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DIREITO
PROFESSOR: MARCOS ROBERTO COSTA
Aos olhos do homem comum, o Direito é a lei, isto é, um conjunto de regras que garantem
a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus
membros.
Assim sendo, quem age de conformidade com essas regras comporta-se “direito”, e quem
não o faz, age “torto”.
A palavra “lei”, segundo sua etimologia, se refere a “ligação”, o que se completa com seu
sentido nuclear de “jus”, invocando a ideia de unir, ordenar, coordenar.
O Direito, entretanto, é um fato ou fenômeno social, não existindo fora da sociedade. Ele
se apresenta de múltiplas formas, em função de múltiplos campos de interesse, o que se
reflete em distintas e renovadas estruturas normativas.
O Direito divide-se em duas grandes classes: o Direito Público (relações que se referem ao
Estado e de interesse coletivo) e o Direito Privado (refere-se a ligações da pessoa não com o
Estado, mas com outro em particular). No Direito Público, teremos o ramo do Direito
Constitucional e Administrativo, e no privado, o Civil e Comercial.
Como premissa, tem-se que há, para cada comportamento humano, a presença, ainda que
indireta, do fenômeno jurídico: o Direito está pelo menos pressuposto em cada ação humana
que se relaciona com o Estado ou com outrem. O Direito é ainda técnico, ligando um ramo
ao outro.
A Introdução ao Estudo do Direito busca trazer conceitos como forma de auxiliar e preparar
a base de estudo para as demais disciplinas jurídicas.
Moral e Ética no Direito
. O Mundo Ético:
Toda norma enuncia algo que “deve ser”, em virtude de ter sido reconhecido como razão
determinante de um comportamento. A isso se conhece como Juízo de Valor (julgamento
feito a partir de percepções individuais, tendo como base fatores culturais, sentimentais,
ideologias e pré-conceitos pessoais).
- Juízo: Ato mental pelo qual atribuímos, com caráter de necessidade, certa qualidade a um
ser ou a um ente.
Em todo juízo lógico – que chamamos de preposição –, há sempre um sujeito a qual
atribuímos uma característica. Assim, se o termo escolhido for “ser”, estaremos diante do
Juízo de Realidade/Fato/Axiológico (julgamento baseado em uma análise isenta de valores
pessoais ou interpretações subjetivas, focando-se unicamente naquilo que é visível ou
cientificamente comprovado).
- S = P -> Realidade
- S deve ser P -> Valor (normas)
O legislador não se limita a descrever um fato tal como ele é, mas também baseando-se
naquilo que é, determina que algo “deve ser”, com a previsão de diversas consequências,
caso se verifique a ação ou omissão quanto a norma, ou sua violação.
Assim, toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se liga uma sanção, isto é, uma
forma de garantir-se a conduta que, em função daquele juízo, é declarada permitida,
determinada ou proibida.
A necessidade da sanção decorre da necessidade de assegurar o adimplemento do fim
visado. É a aceitação de algo “deve ser”, mas não que “será”. A sanção, então, pressupõe a
previsão de um dever suscetível a não ser cumprido.
LINDB
. Fonte do Direito:
O Direito brasileiro se pauta essencialmente no “civil law” (sistema europeu) em que é a lei
é a fonte primária. A norma escrita, conformada em lei, é a fonte do Direito por excelência.
Os tipos de fontes são:
- Materiais: São as fontes que trazem clara a estrutura fática do Direito, sua base sociológica.
- Formais: A lei em sentido amplo e geral (fonte formal principal); a analogia (utilização da
lacuna da lei), os costumes, e os princípios gerais do Direito (fontes formais acessórias).
- Não Formais: Doutrina e jurisprudência.
. Vigência:
Toda norma necessita estar apta a produzir efeitos no mundo jurídico. Uma vez publicada, a
lei deverá passar por uma fase que a qualifique para a produção de efeitos, a denominada
vigência.
A norma que pode iniciar a produção de efeitos de forma imediata, ou aguardar em “vacatio
legis”, para que os destinatários possam conhecer dela e se adequar às suas determinações.
De acordo com o art. 1º do LINDB, salvo disposição legal em contrário, a lei começa a vigorar
em todo o país em 45 dias após oficialmente publicada. Entretanto, nos Estados estrangeiros,
a lei brasileira, quando admitida, se inicia após 3 meses de oficialmente publicada. Tais prazos
se constituem como o “vacatio legis” da lei.
