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Santana de Parnaíba
2015
RICARDO GOMES DE SOUSA
R.A.: C61931-0
Santana de Parnaíba
2015
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
4. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 11
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estado de inocência (ninguém deve ser considerado culpado senão em transito em
julgado, artigo 5°, inciso LVII da Constituição Federal), princípio da igualdade (o
delinquente não pode ser discriminado em razão da cor, religião, sexo e etc.), o
princípio do ne bis in idem (ninguém pode ser punido mais de uma vez por uma mesma
infração penal, ou seja, ninguém pode sofrer duas penas pelo do mesmo crime ou
ninguém pode ser autuado e julgado pelo mesmo fato duas vezes) e o princípio da
irretroatividade da lei penal (a lei não pode retroagir a não ser para beneficiar o réu).
Após explicar basicamente os princípios fundamentais do Direito Penal o
presente trabalho irá abordar o princípio da irretroatividade da lei Penal e o abolitio
criminis (abolição do crime). No abolitio criminis trata-se da lei futura anula o tipo penal
incriminador, ocorrendo o fato a ser estimado irregular. São classificados como leis
penais do tempo.
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2. IRRETROATIVIDADE DA LEI
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ingressou na Justiça com pedido de trancamento da ação penal que é resultado da
denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) de um esquema de corrupção lotado
na Setas (Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social) que desviou no
mínimo R$ 8 milhões. Trata-se do empresário Lídio Moreira dos Santos, proprietário
da LM dos Santos Espaço Editora Gráfica e Publicidade Ltda., que impetrou habeas
corpus, no dia 2 de outubro. (FOLHAMAX, 2014)
A defesa alega que o tipo penal somente foi publicado em momento posterior aos
fatos descritos nos autos. Ou seja, a lei não pode retroagir para prejudicá-lo. O habeas
corpus foi impetrado para combater a decisão que recebeu a denúncia em relação ao
delito do art. 2° da Lei 12.850/2013 (que diz: “Promover, constituir, financiar ou
integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas.” E a Lei 12.850/2013 “Define
que a organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no
9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências.”), diante do princípio da
irretroatividade da lei penal, haja vista que o fato atribuído ao empresário no
aditamento da denúncia se encerrou em dezembro de 2012, ou seja, antes da vigência
da Lei 12.850/2013”. Conforme o Ministério Público Estadual (autor da ação), no
esquema pra desvios, Lídio Moreira teria recebido R$ 985,6 mil da Secretaria de
Trabalho e Assistência Social (Setas), sob o comando de Roseli Barbosa, para a
produção dos livros que seriam utilizados nos cursos do programa Qualifica Mato
Grosso VII. (FOLHAMAX, 2014)
A quantia foi recebida no dia 20 de dezembro de 2012, após a empresa ser
contratada com dispensa de licitação. O julgamento do habeas corpus será feito pelo
desembargador Rondon Bassil Dower Filho, da Segunda Câmara Criminal do Tribunal
de Justiça de Mato Grosso. No dia 5 de outubro, o desembargador Orlando de Almeida
Perri, que atuava em substituição legal no caso, determinou que fossem colhidas
informações para avaliar o pedido de liminar. (FOLHAMAX, 2014)
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3. ABOLITIO CRIMINIS
O Abolitio Criminis é o termo em latim que significa abolição do crime, e diz que
a lei futura permite apreciar o crime um fato, que interrompem o cumprimento e as
implicações penais de uma sentença condenatória. Ingressando em vigor a lei nova
deve ser reconhecida e declarada na primeira e segunda instância. Também é
chamada de novatio legis (nova lei).
O abolitio criminis está apurado no artigo 2° do Código Penal que diz: “Ninguém
pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.”
Como a lei deixou de ser uma infração, o Estado perde a vontade de atribuir ao
agente nenhuma pena, motivo pela qual atua a extinção da punibilidade que está
prevista no artigo 107, inciso III que relata: “pela retroatividade de lei que não mais
considera o fato como criminoso;”, que é fundamentado no princípio da retroatividade
da lei mais benéfica, por isso a abolitio criminis retroage, alcançando o autor de
determinado fato, anteriormente tido como típico. Esse deverá ser colocado em
liberdade (se tivesse sido preso) e seus antecedentes criminais limpo e não
considerado mais delituoso. O delito desaparece, juntamente com todos os seus
reflexos penais, mas permanece os efeitos civis, e não terá peso se o indivíduo vier a
cometer outro fato ilícito.
