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CURSO BÁSICO

- APOSTILA IV –
Por Sofia Bauer
CURSO BÁSICO DE HIPNOTERAPIA

APOSTILA IV

REGRESSÃO E METÁFORAS

REGRESSÃO

1. a) Recalque
2. b) Trauma/crença limitante
3. c) Conceito
4. d) Como levar a pessoa à regressão - emoção
5. e) Técnicas:

1. Referências/Alusões
2. Eu grande / Eu pequeno
3. Túnel
4. Contagem Regressiva
5. Álbum de fotografias
6. Linha do tempo
7. Datas significativas
8. Emoção/sensação (Gilligan)

a) RECALCAMENTO OU RECALQUE

Histórico

O termo alemão para recalcamento ou recalque, “Verdrängung” foi usado pela primeira
vez pelo filósofo e pedagogo alemão Johann Friedrich Herbart (Oldenburg, 1776 - Göttingen,
1841), aluno de Pestalozzi, e Freud veio a tomar conhecimento de sua obra através de Meynert.

Definição

“Operação pela qual o indivíduo procura repelir ou manter no inconsciente


representações (pensamentos, imagens, recordações) ligadas a uma pulsão”.
O recalcamento, também chamado por alguns autores de repressão, porém se
diferenciando do mecanismo de defesa de mesmo nome, consta de um esquecimento de fatos,
situações, idéias, emoções, pensamentos, desejos, fantasias e necessidades, e a sua evidência
está nos lapsos mentais ou atos falhos (parapraxias).

O que distingue o recalcamento (repressão) da repressão (supressão) é o fato de que


este funciona desde os primeiros anos de vida, sendo involuntário e automático, é tido como uma
modalidade especial de repressão, e nem sempre tem caráter patológico, pois, em grau
moderado, auxilia o ajuste diário da personalidade.

Existem dois tipos básicos de recalcamento:

Recalcamento originário, primal ou primário - formado por barreiras inatas


responsáveis pela manutenção no inconsciente de grande parte do conteúdo do Id.

Recalcamento posterior, secundário ou recalcamento propriamente dito - formado


por material que já foi consciente e que não pode ser mantido como tal.

O recalcamento é, às vezes, considerado por Freud como um mecanismo de defesa, ou


então como um “destino da pulsão”, e toma parte em outros mecanismos, como a sublimação, a
substituição ou formação substitutiva e a racionalização. É precursor de outros mecanismos,
atuando como mecanismo de fuga, funcionando pela exclusão da consciência de idéias e
desejos ansiogênicos, e é fundamental também na formação dos sintomas neuróticos.

Como mecanismo de defesa do ego, é uma negação.

b) TRAUMA E CRENÇA LIMITANTE

Todos sabemos que existem quatro sentimentos básicos: amor, raiva, medo e tristeza.
Também sabemos que os afetos em desequilíbrio se derivam de trauma. E, por trauma
entendemos que houve alguma situação em que a criança ou o indivíduo não suportou, ficando
com o sentimento negativo, bloqueado, e ligado a uma lembrança primária do evento. Assim,
gerando a seguir um encadenciamento, como um espiral de eventos futuros que passam pelo
mesmo sentimento negativo, reforçando-o seguidamente.
Em psicanálise recalcamento e retorno do recalcado, são os nomes dados a este afeto
vinculado a uma cena traumatizante. São marcas que, ao pisarmos num ponto comum,
reforçamos.

Dessa maneira, como em toda neurose, o corpo vem falar das emoções não ditas e/ou
evitadas. Os problemas sexuais são exemplos de uma linguagem que vai nos dizer sempre algo
mais sobre as relações dos seres humanos. Devemos observar nos clientes que nos procuram,
sua história passada e seus relacionamentos.

Os ganhos secundários, as crenças limitantes, as relações sistêmicas, são categorias


importantes na avaliação destes pacientes. Também devemos procurar observar os
relacionamentos atuais da pessoa. Se uma pessoa não gosta do outro, provavelmente ela terá
também problemas sexuais com essa pessoa.

Podemos observar que todos os seres humanos têm suas marcas afetivas. Cenas
infantis, às vezes traumas que afetam nossas vidas, relacionamentos, sucesso, trabalho e tudo
o mais.

Dra. Teresa Robles chama de pegadas as marcas que fazemos ao repisarmos uma
mesma emoção por diversas vezes. Pode acontecer, por exemplo, quando uma pequena
garotinha ficou chorando no berço enquanto a mãe estava dando risadas com o pai no outro
quarto. Essa criança então, pela primeira vez, ou uma das primeiras vezes, sentiu: minha mãe
não gosta de mim, não sou amada o suficiente. Aquilo marca como uma pegada.

Mais tarde, por volta dos 4 anos, ela é esquecida na escolinha. O pneu do carro da mãe
fura, não é culpa da mãe, que também está triste e desesperada. Mas a menina pensa e sente
de novo: minha mãe não gosta de mim, não sou amada. Mais uma vez marca a pegada,
reforçando e seqüestrando sentimentos, seqüestrando toda a energia da criança.

A história continua. A menina, aos 7 anos, não é escolhida pela professora para alguma
atividade importante. Vem o mesmo sofrimento. Depois, aos 15 anos, o namorado atrasa para
vê-la. Ela sente o mesmo: ele não me ama. E fica brava com ele. Perde o namorado.

Mais tarde, problemas com o chefe: ele não gosta de mim. Mais à frente, aos 30 anos,
sem namorado e sentindo-se mal-amada por todos.
Este é um exemplo do que chamamos crença limitante, onde o recalcamento faz a
repetição do mesmo afeto em várias situações. É como se a pessoa atraísse para si, como um
imã, tudo de negativo que contribui para a afirmação da crença limitante de que ela não é amada.

Vemos que em todas as psicopatologias isso acontece, inclusive nas psicopatologias


sexuais. Portanto, devemos procurar lá atrás, na história de vida pessoal, quais foram as
situações traumáticas que fizeram essa pessoa hoje sofrer de algum mal sexual.

Os exemplos que podemos citar: no caso da impotência, quando este homem se sente
impotente frente à vida? No caso da ejaculação precoce, aqui ele está vetado aproveitar
sossegadamente. No caso do vaginismo, da anorgasmia, o que também está proibindo de se
sentir.

Com essa explicação já ficou claro que precisamos tratar do sintoma, mas também
precisamos regredir esta pessoa até as bases dos seus sentimentos negativos. Pela hipnose
temos condição de fazermos regressão e também de mudar os sintomas, mudando o padrão da
sintomatologia. Devemos usar das duas possibilidades.

Erickson sabia como lidar nesses casos. Por vezes, dava tarefas ou sugestões pós-
hipnóticas que mudavam o padrão do sintoma, re-significava a crença limitante, e em alguns
casos utilizava a regressão como ajuda terapêutica.

No nosso caso, como psicoterapeutas, devemos, além de mexer no sintoma como


Erickson fazia, fazer regressão, buscar os primórdios dos problemas que geraram essas crenças
limitantes, poder entender qual a metáfora do sintoma também. Erickson tinha um jeito especial
e, assim, ao dar tarefa ou a sugestão pós-hipnótica, ele já estava re-significando o essencial.

Às vezes nós não somos tão habilidosos como Erickson, por isso é mais cauteloso que
pratiquemos inclusive a regressão via de regra. Com técnicas hipnóticas podemos ir à origem
dos traumas, re-significar afetos, situações, atitudes, crenças limitantes.

Técnicas utilizadas: regressão do self, os sete passos de Gilligan, EMDR, revisando o


passado para criar o futuro. Limpar as pendências, as raivas, cicatrização das feridas.

c) CONCEITO

A regressão é uma forma simbólica e emocional de reviver, ou relembrar o passado.


Regressão - Revivência

Algumas pessoas regridem através da emoção e sentem “como se” fosse aquele tempo;
mesmo tendo consciência do tempo aqui e agora. Ocorre uma dissociação, duas partes de uma
mesma pessoa.

Regressão - Lembrando

Algumas pessoas regridem apenas lembrando do picolé de groselha, das férias na


fazenda, etc. Há mais consciência do momento presente, mas a regressão também está
presente. Ocorre também a dissociação, um pouco mais cognitiva.

Regressão é uma das formas de estar hipnotizado. Mas nem todo transe hipnótico é
regressão.

Regressão - Religião

Sempre tomar cuidados com os preconceitos religiosos. As pessoas que acreditam em


reencarnação têm facilidade para regredir a outras vidas.

d) Como levar a pessoa à regressão

A regressão acontece através da EMOÇÃO.

Sabemos que a emoção está ligada ao recalcamento e às lembranças que machucaram.


Assim, é possível levar todas as pessoas a regredirem em lembranças e ou vivências, fazendo-
as relatar e “ficar”, por alguns instantes, com a emoção dolorosa. À medida que relatam vai vindo
a SENSAÇÃO FÍSICA, e a “memória dependente de estado de estresse” que traz à tona a
lembrança traumatizante diretamente!

Neste ponto, basta perguntar quando já sentiu isto pela primeira vez. A pessoa vai relatar
um fato traumatizante.

Veja técnicas a seguir:

e) TÉCNICAS DE REGRESSÃO DE IDADE

Usos clínicos da Regressão de Idade:


- Baixa auto-estima;
- Trauma;
- Fobia;
- Pânico (na síndrome do pânico nem sempre é necessária);
- Ansiedade;
- Depressão .

