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NORMA JURIDICA:

Análise da Norma jurídica: Estrutura,


funções, notas caracterizadoras e efeito;
NOÇÃO DA NORMA JURIDICA
 A norma jurídica constitui o elemento fundamental do direito, na sua função de ordenar a
convivência humana.
 O sentido na Norma jurídica não tem sido unívoco, pois muitas vezes utiliza-se a
denominação preceito, disposição, lei e regra juridica, para tratar a mesma realidade.
 A norma jurídica é geralmente definida como critério de conduta, ou seja, a regra pela qual
se pautam as condutas humanas.
 Para Oliveira Ascensao a norma jurídica “ é um critério de qualificação e decisão de casos
concretos”
 De facto, o aspecto basilar da norma jurídica consiste no seu caracter de regra conduta,
regra de dever ser, de regra que perante uma situação factual típica, ordena como deve ser
um determinado comportamento. Dai o principio “ dura lex sed lex” que significa “ a lei é
dura, mas é a lei”.
 A função do Direito é normadora, determinando os termos em que as situações jurídicas se
deverão constituir, desenvolver, modificar e extinguir.
 A norma jurídica como elemento modular do Direito, enuncia condutas que são devidas
pelo sujeito jurídico, os interesses que nas situações concretas prevalecem e, nos conflitos
de interesses juridicamente relevantes indica a quem pertence a razão jurídica, a parte cujo
interesse deve triunfar.
 No entanto, embora efetivamente a maior parte das normas visem orientar os
comportamentos das pessoas, em algumas delas essa função está ausente, como por
exemplo:
 As normas do segundo grau – normas de identificação jurídica ( ex: os artigos 1º e 4º do
CC), normas sancionatórias ( ex: as normas que fixa coimas ou multas – art. 44º, 47º CP),
normas sobre a vigência da lei ( ex. art. 5º do CC), normas sobre a interpretação ( ex. art. 9º
a 11º do CC) ou normas revogatórias ( sobre a revogação das outras normas ex. art. 7º do
CC;
 Deste modo, verifica-se que nem todas as normas regulam os comportamentos humanos,
por isso, segundo Oliveira Ascensão, para o Direito a regra é inevitavelmente um critério de
decisão de casos concretos – “ a regra surge como medianeira da solução jurídica de casos
concretos. Dá ao intérprete o critério pelo qual ele pode julgar ou resolver.
 Todavia, para este autor, não são todos os critérios jurídicos de decisão que são regras
jurídicas, pois estes podem ser:
 Materiais : são critérios normativos, em que se procede uma valoração generalizadora das
situações;
 Formais: são critérios equitativos, em que se fixa uma orientação que permite, através de
valoração próprias de cada caso, alcançar a sua resolução. E a norma jurídica apenas se
pode conduzir aos primeiros.
 Nestes termos, a regra jurídica é um critério material de decisão de casos concretos.
ESTRUTURA DA NORMA JURIDICA

 A norma jurídica prevê uma situação de facto, a que se fazem corresponder certos efeitos
jurídicos.
 Ex: Se alguém culposamente violar o direito alheio, fica obrigado a indemnizar o lesado
pelos danos daí resultantes ( art. 483, nº 1 CC); quem interromper a gravidez de uma
mulher sem o seu consentimento é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos – art. 154º nº
1 do CP.
 A norma é assim composta por dois elementos:
 a previsão ou antecedente
 a estatuição ou consequente
PREVISÃO OU ANTECEDENTE:

 A previsão corresponde a uma certa situação de facto que se deve verificar para que a
norma seja aplicada.
 A previsão da norma é sempre uma previsão normativa, pois embora se refira a uma
realidade empírica, a verdade é que a determinação do seu sentido deve ser feita de modo
jurídico, isto é, os factos da vida são jurisdicionalizados, transformando-se os seus
conceitos naturalistas em conceitos jurídicos, razão pela qual o seu significado deve ser
aquele que o Direito lhe atribui.
 Vejamos um exemplo elucidativo desta situação avançado por Marcelo Rebelo de Sousa/
Sofia Galvao: o que significa a expressão “ quem matar outrem?
 Após uma discussão, alguém dá um tiro a outrem de que resulta a sua morte;
 Um médico desliga o aparelho a que se encontra ligado um doente com diagnóstico de
morte cerebral;
 Um pai não vigia adequadamente um filho de quatro anos que brincava à beira mar,
resultando desse facto o seu afogamento mortal.
 A determinação do sentido da expressão tem de ser aferida juridicamente, e não
facticamente, ou seja, nestas três situações apenas se poderá dizer que um sujeito matou o
outro, caso o Direito o entenda desse modo ou o preveja desse modo
ESTATUIÇÃO OU INJUNÇÃO

