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TERAPIAS MEDITATIVAS E MINDFULLINESS

Sumário
TERAPIAS MEDITATIVAS E MINDFULLNESS ...................................... 0

NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 3

CORRELATOS NEURAIS DA PRÁTICA DA ATENÇÃO PLENA ........ 7


MEDITAÇÃO MINDFULNESS ALGUMAS DEFINIÇÕES .................... 9
MINDFULNESS COMO ESTADO PSICOLÓGICO ........................ 11

MINDFULNESS COMO TRAÇO PSICOLÓGICO .......................... 13

MINDFULNESS COMO PRÁTICA ................................................. 13

MINDFULNESS COMO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO ........... 14

O CÉREBRO E MINDFULNESS ........................................................ 15


BENEFÍCIOS NO CAMPO DA SAÚDE FÍSICA E MENTAL .............. 17
CUIDADOS E ORIENTAÇÕES ANTES DE INICIAR A PRÁTICA DE
MINDFULNESS......................................................................................... 18

PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE BASEADA EM


MINDFULNESS......................................................................................... 20

PROGRAMAS TERAPÊUTICOS BASEADOS NA PRÁTICA


MINDFULNESS......................................................................................... 22

REFERÊNCIAS ..................................................................................... 23

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de
comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de


forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

A meditação tem sido uma das práticas integrativas que auxiliam na


redução do estresse e da ansiedade. Neurocientistas têm comprovado que
esta prática tem influência sobre o sistema nervoso central, modificando a
atividade cerebral e o metabolismo do indivíduo, provocando, inclusive,
alterações em áreas do cérebro que favorecem a melhoria das funções
cognitivas e emocionais. Especialmente a meditação mindfulness (atenção
plena) tem sido incorporada em protocolos de tratamento de várias
perturbações psicológicas com o objetivo de intervir em processos mentais que
contribuem para a perturbação emocional e para o comportamento mal
adaptativo.

Ao pensarmos em prática meditativa nos vem à mente a imagem de uma


pessoa sentada com as pernas cruzadas, as mãos sobre os joelhos, os olhos
cerrados e um ar de tranquilidade. As práticas meditativas são frequentemente
associadas à Índia e podem ser encontradas em várias religiões e culturas
como, por exemplo, no taoismo, nas diversas yogas, na cabala, no islamismo e
no budismo (SHAPIRO; WALSH, 2006; REMPEL 2012).

As práticas meditativas são tradicionais nas culturas orientais, mas a


partir da década de 1960 elas passaram a ganhar força no Ocidente e,

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sobretudo, nos últimos 15 anos, quando inúmeras pesquisas passaram a


indicar os efeitos benéficos, para a saúde e o bem-estar, da realização
constante dessas práticas (MENEZES; DELL’AGLIO, 2009; REMPEL, 2012).

A prática meditativa pode ser definida de diversas formas, mas pode ser
caracterizada, basicamente, como práticas de autorregulação focadas no
treinamento da atenção e consciência, a fim de promover maior controle
voluntário pelo indivíduo, permitindo o desenvolvimento de capacidades como
a calma, a clareza e a concentração, focando sua atenção em um propósito, no
momento presente e sem julgamentos (SHAPIRO; WALSH, 2006; MENEZES;
DELL’AGLIO, 2009; REMPEL, 2012).

Dessa forma, ao nos referirmos ás práticas meditativas, estamos


englobando práticas como yoga e Tai Chi que incorporam meditação. No
entanto, essas práticas também incluem elementos adicionais, tais como a
respiração controlada e posturas corporais (yoga), ou movimento do corpo e a
manipulação de energia (Tai Chi) (SHAPIRO; WALSH, 2006).

Apesar de terem características comuns, as práticas meditativas diferem


em termos de: a) foco de atenção (objeto, respiração, som interno); b) relação
com processos cognitivos (observação dos pensamentos ou tentativa também
de modificá-los); e c) objetivo (fomento ao desenvolvimento mental e sua
melhoria, concentração, amor, sabedoria) (SHAPIRO; WALSH, 2006).

