O documento discute a história e os benefícios da meditação. Explica que a meditação tem sido praticada por milhares de anos e foi introduzida no Brasil na década de 1960, sendo associada a benefícios físicos, mentais e emocionais. Também descreve pesquisas pioneiras sobre meditação feitas por cientistas como Herbert Benson na década de 1970.
O documento discute a história e os benefícios da meditação. Explica que a meditação tem sido praticada por milhares de anos e foi introduzida no Brasil na década de 1960, sendo associada a benefícios físicos, mentais e emocionais. Também descreve pesquisas pioneiras sobre meditação feitas por cientistas como Herbert Benson na década de 1970.
O documento discute a história e os benefícios da meditação. Explica que a meditação tem sido praticada por milhares de anos e foi introduzida no Brasil na década de 1960, sendo associada a benefícios físicos, mentais e emocionais. Também descreve pesquisas pioneiras sobre meditação feitas por cientistas como Herbert Benson na década de 1970.
Encontrada em diversas tradições culturais, religiosas e filosóficas, como, no
budismo, a meditação, praticada de forma secular, tem sido cada vez mais integrada na prática clínica contemporânea, principalmente na psicologia e na medicina. Embora a meditação seja praticada pelos budistas há, pelo menos, 3 mil anos e seja parte integrante do arsenal terapêutico de alguns sistemas tradicionais de medicina do Oriente, apenas recentemente esforços sistemáticos têm ocorrido para sua integração nas intervenções clínicas dentro da medicina ocidental. Tendo origem nas filosofias contemplativas orientais, a meditação foi introduzida no Brasil especialmente a partir da década de 60.
A meditação tem sido associada a um maior bem-estar físico, mental e
emocional (WALLACE, 2012; HIGUCHI e KOZASA, 2011); sendo incluída, em 2017, como prática integrante na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2017), cujo objetivo é valorizar saberes populares e o uso de tecnologias leves nas ações e serviços de saúde (MERHY, 2002).
A prática meditativa pode ser classificada em diferentes formas; entre elas: a)
concentrativa -quando há um treino da atenção em um único foco, como a respiração; b) mindfulness, caracterizada pela consciência do momento presente, com uma atitude de acolhimento dos estímulos que surgirem, sem julgamentos nem reflexões sobre os mesmos, uma espécie de "monitoramento aberto" (MENEZES e DELL'AGLIO, 2009), e um terceiro tipo, c) meditação de compaixão ou bondade amorosa, com o objetivo de cultivar qualidades altruístas, como a alegria empática, equanimidade, entre outras (JINPA, 2016).
O professor e cientista político Willard Johnson (Universidade de San
Diego, Califórnia, EUA) em seu livro Do Xamanismo à Ciência: A História da Meditação especula que a pré-história desta prática seria correlata à época da “domesticação” do fogo: por volta de 800.000 anos atrás (Johnson, 1982, p.34). Segundo o autor, os homens primitivos, ao abrigarem-se na caverna em volta do fogo, sentiam-se atraídos pelas chamas que bailavam diante de seus olhos. Assim, foram os primeiros a colocar em prática o exercício de manter a atenção em um determinado objeto. Para os povos primitivos, a fogueira representava a segurança, a proteção contra os animais selvagens e o calor diante do frio intenso. Segundo Johnson, observar por longas horas as chamas da fogueira enquanto abrigavam-se do frio e dos perigos noturnos, poderia ter produzido nos homens primitivos estados extáticos, inibindo temporariamente os demais estímulos sensoriais. Esta observação permitia afastar da consciência o padrão de luta-fuga para um estado mais calmo, de repouso, em vez de ansiedade (JOHNSON, 1982, p.34). Outro evento da história primitiva que também estaria diretamente relacionado ao surgimento da meditação seria a caça. Os caçadores primitivos não possuíam arcos possantes com os quais pudessem abater a presa, sendo obrigados a se aproximarem o máximo possível da mesma, mantendo uma distância de segurança. Assim, para se aproximar de animais selvagens no momento da caça seria necessário silenciar a mente de todos os pensamentos, principalmente os ansiosos, mantendo a atenção e esperando o momento exato de confrontá-la. Da mesma forma, os guerreiros primitivos precisavam praticar estas habilidades para que pudessem enfrentar seus inimigos. Assim, segundo o autor, as artes marciais, procedentes do extremo Oriente, seriam as descendentes contemporâneas destas práticas ‘meditativas’, pois todas dependem de um êxtase meditativo, do esvaziamento da mente e das ansiedades autoconscientes e bloqueadoras de ações (JOHNSON, 1982, p.36).
