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Instituto de Constelaciones Familiares

Brigitte Champetier de Ribes

www.insconsfa.com
info@insconsfa.com

A Análise Transacional como base das Constelações Familiares

Os Estados do Eu (Pai-Adulto-Criança). Contaminação e exclusão.

Estou presente? Estou em minha força adulta?

Comunicação e transações. Como me comunico? Como reajo aos demais?

As “carícias” que recebo e dou. Os descontos.

A Posição Existencial. Como me sinto em relação aos outros?

A estruturação do Tempo. A que dedico meu tempo?

Atuo mais por fidelidades ao passado do que em ressonância com o presente?

Script de vida, simbiose, decisões precoces, mandatos e contra-mandatos do sistema.

O que eu decidi quando criança? Que fidelidades eu tenho?

Como ser cada dia mais livre do passado e dessas decisões precoces?

Emoções (primárias, secundárias, adotadas), emoções clandestinas e jogos de

manipulação; compreendê-los, para soltá-los. A desqualificação, para que serve?

Ser autônomo.

Avaliação para o “Título de Especialista":


Suas tomadas de consciência (2.000 palavras)

Curso ministrado por Brigitte Champetier de Ribes

São Paulo (BRASIL), 18-22 de abril de 2018


Organização: Flávia Sodré,
flavia@insconsfa.com,
Tel.: 55 (11) 99226-6636
Índice

A A.T. (Análise Transacional): sua filosofia e aplicação ................................................................. 1

Os Estados do Eu (Pai-Adulto-Criança)............................................................................................ 2

Características dos Estados do Eu .............................................................................................. 2

Como reconhecer em qual Estado estamos? ............................................................................. 3

Análise funcional dos Estados do Eu......................................................................................... 5


Análise estrutural de segunda ordem ....................................................................................... 7

Patologia estrutural dos Estados do Eu ..................................................................................... 9

Psicogênese .................................................................................................................................. 13
Quando morrem?........................................................................................................................ 13

As Transações ..................................................................................................................................... 15

As leis da comunicação .............................................................................................................. 15

Transações complementares ou paralelas ............................................................................... 16


Transações cruzadas................................................................................................................... 18
Transações ocultas (ulteriores) – de duplo sentido................................................................ 20

Carícias e Descontos........................................................................................................................... 26

A Posição Existencial ......................................................................................................................... 34

A Estruturação do Tempo ................................................................................................................. 37

Os jogos psicológicos ou jogos de manipulação ............................................................. 39


A intimidade ........................................................................................................................ 39

Script de Vida...................................................................................................................................... 40

O script de vida ........................................................................................................................... 42


Os mandatos ................................................................................................................................ 44
Contramandatos ou impulsores ............................................................................................... 46

As permissões.............................................................................................................................. 50
As Emoções ......................................................................................................................................... 53

As emoções produtivas, emoções primárias .......................................................................... 53

Meta-emoções.............................................................................................................................. 54

Emoções improdutivas, emoções secundárias ....................................................................... 55

O elástico .............................................................................................................................. 55

Emoções secundárias, parasitárias, clandestinas (rebusques) ou fraudes (racket) ... 55


As emoções compostas....................................................................................................... 58

As emoções adotadas ......................................................................................................... 59


Emoções improdutivas e terapia ...................................................................................... 59
Os emociogramas ....................................................................................................................... 60

Os Jogos Psicológicos ou de Manipulação ...................................................................................... 62

Falsos papéis - Triângulo dramático ........................................................................................ 63


Descrição dos três papéis básicos ..................................................................................... 63
Exemplos de jogos ...................................................................................................................... 65
Por que jogamos? ........................................................................................................................ 68

Como se mantém um jogo? A desqualificação ....................................................................... 69


Como deixar de jogar? ............................................................................................................... 71
Algumas ideias para sair dos jogos .......................................................................................... 71

A Autonomia ...................................................................................................................................... 74
A A.T. (Análise Transacional): sua filosofia e aplicação

A A.T. é, ao mesmo tempo:

 Uma teoria sobre a pessoa em duas vertentes: uma teoria da dinâmica da estrutura da
personalidade e uma teoria da comunicação. Ambas as vertentes formam, de um modo
indissociável, o que é específico do ser humano.

 Uma psicoterapia “contratual”, baseada no respeito à capacidade de decisão, de


autogestão e de conhecimento de cada pessoa. Esta terapia não se opõe às outras, mas as
engloba, tanto a nível metodológico como teórico.

A filosofia que sustenta a A.T. se foca no oposto das psicoterapias tradicionais, psicanalíticas
ou behaviorista, na medida em que não há monopolização do saber e, portanto, do poder por
parte do terapeuta. Consequentemente, não é uma terapia paternalista, mas humanista e
democrática, que pressupõe que:

 O terapeuta está ok e seus pacientes também.

 Todo mundo pode pensar, e o terapeuta está aqui para fornecer a informação que irá
permitir ao paciente pensar e viver com mais eficácia.

 É a própria pessoa que decide como vai ser sua vida, e estas decisões sempre são
tomadas através da busca de algo intra-psiquicamente positivo; e quando a própria
pessoa decide mudar sua “decisão prematura” por outra (e a partir de um “si-mesmo”
completo, não parcial, como ocorre no behaviorismo), esta decisão de mudança é eficaz.

 Não há fatalidade, a pessoa, a cada momento, pode reescrever seu script de vida, a partir
das suas decisões pessoais e seu dar-se conta, mudando suas antigas atitudes de
sofrimento perante a vida por novas atitudes benéficas.

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Os Estados do Eu (Pai-Adulto-Criança)

Vivemos como se fôssemos três pessoas em uma, cada uma com sua personalidade completa,
e o surpreendente é que, quando estamos em uma delas, nos esquecemos do que vivemos
nas outras duas…
A essas personalidades, a Análise Transacional (AT) as denomina Estados do Eu. Um estado
do Eu é um conjunto coerente – sistêmico – de comportamentos, sentimentos e pensamentos.

Quando alguém age, sente ou pensa movido por uma memória antiga do com-
portamento de uma pessoa que teve muita influência sobre ele durante sua in-
fância: está em seu Estado do Eu Pai, está em um comportamento emprestado.

Quando alguém age, sente ou pensa de acordo com o aqui e agora, com o mo-
mento presente, externo e interno: está em seu Estado do Eu Adulto.

Quando alguém age, sente ou pensa movido por uma memória antiga de uma
emoção do passado: está em seu Estado do Eu Criança, está em um comporta-
mento arcaico. Esta emoção pode ter sido sua ou é adotada de um antepassado.

Aqui a palavra Pai é a tradução de Parent e Father, em seu sentido amplo, não sexuado.

O equilíbrio chega quando o Estado do eu Adulto está no comando e os outros dois Estados
se sentem reconhecidos, escutados e têm seu lugar na vida do Adulto.

Características dos Estados do Eu

Características do Estado Pai

Diz o que tem que fazer. Não age.

Memória da cultura, da moral, dos preconceitos; transmissão de geração em geração de


normas e princípios indiscutíveis e automatizados (está mal…, não tem educação…).
Coleção de afirmações dos pais sobre a realidade que se traduz em um programa de ações
(isso se faz assim, não olhe, não peça, pense por mim…).
Memória dos sentimentos e maneira dos pais expressá-los, que a pessoa tem introjetada (a
tristeza não é digna, não se pedem coisas...).

Movido por: “tem que, não tem que, deve, tem que”.

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Manifestações: ajudar alguém com problemas. Dar conselhos. Julgar, desqualificar. Dar or-
dens. Comunicar ou ensinar crenças pessoais. Dar prioridade a suas crenças em relação a
seus compromissos com as pessoas.

Características do Estado Adulto

Age.

Não tem princípios morais, mas uma ética individual que se adapta a cada momento presen-
te. Atua de modo eficaz em função de seus próprios objetivos. Sentimentos autênticos: emo-
ções primárias, a intimidade, os sentimentos do aqui agora.
Movido por: “convém, quero, vou a, assumo, decido, escolho”.

Manifestações: respiração profunda, realismo, escutar, negociar, refletir antes de agir, com-
promisso e responsabilidade. Sem crenças.

Características do Estado Criança

Sente, reage. Não age.

Obrigações às quais tem que se submeter por medo ou por sedução, lembranças de submis-
são ou rebeldia.
Adesão aos próprios vínculos sistêmicos, assim como a todos os vínculos dos pais. Script de
vida com seu conjunto de manipulações e emoções secundárias.
Viver emoções que não são adaptadas à situação atual, que são desproporcionais ou que só
trazem tensão ou mal-estar, sem levar a uma melhor adaptação da pessoa ao entorno.

Movido por: “gosto, não gosto, me dá vontade”.

Manifestações: chegar cantando ao trabalho, se irritar com seu despertador, ter medo de falar
em público, roer as unhas, ter vontade de comer um doce quando se está de regime, se irritar
diante de uma contrariedade, necessitar gurus ou mestres espirituais.

Como reconhecer em qual Estado estamos?

 Diagnóstico comportamental: os gestos, atitudes, mímicas, tom de voz, estrutura da


frase, são indicativos do estado do Eu no qual a pessoa está.

 Diagnóstico social: seguindo as regras da comunicação, a atitude que os outros costu-

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mam ter perante uma pessoa permite determinar em que estado do Eu essa pessoa está
com os outros.

 Diagnóstico histórico: o que aconteceu com essa pessoa, o que possa, do seu passado,
ser associado à situação sintomática de hoje, permite reconhecer o que vem dos seus pais
ou das pessoas que tiveram influência sobre ela durante sua infância, como se fosse uma
réplica de suas emoções e comportamento de sua infância, e explicaria porque está re-
produzindo um padrão paterno ou uma atitude infantil de sua infância.

 Diagnóstico fenomenológico: é a descrição da situação atual, do sintoma e da percepção


do terapeuta de como a pessoa se apresenta perante ele(a).

Aponte um exemplo desses três modos de se comportar, pensar e sentir que você teve nos últimos dias:

 Estado Criança: onde, quando, em reação a qual estímulo, com quem.


Anote as reações espontâneas que você teve na última vez que viu um filme, ou algum
espetáculo que comoveu você. Coloque-se na situação, escreva o que sentia, o que a sua
atitude e a de seus colegas dizia a você.

 Estado Pai: pensa nos princípios, valores, regras, obrigações que seus pais e outros familiares
importantes transmitiram a você. Além disso, tome consciência das vozes interiores que os
acompanham. Que parente vem à sua memória por trás dessas frases internas?

 Estado Adulto: escreva as realizações concretas e tangíveis que aconteceram na semana


passada, se perguntando se esse comportamento, sentimento ou pensamento era apropriado
para uma pessoa da sua idade, no contexto em que você estava.

Observe, agora, se cada estado do Eu forma um todo coerente e diferente dos outros dois.

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Análise funcional dos Estados do Eu

Estados do Eu Função Positiva Função negativa

Perseguidor. Baixa autoestima e desva-


Protetor. Condutas de firmeza, ordem
loriza o outro. Lança mensagens lasti-
e direção. Exerce o poder sem menos-
Pai mosas, zombeteiras ou veladas. Tem
prezar o outro. Marca os limites do
Normativo preconceitos, é autoritário, sem consi-
comportamento alheio, exige respeito
ou Crítico deração pelos demais. Provoca culpa,
a seus direitos, tolera quando não se
exerce o poder limitando o poder dos
respeitam as normas.
outros.

Permissor. Interessa-se e se ocupa dos Salvador, superprotetor. Fomenta o


outros com amor e apoio, se os outros estado de desamparado e a dependên-
precisam dele. Ajuda e permite viver e cia, evita o crescimento do outro e o
Pai Nutritivo desfrutar. Favorece o crescimento. progresso. Preocupa-se em excesso e
Aplaude e elogia os sucessos dos de- indiscriminadamente com os outros,
mais. Reforça comportamentos positi- fomenta sentimentos de insegurança e
vos com sua aprovação explícita. inaptidão.

Não presente, desinformado, mal in-


Presente, ético, responsável, informa-
Adulto formado ou contaminado pelo Pai ou
do, autônomo, age.
pela Criança. Robotizado. Desonesto.

Submete-se quando vê que é conveni-


Amolda-se aos requerimentos externos
ente em função da situação. Educada,
Criança porque é “o que todo mundo gosta”.
disciplinada e respeitosa ou rebelde
Adaptada Manipuladora, pode se tornar destruti-
para facilitar a consecução de seus
(Submissa va se assim conseguir que lhe respon-
objetivos. CAR (Criança Adaptada
ou Rebelde) dam. Pode ser submissa, desafiante,
Rebelde): rejeita injustiças e arbitrari-
retraída, desvalorizada, confusa, oposi-
edades.
tora, rancorosa.

Presente. Manifesta diretamente o que Pode se prejudicar ou prejudicar a ou-


Criança sente sem prejudicar a ninguém. Ri tros ao se expressar. Machuca ou se
Livre quando está alegre, chora quando está machuca para se divertir. Egoísta, cruel,
triste etc. Sente emoções primárias e as brutal, grosseira, manipuladora.
expressa com clareza.

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Conceito de Catexia ou conservação da energia psíquica: temos uma energia psíquica cons-
tante, se a dedicamos mais a um estado, a retiramos de outro. Este conceito é de grande aju-
da para o crescimento, pois ao escolher dinamizar um estado ou dedicar menos energia a ele,
sabemos que, automaticamente, todos os outros estados serão afetados.

John Dusay: “Quando um Estado do Eu aumenta, outro deve diminuir como consequência
de um deslocamento da energia psíquica, permanecendo constante a soma total”.

Por outro lado, certos fatores biológicos e sociais têm um importante impacto sobre a inten-
sidade com a qual vivemos os Estados do Eu: (P + A + C) LM = K.
Onde LM representa o “Leite Materno”.

Eric Berne o define assim: o “Leite Materno” é a variável relativa a fatores biológicos e sociais
(disfunções orgânicas, estados de privação…) que exigem consideração clínica antes que psi-
cológica.

Egograma
O terapeuta necessariamente irá levar, inconscientemente, seu cliente até seu próprio ego-
grama. Por isso, é muito recomendável ter consciência de qual é o estado do Eu que nos go-
verna.

 Procure um exemplo concreto nos últimos dias de cada um dos estados funcionais do Eu.
 Anote sua descrição olhando para seus colegas. Anote quais situações e pessoas de sua
infância remetem você aos diferentes estados da C e do P.
 Desenhe seu egograma.

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0
PC+, PC-, PP+, PP-, A+, A-, CA+, CA-, CL+, CL-

Algumas pessoas têm diferentes egogramas dependendo da situação. O egograma varia


mais com o tempo do que com o espaço.

 Partindo da ideia da catexia, escolha um estado do Eu que você quer aumentar e outro que
quer diminuir. Busque cinco novos comportamentos com a ajuda da boa definição de
objetivos da PNL.

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Análise estrutural de segunda ordem

PC
Crença, lealdade, neurose

AC
Script, decisão precoce

CC
Somatização, psicose,
intrincação

Cada Estado do Eu está constituído do Estado do Eu Pai, Estado do Eu Criança e Estado do


Eu Adulto.

Pai do Pai: programa da cultura, da moral, dos preconceitos, transmissão de geração em ge-
ração de normas e princípios indiscutíveis e automatizados: tradição, mitos, pautas, padrões,
crenças. Permite o enraizamento sociocultural e o pertencimento. A boa consciência.
Julga, opina, normaliza o bem e o mal (está mal..., é mal educado..., isso é o correto, não olhe,
não peça, pense por mim). Dá a vida por um ideal.

Adulto do Pai: mensagens do tipo racional que não passaram por processo lógico. Transmite
a parte saudável dos pais.
Protege a personalidade, oferece ajuda e apoio (isto se faz assim…). Permite crescer, ser livre
e autônomo. Dá carícias positivas, trata de resolver a angústia do filho para evitar a repeti-
ção. Dá a vida pelo filho.