1. Linha do tempo pessoal – Baseada na técnica de “Historiodrama”de Rosa Cukier.

a) indução com percepção corporal, sensação de conforto e/ou relaxamento;

b) contar história pessoal (cliente) de forma especial, detalhada;

c) escolher local na sala que represente o momento do nascimento (ou entregar uma folha de
papel e pedir para ele indicar um ponto que represente este momento);

d) escolher local que represente o momento de sua morte (idem, no papel);

e) pedir-lhe para caminhar lentamente, desde o ponto do nascimento até a morte, parando nos
momentos mais significativos no papel, traçar uma linha com o mesmo objetivo, realçando os
sentimentos e emoções.

2. Salpicamento – Milton H. Erickson

Fazer uma indução onde se vão salpicando pequenas lembranças genéricas da infância
(possíveis situações vivenciadas, usando-se a probabilidade: “Eu não sei se...”), pontuando-se
datas específicas, de maneira regressiva, até atingir a idade entre os 4 e os 6 anos, ou até menos,
de acordo com o que for necessário trabalhar.

3. Orientar e selecionar associações – Milton H. Erickson

Se você deseja que seu cliente fale sobre um fato do passado, conte-lhe uma história
sobre seu próprio (do terapeuta) passado, ou do passado de um cliente ou de um parente ou
irmão, ou amigo, etc. Esta é uma maneira eficiente de se levar o cliente a regredir na idade e se
situar em um passado recente ou remoto, de acordo com o que se deseja trabalhar.

4. Semeadura – Milton H. Erickson


Vai-se semeando, desde o início da sessão, o que se deseja alcançar junto ao cliente,
com frases do tipo: “Eu gostaria que você tivesse lembranças” ou “Quando eu estava vindo pra
cá me vieram muitas recordações de infância...” Isso quebra as resistências.

Obs.: A maioria dos traumas ocorreram até os 5 ou 6 anos de idade.

Numa terapia, dois especialistas se encontram: o primeiro é o cliente, que tem dentro
dele todo o conhecimento sobre si mesmo; o segundo é o terapeuta, que conhece as técnicas.

5. Encontro do Eu Grande com o Eu Pequeno – Retirado de “Psicodrama Bipessoal...”,


de Rosa Cukier.

a) acomodar-se confortavelmente na sala;

b) fazer aquecimento específico para psicodrama interno;

c) fornecer conjunto de consignas que visam a auxiliar o cliente a entrar em contato


com a criança que ele foi;

d) pedir ao cliente para se imaginar, enquanto criança, diante de um espelho, e


observar a chegada de um vulto que não é ninguém mais do que ele mesmo adulto;

e) pedir ao cliente que deixe os dois personagens conversarem, trocarem idéias e


informações importantes, e ver o que cada um tem pra ensinar ao outro;

f) deixar que as duas imagens se fundam e formem uma só;

g) reorientar o cliente vagarosamente para a sala.

6. Regressão rápida de idade – Terry L. Argast, Ph.D.

a) Identificação da sensação física associada ao problema

- Qual é a sensação?;

- de 1 a 10, verificar a intensidade da sensação;


- se for inferior a 5, perguntar: “Quando foi a última vez que você vivenciou essa
sensação?” Imaginar-se lá, agora. Quem estava lá? O que estava acontecendo? Que roupas
usava? O que estava sendo dito? Perguntar novamente sobre a pontuação na escala de 1 a
10;

- onde se localiza no corpo?

b) Aprofundamento e regressão com imagens mentais

- evocar imagens, sentimentos, sensações e ações que serão utilizadas ao longo da


intervenção;

- usar contexto natural de sugestões;

- pode-se usar relatos de sonhos.

c) Orientação para a situação passada

- Sugestão de um elevador que começa a descer (pode ser uma escada) de volta ao
passado, até a primeira vez em que vivenciou essa sensação. Quando chegar lá, o cliente desce
do elevador e partilha com o terapeuta o que vivenciou. Explorar ao máximo.

- Diante de confusão de imagens ou fatos, faz-se uma filtragem.

d) Estabelecimento de “rapport” com o inconsciente

- pergunta de acesso: “Você poderia imaginar a sua parte mais adulta indo até a
mais jovem e perguntando se esta gostaria de falar com ela?”;

- pressuposto: a criança tem o problema e o adulto a solução (pode ser, porém, o


contrário);

- identificação ou introjeção de idéias fixas (ou crenças limitantes) – abuso ou


negligência dos pais;

- se a parte consciente não estiver lá (amnésia), há uma dissociação de uma parte


mais jovem.
O terapeuta deve:

1) verificar se a parte infantil reconhece o seu adulto e o terapeuta;

2) verificar o que a parte infantil pensa que ela é;

3) o terapeuta não deve penetrar prematuramente na amnésia para não sofrer


boicote de sua mente consciente sobre o processo;

4) trabalhar com a parte inconsciente, tentando integrá-la ao corpo.

e) Identificação do problema

- “Você poderia deixar a sua parte mais adulta perguntar à parte mais jovem o que ela
está pensando e sentindo?” (estabelecer a meta terapêutica);

- pressuposto: “o que você pensa que é o problema, determina o que você acha que
seja a meta a ser atingida”;

- focalizar no resgate inicial da criança (acalmá-la do choro); lidar com emoções e


sentimentos imediatos e guiar a intervenção baseada em uma hipótese.

f) Identificação das idéias fixas (ou crenças limitantes)

- “Como o inconsciente pensa e percebe a realidade e a experiência interna?”;

- parte adulta pergunta à criança o que ela está pensando, além de compreender
suas sensações, pensamentos e sentimentos;

- o terapeuta mantém-se afastado do que está acontecendo;

- o adulto deve dar assistência permanente à criança;

- fazer diferenciação cognitiva para conseguir resolução mais permanente do


sintoma.

g) Intervenção
- se as idéias fixas (ou crenças limitantes) não emergiram, elas o farão após a
mudança de alguma coisa na experiência da pessoa;

- pedir à parte adulta do cliente para fazer ou dizer alguma coisa usando sugestões
do contexto atual;

- perguntar à parte adulta, caso o cliente não tenha recursos para lidar com a
situação apresentada à sua criança: “O que você faria se...?”, “Você poderia...?”;

- perguntar ao cliente como ele se sentirá, se houver uma intervenção positiva:


“Tudo bem com você se...?”, “Você poderia...?”

- se for necessário esclarecer o problema, pergunta-se: “O que é que a parte mais


jovem necessita para se sentir melhor?”;

- “Imagine que isto está acontecendo agora. Como se sente?”;

- o terapeuta deve garantir:

• tirar a criança da situação negativa;


• ajudá-la a saber que está maior e tem recursos para lidar com a situação
desagradável;
• explorar o que aconteceria se a mesma coisa acontecesse de novo;
• redefinir os sentimentos, as ações e os pensamentos da criança como
normais;

- perguntar: “Como se sente? Alguma coisa lhe preocupa?” (avaliar a idéia fixa ou
crença limitante);

- ratificar a mudança.

h) Reorientação

- da realidade interna para a externa. Conexão com o corpo;

- se uma parte do inconsciente foi desconectada, reconectá-la com o corpo;


- pressuposto: “Quanto maior a separação entre o adulto e a criança, maior a
possibilidade de haver uma reorientação significativa”;

- fazer progressão de idade.

Indução de Regressão através da Técnica de Salpicamento

(Para ser usada com adolescentes e adultos)

Objetivo: Possibilitar a lembrança de situações da infância, recuperar momentos da


história passada e ativar que se pode aprender com o passado.

Talvez você já tenha entrado em transe antes... Talvez você queira permanecer com seus olhos
abertos, mas a maioria das pessoas prefere, ao entrar em transe, fechar os olhos... Você pode
escutar as minhas palavras e escutar a você mesmo... e vá para dentro... e você vai explorando
naturalmente aí dentro... E seus olhos se fecham... logo, logo... agora... e vão ficar fechados...

Cada um de nós sabe mais sobre seus próprios conhecimentos do que a gente jamais
saberá... do que você mesmo sabe que sabe... a gente não sabe como adormece. A gente não
sabe como perde a consciência, a percepção consciente... e está cada vez mais agradável... e
você pode... entrar num transe tão profundo que vai parecer- lhe que não tem mais corpo... vai
lhe parecer que você tem só a mente, o intelecto, flutuando no espaço, no tempo.

Talvez você seja um(a) menino(a) brincando em casa, ou talvez um(a) menino(a) na
escola... gostaria que você deixasse surgir várias lembranças que já esqueceu há muito tempo.
Quero que você tenha sentimentos de um(a) menininho(a). Todos os sentimentos. E pode
escolher, depois, qualquer dos sentimentos que teve, para nos contar.

Você pode... estar brincando no pátio da escola. Ou você pode estar comendo seu
lanche, ou você pode estar apreciando a brincadeira de seus colegas, ou você pode... estar
interessado na roupa de sua professora na sala de aula... e no que vê no quadro negro, ou em
gravuras num livro ilustrado, coisas que você esqueceu há muito tempo atrás.

