Você está na página 1de 2

Metodologia – caminho a seguir para chegar ao direito – pretende-se fazer uma análise Diferente do que acontece nos casos

que acontece nos casos não jurídicos embora seja provável a reacção hostil, perante o
critica a cerca do método a seguir na questão da realização do direito. desvio, esta não é organizada de forma oficial. Porém nem todos os autores apoiam a teoria da
A realização do direito não é apenas o momento legislativo mas também a aplicação e todo previsibilidade, portanto criticando-a da seguinte forma – a previsibilidade é um aspecto importante
o conjunto que constitui o direito no sentido amplo. das normas jurídicas mas não é uma descrição exaustiva, ou seja, não explica o que seja regra
A metodologia jurídica – compete reflectir criticamente o método da judicativa decisória, a jurídica – a teoria da previsibilidade enquanto teoria da reacção hostil previsível pela violação da
realização do direito abarca não só a prescrição da lei mas também a aplicação aos casos norma jurídica é posto em causa da seguinte forma:
práticos. O juiz na sua tarefa da resolução dos casos que resulta da violação da norma não pune o infrator
O momento da aplicação é também um momento de criação da lei (embora os normativistas porque era previsível a punição mas apenas quando violar a norma.
dizem que apenas quem faz direito é quem cria as leis) A definição do direito tem sido dada por acrescentamento, juntando alguns critérios até se chegar a
Moral uma definição aproximada daquilo que é o direito.
Intra-subjetiva - estas normas dirigem-se a própria pessoa, dirige-se a interioridade da O direito é um imperativo - o modo imperativo pode ser uma ordem ou um aviso.
própria pessoa. Uma relação de permante “autoridade entre” o Estado e o particular - a forma padrão do direito não
Jurídica é particular mas sim dirigido a uma multiplicidade – a forma padrão do direito manifestar é entendida
- Conversibilidade material – contrariamente às outras normas sociais é necessário acolher em um duplo sentido.
coercibilidade para garantir o seu respeito Leis comandos e ordens
- é uma ordem inter-subjetiva- a violação da norma jurídica necessita da exteriorização da As normas jurídicas
conduta Características
A norma como imperativo:
A DIFERENÇA ENTRE DIREITO E A MORAL.
Para distinguir o direito de moral tem-se que se basear em alguns critérios de destinação: É duvidosa a caracterização da norma jurídica como um imperativo. Desde logo porque há certas
Primeiro critério normas que não ordenam ou proíbem uma conduta mas, antes, atribuem um poder ou faculdade.A
A teoria do mínimo ético – essa teoria começou a ser defendida por um jurisconsulto norma ou preceito nunca poderá ser, portanto, puro acto de vontade, puro imperativo: porque é
inglês, Jeremias, e retomado no século XIX por JELLINECK (este Alemão) condicionada pelos termos do problema, pelas opções possíveis e pelo critério valorativo que
Segundo essa teoria o direito represente apenas o mínimo da moral declarada obrigatória imprime coerência e significado ao preceito legislativo.
para que a sociedade possa sobreviver - significando que as normas da ordem moral são A generalidade da norma jurídica .É o preceito que, por natureza, se dirige a uma generalidade mais
de comprimento espontâneo, normalmente as pessoas acatam as regras morais, mas
ou menos ampla de destinatários (pessoas), isto é, que não tem destinatário ou destinatários
devido a importância de algumas normas morais, pelo que deve-se reforçar essas condutas
de garantias especiais (coercibilidade material) logo deixarão de ser simplesmente normas determinados.
morais para passarem a ser obrigatoriamente normas jurídicas. O jurídico fica dentro da A abstracção da norma jurídica
moral. Diz-se abstracto o preceito que disciplina ou regula um número indeterminado de casos, uma
O direito não é algo diferente da moral, mas de uma parte dela, de que revestida de categoria mais ou menos ampla de situações, e não casos, situações ou hipóteses determinadas,
garantias especiais. concreta ou particularmente visadas. Note-se que isto não significa que se não possa tratar de
- Tudo o que é jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico. situações já concretizadas ou realizadas.
Será certo dizer que todas as normas jurídicas se contêm no plano da moral?
Deste modo, generalidade e abstracção viriam afinal a reconduzir-se a uma categoria única, a
Não. Isso porque para além do que é considerado imoral deve-se considerar também o
amoral, ou seja, as normas que nada tem a ver com a moral (exemplo normas técnicas). da generalidade. Toda a lei, toda a norma jurídica deverá ser geral, no sentido de se destinar a
A existência de normas técnicas pode fundamentar a não-aceitação da teoria do mínimo regular toda uma categoria de situações ou de factos, futuros ou presentes.