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Criança do Pai: (+) príncipe ou fada, (-) ogro ou bruxa. Lembrança internalizada do Estado
Criança dos pais. Programa sobre os sentimentos e maneira de expressá-los pelos pais que a
pessoa introjetou. Vontade de viver, tristeza, alegria, ódio, temor, medo…; mensagens sobre
as emoções que podem levar à felicidade ou ao suicídio.
(+): Desfruta, ensina ter intimidade ou amar mediante comunicação não verbal.
(-): Proíbe, provoca culpa, atemoriza, confunde, deprime.

Pai do Adulto: ética individual. O que convém aqui e agora. Normas que a pessoa adota
depois de raciocinar e valorizar sua oportunidade. A ética é autorizada e discutível.
Faz o que convém e não prejudica outras pessoas.

Adulto do Adulto: o fazedor. Funciona como um computador: recebe dados, os processa,


excluindo contaminações de normas e impulsos. É fenomenológico. Recebe, processa, res-
ponde, elabora resultados, os difunde etc.

Criança do Adulto: o vital, emocional, a intimidade, os sentimentos do aqui agora.


Emoções primárias.

Pai da Criança: obrigações às quais tem que se submeter por medo ou por sedução.
Versão fantasiada perigosa do verdadeiro pai, chamada Elétrodo, Ogro, Bruxa ou Pai Mági-
co. Mandatos das figuras parentais: script de vida, adaptação às exigências dos pais, sentir
culpa.
Expressa emoções secundárias, manipuladoras, com dois modelos de resposta: se submete
ou se opõe à vontade dos pais. Faz o que seus pais querem e aprende a não se sentir bem.

Adulto da Criança, o Pequeno Professor: programado para examinar probabilidades (curio-


so, intuitivo, criativo, astuto, empático, pensamento mágico), tem todas as estratégias e re-
cursos necessários para a adaptação ao meio. Começa a se formar a partir dos 6 meses. É a
resposta à informação recebida dos pais que condiciona o processo de obtenção de carícias.
Faz o que for para obter carícias. Capta, intuitivamente, emoções e atitudes dos outros para
manipulá-los. Fantasia (de forma realista ou ilusória). Trabalha como um ator (finge, mente
etc.) para conseguir seu objetivo.

Criança da Criança: programada a partir do interior, com todos seus elásticos e suas intrin-
cações transgeracionais. Mensagens genéticas, impulsos puros, instintos “Eu sigo você”, “Eu
por você”.
Energia vital. Impulsividade, vitalidade, expressividade.
Desfruta, ama, sofre, foge, somatiza. Pode destruir para se defender dos perigos.
Responde com prazer, quando suas necessidades são satisfeitas, e a contragosto, caso contrá-
rio.

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Patologia estrutural dos Estados do Eu

Exclusão: bloqueio energético em algum estado do Eu.

Exclusão do Estado do Eu Adulto: hiper submisso, obsessivo, perfeccionista, rígido, moralis-


ta, delírios, provável psicose.

Exclusão do Estado do Eu Pai: personalidade psicopática, o valentão, o folgado, egoísta, cru-


el, divertido, pouco se importa com os outros, só consigo mesmo.

Exclusão do Estado do Eu Criança: realista, mas chato e solitário.

Exclusão dos Estados do Eu Pai e Adulto: infantilismo, autismo, rebeldia. Possíveis psicoses
graves.

Exclusão dos Estados do Eu Pai e Criança: indivíduos “computador”, o “funcionário, rato de


biblioteca”.

Exclusão dos Estados do Eu Adulto e Criança: pregadores, fanáticos, hipercríticos e/ou su-
perprotetores. Torquemada*, o grande Inquisidor, os ditadores, integristas ou fundamenta-
listas; estas pessoas são a autoridade, são a lei e o castigo, o P normativo e o P perseguidor ao
mesmo tempo, não podem descer de seu pedestal, agem pelo bem de sua religião, da Moral,
dos Princípios. Não sentem as outras pessoas, não se identificam nunca com suas vítimas.

Contaminação

Invasão do Estado do Eu Adulto pelo Estado do Eu Pai, criando preconceitos, ou pelo estado
do Eu Criança, com suas ilusões e superstições, ou por ambos.

Os ciganos são uns ladrões: preconceito. Contaminação do A pela C do P.


Se eu bater na madeira...: superstição.
Falsas ilusões de grandeza, miséria, paranoias.
Nós somos os mais trabalhadores, mas nunca conseguimos nada porque eles cismam conosco: ilu-
são + preconceito.

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Exercícios de descontaminação

1. Tomar consciência dos diferentes estados do Eu:


Observando você nos últimos dias, tome nota dos diferentes estados do Eu nos quais costuma vi-
ver.

2. Descontaminar o Adulto e fortalecê-lo diante de uma decisão.


Permite evitar os remorsos e nostalgias, reduzindo as áreas de ignorância.

 Pense em uma decisão que você tem que tomar. Imagine que já foi tomada.
Imagine o que sua mãe diria sobre essa decisão, fazendo uma lista de tudo o que lhe vem à mente.

O mesmo com seu pai.

O mesmo com sua Criança Livre (medos, invejas, vontades, desejos…).

Volte a ler o conjunto das respostas.

Anote agora o que lhe diz seu Adulto.

3. Compreender nossa motivação e saber qual é o estado do Eu mais ativo.

Instale-se confortavelmente. Pense em uma realização da qual se sente especialmente satisfeito.


Repasse todos os detalhes da situação, como aconteceu, quanto tempo durou etc.

Volte a sentir a satisfação e se pergunte sobre as causas dessa satisfação. Anote o máximo de cau-
sas.

Em seguida, coloque-se em cima de cada estado do Eu (um papel no chão para cada um, ou uma
cadeira), para que cada um lhe diga o que sente e veja qual foi mais ativo.

4. Detectar em que estado do Eu estou em um momento dado.

Confortavelmente instalado, lembre-se de uma situação na qual você estava em seu Pai Autoritá-
rio (Normativo ou Crítico). Leve alguns segundos para se imaginar atuando. Até poder vivê-lo e
sentir os gestos que fazia, as expressões faciais que tinha e as frases típicas que dizia. Anote tudo
no quadro.

Faça, em seguida, o mesmo para o Pai Protetor (Nutritivo), o Adulto, a Criança Livre, a Criança
Adaptada Submissa ou Rebelde.

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PAI PAI CRIANÇA CRIANÇA
ADULTO
Critico Protetor Livre Adaptada

Gestos

Expressões
Faciais

Frases

5. A dupla contaminação

Na página intitulada: ”Sou o tipo de pessoa que... ”, durante 2 minutos termine a frase de todas
as maneiras possíveis.

Agora relaxe, respire e olhe ao seu redor durante 30 segundos. Volte ao seu adulto sentindo-se
bem alinhado em sua cadeira, apoie bem os pés no chão e olhe o que acaba de escrever. Para cada
final de frase que escreveu, verifique se se trata de uma afirmação da realidade ou de uma conta-
minação pela Criança.

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Se parece que uma das afirmações é uma contaminação, pense no que tem de certo apesar de tudo.
Risque as palavras da contaminação e as substitua por palavras realistas do Adulto de hoje.
Por exemplo, em vez de: “Sou o tipo de pessoa que não se dá bem com as pessoas”, coloque: “Sou
inteligente e simpático, e totalmente capaz de me dar bem com as pessoas”.
Corrija, assim, todas as afirmações contaminadas pela Criança.

Vá, agora, para a próxima parte e, durante dois minutos, anote todas as crenças e slogans que vo-
cê se lembra das suas figuras parentais.

Como antes, volte ao Adulto e verifique se expressou a realidade de hoje ou está contaminado pelo
Pai. Risque e transforme todas aquelas que não correspondem ao seu Adulto de hoje.

Sou o tipo de pessoa que


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As crenças parentais
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Psicogênese

O Estado Criança
Surge a partir da concepção. Transmite a herança genética, é afetado pelas emoções e saúde
dos pais. Em contato com as figuras parentais, descobre as emoções. Parece que todas as
emoções autênticas foram experimentadas antes dos 5 anos.
A Criança Livre permanece ativa até os 6 meses. Reage aos estímulos que recebe.
O Pequeno Professor começa a se formar com as primeiras operações exploratórias da crian-
ça, quando começa a coordenar sua motricidade (habilidades motoras), começa a andar etc.
Sua formação dura até os 2 anos.
Entre os 2 e 3 anos aparece a Criança Adaptada, como adaptação às exigências dos pais.

O Estado Pai
É o segundo a aparecer e isso acontece através do contato da criança com suas figuras paren-
tais: a criança vai gravando mensagens verbais e não verbais, ordens e permissões (expres-
sões faciais, olhares de orgulho ou de decepção), normas de comportamento (isto não se faz).
São mensagens gravadas como verdades, sem correção ou modificação, porque a criança tem
fé absoluta em seus pais. O final do processo de formação do Estado Pai é quando o Estado
Adulto está plenamente disponível para analisar os dados.

O Estado Adulto
Aparece ao redor dos 5 anos. No início está muito reprimido pelo Estado Pai, mas tende à
autonomia e continua se formando (atualizando informações, ampliando a capacidade de se
informar e processar dados) até a morte. A conduta exploratória, a qual começa com o ama-
durecimento do aparelho locomotor, no primeiro ano de vida, é precursora do Estado Adul-
to enquanto lhe permite se afastar dos pais e transformar estímulos em elementos informati-
vos que analisa e arquiva. A partir dos 2 anos já pode elaborar programas inteligentes para
obter a máxima satisfação com o mínimo risco e, progressivamente, aprender a diferenciar a
realidade graças aos ensinamentos de seus pais, às vivências que tem e as informações que
possui. Aos 12 anos, com o início do uso do pensamento abstrato, o Estado Adulto está ple-
namente disponível.

Quando morrem?

A aura: Os três estados estão presentes em todos os corpos sutis que precedem e rodeiam
nosso corpo físico.

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A aura vai sendo construída a partir da concepção:
- O corpo etérico, existe desde a concepção.
- O corpo emocional, se desenvolve a partir do nascimento.
- O corpo mental, existe a partir dos 3 meses de vida.
- O corpo astral, a partir dos 6 meses de vida.

A pessoa “morre totalmente”, passa a outro estado e perde sua identidade, quando todos os
seus corpos estão harmonizados.

Eles se harmonizam quando o negativo é compensado pelo positivo, ou, ao se harmoniza-


rem, o negativo é compensado pelo positivo.

Os três Estados do Eu não morrem, se perpetuam através da transmissão genética ou da res-


sonância do campo morfogenético.

Quando os Estados do Eu negativos têm mais peso do que os positivos, o falecido continua
presente com toda a sua identidade e seu amor bloqueado (seus corpos sutis não podem ser
harmonizados), à espera de que um descendente compense esta negatividade com seus atos.

Quando os P-, A- e C- são superados ou compensados pelos P+, A+ e C+, a pessoa falecida
perde sua identidade. Seu P+, A+, C+ converteu-se em patrimônio do Sistema familiar.

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As Transações

Uma transação é uma unidade básica de interação social, que consiste em um intercâmbio
verbal e/ou gestual de estímulos e respostas.

As leis da comunicação

Premissas

1. Toda comunicação parte de um Estado do Eu do emissor e é dirigida a um Estado


do Eu do receptor.

2. Ao mesmo tempo, em toda relação existe um nível aparente e um nível profundo.


Às vezes coincidem, outras vezes não. Sejam como forem, é sempre o nível profun-
do o que dirige a comunicação.

Por exemplo, a pergunta: Que horas são?, costuma ser feita a partir do Adulto do
emissor e dirigida ao Adulto do Receptor.

Mas se o tom é jocoso e é dirigido a um colega de trabalho que está cansado e come-
ça a se preparar para ir embora, o estado do emissor pode ser a Criança, dirigido à
Criança do receptor; o nível profundo, o duplo sentido é: Eu também estou cansado,
que vontade tenho de ir embora agora…

Ou com um tom seco a esse mesmo colega, essa transação sairá do Pai do emissor
para ir à Criança do receptor. E a transação que acontece tem um duplo sentido: ní-
vel aparente de Adulto, nível profundo de reprovação do Pai Crítico.

O receptor vai responder instintivamente e imediatamente a partir do estado do Eu


solicitado. Precisa muito Adulto e muito autocontrole para resistir ao estímulo do
outro.

A primeira lei da comunicação diz que, enquanto as transações (os intercâmbios) são com-
plementares, elas podem continuar indefinidamente. Por exemplo, a transação começa a par-
tir do Pai do emissor e é dirigida à Criança do receptor, e o receptor responde a partir da sua
Criança ao Pai do emissor; inconscientemente aceitaram essa divisão de papéis, estão confor-
táveis e a interação pode continuar indefinidamente, ainda que seja chata.

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A segunda lei diz que a comunicação é rompida quando um dos dois interlocutores muda
de estado do Eu, e só pode ser restabelecida se o outro membro da comunicação, ou ambos,
decide(m) mudar de estado do Eu.

Se alguém me pergunta: Você acha que isso está bem? (Criança que se dirige a meu Estado Pai),
de um modo instintivo vou querer convencê-lo de minha opinião, respondendo a partir do
meu Estado Pai a seu Estado Criança. Mas se me dou conta e respondo Cada um com a sua
opinião, rompi a comunicação, me coloquei no Adulto, solicitando o Adulto do outro, e esse
outro se sente desconcertado, não esperava por isso. E agora, ou os dois deixam de falar, ou o
primeiro decide se colocar, também, em seu estado Adulto, ou o segundo decide se colocar
no Estado Pai...

A terceira lei afirma que, quando ocorrem transações de duplo sentido (ocultas, profundas,
não aparentes), onde sempre acontece um jogo psicológico (de manipulação), o desenlace do
intercâmbio, que é o resultado do jogo de manipulação, será o resultado das transações ocul-
tas e não das transações aparentes.

Estas leis ajudam a:


- Assumirmos a responsabilidade pelo tipo de resposta que provocamos. Não somos
responsáveis pelo conteúdo e, sim, pelo tipo de repostas; nós as buscamos.
- Restabelecer as rupturas da comunicação.
- Entender em que nível a manipulação acontece e como se pode interromper uma ma-
nipulação.

Transações complementares ou paralelas

Caracterizam-se pelo fato de que os interlocutores respondem a partir do estado do Eu que


foi solicitado.

Existem 9 possibilidades de se relacionar de modo complementar.

Enquanto as transações permanecem complementares, a comunicação pode continuar in-


definidamente.

Esta estabilidade é positiva enquanto contribui para a realização dos objetivos de cada pes-
soa e é negativa quando contribui para o rompimento.

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Exercício: Imaginar o tom da pergunta e o da resposta, para que sejam transações complementares, e
interligar com setas de qual estado parte cada frase e a qual estado se dirige.

Pergunta Resposta

Pergunta: – Onde estão os dados para o relatório?


Resposta: – Na gaveta da direita.

– Não tenho nenhuma vontade de trabalhar hoje.


– Eu também não, olha o tempo que faz, como seria
bom sair passear.

– A juventude de hoje, todos iguais…


– É verdade, observe esses caras.

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– Estou muito deprimido, me sinto muito triste e
muito sozinho.
– Não se preocupe, estou aqui.

– Estou preocupado com esse relatório.


– Não se preocupe, vai dar tudo certo.

– Traga-os agora mesmo.


– Sim senhor, às suas ordens.

Transações cruzadas

Caracterizam-se pelo fato de que o interlocutor não responde com o estado do Eu solicitado.
Existem 72 possibilidades de respostas cruzadas.

Uma transação cruzada provoca a ruptura da comunicação e obriga que uma ou as duas
pessoas mudem de estado do Eu para que a comunicação se restaure.

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Esta ruptura da comunicação é positiva quando o estado do Eu é positivo e é negativa quan-
do o estado do Eu é negativo.

Pergunta Resposta

– Você seguiu meus conselhos?


– Sim, mas não me ajudou muito.

– Que horas são?


– Ei, o que acontece? Está me controlando ou o
que?

– Você sabe como se cria uma base de dados?


