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TEMA 1
CAPITULO 1 – Uwe Flick
Cada método tem por base uma ideia específica do seu objecto.
Cada método está enraizado no processo de investigação.
A investigação qualitativa é importante para o estudo das relações sociais dada a pluralidade
existente.
O pós-modernismo não exige tanto grandes teorias mas antes narrativas limitadas no tempo e no
espaço e em dada situação.
A rápida mudança social confronta actualmente o investigador com novos contextos sociais e novas
perspectivas.
A investigação recorre cada vez mais a estratégias indutivas ou seja, não parte das teorias mas sim
necessita de trabalhar com conceitos sensibilizadores para abordar um determinado contexto social.
É certo que estes conceitos são influenciados pelo conhecimento teórico existente.
OS LIMITES DA INVESTIGAÇÃO QUALITATIVA: UM PONTO DE PARTIDA
Princípios orientadores da investigação:
1. Isolar claramente causas e efeitos
No final dos anos 70, na Alemanha, acontece um debate amplo sobre a entrevista e as suas
aplicações.
Já nos anos 80, dois métodos originais revelam-se cruciais no impulsionar da entrevista narrativa de
Schuze. Já não são uma importação americana (como a observação participante ou a entrevista
orientada por guião ou a entrevista focalizada).
Estes dois métodos - a entrevista narrativa e a hermenêutica objectiva de Oevermann - são tão
importantes como os resultados que permitiram obter.
Em meados dos anos 80 são as questões de validade e de generalização dos resultados dos métodos
qualitativos que atraem a atenção e discutem-se as questões da apresentação e transparência dos
resultados.
O DEBATE NOS EUA
Considera-se o período tradicional o que vai do inicio do século XX até à II guerra mundial. É a fase
da investigação de Malinowski na etnografia e da escola de Chicago na sociologia. A Investigação
qualitativa estava interessada no estrangeiro, sua descrição e interpretação.
A fase modernista dura até aos anos 70 e é marcada pela tentativa de formalização da investigação
qualitativa.
Até meados dos anos 80 os acontecimentos são marcados pela confusão dos géneros: vários modelos
teóricos e explicações contrapõem uns aos outros ou combinam.
A meio da década de 80, a crise da representação transforma o processo de apresentação do
conhecimento e dos resultados numa componente importante do processo de investigação. Esta
torna-se um processo contínuo de construção de versões da realidade (o investigador faz uma
entrevista e interpreta dados, relata-os: quem lê interpreta de outro modo, o que conduz à emergência
de novas versões do acontecimento). Destaca-se aqui o papel dos interesses particulares.
Assim, a avaliação dos resultados de uma investigação torna-se tema central: são os critérios
tradicionais válidos ou é necessário procurar alternativas na investigação qualitativa?
A situação actual é descrita como o momento em que as narrativas substituíram as teorias ou então
estas são lidas como narrativas. A ênfase coloca-se agora nas narrativas e teorias que se ajustem a
situações e problemas específicos delimitados no espaço. Assim a actualidade liga as questões de
investigação qualitativa às políticas democráticas.
Se compararmos as duas linhas de desenvolvimento:
1. A Alemanha tem uma crescente consolidação metodológica no que respeita a procedimentos
e à prática de investigação
TEMA 2
Capitulo 2 Uwe Flick_Pag 17/28
POSIÇÕES TEORICAS
Perspectivas de investigação no campo da investigação qualitativa
As diferentes perspectivas de investigação são diferentes nas hipóteses teóricas, no modo de entender
o objecto e na perspectiva metodológica. São 3 perspectivas:
● Interaccionismo simbólico
● Etnometodologia
3. Os significados são modificados por um processo interpretativo que o sujeito utiliza para
lidar com tudo o que encontra.
Logo, o centro da investigação são as diferentes formas de o indivíduo dar significado aos objectos,
experiências, acontecimentos, etc. A reconstituição destes pontos de vista subjectivos é os
instrumentos da análise das realidades sociais.
Outra hipótese central está no Teorema de Thomas que nos diz que quando uma pessoa define uma
situação como real, ela torna-se real nos seus efeitos. Este é um princípio fundamental do
interacionismo simbólico que leva o investigador a olhar o mundo pelo ângulo do sujeito estudado.
DESENVOLVIMENTOS RECENTES NA SOCIOLOGIA: INTERACCIONISMO
INTERPRETATIVO
Denzin, parte do interacionismo simbólico mas integra correntes mais actuais para desenvolver a sua
perspectiva. Esta perspectiva é delimitada por Denzin em dois aspectos: ´
1. Só deve ser seguida quando o investigador examina a relação entre os problemas pessoais e
as politicas criadas para enfrentar esses problemas.
2. Define que os processos estudados têm de ser entendidos num plano biográfico e
interpretados por esse ângulo.
3. As duas propriedades são inerentes pelo que nenhum pormenor pode ser a priori desprezado.
● A ideia de que o seu contexto é produzido ao mesmo tempo que a interacção e através
dela.
Decidir o que é relevante na interacção social é feito pela analise dessa interacção e nunca tomada
como certa a priori. O foco é colocado no modo como a interacção se organiza. A investigação é
assim o estudo das rotinas da vida quotidiana, acontecimentos percebidos e investidos de significado.
Não interessa a definição a priori da situação mas sim o modo como a situação se constitui.
Desenvolvimentos recentes da etnometodologia nas Ciências Sociais: estudos do trabalho
A partir de 1980 criou-se um segundo eixo de investigação: a análise dos processos de trabalho. São
estudados em sentido amplo no contexto de trabalho. O objectivo amplia-se: das interacções até à
preocupação com o conhecimento materializado daquelas praticas e resultados.
