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Resumão

IED 1.2

Carla Livramento e Bianca Nascimento


Direito UFPE 2022.1

@machadinhastudies
Como utilizar o resumão nos seus estudos de IED?
1. Não substitua a leitura do material bibliográfico pela do resumão, ele deve ser
utilizado como um complemento aos seus estudos, o mesmo foi feito para
sistematizar o conhecimento que eu construí COMENDO os livros passados pelo
professor;
2. Depois de ver o assunto na aula, dê uma lida rápida só para fixar os assuntos,
ajuda muito!
3. Dica de amiga: releia as primeiras leituras depois de um tempinho, na metade da
unidade, desse jeito você entenderá melhor porque já terá mais maturidade e
repertório.

Perspectivas dogmáticas e não-dogmáticas


ANOTAÇÕES PELO ESTUDO EM GRUPO

Cap. 8- Ética e Retórica (João Maurício Adeodato)

Dogmática

Tercio: a dogmática analítica é um instrumento capaz de proporcionar uma congruência


dinâmica entre os mecanismos de controle social, como normas, valores, instituições.

A dogmática serve para REGULAR o sistema jurídico oferecendo-lhe coerência e razoabilidade


para dominá-lo e exercitá-lo tecnicamente.

Sistema jurídico das sociedades modernas: diferenciado e autorregulado

Sistema jurídico autônomo: conjunto de elementos e relações capaz de impedir que um evento
em qualquer dos outros sistemas seja necessariamente um evento dentro dele.

Pretensão de monopólio estatal → aumento da importância das fontes estatais


(legislação e jurisprudência);

Complexidade social → dificultou a aplicação do costume

Emancipação do sistema jurídico em relação aos outros sistemas →


autorreferência do direito (autopoiese)

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Inegabilidade dos pontos de partida → Um argumento é aceitável
juridicamente se tomar como base uma norma jurídica;

Modernidade jurídica

Conceito qualitativo, não temporal;

Obrigatoriedade de decidir;

Todo direito é positivo e posto pelo Estado (Kelsen e Adeodato)

Kelsen

A dogmática é a única ciência puramente jurídica → normas > fatos

Cap. 9

Pressupostos filosóficos:

Abismo gnoseológico → incompatibilidade entre o evento real (evento


irrepetível)

Incompatibilidade entre: 1. Evento real/ fato (irrepetível); 2. Ideia (particular / maneira em que você
irá interpretar o fato); 3. Linguagem (o mais difícil no direito, a maneira em que você irá
externalizar o entendimento do fato);

Vagueza - Problema de denotação; um conceito muito amplo por abarcar vários objetos (não
consegue atribuir aquela realidade a uma apalavra em si);

Ambiguidade - Problema de conotação; dúvida sobre o significado do texto jurídico, é ambígua


uma palavra que se associa a objetos que não tem nada em comum;

Porosidade - Modificações de um termo no uso cotidiano as quais se dão ao decorrer do tempo,


modificando ambiguidade e vagueza; Ex. o direito se tornou mais poroso por se tornar mais
ambíguo;

Abismo axiológico → referente a valoração; decorrente da habilidade humana,


deriva das enormes diferenças entre as pessoas, pela particularidade das
pessoas que reproduzem o evento real, criando, dessa forma, valores
distintos incompatíveis com o direito; necessário eleger uma moral
vencedora;

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Conceito do Ordenamento Jurídico
Cap. 1 - Da norma ao ordenamento jurídico BOBBIO

Novidade do problema do ordenamento

As normas jurídicas sempre existem em um contexto de normas que guardam relações


particulares entre si; o contexto de normas “ordenamento”;

Norma em si, como elemento primeiro da realidade jurídica;

“Só pode falar em direito onde haja um complexo de normas formando um


ordenamento, e que, portanto, o direito não é a norma, mas um conjunto
ordenado de normas” → sistema normativo;

Hans Kelsen, plena consciência da importância de problemas conexos com a existência do


ordenamento jurídico;

Nomostática - Problemas relativos à norma jurídica;

Nomodinâmica - Problemas relativos ao ordenamento jurídico;

Ordenamento jurídico e definições do Direito

4.3.1.1. Tércio - Ordenamento como sistema dinâmico

“ Ordenamento é um conceito operacional que permite a integração das normas no conjunto,


dentro do qual é possível identificá-las como normas jurídicas válidas” - TÉRCIO JR.