E o ano de 2001, está muito distante... e não é mesmo nem 2000... não é nem mesmo
1995... e nem mesmo 1990 ou 1985... (chegar até os 4, 5, 6 anos do paciente). E eu não sei se
você está olhando para uma vitrine de brinquedos, ou para uma árvore de Natal... ou uma Igreja...
ou se está brincando com um cachorro ou um gato... ou um passarinho... ou qualquer outro bicho
de estimação...

E enquanto eu estive falando com você, sua respiração mudou, o ritmo de seu coração
mudou. A pressão sangüínea mudou. Seu tônus muscular mudou. Seus reflexos motores
mudaram... e você faz pequenos ajustes em seu corpo e em suas posições e você pode... se
sentir bem confortável, confortavelmente acomodado... E, quanto mais confortável você se sentir,
mais lembranças poderão vir e mais aprendizados com as lembranças...

Depois de algum tempo você vai acordar e vai nos falar do(a) menininho(a) chamado(a)
................. E seja realmente este (esta) menininho(a), no ano de........ ou .......... (correspondente
à idade de 4, 5, 6 anos).

E você pode estar numa festa de aniversário... ou numa festa de Natal... ou mesmo na
sua festa de aniversário... e você abre presentes... e talvez você aprecia longamente o brinquedo
que mais te agrada... com o encantamento próprio da criança... Um adulto que gosta de você se
aproxima, passa a mão na cabeça, faz um carinho... é bom fazer aniversário...é bom receber
atenção... carinho...

Agora, gostaria que você tivesse a experiência de deixar seu corpo adormecer
profundamente enquanto você desperta só do pescoço para cima...

Tendo despertado o cliente só da cabeça para cima, continuar o transe interagindo e


trabalhando o que vier com a regressão depois retornar no tempo e voltar ao aqui/agora bem
desperto(a) e energizado(a), tendo a certeza da perfeita integração do cliente.

Indução para regressão de idade

(podendo ser usada com crianças, adolescentes e adultos)

Objetivo: eliciar lembranças da infância, para exercício de levantamento de vivências


mais significativas na infância.

Sente-se confortavelmente... O mais confortável que você conseguir. Pense sobre um


lugar favorito onde você esteve ou onde você gosta de estar. Pode ser fácil se você fechar os
olhos, mas você pode deixá-los abertos se você preferir... ou deixar que eles estejam abertos
até que você os feche... Este lugar favorito pode ser um lugar que você conhece... ou mesmo
um lugar que você imagina, idealiza... Veja-se, sinta-se neste lugar favorito que você escolheu.
Olhe em volta e veja as formas e as cores, ouça os sons... Deixe você realmente estar lá agora...
É bom para qualquer pessoa estar no lugar favorito algumas vezes... Um lugar que você gosta
de estar, um lugar que você gosta de como você se sente lá... Você pode sentir estes bons
sentimentos agora... Dedique algum tempo para curtir isto... Quando você sentir que está lá,
deixe-me saber levantando o dedo indicador da mão direita... E sinta-se satisfeita, muito à
vontade...tão à vontade... que você poderá se esquecer de tudo, exceto deste maravilhoso
sentimento de satisfação.

E agora você retorna no tempo... retorna no tempo... e você percebe e se vê com ____
anos... Se veja nos seus ____ anos: como você é, o que você faz, o que você gosta... Volte
agora um pouco mais, veja-se com ____ anos... e retornando um pouco mais, agora você tem
____ anos... Veja como você é, o que faz, o que gosta... e agora você está com ____ anos... e
agora você está com ____, observe-se, veja como você é, o que faz, o que gosta... e agora você
tem 8 anos... 7 anos... 6 ou 5 ou 4 anos... e você é então um(a) menininho(a). É bom ser um(a)
menininho(a). E talvez você esteja festejando sua festa de aniversário ou indo a algum lugar:
indo a um parque acompanhada de seu pai ou de sua mãe... ou indo visitar a vovó... ou indo à
escola... Talvez exatamente agora você está sentado na Escola, olhando para sua professora,
ou brincando no pátio, ou quem sabe é época de férias... Você está se divertindo de fato. E quero
que você fique satisfeito(a) com o fato de ser um(a) menininho(a) que sabe que vai crescer. E
talvez você goste de imaginar o que será quando crescer... Talvez goste de divagar sobre o que
vai fazer quando for rapaz (moça). Fico pensando se você vai gostar da faculdade e você pode
também pensar na mesma coisa...

E minha voz segue com você e se transforma na voz de seus pais, professores, seus
colegas e nas vozes do vento e da chuva.

Talvez você esteja no jardim colhendo flores, fazendo um carinho nas flores, cheirando-
as e rindo satisfeito(a) ao olhá-las, acariciá-las. E um dia quando você já for maior, você vai estar
junto a um grupo de pessoas e vai lhes contar fatos felizes de quando você era pequeno(a). E,
quanto mais satisfeito(a) você se sentir, mais se sentirá como um(a) menininho(a), porque você
é um(a) menininho(a)... Agora, eu não sei onde você mora, mas talvez goste de andar
descalço(a)... Às vezes, gosta de sentar-se perto da piscina e mergulhar o pé na água, e gostaria
de saber nadar... Você gostaria de comer seu doce predileto neste momento?... E aqui está e
agora você o sente na boca e o saboreia. Bem, um dia, quando você for maior, falará para alguém
sobre seu doce predileto de quando era menino(a)...
E agora você vai voltar, devagar, repassando algumas lembranças de sua infância...
crescendo..., aprendendo com as lembranças até chegar no aqui-agora novamente. Vá vindo
devagar, usufruindo das lembranças que forem vindo: 4, 5, 6, 7 anos... agora passe pelos 8, 9
anos... 10 anos... chegando nos ____ anos... agora ____, ____ anos... agora ____ anos...
crescendo confortavelmente, aprendendo protegidamente... ____ anos... e retornando à idade
atual, devagar, no seu ritmo... aos poucos vá se reintegrando, aqui... agora... agora... aqui...
espreguiçando... abrindo os olhos... esticando todo o seu corpo...

Aspectos Gerais:

Conceito: Fenômeno hipnótico

Hiperminésia

Mitos: Recriar realidade

Religião/ memória genética

Regressão automática Vidas passadas

Metas: Regressão nas emoções Vinculadas ao afeto

Técnicas: Alusões/ entremear

Regressão do tempo (por idade Brian Weiss) Linha tempo

Estados de Ego

Regressão pela Emoção

. É um fenômeno da Hipnose

. Ato de recordar as memórias

. Trazer a consciência memórias antigas de uma forma consciente . Você pode Recordar,
Reviver, Sentir gosto/ tato/ afetos . Você pode ter memórias boas/ ruins.

. Você pode ter bloqueios de certas etapas da vida (verificar trauma) e não ter memória de
períodos da vida...
Qual a diferença entre hipnose e regressão?

Telefonema pré-sessão: Quero regressão – vamos ver como você reage a hipnose e a regressão

Hipnose = Regressão (muitos pensam assim)

HIPNOSE

Estado alterado de consciência acordado, atento, de consciência ampliada, mais focado,


mais interno.

REGRESSÃO

Estado focado em alguma memória, sensação, emoção e/ ou imagem. Onde o sistema


límbico está ativado durante o estado ampliado e focado de consciência.

MEMÓRIA

É recebida pela amígdala cerebral, passa para o hipocampo onde é armazenado.

Temos memórias dos ancestrais. Temos memórias do aprendizado universal Temos


memórias infantis Temos adições as nossas imagens ou distorções Temos ilusões que se tornam
memórias.

Regressão é um fenômeno que acontece durante a hipnose onde a pessoa acessa uma
memória (passado/ genética/ criada).

Verdade ou mentira? Não importa... A realidade interna é o que importa.


É como uma pintura/ poesia do problema, ou da emoção.

MEMÓRIA TRAUMÁTICA

A amigdala entra em estado de alarme, não passa para o hipocampo. A amígdala guarda
esse registro ruim (emoção + cena) com um signo/signal (uma memória encobridora)

A hipnose pode chegar a emoção e levar a representação na amigdala, despertando a


memória traumática. Podemos atingir esse ponto instigando o gatilho disparador – signo/signal
– que leva a memória negativa que causa o recalcamento.
RECALCAMENTO

Memória ruim associando uma cena a uma emoção dolorosa. Fica guardada, até ser
resolvida. Quando é explicado à amigdala o que aquilo quer dizer, desmancha o signo- signal e
o recalque.

Hipnose não é Regressão

Regressão é Fenômeno Hipnótico e Hiperminésia.

HIPERMINÉSIA

É uma lembrança mais ampliada e focada.

Pode ser acessada pelas recordações, pelas emoções, por um filme, música, gosto, ou
palavras... alusões... fotos... conversas...

A Magia da Regressão X Milagre?

Clientes com fé/ ou espíritas/ ou histéricos têm mais facilidade em regredir, pois entram
mais na realidade interna e criam mais facilmente imagens. Não há milagres. A mente pode
criar realidades em hipnose.

Imagens são registradas

Memórias ficam vinculadas a afetos, principalmente as memórias negativas ficam


registradas na amígdala como signo-signal para nos defenderem.

Merenda da infância, quintal da vovó, brinquedo preferido, docinho predileto. Coisas


marcantes guardamos. Imagens, principalmente as imagens ruins = Recalcamento para nos
proteger!

