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Como ser cada dia mais livre do passado e dessas decisões precoces?
Ser autônomo.
Os Estados do Eu (Pai-Adulto-Criança)............................................................................................ 2
Psicogênese .................................................................................................................................. 13
Quando morrem?........................................................................................................................ 13
As Transações ..................................................................................................................................... 15
Carícias e Descontos........................................................................................................................... 26
Script de Vida...................................................................................................................................... 40
As permissões.............................................................................................................................. 50
As Emoções ......................................................................................................................................... 53
Meta-emoções.............................................................................................................................. 54
O elástico .............................................................................................................................. 55
A Autonomia ...................................................................................................................................... 74
A A.T. (Análise Transacional): sua filosofia e aplicação
Uma teoria sobre a pessoa em duas vertentes: uma teoria da dinâmica da estrutura da
personalidade e uma teoria da comunicação. Ambas as vertentes formam, de um modo
indissociável, o que é específico do ser humano.
A filosofia que sustenta a A.T. se foca no oposto das psicoterapias tradicionais, psicanalíticas
ou behaviorista, na medida em que não há monopolização do saber e, portanto, do poder por
parte do terapeuta. Consequentemente, não é uma terapia paternalista, mas humanista e
democrática, que pressupõe que:
Todo mundo pode pensar, e o terapeuta está aqui para fornecer a informação que irá
permitir ao paciente pensar e viver com mais eficácia.
É a própria pessoa que decide como vai ser sua vida, e estas decisões sempre são
tomadas através da busca de algo intra-psiquicamente positivo; e quando a própria
pessoa decide mudar sua “decisão prematura” por outra (e a partir de um “si-mesmo”
completo, não parcial, como ocorre no behaviorismo), esta decisão de mudança é eficaz.
Não há fatalidade, a pessoa, a cada momento, pode reescrever seu script de vida, a partir
das suas decisões pessoais e seu dar-se conta, mudando suas antigas atitudes de
sofrimento perante a vida por novas atitudes benéficas.
Vivemos como se fôssemos três pessoas em uma, cada uma com sua personalidade completa,
e o surpreendente é que, quando estamos em uma delas, nos esquecemos do que vivemos
nas outras duas…
A essas personalidades, a Análise Transacional (AT) as denomina Estados do Eu. Um estado
do Eu é um conjunto coerente – sistêmico – de comportamentos, sentimentos e pensamentos.
Quando alguém age, sente ou pensa movido por uma memória antiga do com-
portamento de uma pessoa que teve muita influência sobre ele durante sua in-
fância: está em seu Estado do Eu Pai, está em um comportamento emprestado.
Quando alguém age, sente ou pensa de acordo com o aqui e agora, com o mo-
mento presente, externo e interno: está em seu Estado do Eu Adulto.
Quando alguém age, sente ou pensa movido por uma memória antiga de uma
emoção do passado: está em seu Estado do Eu Criança, está em um comporta-
mento arcaico. Esta emoção pode ter sido sua ou é adotada de um antepassado.
Aqui a palavra Pai é a tradução de Parent e Father, em seu sentido amplo, não sexuado.
O equilíbrio chega quando o Estado do eu Adulto está no comando e os outros dois Estados
se sentem reconhecidos, escutados e têm seu lugar na vida do Adulto.
Movido por: “tem que, não tem que, deve, tem que”.
Age.
Não tem princípios morais, mas uma ética individual que se adapta a cada momento presen-
te. Atua de modo eficaz em função de seus próprios objetivos. Sentimentos autênticos: emo-
ções primárias, a intimidade, os sentimentos do aqui agora.
Movido por: “convém, quero, vou a, assumo, decido, escolho”.
Manifestações: respiração profunda, realismo, escutar, negociar, refletir antes de agir, com-
promisso e responsabilidade. Sem crenças.
Obrigações às quais tem que se submeter por medo ou por sedução, lembranças de submis-
são ou rebeldia.
Adesão aos próprios vínculos sistêmicos, assim como a todos os vínculos dos pais. Script de
vida com seu conjunto de manipulações e emoções secundárias.
Viver emoções que não são adaptadas à situação atual, que são desproporcionais ou que só
trazem tensão ou mal-estar, sem levar a uma melhor adaptação da pessoa ao entorno.
Manifestações: chegar cantando ao trabalho, se irritar com seu despertador, ter medo de falar
em público, roer as unhas, ter vontade de comer um doce quando se está de regime, se irritar
diante de uma contrariedade, necessitar gurus ou mestres espirituais.
Diagnóstico histórico: o que aconteceu com essa pessoa, o que possa, do seu passado,
ser associado à situação sintomática de hoje, permite reconhecer o que vem dos seus pais
ou das pessoas que tiveram influência sobre ela durante sua infância, como se fosse uma
réplica de suas emoções e comportamento de sua infância, e explicaria porque está re-
produzindo um padrão paterno ou uma atitude infantil de sua infância.
Aponte um exemplo desses três modos de se comportar, pensar e sentir que você teve nos últimos dias:
Estado Pai: pensa nos princípios, valores, regras, obrigações que seus pais e outros familiares
importantes transmitiram a você. Além disso, tome consciência das vozes interiores que os
acompanham. Que parente vem à sua memória por trás dessas frases internas?
Observe, agora, se cada estado do Eu forma um todo coerente e diferente dos outros dois.
John Dusay: “Quando um Estado do Eu aumenta, outro deve diminuir como consequência
de um deslocamento da energia psíquica, permanecendo constante a soma total”.
Por outro lado, certos fatores biológicos e sociais têm um importante impacto sobre a inten-
sidade com a qual vivemos os Estados do Eu: (P + A + C) LM = K.
Onde LM representa o “Leite Materno”.
Eric Berne o define assim: o “Leite Materno” é a variável relativa a fatores biológicos e sociais
(disfunções orgânicas, estados de privação…) que exigem consideração clínica antes que psi-
cológica.
Egograma
O terapeuta necessariamente irá levar, inconscientemente, seu cliente até seu próprio ego-
grama. Por isso, é muito recomendável ter consciência de qual é o estado do Eu que nos go-
verna.
Procure um exemplo concreto nos últimos dias de cada um dos estados funcionais do Eu.
Anote sua descrição olhando para seus colegas. Anote quais situações e pessoas de sua
infância remetem você aos diferentes estados da C e do P.
Desenhe seu egograma.
10
0
PC+, PC-, PP+, PP-, A+, A-, CA+, CA-, CL+, CL-
Partindo da ideia da catexia, escolha um estado do Eu que você quer aumentar e outro que
quer diminuir. Busque cinco novos comportamentos com a ajuda da boa definição de
objetivos da PNL.
PC
Crença, lealdade, neurose
AC
Script, decisão precoce
CC
Somatização, psicose,
intrincação
Pai do Pai: programa da cultura, da moral, dos preconceitos, transmissão de geração em ge-
ração de normas e princípios indiscutíveis e automatizados: tradição, mitos, pautas, padrões,
crenças. Permite o enraizamento sociocultural e o pertencimento. A boa consciência.
Julga, opina, normaliza o bem e o mal (está mal..., é mal educado..., isso é o correto, não olhe,
não peça, pense por mim). Dá a vida por um ideal.
Adulto do Pai: mensagens do tipo racional que não passaram por processo lógico. Transmite
a parte saudável dos pais.
Protege a personalidade, oferece ajuda e apoio (isto se faz assim…). Permite crescer, ser livre
e autônomo. Dá carícias positivas, trata de resolver a angústia do filho para evitar a repeti-
ção. Dá a vida pelo filho.
Pai do Adulto: ética individual. O que convém aqui e agora. Normas que a pessoa adota
depois de raciocinar e valorizar sua oportunidade. A ética é autorizada e discutível.
Faz o que convém e não prejudica outras pessoas.
Pai da Criança: obrigações às quais tem que se submeter por medo ou por sedução.
Versão fantasiada perigosa do verdadeiro pai, chamada Elétrodo, Ogro, Bruxa ou Pai Mági-
co. Mandatos das figuras parentais: script de vida, adaptação às exigências dos pais, sentir
culpa.
Expressa emoções secundárias, manipuladoras, com dois modelos de resposta: se submete
ou se opõe à vontade dos pais. Faz o que seus pais querem e aprende a não se sentir bem.
Criança da Criança: programada a partir do interior, com todos seus elásticos e suas intrin-
cações transgeracionais. Mensagens genéticas, impulsos puros, instintos “Eu sigo você”, “Eu
por você”.
Energia vital. Impulsividade, vitalidade, expressividade.
Desfruta, ama, sofre, foge, somatiza. Pode destruir para se defender dos perigos.
Responde com prazer, quando suas necessidades são satisfeitas, e a contragosto, caso contrá-
rio.
