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Lei de Introdução
- Norma de sobredireito.
- Vigência das Normas (art. 1º): lei passará por três fases fundamentais para que tenha
validade e eficácia: a de elaboração, a de promulgação e a de publicação. Depois
vem o prazo de vacância, chamado de vacatio legis. A promulgação é o ato capaz de
conferir existência e validade às normas. Vigência: A regra do prazo de vacatio legis
será de 45 (quarenta e cinco) dias para o território nacional e de 03 (três) meses
para o estrangeiro. O artigo 8º, § 1º, da LC nº 95/1998 menciona que a contagem do
prazo para a entrada em vigor das Leis que estabelecerem período de vacância far-
se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente a da consumação, ainda que seja um feriado ou um dia
sem expediente forense. A norma pode ainda autodeclarar que ganhará vigor na
data da sua publicação. Trata-se de exceção permitida nos casos de normas de
pequena repercussão social. Havendo norma corretiva mediante nova publicação
do texto legal, os prazos mencionados devem correr a partir da nova publicação.
Personalidade e Capacidade
Pessoas
A pessoa física será dotada de personalidade jurídica e capacidade de direito. Além
disso, não se pode tratar a pessoa física como um ente biologicamente criado, tendo
em vista que atualmente são utilizados métodos artificias de criação.
Fertilização in vitro: é aquela gerada em proveta (in vitro), ou seja, é realizada fora
do aparelho reprodutor feminino, sendo posteriormente implantado um embrião no
corpo feminino. Inseminação artificial: é aquela concebida em vivo, ou seja, no
próprio corpo da mulher é inserido um gameta masculino por um meio artificial de
criação.
A fertilização in vitro e a inseminação artificial podem ser: a) homóloga: o material
genético é do próprio casal; b) heteróloga: o material genético é de um terceiro; c)
inter vivos: em vida; e d) post mortem: após a morte.
Teorias da Personalidade
A teoria também é adotada por Maria Helena Diniz, a qual classifica a personalidade
jurídica em formal e material:
Personalidade Jurídica Formal: É relacionada com os direitos da personalidade, que o
nascituro tem desde a concepção.
Personalidade Jurídica Material: É relacionada aos direitos patrimoniais, e o nascituro só terá
adquirido com o nascimento com vida.
Ainda sobre o tema, a Lei nº 11.804/08, chamada de Lei dos Alimentos Gravídicos, foi
duramente criticada por Silmara Juny Chinellato, doutrinadora que adota a teoria
concepcionista, a qual expõe: “A recente Lei 11.804, de 5 de novembro de 2008, que
trata dos impropriamente denominados ‘alimentos gravídicos’ – desnecessário e
inaceitável neologismo, pois alimentos são fixados para uma pessoa e não para um
estado biológico da mulher – desconhece que o titular do direito a alimentos é o
nascituro, e não a mãe, partindo da premissa errada, o que repercute no teor da lei”.
Sílvio Rodrigues, Caio Mário, Washington de Barros Mon- Silmara Chinellato e a grande
Sílvio Venosa. teiro, Arnaldo Rizzardo. maioria da doutrina.
Capacidade de Fato
As pessoas plenamente capazes podem praticar quaisquer atos civis por si sós. As
relativamente incapazes dependem de assistência, sob pena de anulabilidade do
negócio (art. 171, I, do CC), enquanto as absolutamente incapazes dependem de
representação, sob pena de nulidade absoluta do ato (art. 166, I, do CC).
Absolutamente Incapaz
Com o advento do EPD, os únicos absolutamente incapazes são os menores de 16
anos, denominados menores impúberes. Não é necessário processo de interdição
ou de nomeação de curador, pois a presunção é absoluta.
Relativamente Incapazes
Art. 4º, do CC. o relativamente incapaz poderá praticar sozinho certos atos, como:
testemunhar (art. 228, I, CC), aceitar mandato (art. 666, CC) e fazer testamento (art.