– Se inscrevendo em um curso de informática!

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– Não foi isso o que eu te perguntei.
– Sinto muito, não tenho tempo.

– Fico nervosa quando você faz isso.


– Ei, digo o mesmo.

– Você não deveria sair assim, faz muito frio.


– Olhe como você vai.

Transações ocultas (ulteriores1) – de duplo sentido

Em todas as transações existe um nível oculto e um nível aparente, mas só nas de duplo
sentido existem incongruências entre os dois níveis.

O oculto tem sempre mais poder do que o aparente.


O resultado de uma transação oculta vem do que ocorre no nível oculto, não no nível apa-
rente.

1
Nota da tradução: termo que se costuma usar para denominar esse tipo de transação no Brasil (adotado da Ar-
gentina), utilizado posteriormente neste material, no tema “As Emoções”.

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A maioria das transações ocultas complica a nossa vida. Porém, são agradáveis e eficazes
quando são vividas a partir de um código de cumplicidade.

De todas as maneiras, quer sejam agradáveis ou não, nas transações ocultas as palavras (a
semântica - hemisfério esquerdo) são neutras, não contam. O que produz a mensagem é o
não verbal, o tom, o gesto, o olhar, o sorriso, a postura (mensagens do hemisfério direito).

Às vezes, o interlocutor, em busca de dependência, imagina uma intenção oculta aonde não
há intenção.

A mensagem oculta só terá efeito se a outra pessoa se deixa enganchar:


O diretor diz à sua secretária: Este conjunto lhe favorece muito.
Dependendo de como esteja a empregada, ela tomará isso como um elogio ou irá procu-
rar uma intenção oculta, quer a mesma exista ou não.

Quem procura intenções ocultas mostra seus pontos fracos. Estas zonas de fragilidade cos-
tumam ser fruto de experiências anteriores que a pessoa generaliza em crenças. Existem mo-
delos de educação nos quais é proibido falar sobre o que realmente se sente, e o único recur-
so é a linguagem oculta.

As transações ocultas complicam a nossa vida, pois nos fazem duvidar do que devemos en-
tender.

Como reagir?

O emissor: expressar claramente o que pensa e o que quer.

O receptor: é importante que não se justifique, pois isso significa que se sente culpado e, co-
mo não foi dito nada claramente, consegue, apenas, manter uma situação de mal-estar que
fragiliza o receptor e aumenta o poder do emissor, condição para iniciar uma manipulação
na qual ambos têm o seu papel.

Maneiras de sair da manipulação oculta, segundo a situação e o interlocutor:


- Não responder, não fazer caso.
- Responder apenas ao que foi dito, a partir do adulto.

- Deixar o outro ciente da existência do duplo sentido, verificar com uma pergunta se
há algo oculto: Para que você me diz isso? O que você quer dizer?
- Trazer à luz o duplo sentido: responder a frase oculta.
- Desativar o duplo sentido com senso de humor.

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Pergunta Resposta

– Você escreveu este artigo? (Você não é capaz).


– Sim, resumindo os últimos livros sobre o tema
(porque você, sim, é que não lê nada).

– Fulano acaba de ligar (parecia furioso).


– Muito bem, vou ligar para ele (outra vez vou ter
que aguentá-lo).

– Nossa meta é a excelência.


– É a minha também.

– Nosso dever é satisfazer o cliente


– Claro.

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– Você não vai descansar um pouquinho?
– Ah, não sei.

– Que calor!
– Já vou, já levo um copo de água para você.

– Você não deveria sair assim, faz muito frio.


– Olhe como você vai.

Dado o estímulo Transacional ”Vamos começar a trabalhar”, escreva exemplos de resposta cruzada,
complementar e consequente. Desenhe os diagramas.

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Desenredar o conflito subjacente a uma transação de duplo sentido
(ou seja, um jogo de manipulação).

1. Radiografia da situação atual


Coloque um papel para você (A) e um papel, em frente, a uns dois metros, para a pessoa
ou o grupo com quem você tem o conflito (B).

Coloque-se em cima de cada papel, o tempo suficiente para ver como seu corpo se sente e
qual atitude ou movimento toma.

Agora coloque outro papel atrás de cada um (C e D). Não sabemos de quem ou de que se
trata.

Coloque-se novamente no seu papel (A) e você vai se dar conta que não olha para a pes-
soa com a qual tem o conflito (B), mas que olha para detrás dela, para esse novo papel
(C), ou a esse novo indivíduo, representado pelo papel que você colocou detrás.

Depois, se coloque em cima de (B) e também se dá conta que (B) não olha para você, mas
que olha para a pessoa que está detrás de você, está olhando para (D).

Esta é a razão do conflito, cada um de vocês está desordenado e não pode perceber a rea-
lidade. Quando está em frente de (B), você acredita que está vendo ele, mas a quem real-
mente vê é a (C). E o mesmo acontece com (B).

2. Constelando a projeção ou transferência


Agora só vão ficar (A) e (C). Ou seja, você e essa pessoa a qual seu inconsciente vê.

Faça, agora, seu próprio papel, sabendo que (C) está na sua frente. Fique aí um tempo, se
deixando levar muito devagar, muito centrada(o). Talvez não aconteça nada, ou você vai
olhar para o chão ou ao longe. Ali, onde você olha, sabe que existe um ancestral.

Em seguida, se coloque em (C) e a mesma coisa, espere, se deixe mover muito devagar.
Igual a antes, ali, onde você olha, existe alguém.

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Agora, você vai se colocar no lugar dos diferentes ancestrais ou mortos que apareceram,
para que, através de você, eles possam se mover ou olhar para alguém.

Você representa, dessa forma, as diferentes pessoas que apareceram. Volte a se posicio-
nar no lugar de algumas delas, se sentir esse impulso, até que perceba que elas começam
a sentir paz, tranquilidade.

Às vezes, você nota que um morto ou um ancestral se agarra a você e não quer te soltar;
para ele, você fará depois um exercício de “Ajudar um morto a terminar de morrer”.

Quando sentir o impulso, volte a representar a si mesma(o). Agora honre cada um, ou
honre toda a situação, com amor e agradecimento, quer seja o que tenha acontecido. Até
que sinta que tudo está em paz e tranquilidade.

Então, se levante, se volte para a vida e avance em direção a ela.

3. Cura por ressonância com sua constelação


Volte a se colocar como no início, na frente de (B).

Coloque-se em seu lugar e observe como se sente e como olha para (B).

Se coloque em (B) e sinta a mudança que existe em relação a você, veja vê que agora ele
olha para você. (B) também se curou, por ressonância.

Volte a se colocar em seu lugar e lhe agradeça ou sinta que abraça a (B).

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Carícias e Descontos

As carícias

Uma carícia é um sinal de reconhecimento que acontece entre duas pessoas ou dois estados
do Eu. São necessárias como comprovação de que eu existo. Da mesma maneira que me be-
lisco para ver se existo fisicamente, uma carícia me faz existir psiquicamente, me faz sair do
nada ou da fusão. A carícia, segundo Berne, é o alimento da “medula espinhal” psíquica;
percebo alguém, logo existo.

O modo como se dão e como se recebem as carícias depende da posição existencial e do pro-
grama de script da pessoa nesse momento. As carícias, ao mesmo tempo, refletem e reforçam
a posição existencial mencionada anteriormente, obedecendo e reforçando as decisões toma-
das relativas às leis de economia-abundância de carícias.

“Toda pessoa tem necessidade de ser tocada e reconhecida pelos outros” (James). Estas carí-
cias são, ao mesmo tempo, necessidades biológicas e psicológicas, as quais Berne chamava
“fomes”.

“Do mesmo modo que a fome ou a necessidade de alimento é saciada com comida, para re-
parar a necessidade de estimulação é necessário, e inclusive imprescindível, que a pessoa seja
tocada e reconhecida pelos outros. Iremos chamar a unidade de contato ou reconhecimento,
como Berne, ‘carícia’, que é definida como ‘qualquer ato que implique o reconhecimento da
presença do outro’ ou, dito de outro modo, é qualquer estímulo social dirigido de um ser
vivo para outro e que reconhece a existência do mesmo”.

É um fato comprovado (Spitz, 1956) (resultado da observação dos processos degenerativos


dos bebês e crianças internadas em orfanatos durante a Segunda Guerra Mundial, em Lon-
dres) que a privação sensorial na criança pode ter como resultado não só mudanças psíqui-
cas, mas, também, deterioração orgânica, o que mostra a importância que pode chegar a ter o
ambiente.

Quando o feto se encontra dentro do útero, está em contato íntimo e total com a sua superfí-
cie corporal inteira. Ao nascer, é rompida, de um modo brusco e para sempre, esta profunda
intimidade. A partir daí é o próprio indivíduo que terá que lutar para buscar, da melhor ma-
neira possível, ainda que seja de forma parcial e simbólica, o restabelecimento desse ideal.
Ser abraçados, acariciados, abrigados, alimentados..., encorajados, elogiados. E se isso não for
possível, ao menos ser agredidos ou receber compaixão, já que qualquer dessas ações é uma
forma de reconhecimento para nós, como seres interdependentes de um ambiente social.

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Para as crianças, quando existem carências ambientais de importância, tais como a privação
maternal, o abandono, a falta de contato físico etc., seja por qualquer motivo e em função da
gravidade, as reações vão ser de ansiedade aguda, necessidade de amor, sentimentos de tris-
teza, medo... Estas emoções são grandes e intensas demais para as possibilidades imaturas de
controle da criança e, por isso, vão constituir o consequente transtorno em sua organização
psíquica. Quando esta privação é significativa, afeta muito gravemente o desenvolvimento,
criando um grave retardo psíquico e físico até provocar a morte.

Um fenômeno similar é observado nos adultos submetidos à privação sensorial. Experimen-


talmente podem desenvolver uma psicose transitória. Tudo isso porque, inclusive a nível
biológico, tem repercussões importantes, já que se o sistema reticular ativador do cérebro
não é suficientemente estimulado, podem ocorrer mudanças degenerativas nas células ner-
vosas. Chegando a ser produzida uma cadeia biológica que leva, a partir da privação emoci-
onal, à apatia, às alterações degenerativas e, em última instância, até a morte.

É por isso que, tanto biológica como psicológica e socialmente, a fome de estímulos é parale-
la à fome de alimentos. Termos como se nutrir, estar saciado, empanturrar-se, superalimen-
tação, má nutrição..., valem para ambas as esferas e a escolha feita pelo indivíduo vai depen-
der do menu existente e de seus próprios gostos e idiossincrasias.

À medida que a criança cresce, a fome primária de contato físico real se modifica e se conver-
te em fome de reconhecimento. Um sorriso, um sinal de assentimento, uma palavra, um ges-
to..., substituem carícias físicas e servem para que a pessoa se sinta alimentada. Desta manei-
ra, a necessidade original de estímulos vai se transformar em necessidade de reconhecimen-
to; ou dito de outro modo e em termos de análise transacional, em necessidade de carícias.

Este processo de transformação vai ser o seguinte:

1º) Se a criança se encontra em um ambiente adequado, com abundantes carícias posi-


tivas incondicionais, onde os pais e o resto do grupo familiar têm o que necessitam,
tanto material como psicologicamente, irá aprender a estar bem e irá perceber que
seus pais também estão bem.

2º) Mas se isso não acontecer, se a criança não receber as carícias que necessita, irá bus-
cá-las; vai avançar com comportamentos que sejam suscetíveis a prêmio: será obedi-
ente, respeitosa, organizada..., ou de qualquer outra maneira que os pais “gostem”
ou estejam de acordo. Com tais comportamentos irá conseguir carícias positivas, po-
rém estas estarão condicionadas a fazer o que os outros esperam e, portanto, irá
aprender a estar bem apenas quando faz o que os outros querem ou esperam.

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3º) Se este comportamento adaptativo também não levar à obtenção das carícias
necessárias, a criança irá avançar com comportamentos suscetíveis a castigo: será
desobediente, do-contra, sujo, esbanjador... e, com isso, irá conseguir carícias
condicionais negativas que, ao menos, são carícias e servem para nutrir a sua fome
básica.

4º) Pode, ainda, acontecer que estes comportamentos também fracassem em seu desejo
de satisfazer sua necessidade primária de carícias; é possível, então, que adoeça,
somatizando, assim, sua inquietação interior, ou pode ser que se machuque, ou que
tenha acidentes frequentes...; talvez, deste modo, consiga, ao menos, carícias de
pena ou de rejeição. Irá aprender, assim, a estar mal, porque é dessa maneira que
consegue ser visto ou levado em consideração.

Vai acontecer, também, que estes comportamentos irão se repetindo, porque não se chegou a
isso por acaso, seu desenvolvimento e implantação seguiram algumas leis naturais, a repeti-
ção irá criar um hábito e o resultado vai ser um atrofiamento de uma forma de ser, de estar e
de se conduzir pela vida. Desta maneira, em virtude do tipo de carícias que uma pessoa foi
capaz de conseguir durante a sua infância, vai fixar o procedimento para consegui-las duran-
te toda a sua vida. Sem dúvida irão mudar as situações, as pessoas..., mas a necessidade bási-
ca subjacente e o mecanismo para satisfazê-la serão os mesmos.

Classificação das carícias

Entendemos por “carícia” em A.T., todo “estímulo intencional dirigido de pessoa a pessoa,
que pode ser gestual, escrito, verbal, físico e simbólico, e que tem possibilidade de ser res-
pondido por parte de quem o recebe”.

As carícias podem ser:

FÍSICAS: ou de contato: táteis (um beijo, um aperto de mãos, uma palmada). São as mais
potentes.
VERBAIS: mediante a linguagem oral: olá!
ESCRITAS: um cartão postal de lembrança...
GESTUAIS: mediante linguagem não verbal: olhares, gestos, um sorriso, uma inclinação
de cabeça...

Também podem ser:

POSITIVAS: produzem emoções ou sensações agradáveis, e convidam a se comportar de


maneira positiva.

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NEGATIVAS: provocam emoções ou sensações desagradáveis. Podem causar dor, dano
moral ou físico. Favorecem a desvalorização pessoal, diminuem a autoestima, degra-
dam, desqualificam.

INCONDICIONAIS: se dão ou recebem pelo mero fato de existir ou ser.


Incondicional positiva: Você é um encanto!
Incondicional negativa: Você é um desastre… É igual a seu pai...

CONDICIONAIS: se dão ou recebem por condutas objetivas. A condição de...


Condicional positiva: Como você se saiu bem!
Condicional negativa: Você não poderia cometer mais erros de ortografia?

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O desconto

O desconto é a resposta oculta, com duplo sentido, a uma carícia (ver As Transações). Pres-
supõe uma desqualificação de quem fez a carícia, da pessoa que a recebeu ou de ambos. O
desconto está presente cada vez que a pessoa não consegue agradecer a carícia. O desconto
lhe permite evitar agradecer.

Acompanha a carícia para anulá-la, eliminando todo o seu significado ou parte dele e trans-
formando-a em uma mensagem de desqualificação. Quando uma pessoa é deixada de lado,
vítima de zombaria, diminuída, humilhada, fisicamente degradada, motivo de riso ou ridicu-
larizada, de alguma forma está sendo tratada como se fosse insignificante; está sendo rebai-
xada. O desconto sempre implica em uma consequente fusão da própria pessoa. É sempre a
porta de entrada a um jogo de manipulação.

Exemplo:
- Carícia: “Está muito boa a comida que você fez”
- Desconto: “Você é que gosta de tudo”

Um desconto pode ser aplicado:

1. Ao conteúdo da carícia, despojando-a do seu significado. Por exemplo:


- Carícia: “Você está muito bonita”
- Desconto: “Talvez eu deva ajeitar o cabelo?”