Sistema unitário, a concepção como repertório e estrutura marcados por um princípio que
organiza e mantém o conjunto como um todo homogêneo;

Conceito de ordenamento importante para a dogmática, incluindo elementos normativos e não


normativos (definições, critérios classificatórios, preâmbulos) - Conjunto sistemático;

Caráter dinâmico - capta as normas dentro de um processo de contínua transformação;

Sistema como uma forma técnica de conceber os ordenamentos, que são um dado social;

O ordenamento como sistema é congruente com o aparecimento do Estado moderno e o


desenvolvimento capitalista;

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Art. 6º* A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada

4.3.4 Doutrina da irretroatividade das leis: Direito adquirido, ato jurídico


perfeito, coisa julgada

É preciso enfrentar a questão da decibilidade de conflitos no que diz respeito às


situações subjetivas quando do câmbio de normas ou da simultaneidade da eficácia de normas
em contradição;

A doutrina da irretroatividade das leis tem relação com a teoria dogmática da incidência
normativa;

Normas incidem sobre a realidade; incidência significa configuração atual de situações


subjetivas e produção de efeitos em sucessão;

Quando o efeito se produz e a situação subjetiva se configura, dizemos que ocorreu a


incidência normativa;

Condições da incidência (efeito produzido): validade, vigência e eficácia (efeito de


possibilidade);

Eficácia da norma pode ser retroativa;

Normas de competência conferem poder para estabelecer outras normas, qualificam certos atos
sob certas condições como capazes de produzir certos efeitos;

Doutrina de irretroatividade da lei → segurança jurídica e solucionar os


conflitos com o mínimo de perturbação social;

Direito adquirido: a eficácia retroativa da lei nova é inadmissível desde que a incidência
da lei antiga tenha ocorrido plenamente; se a lei antiga contém normas de competência que
estabelecem as condições em que alguém é considerado titular de direitos subjetivos - o direito
está adquirido; ocorreu a incidência no sentido de que o adquirente está apto a exercê-lo;
adquirir um direito significa torna-se seu titular;

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Não protege o sujeito contra os efeitos retroativos de uma lei que diz respeito à
incidência de novas normas de conduta;

Ato jurídico perfeito: o ato exercitado e consumado sob a norma de conduta da lei
antiga não pode ser atingido pela lei posterior; protege o titular que exerceu seu direito
conforme norma de conduta;

Coisa Julgada: protege a relação controvertida e decidida contra a incidência da lei


nova;

Exceção: retroatividade in bonam partem;

Fontes Jurídicas
ADICIONAR A PERSPECTIVA DE TÉRCIO

Cap. II - Compêndio de Introdução à Ciência do Direito (Maria Helena Diniz)

“Fonte jurídica” - a origem primária do direito; trata-se da fonte real ou material do direito, dos
fatores reais que condicionaram o aparecimento de norma jurídica;

Kelsen - Admite esse sentido, mas não considera científico-jurídico, quando se refere a
todas as representações que influenciaram a criação do direito, ex. princípios morais e
políticos, teorias jurídicas e pareceres de especialistas; essas fontes se distinguem do
direito positivo (juridicamente vinculantes);

“Fontes do direito” - equivalente ao fundamento de validade da ordem jurídica; teoria kelsiana;


apenas as normas suscetíveis de indagação teórico-científica; “fonte”, o fundamento de validade
jurídico-positiva da norma jurídica;

