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Conceito
Princípios
- Reserva Legal ou estrita legalidade: o Estado só poderá imputar a prática de um
crime a alguém e aplicar a reprimenda correspondente, se estas estiverem,
devidamente e claramente, inseridas dentro de um tipo penal. No Direito Penal não
é possível o uso da analogia in mallam partem, costumes, princípios gerais do Direito
para atribuir a alguém uma infração penal. Art. 5º, XXXIV, CF e Art. 1º do CP.
- Anterioridade: Não basta estar em lei. Para ser aplicada a sanção deve ser prévia à
prática do delito. Só se poderá imputar a prática de um crime a alguém e aplicar a
correspondente sanção penal à falta cometida, se, antes mesmo da conduta do
agente, esta ação já encontrasse, previamente, estipulada na lei. Conclusões: A lei
que cria o delito e/ou define a sanção deve ser prévia à conduta criminosa; em regra,
a lei penal é irretroativa, isto é, não pode ser aplicada a fatos ocorridos antes de sua
entrada em vigor; A lei penal somente poderá retroagir se para beneficiar o réu.
- Insignificância ou Criminalidade de Bagatela: postula a exclusão da reprimenda
legal quando a lesão ou o risco de lesão ao bem jurídico for de pouca valia.
Aplicando, exclusivamente, o aspecto formal, o Direito Penal deixaria de proteger
somente aquelas condutas mais repulsivas, passando a albergar, também, ações de
pouca importância aos olhos do homem comum, bem como ações que o legislador
não procurou incriminar com a confecção do tipo penal. Vetores: (i) Mínima
ofensividade da conduta do agente; (ii) Ausência de periculosidade da ação; (iii)
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; (iv) Inexpressividade da
lesão jurídica causada. Requisitos Subjetivos: requisitos subjetivos, ou seja,
aqueles que dizem respeito ao agente e não ao fato, também são levados em
consideração. São eles: Reincidência (há divergência entre o STJ e o STF em aceitar
a aplicação do princípio quando o agente for reincidente, no entanto, há julgados
onde ambos aceitam a incidência do princípio, mesmo quando o autor for
reincidente); Ausência de habitualidade na conduta criminosa; Não ser o agente
militar; Relevância da lesão ao objeto material para à vítima, tomando por base a
condição econômica desta última, o valor sentimental do objeto, além das
circunstâncias e resultado do crime.
Ainda a despeito do princípio da insignificância, torna-se oportuno mencionar que o
STJ ainda firmou entendimento que, em casos que a lesão seja econômica, esta não
pode ser superior a 10% (dez por cento) do salário-mínimo vigente à época do
fato.
Não cabe: Crime Habitual, Violência doméstica (Súmula 589 – STJ), Administração
Pública (Súmula 599 – STJ); Transmissão de Sinal de Internet via Radiofrequência
(STJ – Súmula 606). Observação: nos casos de exploração do Serviço de
Comunicação Multimídia de radiação restrita até cinco mil usuários, houve,
conforme entendimento da Sexta Turma do STJ, abolitio criminis em relação ao
art. 183 da Lei nº 9.472/97, não se podendo discutir eventual aplicação da Súmula
606 do STJ.
Princípio da Insignificância imprópria: quando falamos em princípio da
insignificância imprópria não estamos falando em afastar a tipicidade da conduta do
agente, mas a sanção que poderá ser aplicada a ele. Em outras palavras, a conduta
do agente é típica, ilícita, culpável, fazendo com que o magistrado aplique a devida
sanção penal, todavia a aplicação dessa sanção é desarrazoada, em virtude das
circunstâncias do fato. Cleber Masson: Infração de bagatela imprópria é aquela (...)
onde o fato é típico e ilícito, o agente é dotado de culpabilidade e o Estado possui
o direito de punir. Mas, após a prática do fato, a pena revela-se incabível no caso
concreto, pois diversos fatores recomendam seu afastamento, tais como: sujeito
com personalidade ajustada ao convívio social, colaboração com a justiça,
reparação do dano causado à vítima.
Crime Ambiental: Recentemente, o STF, por ocasião do julgamento do HC n°
122560/SC, ocorrido em 08/05/2018, lançou o informativo 901 afirmando que “O
princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput, c/c parágrafo
único, II, da lei 9.605/98”. O caso analisado pelo Supremo, tratou-se de um indivíduo
que pescou 7kg (sete quilogramas) de camarão em período de defeso, valendo-se de
método proibido. O aluno deve tomar cuidado com a afirmação do STF de que não é
possível a aplicação do princípio da insignificância quando estivermos diante do
crime previsto no art. 34, da lei 9.605/98. Isso porque, apesar de raras as situações, a
jurisprudência possui julgados, inclusive recentes, onde se reconheceu a incidência
do princípio ora em estudo a quem praticou a conduta descrita no aludido art. 34,
senão vejamos. Por ocasião do julgamento do Resp. 1.409.051/SC, tendo por relator
o Ministro Nefi Cordeiro, a sexta turma do STJ lançou o informativo 602, onde
afastou a aplicação da reprimenda legal ao agente que foi encontrado com um único
peixe, ainda vivo, e que posteriormente foi devolvido para o local de onde pescou.
