa e genética (sêmen de
animal)
❑Imprescindível o valor econômico
(INSTITUTO AOCP – 2019 -
Adaptada) O crime de furto
ocorre quando o agente subtrai,
para si ou para outrem, coisa
alheia móvel, equiparando-se à
coisa móvel, à energia elétrica ou
a qualquer outra que tenha valor
econômico. Verdadeiro ou
falso?
R.: VERDADEIRO.
ATÉ A PRÓXIMA AULA
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Professor: João Luiz Evangelista

Aula 28
Qualificadoras

§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito


anos, e multa, se o crime é cometido:

I - com destruição ou rompimento de


obstáculo à subtração da coisa;

II - com abuso de confiança, ou mediante


fraude, escalada ou destreza;

III - com emprego de chave falsa;

IV - mediante concurso de duas ou mais


pessoas.
(INSTITUTO AOCP – 2019 - Adaptada)
O furto é qualificado se o crime for
cometido com destruição ou rompimento de
obstáculo à subtração da coisa.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. (Art. 155, §4º, I)
(FGV – 2019) Carlos, guarda municipal, durante seu
horário de trabalho, verifica que Joana, declarando-se
vendedora de roupas, aproxima-se de Marta e passa a
lhe mostrar as saias que teria para venda.
Enquanto Marta analisava as roupas apresentadas,
Joana, aproveitando-se da situação criada, pega o
telefone celular de Marta, que estava em cima do
banco. Em seguida, Joana tenta deixar o local dos
fatos, levando o telefone e as saias, pois, na verdade,
não era vendedora, mas vem a ser presa em flagrante
por Carlos.
Encaminhada à Delegacia e confirmados os fatos,
Joana deverá ser responsabilizada pelo crime de furto
mediante fraude. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
❑ Escalada – via anormal para ingressar
no local desejado. Exige-se esforço
incomum. Ex.: túnel, escalada de muro
alto...

❑ Destreza – habilidade do agente. A


coisa deve estar junto ao corpo da
vítima quando da subtração.
Ex.: batedor de carteira.

❑ STJ: a conduta do trombadinha


caracteriza o crime de roubo.
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4
(quatro) a 10 (dez) anos e multa,
se houver emprego de explosivo
ou de artefato análogo que cause
perigo comum.

❑A lei 13.964/19 (Pacote


Anticrime) tornou hediondo o
furto qualificado pelo emprego
de explosivos.
Ex.: Explosão de caixa
eletrônico.
Mudanças no crime de furto – lei 14.155/21

§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)


anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou
não à rede de computadores, com ou sem a violação de
mecanismo de segurança ou a utilização de programa
malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento
análogo.
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,
considerada a relevância do resultado gravoso:
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
se o crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional;
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o
crime é praticado contra idoso ou vulnerável.
Furto de abigeato

§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a


5 (cinco) anos se a subtração for de
semovente domesticável de produção,
ainda que abatido ou dividido em partes
no local da subtração.

❑ Objeto material – semovente


domesticáveis – bovinos, suínos,
caprinos, frangos. A doutrina
também aponta animais
domesticados (cães, gatos,
cavalos...).
(INSTITUTO AOCP – 2019 -
Adaptada) A pena é aumentada de um
terço se a subtração for de semovente
domesticável de produção, ainda que
abatido ou dividido em partes no local
da subtração. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. Furto de abigeato é
qualificadora com pena de 2 a 5 anos
de reclusão.
Furto de explosivos

§ 7º A pena é de reclusão de 4
(quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a
subtração for de substâncias explosivas
ou de acessórios que, conjunta ou
isoladamente, possibilitem sua
fabricação, montagem ou emprego.