Um acidente traumático

Memórias recalcadas – são proteções à emoções difíceis de serem resolvidas pela nossa
CRIANÇA INTERIOR.
Um fato traumático acontece. A criança não tem defesa. Ela reage com seu universo.
Cria uma lei - uma crença limitante e LIMITA SUA VIDA – “ISSO NÃO PODE!”

Crenças Limitantes

- Homem não presta

- Dinheiro não combina com felicidade

- Ser gordo é ser saudável

- A vida é difícil

Trauma

Algo acontece que não é capaz de lidar porque não tem idade, porque ameaça a vida,
etc... O trauma fica registrado na amígdala como defesa através de um Signo sinal.

Para trabalhar com Regressão e limpar registros negativos ou Ressignificá-los tem que
acessar um signo sinal – o gatilho que dispara uma emoção desagradável.

Signo sinal = gatilho Dor/, incômodo, Crença Limitante, Lembrança traumática, Sensação
física. Algo que você não gosta.

Mitos

- Memória recriada ou realidade Verdade ou mentira?

- Lembrança encobridora (Duas vidas – cachorro de três pés)

- Memórias condensadas Ex: Acidente aos 7 anos, outro acidente aos 15 anos
misturados)

Chuva - perigoso - papai morre

- Religião – Espíritas/ budistas tem maior crença e abertura.

Personagens importantes (Cleópatra) Bloqueios para crentes/ católicos


- Memória genética – Medos até atávicos (aranhas, altura, etc).

- M.D.E.S (memórias dependentes de estado de stress).

- Regressão automática – Lembranças universais - Inconsciente coletivo

- Vidas passadas – uma abertura – realidade psíquica

Você não precisa provar nada! O que importa é o que você pode usar das memórias
vindas. Procure limpar o que aconteceu lá.

Exemplo: Paciente que não falava em público

Aparece a cena: “Mulher presa porque falou o que não deveria, angustiada por
estar no frio, gelada, querendo uma solução rápida.” “Hoje, você deve falar filtrando os
pensamentos e sem emoções afloradas e misturadas, refletindo e se acalmando antes
de falar!” Pode falar em público.

Metas

- Solucionar problemas

– duas vidas

- A criança interior retorna todo o tempo que “aquele conflito” é ativado.

- A criança interior tem uma crença limitante que tem uma função importante

– Proteção.

- A criança acredita em seu pensamento mágico e por lá fica presa, não conseguindo
ter uma atitude adulta para solucionar os problemas de hoje.

- Você acessa a memória/ cena . Traz à tona a criança/ sua função protetora/ sua
crença que limita.

- Você dialoga como adulto, ensina a criança, apadrinha e dissolve aquilo que
parecia insolúvel à criança.
Técnicas
1. Alusões – Entremear – Técnicas do Dr. Erickson

Feche seus olhos, vá lá para dentro de você, fundo para dentro de você... Se lembrando
de como você já deu conta de resolver muitas tarefas difíceis... Vá para dentro de você
confortavelmente, muito confortavelmente... Lembrar de memórias guardadas lá no fundo do seu
cérebro... Talvez você se recorde da “dificuldade” que foi aprender todas as aquelas letras do
alfabeto, letras maiúsculos, minúsculas, letras de forma, letras cursivas...

Que P era B invertido, que o numeral 3 poderia ser invertido e virar a letra E.

Que o 6 é o 9 de cabeça para baixo 9 é 6 de cabeça para baixo...

Mas você foi aprendendo e guardando uma a uma dessas letras e formas, montando
imagens visuais, mentais em alguma parte do seu cérebro... gradualmente você foi
memorizando, guardando tudo lá no fundo do seu cérebro automaticamente...

Hoje, você não tem dificuldade mais, você escreve e lê usando memórias guardadas no
tempo lá atrás... ... E enquanto fui falando sua respiração mudou, seu pulso mudou... E você
pode sentir mais e mais confortável como um corpo sem a cabeça e sua cabeça pode flutuar no
tempo e no espaço... e continuar indo fundo, indo para trás no tempo em memórias gostosas
para você...

E minha voz irá com você, como a voz dos seus pais, dos seus coleguinhas, dos seus
vizinhos ou dos sons de coisas como do vento, da chuva, da água do rio, do lago...

Talvez se veja na escola, sentado na carteira... talvez se veja no quintal de casa ainda
pequeno... E sonhar é algo tão real que podemos sonhar que estamos comendo um sorvete e
sentir o real gosto do sorvete... ... Assim ele continua aludindo...

2. REGRESSÃO DO TEMPO

• - Relaxamento Progressivo
• - Luz entrando pela cabeça
• - Contagem regressiva 20 a 1 descendo uma escada que vai dar numa
praça.
• - Assentar no banco da praça e olhar para frente e ver o que parece
• - Ou olhar vários espelhos, escolher um deles na praça e ver o que você
enxerga lá.
• - Ou a opção de regredir por contagem regressiva a infância, ao útero e
depois como um túnel de luz do tempo ver aonde vai chegar.

3. LINHA DO TEMPO

• - Imagine desenhando num papel a linha da sua vida


• - Vá de 7 em 7 anos desenhando os altos e baixos da sua vida e continue para
frente da sua idade projetando como você quer viver.

4. ESTADOS DE EGO

• - Você tem várias partes de si mesmo cada uma como alter ego que
ajuda você. Todas são importantes e têm funções importantes.
• - Você vai imaginar um palco
• - Um a um vão entrando os personagens, pergunte:
• - Quem é você, quando entrou na minha vida, qual a sua função?
• - Depois desenhe todos num papel

5. REGRESSÃO PELA EMOÇÃO

• - Sentimento/ Sofrimento / Problema


• - Emoção, sensação física
• - Qual a cena, idade, onde, com quem?
• - Ver o que intoxica
• - Ver quais crenças limitam a vida da pessoa

Brian Weiss

• - Diálogo entre a criança e a parte adulta


• - Apadrinhamento dando as soluções adultas:
• - Isso já passou
• - Você era criança não poderia ser de outro jeito
• - Perdão? Aceitação!
• - Visão de futuro
Essa técnica é baseada na técnica feita por Stephen Gilligan que fala das relações de self
de seu Eu somático com seu Eu cognitivo e a conexão dessas suas partes. Essa técnica é e
Regressão através da emoção das sensações físicas!

• - Quando temos uma memória dependente de estado de stress se a gente tocar o ponto
sensível dessa pessoa ela vai reconectar a memória dependente de estado de stress e
vai trazer a cena que primariamente intoxicou.
• - Essa técnica não requer indução previamente. Já é uma indução tocar o ponto sensível
de uma pessoa. (Ela já está em um transe negativo a partir do momento que você toca
no ponto sensível).
• - Para disparar a memória dependente do estado de stress nós precisamos de apenas
7 minutos! Então, 7 minutos relatando um fato doloroso, nós choramos! Nós
desmanchamos, nós ficamos vermelhos, a gente começa a tremer e a pessoa entra em
estado dependente daquela memória antiga e passa a reagir com aquele Alter-Ego
que a defendeu naquele instante, e a pessoa fica presa lá naquela memória!!! De Luta
ou Fuga que ela não consegue sair.
• Técnica passo a passo...
• 1 – Descreva o problema (7 minutos). Sinta qual a emoção – sensação física
Na sensação física é que temos um registro de memória dependente de estado de
stress. Sensação física = emoção.
Emoção = sentimento
Raiva Tristeza Medo Dor
• 2 – Cena intoxicante – quantos anos? E agora?
• 3 – O que o seu pai diria? E sua mãe?
• Você adulto (EU grande) Você pequenino
• Sensação física
• Tô com nó na garganta... Meu coração está disparado... Minha mão está fria ...
Eu estou tremendo ...
• IMPORTANTE!!!
Nesse momento nos deparamos com algo interessante: ninguém ajuda! A mãe e o pai
estão fora ou foram os “alienígenas” que intoxicaram essa pessoa. Então o EU grande
não vê saída e o EU pequeno só reclama!!
• 4 – Falar dos sentimentos ...
• 5 – Apadrinhamento do terapeuta
- liberação da culpa
- limpeza da cena
Muitas vezes a terapia trava nesse momento! Tem pessoas que não querem perdoar,
não querem limpar a cena! Aí a gente pode dizer: é exatamente nesse ponto que você
está preso! Falar um pouco da Cabala.
• 6 – Recontar toda a história (história oficial – história íntima)
• 7 – sugestão pós - hipnótica

METÁFORAS

- Aquilo que carrega o sentido

- Faz uma conexão de significados

- Ressignifica (reenquadra um novo significado)

- Imagens no lugar de palavras

- As imagens são parte da linguagem mais primitiva

- Quando nos falta palavras para os sentimentos falamos através das imagens...

Objetivo:

A- Buscar uma meta

B- Orientar para a solução

C- Entremear palavras ressignificadas

D- Fazer uma nova conexão para a solução “a ponte”

E- Trabalhar para eliciar os recursos da pessoa

F- Dar sugestão pós hipnótica através da estória.


Como criar as estórias?

• Estórias prontas
• Estórias inventadas

Para todas elas:

Sintetizar o problema → o que eu desejo comunicar?

Como montar a estória?

A- Buscar a meta:

O que eu desejo comunicar?