- O fundamento de validade de uma norma, apenas pode ser a validez de uma outra,
norma superior; norma hipotética fundamental (reduz as normas jurídicas a uma unidade
absoluta) confere o fundamento último de validade da ordem jurídica, conferida no
sentido lógico-jurídico;

Obs.: Fonte jurídica apenas pode ser o direito, pelo fato de que ele regula a sua própria criação;

Carlos Cossio - fonte-formal-material, já que toda fonte formal contém, de modo implícito, uma
valoração, que só pode ser compreendida como fonte do direito no sentido de fonte material;

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Fonte material ou real

Aponta a origem do direito, configurando sua gênese, daí ser fonte de produção, aludindo a
fatores éticos, sociológicos, históricos, políticos, que produzem o direito, - contribuem para a
formação do conteúdo das normas jurídicas - condicionam o seu desenvolvimento e determinam
o conteúdo das normas; representam os valores de cada época, dos quais fluem as normas
jurídico-positivas; são elementos que emergem da própria realidade social e dos valores que
inspiram o ordenamento jurídico; “Espírito das leis”

Fonte formal

Dá a forma, fazendo referência aos modos de manifestação das normas jurídicas, demonstrando
quais os meios empregados pelo jurista para conhecer o direito, ao indicar os documentos que
revelam o direito vigente, possibilitando sua aplicação a casos concretos; fonte de cognição;
modos de manifestação do direito mediante os quais o jurista conhece e descreve o
fenômeno jurídico.

Canais por onde se manifestam as fontes materiais; Não são normas, mas sim formas de
expressão do direito positivo;

Meios que traduzem as normas em palavras para facilitar seu conhecimento pelo jurista e sua
aplicação pelo órgão competente, que as invoca como fundamento de validade da norma que
estatui e como justificação suficiente da norma que está introduzindo na ordem jurídica;

Seriam os processos ou meios pelos quais as normas jurídicas se positivam com legítima força
obrigatória, ou seja, com vigência e eficácia;

Ex. Leis, arquivos de jurisprudência, tratados doutrinários;

Estatais
Legislativa (leis, decretos, regulamentos)

São o próprio direito objetivo, que surge de circunstâncias de fontes


meterias que se completam cum um ato de vontade das fontes formais (Poderes Legislativo,
Executivo, Judiciário);

Processo pelo qual um ou vários órgãos estatais formulam e promulgam normas jurídicas
de observância geral; fonte primacial do direito, fonte jurídica por excelência;

A lei, lato sensu, é o resultado da atividade legislativa

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Aceptações do vocábulo lei:

Amplíssima - lei como sinônimo de norma jurídica, incluindo quaisquer normas escritas ou
costumeiras; toda norma geral de conduta que define e disciplina as relações de fato incidentes
no direito e cuja observância é imposta pelo poder do Estado;

Ampla - lei como aquilo que se lê; todas as normas jurídicas escritas; ex. decretos,
regulamentos;

Estrita ou técnica - lei indica somente a norma jurídica elaborada pelo Poder Legislativo,
por meio de processo adequado;

ex. lei constitucional, lei complementar, lei ordinária, lei


delegada, medidas provisórias, decretos legislativos, resoluções do Senado
→ primárias ( por bastarem por si mesmas)

Secundárias → normas subordinas à lei; ex. decretos


regulamentares,instruções ministeriais, circulares, portarias, ordens de
serviço;

Etapas do Processo legislativo:

1. Iniciativa
2. Discussão
3. Deliberação
4. Sanção
5. Promulgação

Extra - publicação no Diário Oficial

Common law

O direito inglês é costumeiro e vincula-se à atividade jurisdicional; A jurisprudência é a principal


expressão do direito, fonte é o precedente jurisprudencial, pois o direito se realiza na
experiência vivida nas decisões judiciais;

