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REVISÃO DE HERMENÊUTICA

1. Descreva sobre as seguintes escolas hermenêuticas


a) Escola da livre pesquisa cientifica: ou “Escola Científica Francesa”:
 Ela derruba o mito da plenitude lógica da lei e demonstra a prevalência da
livre pesquisa científica sobre o método.
 Crítica e reação à Escola Histórico-Evolutiva;
 O intérprete não devia buscar a intenção possível do legislador (época da
aplicação da lei);
 Só haveria uma vontade para a lei (a que motivou o seu aparecimento, que,
por isso, deveria vincular o intérprete);
 O significado da lei não deveria sofrer influência do momento histórico em
que foi interpretada;
 Reconhecimento da existência de lacunas;
 Diante de lacunas, havia o recurso a outras fontes; ausentes estas, podia-se
recorrer à “livre investigação científica do Direito” (pesquisa científica dos
fatos sociais);
 Elementos de solução com base na ideia de justo objetivo: razão,
consciência e realidades sociais;
 A livre investigação científica está compreendida na segunda série de
elementos: com base nos dados, o juiz, em face das omissões da lei, estará
investido da função de elaborar a norma jurídica.
b) Escola do direito livre: conhecida também como “Escola do Direito Justo”:
 Combate ao monismo estatal.
 Antecedentes teóricos: Escola Histórica (surge o Direito do espírito do povo)
e Escola da Livre Pesquisa Científica (busca do Direito fora das fontes
formais);
 Tese fundamental da escola: o Direito não é, nem deve ser, criação
exclusiva do Estado;
 Direito Livre: convicções predominantes que têm as pessoas de certo lugar
e em certo tempo, a respeito do que é justo, concepções que real e
efetivamente regulam a conduta dessas pessoas;
 O juiz é mais importante do que a lei, dependendo a boa administração da
justiça, fundamentalmente, das condições de personalidade, competência e
cultura dos magistrados.
c) Escola realista americana:
 Desmistificação quanto à análise psicológica da função judiciária (presença
de fatores irracionais, que negam a aplicação da teoria silogística);
 A sentença judicial não segue o processo silogístico (premissas à
conclusão), mas o psicológico (da conclusão à procura das premissas);
 Razões emocionais é que orientam os julgamentos;
 Direito real e efetivo será o que resolva sobre o caso o órgão jurisdicional;
 Sobre o juiz, influem a educação geral e jurídica, vínculos familiares e
pessoais, a posição econômica e social, a experiência política e jurídica, a
posição política, os traços intelectuais e temperamentais.
 O juiz cria sempre o Direito efetivo.
 Livre interpretação judicial como canal de criação do Direito (extremada) x
regras jurídicas influenciam na formação das sentenças (moderada);
 Sentença: menos a norma precedente e mais o juiz com toda a sua
humanidade.
d) Escola sociológica americana:
 Entende que o direito decorre mais da experiência do que da ciência.
 O Direito serve ao processo de construção da realidade social e não pode se
submeter a lógica jurídica, ao silogismo e a conceitos teóricos(pensamento de
Cardoso).
 O Direito é medido e construído pelas próprias convicções e experiências
dos julgadores.
 ATENÇÃO: Importância: A possibilidade de haverem soluções mais justas
para o caso concreto atendendo mais a fundo os interesses da sociedade.
 Crítica: A confiança demasiada na discricionariedade do juiz pode gerar uma
situação de insegurança jurídica, pois o que é bom para o juiz nem sempre é
para a sociedade
2. Estabeleça as diferenças das concepções da Hermenêutica Tradicional e
Hermenêutica Filosófica.

HERMENEUTICA CLÁSSICA HERMENEUTICA CLÁSSICA

- A linguagem é como um mecanismo para a - Apresenta a linguagem como razão de ser da


interpretação; interpretação;

- Nesta a verdade está contida na lei, mesmo com - Para se descobrir a verdade de cada caso, pode se
as particularidades do caso apontando para uma vislumbrar a pré-concepção do interprete sobre a
resposta singular; realidade;

- Há um apego excessivo ao legalismo e não - Amplia a visão do interprete quando possibilita a


admite qualquer subjetividade no ato de evolução das respostas do direito aos fatos da vida;
interpretar;
- Faz da linguagem um recurso de identificação - A linguagem está como a aplicação da
entre sujeito e objeto. compreensão, numa perspectiva particular.