Exclusão dos Estados do Eu Pai e Adulto: infantilismo, autismo, rebeldia. Possíveis psicoses
graves.
Exclusão dos Estados do Eu Adulto e Criança: pregadores, fanáticos, hipercríticos e/ou su-
perprotetores. Torquemada*, o grande Inquisidor, os ditadores, integristas ou fundamenta-
listas; estas pessoas são a autoridade, são a lei e o castigo, o P normativo e o P perseguidor ao
mesmo tempo, não podem descer de seu pedestal, agem pelo bem de sua religião, da Moral,
dos Princípios. Não sentem as outras pessoas, não se identificam nunca com suas vítimas.
Contaminação
Invasão do Estado do Eu Adulto pelo Estado do Eu Pai, criando preconceitos, ou pelo estado
do Eu Criança, com suas ilusões e superstições, ou por ambos.
Pense em uma decisão que você tem que tomar. Imagine que já foi tomada.
Imagine o que sua mãe diria sobre essa decisão, fazendo uma lista de tudo o que lhe vem à mente.
Volte a sentir a satisfação e se pergunte sobre as causas dessa satisfação. Anote o máximo de cau-
sas.
Em seguida, coloque-se em cima de cada estado do Eu (um papel no chão para cada um, ou uma
cadeira), para que cada um lhe diga o que sente e veja qual foi mais ativo.
Confortavelmente instalado, lembre-se de uma situação na qual você estava em seu Pai Autoritá-
rio (Normativo ou Crítico). Leve alguns segundos para se imaginar atuando. Até poder vivê-lo e
sentir os gestos que fazia, as expressões faciais que tinha e as frases típicas que dizia. Anote tudo
no quadro.
Faça, em seguida, o mesmo para o Pai Protetor (Nutritivo), o Adulto, a Criança Livre, a Criança
Adaptada Submissa ou Rebelde.
Gestos
Expressões
Faciais
Frases
5. A dupla contaminação
Na página intitulada: ”Sou o tipo de pessoa que... ”, durante 2 minutos termine a frase de todas
as maneiras possíveis.
Agora relaxe, respire e olhe ao seu redor durante 30 segundos. Volte ao seu adulto sentindo-se
bem alinhado em sua cadeira, apoie bem os pés no chão e olhe o que acaba de escrever. Para cada
final de frase que escreveu, verifique se se trata de uma afirmação da realidade ou de uma conta-
minação pela Criança.
Vá, agora, para a próxima parte e, durante dois minutos, anote todas as crenças e slogans que vo-
cê se lembra das suas figuras parentais.
Como antes, volte ao Adulto e verifique se expressou a realidade de hoje ou está contaminado pelo
Pai. Risque e transforme todas aquelas que não correspondem ao seu Adulto de hoje.
As crenças parentais
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O Estado Criança
Surge a partir da concepção. Transmite a herança genética, é afetado pelas emoções e saúde
dos pais. Em contato com as figuras parentais, descobre as emoções. Parece que todas as
emoções autênticas foram experimentadas antes dos 5 anos.
A Criança Livre permanece ativa até os 6 meses. Reage aos estímulos que recebe.
O Pequeno Professor começa a se formar com as primeiras operações exploratórias da crian-
ça, quando começa a coordenar sua motricidade (habilidades motoras), começa a andar etc.
Sua formação dura até os 2 anos.
Entre os 2 e 3 anos aparece a Criança Adaptada, como adaptação às exigências dos pais.
O Estado Pai
É o segundo a aparecer e isso acontece através do contato da criança com suas figuras paren-
tais: a criança vai gravando mensagens verbais e não verbais, ordens e permissões (expres-
sões faciais, olhares de orgulho ou de decepção), normas de comportamento (isto não se faz).
São mensagens gravadas como verdades, sem correção ou modificação, porque a criança tem
fé absoluta em seus pais. O final do processo de formação do Estado Pai é quando o Estado
Adulto está plenamente disponível para analisar os dados.
O Estado Adulto
Aparece ao redor dos 5 anos. No início está muito reprimido pelo Estado Pai, mas tende à
autonomia e continua se formando (atualizando informações, ampliando a capacidade de se
informar e processar dados) até a morte. A conduta exploratória, a qual começa com o ama-
durecimento do aparelho locomotor, no primeiro ano de vida, é precursora do Estado Adul-
to enquanto lhe permite se afastar dos pais e transformar estímulos em elementos informati-
vos que analisa e arquiva. A partir dos 2 anos já pode elaborar programas inteligentes para
obter a máxima satisfação com o mínimo risco e, progressivamente, aprender a diferenciar a
realidade graças aos ensinamentos de seus pais, às vivências que tem e as informações que
possui. Aos 12 anos, com o início do uso do pensamento abstrato, o Estado Adulto está ple-
namente disponível.
Quando morrem?
A aura: Os três estados estão presentes em todos os corpos sutis que precedem e rodeiam
nosso corpo físico.
A pessoa “morre totalmente”, passa a outro estado e perde sua identidade, quando todos os
seus corpos estão harmonizados.
Quando os Estados do Eu negativos têm mais peso do que os positivos, o falecido continua
presente com toda a sua identidade e seu amor bloqueado (seus corpos sutis não podem ser
harmonizados), à espera de que um descendente compense esta negatividade com seus atos.
Quando os P-, A- e C- são superados ou compensados pelos P+, A+ e C+, a pessoa falecida
perde sua identidade. Seu P+, A+, C+ converteu-se em patrimônio do Sistema familiar.
Uma transação é uma unidade básica de interação social, que consiste em um intercâmbio
verbal e/ou gestual de estímulos e respostas.
As leis da comunicação
Premissas
Por exemplo, a pergunta: Que horas são?, costuma ser feita a partir do Adulto do
emissor e dirigida ao Adulto do Receptor.
Mas se o tom é jocoso e é dirigido a um colega de trabalho que está cansado e come-
ça a se preparar para ir embora, o estado do emissor pode ser a Criança, dirigido à
Criança do receptor; o nível profundo, o duplo sentido é: Eu também estou cansado,
que vontade tenho de ir embora agora…
Ou com um tom seco a esse mesmo colega, essa transação sairá do Pai do emissor
para ir à Criança do receptor. E a transação que acontece tem um duplo sentido: ní-
vel aparente de Adulto, nível profundo de reprovação do Pai Crítico.
A primeira lei da comunicação diz que, enquanto as transações (os intercâmbios) são com-
plementares, elas podem continuar indefinidamente. Por exemplo, a transação começa a par-
tir do Pai do emissor e é dirigida à Criança do receptor, e o receptor responde a partir da sua
Criança ao Pai do emissor; inconscientemente aceitaram essa divisão de papéis, estão confor-
táveis e a interação pode continuar indefinidamente, ainda que seja chata.
Se alguém me pergunta: Você acha que isso está bem? (Criança que se dirige a meu Estado Pai),
de um modo instintivo vou querer convencê-lo de minha opinião, respondendo a partir do
meu Estado Pai a seu Estado Criança. Mas se me dou conta e respondo Cada um com a sua
opinião, rompi a comunicação, me coloquei no Adulto, solicitando o Adulto do outro, e esse
outro se sente desconcertado, não esperava por isso. E agora, ou os dois deixam de falar, ou o
primeiro decide se colocar, também, em seu estado Adulto, ou o segundo decide se colocar
no Estado Pai...
A terceira lei afirma que, quando ocorrem transações de duplo sentido (ocultas, profundas,
não aparentes), onde sempre acontece um jogo psicológico (de manipulação), o desenlace do
intercâmbio, que é o resultado do jogo de manipulação, será o resultado das transações ocul-
tas e não das transações aparentes.
Esta estabilidade é positiva enquanto contribui para a realização dos objetivos de cada pes-
soa e é negativa quando contribui para o rompimento.
Pergunta Resposta
Transações cruzadas
Caracterizam-se pelo fato de que o interlocutor não responde com o estado do Eu solicitado.
Existem 72 possibilidades de respostas cruzadas.
Uma transação cruzada provoca a ruptura da comunicação e obriga que uma ou as duas
pessoas mudem de estado do Eu para que a comunicação se restaure.
Pergunta Resposta
Em todas as transações existe um nível oculto e um nível aparente, mas só nas de duplo
sentido existem incongruências entre os dois níveis.
1
Nota da tradução: termo que se costuma usar para denominar esse tipo de transação no Brasil (adotado da Ar-
gentina), utilizado posteriormente neste material, no tema “As Emoções”.
De todas as maneiras, quer sejam agradáveis ou não, nas transações ocultas as palavras (a
semântica - hemisfério esquerdo) são neutras, não contam. O que produz a mensagem é o
não verbal, o tom, o gesto, o olhar, o sorriso, a postura (mensagens do hemisfério direito).
