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Revisão

A1
O que é ciência?

Senso comum Conhecimento Científico

- Observação Pura e - Verificável;


Assistemática - O que é considerado ciência
- Contaminado por Vieses varia com o contexto histórico;
- Adota metodologia.
“O Conhecimento pré científico é o
que surge de estimativas e “um saber que se distinga de outras
valorações diretas dos fenômenos, vias de conhecimento, porque a
com base na pura observação ou ciência deve obter descobertas e
análise assistemática, nos registros conclusões mediante métodos ou
de dados, nas comparações ou fundando-se em argumentos que
medições” permitam sua evolução, ou seja,
submetendo-se à prova, com a
obrigação moral e material de
Fonte: Novo Manual Básico de Criminologia, Carlos Alberto Elbert,
Editora Livraria do Advogado, Porto Alegre, 2009, p. 29 -37 admitir erros.”
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Concepções do direito: abordagens
possíveis

Dogmática Zetética

- Positivismo; - Questionamento de dogmas,


- Teoria Pura do Direito: do sentido dos discursos e do
preocupação com a validade e a estado das coisas;
hierarquia das normas; - Adoção de outros saberes para
- Conceito restrito de ‘Direito’. compreender o Direito:
antropologia, sociologia,
filosofia, história, etc;
- Conceito genérico de ‘Direito’.

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O que é a Sociologia?
Surge em um ambiente influenciado pelas revoluções burguesas, Francesa
e Industrial, bem como pelo Iluminismo e pela Revolução Científica.

Seu objeto de estudo é a sociedade.

O que é a Sociologia Jurídica (ou do


Direito)?
Análise científica de cunho sociológico acerca do fenômeno jurídico;

É considerada um ramo da Sociologia;

Reconhece o Direito como um fenômeno social, que vai além do aspecto


formal.
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Autores clássicos da Sociologia - Durkheim
(1858 - 1917, França)
É considerado o pai da sociologia,
pois foi o primeiro professor dessa
disciplina universitária e também foi
quem determinou seu objeto;

É considerado, também, um clássico


da Sociologia.

Para ele, o objeto da sociologia são os


fatos sociais, definidos como
maneiras de pensar, agir e sentir
exteriores ao indivíduo e dotadas de
coercitividade e generalidade.

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Contribuições de Durkheim para o direito
- Direito como fato social: O Direito é um fato social, que mantém a
vida coletiva. Também é a forma mais visível da solidariedade social (os
laços que unem os membros de um grupo entre si e àquele).

- Direito x Moral: O Direito possui semelhanças com a moral, pois


ambos ditam regras de conduta. No entanto, enquanto o Direito possui
sanções (consequências mediadas) bem determinadas a priori,
aplicadas por um corpo de especialistas, a moral possui sanções não
tão bem determinadas, que podem ser aplicadas por qualquer
membro da sociedade.

- Reflexões sobre o crime: Para ele, o crime é um fato presente em


todas as sociedades, sendo assim “normal” dentro de taxas aceitáveis,
ainda que seja imoral. Certos tipos de crime, além de inevitáveis, serão
ainda desejáveis, porque podem ser aptos a promover a dinâmica de
evolução da moral e do direito.
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Contribuições de Durkheim para o direito
- Argumentos sobre a pena: Para o autor, o fundamento essencial da
pena é a manutenção da coesão social, dos ideais sociais coletivos.

- Anomia: A divisão social do trabalho, se demasiada, pode agir de


maneira dissolvente e não a favor da solidariedade e da coesão social.
Seu desenvolvimento anômico leva à degradação moral.
Autores clássicos da Sociologia - Karl Marx
(1818 - 1883, Alemanha)
É considerado, também, um clássico da
Sociologia.

Duas de suas contribuições mais


importantes no campo são: (i) a
compreensão de que o conhecimento deve
ser uma forma de apropriar-se do real para
promover mudanças; (ii) a construção do
método materialista histórico dialético.

Para Marx, a principal contradição do


capitalismo é o fato de que as forças
produtivas evoluem, mas as relações que
estabelecem provocam a miséria, pela
relação assimétrica entre trabalho
(alienado) e capital. 8
Contribuições de Marx para o Direito

- Crítica à economia política, ao afirmar a assimetria das condições


materiais das relações entre trabalho e capital;

- Para ele, a superestrutura (direito, política, religião) decorre da


estrutura (bases materiais da realidade).

- Nesse sentido, o Estado não visa o bem comum, mas sim os interesses
da classe dominante.

- Crítica à ideologia - ideal democrático burguês.

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Autores clássicos da Sociologia - Weber
(1864 - 1920, Alemanha)
É considerado, também, um clássico da
Sociologia.

Para ele, o objeto da sociologia é a


compreensão da ação social.

A ação social é a ação orientada tendo em


vista a ação (passada, presente ou futura)
de outros agentes.

