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Instituto Superior de Ciências de Educação
Departamento de Ciências Sociais
Repartição de Sociologia
-- ISCED --
LUANDA
Opção: Sociologia.
LUANDA, 2022
Influência da delinquência juvenil em Luanda: estudo de caso no bairro
Paraíso, distrito Urbano de Mulenvu de Baixo Município de Cacuaco
Opção: Sociologia
Luanda / 2022
INTRODUÇÃO
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considerados como comportamentos ilícitos, não confundindo com crimes, pois
juridicamente, um menor não comete crimes mas sim actos susceptíveis de causar danos
sociais ou considerados como crimes.
Já na óptica social, o termo delinquente remete para o indivíduo que transgrediu
normas da sociedade e cujos comportamentos se desviam da normatividade social (Matos,
2002). Nesta perspectiva, mais do que meramente rotular, é necessário compreender este
problema social (Benavente, 2002).
A grandeza e complexidade da delinquência requerem pesquisas empíricas, a fim
de compreender o fenômeno e melhor explica-lo. Torna-se ainda propício e interessante o
estudo da delinquência juvenil na sociedade angolana, tendo em vista a difícil situação
social que se vive actualmente ligada a recessão econômica desencadeado pela falta de
mercado de emprego e do despedimento de alguns trabalhadores por parte de algumas
empresas e também ligados a questões familiares.
Desta feita surgiu o interesse em querer compreender este fenómeno, pelo que
partimos do seguinte questionamento: Quais são os factores que levam os jovens do bairro
Paraiso a prática da delinquência e seu impacto na sociedade.
1.2.Justificativa
Segundo tem a ver com, que pretende-se compreender e interpretar das histórias
vivenciadas pelas pessoas que praticam a delinquência juvenil visando aprofundar os
conhecimentos actuais sobre o impacto da delinquência e sobre as suas repercussões.
Todavia afirma-se relevante, por ser um tema que permite maior compreensão
sobre as causas que estão na base da delinquência juvenil no bairro paraíso e as suas
consequências sociais.
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1.3. Objectivos do Estudo
À luz do que acima foi exposto, o presente trabalho comporta os seguintes
objectivos:
1.3.1. Objectivo Geral:
Compreender os factores e as consequências que levam os jovens no bairro Paraíso
a prática da deliquência.
1.4. Hipóteses
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entrevistados. Por último, o trabalho contém algumas linhas conclusivas sobre a pesquisa
levada a cabo e as referências bibliográficas.
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faixa etária e a Lei Tutelar Educativa, que anui ao adolescente com idade compreendida
entre os 12 e os 16 anos, a prática de um “facto qualificado pela lei como crime”.
1.1.2. Adolescência
A adolescência (do latim adolescere que significa “crescer”), é marcada por
profundas transformações fisiológicas, psicológicas, pulsionais, afectivas, intelectuais e
sociais, constituindo um processo dinâmico de passagem da infância para a idade adulta
[Dias, 1998: 168].
Entretanto, a história regista que os problemas da adolescência tiveram importância
para a sociedade desde os primórdios. Platão por exemplo, preocupou-se com a
inconstância dos adolescentes ao passo que Aristóteles, com a sua natureza instável e
imprevisível, descrevendo-a como impulsiva, irascível, muito emocional de um modo
geral, incapaz de definir as gratificações ou tolerar a crítica (Weiner, 1995: 3-4).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência é definida como
o período da vida que vai dos 10 até os 19 anos, 11 meses e 29 dias. Ou seja tem inicio a
primeira menstruação nas meninas e a primeira ejaculação nos meninos. Caracteriza-se por
mudanças físicas aceleradas e características da fase da puberdade, diferentes do
crescimento e desenvolvimento que ocorrem em ritmo constante na infância. Essas
alterações são influenciadas por factores hereditários, ambientais, nutricionais e
psicológicos (OMS, 1994).
De acordo a asserção da OMS, é possível aferir em nosso entender que, existe uma
dimensão biológica e psicológica da adolescência. Porém, para este estudo, olhamos a
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adolescência numa dimensão psicossocial e como uma categoria socialmente construída
(idem).
