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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Princípio da Legalidade

O princípio da Legalidade sustenta-se no art 1 do CP e na Constituição Federal,


que dizem: “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”. Basicamente, este princípio penal garante a reserva legal do Direito
Penal. A reserva legal afirma que apenas a lei por estabelecer crime e pena, ou seja, a
matéria penal não pode ser decidida por decreto, medida provisória e etc. Nesse sentido,
deste artigo originam-se dois outros princípios. O princípio da anterioridade e da
irretroatividade. A anterioridade refere-se ao conceito de que apenas o fato praticado após
a entrada em vigência de determinada lei pode ser considerado crime. A irretroatividade
parte do princípio que a lei não pode retroagir para penalizar fato anterior a sua vigência.
Entretanto, há uma exceção com relação ao benefício do réu, sendo que este pode ser
beneficiado pela retroatividade da lei.
Nesse sentido, esse princípio garante a reserva legal e uma segurança jurídica,
mitigando incertezas que poderiam ser interpretadas de forma abusiva pelo estado.
Portanto, o princípio da taxatividade também deve ser observado, devendo a lei ser lex
certa.
Por entendimento do STF, medida provisória só pode tratar de matéria penal
quando a decisão for em benefício do réu. Além disso, a analogia no direito penal só
pode ser aplicada em benefício do réu. Entretanto, este entendimento não estende-se
para a interpretação extensiva para parte da doutrina. O STF entende que a interpretação
extensiva também pode ser utilizada se para prejuízo do Réu. (PROVA)
As normas penais em branco são situações que não esclarecem determinados
termos na lei. Como exemplo, cita-se a Lei de Drogas, que não especifica o que pode ser
considerado substâncias entorpecentes.
As normas penais em branco podem ser divididas em heterogêneas e homogêneas.
Heterogêneas quando a fonte para a complementação parte de legislação diferente do
órgão regulador da lei, que é o caso da ANVISA ao estabelecer o que são entorpecentes
químicos. Já, as homogêneas recebem complementação do mesmo órgão legislador, por
ex de outra lei federal.
As normas penais em branco não violam o princípio da reserva legal.

Princípio da Anterioridade

A lei não retroage. O fato deve ser anterior à lei. Princípio da irretroatividade da lei
penal é decorrente da anterioridade. Uma exceção é feita em caso de benefício do Réu.

Princípio da Individualização da pena

Cada caso é um caso. A pena deve ser executada com base nas características
pessoais de cada indivíduo. Ela deve ocorrer em três esferas:
- Judicial: ao sentenciar alguém observando as suas particularidades
- Administrativa: ao executar a lei, dando vez por exemplo à progressão de regime
caso seja necessário
- Legislativa: ao elaborar as leis, respeitando e não restringindo a individualização.
Por ex. penas de 6 a 10 anos. Não restringir colocando apenas 10 anos

O STF considera ilegal o cumprimento de pena integralmente em regime fechado


para o caso de crimes hediondos, ferindo o princípio da individualização da pena.

Princípio da Intranscendência

Este princípio afirma que a pena não passa da pessoa do acusado. Isto é, os
parentes não poderão sofrer a pena em decorrência das atitudes do condenado. Por
exemplo, o réu morre antes do cumprimento total da pena. Assim, a família não irá cumprir
o restante, ficando extinta a punibilidade.
Entretanto, caso o condenado tenha sido obrigado a pagar indenização à vítima,
esta poderá ser estendida aos seus descendentes, até o limite do valor de sua herança.
ATENÇÃO: Multa é pena! Portanto, caso o réu tenha sido condenado a pagar multa,
esta não será estendida aos seus familiares.

Princípio da humanidade ou limitação das penas

No Brasil, não será aplicada pena:

de morte, apenas em caso de guerra declarada


trabalhos forçados
banimento
cruéis
perpétuas (limite de 40 anos)

Princípio da Ofensividade

Segundo este princípio, o Direito Penal deve proteger exclusivamente o bem jurídico, não
preocupando-se com condutas que não firam estes bens. Por exemplo, ato de cuspir da rua

Implicações:
- Proteger bem jurídico
- Exteriorização do fato (não pune pensamento, apenas a exteriorização do fato)

Princípio da Alteridade

O Direito Penal preocupa-se com atos que atentam contra bens jurídicos de terceiros.

