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CURSO BÁSICO

- APOSTILA II –
Por Sofia Bauer
CURSO BÁSICO DE HIPNOTERAPIA

APOSTILA II

TÉCNICAS BÁSICAS

- Relaxamento progressivo
- Lugar seguro
- Respiração
- Levitação das mãos

TÉCNICAS AVANÇADAS

- Cores
- Visualização e imagens
- Distorção do tempo
- Confusão mental
- Estados do Ego
- Freeze Frame

INDUÇÃO DE RELAXAMENTO PROGRESSIVO

Quando vamos fazer uma indução, lembremo-nos de alguns princípios fundamentais


para o estabelecimento da aliança terapêutica.

Motivação: é muito importante o paciente estar motivado para querer algo novo que vai
ajudá-lo. Desenvolva a motivação antes. Podemos perceber que temos mais facilidade em
colocar alguém com dor em transe; há uma motivação enorme para sair do sofrimento.

RAPPORT: a segurança ao dizer “vem comigo”, para que a pessoa possa seguí-lo como
um guia, um “lanterninha” de cinema que indica os lugares onde o cliente possa se “assentar”;
ela precisa confiar, se entregar. Têm pessoas com maior dificuldade na entrega. Necessitam de
controle. Dê-lhe o controle e ela se colocará em uma forma especial para relaxar, porque relaxar
o corpo ajuda a relaxar a mente.
Como diz o professor Malomar Edeweiss: “Cada tônus muscular corresponde um tônus
mental, e vice versa”. Então estabeleça que o que vocês vão fazer, explique que será um
relaxamento, e que ele é proveitoso de todas as maneiras.

Tire as dúvidas sobre o que a pessoa entende por hipnose, se ela já foi hipnotizada
antes, se já fez algum curso de controle da mente, ioga, etc. Você fará uma comparação
mostrando que o caminho é o mesmo. Tire as dúvidas quanto aos mitos caso a pessoa os tenha.

Assim, depois de motivá-la, estabelecer a confiança, você pode colocá-la numa posição
confortável. Sentada de preferência, pois nos dá maiores referências sobre a constelação
hipnótica, em que nível de transe o sujeito está. Além do que, a pessoa percebe a diferença do
estado alerta para o transe. Muitas vezes, quando a pessoa deita, passa direto ao sono.

Não há necessidade de uma poltrona excepcionalmente confortável. Milton Erickson


hipnotizava em cadeiras bem desconfortáveis e todos entravam prontamente em transe por sua
motivação.

Posicione-se de frente ao seu cliente de pernas e braços cruzados, e peça q ele faça o
mesmo. Isto porque se acredita que a postura fechada leva a não se abrir ao novo. Se você for
fazer a levitação das mãos, a pessoa estará com os braços catalepticamente mais presos. Além
do que, um braço ou uma perna pesa sobre a outra durante o transe, por causa do fenômeno da
catalepsia.

Ao se posicionarem, você pode começar o transe não-verbal, respirando profunda e


suavemente e fechando seus olhos por alguns segundos. Se a pessoa seguí-lo ela já está
responsiva.

Aqui começa o transe:

Você pode fechar seus olhos... Permita-se respirar profundamente, calmamente e sinta
sua respiração ...

Como é gostoso poder parar por alguns instantes... dar-se algum tempo... um tempo
para se voltar para você mesmo ...

De olhos fechados para fora... você pode abrir os seus olhos internos... olhos que vão
poder olhar (sentir) você lá dentro...
Respire... inspirando calmamente... soltamente... abrindo o peito para uma nova
inspiração... abrindo o peito apertado de sentimentos (sofrimentos/pensamentos) ...

Trabalhar a angústia... angústia... é uma palavra que vem do latim... significa peito
apertado...

Sua mente consciente pode ir ouvindo estas palavras que vão guiando você... enquanto
sua mente inconsciente pode sabiamente ir fazendo sua própria viagem de conforto...

Inspirando... abrindo o peito... um novo fôlego... Expirando... Expressando ... aquilo que
fica preso lá dentro...

À medida que você faz esta respiração soltamente... gostosa... você pode ir se soltando
aí no sofá (cadeira), sentindo o seu corpo, seus pensamentos... que partes estão mais tensas...

Mas não faça força... nem mesmo força para não fazer força... Deixe as coisas
acontecerem naturalmente... Até mesmo os pensamentos... sem julgamento.

A respiração vai ajudando você, digerindo, limpando... levando oxigênio a todas as suas
células... retirando o gás carbônico e todas as toxinas que ficam presas lá no fundo... Abrindo...
Soltando... Protegidamente, pelo seu inconsciente...

E assim, enquanto sua mente consciente vai percebendo pequenos ajustes, a sua mente
mais profunda vai fazendo as mudanças necessárias, buscando seus recursos interiores; porque
aí dentro de você, há um reservatório de bons recursos para ajudá-lo a se sentir bem, agora!...

E você pode ir percebendo seu corpo... ir soltando seus pés... Sinta os seus pés no chão,
dentro dos seus sapatos... você pode apoiar seus pés e se deixar ir para dentro mais e mais...
Que coisa boa é podermos nos apoiar protegidamente...

Enquanto você solta seus pés e os sente... pode ir soltando as pernas... o pensamento
calma/mente... solta/mente... aliviando cada tensão muscular...

Pode ir sentindo as pernas apoiadas ao sofá (cadeira), deixando-as aí ficarem... Pode ir


soltando quadris... abdômen... soltando peso... tensão...

A mente consciente focaliza, localiza... a mente inconsciente desliza, solta, relaxa...


Porque é sua parte sábia que ajuda você a descobrir algum conforto, paz e relaxamento...
Vai soltando o peito... a respiração... Soltando as costas nas costas do sofá (cadeira),
vértebra por vértebra... músculo por músculo...

Você pode se deixar ir, soltando... relaxando... enquanto sua mente inconsciente já
trabalha sabiamente para ajudá-lo em suas questões (...) ... Soltando... Relaxando...

E o corpo... pescoço... nuca... soltando, relaxando... aliviada/mente.

E você pode sentir a cabeça, os músculos da cabeça, da face... que coisa boa que é
poder se dar algum tempo... Tempo de revisão... tempo de soltar... Tempo de aproveitar...
Aproveite saudaavelmente este momento...

A esta altura... eu vou observando mudanças em você... Enquanto eu fui falando... sua
pulsação mudou... seus batimentos cardíacos se tornaram mais compassados... seu rosto está
com uma expressão mais suave... (e assim por diante, vá colocando aquilo da constelação
hipnótica que você percebe e que ajude a pessoa a relaxar ainda mais... Observe bem antes de
falar).