Depressão → De- pressão

→ Evitar pressão

→ Descanse

Nada como uma formiga de costas quebrada aprendendo a descansar com a cigarra.

B- Orientar para a solução

O que esta faltando para esta pessoa? Onde está bloqueada? O que precisa aprender
para chegar lá? Como se consegue isso? O que a impede? Crença limitante? Todo mundo tem
suas polaridades...

EX: Depressão → De-pressão → descanso → não posso! Tenho que ser “legal” → Custo
alto → cansaço → corpo pára → POSSO SER FELIZ SE AGRADAR A MIM MESMO EM 1o
LUGAR → ASSIM AGRADAREI BEM A TODOS!

C- Entremear palavras que ressignificam

- Observar palavras idiossincráticas: pesado, arrastado, difícil, tortuoso, grande demais,


etc...

- Ressignificar estas palavras


- Entremeá-las nas estórias, dando novo significado → vírus no padrão anterior EX:
estória do tomateiro em dois casos diferentes

– incontinência urinária (tomateiro demora a crescer...).

- Câncer terminal (tomateiro cresce com toda serenidade...)

D- Fazer uma nova conexão para a solução “A ponte”

- O personagem tem características do problema

- O tema tem uma solução embutida

- A estória entremeia novos significados

- A “antena” do paciente capta a idéia indireta do caminho para a solução “ Meu terapeuta contou-
me uma estória que tem a minha cara. Adorei”.

E – Eliciar os recursos

- Todo mundo tem recursos/ habilidades

- Buscar os recursos (tesouros)

- Entremear os recursos na metáfora como parte integrante daquela pessoa.

EX: dona formiguinha era muito trabalhadeira, adorava ajudar a todo mundo,
carregava mais peso do que deveria e agora está aprendendo saudavelmente a ajudar a si
mesmo em 1o lugar...

F – Sugestão pós- hipnótica

- A metáfora em si já é sugestão indireta

- Dar sugestões daquilo que você deseja eliciar de recursos da prórpia pessoa. - Entremear a
sugestão dentro da estória dita.
EX: ... e na medida que a formiguinha trabalhadeira mas muito cansada, aprendeu
um pouco com a dona cigarra, ela viu que poderia descansar e ganhar mais saúde... para
trabalhar mais saudavelmente/ protegidamente...

Uma definição de Aristóteles, apresentada no livro O mito da metáfora, de Turbayne


(1970):

“A metáfora consiste em dar à coisa um nome que pertence a outra coisa qualquer, a
transferência pode ser feita em gênero e espécie ou de espécie para espécie ou como analogia.”

Turbayne sugere trocar nome por signo ou coleção de signos. E também sugere que
mitos, parábolas, fábulas e alegorias são subclasses das metáforas.

O uso da metáfora é essencial para a comunicação humana. Estórias e casos são


usados desde há muito tempo para comunicar e expressar mensagens, e são fáceis de aplicar
em psicoterapia, como vimos anteriormente.

Definição do Dicionário Aurélio para metáfora:

“Tropo que consiste na transferência de uma palavra para um âmbito semântico que não
é o do objeto que ele designa, e que se fundamenta numa relação de semelhança subentendida
entre o sentido próprio e o figurado.

Por metáfora, chama-se raposa a uma pessoa astuta, ou se designa a juventude


primavera da vida.”

Definição do Dicionário Aurélio para analogia:

“Ponto de semelhança entre coisas diferentes. Semelhança, similitude, parecença”.

Deveria dizer que muitas vezes pode-se apenas usar uma analogia, o que seria fazer
um paralelo entre coisas diferentes. Empregamos metáfora quando contamos uma estória. Toda
metáfora é uma analogia, mas nem toda analogia é uma metáfora. Nas interpretações analíticas
o que se vê é um emprego maior de analogias.

Da perspectiva da psicanálise, o poder desta abordagem está no fato de o cliente ser


encorajado a explorar e elaborar uma representação de um sentimento, ou questão, ou
problema, numa forma de pensar (imagem sensória) que está mais próxima do processo
inconsciente. E há uma integração com a metáfora da imagem (processo primário) e da palavra
(processo secundário). Assim, se o processo primário de pensamento é expresso
essencialmente através de uma linguagem de imagem, e o processo secundário é expresso
através de palavras, então a metáfora pode ser vista como uma integração dos dois processos.

Freud fazia muito uso de metáforas em suas interpretações. Bettelheim (1984) sugere
três razões para que Freud tenha usado metáforas ao explicar a natureza da psicanálise.
Primeiro, a psicanálise emprega interpretação imaginativa para explicar as causas escondidas
por detrás dos fatos. Segundo, por causa do recalcamento ou da censura, o inconsciente se
revela através de símbolos e metáforas, falando em sua própria língua metafórica. E, finalmente,
as metáforas são capazes de tocar as emoções humanas.

Os poetas falam metaforicamente dos sentimentos humanos. E cada um de nós é um


pouco poeta ao descrever seus próprios sentimentos.

Existe um correlato entre as palavras transferência, em alemão übertragung, e metáfora,


feito por Richard R. Kopp (1995). Ele diz, em seu artigo, que a tradução do alemão über para o
inglês é above/over, “sobre”, e de tragung é carry, que significa “carregar”, e que a palavra
metáfora vem do grego meta, “além” (= above, no inglês), e phorein, que significa “carregar,
transportar de um lugar para outro”(carry). Assim, transferência, na verdade, pode ser traduzida,
em inglês, como metáfora.

De acordo com Szajnberg (1985-86), a transferência é vista como um subconjunto dos


muitos fenômenos de metáforas. Ele faz a seguinte nota:

“Como o sonho, a metáfora consiste do significado manifesto em conjunto com o


significado latente, e particularmente a jornada criativa entre eles. É importante para a psicologia
psicanalítica... reconhecer o componente do trabalho criativo feito pelo indivíduo para criar uma
metáfora”.

A metáfora vem como uma linguagem peculiar de cada indivíduo; fala dos afetos e das
relações objetais. E tipicamente aparece quando os sentimentos estão exacerbados e quando
literalmente as palavras não parecem fortes o bastante ou precisas o suficiente para exprimir a
experiências. Exemplos disso são frases metafóricas como: “o céu vai cair sobre a minha
cabeça”, “estou perdido no espaço”, “perdi a cabeça”, “estou sem ar”, etc.
Você pode usar da mesma metáfora do cliente e ressignificá-la (reframing)
positivamente, mostrando, por meio de estórias metafóricas, uma nova maneira de ver aquilo
que se pensava ser o pior. Tudo isso com a intenção de reduzir, melhorar a experiência do sujeito
e estabelecer uma maior coerência do eu; apresentar saídas e mostrar os recursos naturais que
toda pessoa tem dentro de si mesma.

Dentro da psicoterapia psicanalítica, a metáfora é freqüentemente usada como veículo


de interpretação, na forma de uma analogia (comparação), como uma estória. Veremos mais à
frente que podemos e devemos usar as metáforas que o cliente traz.

Uma justificativa para o emprego de metáforas é que elas são muito efetivas, pois
permitem ao cliente a distância emocional em relação ao seu material, mantendo-se o respeito
à sua inteligência e auto-estima e, ao mesmo tempo, integrando elementos necessários a uma
ressignificação (reframing).

Mas é importante frisar que, mesmo que seja o terapeuta a criar uma metáfora, se ela
funciona é porque o cliente se engatou bem no processo interior que aquela metáfora sugeriu. O
cliente aceita e trabalha suas questões. Aquela velha estória, “se a carapuça serviu...” As
interpretações metafóricas que ajudam o cliente a capturar uma nova experiência e significado
em sua linguagem não podem ir além daquilo que ele apresentou, e assim existe uma enorme
possibilidade de serem aceitas por este. Fique atento: não dê mais do que o cliente possa digerir.
Ele terá uma indigestão. Tenha muito cuidado também em não cometer um “meta fora”, (meter
fora do lugar).

Deve-se dar ao cliente uma interpretação metafórica que capture uma experiência de
sua vida diária, e então ele pode fazer seu processo cognitivo de engate com a estória ou
analogia apresentada.

Agora, se você utiliza, explora e transforma uma imagem metafórica criada pelo cliente,
ele diretamente adere ao processo de ressignificação, em que o terapeuta guia a uma exploração
interior (realidade interna) e convida a uma transformação. E, dessa maneira, o cliente se sente
dono da situação (do processo) porque as imagens metafóricas vieram de dentro dele.

Muitas vezes, o corpo fala metaforicamente de um sentimento que, em palavras e


mentalmente, não se expressa. O corpo fala em sintomas, que são verdadeiras metáforas. A
úlcera que corrói e queima de raiva por exemplo. O sintoma pode ser causado por um conflito
não expresso. Ex/presso quer dizer, posto para fora, em que o corpo ex/pressa, em linguagem
somática, a irritação ou o conflito da pessoa. Isso ilustra como o corpo “fala” através de uma
linguagem metafórica de sentimentos; é a linguagem corporal.

Psicoterapia jungiana e metáforas

Seguindo o mesmo pensamento, Jung era adepto da teoria da imaginação ativa, dos
símbolos e do trabalho com a interpretação dos sonhos, em que se dava uma enorme
importância às metáforas. Como em Freud, um período inicial do desenvolvimento do
pensamento por imagem predominaria, mais poderoso que outra linguagem mais elaborada. O
que sugere também o uso de metáforas para termos acesso ao pensamento mais primário do
homem.