Às vezes, o interlocutor, em busca de dependência, imagina uma intenção oculta aonde não
há intenção.
Quem procura intenções ocultas mostra seus pontos fracos. Estas zonas de fragilidade cos-
tumam ser fruto de experiências anteriores que a pessoa generaliza em crenças. Existem mo-
delos de educação nos quais é proibido falar sobre o que realmente se sente, e o único recur-
so é a linguagem oculta.
As transações ocultas complicam a nossa vida, pois nos fazem duvidar do que devemos en-
tender.
Como reagir?
O receptor: é importante que não se justifique, pois isso significa que se sente culpado e, co-
mo não foi dito nada claramente, consegue, apenas, manter uma situação de mal-estar que
fragiliza o receptor e aumenta o poder do emissor, condição para iniciar uma manipulação
na qual ambos têm o seu papel.
- Deixar o outro ciente da existência do duplo sentido, verificar com uma pergunta se
há algo oculto: Para que você me diz isso? O que você quer dizer?
- Trazer à luz o duplo sentido: responder a frase oculta.
- Desativar o duplo sentido com senso de humor.
– Que calor!
– Já vou, já levo um copo de água para você.
Dado o estímulo Transacional ”Vamos começar a trabalhar”, escreva exemplos de resposta cruzada,
complementar e consequente. Desenhe os diagramas.
Coloque-se em cima de cada papel, o tempo suficiente para ver como seu corpo se sente e
qual atitude ou movimento toma.
Agora coloque outro papel atrás de cada um (C e D). Não sabemos de quem ou de que se
trata.
Coloque-se novamente no seu papel (A) e você vai se dar conta que não olha para a pes-
soa com a qual tem o conflito (B), mas que olha para detrás dela, para esse novo papel
(C), ou a esse novo indivíduo, representado pelo papel que você colocou detrás.
Depois, se coloque em cima de (B) e também se dá conta que (B) não olha para você, mas
que olha para a pessoa que está detrás de você, está olhando para (D).
Esta é a razão do conflito, cada um de vocês está desordenado e não pode perceber a rea-
lidade. Quando está em frente de (B), você acredita que está vendo ele, mas a quem real-
mente vê é a (C). E o mesmo acontece com (B).
Faça, agora, seu próprio papel, sabendo que (C) está na sua frente. Fique aí um tempo, se
deixando levar muito devagar, muito centrada(o). Talvez não aconteça nada, ou você vai
olhar para o chão ou ao longe. Ali, onde você olha, sabe que existe um ancestral.
Em seguida, se coloque em (C) e a mesma coisa, espere, se deixe mover muito devagar.
Igual a antes, ali, onde você olha, existe alguém.
Você representa, dessa forma, as diferentes pessoas que apareceram. Volte a se posicio-
nar no lugar de algumas delas, se sentir esse impulso, até que perceba que elas começam
a sentir paz, tranquilidade.
Às vezes, você nota que um morto ou um ancestral se agarra a você e não quer te soltar;
para ele, você fará depois um exercício de “Ajudar um morto a terminar de morrer”.
Quando sentir o impulso, volte a representar a si mesma(o). Agora honre cada um, ou
honre toda a situação, com amor e agradecimento, quer seja o que tenha acontecido. Até
que sinta que tudo está em paz e tranquilidade.
Coloque-se em seu lugar e observe como se sente e como olha para (B).
Se coloque em (B) e sinta a mudança que existe em relação a você, veja vê que agora ele
olha para você. (B) também se curou, por ressonância.
Volte a se colocar em seu lugar e lhe agradeça ou sinta que abraça a (B).
As carícias
Uma carícia é um sinal de reconhecimento que acontece entre duas pessoas ou dois estados
do Eu. São necessárias como comprovação de que eu existo. Da mesma maneira que me be-
lisco para ver se existo fisicamente, uma carícia me faz existir psiquicamente, me faz sair do
nada ou da fusão. A carícia, segundo Berne, é o alimento da “medula espinhal” psíquica;
percebo alguém, logo existo.
O modo como se dão e como se recebem as carícias depende da posição existencial e do pro-
grama de script da pessoa nesse momento. As carícias, ao mesmo tempo, refletem e reforçam
a posição existencial mencionada anteriormente, obedecendo e reforçando as decisões toma-
das relativas às leis de economia-abundância de carícias.
“Toda pessoa tem necessidade de ser tocada e reconhecida pelos outros” (James). Estas carí-
cias são, ao mesmo tempo, necessidades biológicas e psicológicas, as quais Berne chamava
“fomes”.
“Do mesmo modo que a fome ou a necessidade de alimento é saciada com comida, para re-
parar a necessidade de estimulação é necessário, e inclusive imprescindível, que a pessoa seja
tocada e reconhecida pelos outros. Iremos chamar a unidade de contato ou reconhecimento,
como Berne, ‘carícia’, que é definida como ‘qualquer ato que implique o reconhecimento da
presença do outro’ ou, dito de outro modo, é qualquer estímulo social dirigido de um ser
vivo para outro e que reconhece a existência do mesmo”.
Quando o feto se encontra dentro do útero, está em contato íntimo e total com a sua superfí-
cie corporal inteira. Ao nascer, é rompida, de um modo brusco e para sempre, esta profunda
intimidade. A partir daí é o próprio indivíduo que terá que lutar para buscar, da melhor ma-
neira possível, ainda que seja de forma parcial e simbólica, o restabelecimento desse ideal.
Ser abraçados, acariciados, abrigados, alimentados..., encorajados, elogiados. E se isso não for
possível, ao menos ser agredidos ou receber compaixão, já que qualquer dessas ações é uma
forma de reconhecimento para nós, como seres interdependentes de um ambiente social.
É por isso que, tanto biológica como psicológica e socialmente, a fome de estímulos é parale-
la à fome de alimentos. Termos como se nutrir, estar saciado, empanturrar-se, superalimen-
tação, má nutrição..., valem para ambas as esferas e a escolha feita pelo indivíduo vai depen-
der do menu existente e de seus próprios gostos e idiossincrasias.
À medida que a criança cresce, a fome primária de contato físico real se modifica e se conver-
te em fome de reconhecimento. Um sorriso, um sinal de assentimento, uma palavra, um ges-
to..., substituem carícias físicas e servem para que a pessoa se sinta alimentada. Desta manei-
ra, a necessidade original de estímulos vai se transformar em necessidade de reconhecimen-
to; ou dito de outro modo e em termos de análise transacional, em necessidade de carícias.
2º) Mas se isso não acontecer, se a criança não receber as carícias que necessita, irá bus-
cá-las; vai avançar com comportamentos que sejam suscetíveis a prêmio: será obedi-
ente, respeitosa, organizada..., ou de qualquer outra maneira que os pais “gostem”
ou estejam de acordo. Com tais comportamentos irá conseguir carícias positivas, po-
rém estas estarão condicionadas a fazer o que os outros esperam e, portanto, irá
aprender a estar bem apenas quando faz o que os outros querem ou esperam.
4º) Pode, ainda, acontecer que estes comportamentos também fracassem em seu desejo
de satisfazer sua necessidade primária de carícias; é possível, então, que adoeça,
somatizando, assim, sua inquietação interior, ou pode ser que se machuque, ou que
tenha acidentes frequentes...; talvez, deste modo, consiga, ao menos, carícias de
pena ou de rejeição. Irá aprender, assim, a estar mal, porque é dessa maneira que
consegue ser visto ou levado em consideração.
Vai acontecer, também, que estes comportamentos irão se repetindo, porque não se chegou a
isso por acaso, seu desenvolvimento e implantação seguiram algumas leis naturais, a repeti-
ção irá criar um hábito e o resultado vai ser um atrofiamento de uma forma de ser, de estar e
de se conduzir pela vida. Desta maneira, em virtude do tipo de carícias que uma pessoa foi
capaz de conseguir durante a sua infância, vai fixar o procedimento para consegui-las duran-
te toda a sua vida. Sem dúvida irão mudar as situações, as pessoas..., mas a necessidade bási-
ca subjacente e o mecanismo para satisfazê-la serão os mesmos.
Entendemos por “carícia” em A.T., todo “estímulo intencional dirigido de pessoa a pessoa,
que pode ser gestual, escrito, verbal, físico e simbólico, e que tem possibilidade de ser res-
pondido por parte de quem o recebe”.
FÍSICAS: ou de contato: táteis (um beijo, um aperto de mãos, uma palmada). São as mais
potentes.
VERBAIS: mediante a linguagem oral: olá!
ESCRITAS: um cartão postal de lembrança...
GESTUAIS: mediante linguagem não verbal: olhares, gestos, um sorriso, uma inclinação
de cabeça...