Como disse um professor meu, em suas induções: tudo é questão de treinamento,


quanto mais a gente treina, mais e mais aprende... Desde pequenino, levou algum tempo no
aprendizado do caminhar, andar com suas próprias pernas. Primeiro, foi ajudado pela mão de
um adulto, que lhe deu o apoio; depois a vontade era tão grande de andar, que você foi querendo
dar seus próprios passos sozinho. Às vezes caía, mas levantava, caminhava lento e
tropegamente, mas queria aprender.

Quanto mais você treinava, mais você aprendia, até que você aprendeu a andar com
suas próprias pernas. Andou, correu, brincou, coisas que sabe fazer até hoje. Sua mente
inconsciente, hoje, não pensa para fazê-las. Simplesmente o faz! Os aprendizados vão sendo
armazenados dentro do nosso inconsciente e este os guarda como uma fonte de recursos, que
pode ser processada automática/mente, protegida/mente... para lhe ajudar... em qualquer
momento de sua vida... Pois foi assim também quando você foi para a escola aprender a ler e
escrever... levou tempo treinando e aprendendo cada letra, seu som e formato... juntando as
letrinhas e formando palavras... vendo as diferenças entre as letras... o m com três perninhas, o
n com duas... a diferença do p para o b... e juntando letras foi formando palavras... e treinando
você foi aprendendo, automaticamente, a utilizá-las. Hoje, você lê e escreve automaticamente,
sem ter que pensar... seu inconsciente toma conta de seus aprendizados, daquilo que
saudável/mente, automaticamente, você pode utilizar em seus aprendizados... E, como todo
aprendizado, vai sendo armazenado em seu favor, lá no fundo da sua mente, para você utilizar
quando quiser... Você também faz novos aprendizados, todos os dias... Além de poder
reaprender muitas coisas boas e novas a cada dia. Quanto mais você treina, mais você é capaz
de ir aprendendo tudo o que você realmente desejar. A vida é assim... O que é preciso é você
querer mudar... treinando... aprendendo... e sua mente inconsciente pode ajudá-lo com uma
fonte inesgotável de recursos que você tem. Aproveitando... relaxando... Um novo momento de
aprendizado... e você pode ir aprendendo a respirar... inspirando um novo fôlego... expirando as
toxinas lá de dentro... soltando o corpo para soltar a mente... saudavelmente... e assim, das
próximas vezes em que você entrar em transe, você poderá se aprofundar ainda mais nesta
viagem de bem-estar... agora, aqui, você levará a saudável sensação de bem-estar para um
resto de dia (noite) agradável, assim como novos dias agradáveis... em que virão pensamentos,
sonhos, lembranças, que te ajudarão, cada vez mais, a realizar o que você deseja: equilibrar...
restaurar...recuperar... aprendendo a cada momento... mais livre/mente...

Assim, agora respire gostosamente e vá se trazendo serena/mente ativo, ativa/mente


sereno, bem desperto aqui, de volta à sala... ouvindo os sons ao redor... ouvindo a minha voz e
se reorientando a este momento... mantendo o bem-estar...

... Se você quiser pode se lembrar do que foi dito, ou pode esquecer de se lembrar... ou
pode deixar por conta da sua mente inconsciente ir lembrando você daquilo que for necessário,
no momento em que for necessário...

INDUÇÃO DA RESPIRAÇÃO

A respiração é considerada uma boa metáfora de limpeza, saúde, vida. A respiração


processa mudanças de purificação e vida.

Veremos um roteiro em que eu juntei algumas técnicas de indução através da respiração,


com uma técnica budista, o ar azul.

Sabemos que o transe é atingido através da absorção; no caso, a absorção será a


focalização na respiração do cliente. Você não precisa fazer exatamente como vai aqui. Utilize
sua forma pessoal.

... Agora se permita colocar-se à vontade... fechando os olhos... procurando perceber


sua respiração, como ela acontece em você... apenas repare... e vá soltando o corpo no sofá
(cadeira), sentindo seus pés apoiados ao chão... não fazendo força alguma... calma/mente se
deixando ir para dentro de você mesmo... deslizando... sentindo... A respiração é algo que faz
parte de nós... nos dá a vida a cada minuto que respiramos... Levando na inspiração o oxigênio
a todas as nossas células... a quantidade certa que elas precisam para se multiplicar, mudar,
viver... e retirando/digerindo... na expiração as toxinas e o gás carbônico... levando vida nova...
abrindo... soltando... Nós vamos fazer um pequeno exercício de imaginação... em que você pode
imaginar... visualizar... sentir... mas não se esforce para fazê-lo... faça automaticamente... é um
exercício de respiração... Traz alívio e bem-estar... e você pode experienciar...

... Enquanto sua mente consciente vai aprendendo a fazê-lo...sua mente inconsciente
vai usufruindo do prazer das trocas... trocando saudável/mente... digerindo... deslizando... Então
você pode imaginar um céu muito azul... de um azul muito suave, bonito e limpo... onde o ar
também é azul...

... Imaginando... visualizando ou sentindo... o ar entrando azul na sua inspiração...


inspirando azul... sentindo seu peito se abrindo... o azul entrando e aliviando... acalmando...
levando os aspectos positivos... o bom... e deixando sair na expiração... um ar cinza...
carregando o gás carbônico e as toxinas que ficam presas lá dentro de você... entrando o azul
que acalma... abre o peito... alivia... dá fôlego... saindo os aspectos negativos... cinza... Isso...
experimente... Entrando o azul... que trabalha a angústia... o peito apertado...saindo o cinza...
carregando... expressando o que fica preso lá dentro... Isso mesmo... permita-se experienciar...
abrir-se para o novo, o calmo, o azul, e deixar sair o que fica aí preso... digerindo... respirando
vida... paz... aprofundando seu bem-estar...

Passe para a ratificação. Ratifique as mudanças não só da respiração, mas as que você
observa, em cada detalhe.

Em seguida, utilize sua criatividade, elicie as possibilidades, os recursos da pessoa. Você


pode criar metáforas ou trabalhe com o que você achar melhor. Depois reintegre a pessoa e
termine o transe, reorientando-a para o estado de vigília.

INDUÇÃO DE UM LUGAR AGRADÁVEL

Esta é uma indução para proporcionar ao cliente um tipo de lugar de proteção. Ele pode
usar esta técnica para fazer auto-hipnose, para se colocar neste local protegido em momentos
de ansiedade ou insegurança.
Comece por uma indução natural, do modo que você quiser, não necessariamente como
vai escrito nesse roteiro. Depois de estar com o seu cliente já confortável e responsivo,
mostrando alguns dos itens da constelação hipnótica, leve-o ao lugar agradável.