De acordo com Menezes e Dell’Aglio (2009), a prática meditativa pode


ser dividida em duas formas principais:

Segundo Stevens (2010), existe dois tipos de prática meditativa: ativa e


passiva. Na meditação passiva você se senta por algum tempo e pratica

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alguma forma de contemplação ou introspecção, como ocorre na Meditação


Transcendental (MT), Siddha Yoga, Raja Yoga e em inúmeras práticas
meditativas. O objetivo da meditação passiva é ajudar a acalmar a mente e
torná-la atenta.

Já a meditação ativa é quando o meditador continua em suas atividades


diárias e começa a desenvolver sua autoidentidade, incluindo, no seu cotidiano,
a prática constante da consciência plena em suas ações (STEVENS, 2010).

As práticas meditativas mais pesquisadas atualmente são Meditação


Mindfulness (MM) e Meditação Transcendental (MT), ambas são meditações
passivas.

Mindfulness é um conhecimento milenar cujo objetivo é justamente


permitir a “atenção plena” no momento presente, um estado mental alcançado
por práticas meditativas. É uma prática meditativa de tradição budista que
consiste em manter a atenção de forma plena e intencional no momento
presente e sem julgamentos (REMPEL, 2012). De acordo com Napoli et al.
(2005), os principais elementos de MM incluem o foco na respiração, a
capacidade de entrar em sintonia com os eventos que ocorrem dentro do corpo
e da mente e o ato de ser um testemunho da sua própria experiência.

Meditação Transcendental é uma técnica simples, sem esforço, que não


envolve concentração ou controle da mente, não é uma religião e não requer
nenhuma alteração no estilo de vida. Consiste apenas em se sentar
confortavelmente com os olhos fechados durante 20 minutos duas vezes ao dia
com a recitação mental de um mantra (ORNE-JOHNSON et al., 2001).

Os estudos sobre práticas meditativas investigam os seus efeitos em


diversos contextos, como na saúde mental e física, incluindo o impacto dessas
sobre os processos cognitivos. As pesquisas mostram que cada uma dessas
práticas produz efeitos diferentes, mas, de maneira geral, são observadas
melhoras em quadros de distúrbios cardiovasculares, asma, diabetes tipo 2,
fibromialgia, na função imunológica em pacientes com câncer, entre outros
(SHAPIRO; WALSH, 2006).

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As práticas meditativas também apresentaram efeitos psicoterapêuticos


benéficos sobre a insônia, alimentação, ansiedade, pânico e fobias (SHAPIRO;
WALSH, 2006). No campo da cognição, os estudos têm apontado que a prática
meditativa pode influenciar positivamente alguns sistemas cognitivos e estilos
de pensamento.

O Mindfulness é mais uma ferramenta de intervenção nos cuidados com


a saúde, é uma reconhecida estratégia que estimula uma abertura
contemplativa e sem julgamento das experiências que passamos no nosso
cotidiano. Sendo um recurso que não é necessário nenhum instrumento além
de si próprio para sua execução, até a famosa posição de lótus que ao
pensamos em meditação é evocada, para o mindfulness é opcional podendo
ser executar sentado ou até mesmo em pé caminhando.

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CORRELATOS NEURAIS DA PRÁTICA DA ATENÇÃO


PLENA

Nas últimas décadas o budismo tem despertado a curiosidade de


filósofos e cientistas em muitas áreas da ciência moderna. A psicologia e as
neurociências têm se beneficiado com este diálogo, em áreas que vão desde
as aplicações básicas como mapeamento cerebral a respeito dos efeitos da
meditação e da compaixão, como as aplicações clínicas da meditação e do
mindfulness. Os elementos da atenção plena são considerados como antídotos
potencialmente eficazes contra formas comuns de sofrimento psíquico, como
ruminação mental, ansiedade, medo, raiva, dentre outros (KENG et al., 2011).