O desconto é a resposta oculta, com duplo sentido, a uma carícia (ver As Transações). Pres-
supõe uma desqualificação de quem fez a carícia, da pessoa que a recebeu ou de ambos. O
desconto está presente cada vez que a pessoa não consegue agradecer a carícia. O desconto
lhe permite evitar agradecer.
Acompanha a carícia para anulá-la, eliminando todo o seu significado ou parte dele e trans-
formando-a em uma mensagem de desqualificação. Quando uma pessoa é deixada de lado,
vítima de zombaria, diminuída, humilhada, fisicamente degradada, motivo de riso ou ridicu-
larizada, de alguma forma está sendo tratada como se fosse insignificante; está sendo rebai-
xada. O desconto sempre implica em uma consequente fusão da própria pessoa. É sempre a
porta de entrada a um jogo de manipulação.
Exemplo:
- Carícia: “Está muito boa a comida que você fez”
- Desconto: “Você é que gosta de tudo”
Muitas formas de desconto giram em torno da solução de problemas; estes casos irão acon-
tecer quando:
1. O problema em si não é levado a sério (por exemplo, se uma mãe assiste televisão en-
quanto a criança chora).
4. A pessoa nega sua própria capacidade para resolver o problema (não posso fazê-lo se
calar, além disso, não é minha culpa).
O desconto é um modo de iniciar uma manipulação. O desconto mostra que não me dirijo à
outra pessoa, estou em “triangulação” com ela, sua carícia me fez conectar com um excluído
ao qual estou respondendo, em vez de responder a ela.
De acordo com Steiner (1971), existe uma série de normas parentais irracionais e preconceitu-
osas que impedem uma troca livre e saudável de estímulos sociais construtivos, produzindo
escassez de carícias e obrigando as pessoas a buscá-las de maneira forçada, artificial e com-
plicada. Apesar disso, essas normas são aceitas por numerosas culturas, grupos e organiza-
ções, provocando danos que incluem desde a simples insatisfação, até a infelicidade matri-
monial e familiar, depressões, adições, alcoolismo, obesidade, transtornos psicossomáticos...
Nos primeiros 30 meses de vida, as carícias positivas de contato são as que têm maior força.
As carícias incondicionais são as que têm maior força e vigor em relação à saúde emocional
das pessoas. Sua utilização é válida e oportuna em qualquer contexto social.
O efeito da carícia é independente da intenção, de modo que uma mesma carícia pode ser
percebida como positiva por uma pessoa e como falsa ou negativa por outra, nas mesmas
circunstâncias.
Na administração de carícias deve- se evitar a repetição e a monotonia, uma vez que a carícia
mecânica perde valor (sofre uma dedução ou desqualifica) sozinha, já não mostra reconhe-
cimento pelo outro.
Uma observação sobre a crítica construtiva. Toda crítica é uma carícia negativa. Para restau-
rar a autoestima da pessoa criticada, ela vai precisar receber um mínimo de 4 carícias positi-
vas sinceras, personalizadas e adequadas.
Exercício: Decido
Lendo as leis de abundância de carícias vou decidir como estar mais na abundância.
Vou perguntar a meus três Estados se eu devo aumentar ou diminuir um tipo de carícias.
Coloque três folhas de papel no chão, ou três cadeiras, para seu Estado Pai, seu Estado Adulto e seu
Estado Criança. Seu Estado Adulto vai começar uma negociação com os outros dois estados. Coloque-
se, alternadamente, em cada Estado para perceber seus desejos e necessidades. Até obter um consenso
entre os três.
Às vezes, será necessário introduzir alguém mais, um parente vivo ou um ancestral morto.
A Posição existencial descreve, em uma breve fórmula, como a pessoa se sente em relação ao
seu ser, sua existência, aos outros e à vida em geral. É um sentimento profundo, resultado de
todas as crenças em um dado momento e que, por sua vez, predispõe à pessoa a agir, sentir e
pensar de acordo com esta posição.
Harris e Steiner descrevem 4 tipos, aos que Kertész acrescenta um quinto, o da posição realis-
ta. Descrevo, aqui, estes 5 tipos:
Eu não estou bem - Você não está bem. Posição de desesperança, tendência niilista, pes-
simista.
É experimentada, pela primeira vez, durante a simbiose natural nos primeiros meses de
vida, desde a concepção, já que é uma época durante a qual o bebê ainda não tem a pos-
Eu estou mais ou menos bem - Você está mais ou menos bem. Posição realista.
Seria a posição que acompanha a autonomia, preparada para enfrentar momentos que
irão reativar mandatos, elásticos, crenças do script, já que não é realista imaginar que
conseguimos nos limpar completamente de nossos scripts, com um adulto fortalecido
que irá ajudar a sair do jogo assim que note o mal-estar.
POSIÇÃO EXISTENCIAL
Eu+- / Você+-
O cliente chega à terapia em uma posição existencial deprimida, ele não está bem, mas
confia em alguém que está bem.
Aquele que está em uma posição niilista ou paranoide não vai a consulta, não confia nos
outros.
Com frequência o final da terapia vai ser acompanhado por uma profunda noite escura:
a pessoa liberou suas crenças limitantes, está nua diante da vida e enfrenta uma nova
perspectiva, a vida é imprevisível, sem controle e sem explicações. Pode entrar em uma
posição desesperada, às vezes perigosa. Conectar a pessoa com a vida, com o assenti-
mento a tudo como é, é um pré-requisito para qualquer terapia, que vai permitir evitar o
perigo desse passo.
O passo anterior à cura é, geralmente, a posição paranoide. A pessoa descobre sua força
e, graças a ela, vai dar o passo final para a vida como ela é. Durante um tempo vai desfru-
tar dessa energia de sobrevivência e vai se sentir superior a todos...
Carícias +:
Interações sem objetivo para Conversas sociais, Negativas,
de 5 a 30%. Improvisa-
compartilhar opiniões, pensa- saídas e jogos em Fofocas,
das. de 5 a 30%.
Passatem- mentos ou critérios sobre te- grupo, Atividades diz-que-diz
Abertas. Mas ineficien- P crítico,
pos mas geralmente banais. em grupo, cujo fim e queixas.
tes. C adaptada
Objetivo profundo: sentir ou é divertir-se em
P, A ou C.
comprovar pertencimento. grupo.
Como dados para apoiar o diagnóstico fenomenológico, para saber quanto tempo
gasta em jogos psicológicos, se tem acesso à intimidade e qual é sua economia de ca-
rícias.
Para que o cliente tome consciência de como resolve sua necessidade de estímulos,
reconhecimento e estrutura. Assim, irá se dar conta se gasta muito tempo em jogos,
se está preso pelo script ou não, e isso vai lhe permitir começar a tomar decisões
menores que o afastem do script e o aproximem do adulto e da intimidade.
O isolamento
Quando a pessoa está presa em uma exclusão ou seguindo um morto, sua estruturação do
tempo será a do isolamento. Nem recebe nem dá carícias. Está no Estado Criança ou no Esta-
do Pai crítico, em uma intrincação.
Os rituais
A pessoa está na Criança submissa e só faz o que seu grupo de pertencimento lhe ensinou. A
culpa por ser diferente ou autônoma a impede de ser ela mesma, a impede de ver os outros
como são e a criatividade é proibida. Está totalmente presa pela necessidade de imitar e a
individuação a faria se sentir muito culpada. Com frequência, está presa na dinâmica “Eu
como você” com um antepassado.
Dá e recebe poucas carícias verdadeiras, não se atreve ou não pode ser autêntica.
Os passatempos
A pessoa quer garantir seu pertencimento e toda a sua energia é dirigida a atividades que lhe
fazem se sentir em sintonia com outros, reconhecida por outros iguais, sem outra meta que
não seja a de se sentir reconhecida como uma mais.
Dá e recebe carícias que lhe preenchem no momento, mas que, em seguida, a deixam vazia,
sozinha. Pois não se entrega à intimidade com outra pessoa.
A atividade
Toda a energia da pessoa está na ação a serviço de uma meta. A pessoa está em seu Adulto e
se relaciona com outros adultos. Relaciona-se com eles para, juntos, fazer algo a serviço da
vida.
Para muitas pessoas é a situação na qual mais trocam carícias positivas, pois estas pessoas
não conseguem chegar à intimidade. Com isso, a pessoa continua sentindo solidão, apesar de
sua entrega à atividade.
A intimidade
Para poder se permitir estar com outra pessoa sem agir, sem meta ou condições, apenas por
gostar de estar com ela, precisa tomar seus pais como um casal. Ao integrar a intimidade
entre os pais, vai poder se permitir viver a mesma intimidade. Também precisa ter resolvido
e assumido suas carências e traumas da infância. Assim, pode ver o outro como um igual,
imperfeito e com carências, com quem desfruta do momento presente tal como se apresenta.