Desenvolvimentos recentes na psicologia: psicologia do discurso
É na psicologia social britânica que se desenvolve a psicologia do discurso. Os fenómenos
psicológicos são estudados pela análise dos discursos:
● Os discursos abrangem tanto as conversas como os textos dos media.
2. As diversas posições teóricas entender-se. Cada uma delas pode examinar a parcela do
fenómeno e a que exclui.
Logo, as diferentes perspetivas da investigação podem ser combinadas e complementadas umas com
as outras. Esta triangulação alarga a visão do fenómeno estudado pela reconstrução do ponto de vista
dos participantes e pela análise posterior do revelado na interação.
TRAÇOS COMUNS ÀS DIFERENTES POSIÇÕES
Compreensão como princípio epistemológico = A investigação qualitativa compreende a partir do seu
interior os fenómenos e acontecimentos estudados. Compreende o ponto de vista do sujeito, o curso
das situações sociais, as normas sociais e culturais.
A reconstituição dos casos como ponto de partida = Cada caso é analisado de forma consistente e só
depois parte para generalizações.
A construção da realidade como base = Os casos reconstituídos contêm vários níveis da construção da
realidade: os sujeitos, as estruturas, a realidade é construída por diversos actores.
O texto como material empírico = A reconstituição dos casos induz à produção de textos os quais são
analisados empiricamente. O texto é em todas as perspectivas a base da reconstituição e
interpretação.
TEMA 3
TEXTO 3 … Uwe Flick (pág. 29-37)
Deste modo, o texto é o resultado da colecta de dados e o instrumento de interpretação. Logo que o
investigador recolhe os dados e estrutura um texto, o texto passa a ser utilizado no resto do processo
como o substituto da realidade. As Ciências Sociais apoiam-se nos textos como modo de fixar e
objetivar os seus resultados.
O TEXTO COMO CONSTRUÇÃO DA REALIDADE: CONSTRUÇÕES DE PRIMEIRA E
SEGUNDA ORDEM
Como crise de representação duvida-se que os investigadores sociais captem directamente
experiencias vividas. A experiencia é criada no texto escrito pelo investigador.
A segunda crise é a da legitimidade: os critérios de controlo da investigação qualitativa não
legitimam o conhecimento científico.
O construtivismo social parte da ideia que a realidade é produzida pelos participantes, através da
atribuição de significados e acontecimentos, e que a investigação social não pode fugir a esses
significados se quiser tratar as realidades sociais.
O ponto de partida da investigação é a ideia do acontecimento social e o modo como essas ideias
comunicam entre si
Entram em conflito?
São partilhadas?
Como são vividas?
AS CONSTRUÇÕES SOCIAIS COMO PONTO DE PARTIDA
A investigação social é uma análise dos modos de construção da realidade e dos esforços
construtivos dos sujeitos no seu quotidiano.
As percepções e o conhecimento comum são a base da elaboração da versão da realidade mais geral.
As múltiplas realidades, sendo uma delas a científica, estão organizadas com base nos mesmos
princípios que organizam o quotidiano.
A investigação em Ciências Sociais é confrontada com o problema do seu estudo se centrar nas
versões existentes, ou nas que são construídas em comum pelos sujeitos e na sua interacção. O
conhecimento científico e a explicitação das inter-relações englobam vários processos da construção
da realidade que são subjectivas e elaborações científicas elaboradas pelos investigadores no
tratamento e interpretação de dados e na apresentação de resultados.
Nestas construções as relações são traduzidas:
⮚ A experiencia do dia-a-dia é traduzido em conhecimento pelos sujeitos
⮚ Os relatos são traduzidos em textos pelos investigadores.
Na produção de textos aquele que lê e interpreta está tão implicado na construção da realidade como
aquele que o escreveu.
Há 3 formas de mimética:
1. As interpretações estão sempre baseadas numa pré-concepção da actividade humana e dos
conhecimentos naturais, sociais, etc. É a pré concepção da natureza da acção humana, o seu
simbolismo, a sua temporalidade.
2. A transformação mimética no processamento dos ambientes naturais para textos deve ser
entendida como um processo construtivo: a mimética. O seu domínio está entre os
antecedentes e os consequentes do texto. O este nível a mimética é a configuração da acção.
3. A transformação mimética do texto acontece na interpretação científica dessas narrativas e
documentos de investigação. Aqui a mimética assinala a intersecção do mundo do texto com
o do leitor.
TEMA 4
O papel da teoria na investigação qualitativa – Métodos qualitativos
MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Madeleine Grawitz, define métodos, como:
1_ Um conjunto concertado de operações que são realizadas para atingir um ou mais objetivos,
Texto 4 de FLICK
A investigação científica implica um modo específico de entender a relação entre o assunto a
estudar e o método. Na investigação qualitativa as várias partes do processo são interdependentes e
por isso difíceis de empreender, ao contrário da investigação quantitativa ou experimental, onde o
processo de investigação pode ser engatilhado metodologicamente numa sequência linear.
A INVESTIGAÇÃO COMO PROCESSO LINEAR
O ponto de partida do investigador é o conhecimento teórico obtido na literatura ou por resultados
empíricos anteriores. Daí se derivam as hipóteses que são testadas a novas condições empíricas. Os
objetos da investigação, como por exemplo um campo social ou pessoal real são onde são testadas
as relações universais sob a forma de hipóteses. O investigador pretende garantir a
representatividade dos dados e resultados obtidos com uma mostra aleatória. Quer ainda subdividir
as relações complexas em variáveis distintas de modo a isolar e medir os efeitos de cada uma. As
teorias e métodos são anteriores ao objeto de investigação, são depois testadas.