Com os recentes avanços científicos é possível observar os efeitos


positivos que a prática de mindfulness provoca no cérebro. A ciência da

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imagiologia permite registrar as zonas do cérebro associadas a estes efeitos


positivos, como a felicidade, a empatia e a compaixão, que se tornam mais
ativas à medida que as pessoas meditam (WILLIAMS & PENMAN, 2011).

Sara Lazar, neurocientista do Hospital Geral de Massachusetts e da


Escola de Medicina de Harvard, foi uma das primeiras estudiosas a mostrar,
por meio de tomógrafos computadorizados, que o cérebro muda com a prática
de mindfulness. Constatou, com seus colaboradores, que o aumento da massa
cinzenta aconteceu especificamente nas seguintes áreas do cérebro: no Giro
do cíngulo posterior (relacionado às lembranças e autorregulação); no
Hipocampo esquerdo (parte do cérebro que dá suporte ao aprendizado,
cognição, memória e regulação emocional); na Junção temporo-parietal, ou
JTP (associada à tomada de decisões, empatia e compaixão) e na Ponte (área
do tronco cerebral, onde muitos neurotransmissores reguladores são
produzidos) (LAZAR et al., 2015).

Lazar et al. (2015) constataram no citado estudo, que a amígdala, parte


do cérebro responsável pelo instinto de ataque ou fuga, e que está associada à
ansiedade, medo e estresse, ficou menor após oito semanas de mindfulness. A
alteração na amígdala foi associada a uma redução nos níveis de estresse,
com a produção em menor escala dos neurotransmissores da ação impulsiva.
E ainda, com a prática da meditação, a estrutura envolvendo a amígdala, o
hipocampo e o hipotálamo entraram em interação, em um fluxo constante e
contínuo, sem acessar bruscamente o sistema luta-fuga que é característica
dos quadros de ansiedade.

O interesse na investigação psicológica e neurocientífica da meditação


da atenção plena aumentou acentuadamente nas últimas duas décadas.
Existem evidências de que a meditação da atenção plena - praticada para a
redução do estresse e promoção da saúde - exerce efeitos benéficos na saúde
física e mental e no desempenho cognitivo. Sua prática pode causar alterações
neuroplásticas na estrutura e função das regiões do cérebro envolvidas na
regulação de atenção, emoção e autoconsciência. Estudos recentes de
neuroimagem apontaram as áreas e redes cerebrais que mediam esses efeitos

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positivos, mas, o conhecimento dos mecanismos neurais subjacentes


permanece incerto. Portanto, são necessários mais estudos
metodologicamente rigorosos para se obter uma compreensão completa das
bases neuronais e moleculares das mudanças no cérebro que acompanham a
prática da meditação da atenção plena (TANG et al., 2015).

MEDITAÇÃO MINDFULNESS ALGUMAS DEFINIÇÕES

O termo Mindfulness é uma tradução para o inglês da palavra sati em


pali. O pali era uma língua da psicologia budista 2,5 mil anos atrás, e o
Mindfulness é o ensinamento central dessa tradição
(GERMER;SIEGEL;FULTON, 2016).

Mindfulness tem nas suas origens nas práticas budistas, porém nada
tem a ver com religiosidade. Tem sua comprovação científica, por manter a
atenção plena, ou seja, fazer o paciente apreciar sem julgamento os seus
pensamentos e vivenciar o estado presente. É uma palavra em inglês que pode
ser traduzida para o português como “atenção plena” ou consciência plena.
(DEMARZO;CAMPAYO, 2015).

A definição para Mindfulness é a mais variada, pois é um conceito de


origem oriental, porém todas as definições ocidentais entram em consenso
quando a definem como concentração no estado atual com intenção e sem
julgamento.

Ainda tecnicamente, podemos definir Mindfulness,como um processo ou


experiência onde nosso organismo está mais sensível e receptivo a captar

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novas informações e, assim mais apto a adotar múltiplas perspectivas de


resolução de problemas ( LANGER,1992, apud FELINTO;RAMOS,2017)
Segundo Vandenberghe (2006), Mindfulness pode ser compreendida como
direcionamento específico da atenção plena.