Aqui vai um roteiro completo:

...permita-se ficar a vontade... colocando-se confortavelmente no sofá (cadeira)... e você


sabe que, ao fechar seus olhos... você pode abrir seus olhos internos... os olhos da mente que
vão observar seus sentimentos... o que esta passando lá dentro... é mais uma oportunidade para
você se permitir descobrir uma forma de ficar com segurança com você mesmo... Assim, daqui...
pouco a pouco... você vai indo para dentro... entrando em contato com sensações/sentimentos
de conforto e bem estar... Você vai respirando... abrindo o peito na inspiração...levando a vida...
oxigênio... um fôlego novo... a medida que você inspira...sua mente consciente vai acomodando
seu corpo confortavelmente no sofá... e sua mente inconsciente vai lhe levando para uma
viagem... sensações/sentimentos... porque sua mente inconsciente sabe dos caminhos... lugares
que conduzem ao bem estar... e você pode ir desfrutando protegida/mente de um estado de bem
estar aí dentro de você... inspirando... oxigênio... paz... tranqüilidade... expirando... gás
carbônico... sentimentos apertados... aliviando...

Ratifique:
...Daqui onde estou, eu já observo mudanças em você... no ritmo respiratório... mais suave... no
seu tônus muscular... mais solto... suave... deslizando... desfrutando protegidamente... na sua
face mais relaxada... na coloração da mesma... Que coisa boa desfrutar de um bem estar...

Elicie:
E você pode aumentar sua segurança, seu bem estar... imagine... visualize... um lugar especial...
agradável... pode ser um lugar conhecido ou imaginário... pode ser uma praia, um mar
agradável... ou pode ser o alto de uma montanha... ou talvez um vale com um rio ou um campo
com flores... pode ser o que você quiser... até mesmo seu quarto... mas se deixe imaginar este
lugar em cada detalhe... a cor do céu... que mais lhe agradar... a temperatura do ambiente que
mais lhe agradar... a brisa do ar? O tempo está gostoso... permita-se visualizar cada partezinha
deste lugar só seu... cada planta... cada flor... se há água... como é essa água... a cor... os
barulhos... se há animais/passarinhos...

...Veja lá o que você quiser... e se coloque neste lugar... num cantinho agradável...
protegidamente confortado... com paz e tranqüilidade... desfrutando do bem estar de poder ficar
a vontade... respirando... soltando... e deixando que sua mente inconsciente sabiamente amiga
possa trabalhar para você agora... E assim, toda vez que você se sentir com vontade, você pode
ir para esse lugarzinho aí dentro de você... protegidamente recuperar seu fôlego, sua energia...
seu bem estar... Vou lhe dar alguns minutos... utilize- os como todo o tempo do mundo... para
você curtir um bem estar protegidamente... curtindo... soltando... desfrutando... (dê dois
minutinhos, mais ou menos, de acordo com cada pessoa). Faça apenas um sinal com a cabeça
que você está lá no seu lugar agradável para que eu possa saber logo que você o visualizar... e
agora... você pode ir voltando devagarzinho... se trazendo serenamente bem desperto e cheio
de energia aqui para a sala agora... respirando uma, duas ou três vezes vá voltando...
completamente alerta e bem disposto... sabendo que você pode voltar a este lugar agradável
sempre que necessitar... ele é seu... até mesmo criar outros novos lugares ao seu agrado...
Voltando bem disposto, para um resto de dia agradável, onde você levará este bem estar que é
uma

INDUÇÃO DA LEVITAÇÃO DAS MÃOS

Esta é uma indução que ajuda a mostrar ao cliente que ele está em transe e que tem
uma força maior, seu inconsciente, que é capaz de fazer muitas coisas que ele pensa que não
consegue.

A levitação das mãos é uma resposta ideomotora. Um fenômeno hipnótico que acontece
naturalmente e que, ao ser sugestionado na indução, vem como reposta. Os iniciantes têm um
certo receio de fazê-lo, porque acham que vão falhar, que seu cliente não responderá. É preciso,
antes de tudo, em qualquer indução, estabelecer o rapport. O paciente confiante se deixa ir para
dentro, acessar estas forças e recursos inatos dentro dele mesmo e assim experienciar a
resposta com a levitação das mãos e braços. Muitas vezes a resposta é demorada. É preciso
dar tempo para que o cliente responda.

Pode ser que, depois de algum tempo, quando você acha que o cliente não vai mais
responder, venha a resposta. Por outras vezes o cliente apenas alucina que levitou a mão, que
o fez; mas na verdade, ele só alucinou. Você observou e o cliente manteve a mão abaixada.
Mesmo assim, ao terminar o transe, o cliente lhe diz que a levitação foi ótima. Juntou-se aí outro
fenômeno hipnótico, a alucinação positiva. Por isso, espere retirar a pessoa do transe, e
investigue como foi este exercício para o seu cliente. Normalmente a resposta vem. Você pode
dar uma pequena ajuda, avisando (é importante avisar, quando for tocar em um cliente, para ele
não se assustar) que você vai tocá-lo e ajudá-lo a ir descolando os dedos. Ou por outra, caso
não veja resposta, simplesmente diga: “...e sua mão é que vai escolher... talvez prefira ficar
quietinha agora... experienciando descansar... relaxar devagar... e aproveitar os benefícios de
assim ficar...”.

Mas vamos à indução:

Você fará sua indução ao seu modo, com absorção da mente consciente, com ratificação
e eliciando a resposta ideomotora da levitação das mãos. Lembre-se de que existe um roteiro.
Mas nós não somos uma rede de sanduíches prontos, iguaizinhos à receita de bolo. Modifique,
crie, acrescente, retire. Faça sob medida para o seu cliente, na linguagem dele. Contudo, darei
um roteiro que, espero, seja sujeito às suas criações.

Absorção

Como é bom você, hoje, aqui, se colocar novamente à vontade para ir lá para dentro.
Fechando os olhos... soltando o corpo... se deixando ficar confortavelmente bem colocado...
Aproveitando e desfrutando protegidamente da sua respiração... Inspiração... tomando um fôlego
novo e gostoso... soltando o ar e as toxinas presas lá dentro... Inspirando.. Expirando...
Soltando... Protegidamente...