O roteiro é a resultante das nossas intrincações e das nossas lealdades. Hellinger descobriu
que o script de vida reflete o pertencimento ao sistema familiar de cada pessoa. Quando se
pede a uma pessoa que invente um conto ou que relate o conto que mais gostava quando era
pequena, nesse conto ela está nos revelando seu script.
O roteiro de vida vai sendo elaborado a partir das primeiras experiências do bebê. A primei-
ra grande necessidade do ser humano é a segurança, o pertencimento. O bebê, com seu amor
incondicional a seus pais, sua necessidade absoluta de ser amado por eles e de pertencer para
sobreviver, vai fazendo suas as carências, as angústias e os medos de seus pais, prometendo
assumi-los ou supri-los.
”Para que meus pais me amem, vou ser forte, trabalhar duro, não vou me queixar, não vou sentir”.
Crescer, se desenvolver, é liberar pouco a pouco esse roteiro. É colocá-lo a serviço da vida.
Ter consciência disso, dar-nos as permissões que vão libertar as obrigações que criamos, de-
cidir ser presentes e autônomos, transforma nosso script “infantil” em uma entrega adulta à
Vida.
Observa-se a simbiose entre duas pessoas quando utilizam um único quadro de referência
entre as duas, ou seja, quando utilizam uma única personalidade entre as duas: uma se faz
de Criança e a outra, de Adulto e Pai. O problema é que, uma vez estabelecida a simbiose, as
pessoas se sentem bem nela, ao mesmo tempo em que essa “comodidade” vai sendo paga
com uma acumulação progressiva de ressentimento de uma contra a outra, até a explosão
final do mais forte dos dois.
A simbiose é natural entre o bebê e sua mãe, e vai desaparecendo conforme aparece a auto-
nomia. A autonomia do bebê, da criança é adquirida graças à construção dos Estados do Eu
Adulto e Pai.
Observamos que a maioria da população permanece toda a sua vida nessa simbiose.
Em geral, o script de vida é a síntese entre mandatos e vínculos (o que fazer com a vida, co-
mo pertencer) do progenitor de sexo oposto, e o impulsor e permissões (e o como agradar o
primeiro) do progenitor de mesmo sexo.
O script de vida
O Script é decidido no Estado Criança antes dos 5-6 anos. É um conjunto de decisões que são
tomadas no Adulto da Criança e, quanto mais precoces são estas decisões, mais perigosas são
para a vida do futuro adulto. Pois quanto mais novo, menos realistas são. O pensamento
mágico do bebê pode decidir algo como: “Irmão morto, para que você volte a viver, eu deci-
do morrer em seu lugar”...
Os pais emitem mensagens inconscientes ao bebê a partir de seu Estado Criança, mensagens
que são percebidas como angústias, que os pais receberam de seus próprios pais e transmi-
tem aos seus filhos como “mandatos”: “Assuma esta angústia por mim”, “Você por mim”.
Estes mandatos vão dirigidos ao Estado Criança do filho/a.
Um pouco mais tarde, os pais socializam seus filhos dizendo-lhes como fazer as coisas, tanto
para sua sobrevivência como para pertencer mais. São mensagens que os pais também rece-
beram dos seus pais e se sentiriam culpados de traí-los. São frases como: “Diga obrigado”
“Não mexa nisso”, “Um menino não chora” etc. Estas permissões e ordens, que vamos cha-
mar “impulsores” ou “contramandatos”, vêm do Estado Pai dos pais, avôs ou professores, e
vão dirigidos ao Estado Pai da criança.
Com todas estas mensagens, os filhos podem se adaptar à realidade de seu sistema familiar e
da sociedade na qual este sistema está imerso.
O roteiro de vida que cada um decide a partir desse momento, vai lhe permitir se sentir em
paz com seu Estado Criança negativo (onde foram guardados todos os mandatos dos pais e
os vínculos com o sistema) e com seu Estado Pai negativo (onde se armazenam as permis-
sões, conselhos e contramandatos dos mais velhos), ou seja, estar sem angústias ou culpa.
Estado Criança negativo igual a angústias, Estado Pai negativo igual à culpa.
O roteiro vai do Estado Adulto contaminado dos pais ao Estado Adulto contaminado do
filho; é a maneira de realizar, ao mesmo tempo, os mandatos e os impulsores para se sentir
seguro, aceito e amado por aqueles que nos dão segurança.
Quando um fato se repete repetidamente ou quando ocorre algo muito dramático, a criança
toma uma decisão para se adaptar e sobreviver com a menor angústia possível.
Depois de um Mandato, o qual é aceito por sua força, o Adulto na Criança da criatura faz
uma generalização, ou seja, cria uma crença, e a partir do seu Pai na Criança toma uma deci-
são coerente com esta crença.
O Pequeno Professor (o Adulto na Criança) escolhe, dentro de sua lógica mágica ou “marci-
ana”, um dos impulsores (contramandatos), como um escudo em frente de um mandato que
decidiu tomar ao pé da letra para sobreviver.
Quanto mais novo se toma a decisão, mais perniciosa ela é, uma vez que o Adulto está me-
nos desenvolvido. Agora, a criatura é quem decide, em função de seus recursos e experiên-
cias anteriores: pode decidir que a mensagem negativa pertence à mãe e é um problema dela,
ou pode desviar a mensagem, como em “Não seja do seu sexo”, adotando as qualidades po-
sitivas do outro sexo, e estando, assim, OK com seu próprio sexo.
O filho coleta, então, os mandatos e contramandatos ou os impulsores de seus pais, suas an-
gústias, suas carências e decide: “Mamãe, eu serei invisível; papai, assim como você, eu não vou
sentir; se não, irei morrer”. E esta decisão vai lhe acompanhar o resto da sua vida, e irá aconte-
cer se quebrar a promessa feita.
Encobrir um mandato por outro mandato, exemplo: “Enquanto não ficar íntimo, está OK
eu desfrutar”.
Com essa decisão dá início a comportamentos coerentes de adaptação, os quais serão o prin-
cípio do Script.
O mandato, geralmente não verbal, vem do Estado Criança do pai e vai para a Criança na
Criança do filho. O Adulto na Criança do filho os seleciona e os armazena em seu Pai na Cri-
ança.
Os mandatos vêm do script de vida do pai ou da mãe, ou seja, de suas próprias intrincações
sistêmicas.
Os pais não se dão conta de que eles mesmos obedecem a essas mensagens, as quais elabora-
ram em suas mentes quando eram muito pequenos. São mensagens que transmitem pelas
suas atitudes, medos, reações impulsivas etc. Não coincidem com o que dizem e, sim, com o
que fazem ou como fazem o que dizem que tem que fazer.
Os mandatos mais nocivos, segundo Steiner, vêm da Criança do progenitor de sexo oposto.
Não exista (o mais difundido e mais nocivo, se instala desde a etapa fetal, quando a mãe
descobre que está grávida sem ter desejado isso, quando o parto é difícil, quando não há
tempo para o bebê, quando agride física ou verbalmente o bebê etc.).
Não cresça:
Não saia de casa.
Não fique sexualmente atraente.
Não consiga:
Não tenha mais sucesso do que eu.
Não seja melhor do que eu.
Não seja importante, não tenha valor (te suporto enquanto você entender que nem você ou
suas necessidades têm importância):
Não peça o que você precisa.
Não pertença:
Você é tão difícil, tão estranho, tão tímido.
Você é tão único, tão diferente
Não, não faça nada (é perigoso se afastar de sua mãe para se arriscar a fazer algo).
Não pense:
Não pense sobre isso.
Só pense no que eu penso.
Não sinta:
Não sinta esta ou aquela emoção.
Não vivencie o que você sente.
Os contramandatos são todas as ordens orais dadas pelos pais que “educam” o filho. Permi-
tem condicionar e adaptar a criança ao seu contexto sócio-histórico. São normas; algumas são
possibilitadoras, outras são nefastas.
Quando o Estado Pai do progenitor se dá conta que transmitiu ao seu filho um Mandato des-
trutivo a partir do seu Estado Criança, lhe manda, então, uma série de mensagens controver-
sas, que tiram sua culpa. Estas mensagens vão do Pai dos pais ao Pai do filho; são uma série
de ordens e definições verbais, sobre o mundo e os outros, geralmente positivas, que leva ao
condicionamento a uma determinada sociedade e permite a adaptação a essa realidade.
Para o filho contramandatos e mandatos estão em contradição, mas podem ser combinados
porque estão dirigidos a estados do Eu diferentes.
Lembrando que: assim que se deixa de respeitar o contramandato, aparece o mandato com
sua angústia associada.