Na terapêutica o Mindfulness, vem como ferramenta no tratamento


psicoterapêutico, a abordagem Terapia Cognitiva Comportamental é uma das
correntes que utiliza a técnica para o tratamento clínico, sendo uma ferramenta
eficaz em vários problemas de saúde. É um exercício da prática clínica que
poderá ser utilizado por diversas abordagens teóricas.

De acordo com Menezes; Dell`Aglio e Bizarro (2011) essa flexibilidade


na aplicação da meditação se dar pela própria ciência psicológica, visto que
todas visam o desenvolvimento de uma mente saudável e um estado de bem-
estar psicológico.

Aprofundando-se um pouco mais no tema, pode-se considerar


mindfulness como um termo polissêmico, multifacetado ou “guarda-chuva”, que
pode designar vários aspectos do mesmo fenômeno, conforme mostra a Figura
1, a seguir.

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MINDFULNESS COMO ESTADO PSICOLÓGICO

O mindfulness pode se referir a um estado mental ou psicológico,


caracterizado por dois componentes principais, os quais serão apresentados a
seguir.

Uma outra palavra utilizada para designar o estado psicológico de


mindfulness é awareness (selfawareness, detached-awareness), outro termo
em inglês de difícil tradução ao português, que pode ser entendido como “estar
consciente”, no sentido de se auto observar frente aos fenômenos cotidianos,
envolvendo a consciência (detached observation) dos próprios pensamentos e
das próprias emoções e sensações frente aos estressores cotidianos nas
relações interpessoais e na relação com o contexto que se vive e trabalha.

AUTORREGULAÇÃO DA ATENÇÃO

A autorregulação da atenção (do inglês self-regulation of attention)


ocorre intencionalmente ao que está acontecendo a cada momento, em outras
palavras, dando-se conta do fenômeno enquanto ele acontece. Esse
componente aparece quando a pessoa leva a sua atenção de forma sustentada
a cada atividade ou fenômeno enquanto ele está ocorrendo, em oposição ao
estado de desatenção, no qual a mente devaneia em pensamentos ou imagens
sobre eventos passados ou planos futuros, ou, ainda, em associações de
pensamentos, em geral ruminativos, a respeito do que está sucedendo no
presente e, consequentemente, não se concentra na experiência direta do
fenômeno.

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ATITUDE DE ABERTURA E CURIOSIDADE FRENTE À EXPERIÊNCIA

A autorregulação da atenção envolve uma qualidade mental específica,


que pode ser caracterizada como atitude de abertura e curiosidade frente à
experiência (do inglês orientation to experience), também chamada de “mente
do principiante”, ou aceitação (do inglês acceptance). Nesse caso, aceitação
não significa resignação, mas uma atitude mental de observar o fenômeno
como ele é, evitando prejulgamentos ou ideias preconcebidas (detached
observation). Seria uma atitude oposta ao que habitualmente se faz quando se
entra em contato com a realidade, qualificando-a automaticamente com base
em experiências ou padrões de respostas anteriores.

Esse prejulgamento da realidade, por sua vez, pode estar associado a


reações do tipo “piloto automático”, gerando viés cognitivo, que pode gerar
sofrimento psíquico ou mesmo quadros de ansiedade ou depressão. Um
exemplo prosaico, mas ilustrativo, é quando, de maneira eventual, o indivíduo
cruza na rua com conhecidos que não vê há muito tempo e, ao cumprimentá-
los, não recebe um cumprimento de volta, e a pessoa segue seu caminho.
Nessas situações, é comum culpar o conhecido (“arrogante”) ou se culpar (“o
que fiz de errado na última vez que a encontrei”).