Civil law

Primado da lei, principalmente no direito privado, funda-se numa Constituição rígida, para utilizar
o costume é necessária a consagração pelos tribunais; Essas características servem para

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atender a uma exigência de maior rapidez na elaboração e modificação do direito legislado,
permitindo sua adaptação às necessidades da vida moderna e pelo fato de ser mais fácil
conhecimento e de contornos mais precisos, visto que apresenta em textos escritos;

Jurisprudenciais (sentenças, precedentes judicias, súmulas)

Conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais, resultantes da plicação de


normas a casos semelhantes, constituindo uma norma geral aplicável a todas as hipóteses
similares ou idênticas; conjunto de normas emanadas dos juízes em sua atividade jurisdicional;

São os recursos ordinários e extraordinários do STF que vão estabelecendo a possível


uniformização das decisões judiciais;

Súmulas - normas jurisprudenciais a que a Corte subordina os seus arestos;


resume uma tendência sobre determinada matéria, decidida contínua e reiteradamente pelo
tribunal, constitui uma forma de expressão jurídica, por dar certeza a certa maneira de decidir;

Reale - Súmula vinculante:

Agilização processual e dinamização do Poder Judiciário, desafogando-o das


ações similares e dos processos repetitivos, visto que o liberaria da análise de questões
semelhantes; Preservar o princípio da igualdade de todos perante a interpretação da lei,
eliminando o perigo de decisões contraditórias e contribuindo para a segurança jurídica; não há
transformação de juízes em legisladores;

A obra dos tribunais, havendo uma série de julgados que guardem entre si certa continuidade e
coerência, converte-se em fonte formal do direito, de alcance geral, pois suas decisões se
incorporam na vida jurídica;

A jurisprudência constitui um costume judiciário que se forma pela prática dos tribunais;

Miguel Reale - a forma de revelação do direito que se processa através do exercício da


jurisdição, em virtude de uma sucessão harmônica de decisões dos tribunais;

Jurisprudência como fonte:

Resulta no direito estabelecido pelas decisões uniformes dos juízes e tribunais; forma-se no
meio de casos concretos; é norma geral como a lei, mas distingue-se pela maior flexibilidade e é
obrigatória e válida por sua normatividade; dessa forma, atual como norma aplicável a todos os
casos que caírem sob sua égide, enquanto não houver nova lei ou modificação na orientação
jurisprudencial;

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É fonte por influi na produção de normas jurídicas individuais (sentenças p. ex.), mas
também por participar do fenômeno de produção do direito normativo;

Também é fonte subsidiária de informação , no sentido de que atualiza o entendimento


da lei, dando-lhe uma interpretação atual que atenda aos reclames das necessidades do
momento do julgamento e de preenchimento de lacunas;

ADICIONAR PODER NORMATIVO DO JUIZ?

Não estatais
Costume (direito consuetudinário)

Costume como fonte jurídica subsidiária ou supletiva

Uma norma que deriva da longa prática uniforme ou da geral e constante repetição de dado
comportamento sob a convicção de que corresponde a uma necessidade jurídica;

Procura complementar a lei e preencher a lacuna;

Art. 4º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB):

“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais do direito”

O recurso do costume só tem cabimento quando se esgotarem todas as potencialidades legais;

M.H.D: É a fonte de expressao do direito recorrente da prática reiterada e constante de certo ato
com a convicção de sua necessidade jurídica

Grande maioria dos juristas, sustentam que o costume jurídico é formado por dois elementos
necessários: o uso (prática reiterada) e a convicção jurídica (opinio), este último delimita a
exigibilidade e se violá-lo tem que incorrer alguma sanção exigível, que integram o processo
total de formação do direito consuetudinário;

Modernos juristas, admiti-se aplicar o costume, quando cabível; lícito a exigência de prova do
costume; sem aguardar exigências, produzir essa prova;

Condições para a vigência de um costume:

Continuidade/ constante;

