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Antes de mais nada, quero agradecer o apoio que deram a meu livro. Com ele, é
uma nova medicina das emoções que vocês apóiam. E eu não esperava tamanho
entusiasmo por idéias ainda estranhas aos modos de pensar habituais.
O sucesso do livro, que se deve a todos vocês, vem dessa abertura de espírito, da
curiosidade que demonstraram, do desejo de explorar novos caminhos.
Reconheço-me em cada um desses traços, mas não sabia que somos tantos a
compartilhá-los. Para mim, é um sinal bastante encorajador de que, juntos,
consigamos talvez fazer com que as mentalidades evoluam. Sinal de que, talvez,
possamos levar nossas instituições científicas e médicas a investirem suas
pesquisas também nesses novos e fascinantes campos.
Creio que somos testemunhas de uma vaga profunda que atravessa todas as
sociedades ocidentais: uma demanda, vinda de cada um, e em todos os lugares,
por uma indústria que respeite o meio-ambiente, por uma agricultura que
respeite a terra e, agora, também por uma medicina que respeite as capacidades
que tem nosso corpo de recuperar seu próprio equilíbrio. São vocês os
verdadeiros agentes dessa transformação social, e fico feliz em fazer parte
daqueles que podem ajudar a canalizar toda essa energia.
Mas é verdade também que cada um de vocês, conversando com seu médico ou
com seu terapeuta a respeito do EMDR, de coerência cardíaca, da acupuntura, de
exercício físico ou do Ômega-3, contribuiu grandemente para difundir a
mensagem. Vocês fizeram ouvir o desejo manifesto por uma medicina ao mesmo
tempo mais humana e mais racional, uma medicina que saiba utilizar as
capacidades intrínsecas de nosso corpo e de nosso cérebro a se curarem por si
mesmos.
Para concluir essa breve introdução, aprendi recentemente que a palavra que
designa, em chinês antigo, "O Pensamento" é composta por dois caracteres:
aquele do "Cérebro" (em cima) e aquele do "Coração" (em baixo). Eu o ofereço
aqui a todos vocês, com votos de harmonia entre seu cérebro e seu coração.
Com um abraço,
David Servan-Schreiber
QUESTÕES GERAIS
Cada qual pode escolher seu próprio programa de exercício físico, conforme às
recomendações gerais retiradas da literatura científica e que eu enuncio em
CURAR. Você pode também providenciar uma lâmpada de simulação da aurora
para despertar de modo mais natural e ajudar a estabilizar seus ritmos
biológicos.
Q.: O senhor aconselha outros livros? Existem outros métodos que lhe
interessam?
Sempre me interesso por novas abordagens. Decidi, porém, consagrar meu
tempo e minha energia a fazer avançar essas que já conheço bem, cujos efeitos
estão demonstrados e que, ainda assim, continuam a não ser utilizadas o
suficiente, principalmente porque não podem ser patenteadas e, portanto, não
provocam interesse econômico capaz de impulsionar sua introdução na medicina
convencional.
Claro! Embora haja poucos estudos a esse respeito (isso não dá patente e, sem
patentes em vista, sem dinheiro para pesquisas...), inúmeros pacientes relatam
como o fato de ouvir música pode ter um efeito poderoso sobre seu humor. Acho
que é certamente ainda mais eficaz quando você próprio toca um instrumento,
sobretudo em grupo, se possível, para estimular nosso cérebro emocional nos
momentos de desencorajamento e pô-lo em fase com os ritmos e as melodias da
vida que passa em nós e à nossa volta. Nos Estados Unidos, participei várias
vezes de "drum circles" ("círculos de percussão"), nos quais várias pessoas que
mal sabiam bater num tamborim aprendiam a tocar ritmos diferentes que se
transformavam em verdadeira melodia quando o grupo encontrava seu equilíbrio.
Não há dúvida alguma que esses são momentos particularmente exaltantes e que
nos lembram a força de nossa conexão com os outros. Escrevi, a respeito dessa
experiência, uma crônica para Psychologies, que pode ser consultada no link
http://www.psychologies.com/chroniques.cfm/
chroniqueur/5/1/David-Servan-Schreiber/index.html (crônica de novembro de
2004: "A música também cura").
1 COMUNICAÇÃO EMOCIONAL
Q.: Poderia dar alguns conselhos que ensinem a se autocontrolar no caso de
situações de conflitos profissionais?
A primeira coisa a fazer é inspirar, por meio de duas grandes respirações, lentas
e profundas, e em seguida começar a expirar o stress, antes de reagir. Lembrar,
depois, que os conflitos são inevitáveis, mas não seu envenenamento, provocado
por nossas próprias reações, muitas vezes exageradas ou até mesmo violentas.
Q.: Seu método pode resolver, ou ajudar a resolver, uma depressão ligada não a
um evento traumático particular, mas à dupla influência da hipersensibilidade aos
acontecimentos e a uma infância difícil?
No caso de uma infância difícil e de traumatismos emocionais reiterados, o EMDR
muitas vezes é eficaz, mas exige um período necessariamente mais longo de
tratamento (em geral de 6 meses, ou ainda mais tempo).
Até agora, os trabalhos referentes aos Ômega-3 sugerem que eles são eficazes
em sujeitos cujos sintomas de depressão resistiram a vários antidepressivos
sucessivos enquanto continuam a usar o último daqueles com que começaram o
tratamento. Não dispomos ainda de estudos que permitam afirmar com certeza
que um antidepressivo que se revelou eficaz possa ser completamente substituído
por um suplemento alimentar de Ômega-3.
Q.: Ao exercício, então, David! Mas, vamos reconhecer, é muito chato fazer
exercícios. Você, porém, afirma: "não é preciso muito"...
Sim. Por sorte, não sou quem diz, ou não acreditariam em mim,
necessariamente! São os estudos que o afirmam, e é isso que é fascinante.
Pesquisas recentes realizadas na Universidade de Duke, nos Estados Unidos,
demonstraram que, para a depressão, por exemplo, o exercício físico, 3 vezes por
semana, 30 minutos a cada vez, é tão eficaz quanto tomar um antidepressivo.