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Contribuições de Weber para o Direito

- O estado é o monopólio da força legítima. A legitimação pode ser dar


de formas racionais e irracionais. O único tipo de dominação racional,
para Weber, é a legal.

- Para Weber, o modo formalmente mais racional do exercício do poder


é o poder legal, que se vale de um aparato burocrático, que tenha leis
preestabelecidas e o caráter de impessoalidade/objetividade.

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Autores contemporâneos da Sociologia -
Bourdieu (França, 1930 - 2002)
Bourdieu buscava compreender os
mecanismos simbólicos de distinção social,
dada sua origem.

Estruturalismo construtivista;

Conceitos centrais:
Espaço social;
Campo social;
Capital simbólico (cultural, econômico
e social);
Dominantes/dominados;
Habitus;
Violência simbólica.
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Contribuições de Bourdieu para o Direito
Para Bourdieu, a autoridade jurídica é a forma por excelência da violência
simbólica legítima cujo monopólio pertence ao Estado e que se pode combinar
com o exercício da força física.

Direito é um campo que tem, como objeto de disputa, o capital jurídico, ou seja, o
direito de dizer o que seja ou não o direito.

Só pode ingressar nesse campo quem detém a capacidade técnica suficiente. A


linguagem (juridiquês) é um demarcador de quem são os operadores do direito e
os “profanos”.

Apesar das diferentes posições que eventualmente ocupem, todos os integrantes


desse campo tendem a compartilhar o mesmo habitus, ou seja, certo estilo de
vida, jeito de se vestir, de se comportar, de falar etc. O que aparece como a
aplicação de uma competência jurídica neutra deriva mais da coesão de habitus
dos intérpretes do que de uma lógica imanente dos textos.
Manual de sociologia jurídica - 3ª edição de 2018 Capa comum – 16 outubro 2018 - Edição Português por Felipe Gonçalves
Silva; José Rodrigo Rodriguez
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Autores contemporâneos da Sociologia -
Foucault (França, 1926 - 1984)
Michel Foucault buscava compreender
os mecanismos do poder, a partir da
sua genealogia.

Conceitos centrais:
Biopoder;
Microfísica do poder.

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Tradições da Sociologia Jurídica - Escola
de Frankfurt - Teoria Crítica Social

A ciência social não deve se limitar à análise da sociedade, mas busca


um exame crítico.

A Teoria crítica social não se pauta em modelos de sociedade


utópicos ou idealistas, mas a possibilidades de emancipação inscritas
na própria realidade observada.

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Antropologia
Etmologia: o estudo do homem;

Nascimento: contexto europeu do século XIX;

Há diversas abordagens possíveis: antropologia física ou biológica;


antropologia social e cultural; e arqueologia.

Para o nosso estudo, importa a Antropologia Social e Cultural.

Etnografia → Etnologia → Antropologia

Objeto de estudos: formas de organização social, costumes,


símbolos, religião e cultura de uma dada sociedade.

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Aproximações entre Antropologia e Direito

Estuda o fenômeno jurídico de forma pluralista;

Entende o fenômeno jurídico como parte da cultura;

São seus grandes temas o estudo:


Das sociedades tradicionais, sem escrita;
Do Direito em perspectiva cultural-comparativa;
Do Direito nas sociedades complexas e plurais.

Importante, sobretudo, para a compreensão do Direito nas


sociedades complexas e plurais e do pluralismo jurídico.
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Antropologia do Direito ou Jurídica

A Antropologia do Direito/Jurídica é uma “disciplina autônoma,


que cuida de investigar o fenômeno jurídico de forma pluralista,
buscando prioritariamente investigar sua gênese nas formas
mais simples de sociedades (dentre as quais as chamadas
“ágrafas” traduzem-se no maior exemplo) ou até mesmo em
meio às complexas, como o são aquelas tantas da
contemporaneidade, utilizando-se do método comparativo
sempre que necessário, como uma ferramenta útil para que
sejam determinadas as categorias e os valores intrínsecos às
inúmeras culturas existentes no planeta.”
PALMA, Rodrigo F. Antropologia jurídica. [Digite o Local da Editora]: Editora Saraiva, 2018.
E-book. ISBN 9788553607990. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788553607990/. Acesso em: 26 mar.
2023.

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Pensamento Jurídico Crítico
O que é o pensamento jurídico crítico? É o “exercício reflexivo de questionar
o que está ordenado e oficialmente consagrado (a nível do conhecimento,
do discurso e do comportamento) em uma dada formação social, e a
possibilidade de conceber outras formas diferenciadas e pluralistas de
prática jurídica”. WOLKMER, Antônio Carlos. Introdução ao Pensamento Jurídico
Crítico. São Paulo: Editora Acadêmica, 1991, p. 9.