ético. Estrutura da norma jurídica
Segundo critérios No modolu lógico da norma jurídica (completa) podemos destinguir um antecedente e
Critério da coercibilidade um consequente, ou seja, uma previsao e uma estatuiçao. a p re v i s ã o : a de s c ri ç ão d e
Na moral não se pode aplicar a coercibilidade – deve-se contar com a adesão das pessoas, u m f a ct o ou ac o nt e c i me nt o , qu e assume relevância jurídica; ea estatuição: a atribuição de
pois a moral é um mundo de conteúdo espontâneo, “pois ninguém pode ser obrigado a ser
um efeito jurídico ao que se des creve na previsão. Como por exemplo: artigo 122º do código penal
bom” a moral não pode se imposta pela força, logo a moral é incoercível e o direito
coercível. de cabo verde: “quem matar outra pessoa (previsao) será punido com a pena de prisao de 10 a 16 anos
Ihiirery- o direito se reduz a norma mais coação (estatuição)”.
Kelsen - o direito é uma ordenação coerciva da conduta humana. Esse critério teve um grande A ordem
desenvolvimento na época em que o positivismo esteve em alta. Mais tarde começou-se a pôr em causa Embora uma sugestão de autoridade e de deferencias para com a autoridade possa muitas vez ligar-
a opinião desses dois autores. Mas apesar do mérito desse critério ele falha, pois existem setores da se às palavras «ordem» e «obediencia» usaramos as expressoes «ordens baseadas em ameaças» e
ordem jurídica sem coercibilidade. Tal critério só vale negativamente, ou seja, onde houver uma «ordens coercivas» para nos referimos a ordens que, tal como as do assaltante, são baseadas em
ordem com coercibilidade não teremos uma ordem moral.
Terceiro critério ameaças, e usaremos as palavras «obediencia» e «obedecer» para abranger o cumprimento de tais
O critério da exterioridade ordens. A ordem presente na norma juridica traduz numa ordem referente a uma relaçao coerciva
Direito e moral tem pontos de partida diferentes; uma assenta no lado exterior e outro do duradoura ou permanente. Na ordem há uma relaçao coerciva de superioridade e inferioridade de
lado interior da conduta humana. Isso porque os fins visados pela ordem jurídica e a ordem curta duraçao: uma relaçao aqui baseada na ameaça, como por exemplo: do assaltante sobre o
moral são diversos. funcionário) é uma relaçao de curta duraçao; as leis não tem esse caracter de curta duraçao, mas
Segundo o Professor Dr. Oliveira Ascensão o melhor critério para distinguir o direito e a sim, as leis tem caracter de permanencia ou de duradoiro, persistencia.
moral é o critério da exterioridade.
O comando
Será que a intenção conta para o mundo do jurídico?
Enquanto a conduta não for exteriorizada não deve ser tido em conta para o direito. Por É obvio que a ideia de um comando com a sua conexao muito forte com a autoridade está muito
isso é que se critica essa teoria pois a intenção faz diferença no ireito penal. (teoria mais proxima da de direito do que a ordem do assaltante baseada em ameaças. Um comando está
defendida principalmente pelos jurisconsulto Thomas século XVIII) demasiado próximo do direito para os nossos propósitos, isto porque os elemento de autoridade
Característica das normas jurídicas implicado no direito tem sido sempre um dos obstáculos no caminho de qualquer explanação facil
Imperatividade - a norma contém um comando no sentido de ditar uma conduta, as pessoas daquilo que o direito é. Não podemos, por isso, usar com preveito, na elucidaçao do direito, a noçao
(imperativo), ou seja, as normas contém um imperativo destinado a impor um determinado de um comando que tambem o implique.
tipo de comportamento.
Três questões recorrentes que derivam desta pergunta: o que é o direito?
Críticas a esta característica
Há situações em que as normas jurídicas não dão ordem as pessoas dando possibilidade Essas questões surgem juntas e sob a forma de um pedido de definição de direito ou de uma
de escolher o caminho a seguir – São as chamadas normas permissivas – (exemplo: dão a resposta a questão “o que é o direito?”Três questões recorrentes que derivam desta pergunta: o
possibilidade de escolher livremente, por convenção antenupcial o regime de bens a adotar que é o direito?Essas questões surgem juntas e sob a forma de um pedido de definição de direito ou
ao contrair o matrimonio) é duvidosa a caracterização da norma como imperativa, já que de uma resposta a questão “o que é o direito?”
certas normas nem proíbem uma conduta, antes atribuem um poder ou uma faculdade. a) Como defere o direito de ordens baseadas em ameaças e como se relacionam com estas?