Mas como a prática da meditação chegou até nós? Existem registros
escritos contendo várias práticas para objetivos diversificados que remontam às primeiras civilizações da Ásia, inclusive a Índia (JOHNSON, 1982, p.53).Com base nesta pergunta, antropólogos descobriram uma tribo no deserto de Kalahari, na África (os !Kung San) que sobrevive até hoje com tradições que remontama Idade da Pedra.
Através destas práticas desenvolvidas ao longo dos séculos e passadas
oralmente entre as gerações, como fim das culturas de caça e coleta, foi possível que os descendentes diretos destes xamãs conseguissem preservar sua tradição deixando registrados seus ensinamentos, a partir do surgimento da escrita (JOHNSON, 1982, p.53).
O estudo científico da meditação, no ocidente, teve início com as pesquisas do
Dr. Herbert Benson, cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da universidade de Harvard (EUA), no início dos anos 70 (SANTOS, 2010).
Assim, a partir de sua pesquisa a respeito da MT, Benson e
Wallace perceberam que os meditadores conseguiam manter estáveis o batimento cardíaco, o metabolismo corporal e a respiração. Benson denominou Relaxation Response(Resposta ao Relaxamento) ao conjunto resultante destas respostas fisiológicas em decorrência da prática (BENSON E WALLACE,2000, p. 16) e foi o nome que deu origem ao livro lançado em 1975.
Aliado a isto, outro acontecimento que chamou sua atenção foi a
constatação de que os pacientes apresentavam a pressão sanguínea com valores mais altos quando aferida no consultório. Benson percebeu que esta alteração acontecia devido à ansiedade que os pacientes apresentavam diante do médico. Assim, Benson concluiu que havia uma relação entre stress, ansiedade e alterações fisiológicas (BENSON, 1985, p.13,14).Em sua busca por uma explicação, Benson encontrou-se com o Dr.Robert Keith Wallace, da universidade da Califórnia, que estava desenvolvendo uma pesquisa com praticantes de meditação transcendental (MT), que é a técnica de meditação mais conhecida no ocidente (GOLEMAN, 1997, p.86). Em uma breve explicação, esta técnica consiste basicamente, em manter-se sentado confortavelmente, de olhos fechados, por um período de 15 a 20 minutos, duas vezes ao dia, buscando repetir (pode ser mentalmente), uma palavra ou um som que possua algum significado pessoal34. Ou seja, diferentes temas para meditação são dados a pessoas diferentes (GOLEMAN, 1997, p.87).
No comentário introdutório do trabalho publicado por Benson, o
cardiologista Sidney Alexander, pontuou que a meditação pode ser utilizada para os mais variados objetivos: no controle da ansiedade, como coadjuvante no tratamento da depressão, no controle de reações emocionais intensas, como auxiliar no tratamento da hipertensão, no equilíbrio dos batimentos cardíacos, no alívio da dor, no período de tensão pré-menstrual, menopausa, em quadros de insônia, nas alterações de humor e em doenças que possam surgir em decorrência do stress e da ansiedade (BENSON E WALLACE, 2000,p.2).