A pessoa, em seu script, passa a vida oscilando entre satisfazer seu Pai (contramandato) ou
sua Criança (mandato), independente de com quem esteja e da decisão que tenha que tomar;
sempre irá sentir que sua vida é frustrante.
Dentre eles, cinco são prejudiciais quando são muito repetitivos e levados ao pé da letra. Os
mais frequentes são:
Seja perfeito.
Seja forte.
Se apresse.
Me agrade.
Se esforce.
Os contramandatos nos remetem à consciência moral, vigente na família. Servem para refor-
çar o pertencimento.
Segundo os autores há várias classificações dos scripts. A classificação mais interessante po-
de ser a seguinte:
- Te amo, com a condição de que você não desfrute, de que atenda só as minhas necessidades, não as suas, de
que não confie em ninguém, de que não fique íntimo de ninguém.
Seja forte
- NUNCA posso conseguir o que mais desejo (nunca dá o passo para conseguir ou se aproximar do
que deseja).
- Não seja melhor que eu em nada, não triunfe em suas metas, assim irá me demonstrar seu amor e eu vou te
amar também em troca.
Se esforce - Não se preocupe, só vou tentar, não me proponho a conseguir, já que SEMPRE fracasso.
Por que me acontece SEMPRE o mesmo?
Por mais que me esforce, SEMPRE fracasso.
- Pense em mim, não atenda às suas necessidades, trabalhe duro para mim. Não consiga, para não me fazer me
Me agrade +
sentir mal.
Se esforce
- Desta vez, QUASE consigo.
Me agrade + - Diante do sucesso conseguido diz: não é isso, não é exatamente o que eu tinha que propor, ES-
Se esforce TOU QUASE, tem que ser um pouco mais alto.
Me agrade + - Te aceito como OK enquanto agrada alguém e faz tudo perfeito para essa pessoa.
Seja perfeito - Depois de..., NÃO SABEREI COMO PROSSEGUIR.
A herança
Faça uma lista de 10 características de seu pai, de sua mãe e de alguma outra pessoa influente de sua
infância.
1 1 1
2 2 2
3 3 3
4 4 4
5 5 5
6 6 6
7 7 7
8 8 8
9 9 9
10 10 10
Uma permissão é uma mensagem liberadora do “script” positivo, que vem do Estado Pai
Nutritivo positivo dos pais e vai ao Estado Criança do filho. É o antídoto do mandato.
A própria pessoa se dá permissões desta maneira: seu Estado Pai Nutritivo positivo se dirige
à Criança Livre, a Criança Adaptada Submissa+ ou à Criança Adaptada Rebelde+, para que
se permitam viver e se expressar...
São mensagens como: Seja você mesmo, Seja como você é, Se agrade, Seja aberto e expresse suas
necessidades, Faça, Tome seu tempo...
Na terapia, aonde alguém chega com um Eu-, é exatamente o que vem buscar o cliente: a
permissão de mudar para Eu+, até que ele próprio consiga se dar esta permissão.
Qualquer ato, dirigido por um mandato ou um impulsor, reforça o script e reforça a possibi-
lidade de tomar novas decisões sujeitas ao script.
É bom existir
É bom ser você mesmo
É bom fazer
É bom ser humano
É bom amar a si mesmo
É bom crescer
É bom pensar
É bom decidir
É bom amar os outros
É bom mudar
É bom ser diferente dos outros
É bom tomar o seu tempo
É bom ser solidário
2. Diga em voz alta a sua permissão, modificando a voz e a postura em cada afirmação:
Adequadas ao aqui e agora, as emoções servem de radar para a ação sobre o entorno. Elas
nos avisam de uma mudança e nos adaptam ao que acaba de acontecer. São essas as emoções
que permitem agir, mudar, ser criativo com a própria vida; cada vez que as vivemos, cres-
cemos.
O AMOR E A DOR são as primeiras emoções, as mais profundas. O amor é a emoção que
está por trás de todas as outras. Ou seja, todas as demais emoções são produzidas pelo amor
ferido.
As emoções primárias são várias. As básicas são: amor, alegria, dor, tristeza, medo, raiva.
Depois, são combinadas em um sem-fim de matizes. As investigações reconhecem ao redor
de 4000 emoções primárias, cada uma se localizando em um lugar específico do corpo.
O MEDO avisa de um perigo, permite identificar esse perigo e tomar precauções, e dura en-
quanto existe o perigo.
É a emoção primária mais longa. Um luto “primário” é muito doloroso de viver. A pessoa
coloca toda a sua energia na despedida do falecido, se entregando ao desgarre, e isso pode
Se a tristeza dura mais, já não é primária e, portanto, é improdutiva. No nível sistêmico, pro-
vavelmente a pessoa está olhando para outro morto, fato que a impede ver aquele que acaba
de ir.
O AMOR é a abertura total para o outro, que nos permite ter relações autênticas.
Viver uma emoção primária provoca um crescimento na pessoa, ou nas duas pessoas que
estão se relacionando.
Toda emoção primária bloqueada, reprimida, tem consequências. Esta repressão sempre sig-
nifica um “Não à vida como é”, “Não a alguém como é”.
Meta-emoções
Termo criado por Bert Hellinger, outros falam de Estados Essenciais, para designar
sentimentos dirigidos a um sistema maior que o entorno próximo.
São sempre sentimentos primários, muito profundos e sem demonstração emocional. Nós os
reconhecemos pela sua amplitude em nosso corpo. Podem ser: Amor, Esperança, Coragem,
Confiança, Paz, Alegria, Bem-estar, Força, Agressividade etc.
Podemos vivê-las cada vez que nos abrimos a um entorno maior. Podem se transformar em
atitudes de fundo. Penetram em cada uma de nossas células e são a maior fonte de cura.
As emoções que vivemos de um modo repetitivo nos fazem pertencer ao campo mórfico cor-
respondente; por isso, vamos nos repetir de um modo instintivo, criando as condições para
poder continuar vivendo essas emoções.
O elástico
É produzido quando algo (características físicas, gestos, expressões, cheiros, situações etc.)
do presente desperta uma ferida mal curada do passado, provocando reações desproporcio-
nais no presente.
O elástico acontece, por um lado, para tentar fechar esta ferida e, por outro, porque nos ajuda
a nos adaptarmos, embora essa adaptação tenha deixado de ser produtiva na nossa vida atu-
al. Por exemplo: uma criança que, quando era pequena, se perdeu e achou que seus pais a
haviam abandonado, e este medo está sem fechar, sentirá pânico e sentimento de abandono
cada vez que estiver em um lugar desconhecido ou se sentir sozinha. O pânico de hoje lhe
serve, ao mesmo tempo para tentar fechar aquilo que, no passado, não foi fechado, e ao
mesmo tempo para se adaptar hoje, para se proteger melhor de um possível novo abandono.
As emoções elásticas só são solucionadas com a regressão à ferida do passado que permite o
reconhecimento da emoção reprimida e a liberação dessa dor bloqueada.
Aconselha-se fazer a constelação do trauma, mesmo que não se recorde de que se trata. Po-
de-se utilizar simplesmente 2 representantes: um para a pessoa, outro para o trauma. E é
aconselhável repetir esta constelação até que se note a transformação completa da pessoa e
do trauma.
Uma emoção secundária é uma emoção, permitida, que substitui outra, proibida (por exem-
plo, para as meninas, a tristeza costuma ser permitida, mas a raiva não), ou demasiado peri-
Uma emoção clandestina é uma emoção secundária parasita que substitui uma emoção pri-
mária não permitida pelo script (pelos pais ou pelas decisões inconscientes que a pessoa to-
mou quando era pequena).
Dentro da visão da Análise Transacional, a emoção clandestina é disparada nas situações que
engancham com uma atitude arcaica da Criança Submissa Adaptada, impedindo de resolver
a situação, mas conseguindo carícias a partir dos impulsores, confirmando a posição existen-
cial, estruturando o tempo a partir da manipulação, sem entrar na intimidade, ou compen-
sando a ausência da relação de intimidade – evitando a emoção “perigosa”, “colecionando
pontos” seguindo e reforçando o script.
As emoções secundárias ou clandestinas surgem para influir sobre o ambiente, para agradar,
para conseguir mais amor ou para se proteger de uma emoção “perigosa”.
Cada vez que a pessoa se sente mal vai utilizar esta emoção em vez de se permitir a emoção
adequada. Portanto, ao não utilizar a emoção adaptada à situação, a pessoa não vai conse-
guir modificar o mal-estar, irá se sentir pior e continuar usando a emoção parasita.
Não se pode trabalhar com uma emoção secundária. Deve-se buscar a maneira de fazer apa-
recer a emoção oculta ou por que tem essa emoção clandestina.
Choro, “falsa” tristeza, “falsa” ira, “falsa” alegria, culpa, desesperança, angústia, confu-
são.