O CONCEITO DE PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO NA TEORIA ENRAIZADA
A teoria enraizada dá preferência aos dados e ao campo de estudo relativamente aos pressupostos
teóricos. Estes não são aplicados à questão estudada mas antes descobertos e formulados. O
objetivo é aumentar a sua complexidade pela inclusão do contexto. A relação entre teoria e material
empírico é definida assim: o princípio da abertura implica o adiamento da estruturação do material
estudado até emergir a estruturação da questão pelos próprios sujeitos estudados. Temos assim a
suspensão do conhecimento teórico à priori. O adiamento da estruturação implica o abandono da
formulação de hipóteses. Este modo de ver a investigação qualitativa deve adotar uma atitude que
foi designada como “suspensão calculada da atenção”.
O modelo do processo de investigação na teoria enraizada engloba os seguintes aspetos principais:
1_ amostragem teórica,
2_ codificação teórica,
3_ escrita da teoria.
Esta abordagem está fortemente orientada para a interpretação de dados. As decisões sobre os
dados a integrar e os métodos a utilizar para esse fim baseiam-se no estado de elaboração da teoria,
depois da análise dos dados obtidos até então.
Aspetos que ganharam importância, Glaser e Strauss
1_ A amostragem teórica enquanto estratégia de definição gradual da amostra aplica-se em
pesquisas que utilizam métodos de interpretação diferentes dos propostos por Glaser e Strauss ou
que não visam a elaboração de uma teoria,
2_ A codificação teórica como método de interpretação dos textos,
3_ A ideia de elaborar teorias com base na análise do material empírico tornou-se essencial para o
debate sobre a investigação qualitativa quer se utilizem ou não os métodos desta abordagem.
LINEARIDADE E CIRCULARIDADE DO PROCESSO
A circularidade das partes do processo no modelo de investigação da teoria enraizada é uma
característica fundamentalmente desta abordagem. A circularidade obriga o investigador a uma
reflexão permanente sobre o processo de investigação no seu conjunto e sobre a interligação de
cada um dos seus passos com outros. A estreita ligação entre a coleta e a interpretação dos dados
por um lado e a seleção do material empírico por outro permite responder à questão:
1_ em que medida as categorias, métodos e teorias utilizadas se ajustam ao tema e aos dados.
AS TEORIAS NO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO ENQUANTO VERSÕES DA
REALIDADE
Afinal qual é a função da teoria?
As teorias não são representantes de factos existentes. São versões ou perspectivas através das
quais se vê a realidade. As teorias como versões da realidade tornam-se preliminares e relativas. As
hipóteses teóricas tornam-se relevantes como versões da compreensão do objeto estudado,
reformuladas e elaboradas no decurso do processo de investigação. A investigação qualitativa não
se ajusta à lógica tradicional linear da investigação. A interligação circular dos passos empíricos
ajusta-se ao carácter de descoberta da investigação qualitativa. O lugar central reservado à
interpretação dos dados dá o devido valor ao facto de o texto ser o efetivo material empírico e a
ultima base para a elaboração da teoria.
Ajustar as questões
A decisão acerca de uma questão específica depende dos interesses do investigador e do seu
envolvimento num ou outro contexto histórico e social. As tradições e estilos de pensamento
influenciam a elaboração das questões da investigação científica tanto no trabalho de laboratório
como nos grupos de trabalho em CS. A decisão sobre uma questão concreta está sempre ligada à
redução da variedade e consequentemente à estruturação do campo de estudo: há aspetos puxados
para o foco da atenção, enquanto outros são considerados menos importantes ou mesmo
abandonados.
Os conceitos chave podem servir como ponto de partida de uma investigação, neste caso Glaser e
Strauss chamam-lhes “conceitos analíticos e sensibilizadores”. A triangulação de perspetivas
refere-se à combinação de perspetivas e métodos próprios para entrar em linha de conta com tantas
facetas distintas de um problema, quantas seja possível. Os aspetos estruturais de um problema terão
de ser articulados com a reconstrução do seu significado para as pessoas envolvidas. Tanto a
utilização dos conceitos chave como a triangulação de perspetivas aumenta o grau de proximidade
em relação ao objeto na exploração dos casos e dos campos. É um processo que pode contribuir para
a abertura de novos domínios do saber. A formulação precisa das questões de investigação deve ser
examinada criticamente quanto à sua origem. Constituem pontos de referência para avaliar a solidez
do plano de pesquisa e adequação dos métodos de recolha e interpretação de dados.
PROGRAMAR A PESQUISA
Uma vez definido o objetivo, ou objetivos, da investigação, há que desmultiplicá-lo até à sua
concretização em tarefas precisas, bem definidas, articuladas e calendarizadas em função do que se
designa da árvore de objetivos, que é definida e operacionalizada em variáveis e indicadores,
tendo que se escolher:
1_ Que técnicas de recolha de dados irei utilizar:
i. Pesquisa documental,
ii. Observação,
iii. Inquérito por entrevista ou questionário,
iv. Escalas de atitudes;
2_ Como tenciono tratar e interpretar os dados: que estratégia adotar:
i. Quantitativa ou
ii. Qualitativa,
3_ Que modelo de análise utilizarei e com que elementos?
4_ Que estratégia vou usar para difundir os meus resultados:
i) Apenas o discurso scripto,
ii) Gráficos,
iii) Tabelas,
iv) Diagramas,
v) Audiovisuais,
vi) Software educativo,
5_ Como situar cada uma das tarefas no tempo?