Deve-se dizer que no caso dessas normas permissivas, esse imperativo existe embora O sentido primeiro é mais simples em que a conduta já não é facultativa que ocorre quando um
encoberto na própria norma.
homem é forçado a fazer o que o outro lhe diz, não porque seja fisicamente compelido, no sentido
Normas proibitivas – são normas que proíbem as pessoas certos comportamentos sob
pena de lhes ser cominada uma sanção. do que o seu corpo é empurrado ou arrastado, mas porque o outro a ameaça com consequências
Normas supletivas – são normas que podem ser afastadas pela vontade de particulares, desagradáveis se ele recusar. Como por exemplo: o assaltante armado ordena à sua vítima que lhe
destinam-se a suprimir um vazio deixado pela disposição das partes. entregue a bolsa e ameaça que lhe dá um tiro se esta recusar; se vítima acede, referimo-nos à
Mesmo que reconhecida as normas não permissivas ela não se manifesta de igual modo maneira porque foi forçada a agir assim, dizendo que foi obrigada a agir assim. Uma pessoa dá uma
entre as diversas normas. ordem a outra baseada em ameaças, e, neste sentido de obrigar, obriga a obedecer, neste caso
Segundo Miguel Real a duas divisões consoante a imperatividade. temos a essência do direito.
Normas públicasou cogentes – aqueles que tutelam determinados interesses, gerais e que
b) Como defere a obrigação jurídica da obrigação moral e como está relacionada com esta?
revestem de suma importância – são normas cuja violação implica a nulidade do acto
disponível). Neste segundo modo em que uma conduta pode não ser facultativa, mas obrigatória. As regras
Normas dispositivas – são a maioria das normas e que estão na disponibilidade dos seus morais impõem obrigações e retiram certas zonas de conduta da livre opção do indivíduo de agir
destinatários. como lhe apetece. O sistema jurídico contém elementos estritamente ligados com os casos simples
Mesmo nas normas permissivas encontrarmos graus diferentes de imperatividade de ordens baseadas em ameaças, mas também contem elementos ligados com certos aspectos da
A imperatividade caracteriza o sistema geral, mas não está em todas as normas de per si. moral.
Generalidade – as normas são dirigidas a uma multiplicidade de pessoas e não
c) O que são regras e em que medida é o direito uma questão de regras?
singularidades, ou seja, destinatário individualizáveis.
Abstracção – as normas são feitas para a multiplicidade de situações do mesmo tipo e não Esta pergunta apresenta alguma complexidade, porque há regras que derivam de vários pontos, e
para uma situação em concreto. mesmo no que tange as regras jurídicas ela apresentam diferenças. Muitos autores que o afirmam
Coercibilidade – é a suscetibilidade de aplicação coactiva de uma sanção. que o sistema jurídico consiste pelo menos em regras. Quer aqueles que encontram a chave da
O conceito de direito consiste em valer-se do veneno da força para impedir que ela triunfe. compreensão do direito na noção das ordens baseadas em ameaças, quer os que a encontraram na
A força no direito pode ser entendida em dois sentidos: sua relação com a moral ou a justiça, todos falam de igual forma do direito como conteúdo de
Mecanismo de imposição das normas (violência física ou psicológica) regras. Contudo, subjazem a perplexidade acerca da natureza do direito, a incerteza e confusão
Força organizada para fins do direito.
respeitantes a esta noção aparentemente simples. Algumas regras são imperativas no sentido de
Generalidade – as normas são dirigidas a uma multiplicidade de pessoas e não
singularidades, ou seja, destinatário individualizáveis. exigirem das pessoas um comportamento de certa forma. A mera convergência de comportamentos
Abstracção – as normas são feitas para a multiplicidade de situações do mesmo tipo e não entre membros de um grupo social pode existir, mas contudo não haver uma regra a exigi-lo. Então,
para uma situação em concreto. qual a diferença crucial entre o comportamento habitual convergente num grupo social e a
Coercibilidade – é a suscetibilidade de aplicação coactiva de uma sanção. existência de uma regra que use as palavras “ter de”, “dever”, ou “dever de”? Relativamente às
As normas jurídicas visam preservar o essencial da convivência humana visando regular regras jurídicas são muitas vezes sustentadas que a diferencia crucial reside no facto de que os
os aspetos mais relevantes dessa convivência, não deixando as normas à mercê das desvios de certos tipos de comportamento serão provavelmente objecto de reacção hostil.
pessoas.