A coleção de pontos: Cada vez que reprimo a resposta primária adequada, internamente eu
a guardo para o meu interlocutor, “ganho pontos em um cartão de prêmios” e, quando eu
explodir, irei cobrar o prêmio: vou poder escolher um prêmio pequeno, me vingando, ou
escolher o prêmio máximo, me separando.
O ponto, ou cupom, é uma emoção não expressa que se guarda como um acúmulo de rancor,
“não me comprou nada no meu aniversário, tudo bem, não se preocupe que não vou esque-
cer…”. O cupom é armazenado, mais ou menos conscientemente, até que a coleção esteja
completa, ou o copo cheio, e então é uma explosão, negativa para todos, às vezes catastrófica,
como o pedido de divórcio.
A somatização
Ao não ser a emoção adequada, a pessoa sente confusão interna, sente, sem saber por que,
que não consegue o que deseja ou precisa, se sente frustrada e incompreendida, OU/E DE-
SENVOLVE PATOLOGIAS SOMÁTICAS. Efetivamente, seu corpo toma o relevo de seu psi-
quismo incapaz de identificar a verdadeira emoção, e o sintoma será a tentativa de resolver a
situação anômala com os meios que o cérebro tem a seu alcance.
Há somatização quando a pessoa não tem bastante energia para expressar um sentimento de
não-amor (ira, rejeição, negação etc.) e este sentimento se funde com outro (vergonha, medo,
tristeza etc...) e se volta contra a pessoa, primeiro na forma de culpa, ressentimento, amargu-
ra, desespero etc., e depois, ou ao mesmo tempo, é somatizado.
As emoções compostas
São emoções improdutivas porque, ao estarem misturadas, a pessoa não tem consciência do
que realmente sente. O primeiro passo é tomar consciência das diferentes emoções que
possui e, em seguida, tratar cada uma.
- Os ciúmes: medo ou tristeza e raiva.
- A inveja: tristeza e medo.
- A culpa: ressentimento, raiva e medo.
- O ressentimento: raiva e rejeição ao outro, a pessoa quer continuar sendo a vitima
do outro.
- O ódio: raiva e medo.
- A vergonha: desejo e medo.
Reenquadramento sistêmico
Diante das próximas emoções compostas pode fazer as seguintes perguntas à pessoa ou a si
mesmo:
Rancor: não quero receber desta pessoa. Tomá-la tal como é.
A qual de seus pais se nega a tomar tal como é?
As emoções adotadas
São as que adotamos de um de nossos pais ou de uma pessoa excluída, de nossa família, com
a qual inconscientemente nos identificamos, para compensar seu sofrimento, por amor. (Fe-
nômeno da dupla transferência: uma emoção nociva que ia de um ancestral a outro ancestral,
vai ser reproduzida na vida da pessoa, há transferência de quem sente a emoção e transfe-
rência de quem a recebe). Ou um ancestral nos disse: “Você por mim” ou “Você como eu”, ou
desde bebê, ao ter uma intrincação com essa pessoa, nós dissemos a ela, inconscientemente:
“Eu por você” ou “Eu como você”.
A pessoa vive com a mesma intensidade e dor as emoções produtivas e improdutivas, pri-
márias, secundárias ou adotadas.
Devem ser tratadas com o mesmo respeito, e nunca dizer à pessoa que uma de suas emoções
não é válida.
As emoções secundárias são PROTEÇÕES, porque, por alguma razão, a emoção primária foi
vivida como proibida, terrível.
São mantidas por imagens e lembranças que cultivamos. Costumam ser vividas com os olhos
fechados, para não enfrentarmos a realidade e poder continuar com a nossa ilusão.
O que ajuda a pessoa é saber que, por trás de sua emoção, há outra, que sua emoção a prote-
ge de outra que a assustou muito quando era pequena, embora fosse totalmente legítima.
O tratamento mais rápido não é eliminar as emoções clandestinas e, sim, expressar direta-
mente os sentimentos autênticos subjacentes às emoções clandestinas; expressar de um modo
neutro e a partir do coração, para não voltar a traumatizar a pessoa. Consequentemente, co-
nhecendo o emociograma dos sentimentos autênticos e das emoções clandestinas substitutas
de uma pessoa doente, o tratamento irá se concentrar em que ela experimente, manifeste e
aja, quando for oportuno, suas emoções primárias, em vez de só eliminar “emoções clandes-
tinas”.
Os emociogramas
Pamela Levin (1973) imaginou o emociograma para descobrir quais emoções vivemos com
mais frequência e quais não.
Neste emociograma avaliamos quantas vezes costumamos viver cada emoção. Se uma das
cinco primeiras não existir, estaremos diante de uma emoção primária reprimida; e se qual-
quer uma for vivida muito mais que todas as outras, é que se transformou em secundária, e
vamos poder nos dar conta da emoção que está encobrindo.
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ALEGRIA AMOR MEDO TRISTEZA IRA Culpa Ciúmes Inveja Rancor Amargura Desgosto Timidez etc.
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ALEGRIA AMOR MEDO TRISTEZA IRA Culpa Ciúmes Inveja Rancor Amargura Desgosto Timidez etc.
Os Jogos Psicológicos da A.T. têm algumas semelhanças com outros muitos jogos, daí seu
nome:
Uma transação que é definida como Jogo, costuma produzir uma troca de palavras e ações
entre duas ou mais pessoas, e se caracteriza por:
Berne apresentou o processo de um Jogo através de uma fórmula, já que nos jogos existe
uma sistêmica que sempre (ou quase sempre) se cumpre.
1. Isca: é uma ação inconsciente e é a transação Ulterior que serve de “estímulo” para o
outro jogador, para ver se ele “morde”.
2. Fraqueza: é o ponto fraco do interlocutor (sem Adulto).
3. Resposta / gancho: o segundo participante (o que tem a “fraqueza”) responde à Isca
e, assim, entra de cheio no Jogo.
4. Mudança: o primeiro jogador, o que tinha lançado a Isca, muda repentinamente de
estado do Eu, o qual leva a surpresa e a confusão do Eu para o segundo jogador, que
também muda de estado do Eu.
5. Resultado: os dois jogadores se sentem mal, mas, ao mesmo tempo, obtêm um “Be-
neficio Negativo”, uma vez que se confirma algum aspecto negativo do seu Script
de Vida.
Em todos os Jogos, os participantes adotam um destes três papéis básicos: Perseguidor, Sal-
vador ou Vítima. Estes nomes são iniciados com maiúscula para diferenciá-los dos papéis
reais que cabem a muitas pessoas “viver” na vida; e não são a interpretação de um papel,
mas, sim, vivências autênticas. Existem pessoas que são realmente vítimas de outras. Por
exemplo, isto pode ocorrer em casos como a política, a discriminação no trabalho etc. Nestes
casos, são vítimas reais.
Estes três papéis foram descritos, primeiramente, por Berne. Posteriormente, S. Karpman os
diagramou em um triângulo que leva o seu nome.
Tanto os papéis como a “fórmula” dos Jogos descobertos por Berne são ferramentas extraor-
dinárias para detectar os Jogos e, posteriormente, estudá-los e eliminá-los.
Os Perseguidores:
Criticam e desvalorizam os outros.
Precisam ter razão.
Precisam que os temam, às vezes para dissimular seus complexos de inferiori-
dade.
Às vezes, se fazem passar por vítimas e, com isso, conseguem fazer os outros se
sentirem mal e culpados, que é quando se convertem em Perseguidores.
Os Salvadores:
Oferecem uma falsa ajuda a fim de conseguir uma dependência dos outros
através desta “ajuda” (às vezes, se vê nos pais, professores e chefes).
Não ajudam outros, no fundo lhes desagrada ajudar.
Esforçam-se por manter o papel da Vítima, para que possam continuar sendo
Salvador. Em algumas ocasiões, podem criar vítimas para depois “salvá-las”.
Precisam que precisem deles.
TRIÂNGULO DE KARPMAN
Existem muitos Jogos que poderíamos chamar de “uso comum”, uma vez que são praticados
e utilizados em muitas ocasiões, por muitas pessoas. Esta fácil identificação permitiu “batizá-
los”, facilitando, assim, sua identificação.
Exemplo onde Maria (filha) compete com sua mãe, passando a “interpretar” dois Papéis.
A paella de minha mãe fica sempre melhor que a minha (Vítima). Mas os meus bolos
ficam muito melhores (Perseguidora).
Perna de pau:
O(A) Jogador(a) se coloca em uma posição de inferioridade em relação ao outro ou outros. A
mensagem subjacente é: “O que se pode esperar de alguém com um perna de pau?”. “Sou
pequeno(a). Nunca estou bem, me dói a cabeça, o estômago, as costas etc. Não sei fazer isso.