Psicoterapia familiar e metáforas

A estrutura familiar também tem uma realidade metafórica.

De acordo com Salvador Minuchin e Fishman (1981), a família constrói sua realidade
apresentada, e é tarefa do terapeuta selecionar “da cultura da própria família, as metáforas que
simbolizam sua realidade reduzida”, e usá-las como um “rótulo que aponta a realidade da família
e sugere a direção da mudança”.

Exemplos podem ser dados: o pai como o caixa forte, a mãe como uma rainha, o filho
como o bobo da corte, a filha como a gata borralheira etc.

Se pudermos apreender a simbologia familiar, descobriremos o mito metaforicamente


criaremos uma ressignificação (reframing) para o processo da família.

Hipnoterapia ericksoniana

Milton H. Erickson foi habilíssimo no uso de estórias e metáforas em terapia para


aumentar a efetividade das psicoterapias breves. Ele acreditava que, contando de um modo
indireto um caso semelhante ao do paciente, com uma saída possível, ou uma estória que
chamasse a atenção do cliente sob certos aspectos semelhante aos seus próprios problemas,
faria com que o paciente pensasse em seus próprios recursos de como também resolver seus
problemas. A metamensagem dessas estórias – uma mensagem embutida sutilmente dentro do
conteúdo das narrativas – passa diretamente à mente inconsciente.
O emprego da hipnose tornava mais eficaz o uso de metáforas, afrouxando a atenção
da mente consciente e sua censura, que ficam absorvidas através de técnicas hipnóticas,
enquanto as mensagens são dirigidas à mente inconsciente, que está muito mais próxima do
pensamento por imagens do que daquele por palavras. Portanto, em hipnose o efeito é maior e
mais duradouro.

Eu poderia dizer resumidamente que Milton H. Erickson dividia a mente em mente


consciente e mente inconsciente. Mente consciente seria aquela mente que pensa, julga, faz e
que toma conta da nossa consciência. E mente inconsciente corresponderia àquilo que se passa
fora da nossa consciência, daquilo que estamos cientes, mas que tem um papel em determinar
fenômenos físicos e mentais. A mente consciente é vista como uma parte limitada que não é
capaz de muitos pensamentos e atos simultâneos. A mente inconsciente é sábia, ilimitada, capaz
de fazer muito mais do que a gente conscientemente imagina, um verdadeiro reservatório de
potenciais.

Desta maneira, o uso da hipnose na psicoterapia serviria de ferramenta para distrair e


absorver a mente consciente, e levar à mente inconsciente, através de meta/mensagens, sob a
forma de sugestão (su, sub = por debaixo + gestione = gestão, administração), novas
possibilidades de acessar os recursos internos de cada pessoa e ressignificar aquilo que hoje é
visto como problema.

Para fazê-lo, Milton H. Erickson utilizava a linguagem do próprio cliente, contava casos,
estórias, usava metáforas embutidas dentro de outras com o intuito de confundir a mente
consciente e assim levantar resistência.

O princípio do uso das metáforas era bem simples: falar de algo que chamasse a atenção
do cliente, como uma ponte de ligação ao seu problema, ou que o levasse a agir como um radar,
captando o que lhe interessa. Por exemplo: se você tem um problema em seu carro e conta a
alguém o que fez para consertá-lo, onde levou, o que trocou, etc., faz imediatamente a pessoa
se remeter a um estrago em seu próprio veículo, onde levou, como consertou ou como poderá
fazê-lo, caso esteja precisando de ajuda. É o mesmo princípio.

Deste modo, você não provoca atritos com a resistência, o que ocorreria se dissesse
diretamente vá e faça assim. Você sugere (suggerere, su + gerere) ao outro uma maneira de ver,
de lidar, de experienciar algo novo e diferente.

Lembrando:
Metaforizar é essencial. É o meio de ser indireto, de conversar a língua do inconsciente.
A pessoa guarda com mais facilidade casos, estórias, interpretações metafóricas do que
conversas e interpretações lógicas. As metáforas ficam como uma ponte de tratamento. O cliente
vai embora, mas leva algo de que, se a metáfora foi feita de acordo e sob medida para aquele
sujeito, não se esquecerá.

Milton H. Erickson atendia pessoas dos Estados Unidos inteiro, alguns estrangeiros e,
numa terapia brevíssima, precisava deixar o seu recado e sua ressignificação. Ele o fazia através
das metáforas que usava ou das tarefas metafóricas.

Contar estórias metafóricas ajudava a pessoa a poder mover-se de uma situação


paralisada. O objetivo das metáforas é guiar o cliente para um caminho de auto- ajuda, em que
ele próprio vai encontrar uma nova maneira de lidar com o que antes não conseguia. A própria
levitação das mãos é uma técnica hipnoterapêutica que tem como linguagem metafórica o
significado da mudança natural que vem de dentro, de uma força que se pode acessar, como se
coloca um novo programa no computador, fazendo-o trabalhar numa nova inteligência.

De acordo com S. Gilligan:

Quando falamos em metáforas estamos usando uma linguagem figurada em que há


generalidades sobre determinados assuntos. Cada um dos exemplos metafóricos usados como
generalidade constitui um modo comum e indireto de sugerir uma busca experiencial através da
memória relacionada a uma pessoa em particular, um lugar, um acontecimento, um objeto ou
um processo. Quando ditas com convicção, dentro de um bom rapport, essas generalidades (em
metáforas, casos, ou estórias) imergem o paciente num processo de busca interna que culminará
com ele acessando um evento. Considerando que o evento será diferente para cada pessoa, o
uso de generalidades em metáforas torna-se um excelente modo de respeitar os processos
singulares de cada indivíduo.

Como vimos até aqui, os processos inconscientes tendem a representar e englobar


idéias de modo mais metafórico do que os processos conscientes. Portanto, o hipnoterapeuta
ericksoniano utiliza comunicação simbólica e metafórica. A este respeito vimos que contar
estórias ajuda o paciente, desde que sejam metafóricas, no sentido de que o conteúdo da história
não se refira ao paciente, mas alguns aspectos principais da estória (por exemplo: os
personagens, eventos, temas e objetivos) sejam relevantes à experiência do sujeito.
Há muitas maneiras de, metaforicamente, você levar um cliente a observar aquilo que
está sendo difícil para ele. A forma metafórica é indireta. Assim, se você quer que o cliente se
volte para problemas de sua própria infância, basta que você conte casos de infância. Se você
contar uma estória de um menino que aprendeu a lutar contra um dragão feroz, ajudando toda
sua vila, apenas aprendendo a tomar fôlego, você poderá tratar de muitos problemas que se
enquadrem em crescimento, aprender a respirar (asma), segurança etc.

De um modo naturalístico, percebendo a linguagem metafórica, não-verbal, física, do


cliente, você o ajuda a explorar, através de casos e estórias, novas maneiras de ver e sair de
seus próprios problemas.

Parte prática – a construção das metáforas

Imagine só, véspera de Natal, numa beirada de janela, pensando em metáforas para
ensinar a alguém como mostrar o “caminho das estrelas” àquele que não vê a luz. Isto tudo, a
o
menos de 0 C, nevando floquinhos brancos lá fora, montanhas branquinhas, carros cheios de
neve, música clássica com temas de Natal...

É assim que estou aqui, emocionada em poder estar tão perto das estrelas do norte.
Dizem que Papai Noel vem do norte, espero que ele me ajude a ensinar vocês a praticar a
construção de estórias que mostrem luz aos seus clientes.

Como terapeutas, não precisamos brilhar em estórias maravilhosas, mas sim tocar o
coração do cliente, mostrar-lhe que há luz no final do túnel, que há saída para o seu sofrimento.
Para isso, não é preciso estórias muito elaboradas, mas com simplicidade, palavras-chave,
metáforas do próprio cliente. Aí você consegue dar o suporte necessário ao crescimento dele, o
alívio de sua dor.

Agora veremos como fazer metáforas e atingir vários níveis de comunicação. O mais
importante é que você fará algo comum (uma estória comum, conhecida) se tornar única para
aquela pessoa.

Você se lembra do processo de avaliação de Jeffrey K. Zeig? Ele ajudará você aperceber
a linguagem metafórica do seu cliente. Para isto veremos uma série de dicas. Vamos lá!
1) Dentro da avaliação você pode ver se a pessoa é interna; então, fale de sentimentos,
sensações, é o que vai atingi-la. Se a pessoa é externa, fale das coisas que rodeiam esta pessoa,
as coisas que ela valoriza quando vê, ou que ela deseja ver.

Assim, você vai seguindo a avaliação. Veja cada item, anote-os. Você fará a estória ser
moldada de acordo com os itens anotados. Preste bastante atenção nas relações sociais (filho
mais velho, intrapunitivo, radiante, dominante, etc.). Isto irá ajudar você a construir a estória,
colocando estes valores idiossincráticos da pessoa. Qualquer estória, como a do patinho feio,
por exemplo, pode se tornar única se for feita colocando os aspectos pessoais e idiossincráticos
do sujeito nesta estória comum. Isso toca a pessoa em questão, e a estória passa a ser pessoal.