❑ Objeto material – explosivos. Não é


crime hediondo.
Até a próxima aula
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Professor: João Luiz Evangelista

Aula 29
TÍTULO XI
DOS CRIMES CONTRA A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

CAPÍTULO II
DOS CRIMES PRATICADOS
POR PARTICULAR
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
GERAL
❑ RESISTÊNCIA

❑ DESOBEDIÊNCIA

❑ DESACATO
Resistência
Art. 329 - Opor-se à execução de ato
legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo
ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de dois meses a dois
anos.
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência,
não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 2º - As penas deste artigo são
aplicáveis sem prejuízo das
correspondentes à violência.
❑ Trata-se de infração penal de
menor potencial ofensivo –
JECRIM.
❑ §1º - Qualificadora se da
resistência o ato não se executar.
Ou seja, da resistência o agente
impede que o ato legal seja
executado.
❑ Se envolve violência – aplica-se
ainda a pena da violência
(§2º)
(CESPE/CEBRASPE – 2017 –
Adaptada) Caso a parte resista,
com uso de violência, ao
cumprimento do mandado judicial e
a diligência deixe de ser cumprida
em razão disso, ficará configurado o
crime de resistência qualificada em
concurso material com o crime
decorrente da violência.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. É o
que preceitua o art. 329,
“caput” e seus parágrafos
§1º e §2º.
❑ Conduta: opor-se
positivamente à execução do
ato legal por meio de:
a) Violência (emprego de força
física)
b) Ameaça (constrangimento
moral)

❑ Admite-se a tentativa.
(VUNESP-2018 – Adaptada) Mévia,
ao se opor à apreensão ilegal de seu
filho menor pela Polícia Militar, pratica
o crime de resistência, definido no art.
329, do CP. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. O crime só existe
se a oposição (resistência)
envolve a execução de ato
legal
(QUADRIX - 2017 – Adaptada)
Configura-se o crime de resistência
quando o agente, para evitar
cumprimento de reintegração de posse,
lança pedras contra o oficial de justiça
que está cumprindo o mandado.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO. O crime
de resistência exige a
violência ou grave ameaça
na oposição à execução do
ato.
❑ Bem jurídico tutelado: preservação
da autoridade e do prestígio inerentes
à Administração Pública – regular
desenvolvimento das atividades da
Administração Pública.

❑ Sujeito ativo: qualquer pessoa –


crime comum.

❑ Terceira pessoa pode configurar como


sujeito ativo do crime de resistência
ao agir para evitar a execução do ato.
(FCC - 2017 – Adaptada)
Marcelino, dirigindo seu veículo, é
abordado por policiais militares que
o vistoriaram e nada encontraram de
irregular, nem com a documentação
do veículo, tampouco com os
documentos pessoais, os quais
estavam plenamente válidos.
Apenas por precaução, os policiais o convidaram para
ir à Delegacia de Polícia para fazer uma melhor
averiguação de sua vida pregressa já que não
simpatizaram com ele. Marcelino se recusa a
acompanhá-los e, os policiais o alertam que o
conduzirão à força, caso ele não concorde. No entanto,
ele novamente não aceita acompanhá-los resistindo à
ordem. A conduta de Marcelino não configura crime.
Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
❑ A conduta contra dois ou mais
funcionários não configura mais
de um crime se o comportamento
se enquadra no mesmo contexto
fático.
❑ Ex.: “A” e “B”, policiais civis,
cumprem mandado de prisão de
“C”, mas este, para evitar sua
prisão, resiste positivamente
contra a diligência policial.
❑ Não se considera crime a
resistência passiva (ex.: fuga,
recusa em abrir portas, esconder-
se...).
❑ A resistência passiva pode até
configurar desobediência ou
desacato.
Ex.: “A” e “B”, policiais civis,
cumprem mandado de prisão de
“C”, mas este, para evitar sua
prisão, agarra-se a um poste de
luz.
❑ A violência contra a coisa não
caracteriza o crime de
resistência, mas pode resultar
no crime de dano.