- Individualização da Pena: a aplicação da devida sanção penal ao infrator, levando
em consideração as circunstâncias objetivas do crime e as circunstâncias subjetivas
do autor (art. 49 e 68, do CP).
- Alteridade (Claus Roxin): afastar da incidência da norma penal condutas que
atingem, unicamente, o autor.
- Confiança: afastar a tipicidade da conduta do agente que causou lesão a um bem
jurídico protegido pelo Direito Penal, mas que esse fato danoso aconteceu mesmo o
autor agindo dentro da normalidade esperada. Classificação: Surge a confiança
permitida, que é aquela que decorre do normal desempenho das atividades
sociais, dentro do papel que se espera de cada um, a qual exclui a tipicidade da
conduta, em caso de comportamento irregular inesperado de terceiro; e a
confiança proibida, quando o autor não deveria ter depositado no outro toda a
expectativa, agindo no limite do que era permitido, com nítido espírito emulativo
(Abuso de confiança. Ex. do motorista que anda acima do limite de velocidade e
muito próximo à linha da ciclovia, onde pode haver um desiquilíbrio do ciclista).
- Princípio da Adequação Social (Hans Welzel): o Direito Penal só poderá tutelar
condutas que são socialmente reprováveis/inadequadas, afastando a aplicação do
tipo penal quando a ação praticada pelo agente for socialmente aceita. Finalidades:
Evitar que o legislador crie tipos penais ou ainda retire do ordenamento jurídico
crimes que, na prática, são socialmente aceitos; Evitar que o aplicador da lei realize a
subsunção da conduta praticada pelo autor do crime ao tipo penal existente,
quando a conduta é socialmente aceita. Não se aplica o princípio às Casas de
prostituição e ao crime de pirataria (Súmula 502 – STJ).
Lei penal em branco é uma denominação dada a determinada lei penal cujo preceito
primário é incompleto, ou seja, necessita ser complementado para que tenha
eficácia no plano material.
Lugar do Crime
Teoria da atividade: define como sendo o local do crime aquele onde ocorreu a
conduta comissiva ou omissiva do agente; Teoria do resultado ou do evento
danoso: define como sendo o local do crime aquele onde ocorreu ou deveria ter
ocorrido o resultado da conduta delituosa praticada, sendo irrelevante saber onde a
ação (comissiva ou omissiva) aconteceu; Teoria da ubiquidade, mista ou híbrida:
trata-se da junção das duas anteriores, ou seja, define como lugar do crime aquele
onde se deu a conduta do agente ou onde ocorreu ou deveria ter ocorrido o
resultado da conduta delituosa (Adotada, em regra, pelo CP, art. 6º).
Todavia, vejamos algumas situações onde a teoria da ubiquidade não será adotada:
Crimes conexos: quando os crimes praticados pelo agente ocorrerem em países
diferentes e, apesar de interligados, não constituem uma unidade jurídica, de modo
que cada uma das nações ficará responsável por apreciar aquele crime que ocorreu
em seu respectivo território. Crimes plurilocais: neste caso, o conflito é entre
jurisdição de comarcas diferentes, ou seja, qual a comarca competente para apreciar
um crime que se deu em diferentes locais de jurisdição diferente (Ex.: a conduta
delitiva ocorre em Fortaleza, mas se consumou no Crato). A solução está no art. 70,
caput, do CPP. Crimes de menor potencial ofensivo: nesses casos, a teoria adotada
é a teoria da atividade, pois que a competência para apreciar o feito será a do local
onde foi praticada a ação (art. 63, da Lei 9.099/95). Crimes falimentares: a
competência para apreciar esses crimes será o do local onde foi decretada a falência,
concedida a recuperação judicial ou onde foi homologado o plano de recuperação
extrajudicial (art. 183, da Lei 11.101/05). Atos infracionais: Aqui também foi adotada
a teoria da atividade, pois quando as condutas dos menores de idade forem
equiparadas as infrações penais, estas serão apreciadas pelo local onde se deu a
ação comissiva ou omissiva do agente.
Crime
Conceito de Crimes
- Aspecto material ou substancial: Por esse aspecto, crime é o comportamento
(comissivo ou omissivo) praticado pelo agente que resulta em lesão ou risco de lesão
aos bens jurídicos tutelados pelo Direito Penal.
- Aspecto Legal: Sob esse aspecto, crime é o que o legislador definir. Nesse caso, o
legislador brasileiro, à época de elaboração do Código Penal, definiu crime tomando
por base o preceito secundário, conforme podemos observar no art. 1° da Lei de
Introdução ao Código Penal: Art 1º Considera-se crime a infração penal que a lei
comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei
comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa
ou cumulativamente.
Em razão desse conceito de crime, restaria a dúvida quanto à ação descrita no art.
28, da lei de drogas, uma vez que a ela não é cominada uma pena de reclusão,
detenção ou prisão simples. parte majoritária da doutrina defende que a conduta
estabelecida no art. 28, da lei de drogas é considerada como crime, pois a Lei de
Introdução ao Código Penal confere apenas um conceito genérico e subsidiário de
crime, sendo levado em consideração apenas quando outra lei, mais específica, não
estabelecer a conduta descrita no tipo como sendo crime.