E à medida que sua mente consciente ajuda você a se colocar à vontade... a sua mente
inconsciente, automaticamente vai suavizando suas sensações... emoções... pensamentos...
você pode ir sentindo seu corpo e colocá-lo à vontade... cada momento suavizando... soltando...
relaxadamente... sentindo seus pés, como eles estão apoiados ao chão... A mente consciente
vai guiando para você ir se soltando... enquanto a mente inconsciente vai sentindo o conforto e
bem-estar que vai se instalando... porque a sua mente mais profunda sabe guiar você melhor do
que você imagina...

... Que coisa boa que é poder sentir seu corpo se soltando... pernas...coxas... enquanto
ainda pode perceber alguns sons (da sala, ambiente)... soltando abdômen... peito... soltando o
peso dos ombros... costas... vai permitindo sentir o bem-estar e ficar à vontade... em que não é
preciso fazer força alguma... cabeça... pescoço... também soltando... suavizando...
protegidamente...

Ratificação
... Você pode ir notando... pequenas modificações...no tônus muscular... na sua
respiração mais calma... mais ritmada... sua pulsação mais tranqüilamente ritmada... os
músculos da face se soltando, suavizando... (aquilo que você perceber).

... A hipnose é uma maneira de aprender sobre você mesmo... num nível diferente de
sentir... em que experiências acontecem... em que você se permite ficar à vontade com você
mesmo...

... E sua mente inconsciente pode desfrutar deste tempo gostosamente...

Eliciação

... Em um momento vou pedir algo especial a você... não é necessário fazer nenhuma
força para isso... basta deixar que sua mente mais profunda possa ir fazendo por você... trazendo
uma sensação agradável daquilo que ela é capaz de atingir...

... E que coisa boa é poder experienciar a força que vem de dentro... e você pode ir
sentindo... seu corpo... que partes estão mais pesadas... ou mais leves... ir sentindo suas mãos...
focalizando a atenção nelas... e você pode experimentar ir descolando uma de suas mãos do
colo... a que você quiser... até mesmo as duas... mas não faça força... deixe que a mão vá
fazendo o movimento com uma força que vem de dentro... ela vai descolando e subindo em
direção ao seu rosto... suave/mente... e você sentirá a sensação agradável e boa que é
experienciar coisas novas... que vêm de dentro... subindo devagarinho... descolando aos
pouquinhos...

... A mão sabe o caminho de chegar ao rosto sozinha... ela vai indo... (à medida que ela
for subindo)... isso mesmo... experienciando fazer algo novo... a sensação de leveza e bem estar
vai acompanhando você... Você pode experimentar mover e fazer algo novo... A sua mente
inconsciente é capaz de fazer movimentos novos para você... (Ao tocar o rosto)... e tocá-lo de
uma forma especial e agradável... sentindo... tocando... movendo... e aos pouquinhos, depois de
tocar seu rosto e senti-lo... você pode ir descendo sua mão até tocar seu colo novamente...

... Essa é uma experiência nova... aquilo que a sua mente inconsciente/mente sábia pode
fazer de novo e interessante por você... Assim como agora, ela poderá mover muitas outras
coisas que você desejar, no seu tempo, ao seu modo e no seu ritmo... Mudando...
Acrescentando... Criando...
... E agora, depois desta agradável experiência... você pode ir voltando devagarinho aqui
para a sala... bem disposto... serenamente alerta... respirando saudavelmente...

Quando a pessoa não levitar mude um pouco para:

... Mas se sua mão preferir ficar quietinha neste momento... também deixe-a experienciar
a sensação agradável de se permitir repousar como está... Virão outros momentos de fazer
movimentos lá dentro, na hora mais oportuna para você... desfrutando protegidamente deste
descanso gostoso...

A levitação de mão é feita para ver até que ponto o sujeito recebe como seu algo que se
sugere como uma indicação de comportamento. Você tem uma base para observar o que é
necessário fazer para que mudanças ocorram.

INDUÇÃO DE CONFUSÃO MENTAL

Roteiro de desorientação temporal: a técnica de confusão de Erickson (1964)

Sintetizado de Gilligan, Stephen. Therapeutic Trances. New York, Brunner/Mazel. 1987


p. 264-73. Itálicos referem-se à entonação reforçada.

Passo 1 - Absorver a atenção. (Começar pontuando algo simples do aqui e agora do


cliente).

E que coisa boa saber que você está assentado aí, você sabe que há uma porção de
experiências que você aproveitou e experienciou em muitas ocasiões...

Passo 2 - Referir-se a um fato comum do dia-a-dia, presente (alimentar, conversar), de


forma significativa, mas casual, para que o cliente fique sem saber porque você está falando
aquilo.

Por exemplo, você provavelmente tomou seu café da manhã hoje... muitas pessoas
costumam fazer isso, embora, às vezes, não tomem uma das refeições...

Passo 3 - Usar o fato comum mencionado para ligar o passado ao presente e ao futuro,
falando mais rapidamente, mas modificando o ritmo se for necessário, para sobrecarregar e
desorientar o cliente no tempo. Importante: tudo que se diz tem de ser verdadeiro, senão, cria-
se oposição.
E talvez você tenha comido hoje algum tipo de alimento que você já comeu antes, talvez
algum dia na semana passada, ou na semana ainda anterior... e você provavelmente vai comer
a mesma coisa na próxima semana, ou na semana depois da próxima... e talvez aquele dia da
semana passada, se houve algum em que você comeu, aquilo que você comeu hoje, aquele dia
então, era um hoje como este hoje é agora...

Em outras palavras, aquilo que era então talvez seja parecido com o que é agora... talvez
fosse (atenção!) uma segunda-feira como hoje, ou uma terça-feira, eu não sei... e talvez, no
futuro, seja o alimento de novo, na segunda-feira ou na terça-feira, mas a quarta-feira não pode
ser descartada, mesmo que seja o meio da semana... e o que realmente significa ser o meio da
semana? Eu não sei realmente, mas eu sei que no começo da semana, o domingo vem antes
da segunda-feira, e segunda vem antes de terça, e terça depois de domingo, exceto quando se
trata da terça anterior...

Passo 4 - Continuamente, fazer equivaler passado, presente e futuro, apressando o


ritmo, mas falando de modo que pareça tudo muito significativo e pensado: isto pode se dilatado,
se o cliente precisar ser mais sobrecarregado. Observar também o uso de seqüências
interrompidas.

... E isto é verdade esta semana, era verdade na semana passada, e será, na semana
próxima... mas esta semana, semana passada, ou semana próxima, isto não é importante...
porque a segunda-feira aparece no mesmo dia da semana, nesta semana, daquele em que veio
na semana passada e em que virá na semana próxima... e o domingo também, para não
mencionar a terça- feira... e assim os dias da semana e as semanas do mês têm muitas
semelhanças compartilhadas, dentro delas e entre elas.