Ex.: “A” e “B”, policiais civis,


cumprem mandado de prisão
de “C”. Após sua algemação e
já no interior da viatura, “C”
danifica dolosamente o veículo
policial.
❑ Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o
uso de algemas em casos de resistência
e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou
alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e
penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.
(FCC – 2018 – adaptada) Astolfo, é
surpreendido na prática de crime de roubo e
recebe ordem de prisão por dois policiais
militares do Estado X que estão devidamente
fardados e com viatura. Para evitar a prisão,
Astolfo arremessa pedras em direção aos
policiais ferindo a ambos que, ainda assim,
conseguem prendê-lo com o uso da força
necessária. Astolfo poderá ser responsabilizado
pelo delito de resistência, sem prejuízo de
outros eventuais delitos. Verdadeiro ou falso?
R.: VERDADEIRO.
❑Os atos de violência ou ameaça devem
ocorrer durante a execução da ordem.

❑Caso ocorram antes ou depois, poderá


existir outro crime (lesão corporal,
ameaça...).

Ex.1: “A” e “B”, policiais civis, cumprem


mandado de prisão de “C”. Durante o
cumprimento do mandado “C” ameaça de
morte os policiais. Responde pelo crime
de resistência.
Ex.2: “A” e “B”, policiais civis, cumprem
mandado de prisão de “C”. Já detido, ao
sair da viatura na dependências da
Delegacia de Polícia, “C” investe contra o
policial “A” provocando lesão corporal
leve no agente de segurança pública.
Responderá pelo crime de lesão
corporal.
❑ A resistência deve recair contra
servidor público ou particular que o
auxilia, pouco importando se a ajuda
foi solicitada ou não.
Ex.: “A”, policial civil, ao cumprir
mandado de prisão de “B” recebe auxílio
de um transeunte para execução do ato.
Durante a diligência, “B” ameaça a
pessoa que auxiliou os policiais.
Responderá por crime de resistência.
(CESPE/CEBRASPE – 2018) Constitui
crime de resistência bloquear o ingresso de
oficial de justiça munido de mandado de
intimação no domicílio durante o período
noturno do sábado. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. Não há crime de resistência
quando ausentes a violência ou ameaça. A
questão ainda está errada em face da
inviolabilidade domiciliar, conforme previsão
constitucional. Temos:
CF/88 – Art. 5º
XI - a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante
delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial;
ATÉ A PRÓXIMA AULA
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Professor: João Luiz Evangelista

Aula 30
Desobediência
Art. 330 - Desobedecer a ordem
legal de funcionário público:
Pena - detenção, de quinze dias
a seis meses, e multa.
❑ Crime de menor potencial
ofensivo – JECRIM

❑ Bem tutelado: prestígio


da Administração Pública –
fiel cumprimento da ordem
legal.
❑ Sujeito ativo: crime
comum.
❑Conduta: o agente
deliberadamente desobedece
ordem legal individualizada.

❑Elemento subjetivo: dolo.

❑ Não haverá o delito se a


desobediência for descumprimento
de um pedido ou solicitação.
(Vunesp – 2018 – adaptada)
Semprônio, ao se recusar a assinar
o mandado de citação de ação de
execução, perante o oficial de
justiça, pratica o crime de
desobediência, previsto no art.
330, do CP. Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. A assinatura na
via escrita do mandado não é
obrigatória.
(Vunesp – 2019 – adaptada) A
conduta de desobedecer ordem,
ainda que ilegal, de funcionário
público caracteriza o crime de
desobediência. Verdadeiro ou
falso?
R.: FALSO.
(Vunesp – adaptada) O crime
de desobediência admite sua
prática na modalidade culposa.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO.
❑Se da ordem já existir uma
sanção não penal, não haverá o
crime.
Ex.: multa, infração disciplinar
administrativa...