Um exemplo de abolitio criminis é: A exclusão de substância que compõe
“lança-perfume’” da lista de entorpecentes proibidos pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) durante oito dias garante que comercialização da droga
não configure crime no período. Com esse entendimento, o ministro do Supremo
Tribunal Federal Celso de Mello, em decisão monocrática, concedeu Habeas Corpus
para invalidar sentença de uma pessoa condenada por tráfico de drogas depois de ter
transportado frascos de droga. Exclusão do cloreto de etila da lista da faz projetar os
efeitos da norma mais benéfica. No entendimento do ministro, relator do caso, trata-
se de caso de abolitio criminis temporária "pelo fato de referida exclusão, embora por
um brevíssimo período, descaracterizar a própria tipicidade penal da conduta do
agente". (CONJUR, 2015)
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No caso narrado no Habeas Corpus 120.026, um homem foi preso em flagrante
pela Polícia Rodoviária Federal com 6 mil frascos de “lança-perfume”, no dia 12 de
novembro de 2000, e condenado a 3 anos e 9 meses de prisão pelo crime de tráfico
de entorpecentes. (CONJUR, 2015)
Acontece que, em 7 de dezembro de 2000, a Anvisa editou a Resolução
104/2000, que excluiu o cloreto de etila da relação constante na lista de substâncias
psicotrópicas de uso proibido no Brasil (Portaria SVS/MS 334/98). Em 15 de dezembro
do mesmo ano, a substância foi reincluída na lista por uma nova portaria. O ministro
Celso de Mello enfatizou em sua decisão que, “antes mesmo do advento da
Resolução Anvisa 104/2000, o STF já havia firmado entendimento no sentido de que
a exclusão do cloreto de etila da lista de substâncias psicotrópicas vedadas editada
pelo órgão competente do Poder Executivo da União Federal faz projetar,
retroativamente, os efeitos da norma integradora mais benéfica, registrando-
se abolitio criminis em relação a fatos anteriores à sua vigência, relacionados ao
comércio de referida substância, pois, em tal ocorrendo, restará descaracterizada a
própria estrutura normativa do tipo penal em razão, precisamente, do
desaparecimento da elementar típica substância entorpecente ou que determina
dependência física ou psíquica”. (CONJUR, 2015)
O ministro menciona em sua decisão precedente da 2ª Turma do STF (no julgamento
do HC 94.397) segundo o qual os fatos ocorridos antes da primeira portaria da Anvisa
"tornaram-se atípicos" (não configuram crime). Assim, a condenação decretada pela
primeira instância, e mantida pelo Superior Tribunal de Justiça, não observou os
critérios firmados pela jurisprudência do STF. (CONJUR, 2015)
A decisão do ministro Celso de Mello que concedeu o Habeas Corpus foi: “Em
suma: a análise dos fundamentos invocados pela parte ora impetrante leva-me a
entender que a condenação penal proferida pelo magistrado federal de primeira
instância, e mantida pelo E. Superior Tribunal de Justiça, não observou, quanto aos
frascos de “lança perfume”, os critérios que a jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, apoiada em expressivo magistério doutrinário, firmou no tema ora em análise.
Sendo assim, e pelas razões expostas, defiro o pedido de “habeas corpus”, para julgar
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extinta a punibilidade do ora paciente, apenas em relação ao delito de tráfico de
entorpecentes, tal como definido na legislação então vigente no momento da prática
criminosa (Lei nº 6.368/76, art. 12, 11 Documento assinado digitalmente conforme MP
n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas
Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico
http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 8610557. HC 120026 / SP
“caput”, c/c o art. 18, I e III).” (CONJUR, 2015)
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4. CONCLUSÃO
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. 14. ed. Vol. 1. São Paulo:
Saraiva, 2010.
DAMÁSIO, de Jesus. Direito penal: parte geral. 33. ed. Vol. 1. Brasil: Saraiva, 2012.
CURIA, Luiz Roberto. CÉPEDES, Livia. ROCHA, Fabiana Dias. Vade Mecum
Compacto. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2015
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