Implicação:

O DP não pune a automutilação


Crimes - LESÃO e PERIGO

LESÃO - dano
PERIGO - real ou abstrato

Real: matar, incêndio


Abstrato: porte de armas ilegal, dirigir embriagado

______________________________________________________REVISÃO SEMANAL

Princípio da Adequação Social

Uma conduta que, mesmo prevista em lei como crime, deixa de ser considerada
uma afronta à Justiça pela sociedade, não pode ser vista como fato criminoso. Ex.
Adultério. Com o passar do tempo, a sociedade passou a considerar o adultério como
imoral, porém não enxergava mais o adúltero como um criminoso. Assim, mesmo previsto
em lei essa conduta, o indivíduo não podia ser condenado pelo ato.

Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal

O Direito Penal preocupa-se exclusivamente com bens jurídicos


EXTREMAMENTE RELEVANTES, não preocupando-se com os menores pois isso iria
contribuir para a banalização do Direito Penal

Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal

O Direito Penal só atua quando outros ramos de controle social não têm a solução
para o problema. Ex. Patrimônio é um bem jurídico extremamente relevante para a
sociedade, mas o Direito Civil atua na lide de algumas situações envolvendo o patrimônio

Princípio da Non Bis In Idem

Uma pessoa não pode ser condenada duas vezes pelo mesmo fato. Assim, esse
princípio veda em relação ao processo transitado em julgado. Inclusive, veda o processo
duplo sobre o mesmo fato.

Atenção: transitado em julgado. Recusa de denúncia não é transitado em julgado

Além disso, veda a dupla qualificação em prejuízo do réu sobre a mesma


circunstância ou fato. Ex. Receber dupla qualificação de motivo torpe, aumentando ainda
mais a sua pena
Princípio da Proporcionalidade

As penas devem ser feitas com base na proporcionalidade entre o tipo penal e a
conduta criminosa.
Além disso, prevê que as leis devem ser COMINADAS com proporcionalidade. Ex.
Homicídio com 2 anos de reclusão e Furto com 5 anos de reclusão

Princípio da Confiança

Os indivíduos têm o direito de agir acreditando que os outros estão agindo de acordo
com a lei.

Ex. motorista que avança no sinal verde e colide com carro que avançou sinal
vermelho. O primeiro não leva a culpa.

Princípio da Insignificância

As condutas que ofendam minimamente o bem jurídico tutelado pelo estado não
devem ser consideradas crime, excluindo a tipicidade.
Segundo o STF, para caracterizar a insignificância:
- mínima ofensividade da conduta
- ausência de periculosidade social da ação
- reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento
- inexpressividade da lesão jurídica

Para o STJ
- deve-se levar em consideração o valor do bem para a vítima, de forma a
verificar se, no fato concreto, houve de fato ou não, lesão

A insignificância não incide sobre crimes:


- Moeda falsa
- Violência doméstica contra a mulher
- Roubo
- Contrabando
- Contra a Adm Pública
- Tráfico de drogas

Cuidado: bagatela - até R$ 20.000,00

Cuidado 2: a reincidência por si só não afasta a aplicação do princípio da insignificância.

Súmulas STJ

- Afasta o princípio da adequação social à venda de CD’s e DVD’s pirateados


- O prisão provisória não é mais requisito de admissibilidade
- O princípio da individualização da pena é estendido ao menor infrator em relação à
medida sócio-educativa: O tráfico de drogas por si só não obriga a aplicação de
medida sócio-educativa de internação ao inimputável.
- É vedada a utilização de Inquéritos Policiais e Ações Penais em curso para agravar
a pena-base

Fontes do Direito Penal

São divididas em Formais e Materiais

- Materiais: a própria união (só ela pode versar sobre matéria penal)
- Formais: os meios pelos quais o Direito se exterioriza. Divide-se em mediatas e
imediatas.
- Mediatas: costumes, tradição
- Imediatas: lei.