Assim a avaliação é uma ferramenta importante ao construir uma estória sob medida.
Você vai checar os valores, as questões que são idiossincráticas e vai colocá- las na estória
comum. A estória comum, por exemplo, “O patinho feio”, por si mostra sobre o descobrimento
dos valores pessoais, a auto-estima. Se você descreve detalhes em que se encaixem os valores,
características daquela pessoa, torna-se uma estória pessoal.

2) O segundo ponto é tocar os interesses do sujeito em questão. Eu chamo isso de


“antenar”.

Todo mundo tem uma espécie de antena, radar. Quando o assunto interessa, você ouve.
É como uma dona de casa que está sem empregada e alguém fala de uma forma fácil de fazer
comida e estocar ou de lavar roupa. Ela vai prestar atenção, pois tem o mesmo problema. Então,
você fala de algo semelhante que tem o objetivo de mostrar um caminho (solução) e a pessoa
vai fazer sua escolha para a busca de tal solução. É uma alusão as possíveis formas de
solucionar algo.

Também quando você fala dos seus filhos, o outro tende a falar dos filhos dele. Quando
você fala do seu carro, o outro tende a falar do carro dele, e assim por diante. É uma excelente
fórmula ericksoniana de fazer o outro falar de suas coisas e, conseqüentemente, de solucionar
suas coisas pelo mesmo princípio. Tente.

Quando você quiser sugerir que há algum caminho, ou uma luz, fale de algo semelhante
ao problema da pessoa. Ela se “antena” àquele problema porque é semelhante ao dela e assim
quer ouvir que solução foi encontrada. Pronto! Você faz a pessoa pensar que existe saída para
aquilo que parecia não ter. Este é o “princípio- antena”.
As metáforas tendem a atuar em nível inconsciente, portanto fazendo um “by-pass” das
resistências da mente consciente. Erickson acreditava que as mudanças significativas ocorriam
a nível do inconsciente e que as metáforas permitiam um trabalho mais direto com a mente
inconsciente.

Parece haver uma correlação entre o que Erickson chamava de inconsciente e o que os
neuropsicologistas chamam de hemisfério não-dominante (hemisfério direito). O H.D. tem um
tipo de processamento artístico e integrativo. Parece que as metáforas se conectam e se utilizam
do funcionamento do H.D., o que ajuda o cliente a liberar sua própria criatividade.

Um casal procurou uma vez o Dr. Erickson para uma terapia conjunta, com um problema
de desajuste sexual. O problema surgia do fato de o marido querer ir logo “aos finalmentes” e a
mulher querer passar mais tempo se envolvendo nos “preparativos”. Depois de ouvir o problema
apresentado, o Dr. Erickson mudou de assunto e falou de outras coisas. Perto do fim da sessão,
Erickson deu ao casal a tarefa de planejar e cozinhar uma refeição em conjunto, cabendo ao
marido preparar a entrada e, à mulher, o prato principal. Depois de preparada a refeição, o casal
tinha que se sentar e saboreá-la juntos.

A linguagem não é a experiência é sobre a experiência. A linguagem, em si, é uma


metáfora; é a representação da experiência. As palavras tornam-se símbolos para partes da
experiência sensorial. Quando usamos a linguagem, toda teoria, independente de quão científica
seja, torna-se uma metáfora, uma representação simbólica.

Há um “continuum” na construção de metáforas que especificamente está relacionado


com o tamanho da distância entre a linguagem e a experiência. Este “continuum” é o da metáfora
superficial versus metáfora profunda. A diferença entre esses dois tipos de metáforas é o grau
de abstração envolvido no simbolismo. Para ilustrar este ponto, muitos terapeutas escolhem
fazer metáforas usando outros clientes como tópico geral. Dentro deste ponto de vista, há várias
semelhanças entre o cliente e o tópico da metáfora, tais como: ambos são clientes, ambos são
pessoas, ambos desejam mudar. Esse espaço semântico (outros clientes) é um excelente
exemplo de uma metáfora superficial. Se fosse usado o tópico conto de fadas, o nível de
abstração seria maior e, portanto, uma metáfora profunda.

Certos resultados são subprodutos da profundidade da metáfora e ao se escolher a


profundidade da metáfora vários fatores devem ser levados em conta. Uma metáfora superficial
tem mais probabilidade de ser interpretada e de sofrer resistência da mente consciente; uma
metáfora profunda opera num nível inconsciente. Quando se trabalha mais diretamente com o
inconsciente, pode-se “by-passar” a resistência do consciente. Um outro fator a ser levado em
consideração é se o terapeuta sente-se confortável em apresentar para o cliente determinado
espaço semântico ou tópico (ver, na página seguinte, o significado de “espaço semântico”).
Alguns teriam dificuldades de contar estórias como conto de fadas, estórias de animais ou ficção
científica. No entanto, para outros, é perfeitamente aceitável usar espaços semânticos mais
profundos.

A metáfora pode ser usada como uma “ferramenta” no processo terapêutico por várias
razões:

1. A metáfora é uma técnica não manipulativa. No uso das metáforas o terapeuta não
oferece uma interpretação, ao contrário, permite que o cliente extraia seu próprio significado,
consignando seus próprios valores à história.

2. No processo de compreensão da metáfora, o cliente tem de adotar uma orientação


interna; isto é, vai para dentro de si mesmo e usa suas próprias experiências de vida para dar
sentido à estória. Muitos processos terapêuticos incluem a introspecção como uma “ferramenta”
primária. Este processo permite ao cliente começar a confiar em si mesmo e em seus próprios
recursos.

3. A metáfora é, usualmente, analisada tanto consciente como inconscientemente;


contudo, seu principal valor como intervenção terapêutica é o de ajudar o cliente a conectar-se
aos seus recursos inconscientes. O inconsciente é um vasto depósito de experiências e
aprendizados que podem ser usados para conseguir as mudanças desejadas.

Para assegurar a eficácia de uma metáfora, há um número de condições de boa


formulação envolvido no seu “design”:

1. Isomorfismo: na construção da metáfora, é importante que haja um símbolo que seja


equivalente a cada caráter e acontecimento no problema apresentado pelo cliente.

2. Espaço semântico: é a área geral de conteúdo que será usada na metáfora. Alguns
exemplos de espaços semânticos são: estórias de animais, ficção científica, contos de fadas, um
incidente da infância, história de um outro cliente, um amigo e crianças. As possibilidades de
espaços semânticos são muitas. Ao escolhê-lo deve-se espelhar o cliente, utilizando sua idade,
interesses e talentos.
3. Conquista de objetivos: em todas as técnicas terapêuticas a conquista de objetivos
é um assunto importante. Muitos clientes vêm à terapia com um objetivo específico ou mudança
em mente. O terapeuta deve entender o objetivo e construir a metáfora de tal maneira a ser
eficaz em ajudar o cliente no processo de conquistar o objetivo. A primeira parte da metáfora
deve espelhar e acompanhar o cliente no seu modelo de mundo e, à medida que se desenvolve,
deve conduzir o cliente em direção à conquista do objetivo.

4. Acesso a recursos: em alguns casos, esses recursos podem ser específicos como
relaxamento, autoconfiança ou assertividade. No entanto, eles podem também ser mais gerais,
como tomar decisões ou conseguir a habilidade para resolver problemas. É invariavelmente útil
incorporar um acesso ao inconsciente na seção de recursos da metáfora, tal como ter um sonho
que ocorre dentro da estória. O estado de sonho é considerado como um arquétipo para o
processo inconsciente. A metáfora, muitas vezes é feita para ensinar ao cliente a confiar e se
apoiar nos seus próprios recursos, como intuição, conhecimento tácito, integração das partes
internas e uso dos aprendizados passados. Além disso, para ganhar acesso a recursos internos,
uma metáfora pode facilmente ajudar um cliente a utilizar recursos externos, como os de outra
pessoa, livros, cursos etc.

5. Ponte ao futuro: ela conecta os aprendizados inconscientes e recursos tornados


disponíveis através da metáfora aos estados normais de consciência e, mais especificamente,
ao problema apresentado.

Exemplo de um caso

Um cliente veio à sessão e queixou-se de que tinha sentimentos contraditórios quanto a


voltar a estudar. Ele disse que, realmente, gostaria de aprender mais e melhorar a si mesmo. No
entanto, não estava certo de estar querendo se comprometer firmemente com o trabalho que
isso exigia. Disse que se sentia dividido e que gostaria de chegar a uma decisão.

A seguinte metáfora foi construída para este cliente a fim de ajudá-lo a facilitar o processo
de chegar a uma decisão.

O rei e seu reino

Era uma vez um rei que vivia num reino mágico muito distante daqui. Um dia, o rei
percebeu que havia um problema em um estado do norte de seu reino. O rei sabia que este
problema precisava ser resolvido para restabelecer a paz. No entanto, ele não estava muito
seguro de como fazer isto e, perturbado pelo problema, pensou nele a tarde inteira. À noite,
quando foi dormir, caiu num sono profundo e sonhou que estava em uma reunião com os
ministros do reino. Nesta reunião estavam presentes o Ministro do Interior, o Ministro das
Relações Exteriores, o Ministro da Saúde, o Ministro da Educação e do Bem-estar Social e o
Ministro das Minas e Energia. Durante este encontro, seus ministros foram capazes de colocar
e abordar suas questões de tal maneira, que cada um ficou satisfeito. Quando acordou de seu
sono, ele estava alegre e feliz, porque tinha aprendido uma nova maneira de resolver o problema.
O rei, então, aplicou a nova capacidade encontrada para dirigir seu reino.