O fato real ou concreto poderia ser apenas que a pessoa estava


desatenta, ou sem os óculos, ou que simplesmente não o reconheceu. O
problema é que essa avaliação enviesada da realidade (viés cognitivo), mesmo
que de um fato banal, pode levar a ruminações de horas ou dias, o que
provoca cansaço mental, tristeza, culpa, ou mesmo exacerbações ou
recorrências de quadros patológicos, como ansiedade e depressão, em
pessoas predisponentes.

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MINDFULNESS COMO TRAÇO PSICOLÓGICO

O mindfulness pode se referir também a um traço ou uma característica


psicológica (dispositional mindfulness), que foi observado a partir das
pesquisas envolvendo questionários validados para a medida de mindfulness,
as quais mostram que as pessoas possuem uma característica inata
(mindfulness disponível), menos ou mais desenvolvida para se acessar o
estado de mindfulness durante as atividades cotidianas, que parece ter
influência da idade, do gênero, dos fatores genéticos, assim como da
experiência de vida e da prática regular de mindfulness, conforme esperado, e
que será comentado a seguir.

MINDFULNESS COMO PRÁTICA

O mindfulness também pode designar uma série de exercícios, técnicas


ou práticas (práticas formais de mindfulness), que treinam e cultivam o estado
psicológico de mindfulness descrito anteriormente, que são, em sua maioria,
derivadas de práticas meditativas tradicionais, adaptadas principalmente:

 do zen-budismo — caminhada e respiração com atenção plena;


 do ioga — movimentos com atenção plena;
 da tradição vipassana — body scan ou escaneamento corporal.

Os estudos têm mostrado que, a partir da prática regular de mindfulness,


por meio das técnicas ou dos exercícios referidos, pode-se aprimorar o traço de
mindfulness (dispositional mindfulness), o que está associado a uma série de
benefícios para a saúde.

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MINDFULNESS COMO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO

Mais recentemente (últimas três décadas), mindfulness tem se referido a


programas estruturados de intervenção, profiláticos ou terapêuticos, que são
designados genericamente de Intervenções Baseadas em Mindfulness (MBIs,
do inglês Mindfulness-based Interventions).

O programa original é o Programa de Redução do Estresse em Grupo


baseado em Mindfulness (MBSR, do inglês Mindfulness-based Stress
Reduction), criado na Universidade de Massachusetts (Estados Unidos da
América [EUA]), por Jon Kabat-Zinn, no final da década de 1970, voltado a
pacientes com condições clínicas crônicas.

Em geral, os programas de mindfulness são desenvolvidos em grupo, ao


longo de oito semanas, com uma sessão presencial por semana de
aproximadamente 2 horas, na qual são ensinados e praticados os exercícios de
mindfulness, associados à psicoeducação para o manejo adequado do
“estresse” cotidiano. A partir do MBSR, vários outros programas foram
desenvolvidos, sempre baseados nas práticas de mindfulness, mas orientados
a públicos-alvo específicos, como:

Terapia Cognitiva Baseada na Atenção Plena (MBCT, do inglês


Mindfulness-based Cognitive Therapy) — voltada a pacientes com depressão
maior (unipolar), com alto risco de recaída (mais de três recaídas ou
recorrências anteriores).

 Prevenção de Recaída Baseada em Mindfulness (MBRP, do


inglês Mindfulness-based Relapse Prevention) — direcionada para a prevenção
de recaídas em casos de dependência química.

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 Consciência Alimentar Baseada em Atenção Plena (MB-EAT, do


inglês Mindfulness-based Eating Awareness Training) — dirigida para o manejo
de sobrepeso, obesidade e compulsão alimentar.

Para além da área da saúde, os programas de mindfulness têm sido


aplicados na sociedade em geral, como na educação e nas organizações,
incluindo programas voltados a escolas de ensino fundamental, ao mundo
corporativo e a atletas de alto desempenho.

Uma das primeiras aplicações de mindfulness como terapia clínica no


ocidente foi feita no fim da década de 1970, por Jon Kabat-Zinn e
colaboradores (Universidade de Massachusetts, EUA), que desenvolveram o
MBSR.