- Aspecto Analítico, formal ou dogmático: Sob esse aspecto, a doutrina majoritária
considera crime toda a ação ou omissão em que haja fato típico, ilicitude e
culpabilidade (posição tripartida).
Sujeitos do Crime
Sujeito ativo: É toda pessoa que realiza, direta ou indiretamente, a conduta descrita
no tipo penal. O sujeito ativo poderá ser classificado como autor ou coautor se
praticar a infração penal de forma direta. Por outro lado, poderá ser partícipe ou
autor mediato se praticar a infração penal de forma indireta.
O partícipe, por sua vez, é a pessoa que induz, instiga ou auxilia outra a executar uma
conduta criminosa, isto é, concorre para o crime sem executar o seu núcleo. É o que
ocorre, p. ex., com quem é responsável por dirigir um veículo para auxiliar em uma
fuga após a realização de um assalto.
A grande questão paira quanto à (im)possibilidade de a pessoa jurídica ser consi-
derada sujeito ativo do crime. Quanto a este tema, a doutrina se divide. Parte dela,
filiando-se à teoria da ficção jurídica, acredita que a pessoa jurídica não pode ser
considerada sujeito ativo do crime, pois não possui autonomia da vontade, sendo
esta vontade exercida por seus representantes. Por outro lado, a outra parte da
doutrina, filiando-se à teoria da realidade ou personalidade real, defende que a
pessoa jurídica pode ser considerada como sujeito ativo de um crime, pois é dotada
de autonomia e vontade própria. Afinal de contas, qual a teoria adotada pelo
ordenamento jurídico pátrio? Podemos afirmar que a CF/88 se filia à teoria da
realidade ou personalidade real, pois, de forma expressa, admite a responsabilidade
penal da pessoa jurídica em determinados crimes, tais como os contra o meio
ambiente, contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular,
conforme podemos observar no art. 225, §3° e art. 173, §5°, ambos da CF/88.
O assunto já é pacífico tanto no STJ quanto no STF que, respectivamente, lançaram
os seguintes informativos: Informativo 566, do STJ - É possível a responsabilização
penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da respon-
sabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência
não mais adota a chamada teoria da «dupla imputação». Informativo 714, do STF -
é admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental,
ainda que absolvidas as pessoas físicas que figuravam na ação penal.
Sujeito Passivo
É o titular do bem jurídico lesado ou sob risco de lesão por meio da conduta cri-
minosa realizada pelo sujeito ativo. A doutrina ainda o subdivide em: Sujeito passivo
constante, indireto, mediato, genérico, geral ou formal: nada mais é do que o
Estado, ou seja, trata-se do sujeito passivo de todas as infrações penais cometidas,
pois essas, uma vez cometidas, estarão violando interesse do próprio Estado. Sujeito
passivo eventual, direto, particular, imediato: é aquele que tem lesado, de forma
direta, o bem jurídico protegido pelo Direito Penal. Em outras palavras, é aquele que,
diferentemente do Estado, ocasionalmente é atingido pela conduta do infrator.
Sujeito passivo indeterminado: é aquele destituído de personalidade jurídica. É o
que ocorre, p. ex., com os crimes ambientais, cuja sujeito passivo é a coletividade.
Fato Típico
- Conceito: É toda ação ou omissão humana (ou feita por pessoa jurídica, no caso dos
crimes ambientais) que se amolda perfeitamente ao tipo penal.
Teorias da conduta
Por sua vez, a teoria normativa, adotada no Código Penal, entende que a omissão é
um indiferente penal em regra, mas o omitente pode ser responsabilizado pela
produção do resultado nos casos em que a ele é atribuído, por uma norma, o dever
jurídico de agir. Lembre-se do exemplo da omissão de socorro: em situações
normais, quem se omite quando vê uma pessoa levemente machucada não pratica
crime algum, mas, se a pessoa se encontra em uma situação de necessidade
especificada no art. 135 do CP, quem a vê tem o dever de prestar assistência, sob
pena de cometer crime. Assim, nos crimes omissivos próprios ou puros a norma
impõe o dever de agir no próprio tipo penal. Por sua vez, nos crimes omissivos
impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, o tipo penal descreve uma ação,
mas a omissão do agente, que tem dever jurídico de agir (segundo o art. 13, §2º do
CP), acarreta sua responsabilidade penal pela produção do resultado. Ainda, a
norma penal pode ser proibitiva (quando proíbe determinado comportamento, ex:
homicídio), ou preceptiva (quando impõe a realização de uma ação, ou seja, um
comportamento positivo, ex: omissão de socorro). Sendo assim, ao praticar uma
infração penal, o agente viola um preceito proibitivo com uma conduta comissiva
(crimes comissivos) ou um preceito preceptivo com uma conduta omissiva (crimes
omissivos). Lembrar que, no omissão, o CP adotou a teoria normativa.
Exclusão da conduta