CASO METÁFORA

SUBSTANTIVOS

Rei
Reino
stado do Norte

PROCESSOS

Lidar com problemas no reino

RECURSOS

Sonho
Ministro das Minas e Energia
Ministro do Interior
Ministro das Relações Exteriores
Ministro da Saúde, Educação e Bem-estar social

OBJETIVOS

Restaurar a paz no reino


Cliente
Vida do cliente
Pensamentos do cliente
Sentimentos contraditórios a respeito de voltar a estudar
Acesso à mente inconsciente
Intuição das partes internas do cliente
Recursos externos
Integridade pessoal, bem-estar e educação
Tomar uma decisão
Aplicar a capacidade de decidir
Aplicou sua nova capacidade ao problema de voltar a estudar encontrada para governar o
reino

Roteiro para criar metáforas

1. Evocar um caso-problema.
2. Isolar o problema que se apresenta.
3. Definir o objetivo.
4. Listar os substantivos.
5. Listar as palavras processuais (verbos, advérbios, adjetivos).
6. Selecionar o espaço semântico.
7. Criar um substantivo para cada substantivo do problema.
8. Criar uma palavra processual para cada palavra do homem.
9. Selecionar os recursos necessários para se atingir os objetivos
desejados.
10. Transferir esses recursos em linguagem metafórica consistente com o
espaço semântico selecionado.
11. Estabelecer uma ponte ao futuro e traduzi-la no espaço Exercícios sobre
o uso de anedotas

TÉCNICA PASSO A PASSO EM CIMA DO SINTOMA

As pessoas criam hábitos que, mesmo sem perceberem, seguem uma seqüência. O
sintoma, como já sabemos, é a expressão do inconsciente de que algo não vai bem. Ele também
segue uma seqüência em sua manifestação. Ele acontece por partes. Primeiro um espirro,
depois a sensação de sufoco, depois a taquicardia, o suor frio, o tremor e o medo de morrer, por
exemplo. Isto é uma seqüência que se manifesta num paciente.

Nesta técnica há dois objetivos. O primeiro, ressignificar o que para o paciente leva ao
pânico; o olhar enfocado em algo ruim. O segundo, injetar um vírus na seqüência que determina
o problema. Quando você muda os passos, muda o padrão e assim muda a forma como o
problema é gerado.

E uma técnica muito simples que aprendi com Jeffrey K. Zeig. Como é uma técnica passo
a passo, você seguirá passos. Com o tempo, aprenderá a fazê-lo automaticamente. Utilizando
cada passo como a pessoa cria o problema, ressignificando e criando a indução com estes
mesmos passos, só que ressignificados. O paciente já conhece esse caminho, por isso ele já vai
automaticamente. Ele só não percebe que inconscientemente, estamos mudando a visão daquilo
que era negativo para um enfoque positivo.

Vamos ver os passos:

• Pergunte com que se parece o problema da pessoa. Ela vai lhe dar a metáfora que
você poderá utilizar mais a frente.

• Pergunte como o problema acontece. Peça uma seqüência. O que vem primeiro.
Depois e depois. Anote no mínimo cinco passos desta seqüência Você vai utilizar estes mesmos
sintomas, problemas, ressignificando-os.

• Em seguida, crie uma indução onde colocará os passos ditos de uma forma que se
transformem em passos positivos.

• UTILIZE, você já sabe como fazer.

Veremos, a seguir, um exemplo desta indução. Não é possível criar um roteiro único,
porque cada pessoa terá o seu sintoma e a sua seqüência. O que você terá em mente é o
seguinte:

INDUÇÃO através dos mesmos passos.

Na indução tenho três etapas a cumprir - Absorção, ratificação e eliciação. Durante a


absorção vou introduzir a seqüência de passos, ressignificando o que é negativo e desta maneira
injetando um vírus bom que muda o problema para CALMA, BEM ESTAR, etc.

Deve-se, então, utilizar os passos do cliente, dentro da absorção, para

- Bem acomodado
- Respirando mais tranqüilamente
- Relaxando o corpo
- Voltando-se para dentro em busca de soluções
- Descobrindo que pode se acalmar.

Vamos ao exemplo:

Rapaz deprimido devido a síndrome de pânico, que não lhe permite mais fazer as coisas
NORMAIS da vida. Fica preso dentro de casa, só enxerga as coisas como se elas fossem
desabar sobre sua cabeça. A pressão é muito forte.

Com que se parece seu problema? Afundando num buraco. Os passos de como ele
entra em pânico:
- pensa em algo sistematicamente
- respiração curta
- suor nas mãos
- não vou dar conta, vou cair
- não quero sentir, mas já estou sentindo medo.

A expressão usada pelo paciente para o seu problema é aprofundar num buraco. Que
tal, já que aprofunda tão bem, aprofundá-lo num lugar seguro e protegido, onde poderemos retirar
a pressão?! Eis a nossa meta.

Existem algumas palavras que podemos aproveitar para ressignificar. Elas já fazem
parte do vocabulário dele. Podemos apenas mudar o significado. São elas: Coisas normais, ficar
preso, enxergar, desabar, pressão.

Assim, durante a indução fui dizendo...

... E você pode fechar seus olhos agora... ir lá para dentro... onde só você ENXERGA a
PRESSÃO... e então, (1) pensar em algo bom, sistematicamente... aprendendo a FICAR PRESO
no bem estar... Você pode ir DESABANDO seus pensamentos em algum lugar aí dentro de você
(2)... de modo que você pode respirar e a curto prazo... sentir FICAR PRESO no bem estar...
Inspirando e abrindo o peito... Soltando (3) o suor que fica preso às suas mãos... e a cada vez
que você respira... a curto prazo vem o bem estar... e assim VOCÊ PODE IR AFUNDANDO na
sensação de paz... (4) e cair na tranqüilidade segura de FICAR PRESO na segurança que vem
lá de dentro do seu peito... e deste modo, (5) você já estará sentindo alguma diferença em
AFUNDAR na calma que traz a luz e a liberdade... Isto é apenas uma indução. Divirta-se.

Procure seguir os passos do problema para seguir a solução e vá criando induções


únicas para aquele momento.

TÉCNICAS DE ENTREMEAR PALAVRAS

Esta técnica segue o mesmo padrão. Veja as palavras chave que a pessoa utiliza
constante e, que podem ajudá-la em seu problema, se forem ressignificadas.

Utilize delas, durante o transe, mudando a entonação de sua voz e mudando o sentido
enfocado pelo paciente.

Por exemplo: perder peso. É algo tido como muito difícil pelos pacientes obesos. Eles
detestam pensar em ter que PERDER. Mas você pode ressignificar perder o que é feio, ganhar
leveza. Perder tristeza, decepção.

Milton H. Erickson era um mestre nesta arte. Sempre que podia ele entremeava alguma
palavra comum ao cliente num sentido.

Experimente, você vai gostar. Faça isso também na sua vida pessoal.

... Quando você descobre um caminho novo que te leva ao paraíso... Você só quer segui-
lo... O silêncio faz parte do ser humano... É uma das maneiras de encontrar- se...

Para chegar ao seu silêncio você também precisa de tempo e treinamento.

Dicas Finais:

SEMPRE TRAZER UM NOVO CAMINHO

- Onde há sombra → trazer luz


- Onde há uma polaridade → colocar sua outra polaridade
- Procurar estórias que coloquem a polaridade sombra à vista, mas também os recursos. -
Sempre entremear soluções saudáveis
- As vezes, com uma 2a estória dentro da 1o estória.
UTILIZAR SUGESTÕES DE PROCESSO

... Isso vai continuar... como um processo... Tudo que você precisa mudar leva tempo...
E vai mudando... mas o processo já começou... um pouquinho só a cada momento...

GRAVAR FITAS

- Gravação de fitas com estórias específicas para cada pessoa.


- Ressignificando
- Entremeando recursos
- Dando sugestões pós-hipnóticas
- Reorientando para solução

A METÁFORA QUE A PESSOA FAZ SOBRE O SEU PRÓPRIO PROBLEMA

- Perguntar: com o que se parece o seu problema?


- Ver se ela traz símbolos, lembranças infantis ou sonhos.
- Utilizá-los

PONTOS CHAVES

- Metáfora e símbolos o paciente.


- Palavras idiossincráticas → mudar o significado
- Crenças limitantes → possibilidade de conversar com a criança interior através da estória e
ensiná-lo sobre como fazer de um jeito adulto.
- Buscar e resgatar os recursos da pessoa
- Conotar positivamente tudo que se passa
- Utilizar as experiências vividas com recurso (todas as experiências são aprendizagens...)
- Abrir alternativas (caminhos)
- Fazer muitas modalidades sensoriais (cor/ cheiro/ sons/ descrições, etc...)
- Por o problema no passado... A formiguinha era muito trabalhadora...
- Por a solução no presente... agora, ela esta aprendendo a descansar para trabalhar
saudavelmente...
- Conectar as sugestões com uma meta
- Sugestões pós- hipnóticas
- Palavras de proteção (Teresa Robles)

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