 A estatuição ou injunção: é a determinação de certas consequências, que se irão verificar no


caso da norma se aplicar. Em outros termos, é a prescrição de efeitos jurídicos no caso de a
situação prevista ( previsão) se verificar.
 Dentro da estatuição é possível separar dois elementos:
 O operador deôntico: isto é, o comando da norma, que pode ser uma permissão, uma proibição
ou uma obrigação;
 O objeto (do comando) – isto é, aquilo que é permitido, proibido ou obrigatório, e que pode
corresponder a uma conduta, a um poder ou a um efeito jurídico.
 Tal como a previsão, a estatuição da norma também apresenta um caracter normativo, pois o seu
sentido é igualmente aferido de modo jurídico.
 Estamos perante uma estrutura-tipo ( previsão e estatuição) e , por isso, pode haver normas que a
não apresentem. Por outro lado, nem sempre é fácil determinar as suas partes. Como antecedente,
é logico que a previsão precede s estatuição: Ex: aquele que, com dlo ou mera culpa, violar
ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses
alheios” ( previsão) fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação
( estatuição).
 Todavia, podemos encontrar a estatuição antes da previsão ( Ex: a Assembleia Nacional
pode rever a Constituição ( estatuição) decorridos cinco anos da sua entrada em vigor ou da
ultima revisão ordinária ( previsão).
 Sendo a previsão o antecedente e a estatuição o consequente, urge esclarecer a natureza do
nexo que as une.
 Diferentemente do que sucede com as leis naturais em que há uma relação necessária entre
a causa e o efito, estamos no mundo cultural dominado pela contigencia; nem sempre é
possível aplicar os efeitos jurídicos quando os factos previstos na norma se verificam. Há,
aqui, uma valoração jurídica, uma criação do espirito humano e portanto, trata-se dum nexo
de imputabilidade.
CARACTERISTICAS DA NORMA JURIDICA

 As principais características das normas jurídicas se reduzem fundamentalmente as


seguintes: a bilateralidade, generalidade, abstração, imperatividade, hipoteticidade.
 Generalidade
 A generalidade traduz-se no facto de a norma jurídica se dirigir não a uma só pessoa, mas
a todas as pessoas que se possam encontrar na situação hipotética a qual uma certa
estatuição corresponde, isto é, dirige-se a uma categoria de pessoas não individualmente
determinadas.
 Na generalidade da norma está a garantia do tratamento igualitário e imparcial das
pessoas.
 Bilateralidade
 A bilateralidade traduz-se na especial direção das prescrições jurídicas, que têm dois
destinatários, o sujeito de um dever, por um lado, o titular do correlativo direito por outro.
 Abstração
 A abstração traduz-se no facto de a norma jurídica não se aplicar a um caso especifico, mas antes a um
número indeterminado de situações subsumiveis à categoria anunciada.
 O abstracto opõe –se ao concreto: o preceito abstracto disciplina um numero indeterminado de casos
( uma categoria mais ou menos ampla de situações), e não casos ou situações determinadas ( que são
particularmente visadas pela norma).
 Imperatividade
 A imperatividade é considerada como uma característica da ordem jurídica em geral, pois não se pode
entender que todas as normas traduzam verdadeiros imperativos. De facto, embora não se negue que as
normas de conduta sejam imperativas, a verdade é que não visam impor um determinado
comportamento aos seus destinatários ( ex. as normas defintórias e classificatórias). Deste modo, a
imperatividade não pode ser tida como uma característica da norma.
 Hipoteticidade