1.860, parágrafo único, CC). Destaca-se que a capacidade testamentária (poder de
fazer testamento) é alcançada quando a pessoa atinge os 16 anos de idade. A antiga
redação do artigo 4º, III, do CC, tratava originalmente dos excepcionais sem
desenvolvimento completo, abrangendo os portadores de síndrome de Down e de
outras anomalias psíquicas que apresentassem sinais de desenvolvimento mental.
incompleto. Após as mudanças ocorridas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência,
será plenamente capaz o portador de síndrome de Down, em regra, sujeito ao
instituto da tomada de decisão apoiada para as decisões relativas aos atos
patrimoniais. Além disso, para os atos existenciais familiares, o portador de
síndrome de Down possuirá capacidade civil plena (art. 6º da Lei nº 13.146/2015).
Chamada responsabilidade civil indireta ou por ato de terceiro (art. 932, CC). O
responsável pelo incapaz irá responder de forma principal, ou seja, o incapaz não
responde de forma solidária. Enunciado 450: Considerando que a
responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é
objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder
familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que
estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de
um dos genitores. Enunciado 451. Arts. 932 e 933. A responsabilidade civil por ato
de terceiro funda-se na responsabilidade objetiva independente de culpa, estando
superado o modelo de culpa presumida. Outrossim, o menor poderá responder
civilmente pelo ato praticado, de forma excepcional e subsidiária. A referida
responsabilidade encontra amparo no art. 928 do CC. a responsabilidade civil do
incapaz pela reparação dos danos é subsidiária, condicional, mitigada e equitativa.
Por sua vez, a responsabilidade dos pais será substitutiva, exclusiva e não solidária.
Em outras palavras, não há como afastar a responsabilização do pai do
filho menor simplesmente pelo fato de que ele não estava fisicamente ao lado de seu
filho no momento da conduta. Cuidado para não confundir com esta outra decisão,
em sentido um pouco diverso, proveniente da 3ª Turma: A mãe que, à época de
acidente provocado por seu filho menor de idade, residia permanentemente em
local distinto daquele no qual morava o menor - sobre quem apenas o pai exercia
autoridade de fato - não pode ser responsabilizada pela reparação civil advinda do
ato ilícito, mesmo considerando que ela não deixou de deter o poder familiar sobre o
filho (Info 575 do STJ).
Emancipação
A emancipação é um instituto jurídico civil, que permite a antecipação da
capacidade plena, podendo-se operar de três formas: voluntária, judicial e legal.
VOLUNTÁRIA: prevista na primeira parte do art. 5º, parágrafo único, I, do Código
Civil. É a que ocorre por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro. Deve
se dar por instrumento público e independe de homologação judicial. Pode ser
desconstituída por vício de vontade.
A emancipação voluntária, apesar de ser ato irrevogável, poderá responsabilizar os
pais do emancipado por danos causados por ele. Segundo entendimento do
precedente no STJ, REsp 122.573/PR, relatado pelo Min. Eduardo Ribeiro, julgado em
23.06.1998, a outorga de emancipação voluntária pelos pais não os exonerará da
responsabilidade civil dos filhos.
Ademais, alguns doutrinadores entendem que a hipótese de responsabilidade dos
pais, mesmo após a emancipação, poderá ser caracterizada como responsabilidade
solidária entre os pais e o emancipado: Enunciado 41, I Jornada de Direito Civil: A
única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do menor de 18
anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único,
inc. I, do novo Código Civil. A emancipação voluntária deve ser registrada.
JUDICIAL: prevista na segunda parte do art. 5º, parágrafo único, I, do Código Civil. É
concedida pelo juiz, após oitiva do tutor, desde que o menor tenha dezesseis anos
completos. Nessa modalidade, faz-se necessária a intervenção do Ministério Público,
bem como o registro para que cumpra seus efeitos. Não há necessidade de escritura
pública. Também está sujeita a desconstituição por vício de vontade.
LEGAL: prevista nos incisos II, III, IV e V do parágrafo único do artigo 5º do Código
Civil. Não necessita de registro para produzir efeitos. Não necessita de registro.