Relativamente as regras não jurídicas não existem esta organização de forma oficial.A
A coercibilidade das normas jurídicas é monopólio do Estado, querendo dizer que só o
Estado pode usá-los. PREVISIBILIDADE da regra jurídica é prevista e organizada de forma oficial. A previsibilidade do
Generalidade e abstracção castigo é um aspecto importante da regra jurídica mas isto não é uma descrição exaustiva. Pode
As normas são tendencialmente gerais e abstractas entretanto a existência de excepções realmente existido algo para ale, dos factos claramente determináveis, algum elemento extra que
acaba por beliscar a caracterização que tem tendência para generalizar. guia o juiz e o justifique ou lhe dê uma razão para punir. O juiz ao punir toma a regra como seu guia
O conceito de direito e a violação da regra como a razão e justificação para punir o autor da violação. O aspecto da
Pelo fato de haver dúvidas na qualificação jurídica dos casos próximos do limiar entre o previsibilidade da regra é irrelevante para os seus objectivos, enquanto que o respectivo estatuto
jurídico e o não jurídico, dificulta a definição do direito.
como guia e justificação é essencial. Censuramos ou castigamos um homem porque violou uma
Casos padrão nítidos do direito – são aquelas situações que constituem direito para
qualquer cidadão comum. regra e não meramente que era provável que o censuramos ou castigaríamos.
O problema é que o direito não é apenas esses casos; existem também as situações Críticas: O que pode haver numa regra para além da punição ou censuras regulares daqueles que
controvertidas, ou seja, casos duvidosos para o direito, criando assim um problema dos desviam dos padrões usuais de conduta, que distinga de um simples hábito do grupo? Pode
casos controvertidos. A existência de casos controvertidos que vai dificultar a definição do realmente existir algo para além destes factores meramente determináveis? Os críticos da teoria da
direito, pois esses casos estão na fronteira entre o jurídico e não jurídico. previsibilidade aceitam a existência de um elemento extra para além dos factos meramente
Para Herbert Hart essa é uma questão importante na definição do direito. Adiando a
determináveis. Só que este elemento não tem base racional, portanto, neste caso estamos no
resolução dos casos controvertidos e de responder propriamente o que é o direito, dever-
se-á primeiro resolver outros problemas prévios. domínio da ficção, pois, imaginamos que há algo externo, alguma parte invisível da estrutura do
Para ele há que responder três questões prévias a que ele chamou “questões recorrentes”, universo que nos orienta a fiscalizar estas actividades. Não será a concepção do direito como
que também tem suscitado comentários contraditórios. Para ele as duas primeiras essencialmente uma questão de regras, um erro? Leva-nos à negação paradoxal: ou seja as leis são
questões surgem da seguinte forma – na sociedade há dois tipos de conduta, as condutas fontes do direito não parte do próprio direito.XVIII.
obrigatórias e condutas facultativas – sendo que ao direito faz parte as condutas INTERDISCIPLINARIDADE DO DIREITO
obrigatórias então, “o direito é um sistema das regras obrigatórias” – mas a ordem baseada À relação do Direito com a história – a história dá-nos uma elucidação de como uma
em ameaça é sempre direito? E tratando-se de ameaça de um assaltante estar-se-á perante norma surgiu e a sua própria evolução e separar o direito da história, seria dizer que
direito? E aqui surge a primeira questão. o direito era apenas o que existe hoje.
1. Como difere o direito e a obrigação jurídica das ordens baseadas em ameaças e como se Relação com a filosofia – indaga se o valor ético, histórico e equitativo da
relacionam com esta? Pelo que, há que encontrar critérios para definir o direito. juridicidade.
2. Com difere a obrigação jurídica da obrigação moral e como está relacionada com esta? Relação com a sociologia jurídica – (estuda fatos sociais) visa a sua eficácia (da
3. O que são regras? .. Essas questões se põem, por causa da imensidade das regras norma), no plano social.
que existem – logo precisa-se saber quando se tem uma regra jurídica. Relação com a economia – a economia actua sobre o jurídico, pois o direito recebe
Há regra jurídica - quando existe uma convergência de comportamento das pessoas valores económicos, sujeitando-se as próprias estruturas e fins da economia.
embora a mera convergência de comportamento não quer dizer que haja regra (exemplo: ir Segundo Marx o direito é uma superestrutura de caracter ideológico, condicionado
à missa aos domingos). pela infraestrutura económica – Critica a esse conceito: concebe a estrutura
Qual a diferença entre um comportamento habitual meramente convergentes e a existência e de uma económica anterior e independente do próprio direito, ou seja, não há supremacia da
regra jurídica? – Para muitos autores no direito há uma reacção hostil para quem violar uma regra, economia em relação ao direito.
ou seja, a diferença está no fato de que a violação das regras jurídicas serem objecto de uma O direito é um fenómeno histórico social sujeito a variação, fluxos e refluxos no
reacção hostil, explicado pela: espaço e no tempo.
Teoria da previsibilidade - é previsível que as violações das normas jurídicas sejam punidas e que As indagações filosóficas levam-nos a três questões:
essa consequência previsível é definida e organizada de forma oficial.  O que o direito?
 Em que se funda ou legitimam o direito?
 Qual o sentido da história do direito?
São questões que devem ser respondidas dentro do âmbito da filosofia.

Você também pode gostar