Passo 5: Mudar para os meses do ano, de modo que muda-se a unidade de referência,
mas as relações constantes de variabilidade permanecem.

... E os meses do ano seguem um padrão similar... setembro antes de outubro e depois
de agosto, e agosto antes de setembro... este ano, no ano que vem, e no ano passado...

Passo 6: Gradativamente, mudar para o passado, encorajando a regressão. Frases


contendo mudanças de tempo rápidas confundem a mente consciente enquanto trazem para o
presente as memórias, para a mente inconsciente.
... E no dia do Trabalho deste ano, onde você estava, agora? E hoje não é o Dia do
Trabalho, não é... e então você não precisa trabalhar de jeito nenhum... você pode deixar seu
inconsciente tomar conta de tudo e aprofundar dentro de você... mas onde você está agora?...
Não há necessidade de falar coisa alguma, apenas imagine, e é aquilo que era então, agora...
mas as férias deste ano já se passaram, e tudo aquilo que ocorreu, muita coisa já foi esquecida,
você se lembra? E maio, eu continuo a falar, qualquer pessoa pode começar com abril... mas um
março às vezes deixa alguém pensando... quem realmente se lembra do dia 19 de fevereiro?...
e o fim de janeiro... um ano novo já ocorrendo... e o dia de Ano Novo... e todas as coisas da noite
anterior... e as férias do ano passado... e todas as coisas a fazer... mas aquilo foi depois do Natal,
não foi... não é agora?... E isso era verdade então, agora, e também no ano passado... e no ano
de 1994...

Passo 7 - Dirigir o cliente para encontrar e reviver um fato específico no passado,


solicitando-se também que indique se reviveu o fato, com a levitação do dedo.

E continuando para trás, para trás, para trás... de volta aos anos do passado agora que
estão agora começando a fazer parte do seu presente, sem dúvida, agora... aquilo que, um dia
foi há muito tempo está agora aquilo que é agora... e você pode sentir e apreciar como é fácil
para o seu inconsciente lembrar de uma experiência há muito esquecida... uma experiência
agradável... de que você não tem-se lembrado por tanto tempo... porque você pode deixar- se ir
para trás... por todo o caminho de volta... de volta há muito tempo atrás em que você era criança,
quando você teve uma experiência agradável, realmente gostosa... certo... e use todo o tempo
necessário... e quando você tiver deixado você reviver completamente aquela experiência... seu
inconsciente pode assinalar... permitindo que seu dedo indicador da mão direita se levante
devagar...

TÉCNICA DOS ESTADOS DE EGO

Uma adaptação de várias técnicas para aplicação na hipnoterapia

Sofia Bauer

A utilização dessa técnica é muito fortuita, associada aos movimentos bilaterais


alternados do EMDR. Utilizamos dessa técnica toda vez que um paciente diz assim: uma parte
minha pensa que, uma parte de mim acha... E assim você pode utilizar, para desenvolver a
dissociação das várias partes que compõem o nosso ego. Dr. Watkins escreveu um livro muito
bom sobre os Estados do Ego: “Ego States”, e seguidores da Dra. Francine Shapiro, como Gerald
Puck e David Grand, adaptaram novas maneiras de utilizar esta técnica. Neste texto vou dar á
vocês um condensado de tudo isto aplicado à hipnoterapia.

Toda vez que sofremos um trauma, nós desviamos o nosso caminho natural, a nossa
jornada. Colocamos um disfarce para podermos enfrentar, a partir daquele momento, alguma
situação que possa vir a ser traumatizante novamente. E assim, vamos desenvolvendo novos
estados de alterego, que nos auxiliam, nos facilitam viver a vida, mas também nos deixam fixos
e rígidos em alguma determinada postura. Essa técnica é muito fortuita para qualquer tipo de
problema.

Passos da técnica:

Passo 1

Imagine agora que você vai fechar seus olhos e vai ver um palco iluminado. Nesse palco
vão aparecer personagens, personagens de você mesmo, que podem aparecer como homens,
mulheres, personagens da história, animais, como você desejar. Eu ainda não sei como eles vão
aparecer, assim como você também não sabe.

O que nós sabemos é que dentro de nós existem muitas partes. Às vezes vemos na rua
uma velhinha muito simpática, muito alegre, e dizemos: essa velhinha tem uma cara de uma
jovem adolescente. Às vezes encontramos com um jovem adulto muito sério, com uma cara de
um juiz de sentenças de morte. E assim por diante, encontramos as pessoas que estão rígidas
dentro de alguns papéis determinados.

Todos nós, lá dentro de nós, temos vários disfarces, várias partes que compõem o nosso
ego. E que assim aparecem em determinadas ocasiões de nossa vida, por determinados
problemas que enfrentamos. São como disfarces, vestimentas que vestimos para poder darmos
conta de cada momento de nossa vida.

Agora, vamos viajar para dentro de você. Imagine um palco. Se assente e assista a
cortina se abrindo. Por um instante respire fundo e se deixe poder aproveitar da cena que vem.
Veja quais os personagens que vão poder aparecer para você. Nesse momento o palco vai se
abrindo e você pode então, agora, observar se há algum personagem aparecendo nesse palco.
Que personagem é esse? Como ele aparece? Que idade ele tem? Que roupas ele veste, qual é
a sua aparência?

E você pode perguntar a ele o seu nome, faça isso. Se dê um tempo para observar essa
pessoa, e pergunte a ele: quem é você? Nome, idade, veja como ele está vestido. Mas o mais
importante é você agradecer por ele ter aparecido, pois ele é uma parte integrante de você.

Agora que você agradeceu, pergunte a ele quando ele apareceu na sua vida, qual é a
função que ele tem, o que ele deseja de você. E ouça todas as respostas.

Passo 2

Procure ver se há outros personagens. Vá vendo um por um, perguntando a idade, o


nome, por que ele apareceu em sua vida, quando ele apareceu na sua vida, qual é a função dele.
Tome todo o tempo que necessitar para ir vendo cada personagem. E você pode ir me dizendo
um por um, o que ele é, como ele é, o que ele faz, e a sua função. Eu estarei aqui ouvindo junto
com você, todas as novidades que a sua mente sábia vai trazendo para você.

Passo 3

Depois de já tiver visto todos os personagens que poderiam aparecer, pare um instante.
Veja se tem algum personagem que deseja conversar com algum outro personagem, o que ele
deseja falar para o outro. Veja se tem algum personagem que está precisando de ajuda, que
necessita mudar. Observe se tem algum que pode oferecer essa ajuda, e pode fazer algum par
complementar, ajudando o que necessita. E com a sua respiração, ajude que esses personagens
possam ir se integrando.