 A norma jurídica é hipotética porque os seus efeitos jurídicos só se produzem se se verificarem as


situações de facto enunciadas na previsão, isto é, a aplicação da regra depende da hipótese da
verificação de uma certa actuação ou prática de um facto jurídico. Por isso, a lei proíbe e sanciona a
condução sem cinto de segurança e só tem aplicação quando for praticada esta conduta.
 A hipoteticidade tem sido considerada pela doutrina como uma efectiva característica da norma jurídica.
 Heteronomia
 O Direito é heterônomo no sentido de que advém de uma autoridade exterior a cada um
de nós, o legislador;
 Violabilidade
Esta característica da violabilidade marca a distinção entre as leis sociais e as leis da
natureza. Estas ultimas são invioláveis. As normas jurídicas, como leis sociais dirigem-se a
seres livres que, no uso da sua liberdade, podem desobedecer ao que a lei ordena. Contudo,
a violação da norma jurídica não prejudica a sua verdade, a pretensão de validade da norma
jurídica não é molestada pela violação do seu comando.
Coercibilidade
Significa esta característica que, em caso de inobservância do Direito, se torna legitimo
fazê-lo pela força. É a coercibilidade que permite distinguir o Direito, mais precisamente, o
Direito positivo, das outras normas de conduta.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURIDICAS
 As normas jurídicas são classificadas segundo critérios ou pontos de vista que possam
responder a exigências praticas ou necessidades sistemáticas.
 Assim as normas jurídicas são classificas:
 1. QUANTO À SUA RELAÇÃO COM A VONTADE DOS SEUS DESTINATÁRIOS.
 Segundo esse critério as normas jurídicas podem ser:
 a) Imperativas ( injuntivas ou congentes) : a sua aplicação não depende da vontade das
pessoas. Impoe-se-lhe, exigindo um comportamento que pode ser positivo ( facere) ou
negativo ( non facere).
 Assim, as normas imperativas por sua vez podem ser classificadas em:
 1. preceptivas: impõem-nos uma conduta.
 Sucede por exemplo com a norma que determina que os contratos devem ser pontualmente
cumpridos ( art. 406º CC) ; obriga a restituição do enriquecimento sem causa ( art. 473º
CC); à indemnização dos danos resultantes da violação ilícita, com dolo ou mera culpa, dum
direito alheio ( art. 483º CC);
 2. Proibitivas: proíbem uma conduta.
 Sucede com grande parte das normas penais; com a norma que proíbe o casamento a
quem tenha idade inferior a dezasseis anos ( art. 24º CF), a norma que proíbe um novo
casamento a quem é casado ( art. 28º nº 1 do CP); a norma que proíbe o proprietário de
construir ou manter no seu prédio obras, instalações ou depósitos de substancias
corrosivas ou perigosas ( art. 1347º CC);
 3. Permissivas ( ou dispositivas) : permitem ou aotuorizam certos comportamentos. Por
sua vez podem ser:
 a) facultativas ( concessivas ou atributivas) : permitem ou facultam certos
comportamentos, reconhecendo determinados poderes ou faculdades.
 Sucede por exemplo com a norma que concede ao proprietário o gozo pleno das coisas
que lhe pertencem ( art. 1305º CC); norma que permite ao cônjuge requerer o divorcio
com fundamento em qualquer facto que mostre a ruptura definitiva do casamento ( art.
97º CF);
 b) interpretativa: determinam o alcance e o sentido de certas expressões ou declarações
negociais susceptíveis de duvida.
 Acontece, por exemplo com a norma que interpreta as expressões “ uso continuo¨, “ uso
diário¨, “ uso nocturno¨, “ uso semanal¨, ( art. 1402º do CC);
 C) Supletivas : suprem a falta de manifestação da vontade das partes sobre determinados
aspectos dum negocio jurídico que carecem de regulamentação.
 Sucede, por exemplo com a norma que determina que, na falta de estipulação ou
disposição especial da lei, a prestação deve ser efectudad no lugar do domicilio do devedor
( art. 772º do CC); que na falta de convenção antenupcial, o casamento considera-se
celebrado sob o regime de comunhão de adquiridos ( art. 49 nº 3 do CF); que não havendo
convenção em contrario, as despesas do contrato de compra e venda ficam a cargo do
comprador ( art. 878º CC)
 2. QUANTO AO AMBITO DE VALIDADE ESPACIAL, as normas jurídicas podem ser:
 1. Universais ( nacionais ou globais): aplicam-se em todo território do Estado.
 Sucede com as normas contidas na maior parte das leis e decretos –leis;
 2. regionais: só se aplicam numa determinada região. É o caso das normas integradas nos