O CÉREBRO E MINDFULNESS

O cérebro humano tem uma capacidade de se moldar às situações, ou


seja, sua plasticidade neuronal. Abaixo será apresentado um pouco sobre
alguns aspectos que a meditação proporciona diretamente com a interação
com o cérebro.

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Para O`Moraing (2015) os benefícios da meditação sobre o cérebro são:

a) Do devaneio à experiência direta, o que seria o devaneio, é a nossa


capacidade de não está presente onde estamos sendo mais objetiva é a
capacidade de “viajar”. O problema é que assim como podemos ficar presos a
boas lembranças, também temos a capacidade de remoer o passado o que
pode nos deixar deprimidos ou simplesmente ir até um futuro hipotético e
ficarmos ansiosos. Porém esse é um estado normal do cérebro. Com a prática
é possível passar menos tempo no piloto automático e se concentrar mais no
momento presente.

b) Sistema de raciocínio, Ativação do córtex pré-frontal que é o


responsável por controlar a impulsividade e influenciar o centro emocional, por
esse motivo é mais fácil reduzir a impulsividade.

c) Empatia e conexão é o desenvolvimento da empatia, sendo assim a


capacidade de compreender e se colocar no lugar do outro, pois a meditação
intensifica a área insular que esta envolvida na condição do cérebro para
empatia.

d) Emoções positivas, estudos demonstram que depois de 8 semanas


de treinamento o lado esquerdo do cérebro é aumentado, a ativação dessa
parte é ligada as atitudes e emoções positivas.

e) Luta ou fugir, temos um kit de sobrevivência em nosso cérebro que é


o sistema límbico e a amígdala, estás estruturas são responsáveis pela reação
luta fuga. Podendo ser ativado desnecessariamente por pessoas
supersensíveis. A meditação deixa menos reativa, a situações que não
apresentem perigo verdadeiro.

f) Mudança de perspectiva há um favorecimento das áreas do cérebro


relacionadas à mudança de perspectivas. Com o desenvolvimento da empatia
e a capacidade de ver sobre outro ponto de vista uma mesma perspectiva. A
meditação favorece uma maior capacidade de concentração e uma melhor
atenção, tudo isso pelo aumento da atividade na lateral do córtex pré-frontal.

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g) Percepção a dor, uma redução da dor crônica é possível com a


prática do Mindfulness, pela percepção da intensidade da dor, pois o foco será
a própria dor e não nos pensamentos de desconforto.

Esses resultados foram encontrados em praticantes regulares, e


imagens de ressonância magnética, e foram primeiramente analisados pelos
pesquisadores do Programa de Pesquisa Neuroimagem MGH, filiados a
Hospital Geral de Massachusetts (MGH), que corroboram para a validação e
aceitação dos estudos feitos com a meditação e suas mudanças nas regiões
cerebrais.

BENEFÍCIOS NO CAMPO DA SAÚDE FÍSICA E MENTAL

Depois de conhecermos as definições de Mindfulness, é importante


saber da sua aplicação para o campo da saúde, Dermazo e Campayo (2015)
afirmam que há eficácia nos tratamentos de doenças fisiológicas como dor
crônica, doenças cardiovasculares, prevenção de estresse, ansiedade, e no
aumento da qualidade de vida e bem-estar entre outros benefícios.

Neto (2014) destaca que existe uma avalanche de pesquisas cientificas


e experiências de centros de meditação em hospitais ao redor do mundo, como
o do centro Nacional de Medicina complementar e alternativo dos Estados
unidos, que estudam que a pratica regular podem prevenir e ajudar no
tratamento e aos que já estão doentes. São diversos os benefícios tantos
físicos com psíquicos que a meditação pode proporcionar aos indivíduos que a
praticam em seu dia a dia.