3_ Procura mostrar conceitos hierarquicamente organizados, bem como a relação desses conceitos
num dado campo de conhecimento,
4_ Defende uma aprendizagem de qualidade, decorrente da aquisição de conceitos claros e
rigorosos, ancorados nos conhecimentos prévios do aprendente. A construção de um mapa
conceptual estimula a imaginação sociológica do investigador, permitindo-lhe expandir a sua visão
e construir outras hipóteses e teorias.
Passos para a elaboração de um mapa conceptual:
1_ Localizar conceitos,
2_ Catalogar conceitos hierarquicamente,
3_ Distribuir conceitos em 2 dimensões.
Um mapa conceptual deve ser encarado como:
1_ Traçar linhas de relações entre os conceitos,
2_ Escrever a natureza da relação,
3_ Proceder à revisão e refazer o mapa,
4_ Preparar o mapa final.
Os de mapas conceptuais são concebidos para:
1_ Clarificar conceitos, que integram o campo semântico do conceito de exclusão social,
mostrando que o mesmo é mais abrangente que o da pobreza,
2_ Desempacotar um conhecimento complexo, pois permite a análise mais clara e rigorosa de
documentos de diversa natureza, clarificando textos densos e salientando as linhas mestras do
pensamento do(s) autor(es),
3_ Conceber um campo semântico, sempre que o investigador precisa conceber um conjunto de
conceitos articulados entre si (para escrever relatórios, artigos, etc). Estes MC’s podem ser usados
como grelha de análise sobre o modo como um dado agregado (escola, família, etc), educa a
personalidade dos jovens ou como estrutura base para desenhar intervenções com esse objetivo.
Para além dos MC existem outros instrumentos metacognitivos como por exemplo:
1_ Diagrama sistémico que permite analisar o conceito intervenção socia,
2_ O Vê heurístico, epistemológico ou de Gowin, que vê a investigação científica como uma forma
de estabelecer ligações entre conceitos, eventos e factos.
O Vê de Gowin pretende representar qualquer campo de conhecimentos:
1_ Objeto de estudo, Investigador deve identificar um objeto de estudo observável e coerente com
os recursos disponíveis,
2_ Questão-chave, Definir 1 ou mais perguntas que identifiquem o objeto de pesquisa,
3_ Conceções do mundo e da vida, Crenças, estereótipos, preconceitos do investigador, que possam
afetar a investigação,
4_ Teorias, Identificar teorias que vão fundamentar a investigação,
5_ Modelos, Caracterizar os modelos de observação e análise que vão ser adotados,
6_ Conceitos, Identificar, relacionar e hierarquizar os principais conceitos a utilizar, sob a forma de
um mapa,
7_ Registos, Conceber instrumentos de registo de informação (questionários, roteiros, observação,
etc),
8_ Transformações, - Definir estratégias de recolha, tratamento e interpretação de dados,
9_ Resultados obtidos- Identificar resultados que se espera obter (questões respondidas, hipóteses
levantadas, etc),
10_ Valor acrescentado da pesquisa, Identificar o valor acrescentado da pesquisa para o
desenvolvimento da teoria, da metodologia e/ou prática.
PRIMEIRA TRIAGEM: O investigador deve proceder a aproximações sucessivas até chegar a uma
dimensão manuseável.
1. Consultar bibliografias já publicadas,
2. Enciclopédias, dicionários e vocabulários especializados,
3. Consultar base de dados,
4. Suporte local (CD rom, resumos, microfilme, etc.),
5. Suporte remoto (internet),
6. Prevenir o desnorteamento (sobre informação e nevoeiro informacional),
7. Prévia identificação de revistas especializadas (monografias),
8. No trabalho exploratório – recorre aos documentalistas,
9. Verificação de “literatura cinzenta” (obras não publicadas mas validadas por júris
qualificados – ensino superior),
10. Possui catálogos informatizados,
11. Estão disponíveis “online” para todos.
Exploração do texto. Após efetuada a dupla triagem, locais a procurar e unidades de informação a
selecionar, passa-se à exploração das duas.
Economia da leitura: Face ao tempo disponível, custos e outras limitações de recursos.
Documentos Oficiais: Para muitos estudos torna-se necessário a consulta de documentos oficiais
que podemos tipificar em dois grupos:
1. Publicações oficiais:
i) Diário da República,
ii) Diário das sessões da Assembleia da Republica,
iii) Publicações oficiais oriundas da Administração Central, Regional e Local,
2. Documentos não publicados, por vezes existem a necessidade de recolher informação em
fontes oficiais não publicadas. Nesta expectativa de ter de recorrer a arquivos públicos, o
investigador deve, por isso unir-se de uma prévia autorização dos respetivos decisores para
o que lhe é conveniente possuir uma credencial passada pelo orientador da dissertação ou
pela instituição que legitima a sua investigação.
Documentos pessoais:
1) Autobiografias,
2) Diários,
3) Correspondência,
4) Dissertações académicas não publicadas,
5) Outros documentos pessoais.
O interesse deste tipo de documentos reside sobretudo em dois aspetos:
Princípios orientadores
É recomendado:
i) Verificar os factos cruzando com informação (documentos pessoais/fontes
documentais),
ii) Proceder a uma rigorosa crítica externa (verificar se o documento foi escrito pelo
autor manifesto),
iii) Fazer uma cuidadosa crítica interna (comparar a coerência do texto com a realidade
conhecida => verídica ou não).
Conclusão: A informação fornecida pelos documentos pessoais, deve ser cruzada com a
informação proveniente de outras fontes, dadas as suas limitações.
