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SOBRE A N E U R O C IÊ N C IA
Vamos começar a entender a neurociência. Ela é um campo muito
vasto. A neurociência estuda como a mente e o cérebro funcionam e
como essa conexão cérebro e corpo funcionam para nossa vida.
O C É R EB R O :
O cérebro é o grande comandante da saúde mental. Porque é no
cérebro que todas as informações são processadas. O cérebro é um
órgão vivo, dinâmico e em constante mudança. Ele é muito plástico.
Hoje sabemos pelos estudos da neurociência de plasticidade cerebral
que se pode mudar quase tudo daquilo que a gente é ao longo da vida.
O cérebro muda de acordo com os estímulos que recebe. Assim, se
treinamos o cérebro pra algo muito bom ele vai se desenvolver neste
caminho. Mas o contrário também é verdadeiro.
À medida que vamos sendo cuidados, que vamos recebendo mais afeto
e carinho de nossos pais e cuidadores, o cérebro vai se desenvolvendo e
fazendo novas conexões. Mas do zero aos seis anos nosso cérebro não
conecta uma parte com a outra com muita facilidade. O cérebro
aprende a se conectar dos 0 aos 6 anos. E somente entre os seis e 12 anos
que as áreas do cérebro começam a funcionar conectando-se com
Essa história que o cérebro vai criando do zero aos seis anos, enquanto
ele está criando essas conexões é, muito provavelmente, o que vai ditar
os sintomas na vida adulta, tanto de sintomas positivos como negativos.
São as experiências dessa fase que vão moldar os caminhos que o
cérebro faz para lidar com as emoções. Esses caminhos que desenham
a capacidade de sentir emoções, os traumas, a predisposição a
ansiedade/depressão ou menos, se teremos mais coragem ou medo, se
seremos pessoas com predisposição para a aprendizagem ou menos. Isso
é uma predisposição e a gente consegue mudar isso ao longo da vida.
Só que dá mais trabalho, muito mais trabalho.
Por que a gente precisa saber disso? Porque quando vamos falar com
nosso paciente no consultório e ele chega com dificuldade de ficar em
um relacionamento, com dificuldade de falar não, com dificuldade de
falar a verdade para as pessoas, com ansiedade, com pensamentos
repetitivos; vamos saber que esses sintomas, que até então ou eram
patologia ou normalidade, são sintomas daquilo que ele aprendeu há
muito tempo atrás que ele podia ou não sentir, ser e pensar.
Assim, não basta só decidir melhorar, reagir melhor, lidar com stress de
maneira melhor. Isso não é suficiente para diminuir a ansiedade, ou
melhorar a produtividade, ou ter relacionamentos melhores. Não é a
decisão somente que irá mudar o comportamento de um adulto. Para
mudar o comportamento de um adulto é preciso reprogramar o cérebro
e o corpo desse adulto para ter experiências mais produtivas e mais
significativas, para que ele consiga aceitar o que ele sente, regular ou
controlar o que ele sente e então conseguir mudar o comportamento
que ele tem, que faça mal a ele ou aos outros.
O C O R PO E AS EM O Ç Õ E S : A T E OR I A POL I V A GA L
Outro conhecimento muito importante é a teoria polivagal. Através da
neurociência sabemos que nós somos interligados por um mesmo nervo
Eu quero dar um exemplo aqui para vocês, vamos supor que chegue
uma pessoa que a gente esteja ajudando, que a gente esteja
atendendo, e que essa pessoa esteja com muita dificuldade de
relacionamento, por exemplo, o que é uma coisa muito comum em
consultório. E você escuta frases como: “como eu me e sobrecarrego,
não consigo pedir ajuda, estou sempre exausto, não consigo me
relacionar com a pessoa de maneira saudável ou; sou muito passivo, sou
muito agressivo, eu não confio”. Então a gente vai construindo reflexão
com essa pessoa, mas ela não consegue mudar. Ela entende, ela
concorda, mas ela não se move para agir diferente! Muitas pessoas
largam o processo terapêutico porque não veem o retorno ou a gente,
quando é psicólogo, fica frustrado porque a pessoa não desenvolve,
porque não consegue ajudar. E isso pode ser tão simples! Precisamos
entender as emoções e as historias por trás das dificuldades do presente
e depois disso, precisamos ajudar a construir uma outra história e a
aprender a lidar com as emoções.
PARA M UD AR
É preciso primeiro ter consciência de como o cérebro está agindo. Um
estudioso do David Rock conseguiu demonstrar através das imagens do
cérebro que as pessoas que entendem o que está acontecendo com
elas porque alguém explica para ela, conseguem ter uma melhora muito
mais rápida. E só isso já é uma quebra com tudo o que a nós estudamos
no curso de psicologia, de que a gente não pode dizer ao paciente, não
pode dizer o que é que ele tem. Ele tem que esperar para descobrir
sozinho. Para mim isso foi um alívio, isso a gente aprende um pouco em
terapia cognitivo comportamental que para as pessoas melhorem a
gente precisa dizer para elas o que elas têm, como o cérebro dela está
funcionando. Mas a neurociência deixa muito claro o quanto isso é
essencial para a cura.
“Vejo algo que vai me deixar ansioso, isso vai fazer com que eu consiga
fazer uma estratégia de respiração, de fazer alguma outra estratégia de
reprogramação mental e eu assim posso ir mudando os caminhos que
meu cérebro aprendeu.”