Eu sou muito desajeitado(a). Isso é coisa de homens, mulheres etc.”. Este jogo é “praticado”
frequentemente por donas de casa.
A pessoa, às vezes, alega carências reais ou imaginárias, a fim de obter algo mais dos outros,
ou para esquivar-se de suas responsabilidades. Em muitas ocasiões, a partir de sua posição
de Vítima, o que consegue muito sutilmente é que os outros se sintam mal, se convertendo,
por isso, em um(a) Perseguidor(a).
Sim, mas…:
Pilar entra na farmácia do seu bairro:
- Olá, Manuel, você poderia me dar algo que me ajude a perder peso, sem muito esforço?
- Claro –responde Manuel– acabamos de receber alguns envelopes de fibra que se dissolvem na água e
ajudam a eliminar a sensação de fome.
- Ai, não, em envelopes não, por favor, é que tudo que é embalado em envelopes me dá muito... bem...
um certo nojo...
- Pois você tem sorte, porque também temos em cápsulas…
- Sim... mas que não sejam muito grandes porque você já sabe que tenho dificuldades para engolir...
Manuel pode oferecer uma infinidade de produtos. Pilar vai continuar com o ”sim, mas...”
tantas vezes quanto ele lhe ofereça algo. No final, vai dizer: “Que má sorte a minha, não tem
nada para mim… sou uma pobre vítima, ninguém é capaz de me atender, tampouco você”.
Pilar busca um salvador para demonstrar a ele que seu caso é irremediável, que os outros são
incompetentes com ela. Por isso, seu “mas” é uma crítica oculta.
Com o “sim, mas” a pessoa não busca ajuda, quer agredir a alguém a partir da Vítima.
Estes Jogos, como a maioria dos Jogos, foram aprendidos na infância, e é o Pequeno Profes-
sor quem, a partir dessa etapa, se dedica a procurar “Jogadores(a)” para ir confirmando os
diferentes (ou alguns) mandatos que configuram o Script de vida.
Quanto aos Jogos de Poder que praticam os pais, são praticados de forma constante e genera-
lizada; é necessário, apenas, escutar e observar pais e mães nos mais diversos lugares: na rua,
no parque quando brincam (as crianças), nas lojas, nos bares, restaurantes etc.
Jesus (cinco anos) sai do colégio. Dá um beijo em sua mãe e, enquanto ela caminha con-
versando com as mães de seus amiguinhos, Jesus se entretém ao compartilhar um saco
de “guloseimas” com seu grupo. Pouco tempo depois, a mãe de Jesus para e comprova
que seu filho não a segue. “Jesus!”, grita, mas Jesus não responde, uma vez que sua mãe
se afastou o suficiente para que ele não a escute. A mãe volta um pouco assustada, com
medo de que ele tenha se perdido. Ela encontra o filho atrás de alguns arbustos, com
seus amigos, comendo todos os caramelos.
- Jesus, que susto! (Vítima). Assim que me descuido, você desaparece! Venha aqui agora! (Perse-
guidora).
Jesus (Vítima) sai correndo em direção à sua mãe e, quando já está perto dela, escorrega e
cai imprudentemente na rua por onde circulam os carros.
A mãe leva um grande susto. (Vítima)
Jesus conseguiu parar antes de chegar à área de tráfego e sua mãe corre e o toma em
seus braços (Salvadora).
- Que aborrecimento você me deu! Meu pobrezinho! Veja, se você estivesse ao meu lado, não teria
passado por isso! Não sei o que vou fazer! Não se pode ir com você a nenhum lugar! (Persegui-
dora).
Mensagem não verbal: “Você está pensando o que, moleque, fazendo isso comigo, que sou sua
mãe. Como eu sofri por você!” (Perseguidora).
Jesus fica olhando impotente (Vítima). Que posso fazer? Ela tem o poder.
Estamos diante de um Jogo de Poder. Este Jogo não terminou tão mau, possivelmente não
terminou, já que o menino ou a mãe em outro momento irão jogar outra isca. A mãe irá se
confirmar (possivelmente): “Como os filhos fazem sofrer, que paciência eu devo ter e ninguém me
agradece...” e a criança… Como irá internalizando essas situações? Que decisões ela vai incor-
porar no seu Script de Vida? Poderia ser: “Se você quer que te amem, primeiro você deve irritar”.
Quem sabe quando for adulto, para que sua esposa o “ame”, primeiro “conseguir” que ela se
irrite e depois, na reconciliação, vem o bom.
O jogo tem uma função de equilíbrio, estabilização, manutenção na trama do script, ou seja,
no drama.
1. RECEBER CARÍCIAS (uma Carícia é uma unidade de reconhecimento, verbal, física etc.)
A falta de carícias positivas, os Jogos proporcionam uma grande quantidade de carícias
negativas de alta intensidade e, também, bastante seguras; isto é, os jogadores sabem
que, muito provavelmente, o Plano de Jogo irá ser cumprido até chegar ao final previsto.
2. ESTRUTURAR O TEMPO
Jogar Jogos leva muito tempo e proporciona a sensação de “estar em ação”. Em muitos
casamentos, a maior parte da relação do casal é baseada em Jogos.
Não costuma haver sinais comportamentais desta desqualificação, salvo no desconto das
carícias, por isso é difícil de detectar. (Na PNL, são reconhecidas por distorções do Meta-
modelo: uso de “sempre”, “nunca”, “todos”, nominalizações, comparações de um único ter-
No nível sistêmico, a desqualificação mostra ausência de pai, ou não ter tomado o pai.
Violência: agitação em grau máximo e, além disso, uma posição existencial de pro-
jeção “Eu estou bem, Você está mal”. Entre dois alunos, um enche o saco do outro,
até que o outro o insulta, e o primeiro lhe dá um soco por ter sido insultado, é o final
de um jogo, no qual a violência permite não enfrentar a rejeição, o desprezo do ou-
tro, a posição Eu- / Você+. Desqualificação do problema, nível existêncial.
Meu colega de trabalho acaba de fazer um comentário que me parece horrível, em vez
de dizer isso a ele, pedir uma explicação, ou comentar que me sinto mal e o porquê, o
que facilitaria muito a relação de trabalho, começo a dizer a mim mesmo (preconceito,
grandiosidade): “Como sempre, se a ideia não é sua, você tem que menosprezar, sua mulher que
o aguente...”.
Da minha Criança Adaptada Submissa- ao Pai Crítico-, a generalização que faço me impede
de passar ao adulto e resolver o problema, me permite não me dar conta que minha Criança
Adaptada Submissa- aqui não pertence à situação objetiva presente, mas vem do meu passa-
do; e, assim, novamente eu confirmo meu argumento no que diz respeito aos homens, ao
parceiro, à intimidade etc.
E reajo – e isso é a super adaptação –; como se não tivesse acontecido nada, sem querer res-
ponder, remoendo meu rancor, tentando fazer o que ele me sugere, com uma imensa irrita-
ção, pois não sei por que tenho que fazê-lo e, assim, minha irritação vai crescendo, meu des-
prezo por mim mesmo(a) também, e estou ali, na super adaptação para manter uma simbiose
na qual o jogo é ele Perseguidor, eu Vítima, que é reforçada por uma simbiose de segunda
ordem, eu estou no Pai, na Criança- , e o outro na Criança, na Criança-.
Primeiro passo: dar-se conta daquilo que nos acontece muitas vezes, daquilo que se repete.
Com quem tenho problemas habitualmente? Como tudo começa? Que papel jogo dentro do
Triângulo Dramático?
Entender que um jogo geralmente é uma forma inadequada de pedir afeto. Para que prestem
atenção em nós. Em vez de pedir diretamente atenção ou afeto, se faz um jogo com o qual se
consegue afeto e atenção, mas de forma negativa e “falsa”.
Para descobrir se estou praticando algum Jogo, mesmo que seja de “baixa intensidade”:
A Autonomia é:
Estar no aqui e agora, com força e fluidez entre os três estados do Eu.
Nas interações, é ter a habilidade para não entrar em jogos, para me manter afasta-
do, e alerta, do que foi ou é o meu script.
Estar conectado ao Amor e à Vida (sim a tudo, a todos e a mim como sou), com for-
ça, confiança e alegria, se sentir responsável pela sua vida e estar na ação.
Estar no Adulto, consciente das necessidades presentes do seu Pai e da sua Criança.
O Adulto aceita que tudo ocorre no presente e se desprende constantemente do que
vai se transformando em passado.
Estar no Adulto vivendo a relação com os outros a partir das emoções primárias e o
respeito ao equilíbrio no dar e receber. Vive essa relação a partir da intimidade, com
a consciência dos descontos e outros sinais que o avisam da aproximação a um jogo
psicológico.