Passo 4

Por hoje fecharemos o palco, agradecendo a presença de todos, e pedindo a eles que
se manifestem sempre que for necessário ainda, mas que a parte sábia da sua mente agora já
pode ajudar a cada uma dessas partes a irem resolvendo suas questões. Talvez voltaremos a
isso, em outra oportunidade. Conversaremos com cada uma dessas partes novamente.

Mas, a partir do momento, a parte sábia da sua mente, a sua mente inconsciente já está
automaticamente providenciando todas as mudanças que lhe sejam necessárias.
Agora, devagarinho, vá retornando saudavelmente, bem desperto, aqui para sala.

Passo 5

Pegue uma folha de papel. Faça um círculo bem no meio dessa folha do papel, que é o
seu eu. Espalhe nessa folha de papel os personagens. Não exatamente como eles apareceram
no teatro, mas do jeito que você quiser, espalhe por esse papel e desenhe cada um dos
personagens que você viu. Apenas espalhe pelo seu papel, da forma que você quiser. Nós
iremos trabalhar com esses personagens daqui para a frente, e por isso é muito importante que
nós os mantenhamos desenhados, para irmos vendo as mudanças que podem acontecer.

Depois que a pessoa tiver desenhado o personagem, você poderá fazer uma análise.
Costumeiramente o personagem que estiver mais distante é o personagem que traz a origem de
algum trauma. As coisas que estão desenhadas na parte esquerda do papel têm relação com o
passado; as coisas que estão desenhadas no meio do papel têm relação com o momento
presente; as coisas que estão desenhadas na parte direita do papel têm relação com o futuro.

Observe a posição e a colocação dos personagens do seu cliente. Isso poderá ajudar
você a fazer uma projeção gráfica e uma interpretação. Não exagere em suas interpretações,
deixe que a pessoa se coloque. Observe as idades que as pessoas tiveram os personagens
aparecendo. Essa idade é muito importante, sugere que houve alguma situação traumática ou
alguma lembrança encobridora da primeira situação traumática. Observe bem a função de cada
alterego. E os personagens que estiverem bem em volta do seu eu no centro, são personagens
que te ajudam no momento, dentro das funções que você necessita.

Bom trabalho, bom divertimento, continue aplicando essa técnica, juntamente com o
EMDR, para facilitar que essa pessoa processe e reprocesse, e vá perdendo a necessidade de
manter os seus personagens rigidamente separados. Eles vão se integrando na medida em que
a pessoa vai melhorando. Ou você vai aprendendo que eles podem se interagir. E isso é o mais
importante. Nós somos feitos de partes que podem se integrar, interagir, se ajudar mutuamente.
O reconhecimento dessas partes traz a conexão, e trata as nossas doenças.

Bibliografia

Bauer, Sofia - Hipnoterapia Ericksoniana Passo a Passo. Livro Pleno, Campinas, 1998.
Watkins John e Watkins, Helen - Eego States - ww. Norton and company, New York, 1997. David
Grand - Defining and Redefining EMDR - NY, 1999.
TÉCNICA DO CONGELAMENTO DE UMA CENA ESTRESSANTE

Adaptação para hipnose por Sofia Bauer

1º passo - Pense em alguma coisa que te traga stress. Se deixe envolver com essa
situação que nos últimos dias tem te trazido preocupação, ou agora está trazendo preocupação
a você. Pense um pouco, sinta seu corpo, sinta sua respiração. Enquanto você faz isso, pense
um pouco a respeito de como o stress corre no nosso corpo.

O stress normalmente corre de maneira subterrânea, sem que a gente perceba que está
ficando estressado. Às vezes uma emoção não dita, às vezes uma raiva contida, às vezes um
medo, uma tristeza, e pronto. Basta que não demos atenção que o nosso corpo acaba se
expressando. O problema do stress é que nós não vamos percebendo que estamos passando
por emoções, e ele vai se instalando na surdina, dentro do nosso corpo. Assim, quando
percebemos já estamos estressados. Uma tensão muscular, brancos no pensamento,
irritabilidade, sensação de falta de descanso, dores no corpo, sintomas físicos, pronto. Você já
está estressado. O que fazer?

Pare um pouco agora, pense no problema que te aflige no momento. Sinta ele presente
no seu corpo. E, nesse momento, aperte o botão de pausa, como se fosse pausa de um vídeo-
cassete. E assim, por um momento largue isso de lado.

2º passo - Sinta sua respiração. Pode parecer brincadeira, mas vou lhe pedir que você
respire pelo coração. Sinta que você respira pelo coração, pela região cardíaca. Isso pode
parecer brincadeira, mas faz com que toda a sua energia se volte para o chacra do coração.
Sinta sua respiração acontecendo por aí, e se deixe aproveitar desse instante, reativando as
funções do chacra do seu coração.

3º passo - Procure agora se relembrar de um momento em sua vida muito especial,


algum momento em que você se sentiu muito bem, algum momento de sua infância, algumas
férias relaxantes, alguma palavra de carinho que alguém possa ter te dado, algum momento de
um pôr-do-sol bonito ou até mesmo comendo uma fruta no pé, nadando na praia, sentindo o
prazer de uma companhia agradável, ouvindo umas palavras gostosas.

Mas, sinta no seu corpo, não apenas relembre com a sua cabeça. Deixe seu corpo sentir
cada pedacinho dessa cena. Relembre, como se você estivesse vivendo, e sinta completamente
isso, levando até a região do seu coração. Quando você está fazendo esse exercício, pensando
numa coisa agradável, você está ativando os nervos que inervam o seu coração, as memórias
de bem-estar, as memórias saudáveis, as memórias que te fazem bem.

E assim, recuperando e regenerando as suas células nervosas, recuperando e


regenerando o equilíbrio dos seus hormônios, recuperando e regenerando a sua paz interior. É
o sorriso do seu coração. Deixe que seu coração sorria para você e sinta essa sensação do seu
coração sorrindo para você nesse instante, nesse momento.

4º passo - Agora, pare um instante com essa sensação dentro de você e se faça uma
simples pergunta: como você resolveria essa preocupação que você deixou congelada, com
essa sensação que você está sentindo agora? Como você faria para diminuir o stress da sua
preocupação, com essa sensação que você está sentindo agora?

Não responda com a razão, apenas sinta seu coração, sinta seu coração e fique imóvel,
deixe que o seu coração traga uma resposta para você. Apenas ouça o que ele quer te dizer. O
coração às vezes tem respostas simples, tem razões que a razão desconhece. E sabe muito
mais da sua verdadeira emoção nosso coração não mente sobre as nossas emoções. É o único
órgão que não tem câncer, que não mente sobre as emoções, que expressa todas elas.