Para Menezes; Dell`Aglio e Bizarro (2011) a meditação é uma estratégia


mental sendo necessárias motivação e disciplina para que realmente os efeitos
possam ser percebidos. Podemos observar que a meditação ganhou adeptos
em várias áreas do conhecimento, sendo praticada além da clínica sendo
possível a utilização desde os meios corporativos à sala de aula. Atualmente,
sabe-se que, além de mudanças funcionais, a meditação também pode
produzir mudanças estruturais, atuando sobre a plasticidade cerebral
(MENEZES; DELL´AGLLIO,2009,p. 280).

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CUIDADOS E ORIENTAÇÕES ANTES DE INICIAR A PRÁTICA DE


MINDFULNESS

Alguns cuidados e algumas orientações, como as mencionadas no


Quadro 2, a seguir, são importantes para quem pretende iniciar e manter uma
prática de mindfulness.

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PRÁTICA DE MINDFULNESS COM FOCO NA RESPIRAÇÃO

A seguir, será apresentada uma técnica meditativa do tipo mindfulness


(prática formal), que utiliza como âncora a própria respiração, uma das mais
utilizadas para iniciar o treinamento em mindfulness. É segura e de simples
aplicação para a população geral e pacientes.

Tendo como base os cuidados e as orientações explicitados


anteriormente, deve-se acompanhar os passos a seguir.

1. Adotar uma posição confortável, sentado ou deitado, deixar o corpo se


estabilizar na posição. Pode-se fazer uma ou duas respirações mais profundas
para se trazer a atenção para o corpo, assim como começar lentamente a
observar as sensações nele naquele momento (contato do corpo com o chão
ou a cadeira, temperatura da pele, possíveis desconfortos etc.).

2. Começar, de forma gradual, a trazer a atenção e a observação para


os movimentos do corpo durante a respiração, como, por exemplo, os
movimentos do tórax e do abdome na inspiração e expiração do ar, ou, ainda, a
sensação do ar entrando e saindo pelas narinas durante a respiração. É
importante seguir o fluxo natural da respiração, sem tentar alterá-lo, apenas
observando-o.

3. Manter, então, a observação da respiração como âncora da atenção e


da mente no momento presente, momento a momento, a cada respiração.

4. Deixar passar eventual distração, pensamento, imagem, sensação ou


preocupação que vier à tona, ser gentil e simplesmente perceber, sem se
prender ou julgar, voltando novamente a observação para a respiração.

5. Trazer novamente, antes de encerrar a sessão, a atenção e a


observação para as sensações em todo o corpo naquele momento e terminar a
prática de maneira lenta e gradual.

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PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA SAÚDE BASEADA EM MINDFULNESS

O programa utiliza sessões mais curtas que o modelo MBSR, para seja
mais factível sua implementação em serviços de APS, e, em uma sequência
mais didática de conteúdo, para facilitar o processo de aprendizagem de
pacientes e usuários. Essa sequência mais clara e didática de conteúdos
também facilita o processo de formação de profissionais da APS e de outros
profissionais de níveis do sistema de saúde, catalisando, dessa forma, a
implementação de tais programas em sistemas universais de saúde.
Pensando na escalabilidade das MBIs, o mesmo modelo de programa
(PSBM) está sendo testado em suas versões mais breves, com menos sessões
presenciais (duas ou quatro sessões), com base no conceito de “intervenções
breves” (modelo Stepped Care) e também em versões a distância (EAD, on-
line), mas ambos projetos ainda estão em fase de pilotagem, sem resultados
publicados até o momento. Assim como o programa MBSR, o modelo MBHP é
um programa estruturado e desenvolvido ao longo de oito semanas (oito
sessões), em que os participantes se reúnem semanalmente, durante 1 hora e
30 minutos, para vivências de técnicas de mindfulness, podendo ser adaptado
a sessões de 1 hora apenas, conforme a possibilidade de cada serviço de
saúde.
Aos participantes, também são dadas sugestões de atividades para
serem implementadas em ambiente domiciliar ou de trabalho, diariamente, com
duração média de 15–20 minutos, podendo chegar a 45 minutos para
participantes mais motivados e aderentes. Eles são instruídos no sentido de
procurar incorporar a ideia de mindfulness em suas vidas diárias (atividade
chamada de prática informal), fazendo com que as atividades rotineiras se
tornem, de certa forma, uma oportunidade para usar o estado de mindfulness.
As principais técnicas de mindfulness utilizadas são a prática de atenção
plena na respiração, o escaneamento corporal (técnica relativamente similar ao
relaxamento muscular progressivo), a caminhada com atenção plena, os
movimentos com atenção plena, nos quais são utilizadas atividades corporais