Uniformidade; em idênticas situações, deve-se agir sempre da mesma maneira,


sem qualquer interrupção;

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Diuturnidade/ geral; alcançar uma totalidade dos atos e das pessoas que realizam
os pressupostos de sua incidência; NÃO haja no mesmo tempo m uso contrário, se não perde a
generalidade;

Moralidade; bons costumes; ordem pública;

Obrigatoriedade/ público; deverá obrigar a todos

Espécies de costumes:

● Secundum legem - costume previsto na lei, que reconhece sua eficácia obrigatória;
● Praeter legem - costume como caráter supletivo, suprimindo a lei nos casos omissos,
preenchendo lacunas;
● Contra legem - sentido contrário a lei;

Consuetudo ab-rogatoria - implicitamente revogatória das disposições legais

Desuetudo - produz a não aplicação da lei, em virtude do desuso, uma vez que a
norma legal passa a ser letra morta;

Art. 2º LINDB: Em princípio, o costume não pode contrariar a lei, pois uma lei só se
modifica ou se revoga por outra da mesma hierarquia ou de hierarquia superior.
Incompatível com a tarefa legislativa do Estado e com o princípio de que as leis só se
revogam por outras; questão de colisão de poderes;

Doutrina (direito científico)

A doutrina é formada pela atividade dos juristas, pelos ensinamentos dos professores, pelos
pareceres dos jurisconsultos, pelas opiniões dos tratadistas;

Importância da doutrina como fonte de cognição (fonte formal): série de conceitos dogmáticos
elaborados pela ciência jurídica e a construção do sistema jurídico pelo jurista;

Conceito de doutrina → resultado do pensamento sistematizado sobre determinado


problema, com a finalidade precípua de ensinar, impondo uma ortodoxia, um
pensamento tido como correto por determinado ponto de vista ou grupo;
decorre da atividade científico-jurídica;

A doutrina é o estudo de caráter científico que os juristas realizam a respeito do direito,


seja com o objetivo meramente especulativo de conhecimento e sistematização, seja com o
escopo prático de interpretar as normas jurídicas para a sua exata aplicação;

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Reale: nega à doutrina qualidade de fonte do direito: ela produz modelos dogmáticos, cuja
finalidade é determinar como as fontes podem produzir modelos jurídicos válidos, o que os
modelos significam e modelos de mais amplo repertório;

Fonte formal para preencher lacunas; o ordenamento por ser dinâmico é necessária a
constante investigação, principalmente o critério de lacunas, visando auxiliar o legislador nas
renovações e inovações normativas; ex. habeas corpus

Argumentos de autoridade

Os magistrados usam a doutrina jurídica ao prolatar suas decisões, para justificá-las ao dar
solução razoável aos problemas que lhes são apresentados, sempre baseados no critério da
justiça;

Poder negocial/ Negócios jurídicos

O contrato deve ser incluído como uma das fontes do direito;

Reale, salienta a importância do poder negocial como força geradora de normas jurídicas
particulares e individualizadas que só vinculam os participantes da relação jurídica;

Manifestação de vontade de pessoas legitimadas a fazê-lo; forma de querer que não


contrarie a exigida em lei e objeto lícito e possível; paridade entre os partícipes ou pelo menos
uma devida proporção entre eles;

O ato de autonomia privada com a qual o particular regula por si os próprios interesses;

Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue (LINDB)

Hipóteses de cessação da vigência normativa:

Por causas intrínsecas:

● Decurso do tempo par o qual a lei foi promulgada


● Consecução do fim ao qual a lei se propõe
● Cessação do estado de coisas não permanente ou do instituto jurídico pressuposto pela
lei

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Cessação de validade e da efetividade das leis

Introd. ao estudo do direito - Tércio

4.3.2.1: Dinâmica do sistema: norma de revogação, caducidade, costume negativo e


desuso

Num sistema dinâmico as normas deixam de valer; existem duas regras


estruturais que regulam a dinâmica, a mais importante é que a) norma perde
a validade se revogada por outra, b) proibição da repristinação → risco a
segurança jurídica;