5º passo - Ouça a resposta, ouça o que o seu coração quer te dizer. Você pode repetir
esse exercício sempre que desejar, sempre que precisar. Sinta-se livre para poder executar toda
vez que você necessitar.

Bibliografia

Childre, Doc e Martin, Howard (1999) - A Solução Heartmath, “Editora Cultrix”, São
Paulo.

ANOTAÇÕES:

UMA NOTA SOBRE SUGESTÃO PÓS-HIPNÓTICA

Cap. 19 - A Respeito da Natureza e Caráter do Comportamento Pós-Hipnótico - pg.

381 a 311 - “Collect Papers” Vol. 1 - Milton H. Erickson

Breve resumo - A definição


O ato pós-hipnótico acontece após o sujeito acordar de um transe, em resposta á
sugestões dadas durante o estado de transe, com a execução de um ato que é marcado pela
ausência de alguma consciência demonstrável, que sublinhe a causa e o motivo para o seu ato.

Em conseqüência a uma sugestão pós-hipnótica, um estado mental especial acontece


como um novo transe, que é diferente do estado de alerta e vem com amnésia da sugestão dada.

A performance do comportamento

Quando o sujeito hipnotizado recebe uma instrução para executar algum ato pós-
hipnoticamente, ele desenvolve espontaneamente um novo estado de transe de curtíssima
duração, que pode variar de segundos até um bom tempo conforme a instrução dada
anteriormente. Esse transe é usualmente de duração breve. A introdução de uma palavra única
e particular dentro de uma conversa normal, desenvolve a resposta do sujeito e a mudança de
atitude.

Quanto mais treinado for o sujeito, melhor é a resposta. O mesmo é dito em relação ao
bom rapport e ao nível profundo de transe.

As características gerais do transe pós-hipnótico espontâneo

Ele é único quando aparece, dura pouco tempo, e somente o tempo de executar a ação
pedida. Caso seja pedido para entrar e ficar em transe, o sujeito continuará em transe até que o
hipnotizador o tire do estado de transe novamente.

Ele pode ser constituído de um único transe, ou de vários pequenos transes.

As manifestações específicas

Ele ocorre rapidamente após a palavra chave ou pista acontece. A partir da pista,
acontece uma leve pausa na atividade do sujeito; ocorre uma expressão facial de distanciamento
e de distração; os olhos ficam opacificados com dilatação das pupilas e falha no foco. Ocorre
catalepsia, e uma fixação da atenção e uma marcada perda de contato com o ambiente. Neste
contexto, em poucos segundos, a pessoa está executando o ato pedido. O transe dura o tempo
que é exigido para completar a tarefa pós-hipnótica sugestionada. O transe termina e a pessoa
não tem noção do ato feito, ele é feito espontaneamente.
Tem um remarcado intervalo de confusão e desorientação, depois do qual rapidamente
o sujeito recobra sua atenção natural.

O sucesso

O sucesso depende do rapport, do treino e do nível de profundidade. Quanto maior a


confiança, maior a probabilidade do sujeito seguir o comando.

Quanto mais treina, maior a facilidade de entrar em estados de auto hipnose. E quanto
mais profundo for o nível de transe, mais susceptível a pessoa se torna à sugestão pós-hipnótica.

Os fenômenos hipnóticos

Ocorre amnésia, catalepsia, literalismo e dissociação.

A TERAPIA ESTRATÉGICA DE ERICKSON

Erickson tinha uma modalidade única e especial de fazer terapia sob medida, por isso é
impossível tentar sistematizá-lo. Mas observamos que existem características específicas em
seu trabalho que os ericksonianos adotam como padrão de abordagem. Elas são, em resumo,
três modalidades de abordagens:

1) Entrar pelo sintoma, modificando o padrão do problema


2) O uso de analogias e metáforas
3) Intervenções paradoxais

A seguir, estudaremos resumidamente cada um destes itens.


Se você quiser aprofundar neste tema leia os livros de William O’Hanlon, como Raízes
Profundas, Em Busca de Solução, Guia de Terapia Breve e Hipnose Centrada na Solução de
Problemas.

1 – A intervenção no padrão que modifica a ação do problema (Entrar pelo sintoma)

O que já foi visto por muitos terapeutas breves é que a conduta de se trabalhar com a
queixa que o paciente traz não oferece resistência. Assim podemos ver que nas psicoterapias
tradicionais onde se busca a causa do conflito, as resistências aparecem rapidamente.
Erickson trabalhava apenas com aquilo que o cliente lhe oferecia mesmo que fosse
somente a resistência. Sem buscar algo mais no passado ou onde quer que fosse!

De acordo com Erickson, o interessante era mudar o padrão de respostas automáticas


que contém, ou acompanham, as experiências ou condutas indesejadas (sintomas).

Assim, é importante reunir o maior número de elementos sobre a queixa do paciente e


com isso MODIFICAR o sintoma.

Você deve observar:


a) a linguagem
b) interesses e motivação
c) crenças e marcos de referência
d) condutas
e) o sintoma
f) resistência

Uma alteração qualquer da queixa modifica as questões que rodeiam o problema e


com freqüência a conduta/problema desaparece. O’Hanlon mostra 15 modalidades que ele
observou no trabalho de Erickson em INJETAR um vírus que MODIFICA O PADRÃO DO
PROBLEMA. Vou colocá-las aqui, para que você possa utilizá-las em seu trabalho terapêutico.
No princípio, é difícil acostumar a intervir no padrão, mas aos poucos você pega o jeito.

Principais modos de intervenção no padrão:

1. mudar a freqüência/ritmo
2. mudar a duração do sintoma
3. mudar o momento (dia/semana/mês/ano)
4. Mudar a direção (no corpo/no mundo)
5. Mudar a intensidade
6. Mudar alguma outra característica ou circunstância própria do sintoma
7. mudar a seqüência dos acontecimentos
8. criar um curto circuito na seqüência (do início para o final)
9. interromper a seqüência, ou impedi-la de outro modo
10. Tirar um elemento
11. Fragmentar um elemento unitário
12. fazer com que o sintoma se despregue de seu padrão
13. fazer com que o sintoma se despregue do padrão-sintoma com exceção
do sintoma (comer muito mas em pouco tempo)
14. inverter o padrão
15. vincular o aparecimento da padrão-sintoma com outro padrão (tarefa
condicionada pelo sintoma)

Erickson utilizava destas modalidades para injetar vírus no padrão do sintoma, às vezes
sem ao menos questionar as causas dos problemas. E o resultado? Excelente!