2. À pessoa que emitiu a carícia, diminuindo a sua importância. Exemplo:


- Carícia: “Você é uma grande cozinheira”
- Desconto: “Gostaria que a mamãe me dissesse isso”

3. Ao receptor da carícia, pela própria baixa estima. Exemplo:


- Carícia: “Me alegra que tenham te dado o prêmio”
- Desconto: “Realmente eu fiz pouco por merecê-lo”

Muitas formas de desconto giram em torno da solução de problemas; estes casos irão acon-
tecer quando:

1. O problema em si não é levado a sério (por exemplo, se uma mãe assiste televisão en-
quanto a criança chora).

2. A importância do problema é desconsiderada (ela diz, ao filho chorando, que tam-


bém não é para tanto).

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3. A possibilidade de solução é negada (não se pode fazer nada para que esta criança se
cale).

4. A pessoa nega sua própria capacidade para resolver o problema (não posso fazê-lo se
calar, além disso, não é minha culpa).

O desconto é um modo de iniciar uma manipulação. O desconto mostra que não me dirijo à
outra pessoa, estou em “triangulação” com ela, sua carícia me fez conectar com um excluído
ao qual estou respondendo, em vez de responder a ela.

Intercâmbio ou economia de carícias

De acordo com Steiner (1971), existe uma série de normas parentais irracionais e preconceitu-
osas que impedem uma troca livre e saudável de estímulos sociais construtivos, produzindo
escassez de carícias e obrigando as pessoas a buscá-las de maneira forçada, artificial e com-
plicada. Apesar disso, essas normas são aceitas por numerosas culturas, grupos e organiza-
ções, provocando danos que incluem desde a simples insatisfação, até a infelicidade matri-
monial e familiar, depressões, adições, alcoolismo, obesidade, transtornos psicossomáticos...

Leis da abundância de carícias

 Dê as carícias positivas que são adequadas.


 Agradeça as carícias positivas que são justas.
 Recuse as carícias negativas destrutivas.
 Se dê carícias positivas.

A abundância de carícias está diretamente ligada à abundância e prosperidade em nossa


vida.

As leis de funcionamento das carícias

Nos primeiros 30 meses de vida, as carícias positivas de contato são as que têm maior força.

As carícias incondicionais são as que têm maior força e vigor em relação à saúde emocional
das pessoas. Sua utilização é válida e oportuna em qualquer contexto social.

A overdose de carícias positivas incondicionais torna a pessoa passiva e irresponsável.

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As carícias condicionais (tanto positivas como negativas) são necessárias como instrumento
para favorecer a aprendizagem, a consolidação de valores e, em geral, todo o processo de
socialização.

O efeito da carícia é independente da intenção, de modo que uma mesma carícia pode ser
percebida como positiva por uma pessoa e como falsa ou negativa por outra, nas mesmas
circunstâncias.

As carícias positivas influem consideravelmente na estimulação geral do comportamento.

As carícias orientadoras e desqualificadoras podem servir como orientação e guia do com-


portamento.

Na administração de carícias deve- se evitar a repetição e a monotonia, uma vez que a carícia
mecânica perde valor (sofre uma dedução ou desqualifica) sozinha, já não mostra reconhe-
cimento pelo outro.

Leis gerais das carícias

1. São indispensáveis para a sobrevivência física e psíquica da pessoa.


2. As carícias são fonte de energia positiva ou negativa, de acordo com o valor que te-
nham.
3. Em todos os casos, preferimos as carícias negativas do que não ganhar nada.
4. As carícias sempre afetam o conceito que a pessoa tem de si mesma, de seus atribu-
tos, e o seu desenvolvimento futuro. As brincadeiras típicas e frequentes que desta-
cam o negativo, ainda que sejam feitas de forma inofensiva e descontraída, têm um
efeito negativo sobre a pessoa e, portanto, não são recebidas como brincadeiras.
5. As carícias incondicionais são as mais fortes.
6. Para obter a molécula de carícias é necessário 1 C+ ou 10 C-. Isto é: 1 C+ = 10 C-.
7. As carícias podem ser acumuladas. Cada pessoa pode repor seu banco de carícias
acumulando-as durante dias, semanas..., para depois poder recorrer a ele em um
momento que seja necessário. É, portanto, positivo ser feito um banco de carícias
especialmente para os momentos em que a pessoa está em “más condições”.
8. A carícia é um recurso natural, gratuito, inesgotável e que está ao alcance de qual-
quer pessoa.
9. Somente dão carícias positivas, as pessoas que se consideram valiosas.

Uma observação sobre a crítica construtiva. Toda crítica é uma carícia negativa. Para restau-
rar a autoestima da pessoa criticada, ela vai precisar receber um mínimo de 4 carícias positi-
vas sinceras, personalizadas e adequadas.

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No fundo, uma crítica é a desqualificação da atuação do outro, que se arriscou a atuar. O que
critica não age, está no Estado Pai.

A crítica costuma ser uma justificativa para não agir.

Exercício: Decido

Lendo as leis de abundância de carícias vou decidir como estar mais na abundância.
Vou perguntar a meus três Estados se eu devo aumentar ou diminuir um tipo de carícias.

Coloque três folhas de papel no chão, ou três cadeiras, para seu Estado Pai, seu Estado Adulto e seu
Estado Criança. Seu Estado Adulto vai começar uma negociação com os outros dois estados. Coloque-
se, alternadamente, em cada Estado para perceber seus desejos e necessidades. Até obter um consenso
entre os três.

Às vezes, será necessário introduzir alguém mais, um parente vivo ou um ancestral morto.

Decido, depois de convocar meus três Estados,


Dar ou agradecer uma carícia positiva a mais por dia,
Ou:
Rejeitar uma carícia negativa por dia.
Ou:
Dar uma carícia negativa a menos por dia.

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A Posição Existencial

A Posição existencial descreve, em uma breve fórmula, como a pessoa se sente em relação ao
seu ser, sua existência, aos outros e à vida em geral. É um sentimento profundo, resultado de
todas as crenças em um dado momento e que, por sua vez, predispõe à pessoa a agir, sentir e
pensar de acordo com esta posição.

Harris e Steiner descrevem 4 tipos, aos que Kertész acrescenta um quinto, o da posição realis-
ta. Descrevo, aqui, estes 5 tipos:

 Eu estou bem - Você está bem. Posição de bem-estar, tendência maníaca.


Como diz Steiner, é a primeira experiência do feto, o bem-estar em simbiose, que, por-
tanto, supõe respeito e estima para consigo mesmo e para com os outros.

Como se relaciona: ajudar, colaborar, criar, crescer.


Atividade preferida: obtenção de resultados, entrega, espírito de equipe.
Expressões usuais: obrigado, olá, adiante, vamos conseguir.
Emoções: alegria, otimismo, vontade de viver, paz.
Uso do tempo: utilizá-lo, desfrutá-lo.

 Eu não estou bem - Você está bem. Posição depressiva.


É experimentada ao redor dos 9 meses de idade (Fanita English, Boris Cyrulnik etc.),
quando o bebê experimenta a permanência do objeto, do Tu (sua mãe continua viva,
mesmo que esteja em outro cômodo), e introjeta que todo o mal, dor, frio, fome está nele,
quando, até agora, tinha vivido a dor como sendo o resultado da vontade da “bruxa” e
compartilhado por ela. É quando seu Estado-do-eu Pai é elaborado, com a experiência
deste Pai Nutridor que representa a mãe desta época. É quando me sinto mal, culpado,
ou não acredito em mim, e acredito, sim, que os outros estão bem.

Como se relaciona: afastar-se, isolar-se.


Atividade preferida: informalidade, descumprimento, desculpas, atrasos, obsessão.
Expressões usuais: acho que, vou tratar, não pude, parece muito difícil.
Emoções: ansiedade, vergonha, confusão.
Uso do tempo: deixá-lo passar.

 Eu não estou bem - Você não está bem. Posição de desesperança, tendência niilista, pes-
simista.
É experimentada, pela primeira vez, durante a simbiose natural nos primeiros meses de
vida, desde a concepção, já que é uma época durante a qual o bebê ainda não tem a pos-

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sibilidade de distinguir um Tu diferenciado de si mesmo; quando sofre, ele e o universo
– ou seja, sua mãe – são o Mal. Mais adiante, esta posição é reconhecida com a sensação
de que ninguém e nada tem solução, ninguém e nada vale a pena etc.

Como se relaciona: apatia, rigor mortis (rigidez cadavérica).


Atividade preferida: indiferença, negligencia, cruzar os braços.
Expressões usuais: aquele(a) que mais dá.
Emoções: angústia, desespero, desalento, suicida.
Uso do tempo: desperdiçá-lo.

 Eu estou bem - Você não está bem. Posição paranoide.


Tenho melhor opinião de mim do que dos outros. Outra simbiose, na qual a criança está
no perseguidor e a mãe na vítima.

Como se relaciona: perseguir, expulsar, rebaixar.


Atividade preferida salvador, sobrecarregado, sabe-tudo.
Expressões usuais: faça o que eu digo, já te disse, não se esqueça.
Emoções: ira, coragem, irritação.
Uso do tempo: muitas coisas ao mesmo tempo, “vamos, depressa”.

 Eu estou mais ou menos bem - Você está mais ou menos bem. Posição realista.
Seria a posição que acompanha a autonomia, preparada para enfrentar momentos que
irão reativar mandatos, elásticos, crenças do script, já que não é realista imaginar que
conseguimos nos limpar completamente de nossos scripts, com um adulto fortalecido
que irá ajudar a sair do jogo assim que note o mal-estar.

POSIÇÃO EXISTENCIAL

Eu+- / Você+-

Eu- / Você+ Eu+ / Você+

Eu- / Você- Eu+ / Você-

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É interessante observar a seguinte evolução ao longo de uma terapia:

O cliente chega à terapia em uma posição existencial deprimida, ele não está bem, mas
confia em alguém que está bem.

Aquele que está em uma posição niilista ou paranoide não vai a consulta, não confia nos
outros.

Com frequência o final da terapia vai ser acompanhado por uma profunda noite escura:
a pessoa liberou suas crenças limitantes, está nua diante da vida e enfrenta uma nova
perspectiva, a vida é imprevisível, sem controle e sem explicações. Pode entrar em uma
posição desesperada, às vezes perigosa. Conectar a pessoa com a vida, com o assenti-
mento a tudo como é, é um pré-requisito para qualquer terapia, que vai permitir evitar o
perigo desse passo.

O passo anterior à cura é, geralmente, a posição paranoide. A pessoa descobre sua força
e, graças a ela, vai dar o passo final para a vida como ela é. Durante um tempo vai desfru-
tar dessa energia de sobrevivência e vai se sentir superior a todos...

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A Estruturação do Tempo
Nós, os humanos, organizamos nosso tempo para saciar as três fomes básicas: a fome de es-
tímulos, a fome de reconhecimento e a fome de estrutura.

Formas de Estruturação do tempo


Carícias e
Estruturação Formas Carícias e Formas
Descrição Estados do
do tempo positivas Estados do Eu negativas
Eu
Isolamento Ausência (real ou mental) de Meditação, 0%. Retraimento, 0%.
contato social. Exclusão. criação, estudo. A e A da C. exclusão. C adaptada.

Transações complementares Escassas,


Compulsões, Escassas ou
programadas pelo P, nas quais Saudação, de 1 a 10%.
repetições inadequadas,
Rituais duas pessoas ou grupos se cerimônia. Estilizadas, seguras e
burocráticas, 1 a 10%.
comportam de um modo pre- fechadas.
visível. Imitação do passado. C adaptada. rituais. C adaptada.

Carícias +:
Interações sem objetivo para Conversas sociais, Negativas,
de 5 a 30%. Improvisa-
compartilhar opiniões, pensa- saídas e jogos em Fofocas,
das. de 5 a 30%.
Passatem- mentos ou critérios sobre te- grupo, Atividades diz-que-diz
Abertas. Mas ineficien- P crítico,
pos mas geralmente banais. em grupo, cujo fim e queixas.
tes. C adaptada
Objetivo profundo: sentir ou é divertir-se em
P, A ou C.
comprovar pertencimento. grupo.

Investimento do “tempo de Positivas: Positivas ou


relógio” ou “tempo de tarefa” Trabalho, estar a de 15 a 60%. negativas,
Atividade para produzir ou realizar uma serviço de uma Organizadas, eficientes Delitos, inadequadas:
ação orientada a um objetivo. meta concreta. Agir e impessoais. vinganças. de 15 a 60%.
Estar a serviço. para essa meta. A, A da C. A, C rebelde.
35 a 100%
de carícias
É a barreira à intimidade. negativas:
Jogos É a aproximação máxima que Todas.
inadequadas,
Psicológi- a pessoa pode fazer, embora a pré-fabricadas.
de P e C;
cos (Mani- partir das carícias negativas. Não tem Não congruen-
negativas do
Posição Não OK tes. Sadismo,
pulação) P Crítico -
(Eu- / Você-). Intrincação. masoquismo.
ou C Livre -
e Adaptada -.

Relação baseada em dar e 35 a 100%


receber com confiança, abertu- Afeto, amor, com- de carícias positivas
Não são da-
Intimidade ra e autenticidade, em expres- paixão, proteção, incondicionais. Livres,
das.
sões e emoções. criação conjunta. interpessoais, congru-
Posição OK entes.C livre e
(Eu+ / Você+) P nutritivo do Adulto.

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É útil, na terapia, saber como um cliente distribui o tempo por dois motivos:

 Como dados para apoiar o diagnóstico fenomenológico, para saber quanto tempo
gasta em jogos psicológicos, se tem acesso à intimidade e qual é sua economia de ca-
rícias.

 Para que o cliente tome consciência de como resolve sua necessidade de estímulos,
reconhecimento e estrutura. Assim, irá se dar conta se gasta muito tempo em jogos,
se está preso pelo script ou não, e isso vai lhe permitir começar a tomar decisões
menores que o afastem do script e o aproximem do adulto e da intimidade.

O isolamento
Quando a pessoa está presa em uma exclusão ou seguindo um morto, sua estruturação do
tempo será a do isolamento. Nem recebe nem dá carícias. Está no Estado Criança ou no Esta-
do Pai crítico, em uma intrincação.

Os rituais
A pessoa está na Criança submissa e só faz o que seu grupo de pertencimento lhe ensinou. A
culpa por ser diferente ou autônoma a impede de ser ela mesma, a impede de ver os outros
como são e a criatividade é proibida. Está totalmente presa pela necessidade de imitar e a
individuação a faria se sentir muito culpada. Com frequência, está presa na dinâmica “Eu
como você” com um antepassado.
Dá e recebe poucas carícias verdadeiras, não se atreve ou não pode ser autêntica.

Os passatempos
A pessoa quer garantir seu pertencimento e toda a sua energia é dirigida a atividades que lhe
fazem se sentir em sintonia com outros, reconhecida por outros iguais, sem outra meta que
não seja a de se sentir reconhecida como uma mais.
Dá e recebe carícias que lhe preenchem no momento, mas que, em seguida, a deixam vazia,
sozinha. Pois não se entrega à intimidade com outra pessoa.

A atividade
Toda a energia da pessoa está na ação a serviço de uma meta. A pessoa está em seu Adulto e
se relaciona com outros adultos. Relaciona-se com eles para, juntos, fazer algo a serviço da
vida.
Para muitas pessoas é a situação na qual mais trocam carícias positivas, pois estas pessoas
não conseguem chegar à intimidade. Com isso, a pessoa continua sentindo solidão, apesar de
sua entrega à atividade.

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Os jogos psicológicos ou jogos de manipulação

Toda a energia da pessoa está envolvida na relação e na destruição da mesma simultanea-


mente, pois não se permite a intimidade. Vive esta relação a partir das projeções do passado,
sem assumir a sua parte e responsabilizando o outro pelas suas frustrações e amarguras,
passando alternadamente do salvador à vítima ou ao perseguidor...
A fonte da manipulação é a simbiose com a mãe, o não ter tomado o pai e uma possível in-
trincação.

A intimidade
Para poder se permitir estar com outra pessoa sem agir, sem meta ou condições, apenas por
gostar de estar com ela, precisa tomar seus pais como um casal. Ao integrar a intimidade
entre os pais, vai poder se permitir viver a mesma intimidade. Também precisa ter resolvido
e assumido suas carências e traumas da infância. Assim, pode ver o outro como um igual,
imperfeito e com carências, com quem desfruta do momento presente tal como se apresenta.