A lei pressupõe que será duradoura. Assim, em regra, uma lei não é limitada no tempo. Ela
tende a se manter até ser revogada por outra. Surgindo no ordenamento uma nova lei que
verse sobre todo o assunto, a lei anterior será retirada integralmente do mundo jurídico,
fenômeno chamado ab-rogação (revogação integral).
Mas se a nova lei regula apenas parte da matéria, não atacando alguns dispositivos da lei
anterior, esta permanecerá em parte no mundo jurídico, fenômeno chamado derrogação
(revogação parcial).
A nova lei, entretanto, pode dispor de forma complementar, seja geral ou especialmente, e
assim não haverá alteração da lei anterior, passando as duas a coexistirem de maneira
harmoniosa no sistema.
O parágrafo 3º do art. 1º do LINDB diz que “se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova
publicação de seu texto [da lei em vacância], destinada a correção, o prazo deste artigo e dos
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.”
A lei nova também revoga a anterior quando expressar incompatibilidade.
Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido
a vigência.
Art. 3º do LINDB: Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Art. 4º do LINDB: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5º do LINDB: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.
. Eficácia:
De acordo com o art. 4º do LINDB, “a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados
o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.”
Parágrafo 1º: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao
tempo em que se efetuou.” Ou seja, o ato que está preparado para produzir ou que já
produziu efeitos (como contratos).
Parágrafo 2º: “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por
ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.” Ou seja, os direitos que já fazem parte do
sujeito, mas que ainda não foram exercidos (como alcançar os requisitos para a
aposentadoria e não se aposentar).
Parágrafo 3º: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.” Ou seja, não se pode afetar o que já foi sentenciado, salvo eventual ação rescisória
(anulação de processo devido a algum problema que a torne anulável, definido pelo Código
de Processo Civil) ou querela nullitatis (“ação de nulidade”, ou seja, ausência de
pressupostos processuais de existência, extinguindo dado processo).
. Quanto a nacionalidade:
De acordo com o art. 7º do LINDB, “a lei do país em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família.”
- Parágrafo 1º: “Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto
aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.”
- Parágrafo 4º: “O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.”
- Para qualificar os bens e regular suas relações, aplica-se a lei do país que estiverem
situados.
. Antinomias:
A antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade
competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso
concreto (também é conhecida como “Lacunas de Colisão/Conflitos”).
Na análise das antinomias, 3 critérios devem ser levados em consideração para a solução:
a) Cronológico: A forma posterior prevalece sobre a anterior;
b) Especialidade: Norma especial prevalece sobre a geral;
c) Hierárquica: Norma superior prevalece sobre norma inferior.
. Classificação das Antinomias:
a) Antinomia de 1º grau: É o conflito de normas que envolve apenas um dos critérios acima.
b) Antinomia de 2º grau: É o conflito de normas que envolve mais de um dos critérios acima.
De acordo com a classificação, adotaremos as regras de solução:
- De 1º grau:
1.1) A norma posterior prevalece sobre a anterior. Aqui há uma solução aparente.
1.2) A norma especial prevalece sobre a geral. Aqui há uma solução aparente.
1.3) A norma superior/maior prevalece sobre a inferior/menor. Aqui há uma solução
aparente.
. Aqui, além de todas possuírem uma solução aparente, há um meta critério para
definir.
- De 2º grau:
2.1) Em caso de norma especial anterior com norma geral posterior, prevalecerá a
especial.
2.2) Em caso de norma superior anterior com norma inferior posterior, prevalecerá a
superior.
2.3) Em caso de norma geral superior com norma especial inferior, prevalecerá
(normalmente) a geral.
. Como explica Maria Helena Diniz, seguindo a linha de Norberto Bobbio, aqui não
teríamos um meta critério para definir. Em seu entendimento, porém, deve-se tomar posse
do critério hierárquico, ao invés da especialidade. A adoção do critério da especialidade
apenas se justificaria a partir do “mais alto princípio da justiça”. Teríamos a solução não
aparente (real), onde 2 caminhos poderiam ser utilizados, até mesmo pelo legislativo e pelo
judiciário, ficando neste amplo a solução que o julgador entender mais justa ao caso
concreto.
Termos, expressões e outros:
. Bibliografia:
- NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito.
- Julgamento em Nuremberg (1961), por Stanley Kramer.