Assim, podemos dizer que em uma terapia bem estratégica e breve, conseguimos
modificar um padrão de conduta e muitas vezes uma VIDA! Tornando-a mais adaptativa e feliz.
Os bons resultados em vencer um sistema, trabalham automaticamente as mudanças internas
do sujeito e a terapia se faz naturalmente.

Ex. 1) Policial aposentado obeso, tabagista e que bebia muito.

Erickson interveio lhe dando uma tarefa: para comer, comprar uma refeição por vez num
supermercado à 1,5 km. Para beber, uma dose por bar com uma distância razoável entre um e
outro. E para fumar, comprar o maço de cigarros do outro lado do bairro, indo a pé.

Ex. 2) Rapaz de 17 anos que levantava o braço direito 135 vezes/min.

Erickson fez com que levantasse 145 vezes/min e seguiu aumentando e diminuindo
alternadamente, com aumento de 5x/min e diminuição de 10x/min até que desapareceu por
completo.

2) O uso de analogias e metáforas

Este já é um assunto bem conhecido por nós. Conversar por analogias, contar casos ou
estórias faz com que as pessoas se relembrem de seus próprios problemas. Elas sempre estão
buscando uma solução de problemas. Se você constrói estórias ou conta casos que contenham
os problemas dos pacientes, eles conseguem captar a idéia e/ou metamensagem embutida em
busca da solução de seus próprios problemas.
Veja textos sobre como construir metáforas e leia “Minha Voz irá Contigo” de Sidney
Rosen; neste livro Erickson conta muitos casos e muitas estórias em busca de soluções para os
conflitos de cada um.

É bom lembrar que as metáforas são pontes de ligação do problema para a solução.

3) As intervenções paradoxais

Creio que a essência maravilhosa de Erickson se encontra no trabalho com o paradoxo.


Vamos analisar de uma forma sucinta, mas objetiva as estratégias de Erickson para lidar com o
paradoxo.

Todos nós temos conflitos. Por conflito podemos entender que temos um “problema
sem solução”. Por detrás dos nossos conflitos se encontram os paradoxos de nossas vidas. Os
quais todos temos, pois todos temos problemas. Quanto maior a rigidez, mais fechado é o
paradoxo, maior é o problema. Tudo uma questão de volume, como diz Teresa Robles.

Por paradoxo entendemos duas ordens contraditórias ditas ao mesmo tempo e assim
não há como evitar o fracasso, pois se você não obedece a uma, falha com a outra. Tem aquele
bom exemplo da mãe que presenteia o filho com duas gravatas. O filho coloca uma para ir
trabalhar e a mãe diz “Ó meu filho, você não gostou da outra gravata que mamãe te deu!” Como
sair desta!!!

Um exemplo prático: mulher deprimida e obesa. Ficou assim porque um dia descobriu
que o marido ciumento, que lhe exigia estar sempre linda, a traíra. Engordou para não lhe dar
mais prazer (1ª ordem), e deprimiu porque havia ficado gorda (2ª ordem). O que fazer?! Chega
dizendo que quer melhorar da depressão, mas não pode emagrecer!!!

Erickson observava que todos os problemas tinham seus paradoxos. Assim ele utilizava
de uma maneira astuta técnicas paradoxais com estes pacientes.

A estratégia: Prescrever o Sintoma

Ele queria com isso que o paciente fizesse voluntariamente aquilo que antes fazia
automaticamente (inconscientemente). Normalmente prescrevia o sintoma associado da emoção
subjacente escondida na forma automática de funcionar. A partir do momento que o sintoma
deixava de ser automático denunciava o que o sintoma deseja “falar” ou “fazer” e com isto as
pessoas se curavam.

A forma de empregar a prescrição

a) Por obediência – dá-se uma ordem de aumentar o sintoma para depois baixá-lo.

Pode ser feita com pessoas obedientes, permissivas, que cooperam com o terapeuta e
quando o paciente acha que seus sintomas estão fora de combate.

b) Por desafio – espera-se que o paciente desafie, aberta ou encobertamente, o pedido


do terapeuta.

O paciente resiste ou se rebela à prescrição.

Este tipo de prescrição de sintomas é dada a pessoas controladoras e de grande


oposição e vê seus sintomas como potencialmente controláveis.

Assim podemos ver os paradoxos dados pelo terapeuta como:


De prescrição – roer unhas, chupar determinados dedos.
De restrição – não faça isso, vá devagar (quando é para ir depressa)
De posicionamento – trocar a posição de um problema – (aceitando ou exagerando uma
afirmação do próprio paciente sobre seu problema).

Para Fishen e Anderson os paradoxos podem ter 3 classes de estratégia paradoxical:

1. Redefinição – modificar o significado da interpretação atribuído ao sintoma.

Ex.: Redefinir uma criança como extremamente sensível, quando fóbica.

2. Escalada – é o intento de criar uma crise ou um aumento da freqüência da conduta


sintomática.

3. Reorientação – trocar um aspecto do sintoma, prescrevendo circunstâncias


particulares do sintoma. (Chupar o dedo só na frente do pai, fazendo muito barulho para assustá-
lo muito!).
Por fim, devo lembrar vocês que Paul Watzlawick, a Escola de Palo Alto e a Escola de
Milão, são as origens dos trabalhos com paradoxos. Vale a pena ver textos destas fontes.

Todos estes trabalhos de paradoxos são dados como prescrição de sintomas, em outras
palavras, como tarefas.

Bibliografia

William O’Hanlon - “Guia Breve de Terapia Breve” “Raízes Profundas”

“Hipnose Centrada na Solução de Problemas”

E para terminar, deixo aqui com vocês uma reflexão

Conta a lenda que estavam duas crianças patinando despreocupadamente em cima de


um lago congelado. De repente, o gelo se quebrou e uma das crianças caiu na água. A outra
vendo que seu amiguinho se afogava dentro do gelo, pegou uma pedra e começou a golpear
com todas as suas forças, conseguindo quebrá-lo e salvar seu amigo. Quando os bombeiros
chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:

- Como você fez? Impossível que você tenha quebrado o gelo com essa pedra e suas
mãos tão pequenas!

Nesse instante apareceu um ancião que tudo assistia e disse: - Eu sei como ele
conseguiu.

- Como? Perguntaram todos.

- E ele respondeu:

- É que não tinha ninguém ao seu redor para lhe dizer que não poderia ser feito !!!

Se você consegue imaginar, pode conseguir.

Albert Eistein.

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