decretos legislativos regionais. Em Angola temos o caso das normas contidas no Estatuto
Especial da ´Provincia de Cabinda;
 3. aplicam-se apenas no território duma autarquia local. São exemplos as normas contidas
nas posturas municipais. Tambem dos órgãos legislativos estatais podem emanar normas
dirigidas unicamente a uma determinada zona do país.
 3. QUANTO AO AMBITO PESSOAL DE VALIDADE, as normas jurídicas podem ser:
 1. Gerais ( ou comuns): estabelecem o regime – regra para o sector de relações que
disciplinam.
 São exemplos as normas gerais as que consagram o principio da consensualidade nos
negócios jurídicos ( art. 219º CC), o prazo ordinário da prescrição de vinte anos ( art. 309º
CC), o ônus da prova a cargo de quem invocar um direito ( art. 342º CC)
 2. Especiais: consagram uma disciplina nova ou diferente para círculos mais restritos de
pessoas, coisas, relações, mas não diretamente oposta ao regime comum das normas gerais.
 Temos como exemplos das normas que regulam as relações jurídicas dos comerciantes
( Direito Comercial); das que tipificam certsos crimes considerando a qualidade militar dos
seus autores ( Direito Penal Militar)
 3. Excepcionais: consagram um ius sungulare, ou seja, um regime oposto ao regime regra,
num sector restrito. Comparando com as normas gerais que exemplificamos, são
excepcionais as normas que exigem escritura pública ou documento particular autenticado
em determinados negócios jurídicos ( art. 875º, 947º CC).
 4. QUANTO A PLENITUDE DO SEU SENTIDO, as normas podem ser:
 1. Autónomas: expressam um sentido completo, isto é, possuem conteúdo independente do de outras normas jurídicas.
 Como exemplo citamos a norma que fixa os efeitos da maioridade( art. 130º CC); norma que atribui o risco ao devedor em
mora ( art. 807º CC), a norma que permite ao proprietário fazer a apanha dos frutos caídos no prédio vizinho ( art. 1367º),
a norma que reconhece a legitimidade a qualquer dos cônjuges para contrair dividas (art. 61º CF);
 2. Não autónomas ( ou remissivas): não têm um sentido completo e, para o obterem, remetem para outra ou outras normas.
 A remissão pode ser feita de diferentes maneiras:
 a) remissão explicita: referem expressamente a norma ou normas para que remetem. Pode ser:
 I. Modificativa: a norma não só remete para outra ou outras, mas tambem modifica o seu alcance. A modificação pode ser:
 a) restritiva: a norma jurídica para que a norma ( remissiva) remete é restringida.
 Ex: Sucede com a norma sobre a constituição dos direitos de uso e habitação que remete para a norma sobre a constituição
do usufruto, mas afasta a aquisição por usucapião: diferentemente do usufrutuário, o usuário ou morador usuário não pode
adquirir o direito de uso e habitação por usucapião ( art. 1485º, 1440º, 1293º al. b) do CC);
 b) ampliativa: a norma remete para outra e amplia o seu alcance.
 É o caso da norma sobre a administração de coisa comum ( compropriedade) que remete para a norma que se
ocupa da administração da sociedade, mas favorece a constituição da maioria dos comproprietarios: é
necessário que representem, pelo menos, metade do valor total das quotas e não mais de metade ( art. 1407º nº
1, 985º nº 4 CC);
 II. Não modificativa: a norma limita-se a remeter para outra que a completa, sem modificar ( restringir ou
ampliar) o seu alcance. A remissão pode ser:
 a) intra- sistemática: a norma jurídica remete para outra norma do mesmo sistema jurídico. Trata-se dum
processo técnico-legislativo frequente que não só evita repetições como assegura um paralelismo e uma
unidade de soluções.
 Sucede por exemplo com a norma sobre responsabilidade do mutuante que remete para a que se ocupa da
responsabilidade do comodante ( art. 1151º, 1134º do CC); com a norma sobre a gratuidade ou onerosidade do
deposito que devolve para a norma sobre a gratuidade ou onerosidade do mandato ( art. 1186º e 1158º do CC);
com a norma sobre o divórcio litigioso, que remete para as normas que estabelecem os seus fundamentos ( art.
97º e 98º CF); com a norma do Código Comercial que remete para o Direito Civil se as questões sobre direitos
e obrigações comerciais não puderem ser ali resolvidas ( art. 1º do C. Comercial);
 b)extra- sistemática: a norma jurídica remete para sistemas jurídicos diferentes (estranhos ou estrangeiros).
 É o caso por exemplo das normas do Direito Internacional Privado que remetem para outra ordem jurídica ( art.