Documentos escritos difundidos:
1) Jornais, publicações (periódicas ou não) produzidas pelos meios de comunicação social,
assim como cartazes, panfletos, graffiti e documentos escritos de natureza diversa,
constituem boas fontes de informação, aplicando-se-lhes basicamente os critérios atrás
mencionados para uma utilização eficaz.
Análise de impacto
Ter em conta:
1. Nome do jornal (controlo a que está sujeito),
2. Data da difusão (avaliar importância dada pela opinião pública),
3. A pagina em que a unidade de informação (UI) é colocada (indicador do impacto),
4. O lugar da UI (maior importância – cima e esquerda),
5. Grandeza do título (importância da informação),
6. Conteúdo do titulo (concordância ou não com o texto),
7. Para avaliar o impacto, há que ter em conta as seguintes variáveis:
a. Ilustrações (fotos, diagramas, desenhos),
b. Tipografia (dividida em partes? Sublinhado? Caixas?),
c. Estrutura (numa só página ou em duas?),
d. Origem (de onde vem a informação?),
e. Seleção (factos sublinhados e omitidos pelo investigador).
Os indicadores como filtros de informação: É neste contexto que se impõe uma breve reflexão
sobre a construção e/ou seleção de indicadores, de modo a funcionarem como instrumentos de
filtragem de informação, que permitam uma orientação mais segura no terreno.
Questões conceptuais:
INDICADOR
i) É um instrumento (não gastar demasiada energia na conceção do mesmo),
ii) É revelador (Faz emergir informação),
iii) Revela condições ou aspetos da realidade, que de outra maneira não seriam
percetíveis à vista desarmada,
iv) É necessário ao investigador recorrer a processos de seleção da informação útil.
Qualitativos: exemplos: falta de recursos económicos, alta taxa de penhoras, uso de roupas e
mobiliário em 2ª mão, más condições habitacionais, ausências de infância, falta de vida
privada, estrutura fraca de ego, forte sensação de marginalidade, baixo nível de aspirações.
Tanto os indicadores sociais quantitativos como os qualitativos, são construídos para atingir
quatro objetivos concretos:
1. Retratar a realidade social nas suas facetas estrutural e dinâmica,
2. Revelar as perceções dos diferentes grupos sociais sobre o sistema social,
3. Planear a intervenção social,
Mergulho restrito - Quanto maior for o distanciamento do investigador, menos será o seu acesso à
área secreta do objeto a observar.
Mergulho profundo - Escolha de um papel em que o investigador se envolve com maior
profundidade com a populaçao a observar. Acesso à área secreta facilitado, enquanto a
observação da área cega é dificultado. A situação de observador participante é portanto muito
complexa, contendo em si dois papéis em constante dialéctica - o de observador e o de
participante exigindo por parte do investigador uma constante auto-vigilância se quer manter o
equilíbrio precário conferido pela sua dupla condição.
Observação militante - Situação em que o papel de observador e o de participante, tende a
desequilibrar-se claramente em favor do segundo (participante).
RESUMO:
A. Observação,
B. Indicadores,
C. Guiões de observação,
D. Importância do Diário de Pesquisa,
E. Tipos de observações,
F. Observação Participante e observação participante despercebida,
G. Escolha do observatório,
informação com o entrevistado (área livre pequena), sabe pouco sobre ele (grande área
cega do entrevistador e secreta do entrevistado) encontrando-se este último na mesma
situação (extensa área cega e secreta de quem o vai entrevistar),
2. O objetivo de qualquer entrevista é abrir a área livre dos dois interlocutores no que respeita
a matérias da entrevista, reduzindo, por consequência, a área secreta do entrevistado e a
área cega do entrevistador. Para atingir tal meta, uma estratégia habitualmente eficaz é a de
começar por reduzir a nossa área secreta aplicando uma regra fundamental das elações
humanas => Regra da reciprocidade.
Uma primeira forma de o fazer é através de uma apresentação bem-feita a qual assume três
vertentes:
1. A apresentação do investigador, para criar um ambiente de partilha,
2. A apresentação do problema da pesquisa,
3. Explicação do papel pedido ao entrevistado.
Na entrevista importa gerir simultaneamente três problemas:
1. Influência do entrevistador no entrevistador, para não induzir a resposta,
2. Diferenças culturais entre o entrevistador e o entrevistador, (género, idade, cultura),
3. Sobreposição de canais de comunicação, cuidado ao colocar as questões e como as
enquadra em termos não-verbais (expressões faciais, etc.).
A Análise de Conteúdo orienta-se para a formalização das relações entre temas, permitindo traduzir
a estrutura dos textos - Berelson, define a Analise de Conteúdo como "uma técnica de investigação
que permite fazer uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das
comunicações, tendo por objetivo a sua interpretação".
Pormenorizando:
1_ Objetiva, porque conduzida de acordo com regras, instruções claras e precisas para que
investigadores diferentes uma vez debruçados sobre o mesmo conteúdo, obtenham resultados
idênticos,
2_ Sistemática, onde o conteúdo deve ser ordenado e integrado em categorias pré-selecionadas em
função dos objetivos a atingir,
3_ Quantitativa, porque é amiúde calculado a frequência dos elementos considerados significativos.
Cartwright, Para além do "conteúdo manifesto da comunicação", estende a "todo o comportamento
simbólico".
Stone, define como "uma técnica que permite fazer inferências, identificando objetiva e
sistematicamente as características específicas da mensagem" orientando-se para a formalização
das relações entre temas, permitindo decifrar a estrutura dos textos.