Revogação

Retirar a validade por meio de outra norma; entretanto, não significa eliminar totalmente a
eficácia, pode ocorrer que uma norma tenha sido revogada, mas seus efeitos permaneçam;

A eficácia não se revoga, anula-se;

A norma revogadora (KELSEN) é uma norma que tem por conteúdo o estabelecimento de um
não-dever-ser;

A proibição da repristinação → uma norma revogadora não pode revalidar as


normas antes revogadas pela norma que ela revoga, a não ser que se expresse
explicitamente;

Manifesta - quando a autoridade determina a norma revogada declaradamente;

Expressa - exige uma norma revogadora manifesta que determine


declaradamente qual a norma revogada;

Implícita - Não se determina a norma revogada declaradamente;

Tácita- a norma revogadora é implícita e a revogação resulta da incompatibilidade


entre a matéria regulada e as disposições antes vigentes; EXIGE a demonstração da
incompatibilidade por quem a alega;

Global - sem a necessidade de incompatibilidade, bastando que a nova norma


discipline integralmente uma matéria, mesmo repetindo certas disciplinas da norma antiga;

ab-rogação (revogação total) e derrogação (revogação parcial)

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UMA NORMA PERDE VALIDADE POR INEFICÁCIA

Caducidade

Maria Helena Diniz na LINDB: quando ocorre algo previsto na própria norma que a torna sem
efeito;

Não causa problema;

Exs.: fator temporal (tempo previsto de vigência da norma acaba); condição fática (norma é criada
em situação emergencial e perde a eficácia após findar a emergência).

Desuso

Maria Helena Diniz na LINDB: quando uma norma é semanticamente inefetiva, ou seja, há uma
omissão diante de fatos que constituem condições para a aplicação da norma. Exige justificativa;

Costume negativo

Também conhecido como inefetividade pragmática ou costume contra legem, deriva da omissão
que ocorre porque os fatos; maior carga valorativa e emocional; Exige justificativa;

Antinomias (coerência) e conflito de normas jurídicas


Teoria do Ordenamento Jurídico - cap. 3

Ordenamento como unidade sistemática; sistema como uma totalidade ordenada, um conjunto
de entes entre os quais existe uma certa ordem; Os ententes constitutivos precisam estar em
relação com o todo, mas também em relação de coerência entre eles;

Kelsen - sistema dinâmico, derivam umas das outras por meio sucessivas delegações de
poder, isto é, não por meio do seu conteúdo, mas da autoridade superior, até que se chegue à
autoridade inferior, deriva de uma autoridade superior, até que chegue à autoridade suprema;

Ordenamento normativo formal; ex. passagem de uma autoridade a outra,


possam ser referidas à autoridade divina; a pertinência das normas é julgada por um critério
meramente formal;

Significado de sistema jurídico: ordenamento jurídico constitui um sistema porque nele não
podem coexistir normas incompatíveis; “ sistema” equivale à validade do princípio que exclui a

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incompatibilidade das normas; sentido negativo, de ordem que exclui a incompatibilidade das
suas partes singulares; a queda não de todo o sistema, mas somente de uma das duas normas
ou, no máximo, de ambas;

Não bastará demonstrar a sua derivação de uma das fontes autorizadas, será necessário
ainda demonstrar que ela não é incompatível com outras normas;

Nem todas as normas produzidas por fontes autorizadas seriam normas válidas, mas
somente aquelas que fossem compatíveis com as outras;

ANTINOMIAS

Situação de normas incompatíveis entre si, pertencentes ao mesmo ordenamento e com o


mesmo âmbito de validade;

“aquela situação na qual são colocadas em existência duas normas, das quais uma obriga e a
outra proíbe, ou uma obriga e a outra permite, ou uma proíbe e a outra permite o mesmo
comportamento” - Bobbio