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Script de Vida

O SCRIPT DE VIDA, em Análise Transacional, é um conjunto de decisões inconscientes


tomadas na primeira infância, em resposta ao inconsciente dos pais. E durante o resto de
nossas vidas, vamos adequar todas as nossas decisões aparentemente conscientes a esse
script, sem nos darmos conta. Desde a concepção até mais ou menos 5 anos, tomamos as
grandes decisões de nossa vida: decidimos se vamos ter sucesso ou não, saúde ou não, quais
doenças vamos ter, se vamos ter cônjuge, em que idade, se vamos ter filhos e quantos, em
que idade vamos morrer e de que…

O roteiro é a resultante das nossas intrincações e das nossas lealdades. Hellinger descobriu
que o script de vida reflete o pertencimento ao sistema familiar de cada pessoa. Quando se
pede a uma pessoa que invente um conto ou que relate o conto que mais gostava quando era
pequena, nesse conto ela está nos revelando seu script.

O roteiro de vida vai sendo elaborado a partir das primeiras experiências do bebê. A primei-
ra grande necessidade do ser humano é a segurança, o pertencimento. O bebê, com seu amor
incondicional a seus pais, sua necessidade absoluta de ser amado por eles e de pertencer para
sobreviver, vai fazendo suas as carências, as angústias e os medos de seus pais, prometendo
assumi-los ou supri-los.
”Para que meus pais me amem, vou ser forte, trabalhar duro, não vou me queixar, não vou sentir”.

Crescer, se desenvolver, é liberar pouco a pouco esse roteiro. É colocá-lo a serviço da vida.
Ter consciência disso, dar-nos as permissões que vão libertar as obrigações que criamos, de-
cidir ser presentes e autônomos, transforma nosso script “infantil” em uma entrega adulta à
Vida.

Simbiose e script de vida

Observa-se a simbiose entre duas pessoas quando utilizam um único quadro de referência
entre as duas, ou seja, quando utilizam uma única personalidade entre as duas: uma se faz
de Criança e a outra, de Adulto e Pai. O problema é que, uma vez estabelecida a simbiose, as
pessoas se sentem bem nela, ao mesmo tempo em que essa “comodidade” vai sendo paga
com uma acumulação progressiva de ressentimento de uma contra a outra, até a explosão
final do mais forte dos dois.

A simbiose é natural entre o bebê e sua mãe, e vai desaparecendo conforme aparece a auto-
nomia. A autonomia do bebê, da criança é adquirida graças à construção dos Estados do Eu
Adulto e Pai.

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Mas, se por algum motivo da história do pai ou da mãe, em alguma situação os pais manipu-
laram o bebê, a partir do perseguidor ou do salvador, com seus mandatos, ou impediram
que o bebê terminasse de satisfazer algo, a pessoa, já adulta, irá entrar em um jogo de mani-
pulação que a fará voltar a viver essa simbiose cada vez que a situação tiver algo a ver com
aquela época arcaica em que ela ficou insatisfeita.

Observamos que a maioria da população permanece toda a sua vida nessa simbiose.

O script permite permanecer em simbiose e é ativado mediante os jogos de manipulação que


obedecem às decisões precoces.

Diagrama matriz de script

Este pode ser o diagrama mais frequente da elaboração do script de vida:

Em geral, o script de vida é a síntese entre mandatos e vínculos (o que fazer com a vida, co-
mo pertencer) do progenitor de sexo oposto, e o impulsor e permissões (e o como agradar o
primeiro) do progenitor de mesmo sexo.

A base deste script consiste em:


“Não se deve amar alguém diferente do progenitor do outro sexo”.
“Não se deve fazer melhor que o progenitor de mesmo sexo”.

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Ou seja, o filho escuta como um progenitor o aconselha sobre a maneira de agradar o outro
progenitor.

O script de vida

O Script é decidido no Estado Criança antes dos 5-6 anos. É um conjunto de decisões que são
tomadas no Adulto da Criança e, quanto mais precoces são estas decisões, mais perigosas são
para a vida do futuro adulto. Pois quanto mais novo, menos realistas são. O pensamento
mágico do bebê pode decidir algo como: “Irmão morto, para que você volte a viver, eu deci-
do morrer em seu lugar”...

Os pais emitem mensagens inconscientes ao bebê a partir de seu Estado Criança, mensagens
que são percebidas como angústias, que os pais receberam de seus próprios pais e transmi-
tem aos seus filhos como “mandatos”: “Assuma esta angústia por mim”, “Você por mim”.
Estes mandatos vão dirigidos ao Estado Criança do filho/a.

Um pouco mais tarde, os pais socializam seus filhos dizendo-lhes como fazer as coisas, tanto
para sua sobrevivência como para pertencer mais. São mensagens que os pais também rece-
beram dos seus pais e se sentiriam culpados de traí-los. São frases como: “Diga obrigado”
“Não mexa nisso”, “Um menino não chora” etc. Estas permissões e ordens, que vamos cha-
mar “impulsores” ou “contramandatos”, vêm do Estado Pai dos pais, avôs ou professores, e
vão dirigidos ao Estado Pai da criança.

Com todas estas mensagens, os filhos podem se adaptar à realidade de seu sistema familiar e
da sociedade na qual este sistema está imerso.

O roteiro de vida que cada um decide a partir desse momento, vai lhe permitir se sentir em
paz com seu Estado Criança negativo (onde foram guardados todos os mandatos dos pais e
os vínculos com o sistema) e com seu Estado Pai negativo (onde se armazenam as permis-
sões, conselhos e contramandatos dos mais velhos), ou seja, estar sem angústias ou culpa.
Estado Criança negativo igual a angústias, Estado Pai negativo igual à culpa.

O roteiro vai do Estado Adulto contaminado dos pais ao Estado Adulto contaminado do
filho; é a maneira de realizar, ao mesmo tempo, os mandatos e os impulsores para se sentir
seguro, aceito e amado por aqueles que nos dão segurança.

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Decisão de script, a decisão precoce

Quando um fato se repete repetidamente ou quando ocorre algo muito dramático, a criança
toma uma decisão para se adaptar e sobreviver com a menor angústia possível.

A finalidade da decisão prematura, ou decisão de script, é “evitar o impacto dos impactos”:


Não vou morrer, enquanto não...
Vão me amar, se eu não…

Depois de um Mandato, o qual é aceito por sua força, o Adulto na Criança da criatura faz
uma generalização, ou seja, cria uma crença, e a partir do seu Pai na Criança toma uma deci-
são coerente com esta crença.
O Pequeno Professor (o Adulto na Criança) escolhe, dentro de sua lógica mágica ou “marci-
ana”, um dos impulsores (contramandatos), como um escudo em frente de um mandato que
decidiu tomar ao pé da letra para sobreviver.

Quanto mais novo se toma a decisão, mais perniciosa ela é, uma vez que o Adulto está me-
nos desenvolvido. Agora, a criatura é quem decide, em função de seus recursos e experiên-
cias anteriores: pode decidir que a mensagem negativa pertence à mãe e é um problema dela,
ou pode desviar a mensagem, como em “Não seja do seu sexo”, adotando as qualidades po-
sitivas do outro sexo, e estando, assim, OK com seu próprio sexo.

O filho coleta, então, os mandatos e contramandatos ou os impulsores de seus pais, suas an-
gústias, suas carências e decide: “Mamãe, eu serei invisível; papai, assim como você, eu não vou
sentir; se não, irei morrer”. E esta decisão vai lhe acompanhar o resto da sua vida, e irá aconte-
cer se quebrar a promessa feita.

A Decisão serve para:

 Encobrir um mandato por um impulsor, exemplo: “Enquanto eu satisfizer alguém, está


OK para eu existir, posso sobreviver”.

 Encobrir um mandato por outro mandato, exemplo: “Enquanto não ficar íntimo, está OK
eu desfrutar”.

 O mandato de um progenitor protege da mensagem do outro, exemplo: a mãe rejeita o


bebê, porque ele veio muito cedo; e o pai, “obrigado” a se casar: “Não confie em nin-
guém, porque você leva uma porrada”. A decisão da criança pode ser: “Enquanto eu não
for íntimo de ninguém, não confiar em ninguém, está OK para eu existir”.

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Os mandatos

Os mandatos são as mensagens negativas e restritivas, base do Script, geralmente pré-verbais


e inconscientes dos pais. São as reações espontâneas físicas e psicológicas que eles têm a par-
tir do anúncio da gravidez da mãe.
O inconsciente do filho seleciona os mais frequentes e os mais perigosos, e os armazena na
sua memória interna. Ali se convertem em Mandatos e o bebê toma uma Decisão para obe-
decer ou proteger-se do Mandato.

Com essa decisão dá início a comportamentos coerentes de adaptação, os quais serão o prin-
cípio do Script.

O mandato, geralmente não verbal, vem do Estado Criança do pai e vai para a Criança na
Criança do filho. O Adulto na Criança do filho os seleciona e os armazena em seu Pai na Cri-
ança.
Os mandatos vêm do script de vida do pai ou da mãe, ou seja, de suas próprias intrincações
sistêmicas.

A origem de um mandato é encontrada várias gerações antes. Algum antepassado rejeitou a


alguém e não assumiu a responsabilidade por esta exclusão. Pelo contrário, transmitiu a um
descendente: “Você por mim”. O mandato desaparece do sistema familiar quando o excluído
é visto com amor por alguém. Cada constelação libera um mandato...

Os pais não se dão conta de que eles mesmos obedecem a essas mensagens, as quais elabora-
ram em suas mentes quando eram muito pequenos. São mensagens que transmitem pelas
suas atitudes, medos, reações impulsivas etc. Não coincidem com o que dizem e, sim, com o
que fazem ou como fazem o que dizem que tem que fazer.

Os mandatos e permissões se instalam desde antes de nascer até os 6-8 anos.

Os mandatos mais nocivos, segundo Steiner, vêm da Criança do progenitor de sexo oposto.

Mandatos mais frequentes transmitidos pelos pais

 Não exista (o mais difundido e mais nocivo, se instala desde a etapa fetal, quando a mãe
descobre que está grávida sem ter desejado isso, quando o parto é difícil, quando não há
tempo para o bebê, quando agride física ou verbalmente o bebê etc.).

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 Não seja você mesmo:
Não seja do seu sexo.
Não seja você, mas este outro, como...

 Não seja uma criança:


Cresça depressa para...
Não seja uma criança, só tem lugar para a minha, para mim.

 Não cresça:
Não saia de casa.
Não fique sexualmente atraente.

 Não consiga:
Não tenha mais sucesso do que eu.
Não seja melhor do que eu.

 Não seja importante, não tenha valor (te suporto enquanto você entender que nem você ou
suas necessidades têm importância):
Não peça o que você precisa.

 Não pertença:
Você é tão difícil, tão estranho, tão tímido.
Você é tão único, tão diferente

 Não seja íntimo:


Não tenha contatos, não seja próximo.
Não confie.

 Não, não faça nada (é perigoso se afastar de sua mãe para se arriscar a fazer algo).

 Não tenha saúde, física ou mental.

 Não pense:
Não pense sobre isso.
Só pense no que eu penso.

 Não sinta:
Não sinta esta ou aquela emoção.
Não vivencie o que você sente.

 Não seja inteligente, não tenha sucesso escolar.

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Contramandatos ou impulsores

Os contramandatos são todas as ordens orais dadas pelos pais que “educam” o filho. Permi-
tem condicionar e adaptar a criança ao seu contexto sócio-histórico. São normas; algumas são
possibilitadoras, outras são nefastas.

Quando o Estado Pai do progenitor se dá conta que transmitiu ao seu filho um Mandato des-
trutivo a partir do seu Estado Criança, lhe manda, então, uma série de mensagens controver-
sas, que tiram sua culpa. Estas mensagens vão do Pai dos pais ao Pai do filho; são uma série
de ordens e definições verbais, sobre o mundo e os outros, geralmente positivas, que leva ao
condicionamento a uma determinada sociedade e permite a adaptação a essa realidade.

Para o filho contramandatos e mandatos estão em contradição, mas podem ser combinados
porque estão dirigidos a estados do Eu diferentes.

Os mandatos e os contramandatos são vividos de um modo sequencial, um depois do outro


(por exemplo, viver os mandatos na infância e, de repente, na adolescência viver só os con-
tramandatos), o que surpreende o entorno; ou ambos são combinados, se reforçando, ao
mesmo tempo em que protegem a pessoa da angústia da posição existencial negativa subja-
cente.

Lembrando que: assim que se deixa de respeitar o contramandato, aparece o mandato com
sua angústia associada.

A pessoa, em seu script, passa a vida oscilando entre satisfazer seu Pai (contramandato) ou
sua Criança (mandato), independente de com quem esteja e da decisão que tenha que tomar;
sempre irá sentir que sua vida é frustrante.

Os contramandatos se instalam entre os 3 e os 12 anos.

Dentre eles, cinco são prejudiciais quando são muito repetitivos e levados ao pé da letra. Os
mais frequentes são:
Seja perfeito.
Seja forte.
Se apresse.
Me agrade.
Se esforce.

Os contramandatos nos remetem à consciência moral, vigente na família. Servem para refor-
çar o pertencimento.

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Com as Constelações, descobriremos que os pais transmitem os mandatos e impulsores a
partir do “Você como eu” ou “Você por mim”.

A missão do mandato é que um descendente veja, com amor, alguém excluído.

Classificação dos scripts

Segundo os autores há várias classificações dos scripts. A classificação mais interessante po-
de ser a seguinte:

Seis tipos universais de scripts

- Mandato do pai ou da mãe


Impulsor
- MINHA DECISÃO

- Te amo, com a condição de que você seja perfeito.


Seja perfeito
- Vou (desfrutar, mudar etc.), MAS ANTES tenho que fazer/deixar as coisas bem.

- Me agrade, senão irá se sentir mal, a vida vai te castigar.


Me agrade
- Posso desfrutar hoje, MAS DEPOIS vou pagar por isso.

- Te amo, com a condição de que você não desfrute, de que atenda só as minhas necessidades, não as suas, de
que não confie em ninguém, de que não fique íntimo de ninguém.
Seja forte
- NUNCA posso conseguir o que mais desejo (nunca dá o passo para conseguir ou se aproximar do
que deseja).

- Não seja melhor que eu em nada, não triunfe em suas metas, assim irá me demonstrar seu amor e eu vou te
amar também em troca.
Se esforce - Não se preocupe, só vou tentar, não me proponho a conseguir, já que SEMPRE fracasso.
Por que me acontece SEMPRE o mesmo?
Por mais que me esforce, SEMPRE fracasso.

- Pense em mim, não atenda às suas necessidades, trabalhe duro para mim. Não consiga, para não me fazer me
Me agrade +
sentir mal.
Se esforce
- Desta vez, QUASE consigo.

Me agrade + - Diante do sucesso conseguido diz: não é isso, não é exatamente o que eu tinha que propor, ES-
Se esforce TOU QUASE, tem que ser um pouco mais alto.

Me agrade + - Te aceito como OK enquanto agrada alguém e faz tudo perfeito para essa pessoa.
Seja perfeito - Depois de..., NÃO SABEREI COMO PROSSEGUIR.

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Esta classificação explícita uma decisão complexa que combina um mandato e um impulsor
(contramandato) a fim de pertencer mais. Nessa decisão, um impulsor foi selecionado para
defender a Criança de um mandato, ao mesmo tempo em que o comportamento induzido
pelos impulsores irá permitir reforçar o mandato e, portanto, progredir o script, como mostra
o próximo quadro:

A herança

Faça uma lista de 10 características de seu pai, de sua mãe e de alguma outra pessoa influente de sua
infância.

Depois, sublinhe quais são suas também.