Grawitz, desaparecem as exigências de manifesto no que diz respeito ao conteúdo e de descrição
quantitativa, e aparecem as noções de forma e de estrutura.
Bardin, a AC não deve ser utilizada apenas para proceder a uma descrição do conteúdo das
mensagens, pois a sua principal finalidade e à inferência de conhecimentos relativos às condições
de produção (ou eventualmente de receção), com a ajuda de indicadores (quantitativos ou não).
Como se processa a análise de conteúdo:
1_ Descrição, a enumeração resumida após o tratamento das características do texto constitui a 1ª
etapa,
2_ Interpretação, o significado atribuído a essas mesmas características, constitui a última etapa.
A Inferência é o processo intermédio que permite a passagem, explícita e controlada, de uma à
outra.
Ainda de acordo com Bardin, a técnica de pesquisa AC pode considerar-se como a articulação
entre o texto (descrito e analisado) e os fatores que determinam essas características, por
dedução lógica, constituindo estes a especificidade da Análise do Conteúdo.
Tipos de análises do conteúdo - Madeleine Grawitz, segundo a autora existem diversos tipos de
Analise Conteúdo:
1_ Análise de exploração e Análise de verificação – Análise de conteúdo cuja finalidade é
fundamentalmente explorar, distinta da análise de documentos que tem como finalidade a
verificação de uma hipótese, cujo objetivo é bem definido e conduz à quantificação dos resultados.
2_ Análise Quantitativa e Análise Qualitativa – A Principal distinção entre as duas é que na
Análise Quantitativa, o que é mais importante é o que aparece com frequência, sendo o número de
vezes o critério utilizado, ao passo que na Análise qualitativa, a noção de importância implica a
novidade, o interesse, o valor de um tema,
3_ Análise direta e análise indireta, a análise quantitativa utiliza a medida de uma forma direta, a
análise qualitativa utiliza a forma indireta, na medida em que, procura inferir o que não foi dito ou
escrito e por conseguinte que se encontra latente sob a linguagem expressa.
A PRÁTICA DA ANÁLISE DE CONTEÚDO - A análise de conteúdo compreende no seu
percurso um certo número de etapas. Bardin, considera 3 fases na análise do conteúdo:
1ª - Pré-análise (recolha de documentos sujeitos à análise, formulação de hipóteses, dos objetivos
da investigação e dos indicadores, todas elas interligadas),
2ª - Exploração do material,
3ª - Tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
Etapas da análise de conteúdo:
1_ Definição dos objetivos e do quadro de referência teórico, onde são definidos objetivos e um
quadro de referência teórico,
2_ Constituição de um corpus, onde se procede à recolha de documentos.
A escolha deve ter certas regras:
i) Exaustividade (todos os elementos),
ii) Representatividade (escolher documentos que sejam representativos do conjunto de
documentos),
iii) Homogeneidade (documentos devem se enquadrar na generalidade nos critérios
escolhidos),
iv) Pertinência (os documentos escolhidos devem ser uma fonte de informação fidedigna
que cumpra os objetivos),
3_ Definição de categorias, as categorias são "rubricas significativas, em função das quais o
conteúdo será classificado e eventualmente quantificado”, Grawtiz.
As categorias podem ser definidas à priori, onde são formuladas hipóteses e o investigador
pretende verificá-las, tendo definido antecipadamente as categorias de análise, contudo, podem
levar a que não se tenha em consideração aspetos importantes do conteúdo.
Quando definidas à posteriori, significa que não foram definidas antecipadamente, sendo este
designado por “procedimento exploratório. A definição de categorias à posteriori só deve ser feita
após leituras sucessivas do documento, norteado sempre pelos objetivos. As categorias devem ter
as seguintes características:
1_ Exaustivas, (significa que todo o conteúdo é incluído),
2_ Exclusivas, (os mesmos elementos devem pertencer a uma e não a várias categorias),
3_ Objetivas (onde a categorização é explicitada de forma direta, clara e distinta),
4_ Pertinentes, (devem manter estreita relação com os objetivos e com o conteúdo que está a ser
classificado). Um problema levantado por muitos autores incide sobre a possibilidade de definir um
conjunto de aspetos da realidade comuns a muitas análises, de forma a facilitar e a normalizar a
Análise de Conteúdo, apesar das diferenças de objetivos que encerram e dos textos que lhe venham
a ser submetidos: Grawitz, enumera alguns aspetos que podem constituir objetos de análise:
1_ Matéria, Importa saber de que trata a comunicação (assuntos que nela são abordados),
2_ A direção da comunicação, que pode ser, por exemplo, favorável, neutra, desfavorável, entre
outra,
3_ Os valores, procuram explicar a orientação da comunicação pelo reconhecimento dele ser
favorável, neutra ou desfavorável, revelando finalidades que os indivíduos nela implicados
procuram alcançar,
4_ Os meios, dizem respeito aos instrumentos de comunicação utilizados para os recetores
aderirem aos valores do emissor,
5_ Os atores, trata-se de definir as características individuais dos acores intervenientes, exemplo:
idade, profissão religião),
6_ A origem, diz respeito à origem dos textos utilizados, tais como: artigos de revistas ou jornais
regionais, nacionais,
4_ Definição de unidades de análise, três tipos de unidades:
a) - Unidades de registo, É o segmento mínimo de conteúdo que se considera para poder proceder à
análise, colocando-o numa dada categoria. Pode ser de natureza e de dimensões muito diversas:
i) Unidades formais (que podem ou não coincidir com unidades linguísticas. Ex: a palavra,
a frase, uma personagem,
ii) Unidades semânticas, mais comum é o tema (Ex.: democracia, sucesso escolar, etc),
b) - Unidades de contexto, constitui o segmento mais longo de conteúdo que o investigador
considera quando caracteriza uma unidade de registo, sendo a unidade de registo o mais curto. É
importante considerar a unidade de contexto para assegurar a fidelidade e a validade da análise,
c) - Unidades de enumeração, é a medida em função da qual se procede à quantificação. As
unidades de enumeração dizem respeito ao tempo e ao espaço (Ex. Parágrafo, linha, centímetro,
minutos de registo, etc). A escolha de unidades de enumeração deve ser cuidadosamente feita e
devem ser indicados os critérios que a orientaram: Segundo Vala – Pode ter 3 direções:
1_ Análise de ocorrências, visa determinar o interesse da fonte por diferentes objetos ou
conteúdos,
2_ Análise avaliativa, é o estudo das atitudes da fonte relativamente a determinados objetos, 3_
Análise estrutural, visa fazer inferências sobre a organização do sistema de pensamento da
fonte implicado no discurso que se pretende estudar,
**
EM SUMA: A reflexão prévia tem como objetivo ter presente o enquadramento material, pessoal,
espaço-temporal e metodológico que desenvolveu-se a pesquisa.
ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO
Conteúdo do relatório – O relatório deve conter os seguintes elementos:
1. Apresentação do problema
▪ O relatório tem que explicar com clareza a delimitação da pesquisa, os seus
objetivos e a moldura teórica em que o mesmo se enquadra.
▪ A preparação desta parte do relatório estará facilitada, se o investigador tiver feito
uma delineação cuidada e registado o resultado do mesmo.
2. Itinerários e Processos de Pesquisa
▪ Explicitação dos problemas epistemológicos
▪ Problemas que se prendem com a metodologia adotada
▪ Problemas com as técnicas selecionadas
▪ Dificuldades encontradas
▪ Forma como todos eles foram superados
3. Resultados Alcançados
▪ Os resultados alcançados pela investigação (positivos ou negativos), constituem a
parte substantiva de qualquer relatório.
4. Consequências dos resultados
O conteúdo do relatório deve abranger os dez elementos que integram o Vê de Gowin:
o Vertente concetual
♣ Objeto de estudo
♣ Questão-chave
♣ Conceções do mundo e da vida
♣ Teorias
♣ Modelos
♣ Conceitos
o Vertente metodológica
♣ Registos
♣ Transformações (estratégias de recolha, tratamento e interpretação de
dados)
♣ Resultados obtidos
♣ Valor acrescentado da pesquisa
Um relatório tem como base de apoio um esquema que, na sua fase final, assume a forma de Índice
Geral (esquema geral que remete às paginas onde são tratados os assuntos), organizado em
unidades estruturadas (partes, capítulos, secções, parágrafos, etc.). O esquema funciona
como uma espécie de bússola, com funções orientadoras, e não como um espartilho à
criatividade do investigador.
O corpo do texto
Com o esquema, o investigador pode escolher um de dois caminhos:
1. Escreve o relatório final apenas ao terminar todo o processo de investigação. OU
2. Vai progressivamente escrevendo sucessivas versões provisórias paralelamente ao
processo de pesquisa.
Sugestões para preparar a redação do texto:
1. Dimensões dos parágrafos e períodos
2. Formatação da mancha (alíneas, espaços, etc.)
3. Pés de página
4. Quadros, gráficos, diagramas, mapas, fotos e outras ilustrações
5. Sínteses parciais e conclusões
6. Introdução
7. Anexos
8. Glossários
9. Índices
10. Bibliografia
11. Titulo
ou pós positivismo. Por vezes, essas incompatibilidades são referidas como paradigmas diferentes,
pelo que os dois campos aparecem como envolvidos em guerras de paradigmas.
• Definir as áreas de aplicação
P. ex. se um investigador quer saber alguma coisa sobre a experiência subjetiva de uma doença
mental crónica, tem de fazer entrevistas biográficas de alguns pacientes e analisá-las
minuciosamente. O investigador que quer descobrir a frequência e distribuição da doença na
população precisa de realizar um estudo epistemológico sobre a questão. Os métodos qualitativos são
adequados na 1ª questão e os métodos quantitativos na 2ª, abstendo-se cada método de entrar no
território do outro.
• Domínio da investigação quantitativa sobre a qualitativa
Em estudos exploratórios com entrevistas abertas que precedem à coleta de dados por questionário,
em que o 1º passo e os seus resultados são considerados apenas como preliminares. São
frequentemente utilizados argumentos como a representatividade da amostra, para comprovar a
asserção de que só os dados quantitativos conduzem a resultados concretos, deixando os dados
qualitativos mais um papel ilustrativo. As afirmações feitas nas entrevistas abertas são a seguir
testadas e explicadas pela sua confirmação e frequência nos dados do questionário.