Outro pesquisador, Jon Kabat-Zinn, professor de medicina da
Universidade de Massachussetts também descobriu que a prática da meditação, combinada com yoga, diminuía a dependência de analgésicos e reduzia os sintomas em pacientes de dor crônica. Dentre os vários casos estudados por Zinn, as queixas dos pacientes variavam entre dores nas costas e dores de cabeça (como enxaqueca e tensão), entre outros casos relacionados à dor crônica (KABAT-ZINN, 1985, p.163). Pode-se definir a meditação como uma prática de integração mente-corpo baseada na vivência do momento presente, com consciência plena e não julgadora a cada instante. Para a aquisição desse estado de consciência dito meditativo, existem diversas técnicas e suas variações, nas quais a atenção da pessoa é ancorada em uma palavra, som, imagem, oração ou simplesmente na própria respiração, permitindo que a mente se estabeleça no momento presente. Segundo Jon Kabat-Zinn, um dos responsáveis pela ocidentalização da meditação com foco na saúde, a “meditação é a simplicidade em si mesma. Trata-se de parar e estar presente. Isso é tudo”. Cardoso e colaboradores trazem uma definição mais operacional da meditação, buscando uma padronização para fins científicos e clínicos. Esses autores definem a meditação segundo cinco parâmetros: é um estado autoinduzido, autoaplicável; é um estado obtido por uma técnica específica, claramente definida; algum tipo de foco (âncora) é utilizado para evitar o envolvimento com as sequências de pensamento, sensações ou distrações; envolve “relaxamento da lógica”, ou seja, um estado de “não analisar”, “não julgar”, “não criar expectativa”; em algum ponto do processo, instala-se um relaxamento psicofísico, com relaxamento muscular mensurável. Um Programa de Meditação Mindfulness Aplicada à Saúde Uma das primeiras aplicações da meditação como terapia clínica no Ocidente foi feita no fim da década de 1970, por Jon Kabat-Zinn e colaboradores, da Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, que desenvolveram um programa de redução do estresse em grupo, baseado na meditação mindfulness. As principais técnicas de meditação utilizadas são as seguintes: a chamada “atenção plena” (mindfulness) na respiração; o “escaneamento” corporal (técnica relativamente similar ao relaxamento muscular progressivo); a caminhada meditativa; a ioga com atenção plena, que é utilizada segundo posturas corporais consideradas leves, podendo ser realizada por indivíduos com diferentes níveis de capacidade e com limitações físicas. POR QUE SE DEVE PRATICAR E PRESCREVER A MEDITAÇÃO Evidências Científicas No campo da saúde em geral, e particularmente no campo das práticas integrativas e complementares (PIC), como a meditação, é fundamental o acesso às melhores evidências científicas para a tomada de decisão terapêutica ou profilática, visando à melhoria do cuidado às pessoas e às comunidades. Há, porém, algumas limitações na tomada de decisão apenas com base nas evidências científicas. Uma dessas limitações é a falta de informação sobre os danos potenciais associados à determinada prática. Eventualmente, alguma prática ou conduta com bom grau de evidência (boa eficácia em estudos controlados) pode vir acompanhada de um dano potencial classificado como alto quando aplicada na vida real, anulando os efeitos benéficos (pouca ou nenhuma efetividade). BENEFICIOS: Aumenta o poder de concentração; Acalma a mente; Diminui o estresse; Auxilia no alívio da dor física e mental; Melhora a memória; Promove bem-estar; Melhora a autoconfiança; Minimiza dores corporais. REFERÊNCIAS: 1. Fortney L, Bonus K. Recommending meditation. In: Rakel D. Integrative medicine. Philadelphia: Elsevier; 2007. p. 1051-64. 2. Campayo JG. La práctica del “estar atento” (mindfulness) en medicina. Impacto en pacientes y profesionales. Atenc Prim. 2008;40(7):363-6. 3. Chiesa A, Serretti A. Mindfulness-based stress reduction for stress management in healthy people: a review and meta-analysis. J Altern Complement Med. 2009 May;15(5):1-8. 4. Salmon P, Sephton S, Weissbecker I, Hoover K, Ulmer C,Studts JL. Mindfulness meditation in clinical practice. Cogn Behavioral Pract. 2004 Oct;11(4):434-46. 5. Kabat-Zinn J. Mindfulness-based stress reduction (MBSR). Construct Hum Sci. 2003;8:73-107. 6. Cardoso R, Souza E, Camano L. Meditação em saúde: definição, operacionalização e técnica. In: Rossi AM, Quick JC, Perrewé PL. Stress e qualidade de vida no trabalho: o positivo e o negativo. São Paulo: Atlas; 2009. p. 163-86. 7. Rakel D. Integrative medicine. 2. ed. Rio de Janeiro : Elsevier; 2007. 8. Burch V. Living well with pain & illness: the mindful way to free yourself from suffering. London : Piatkus Books; 2008.