MÃE PAI OUTRA PESSOA

1 1 1
2 2 2
3 3 3
4 4 4
5 5 5
6 6 6
7 7 7
8 8 8
9 9 9
10 10 10

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Observação das características dominantes de pais e filhos

Na coluna esquerda se descreve a característica dominante do pai ou da mãe, na coluna


central você vai encontrar a adaptação do filho(a) a essa característica a partir do seu Estado
Pai, e na coluna da direita o comportamento do mesmo filho a partir do seu Estado Criança.

Característica dominante Comportamento Comportamento


do pai ou da mãe Estado Pai do filho Estado Criança do filho

Sou crítico, com as crianças e


Me sinto estúpido, envergo-
Pais hipercríticos no diálogo interno comigo
nhado
mesmo

Pais salvadores superprote-


tores, mensagem: “Não cres- Desamparado, dependente,
Superprotetor
ça, não tenha valor, não riva- incapaz de autonomia
lize comigo”

Pais inconsistentes ou con- Não confiável, inseguro, caó-


Avoado, inseguro, confuso
traditórios tico, não sei mandar

Pais conflituosos Encrenqueiro, briga, discute Encrenqueiro ou fugidio

Pais ausentes Os outros me molestam Me sinto apartado

Que me cuidem e sirvam, Sirvo, agrado e espero ser


Pais super necessitados
que me agradem servido

Pais super organizados Controlar, organizar Rebelar-se ou submeter-se

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As permissões

Uma permissão é uma mensagem liberadora do “script” positivo, que vem do Estado Pai
Nutritivo positivo dos pais e vai ao Estado Criança do filho. É o antídoto do mandato.

A própria pessoa se dá permissões desta maneira: seu Estado Pai Nutritivo positivo se dirige
à Criança Livre, a Criança Adaptada Submissa+ ou à Criança Adaptada Rebelde+, para que
se permitam viver e se expressar...
São mensagens como: Seja você mesmo, Seja como você é, Se agrade, Seja aberto e expresse suas
necessidades, Faça, Tome seu tempo...

Na terapia, aonde alguém chega com um Eu-, é exatamente o que vem buscar o cliente: a
permissão de mudar para Eu+, até que ele próprio consiga se dar esta permissão.

Lista de permissões e idade na qual se instalam


IDADE
MANDATO/IMPULSOR PERMISSÃO
(anos)
Não exista
Viva
Não seja você mesmo
0-1 Seja você mesmo
Não faça
Faça o que desejar
Me agrade
Seja perfeito Seja humano
2
Não tenha esperança, não se ame, não desfrute Ame a si mesmo
Seja fraco, louco, não cresça Cresça
3
Seja forte, não sinta, não pense Pense
Agrade os outros, não decida, não seja você Decida
4
Não agrade ninguém, não fique íntimo Ame os outros
Trabalhe duro, não desfrute, não seja você
5 Mude, seja diferente
Abandone, não triunfe, não tenha valor
Se apresse, não pense Tome o seu tempo
6 Não faça nada Seja solidário
Não tenha valor Seja inteligente

Qualquer ato, dirigido por um mandato ou um impulsor, reforça o script e reforça a possibi-
lidade de tomar novas decisões sujeitas ao script.

Qualquer tomada de consciência sobre um mandato ou um impulsor começa a enfraquecer o


script, qualquer decisão a partir do adulto de contradizer um mandato ou um impulsor liber-
ta do script e fortalece a autonomia.
Toda decisão autônoma está fora do script.
Agradecer o script e tornar-se independente dele, o transforma em fonte de força para a nos-
sa vida presente.

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Exercício de cura
1. Escolha a sua permissão ou modifique uma destas frases até que te pareça redonda (quanto mais
curta, melhor):

É bom existir
É bom ser você mesmo
É bom fazer
É bom ser humano
É bom amar a si mesmo
É bom crescer
É bom pensar
É bom decidir
É bom amar os outros
É bom mudar
É bom ser diferente dos outros
É bom tomar o seu tempo
É bom ser solidário

2. Diga em voz alta a sua permissão, modificando a voz e a postura em cada afirmação:

Eu, tenho o direito de (voz pai)


Eu, tenho o direito de (voz adulto)
Eu, tenho o direito de (voz criança)

Você, tem o direito de (voz pai)


Você, tem o direito de (voz adulto)
Você, tem o direito de (voz criança)

Ela, tem direito de (voz pai)


Ela, tem direito de (voz adulto)
Ela, tem direito de (voz criança)

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Volte a fazer estas afirmações 3 vezes ao dia, durante 3 semanas.
É o ritmo que o cérebro precisa para criar uma nova “marca” que apague a proibição anterior.

Qualquer ato contra um mandato ou impulsor é libertador, enfraquece o script e fortalece a


autonomia. Qualquer ato dirigido por um mandato ou um impulsor reforça o script e reforça
a possibilidade de tomar novas decisões sujeitas ao script.

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As Emoções

As emoções produtivas, emoções primárias

Adequadas ao aqui e agora, as emoções servem de radar para a ação sobre o entorno. Elas
nos avisam de uma mudança e nos adaptam ao que acaba de acontecer. São essas as emoções
que permitem agir, mudar, ser criativo com a própria vida; cada vez que as vivemos, cres-
cemos.

De todas as emoções que vivemos, só as primárias e as meta-emoções são produtivas, ou


seja, são as únicas que servem para o objetivo de nos adaptarmos e nos tornarmos criativos.
As emoções produtivas são reconhecidas porque estão adaptadas à situação (atingem seu
objetivo), são rápidas e comovem, enquanto que as emoções improdutivas não, nem são
adaptadas nem comovem, e costumam durar muito tempo.

O AMOR E A DOR são as primeiras emoções, as mais profundas. O amor é a emoção que
está por trás de todas as outras. Ou seja, todas as demais emoções são produzidas pelo amor
ferido.

As emoções primárias são várias. As básicas são: amor, alegria, dor, tristeza, medo, raiva.
Depois, são combinadas em um sem-fim de matizes. As investigações reconhecem ao redor
de 4000 emoções primárias, cada uma se localizando em um lugar específico do corpo.

O MEDO avisa de um perigo, permite identificar esse perigo e tomar precauções, e dura en-
quanto existe o perigo.

A RAIVA dá a energia necessária para modificar uma situação desagradável, injusta, um


abuso de poder, para se defender e impedir mais agressão. O impulso de adrenalina dura os
segundos suficientes para afastar o perigo. É uma emoção muito rápida. Quando é produzi-
da, os dois se olham de igual a igual, com surpresa e respeito. Os dois cresceram e estão em
paz.

A TRISTEZA ajuda a se separar de um lugar, de uma pessoa, de uma situação, integrando


tudo o que este “objeto” tenha dado à pessoa, aceitando a perda, a separação, até poder sen-
tir gratidão pelo que se foi. A pessoa pode, então, se abrir novamente ao futuro. Ela cresceu,
pois integrou totalmente o anterior.

É a emoção primária mais longa. Um luto “primário” é muito doloroso de viver. A pessoa
coloca toda a sua energia na despedida do falecido, se entregando ao desgarre, e isso pode

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durar alguns dias, não semanas ou meses como acreditávamos antes de conhecer a Análise
Transacional e o estar presente.

Se a tristeza dura mais, já não é primária e, portanto, é improdutiva. No nível sistêmico, pro-
vavelmente a pessoa está olhando para outro morto, fato que a impede ver aquele que acaba
de ir.

A ALEGRIA mantém uma sensação interna de bem-estar, compartilhando-a com os outros.

O AMOR é a abertura total para o outro, que nos permite ter relações autênticas.

Viver uma emoção primária provoca um crescimento na pessoa, ou nas duas pessoas que
estão se relacionando.

Toda emoção primária bloqueada, reprimida, tem consequências. Esta repressão sempre sig-
nifica um “Não à vida como é”, “Não a alguém como é”.

Ou provoca o desenvolvimento de uma emoção secundária, para ocultar a primária (perigo-


sa demais ou que gera culpa demais). Ou é somatizada em um sintoma ou em uma doença,
pedindo, através do corpo, que a pessoa se reconcilie com a situação ou a pessoa com quem
teve o conflito.

Meta-emoções

Termo criado por Bert Hellinger, outros falam de Estados Essenciais, para designar
sentimentos dirigidos a um sistema maior que o entorno próximo.

São sempre sentimentos primários, muito profundos e sem demonstração emocional. Nós os
reconhecemos pela sua amplitude em nosso corpo. Podem ser: Amor, Esperança, Coragem,
Confiança, Paz, Alegria, Bem-estar, Força, Agressividade etc.

Podemos vivê-las cada vez que nos abrimos a um entorno maior. Podem se transformar em
atitudes de fundo. Penetram em cada uma de nossas células e são a maior fonte de cura.

Criar nosso futuro decidindo viver uma meta-emoção

As emoções que vivemos de um modo repetitivo nos fazem pertencer ao campo mórfico cor-
respondente; por isso, vamos nos repetir de um modo instintivo, criando as condições para
poder continuar vivendo essas emoções.

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É fundamental, portanto, nos darmos conta de nossa emoção de fundo, nos darmos conta se
é uma emoção primária ou uma meta-emoção, vê-la e agradecê-la, e a partir desse momento,
no caso da meta-emoção, abrir-nos a um entorno maior e escolher viver uma meta-emoção,
como paz, alegria, segurança etc.

Em cada momento não haverá mais que uma meta-emoção possível.

Quando decidimos vivê-la, sentimos a mesma em nosso corpo. Iremos experimentá-la, um


mínimo de dois minutos, para nos conectarmos com o campo mórfico. E ao viver esta emo-
ção de um modo repetitivo, estamos criando o futuro correspondente.

Emoções improdutivas, emoções secundárias

O elástico

É produzido quando algo (características físicas, gestos, expressões, cheiros, situações etc.)
do presente desperta uma ferida mal curada do passado, provocando reações desproporcio-
nais no presente.

O elástico acontece, por um lado, para tentar fechar esta ferida e, por outro, porque nos ajuda
a nos adaptarmos, embora essa adaptação tenha deixado de ser produtiva na nossa vida atu-
al. Por exemplo: uma criança que, quando era pequena, se perdeu e achou que seus pais a
haviam abandonado, e este medo está sem fechar, sentirá pânico e sentimento de abandono
cada vez que estiver em um lugar desconhecido ou se sentir sozinha. O pânico de hoje lhe
serve, ao mesmo tempo para tentar fechar aquilo que, no passado, não foi fechado, e ao
mesmo tempo para se adaptar hoje, para se proteger melhor de um possível novo abandono.

As emoções elásticas só são solucionadas com a regressão à ferida do passado que permite o
reconhecimento da emoção reprimida e a liberação dessa dor bloqueada.

Aconselha-se fazer a constelação do trauma, mesmo que não se recorde de que se trata. Po-
de-se utilizar simplesmente 2 representantes: um para a pessoa, outro para o trauma. E é
aconselhável repetir esta constelação até que se note a transformação completa da pessoa e
do trauma.

Emoções secundárias, parasitárias, clandestinas (rebusques) ou fraudes (racket)

Uma emoção secundária é uma emoção, permitida, que substitui outra, proibida (por exem-
plo, para as meninas, a tristeza costuma ser permitida, mas a raiva não), ou demasiado peri-

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gosa (em um trauma, uma emoção se congelou ―medo ou raiva―, e a pessoa tem medo de
voltar a sentir essa emoção, mesmo que seja em um contexto diferente). A emoção secundá-
ria converte-se em um hábito, um estilo de caráter, “é chorão, é briguento, é respondão, é
muito amável” etc.

Uma emoção clandestina é uma emoção secundária parasita que substitui uma emoção pri-
mária não permitida pelo script (pelos pais ou pelas decisões inconscientes que a pessoa to-
mou quando era pequena).

Dentro da visão da Análise Transacional, a emoção clandestina é disparada nas situações que
engancham com uma atitude arcaica da Criança Submissa Adaptada, impedindo de resolver
a situação, mas conseguindo carícias a partir dos impulsores, confirmando a posição existen-
cial, estruturando o tempo a partir da manipulação, sem entrar na intimidade, ou compen-
sando a ausência da relação de intimidade – evitando a emoção “perigosa”, “colecionando
pontos” seguindo e reforçando o script.

A emoção clandestina é, ao mesmo tempo, uma atitude e um ganho; é a base ou a matéria-


prima dos jogos de manipulação ou jogos psicológicos. É uma emoção inadequada para a
resolução dos problemas, pois mantém os problemas e, além disso, confirma a pessoa em seu
sofrimento de vítima. Através das emoções clandestinas se pode dizer: “É mais fácil sofrer do
que agir”.

No entanto, a pessoa vive a emoção clandestina com a mesma autenticidade e intensidade


que uma emoção primária; por isso, nunca devem ser desprezadas e, sim, respeitadas, como
o fio de Ariadne que irá nos permitir sair do labirinto do script. O que, sim, é oportuno, é que
a pessoa saiba que, enquanto se mantiver nessa emoção clandestina, nesse sentimento, não
pode evoluir, e que precisa se dar a permissão para sentir outras emoções, ou de vincular
essa emoção clandestina ao seu passado para que veja como se originou.

As emoções secundárias ou clandestinas surgem para influir sobre o ambiente, para agradar,
para conseguir mais amor ou para se proteger de uma emoção “perigosa”.
Cada vez que a pessoa se sente mal vai utilizar esta emoção em vez de se permitir a emoção
adequada. Portanto, ao não utilizar a emoção adaptada à situação, a pessoa não vai conse-
guir modificar o mal-estar, irá se sentir pior e continuar usando a emoção parasita.

Não se pode trabalhar com uma emoção secundária. Deve-se buscar a maneira de fazer apa-
recer a emoção oculta ou por que tem essa emoção clandestina.

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As emoções secundárias mais frequentes são:

Choro, “falsa” tristeza, “falsa” ira, “falsa” alegria, culpa, desesperança, angústia, confu-
são.

Inconscientemente as emoções secundárias são utilizadas para as seguintes manipulações:

 Os choros, para tiranizar a vítima.


 A tristeza em vez da alegria, para aparentar modéstia.
 A tristeza em vez da ira, para ser aceito e receber compaixão.
 A ira serve para que surja uma cólera incontrolável, para que o outro se descontrole.
 A fúria em vez do medo, para conseguir aparentar um herói exemplar e combativo.
 A efervescência serve para provocar, na vítima, um forte ataque de raiva, que poste-
riormente pode controlar ou não.
 A alegria em vez da ira, para continuar dominando a situação e fazer crer que é um
otimista;
 A alegria pela tristeza, para aparentar um indolente, um palhaço, ser uma pessoa
muito integra...
 A culpa, para conseguir que a vítima que se disponha a ver seus próprios erros.
 A desesperança serve para destruir a calma do outro.
 A angústia serve para despertar apreensão no colega.
 A fadiga serve para incomodar o colega;
 A confusão serve para perturbar a outra pessoa.

A coleção de pontos: Cada vez que reprimo a resposta primária adequada, internamente eu
a guardo para o meu interlocutor, “ganho pontos em um cartão de prêmios” e, quando eu
explodir, irei cobrar o prêmio: vou poder escolher um prêmio pequeno, me vingando, ou
escolher o prêmio máximo, me separando.

O ponto, ou cupom, é uma emoção não expressa que se guarda como um acúmulo de rancor,
“não me comprou nada no meu aniversário, tudo bem, não se preocupe que não vou esque-
cer…”. O cupom é armazenado, mais ou menos conscientemente, até que a coleção esteja
completa, ou o copo cheio, e então é uma explosão, negativa para todos, às vezes catastrófica,
como o pedido de divórcio.

Os cupons são muito repetitivos e mostram uma repressão interna.

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Nota-se que alguém está pegando um cupom quando, armazenando rancor:
 de repente muda de atitude;
 muda o tom de voz;
 há ausência ou reforço do contato visual;
 há perguntas muito precisas sobre o que fazer;
 há atrasos, esquecimentos.