Emancipação legal decorrente do casamento: O Código Civil estabelece uma idade
mínima para homens e mulheres poderem se casar – a partir de 16 anos de idade. A
isso se dá o nome de idade núbil. Entretanto, se a pessoa tiver entre 16 e 18 anos de
idade, necessitará de autorização dos pais ou responsáveis para poder casar (art.
1.517, CC). Lei nº 13.811/2019. A mencionada lei modificou a redação do art. 1.520 do
CC, que agora determina que não será permitido, em qualquer caso, o casamento
de quem não atingiu a idade núbil. Nesse diapasão, a doutrina se divide quanto aos
efeitos do casamento na hipótese de sua anulação. Flávio Tartuce afirma que isso
não implica no retorno à incapacidade. Outra parte da doutrina entende que o
casamento nulo ou sua inexistência faz voltar à situação de incapacidade. Pablo
Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona adotam uma corrente intermediária,
defendendo que a emancipação persiste apenas na hipótese do casamento putativo,
ou seja, aquele contraído de boa-fé.
Por fim, a emancipação judicial e legal exonera a responsabilidade civil dos
responsáveis, em razão do ato ser legitimado pelo Estado.
OBS.: salienta-se que a menoridade não cessa com a emancipação, o que cessa é a
incapacidade decorrente da menoridade. Dessa forma, a emancipação envolverá os
atos civis ou privados, mas ainda incidirá o Estatuto da Criança e do Adolescente
(Enunciado n. 530 – VI Jornada de Direito Civil, 2013, CJF). Assim, o emancipado não
pode tirar carteira de motorista e nem entrar em locais proibidos para menores.
Além dessas previsões do Código, existe a emancipação legal do menor militar, que
possua 17 anos e que esteja prestando serviço, de acordo com o art. 73 da Lei nº
4.375/1964, reproduzido no art. 239 do Decreto nº 57.654/1966.
Direitos da Personalidade
Não podem sofrer limitação permanente ou geral. Cuidado: se a questão objetiva
cobrar o que consta na lei, deve-se optar pela alternativa segundo a qual é
inadmissível a limitação voluntária (o parâmetro eleito pelo examinador no
enunciado da questão é o que deve nortear a resposta).
os direitos da personalidade são inerentes à pessoa e à sua dignidade, de acordo
com Flávio Tartuce. Assim, é possível relacionar os direitos da personalidade com
cinco grandes ícones: a) vida e integridade físico-psíquica; b) nome da pessoa
natural ou jurídica; c) imagem; d) honra; e) intimidade. Os referidos ícones
possuem relação com três princípios básicos da CF/88, quais sejam: a) Princípio da
Proteção da Dignidade da Pessoa Humana; b) Princípio da Solidariedade Social e c)
Princípio da Igualdade.
Os direitos da personalidade também são intransmissíveis, no entanto é admitido
que a repercussão econômica de tais direitos seja explorada por terceiros. Ou seja,
existirá aspectos patrimoniais dos direitos da personalidade que poderão ser
transmitidos, desde que de forma limitada.
O artigo 20, parágrafo único, do CC, trata da lesão à imagem do morto, e atribui
legitimidade aos lesados indiretos, quais sejam: cônjuge, ascendentes e
descendentes. Observa-se que, diversamente do artigo 12, o dispositivo não trata em
seu texto dos colaterais até o quarto grau.
A cirurgia de transgenitalização não é vedada pelo art. 13 do CC, pois entende-se que
se enquadra na situação de bem-estar psíquico (Enunciado n° 6 das Jornadas de
Direito Civil). Em consequência, poderá alterar o seu prenome e o sexo no registro
Civil.
O artigo 15 do Código Civil consagra os direitos do paciente e valoriza os princípios
da beneficência e da não maleficência. O dispositivo aborda que ninguém pode ser
constrangido a submeter-se, sob risco de vida, a tratamento médico ou intervenção
cirúrgica.