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consideradas leves, podendo ser realizada por indivíduos com diferentes níveis
de capacidade e com limitações físicas.
Além dessas quatro práticas fundamentais são introduzidas dinâmicas
para o melhor entendimento dos conceitos apresentados (“primeiro e segundo
sofrimentos”, “oi–obrigado–tchau”), a prática de kindly awareness, que trabalha
aspectos inter-relacionais e de equanimidade, baseados nas práticas budistas
de compaixão e autocompaixão, e a prática de 3 minutos de mindfulness
(essas últimas adaptadas do programa do Instituto Breathworks, do Reino
Unido). Uma das sessões (sexta sessão) é realizada em silêncio, com o intuito
de aprofundamento das práticas.
A Figura 3 mostra, de forma resumida, as principais técnicas de
mindfulness utilizadas.

Antes da entrada de pacientes em programas de intervenção baseados


em mindfulness, é ideal haver uma triagem prévia daqueles que
potencialmente se beneficiariam de programas com essa prática. Além disso,
também é recomendada a supervisão por um instrutor certificado, em especial
para pacientes e iniciantes.

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PROGRAMAS TERAPÊUTICOS BASEADOS NA PRÁTICA MINDFULNESS

Mindfulness envolve um conjunto de práticas, a fim de desenvolver a


capacidade humana de estar plenamente presente. Ela proporciona a
autoconsciência emocional e a consciência do ambiente e do corpo, acalmando
os sentidos e diminuindo o nível de agitação mental. Pode-se concluir que
mindfulness consiste num programa de "treinamento da mente" que envolve
desenvolver e cultivar a atenção plena (GOLEMAN & DAVIDSON, 2017).
Existem pelo menos quatro programas bem estabelecidos de tratamento
baseados em mindfulness, com múltiplos componentes adaptados para tratar
uma ampla variedade de condições clínicas. São estes: Programa de Redução
do Estresse Baseado em Mindfulness (Mindfulness-Based Stress Reduction
Program - MBSR); Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness (Mindfulness
Based Cognitive Therapy – MBCT); Terapia Comportamental Dialética
(Dialectical Behavior Therapy – DBT); Terapia de Aceitação e Compromisso
(Acceptance and Commitment Therapy – ACT) (GERMER; SIEGEL &
FULTON, 2015).
Grande parte dos programas baseados em mindfulness advém do
programa original proposto por John Kabat-Zinn em 1979, na Universidade de
Massachussets. O MBSR é o programa terapêutico mais conhecido da terapia
mindfulness, tendo sido introduzido e desenvolvido, num contexto médico para
pessoas com doença crônica e perturbações relacionadas com o estresse, e
não depende de nenhum sistema de crenças ou ideologia (KABAT-ZINN,
2017).
Os demais programas surgiram oriundos de outras abordagens
adaptadas do MBSR, como o MBCT (a fusão da mindfulness com a terapia
cognitiva). Este programa foi originalmente desenvolvido por Mark Willians,
John Teasdale e Zindel Segal, com o objetivo de ajudar pessoas que sofriam
com crises repetidas de depressão. O MBCT ensina os pacientes que estão em
atual remissão a tornaremse mais conscientes e a relacionarem-se de forma
diferente com seus pensamentos, sentimentos e sensações corporais
(GOLEMAN & DAVIDSON, 2017).

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REFERÊNCIAS

KENG, Shian-Ling; SMOSKI, Moria J. & ROBINS, Clive J. Effects of


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