A somatização

Ao não ser a emoção adequada, a pessoa sente confusão interna, sente, sem saber por que,
que não consegue o que deseja ou precisa, se sente frustrada e incompreendida, OU/E DE-
SENVOLVE PATOLOGIAS SOMÁTICAS. Efetivamente, seu corpo toma o relevo de seu psi-
quismo incapaz de identificar a verdadeira emoção, e o sintoma será a tentativa de resolver a
situação anômala com os meios que o cérebro tem a seu alcance.

Há somatização quando a pessoa não tem bastante energia para expressar um sentimento de
não-amor (ira, rejeição, negação etc.) e este sentimento se funde com outro (vergonha, medo,
tristeza etc...) e se volta contra a pessoa, primeiro na forma de culpa, ressentimento, amargu-
ra, desespero etc., e depois, ou ao mesmo tempo, é somatizado.

As emoções compostas

São emoções improdutivas porque, ao estarem misturadas, a pessoa não tem consciência do
que realmente sente. O primeiro passo é tomar consciência das diferentes emoções que
possui e, em seguida, tratar cada uma.
- Os ciúmes: medo ou tristeza e raiva.
- A inveja: tristeza e medo.
- A culpa: ressentimento, raiva e medo.
- O ressentimento: raiva e rejeição ao outro, a pessoa quer continuar sendo a vitima
do outro.
- O ódio: raiva e medo.
- A vergonha: desejo e medo.

Reenquadramento sistêmico

Diante das próximas emoções compostas pode fazer as seguintes perguntas à pessoa ou a si
mesmo:
Rancor: não quero receber desta pessoa. Tomá-la tal como é.
A qual de seus pais se nega a tomar tal como é?

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Irritação: me nego a dar a esta pessoa. Me nego a lhe devolver algo. Me nego a reconhe-
cer que me deu algo.
De qual dos meus pais me nego a tomar o que me dá?
Quando me sinto irritado pela reação X de Fulano, me pergunto:
O que eu faço com meu próprio comportamento X? Eu o permito?
No fundo, o que tenho é inveja de Fulano.
Culpa: a quem você reprova com sua falta de amor, de compreensão? Localize sua raiva,
rejeição e medo. Assuma o dano que você fez, assumindo as consequências. Encare o
que te dá medo. Era necessário que você fizesse o que fez, a causa vem de trás. Ame-se
como você é.
Vergonha: veja os outros como se fossem sua mãe, quando você era muito pequeno e ela
estava muito cansada e estressada. Toma, agora, sua mãe e o cansaço dela em seu cora-
ção, e honre a si mesmo e a suas aspirações de autonomia.

As emoções adotadas

São as que adotamos de um de nossos pais ou de uma pessoa excluída, de nossa família, com
a qual inconscientemente nos identificamos, para compensar seu sofrimento, por amor. (Fe-
nômeno da dupla transferência: uma emoção nociva que ia de um ancestral a outro ancestral,
vai ser reproduzida na vida da pessoa, há transferência de quem sente a emoção e transfe-
rência de quem a recebe). Ou um ancestral nos disse: “Você por mim” ou “Você como eu”, ou
desde bebê, ao ter uma intrincação com essa pessoa, nós dissemos a ela, inconscientemente:
“Eu por você” ou “Eu como você”.

Emoções improdutivas e terapia

A pessoa vive com a mesma intensidade e dor as emoções produtivas e improdutivas, pri-
márias, secundárias ou adotadas.
Devem ser tratadas com o mesmo respeito, e nunca dizer à pessoa que uma de suas emoções
não é válida.

As emoções secundárias são PROTEÇÕES, porque, por alguma razão, a emoção primária foi
vivida como proibida, terrível.

As emoções secundárias impedem agir, impedem tomar boas decisões.

São mantidas por imagens e lembranças que cultivamos. Costumam ser vividas com os olhos
fechados, para não enfrentarmos a realidade e poder continuar com a nossa ilusão.

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SÓ PODE HAVER MUDANÇA, cura, quando a pessoa está na emoção primária. Portanto,
todo o trabalho de qualquer terapia será de levar a pessoa, com muito apoio e respeito, a
descobrir POR SI MESMA, ou por ressonância, o que existe por trás de sua proteção, de sua
emoção secundária. Por si mesma, senão vamos criar ainda mais resistências à realidade.

O que ajuda a pessoa é saber que, por trás de sua emoção, há outra, que sua emoção a prote-
ge de outra que a assustou muito quando era pequena, embora fosse totalmente legítima.
O tratamento mais rápido não é eliminar as emoções clandestinas e, sim, expressar direta-
mente os sentimentos autênticos subjacentes às emoções clandestinas; expressar de um modo
neutro e a partir do coração, para não voltar a traumatizar a pessoa. Consequentemente, co-
nhecendo o emociograma dos sentimentos autênticos e das emoções clandestinas substitutas
de uma pessoa doente, o tratamento irá se concentrar em que ela experimente, manifeste e
aja, quando for oportuno, suas emoções primárias, em vez de só eliminar “emoções clandes-
tinas”.

Os emociogramas

Pamela Levin (1973) imaginou o emociograma para descobrir quais emoções vivemos com
mais frequência e quais não.

Neste emociograma avaliamos quantas vezes costumamos viver cada emoção. Se uma das
cinco primeiras não existir, estaremos diante de uma emoção primária reprimida; e se qual-
quer uma for vivida muito mais que todas as outras, é que se transformou em secundária, e
vamos poder nos dar conta da emoção que está encobrindo.

- Para quantificar os sentimentos que expresso (com um diagrama de barras):


10

0
ALEGRIA AMOR MEDO TRISTEZA IRA Culpa Ciúmes Inveja Rancor Amargura Desgosto Timidez etc.

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60
- Minha aceitação aos sentimentos dos outros:
Com este diagrama vou me dar conta dos sentimentos que rejeito, ou são emoções se-
cundárias dos outros ou são emoções primárias que não me dou a permissão de viver.
+10

-10
ALEGRIA AMOR MEDO TRISTEZA IRA Culpa Ciúmes Inveja Rancor Amargura Desgosto Timidez etc.

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Os Jogos Psicológicos ou de Manipulação

Os Jogos Psicológicos da A.T. têm algumas semelhanças com outros muitos jogos, daí seu
nome:

 Têm algumas regras concretas (começo, desenvolvimento, final).


 Uma distribuição de funções (papéis).
 Quase sempre jogam os mesmos(as) jogadores(as).
 São jogados repetidamente.
 No final, há quem ganha (nos Jogos Psicológicos, perdem todos).

Uma transação que é definida como Jogo, costuma produzir uma troca de palavras e ações
entre duas ou mais pessoas, e se caracteriza por:

1. Uma série de transações Complementares em andamento, que são aceitáveis no nível


social.
2. Há alguma transação Ulterior com mensagens ocultas (implícitas) que conduzem a um
final previsível.
3. Ocorrem sempre de um modo similar, como se tivesse ensaiado.
4. No final, todos os que intervêm recebem seu “prêmio”; isto é, sentir-se mal de uma for-
ma ou de outra. Mesmo quando alguém “ganha”, há um sentimento ruim subjacente.
5. Reforça a visão anterior que tinha de si mesmo (Script, posição existencial) e dos outros
jogadores (“Eu já sabia disso!”).
6. Em nenhum momento de um Jogo Psicológico intervém o Adulto; se o faz, nesse mo-
mento desaparece o Jogo.

Quando o processo do Jogo acontece conscientemente a partir do Adulto,


é uma MANOBRA, uma vez que está destinada a manipular deliberadamente.

Berne apresentou o processo de um Jogo através de uma fórmula, já que nos jogos existe
uma sistêmica que sempre (ou quase sempre) se cumpre.

Esquematicamente representa-se assim:

ISCA + FRAQUEZA = GANCHO  MUDANÇA  CONFUSÃO 


RESULTADO FINAL = NEGATIVO

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Análise da fórmula:

1. Isca: é uma ação inconsciente e é a transação Ulterior que serve de “estímulo” para o
outro jogador, para ver se ele “morde”.
2. Fraqueza: é o ponto fraco do interlocutor (sem Adulto).
3. Resposta / gancho: o segundo participante (o que tem a “fraqueza”) responde à Isca
e, assim, entra de cheio no Jogo.
4. Mudança: o primeiro jogador, o que tinha lançado a Isca, muda repentinamente de
estado do Eu, o qual leva a surpresa e a confusão do Eu para o segundo jogador, que
também muda de estado do Eu.
5. Resultado: os dois jogadores se sentem mal, mas, ao mesmo tempo, obtêm um “Be-
neficio Negativo”, uma vez que se confirma algum aspecto negativo do seu Script
de Vida.

Falsos papéis - Triângulo dramático

Em todos os Jogos, os participantes adotam um destes três papéis básicos: Perseguidor, Sal-
vador ou Vítima. Estes nomes são iniciados com maiúscula para diferenciá-los dos papéis
reais que cabem a muitas pessoas “viver” na vida; e não são a interpretação de um papel,
mas, sim, vivências autênticas. Existem pessoas que são realmente vítimas de outras. Por
exemplo, isto pode ocorrer em casos como a política, a discriminação no trabalho etc. Nestes
casos, são vítimas reais.

Estes três papéis foram descritos, primeiramente, por Berne. Posteriormente, S. Karpman os
diagramou em um triângulo que leva o seu nome.

Tanto os papéis como a “fórmula” dos Jogos descobertos por Berne são ferramentas extraor-
dinárias para detectar os Jogos e, posteriormente, estudá-los e eliminá-los.

Descrição dos três papéis básicos

Os Perseguidores:
 Criticam e desvalorizam os outros.
 Precisam ter razão.
 Precisam que os temam, às vezes para dissimular seus complexos de inferiori-
dade.
 Às vezes, se fazem passar por vítimas e, com isso, conseguem fazer os outros se
sentirem mal e culpados, que é quando se convertem em Perseguidores.

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As Vítimas:
 Nada funciona ou dá certo.
 Querem ganhar a estima dos outros através da “vitimização”.
 “Está bem” para eles sofrer acidentes, estar doentes, ter que se esforçar,
trabalhar, estar obesos etc.
 Enviam mensagens de “Estou indefeso(a)”, “Não posso”, “Não sirvo”.
 Equivocam-se e cometem erros para que as persigam ou as salvem.

Os Salvadores:
 Oferecem uma falsa ajuda a fim de conseguir uma dependência dos outros
através desta “ajuda” (às vezes, se vê nos pais, professores e chefes).
 Não ajudam outros, no fundo lhes desagrada ajudar.
 Esforçam-se por manter o papel da Vítima, para que possam continuar sendo
Salvador. Em algumas ocasiões, podem criar vítimas para depois “salvá-las”.
 Precisam que precisem deles.

Embora cada Jogador se posicione habitualmente em um determinado Papel, em um dado


momento pode mudar para outro, facilitando, assim, a continuidade do Jogo. Na figura a
seguir se representa esta ideia, tal como a desenhou S. Karpman:

TRIÂNGULO DE KARPMAN

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Exemplos de jogos

Existem muitos Jogos que poderíamos chamar de “uso comum”, uma vez que são praticados
e utilizados em muitas ocasiões, por muitas pessoas. Esta fácil identificação permitiu “batizá-
los”, facilitando, assim, sua identificação.

O meu é melhor que o seu:


Neste Jogo se encontra a base da maioria de Jogos (lembremos que os Jogos são aprendidos
na infância), uma vez que, na maioria deles, cada jogador trata de apresentar-se no seu pa-
pel, quer seja como Perseguidor, Salvador ou Vítima.

Exemplo onde Maria (filha) compete com sua mãe, passando a “interpretar” dois Papéis.
 A paella de minha mãe fica sempre melhor que a minha (Vítima). Mas os meus bolos
ficam muito melhores (Perseguidora).

Perna de pau:
O(A) Jogador(a) se coloca em uma posição de inferioridade em relação ao outro ou outros. A
mensagem subjacente é: “O que se pode esperar de alguém com um perna de pau?”. “Sou
pequeno(a). Nunca estou bem, me dói a cabeça, o estômago, as costas etc. Não sei fazer isso.
Eu sou muito desajeitado(a). Isso é coisa de homens, mulheres etc.”. Este jogo é “praticado”
frequentemente por donas de casa.

A pessoa, às vezes, alega carências reais ou imaginárias, a fim de obter algo mais dos outros,
ou para esquivar-se de suas responsabilidades. Em muitas ocasiões, a partir de sua posição
de Vítima, o que consegue muito sutilmente é que os outros se sintam mal, se convertendo,
por isso, em um(a) Perseguidor(a).

Por que você se “ressente”?:


Exemplo de duas colegas de trabalho pensando sempre em seu peso.
Jogadora 1: ”Vamos ver se nestas férias você come mais saladas”.
Jogadora 2 (irritada): ”O que você quer dizer, que eu engordo nas férias?”.
Jogadora 1 (em tom “enigmático”): “Não, eu não disse tal coisa...”.
Jogadora 2: “O que acontece é que você tem inveja das nossas viagens”.
Jogadora 1: “Inveja, eu?... Além disso, não sei por que você se “ressente”, eu só disse que vamos
ver se você come mais saladas, que é muito bom para a saúde”.

Pobre de mim - Oprimida:


Este costuma ser um Jogo de casal. A esposa organiza com grande esforço o funcionamento
do lar, o marido critica as “falhas” dela. A esposa costuma sentir-se oprimida por tanto tra-
balho e, às vezes, costuma cometer uma “falha” importante. O marido costuma reagir muito

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irritado, como se tivesse acontecido algo transcedente. Então, critica sua mulher ou aparece
como um falso Salvador: “Se você não pode com tudo, diga”. O que, na realidade, costuma que-
rer dizer, e a esposa capta isso, é: “A minha mãe teria conseguido” ou “Você é um desastre”. A
seguir, costuma acontecer uma forte discussão. Pouco tempo depois, a mulher se prepara e
começa sua árdua tarefa de se ocupar de todas as tarefas da casa, até que volta a cometer
uma nova falha, e tudo começa de novo! O novo jogo está no ar. Este jogo pode acontecer,
também, entre chefe e colaborador.

Sim, mas…:
Pilar entra na farmácia do seu bairro:
- Olá, Manuel, você poderia me dar algo que me ajude a perder peso, sem muito esforço?
- Claro –responde Manuel– acabamos de receber alguns envelopes de fibra que se dissolvem na água e
ajudam a eliminar a sensação de fome.
- Ai, não, em envelopes não, por favor, é que tudo que é embalado em envelopes me dá muito... bem...
um certo nojo...
- Pois você tem sorte, porque também temos em cápsulas…
- Sim... mas que não sejam muito grandes porque você já sabe que tenho dificuldades para engolir...

Manuel pode oferecer uma infinidade de produtos. Pilar vai continuar com o ”sim, mas...”
tantas vezes quanto ele lhe ofereça algo. No final, vai dizer: “Que má sorte a minha, não tem
nada para mim… sou uma pobre vítima, ninguém é capaz de me atender, tampouco você”.

Pilar busca um salvador para demonstrar a ele que seu caso é irremediável, que os outros são
incompetentes com ela. Por isso, seu “mas” é uma crítica oculta.

Com o “sim, mas” a pessoa não busca ajuda, quer agredir a alguém a partir da Vítima.

Outros jogos - “Jogos de poder”:


Além dos nomes atribuídos aos Jogos, também existe uma classificação por “temas”: Jogos
de casal, irmãos, pais-filhos, namorados, chefes-subordinados, professores etc.

Estes Jogos, como a maioria dos Jogos, foram aprendidos na infância, e é o Pequeno Profes-
sor quem, a partir dessa etapa, se dedica a procurar “Jogadores(a)” para ir confirmando os
diferentes (ou alguns) mandatos que configuram o Script de vida.

Quanto aos Jogos de Poder que praticam os pais, são praticados de forma constante e genera-
lizada; é necessário, apenas, escutar e observar pais e mães nos mais diversos lugares: na rua,
no parque quando brincam (as crianças), nas lojas, nos bares, restaurantes etc.