Não se fala em uma única “teoria geral crítica do direito” senão sobre
diversas correntes e pensamentos jurídicos críticos do direitos.

Influência de Teoria crítica - Escola de Frankfurt.

Correntes críticas do direito: Pluralismo Jurídico, Uso Alternativo do Direito,


Direito Alternativo, Direito Achado na Rua e Teoria Crítica Racial.

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Pluralismo Jurídico

É o conceito que “designa a existência simultânea e em um mesmo


ambiente de mais de um conjunto articulado de regras, princípios e
instituições com base nos quais a ordem social é construída e
transformada” Manual de sociologia jurídica - 3ª edição de 2018 Capa comum – 16
outubro 2018 - Edição Português por Felipe Gonçalves Silva; José Rodrigo Rodriguez, p.
186.

Se contrapõe ao monismo Jurídico, concepção em que o direito adquire um


caráter centralizador, único e nacional.

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Uso alternativo do Direito
Reconhecida influência europeia, notadamente do movimento chamado
“jurisprudência alternativa”, localizado na Itália e repercutido na Espanha nas
décadas de 60 e 70.

No Brasil, tem origem na metade da década de 80, no Rio Grande do Sul, por um
grupo de juízes da AJURIS, no contexto da construção da nova constituinte. Um
dos seus expoentes é o então juiz Amilton Bueno de Carvalho.

Separação entre direito e lei, porém respeitando-se os princípios gerais de direito.

Utilização das contradições, ambiguidades e vaguezas do direito posto para, por


meio da interpretação, promover mudanças e conquistas populares, em favor das
classes dominadas.

Decisões que eram consideradas alternativas, como aquelas referentes aos


“crimes contra os costumes” e a impenhorabilidade dos bens de família, foram
sendo incorporadas à jurisprudência e perdendo seu caráter de radicalidade.
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Direito Alternativo
Origem de matriz Latino Americana;

“Convicção de que é preciso ‘educar’ política e legalmente às classes


populares com o objetivo de organizá-las e conscientizá-las. Dessa maneira
seria possível a substituição do direito ‘oficial’ vigente por um direito
‘autêntico’, oriundo da própria sociedade.”WOLKMER, Antônio Carlos.
Introdução ao Pensamento Jurídico Crítico. São Paulo: Editora Acadêmica,
1991, p. 307.

É uma expressão do pluralismo jurídico, mas não necessariamente todo


fenômeno do pluralismo jurídico é direito alternativo. O direito alternativo
disputa a hegemonia e o poder com o direito “oficial”.

Postura crítica, contrária à ideia de neutralidade e despolitização do direito.

Críticas ao Direito Alternativo: recusa geral ao formalismo e ao positivismo


dos juristas.
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Teoria Crítica Racial
É um movimento que reúne ativistas e acadêmicos que
mobilizam estudos em torno das relações entre raça, racismo
e poder.

Questiona uma perspectiva liberal do direito e seus


fundamentos, tais como: teoria da igualdade, discurso
jurídico, racionalismo iluminista e neutralidade.

Surge na década de 70, como uma forma de apontar a


estagnação ocorrida após a década de 60 - conquista dos
direitos civis.

Assim como as demais teorias críticas, ela não se limita a


analisar a realidade, senão sugerir práxis para a mudança. 23
SIMULADO
“Esses dias tinha um moleque na quebrada com uma arma de quase 400 páginas na
mão. Uma minas cheirando prosa, uns acendendo poesia. Um cara sem nike no pé indo
para o trampo com o zóio vermelho de tanto ler no ônibus. Uns tiozinho e umas tiazinha
no sarau enchendo a cara de poemas. Depois saíram vomitando versos na calçada. O
tráfico de informação não para, uns estão saindo algemado aos diplomas depois de
experimentarem umas pílulas de sabedoria. As famílias, coniventes, estão em êxtase.
Esses vidas mansas estão esvaziando as cadeias e desempregando os Datenas. A Vida
não é mesmo loka?”

Com esses versos do poeta Sergio Vaz, a juíza gaúcha Karla Aveline de Oliveira, da 4ª
Vara do Juizado da Infância e Juventude de Porto Alegre (RS), iniciou a sua sentença
inédita em que negou acusação por tráfico de drogas do Ministério Público contra
adolescente. Na sua decisão, Karla usou a poesia “A Vida É Loka” para justificar como a
desigualdade social, a violência e o desamparo do Estado tornam crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade em alvos de organizações criminosas e do
trabalho infantil.
Fonte: Reportagem “Quando vê um juiz expressando a voz do outro, a comunidade se
surpreende", diz magistrada que usou poesia sobre tráfico em sentença”.

Considerando os dados acima expostos:


1) Explique como a sociologia jurídica pode ser utilizada para analisar questões
contemporâneas das sociedades?
2) Descreva qual é o “fato social”, na visão de Durkheim, criticado pela juíza? 25

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