❑Não haverá o crime quando a


recusa é para não produzir prova
contra si mesmo.
Ex.: Recusa ao bafômetro.
❑Lei Maria da Penha (Lei
11.340/06) - descumprimento de
ordem judicial que impõe medidas
protetivas resulta no crime do art.
24-A da Lei.

❑Se o descumprimento for de


medidas protetivas impostas pelo
delegado, haverá o crime de
desobediência do CP.
ATÉ A PRÓXIMA AULA
PREPARATÓRIO
CONCURSO PÚBLICO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL


Professor: João Luiz Evangelista

Aula 31
Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público
no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa.
❑ Crime de menor potencial ofensivo –
JECRIM.
❑ Bem jurídico: prestígio da
Administração Pública, respeito ao
regular andamento das atividades
administrativas.
❑ Sujeito ativo: qualquer pessoa –
crime comum.
❑ Conduta dolosa.
(FUNDAÇÃO SOUSÂNDREDE -
adaptada) Aquele que por meio de
palavras ou atos que redundem em
vexame, humilhação, desprestígio ou
irreverência, a servidor público, civil
ou militar, no exercício da função ou
em razão dela, comete o crime
de desacato. Verdadeiro ou falso.
R.: VERDADEIRO.
(CONSULPLAN – 2019 -
adaptada) O crime de desacato é
considerado de pequeno potencial
ofensivo pela legislação
brasileira. Verdadeiro ou falso.
R.: VERDADEIRO. O
crime de desacato é de
menor potencial ofensivo,
ou seja, da competência
do JECRIM.
(QUADRIX - 2017 – Adaptada)
Nos termos da jurisprudência, os
crimes de resistência e desacato
admitem modalidade culposa.
Verdadeiro ou falso?
R.: FALSO. Os crimes de
resistência e desacato só
existem na modalidade
dolosa.
❑ Funcionário público, se estiver no
exercício da função, responde pelo
crime de desacato, independente da
ofensa ser contra superior
hierárquico – STJ 6ª T.
Ex.: “A”, servidor público, durante
expediente de trabalho, ofende
verbalmente outro servidor público
no exercício da atividade.
Responderá pelo crime de desacato.
❑ Advogado, no exercício da
atividade, pode responder por
crime de desacato.
Ex.: Advogado “A”,
representando seu cliente em
Delegacia de Polícia, desacata
policial no exercício da atividade.
(CONSULPLAN – 2019 - adaptada)
O crime de desacato protege apenas o
bem jurídico de autoridades da
Administração Pública. Verdadeiro ou
falso.
R.: FALSO. O tipo penal
resguarda o respeito à
Administração Pública,
independente do servidor público
ser “autoridade” ou não.
❑ A finalidade é desrespeitar o agente
público. Críticas à atuação do
servidor público não caracterizam o
desacato.

❑ A ofensa deve ocorrer na presença


física do servidor. NÃO EXISTE
DESACATO POR TELEFONE OU
OUTRO MEIO A DISTÂNCIA. Pode
ocorrer crime contra a honra.
❑ STJ – No mesmo contexto fático,
havendo resistência e desacato, a
resistência absorve o desacato. Em
contextos distintos, haverá concurso
de crimes.
Ex.1: Policial civil, durante
cumprimento de mandado de prisão
sofre resistência ativa e violenta, além
de ser desacatado pelo sujeito que
está sendo preso. Só restará
caracterizado o crime de resistência.
❑ Ex.2: Policial civil, durante o
cumprimento de mandado de prisão
sofre oposição ativa e violenta ao ato
legal.
Depois de dominado e apresentado à
Autoridade Policial, o preso desacata o
policial que o deteve. Responderá
pelos crimes de resistência e desacato.
(CONSULPLAN – 2016) Segundo
o Código Penal, Decreto-Lei nº
2.848/1940, são crimes praticados
por particular contra a
administração em geral, EXCETO:
a) Corrupção passiva
b) Desobediência
c) Desacato
d) Resistência
R.: A
ATÉ A PRÓXIMA AULA

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