14º a 65º do CC),
 b) remissão implícita: a norma jurídica não remete expressamente para outra norma, mas
estabelece que o facto ou situação a regular é ou se considera igual ao facto ou situação
disciplinada por outra norma para a qual, implicitamente remete: é o regime jurídico, que
esta estabelece, que vem a aplicar-se.
 São remissões implícita:
 1. ficções legais: o legislador determina que um determinado facto ou situação é ou se
considera como se fosse igual ao facto ou situação prevista noutra lei. Por isso,
assimilando ficticiamente o facto x ( a disciplinar) ao facto y ( já disciplinado) , a nova
norma jurídica vai permitir que outra norma ( que disciplina o facto y) tambem se aplique
ao facto x.
 Sucede com a norma jurídica que finge feita a interpelação do devedor se a tiver impedido
( art. 805º, nº 2, al. c), do CC;
 2. Presunções legais: para afastar as dificuldades que, por vezes, a prova dum facto ou
situação a regular suscita, o legislador dispoe que, provada a existencia dum determinado
facto, se considera também provada a existência do outro.
 Na base das presunções está a relação entre os dois factos ( o que não se prova e o que se
prova) que, ensina a experiencia , normalmente quando um ocorre também o outro se
verifica. Por isso, verificado e provado o facto x também se tem por verificado o facto y e,
sendo este presumido, a norma juridica 9 que estabelece a presunção) remete
implicitamente para a norma que a disciplina.
 Assim, sucede com a norma que determina a presunção de paternidade : provado que A
tem por mãe B, presume-se que seu pai é o marido de B. E ao pai ( presumido) aplicam-se
as normas que estabelecem os efeitos da filiação, nomeadamente as responsabilidades
parentais.
 Outros exemplos são nos oferecidos , por exemplo, pela norma que presume ter carácter de
sinal a quantia entregue pelo promitente-comprador ao promitente-vendedor e, em
consequencia, remete para a norma que obriga este a restituir o dobro ou penaliza aquele
coma perda da coisa entregue se a obrigação não for cumprida por causa que lhe seja
 As presunções, que escusam o beneficiado da prova do facto presumido ( art. 350º nº 1 do
CC) e invertem o ónus da prova ( art. 344º do CC), podem ser:
 1. absolutas ( iuris et de iure): não admitem prova em contrário.
 Sucede por exemplo com a presunção de que a posse adquirida por violência é de má fé
( art. 1260º nº 3 do CC). Estas presunções são excepcionais ( art. 350º CC);
 2. Relativas ( iuris tantum): podem ser ilididas mediante prova em contrário.
 Sucede por exemplo, com a presunção da paternidade.
 V: QUANTO A SANÇÃO: as normas juridicas classificam -se em:
 1. Leges plus quam perfectae: determinam a invalidade dos actos que as violem e aplicam, ainda, uma pena aos
infratores.
 Sucede por exemplo com o casamento celebrado por quem é casado. Não estando o casamento anterior dissolvido, o
segundo é anulável e o infractor será também punido pelo crime de bigamia. É o caso dum contrato de estupefacientes
que, além de inválido, sujeita os contraentes a sanções penais, etc.
 2. Leges perfectae: só determina a invalidade dos actos contrários.
 Sucede por exemplo com a compra e venda e a doação de bens imóveis sem escritura pública ou documento particular
autenticado; com o casamento celebrado por quem não tem vontade ou a tem viciada por erro ou coação ou foi celebrado
sem a presença das testemunhas que a lei exige; com o testamento feito por quem é incapaz de testar;
 3. Leges minus quam perfectae: não estabelecem a invalidade do acto contrário, mas determinam que não produzirá
todos os seus efeitos. É o caso por exemplo, do casamento dum menor, com mais de 16 anos de idade, sem a autorização
dos pais ou do tutor, quando suprida pelo Conservador do Registo Civil: o casamento é válido, mas o menor não deixa
de o ser quanto à administração dos bens que leve para o casal ou adquira posteriormente a titulo gratuito.
 4. Leges imperfectae: não estabelecem nenhuma sanção.
 Sucede por exemplo, com as normas constitucionais que consagram o direito à segurança social e, em consequencia,
atribuem ao Governo o dever de organizar, coordenar e subsidiar um sistema de segurança social; que reconhecem o
direito à protecção da saúde e estabelecem o dever de o Governo criar um serviço nacional de saúde universal e geral
tendencialmente gratuito.

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