3. A cerca da lógica formal conceitue:


a) Proposição: é todo conjunto de palavras ou símbolos que exprimem um
pensamento completo, satisfazendo as seguintes premissas (ou axiomas);
b) Argumento: conjunto de PROPOSIÇÕES, sendo que estas estão concatenadas de
modo a sustentar outra proposição, havendo uma INFERÊNCIA entre elas.
c) Silogismo: É um argumento dedutivo formado, normalmente, por três proposições,
em que duas delas funcionam como premissas ou antecedente e a outra como
conclusão ou consequente.
4. Conceitue regras e principios, e em seguida, estabeleça a maneira de resolução
de conflitos das regras e das colisões entre os principios.
Princípio: mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhe o espírito e servindo
de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido
harmônico.
Regras: são normas jurídicas que obrigam, permitem ou proíbem algo, sendo que sua
aplicação depende da subsunção do fato ao que nela está descrito. Canotilho define as
regras como normas que, verificados determinados pressupostos, exigem, permitem ou
proíbem algo em termos definitivos, sem qualquer exceção. As regras possuem uma
abstração relativamente reduzida; são suscetíveis de aplicação direta; devem ser
aplicadas por completo ou não, não comportando exceções, enquanto os princípios não
se excluem, comportando exceções no âmbito de sua aplicação.
Conflitos entre regras: resulta em Antinomias entre elas, e a solução vale a lógica do
tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em conflito; ao caso
concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da outra). O conflito entre regras
deve ser resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei
geral (princípio da especialidade), a lei posterior afasta a anterior (princípio da
posterioridade), a norma superior prepondera sobre a norma inferior (princípio da
hierarquia). Muitas vezes, é um princípio que entra em ação para resolver o conflito entre
duas regras
Colisões entre Princípios: normas em que se prescreve algo a ser alcançado o máximo
possível, à vista das possibilidades fáticas e jurídicas do caso concreto, caracterizando-se
como mandados de otimização (valores realizados proporcionalmente às condições reais
e jurídicas que se encontram postas no caso concreto). – critério é o do peso; não se
questiona a sua validade, mas a sua pertinência ao caso concreto;

5. O direito é um sistema lógico? Que atributos ele deve ou deveria ter para sê-lo?
Anote cada um deles.

O direito será lógico se obedece aos princípios da identidade, da não contradição e do


terceiro excluído, ou seja, deve ser unitário, consistente e completo.

Unidade: liga-se ao princípio da identidade, não pode haver mais de um sistem jurídico
em vigor no Estado.

Consistência: não-contradição (proposições compatíveis; problema: antinomia). Não


podem existir proposições contrárias.

Completude: atende ao princípio do terceiro excluído (problema: lacuna). Completo é o


sistema integrado por uma norma ou a sua contraditória. Supressão das lacunas: a falta
de uma norma especifica pode ser suprida através da interpretação do sistema.

6. Indique e analise as partes que constituem o processo de convencimento.

Convecimento é o processo pelo qual o interlocutor passa a compartilhar da mensagem


emanada do orador (orador adota a mensagem como sua). As partes do Processo de
Convencimento são:

a) identidade ideológica: É como as pessoas se entendem, dentro de sua visão de mundo,


os seus valores, suas crenças, preferências e afinidades o que compõem suas ideologias.
E é por aí então que começa o processo de interação ideológica, pelo qual o orador
transmite ao interlocutor a informação de que a sua mensagem não se compatibiliza com
a ideologia desse último, não sendo necessário a absoluta e total identidade das
ideologias do orador e do interlocutor, para que se convença de sua idéia, apenas que se
entre em sintonia, criando uma simpatia de idéias de mundo.

b) mobilização das emoções: é um recurso teórico ligado a emoção do interlocutor, onde o


convecimento do mesmo começa na aparência física e na verbalização do locutor.

c) intercâmbio intelectual: traduz-se a troca de informações entre locutor e interlocutor e


portanto, demanda de conhecimento, maiores informações que resultam em segurança que faz
toda a diferença numa relação de covencimento.

7. O que é retórica?

É o conjunto de técnicas comunicativas pelas quais se busca o convencimento do


interlocutor (auditório). O objetivo da retórica não é transmitir o que é verdadeiro ou certo,
mas levar o receptor à conclusão de que a mensagem, implícita ou expressa no discurso
do emissor, representava aquilo que é preferível ou mais verossimel.
8. Indique e analise as características da argumentação que as distingue da
demonstração.
Argumentação distingue-se da demonstração (Perelman-Tyteca) por 5 características
essenciais:
a) Dirige-se a um auditório: a argumentação é pessoal, porque a aceitação das
conclusões depende de cada uma das pessoas que integram o auditório, enquanto que a
demonstração tem carater impessoal com um auditório universal.
b) expressa-se em língua natural; na argumentação a linguagem é em termos
polissêmicos e com fortes conotações, enquanto que na demonstração há um grande
interesse por se utilizar uma linguagem artificial (simbolica) .
c) Suas premissas são verossímeis: Premissas da argumentação parecem verdadeiras,
mas sem evidência, enquanto que na demonstração pressupõe uma lógica formal, bivalente e
constringente, na qual uma afirmação se aceita porque é verdadeira, ou se recusa por ser falsa.
d) sua progressão depende do orador: A ordem dos argumentos é relativamente livre e
depende do orador, enquanto que na demonstração se usa termos sem qualquer tipo
ambiguidade, definidos de forma rigorosa.
e) suas conclusões são sempre contestáveis: numa argumentação, a conclusão não é,
ou não é só, um enunciado sobre o mundo, mas o acordo entre os interlocutores,
enquanto que a demonstração parte de premissas que são “indiscutíveis” independentemente de
se tratar de afirmações verdadeiras ou hipóteses admitidas por convenção.
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