Um dos objetivos da interpretação jurídica era também o de eliminar as antinomias;

Mandado, proibido, permitido positivo, permitido negativo;

Incompatibilidade normativa:

1. Entre uma norma que manda fazer algo e uma que proíbe fazê-lo (contrariedade);
2. Entre uma norma que manda fazer e uma que permite não fazer (contraditoriedade);
3. Entre uma norma que proíbe fazer e uma que permite fazer (contraditoriedade);

Condições das anatomias:

Pertencer ao mesmo;

Ter o mesmo âmbito de validade:

Validade temporal: “é proibido fumar de cinco às sete” / “é permitido fumar das


sete às nove” não são incompatíveis;

Validade espacial: “é proibido fumar na sala de espera” / “é permitido fumar na


sala de espera”;

Validade pessoal: “é proibido aos menores de 18 anos fumar” / “ é permitido aos


adultos fumar”;

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Validade material: “é proibido fumar charutos” / “é permitido fumar cigarros”;

Tipos:

Total-total: nenhum caso uma das durmas normas pode ser aplicada sem entrar em conflito com
a outra;

Parcial-parcial: o conflito existe apenas em uma parte do campo de aplicação da norma;

Toral-parcial: a primeira norma não pode de forma alguma ser aplicada sem entrar em conflito
com a segunda; a segunda tem uma esfera de aplicação que não entra em conflito com a
primeira;

Outra forma de classificar

Antinomias impróprias → ocorrer em virtude do conteúdo material das normas

Antinomias de princípios, valores são contrapostos, valores antinômicos, princípios antinômicos,


por ex. valores de liberdade e segurança;

Antinomias de valoração, uma norma puna um delito menor com uma pena mais grave que
aquela infligida a um delito maior; Aqui se fala em injustiça;

Antinomias de teleológica, conflito entre a norma que determina o meio e a norma que
determina o fim; (normalmente por insuficiência do meio que puxa para lacuna)

Critérios para a solução das antinomias

Esses critérios não conseguem resolverem todas as antinomias, dai surgem as antinomias
solúveis (aparentes) e insolúveis (reais);

Motivos da insolubilidade: a)os critérios não podem ser aplicados ou b)


podem ser aplicados mais de um critério;

Critério cronológico (lex posterior) - prevalece a última; a norma posterior; total-total;

Critério hierárquico (lex superior) - a norma hierarquicamente superior prevalece; ex. normas
constitucionais > normas ordinárias;

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Critério especial (lex specialis) - a norma especial prevale sobre a geral; o direito tende a gradual
especialização em busca da justiça perante o princípio de equidade; esse tipo geralmente ocorre
total-parcial, parte da lei geral (caduca parcialmente) é incompatível com a parcial;

Os dois primeiro critério são aplicados QUANDO surge uma antinomia, já o terceiro PORQUE
tem uma antinomia;

Resolução dos critérios

1) Eliminação abrogante de um ou das duas normas do sistema;


2) Eliminar a incompatibilidade provando que a incompatibilidade é aparente, que deriva de
uma má interpretação;

Cronológico é o mais fraco dentro os critérios; entre o critério hierárquico e o especial,


normalmente prevalece o especial, pois, na prática, a exigência de adaptar os princípios gerais
de uma Constituição às sempre novas situações leva a esse triunfo;

Lacunas (completude)*
Completude - propriedade pela qual um ordenamento jurídico tem uma norma para regular
qualquer caso;

Um ordenamento é completo quando um juiz pode encontrar nele uma norma para regular
qualquer caso que se lhe apresente, ou melhor, não há caso que não possa ser regulado com
uma norma extraída do sistema;

Ordenamento é completo quando nunca se verifica uma situação na qual não se possa
demonstrar a pertinência a ele nem de uma determinada norma, nem da norma contraditória;

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