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- Vejamos um exemplo de Jogo de Poder de baixa intensidade emocional. Acontece num dia,
à saída da do colégio:

Jesus (cinco anos) sai do colégio. Dá um beijo em sua mãe e, enquanto ela caminha con-
versando com as mães de seus amiguinhos, Jesus se entretém ao compartilhar um saco
de “guloseimas” com seu grupo. Pouco tempo depois, a mãe de Jesus para e comprova
que seu filho não a segue. “Jesus!”, grita, mas Jesus não responde, uma vez que sua mãe
se afastou o suficiente para que ele não a escute. A mãe volta um pouco assustada, com
medo de que ele tenha se perdido. Ela encontra o filho atrás de alguns arbustos, com
seus amigos, comendo todos os caramelos.

- Jesus, que susto! (Vítima). Assim que me descuido, você desaparece! Venha aqui agora! (Perse-
guidora).

Jesus (Vítima) sai correndo em direção à sua mãe e, quando já está perto dela, escorrega e
cai imprudentemente na rua por onde circulam os carros.
A mãe leva um grande susto. (Vítima)
Jesus conseguiu parar antes de chegar à área de tráfego e sua mãe corre e o toma em
seus braços (Salvadora).

- Que aborrecimento você me deu! Meu pobrezinho! Veja, se você estivesse ao meu lado, não teria
passado por isso! Não sei o que vou fazer! Não se pode ir com você a nenhum lugar! (Persegui-
dora).

Mensagem não verbal: “Você está pensando o que, moleque, fazendo isso comigo, que sou sua
mãe. Como eu sofri por você!” (Perseguidora).

Jesus fica olhando impotente (Vítima). Que posso fazer? Ela tem o poder.

- A Mãe: E não saia do meu lado! Viu?

Estamos diante de um Jogo de Poder. Este Jogo não terminou tão mau, possivelmente não
terminou, já que o menino ou a mãe em outro momento irão jogar outra isca. A mãe irá se
confirmar (possivelmente): “Como os filhos fazem sofrer, que paciência eu devo ter e ninguém me
agradece...” e a criança… Como irá internalizando essas situações? Que decisões ela vai incor-
porar no seu Script de Vida? Poderia ser: “Se você quer que te amem, primeiro você deve irritar”.
Quem sabe quando for adulto, para que sua esposa o “ame”, primeiro “conseguir” que ela se
irrite e depois, na reconciliação, vem o bom.

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Por que jogamos?

Porque os Jogos nos proporcionam algumas vantagens.


Primeiro é interessante ver esta definição de Joines de um jogo: “É um processo que consiste
em fazer algo que tem um objetivo oculto, e:

1. esse objetivo está fora do campo da consciência do Adulto;


2. torna-se explícito quando os protagonistas trocam seu comportamento;
3. seu resultado é que todo mundo se sente confuso, incompreendido, com o desejo de
acusar o outro.

O jogo tem uma função de equilíbrio, estabilização, manutenção na trama do script, ou seja,
no drama.

Graças aos jogos a pessoa consegue:

 No nível psicológico interno,


 Manter o afastamento do sentimento reprimido na infância bem em seu início.
 Confirmar a necessidade em vez do sentimento parasita.
 Manter a simbiose arcaica.
 Manter o quadro de referência.
 Reforçar a posição existencial.
 Permitir avançar o script, adicionando cupons.

 No nível psicológico externo, permite manter as relações dentro do contexto do tri-


ângulo da manipulação, conforme o quadro de referência próprio, para evitar en-
frentar uma situação que ativaria um sentimento que a pessoa tem vetado através
das suas decisões.

 No nível social interno, permite conseguir carícias em uma pseudo-intimidade.

 No nível social externo, permite conseguir passatempos com carícias a partir de


uma das posições do triângulo dramático.

 No nível biológico, responde à necessidade de buscar carícias e, portanto, reconhe-


cimento.

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Mais detalhadamente, a pessoa consegue:

1. RECEBER CARÍCIAS (uma Carícia é uma unidade de reconhecimento, verbal, física etc.)
A falta de carícias positivas, os Jogos proporcionam uma grande quantidade de carícias
negativas de alta intensidade e, também, bastante seguras; isto é, os jogadores sabem
que, muito provavelmente, o Plano de Jogo irá ser cumprido até chegar ao final previsto.

2. ESTRUTURAR O TEMPO
Jogar Jogos leva muito tempo e proporciona a sensação de “estar em ação”. Em muitos
casamentos, a maior parte da relação do casal é baseada em Jogos.

3. CONFIRMAR A POSIÇÃO EXISTENCIAL


A Posição Existencial refere-se às crenças básicas adquiridas nos primeiros anos de vida,
e fortemente arraigadas sobre nós mesmos e sobre os outros em geral. Estão expressas
dentro de nós mesmos em termos muito básicos: estar bem ou estar mal. O objetivo final
dos Jogos Psicológicos é nos humilhar ou humilhar os outros. Geralmente, adota-se a
posição “Eu estou mal” e se “organiza o jogo” para confirmá-la.

4. ESTABELECER OU MANTER SIMBIOSE


Na A.T., uma “simbiose” é uma relação entre duas pessoas, repetitiva e estável,
elaborada na primeira infância, na que ambas agem como se fossem uma só; isto é, cada
um ignora alguma parte de si mesma e alguma da outra pessoa.

5. EVITAR A INTIMIDADE – AUTENTICIDADE


Não enfrentar os problemas reais. A pessoa joga Jogos porque não pode chegar a se
relacionar livremente com os outros e, ao mesmo tempo, os está jogando para não
chegar a esse tipo de relação. É neste sentido que os Jogos são um substituto para a
autenticidade. Os Jogos distanciam as pessoas. Podem ser utilizados para exercer
controle ou impedir a intimidade, afastando as pessoas de encontros abertos e sinceros.

Como se mantém um jogo? A desqualificação

A desqualificação é a eliminação inconsciente de uma informação útil para a resolução de


um problema; esta eliminação é feita por omissão, generalização ou distorção. Esta elimina-
ção é decretada pelo programa do script.

Não costuma haver sinais comportamentais desta desqualificação, salvo no desconto das
carícias, por isso é difícil de detectar. (Na PNL, são reconhecidas por distorções do Meta-
modelo: uso de “sempre”, “nunca”, “todos”, nominalizações, comparações de um único ter-

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mo, verbos sem sujeito conhecido, “devo”, ”não posso” etc.; e a técnica utilizada para que a
pessoa tome consciência de sua “distorção” é o desafio do seu metamodelo).

A desqualificação impede a resolução dos problemas porque cria e justifica a passividade


diante do problema.
Os Schiff falam da síndrome de passividade, cujo objetivo seria manter uma simbiose, por-
tanto, um jogo. Seu mecanismo: a desqualificação. Sua justificativa: a grandiosidade, expres-
são de uma contaminação ou de uma exclusão.

No nível sistêmico, a desqualificação mostra ausência de pai, ou não ter tomado o pai.

A desqualificação se manifesta de quatro modos diferentes:

 Abstenção: utilizar a energia para se impedir de agir. Cria mal-estar na pessoa, e dá


a sensação de ser incapaz de pensar. Por exemplo: O medo de exames, o ficar com a
mente em branco, aonde toda a energia é destinada ao bloqueio das atividades men-
tais. Existe uma distorção da percepção do problema, que aumenta a dificuldade, de
modo que a pessoa reforça sua crença de incapacidade em vez de enfrentar objeti-
vamente a situação ou o seu medo do sucesso.

 Agitação: gastar a energia sem objetivo, sem propósito de resolver/conseguir algo.


Diante de um exame para o qual é difícil se preparar, o aluno perde tempo fazendo
mil coisas, para evitar pensar como faço para passar. Seu script pode ser “Não triunfe”,
“Não pense” ou “Se esforce, mas não seja melhor que o Papai” etc. Desqualificação
das opções, do nível das capacidades pessoais...

 Violência: agitação em grau máximo e, além disso, uma posição existencial de pro-
jeção “Eu estou bem, Você está mal”. Entre dois alunos, um enche o saco do outro,
até que o outro o insulta, e o primeiro lhe dá um soco por ter sido insultado, é o final
de um jogo, no qual a violência permite não enfrentar a rejeição, o desprezo do ou-
tro, a posição Eu- / Você+. Desqualificação do problema, nível existêncial.

 Super Adaptação: se manifesta quando alguém aparentemente gasta energia para


agradar o outro a partir de uma vítima ostentosa, com um “Esforce-se e não consiga”.
Permite manter uma simbiose, desenvolvendo um ressentimento cada vez maior e
dando motivo para que a coleção de cupons cobre seus prêmios para resolver o con-
flito apresentado, sem enfrentar a culpa que lhe dá sair da CA e encarar o PC do ou-
tro, a partir do Adulto.

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O exemplo a seguir, no fim pertence à super adaptação:

Meu colega de trabalho acaba de fazer um comentário que me parece horrível, em vez
de dizer isso a ele, pedir uma explicação, ou comentar que me sinto mal e o porquê, o
que facilitaria muito a relação de trabalho, começo a dizer a mim mesmo (preconceito,
grandiosidade): “Como sempre, se a ideia não é sua, você tem que menosprezar, sua mulher que
o aguente...”.

Da minha Criança Adaptada Submissa- ao Pai Crítico-, a generalização que faço me impede
de passar ao adulto e resolver o problema, me permite não me dar conta que minha Criança
Adaptada Submissa- aqui não pertence à situação objetiva presente, mas vem do meu passa-
do; e, assim, novamente eu confirmo meu argumento no que diz respeito aos homens, ao
parceiro, à intimidade etc.

E reajo – e isso é a super adaptação –; como se não tivesse acontecido nada, sem querer res-
ponder, remoendo meu rancor, tentando fazer o que ele me sugere, com uma imensa irrita-
ção, pois não sei por que tenho que fazê-lo e, assim, minha irritação vai crescendo, meu des-
prezo por mim mesmo(a) também, e estou ali, na super adaptação para manter uma simbiose
na qual o jogo é ele Perseguidor, eu Vítima, que é reforçada por uma simbiose de segunda
ordem, eu estou no Pai, na Criança- , e o outro na Criança, na Criança-.

Como deixar de jogar?

Primeiro passo: dar-se conta daquilo que nos acontece muitas vezes, daquilo que se repete.
Com quem tenho problemas habitualmente? Como tudo começa? Que papel jogo dentro do
Triângulo Dramático?

Outro passo para deixar de jogar é identificar o Mito-Crença, o que confirmamos


repetidamente com estes jogos? Que “Os homens são...”, que “Fulano é...”, que “Eu sou...”.

Entender que um jogo geralmente é uma forma inadequada de pedir afeto. Para que prestem
atenção em nós. Em vez de pedir diretamente atenção ou afeto, se faz um jogo com o qual se
consegue afeto e atenção, mas de forma negativa e “falsa”.

Algumas ideias para sair dos jogos

1. EVITAR AS DESVALORIZAÇÕES OU DESCONTOS


Se deixar de haver desvalorizações, deixa de haver jogos. Ninguém tem necessidade de
ser desvalorizado. Uma pessoa sempre é livre para rejeitar uma desvalorização.

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2. EVITAR AS RESPOSTAS AUTOMÁTICAS
a. Refletir antes de responder.
b. Escutar.
c. Fazer algumas perguntas. Pedir detalhes.
d. Prever várias respostas.

3. DETER OS PAPÉIS FALSOS


Se não há Salvador, Perseguidor ou Vítima, já não há jogo. Um modo de saber isso é
comprovar:
a. Se a situação avança em direção a uma solução ++.
b. Se ambos vão sair ganhando.

Se alguém “joga” conosco é porque tem grandes possibilidades de que joguemos um


papel complementar: todos nós temos um bom olfato para sentir o ponto fraco dos de-
mais.

4. PERGUNTAR-SE QUEM TEM O PROBLEMA


Nem sempre devemos levar ao “pé da letra” o que ouvimos de nós, quando expresso
como crítica; quero dizer que, ocasionalmente, há pessoas que, para dissimular seu pro-
blema, o projeta nos outros. É um mecanismo de “projeção”; se nos damos conta disso,
devemos “passar” e não morder a “isca”.

5. SER MAIS ABERTO, MAIS DIRETO


A relação aberta e sincera, às vezes é muito difícil de levar a termo. Em algumas
circunstâncias ou com algumas determinadas pessoas. Para criticar, a frase costuma
começar por “Você” (ou, O(A) Senhor(a)), enquanto que a expressão de um sentimento
começa por “Eu”; utilizar o sistema “Eu” para estar presente.

6. ATREVER-SE A PEDIR COLABORAÇÃO PARA CONSEGUIR


Embora todos nós já tenhamos participado de algum Jogo Psicológico, conviria saber
identificar alguns destes jogos e compreender os papéis falsos que são desempenhados,
aprendendo a conhecer algumas das razões fundamentais pelas quais as pessoas
praticam Jogos Psicológicos; para isso, é muito importante descobrir o Plano do Jogo e,
para descobri-lo, pode ser de grande utilidade formular a si mesmo estas perguntas:

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Descobrindo jogos psicológicos

Para descobrir se estou praticando algum Jogo, mesmo que seja de “baixa intensidade”:

1. O que é o que se repete muitas vezes e fere alguém?


2. Com quem acontece habitualmente?
3. Como começa? (Qual é a isca? Esta é a primeira ação do jogo).
4. O que acontece a seguir? (O que a outra pessoa diz? Esta é a segunda ação).
5. Como termina? (Quem costuma ”ganhar”?).
6. Como se sente cada um quando tudo terminou? (Identifique a emoção).
7. Que Mitos se confirmaram? (Sobre você e sobre os outros).
8. O que você vai fazer para acabar com o Jogo?

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A Autonomia

A Autonomia é:

 Ter o Adulto no posto de comando.

 Estar no aqui e agora, com força e fluidez entre os três estados do Eu.

 Nas interações, é ter a habilidade para não entrar em jogos, para me manter afasta-
do, e alerta, do que foi ou é o meu script.

 Habilidade para aceitar todas as minhas emoções e, assim, ir tirando camadas da


cebola.

 Habilidade para a intimidade:


 Para a assertividade,
 Para estar OK + -,
 Para a ação,
 Para a responsabilidade do meu papel social.

 Habilidade para estar em contínuo desenvolvimento.

Eric Berne diz que a autonomia é: “a expressão ou a reconquista de três capacidades: a


consciência clara, a espontaneidade e a intimidade”.

 Consciência clara: ter lucidez emocional, lucidez inter e intrapsíquica.

 Espontaneidade: a espontaneidade da Criança Livre no aqui e agora, a fluidez do


Adulto que adquiriu a “competência inconsciente” ou saber viver, e a capacidade de
aprendizagem do nível 3 de Bateson (a da adaptação criativa).

 Intimidade: transações sinceras e intercâmbio das emoções e necessidades a partir


de duas Crianças Livres.

Para os Schiff, a autonomia significa a capacidade de resolver problemas, saindo da passivi-


dade e permitindo-se ser criativo.

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E a partir da perspectiva das Constelações Familiares, a autonomia significa:

 Estar conectado ao Amor e à Vida (sim a tudo, a todos e a mim como sou), com for-
ça, confiança e alegria, se sentir responsável pela sua vida e estar na ação.

 Estar no Adulto, consciente das necessidades presentes do seu Pai e da sua Criança.
O Adulto aceita que tudo ocorre no presente e se desprende constantemente do que
vai se transformando em passado.

 Estar no Adulto assumindo suas responsabilidades, assumindo suas decisões e as


consequências de seus atos. Suas emoções primárias o levam às boas decisões. Isto o
empurra à ação a serviço da vida.

 Estar no Adulto vivendo a relação com os outros a partir das emoções primárias e o
respeito ao equilíbrio no dar e receber. Vive essa relação a partir da intimidade, com
a consciência dos descontos e outros sinais que o avisam da aproximação a um jogo
psicológico.

 Estar no Adulto aceitando o desenvolvimento contínuo. As emoções primárias o


transformam a cada passo.

 Estar no Adulto aceitando a vida como é e agradecendo cada passo

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