____________________________________________________REVISÃO SEMANAL

LEI PENAL NO TEMPO

A lei penal só produzirá efeitos a partir da sua vigência (Princípio da Efetividade)

Casos:

Abolitio Criminis - lei que desconsidera crime - retroage

Novatio Legis in Mellius Lex Mitiar - Lei que é mais benéfica ao réu - retroage

Lei incriminadora - produz efeitos a partir de sua vigência

Lex Gravior - produz efeitos a partir de sua vigência

Teoria da Ponderação Unitária - Lei que traz benefícios e malefícios - não pode juntar duas
leis e dependendo do caso só produzirá efeitos após a vigência

CRIME NO ESPAÇO E NO TEMPO

Teorias do Crime no Espaço e no Tempo


- Teoria do Resultado: o crime se consuma no lugar e na hora em do resultado do ato
de ação ou omissão
- Teoria da Atividade (CP, Art 4°): o crime se consuma no ato da ação ou omissão
- Teoria da Ubiquidade ou Mista: o crime ocorre no lugar do ato de ação ou omissão e
no lugar onde os resultados aconteceram.

Para crimes continuados e permanentes, aplica-se a lei mais gravosa antes do término dos
atos

É impossível a combinação de duas leis. O juiz deve analisar qual é a mais benéfica como
um todo e aplicar esta. (Teoria da Ponderação Unitária)

____________________________________________________REVISÃO SEMANAL

TERRITORIALIDADE

Lugar do Crime deverá respeitar, em regra, a lei brasileira. Corresponde à uma


teoria mitigada, pois não deverá haver prejuízo de convenções e tratados (como a
Convenção de Viena).

Intraterritorialidade - crime ocorreu no Brasil mas não ficará sujeito à lei brasileira
Extraterritorialidade - crime fora do Brasil e ficará sujeito à lei brasileira

Embaixadas não são território estrangeiro dentro do Brasil!

Território geográfico - espaço dentro das fronteiras, mar territorial e espaço aéreo. Teoria
da soberania sobre a coluna atmosférica.

Território por extensão


- embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública, a serviço do governo,
aonde quer que estejam
- embarcações brasileiras privadas, espaço aéreo ou em alto-mar

Embarcações e aeronaves estrangeiras


- Públicos/Serviço - não se aplica
- Privados - lei do Brasil

____________________________________________________REVISÃO SEMANAL
EXTRATERRITORIALIDADE

Incondicionada

- contra a vida ou a liberdade do PR


- contra o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, do Estado ,Território…

Condicionada

- que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir


- praticados por brasileiro
- em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território enstrangeiro não sejam julgadas

Hipercondicionada

- crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do BR

Princípio da Personalidade ou da nacionalidade

- praticados por brasileiro


- condições
- entrar no território nacional
- ser o fato punível no país em que foi praticado
- crime incluído no rol em que a lei brasileira autoriza extradição
- não ter sido absolvido no exterior
- passiva: crimes cometidos contra brasileiro
- ativa: por brasileiro

Princípio do domicílio
- domiciliado no Brasil

Princípio da defesa ou da proteção

- crimes que ofendam bens jurídicos nacionais


- a pena cumprida por brasileiro no estrangeiro atenua pena aplicada aqui

Princípio da Justiça Universal

- crimes de tratados ou convenções, Brasil se obrigou a reprimir

Princípio da representação, da bandeira ou do pavilhão

- embarcações, aeronaves, quando não julgadas no estrangeiro


CONCEITO DE CRIME

Material, legal, analítico

Teoria Quadripartida - fato típico, ilícito,culpável e punível

Teoria Tripartida (adotada) - fato típico, ilícito e culpável

Teoria Bipartida - típico e ilícito

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