Ocorre que existem dúvidas acerca da aplicação do referido dispositivo, tendo em
vista o conflito entre os direitos fundamentais. Por exemplo: testemunhas de Jeová
não aceitam transfusão de sangue por opção religiosa. O que prevalece? O direito à
vida ou o direito à liberdade religiosa? O direito à vida prevalecerá, conforme a
técnica de ponderação, expressamente prevista no CPC (artigo 489, § 2º). Outrossim,
o Novo Código de Ética Médica, em seu artigo 41 (Resolução nº 1.931/2009 do CFM),
junto com o artigo 951 do CC, conduz à conclusão de que deve ocorrer a intervenção
médica, sob pena de responsabilização do profissional nas esferas civil, penal e
administrativa.
- Nome X transexualidade:
É direito do transexual, independente de autorização judicial, realizar a cirurgia de
readequação de sexo (transgenitalização). A Resolução nº 1.995/10 do Conselho
Federal de Medicina autorizou a realização da cirurgia de transgenitalização mesmo
sem autorização judicial, desde que observados os seguintes requisitos: h Paciente
maior de 21 anos; h Diagnóstico de transgenitalismo com indicação cirúrgica; h
Avaliação prévia; h Acompanhamento de equipe multidisciplinar composta por
psiquiatra, endocrinologista, cirurgião, psicólogo e assistente social por no mínimo 2
anos.
Outro direito do transexual é a alteração do seu prenome e estado sexual.
O STJ manifestou-se no sentido de que a exigência de cirurgia de transgenitalização
para alteração do nome ou sexo no registro civil ofende a cláusula geral de proteção
à dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) , bem como outros direitos
fundamentais dela derivados, quais sejam: direito à liberdade e à identidade (ambos
com fundamento no caput do art. 5º da CF), direito ao reconhecimento perante a lei
(Princípio 3 da Carta de Yogyakarta), direito à intimidade e à privacidade (art. 5º, X,
CF e art. 21 do CC), direito à igualdade e à não discriminação (art. 5º, caput, CF),
direito à saúde (art. 6º, CF), direito à felicidade (art. 3º, IV, CF), além de encontrar
óbice na proibição de tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III, CF).
O STF, em 1º de março de 2018, no julgamento da ADI 4275/DF, também entendeu
pela desnecessidade de realização de cirurgia ou qualquer outro tratamento para
alteração do registro civil de pessoas transexuais, tendo, inclusive, se manifestado
expressamente pela possibilidade de tal alteração pela via administrativa, sem
necessidade de decisão judicial.
Dano moral e pessoa jurídica: O Min. Luis Felipe Salomão ressaltou que o STJ admite
apenas que pessoas jurídicas de direito privado possam sofrer dano moral,
especialmente nos casos em que houver um descrédito da empresa no mercado pela
divulgação de informações desabonadoras de sua imagem. Não se pode admitir,
contudo, o reconhecimento de que o Município pleiteie indenização por dano
moral contra o particular, considerando que isso seria uma completa subversão da
essência dos direitos fundamentais.
No entanto, o STJ, em situação excepcional, afirmou que pessoa jurídica de direito
público tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da
honra ou da imagem, quando a credibilidade institucional for fortemente agredida
e o dano reflexo sobre os demais jurisdicionados em geral for evidente (REsp
1.722.423-RJ. Info 684). O caso concreto consiste numa autarquia (INSS) que foi
vítima de grande esquema criminoso, o qual desviou vultosa quantia e gerou grande
repercussão na imprensa, acarretando descrédito em sua credibilidade institucional.
Nesse caso, a Corte realizou um distinguish em relação aos seus próprios julgados,
considerando que estes tratavam da livre manifestação do pensamento, da
liberdade de crítica dos cidadãos ou do uso indevido de bem imaterial do ente
público. Nesse caso é diferente. A indenização está sendo pleiteada em razão da
violação à credibilidade institucional da autarquia que foi fortemente agredida em
razão de crimes praticados contra ela.