• Superioridade da investigação qualitativa sobre a quantitativa
Oevermann et al. (1979) diz que, os métodos quantitativos são sempre um mero 'atalho económico
da investigação, no processo de geração de dados', ao passo que só os métodos qualitativos,
particularmente a Hermenêutica Objetiva por ele desenvolvida são capazes de proporcionar uma
verdadeira explicação científica dos factos. Kleining (1982) sublinha que os métodos qualitativos
podem perfeitamente passar sem a utilização dos métodos quantitativos, ao passo que os métodos
quantitativos precisam dos métodos qualitativos para explicar as relações que descobrem. Cicourel
(1981) considera os métodos qualitativos especialmente adequados para responder a questões
microssociologias e os métodos quantitativos para as questões macro-sociológicas. McKinlay (1995)
torna bem claro, que na saúde pública e relações sociopolíticas, devido à sua complexidade, são os
métodos qualitativos e não os quantitativos que conduzem a resultados relevantes. Podem ser, pois,
encontradas razões para a superioridade da investigação qualitativa, quer ao nível da programação da
pesquisa quer ao nível de adequação ao tema estudado.
o Articular a investigação qualitativa e a quantitativa num plano de pesquisa
o Integração da investigação qualitativa e quantitativa
Miles e Huberman desenham 4 tipos de pesquisa. No 1º plano, ambas as estratégias funcionam em
paralelo. No 2º plano, é a observação contínua do terreno que proporciona a base para relacionar as
várias curvas da pesquisa ou para derivar e configurar e confìgurar as que serão integradas. O 3º
plano, começa com um método qualitativo (por exemplo, uma entrevista semi-estruturada), seguido
de um estudo por questionário, como fase intermédia, antes de os resultados dos dois passos serem
aprofundados e estabelecidos, numa segunda fase qualitativa. No 4º plano, um estudo de campo
complementar acrescenta profundidade aos resultados de uma sondagem feita no primeiro passo,
seguindo se uma intervenção experimental no terreno, para testar os resultados dos dois primeiros
passos.
A combinação das 2 abordagens é mais frequente estabelecida pela articulação dos resultados da
investigação qualitativa e quantitativa no mesmo projeto ou em projetos diferentes, sequencialmente
ou em simultâneo. Um exemplo pode ser a combinação de resultados de um inquérito e de um estudo
por entrevista. Esta combinação pode ser prosseguida com diferentes objetivos:
- Obter sobre o assunto em estudo um conhecimento mais alargado do que o proporcionado por uma
única abordagem;- validar mutuamente os resultados das duas abordagens;
Podem surgir desta combinação 3 tipos de resultados:
1) Os resultados qualitativos e os quantitativos convergem, confirmam-se mutuamente e apoiam as
mesmas conclusões;
2) Os dois resultados evidenciam aspetos diferentes de um problema, mas complementam-se e
conduzem a um quadro mais completo;
3) Os resultados qualitativos e os quantitativos são divergentes ou contraditórios.
• Avaliação e generalização da investigação
Uma forma comum de as combinar é visível na aplicação do modelo da investigação qualitativa à
quantitativa. A questão da amostragem, por ex., é basicamente vista como um problema numérico,
traduzido na pergunta: De quantos casos preciso para fazer uma afirmação científica? Está a
aplicar-se uma logica quantitativa à investigação qualitativa. Outra combinação é aplicar os critérios
de qualidade de uma á outra. A investigação qualitativa é frequentemente criticada por não obedecer
às exigências de qualidade da investigação quantitativa sem se ter em conta que estes critérios não se
ajustam à investigação qualitativa, aos seus princípios e práticas. Em sentido inverso, acontece o
mesmo problema, embora raramente. Outra forma é que se esquece que generalizar resultados de um
estudo, a partir e um nº limitado de entrevistas de uma sondagem representativa é também uma
forma de generalização. Esta generalização numérica não é necessariamente a correta, pois muitos
estudos qualitativos visam o desenvolvimento de novos conhecimentos e novas teorias. A questão
mais relevante é a da generalização dos resultados qualitativos com base num fundo teórico solido. É
menor o nº de casos estudados mas melhor a qualidade das decisões de amostragem sobre qual
assenta a generalização.
Neste caso, as perguntas relevantes são: Quais casos? Em vez de quantos casos? E o que representam
os casos ou para que fim foram selecionados? Deste modo a questão da generalização na
investigação qualitativa está vinculada à quantificação menos rigidamente do que por vezes se
presume.
• Adequação dos métodos como ponto de referência
Wilson (1982) advoga o relacionamento das 2 tradições metodológicas: “ as abordagens qualitativa
e quantitativa mais do que métodos competitivos são complementares e a utilização de um método
em particular deve antes de mais basear-se na natureza do problema a estudar”.
Todavia, ainda não foi resolvido satisfatoriamente o problema da combinação destas 2 abordagens.
As tentativas de integrar as 2 abordagens acabam frequentemente nas opções “uma-depois-da outra”
(com preferências diferentes) em paralelo (com vários níveis de independência das duas estratégias)
ou dominância (também com preferências diferentes). A integração está frequentemente limitada ao
nível do plano de pesquisa- o uso combinado de vários métodos, com níveis diversos de inter-relação
entre eles.
Por outro lado, continuam a existir diferenças nos dois processos de investigação acerca da
adequação dos planos de pesquisa e da forma correta de avaliar os processos, os dados e os
resultados. Continua em aberto a discussão sobre o modo de ter em atenção estas diferenças, na
combinação das 2 abordagens. Existem algumas questões-guia, para avaliar os exemplos de
combinação das 2 abordagens:
- É atribuído um peso igual às 2 abordagens (no plano do projeto, na relevância dos resultados, etc)?
- As 2 abordagens são aplicadas separadamente ou estão efetivamente relacionadas? Muitos estudos,
por ex., utilizam separadamente métodos qualitativos r quantitativos e a integração das 2 partes
refere-se simplesmente à comparação dos 2 resultados, no final.
- Qual a relação lógica das 2 abordagens? Simplesmente em serie? Como? Ou são realmente
integrados num plano de métodos múltiplos?
- Quais são os critérios utilizados para avaliar a investigação no seu todo? É a perspetiva tradicional
da validação que domina ou ambas as formas de investigação são avaliadas por critérios
apropriados?