De facto, esta dimensão mostra que a adolescência é um conceito psicossocial que
representa uma fase crítica no processo evolutivo em que o indivíduo é chamado a fazer
importantes ajustamentos de ordem pessoal e de ordem social (OMS, 1994).
Com efeito, a adolescência como categoria socialmente construída, na esteira de
Pais (1993), está sujeita a modificações ao longo do tempo. A segmentação do curso da
vida em sucessivas fases é produto do complexo processo de construção. Para este autor, a
adolescência não pode ser simplesmente considerado como uma fase de vida, como um
grupo de indivíduos que antecede a entrada no mundo adulto pois, os adolescentes não
vivem ou experimentam as mesmas coisas de forma semelhante.
Pais (1993), mostra que cada adolescente tem o seu próprio percurso individual,
que varia em função da especificidade do seu trajecto mas, também, do seu quotidiano,
com as encruzilhadas com que se deparam e que estão directamente relacionados com a
família, a classe e origem social.
Nesta perspectiva, as definições acima apresentadas são relevantes para a
compreensão do conceito adolescência. Dessa forma, no nosso entender a definição
apresentada por Pais (1993) é aquela que melhor se enquadra neste estudo, dado que o
autor sublinha o facto de ser uma categoria socialmente construída e que está sujeita a
modificações ao longo do tempo e não simplesmente como uma fase de vida.
1.1.3. Jovens
Denomina-se “jovem à pessoa que se encontra num período inicial do seu
desenvolvimento orgânico”. O termo provém do latim “Juventus” para referir à idade
situada entre a infância e a idade adulta (OMS, 1994).
Entretanto, a diversidade do “seu jovem” nas sociedades modernas nos coloca a
desafio de compreender este fenómeno nas suas múltiplas dimensões (Pais, 1990: 1939-
165). Deste modo torna-se universario relativizar as definições que tratam a juventude
como sendo uma mesma experiência vivenciada por todos.
Pierre Bourdieu (1983), realça que assumir a juventude como um fenómeno
unívoco, independente de clivagens sociais é uma tentativa de manipulação da realidade,
não considerar as diferentes oportunidades vivenciadas por jovens de distintas classes
sociais resultaria em análises “caricaturais” do fenómeno (apud, Camarano, 2006).
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Segundo a Organização das Nações Unidas (OMS, 1994), a extensão
da juventude pode variar entre os 10 até os 23 anos, tanto na puberdade como
na adolescência tardia, até chegar à juventude propriamente dita (Bueno, 2001).
Na sociedade moderna, embora, haja variação dos limites de idade, a juventude é
compreendida como um tempo de construção de identidades e de definição de projectos de
futuro. Logo, de maneira geral, a juventude é a fase da vida mais marcada por
ambivalências. Ser jovem, é viver uma contraditória convivência entre a subordinação à
família e à sociedade. Ao mesmo tempo, grandes expectativas de emancipação (Groppo,
2000:5).
Nesta perspectiva, para a juventude acena-se como uma espécie de “moratória
social”. Isto é, a juventude é vista como etapa de preparação, em que os indivíduos
processam a sua inserção nas diversas dimensões da vida social, designadamente:
responsabilidade com família própria, inserção no mundo do trabalho, exercício pleno de
direitos e deveres de cidadania. Desde logo, nos termos de Groppo (2000: 7), a juventude é
atribuída como uma categoria social que se torna, ao mesmo tempo, uma representação
sócio-cultural e uma situação social.
Podemos então pensar esse grupo, como algo relactivo que toma formas a partir dos
comportamentos atribuídos por uma classe social, seja ela de etnia, nacionalidade, género,
contexto histórico nacional e regional.
Portanto, a juventude, no seu carácter diverso instiga sempre os estudiosos a tentar
dar conta de compreender esta fase de transição à maturidade dos grupos sociais concretos,
de uma pluralidade de juventudes, de cada recorte sócio-cultural – classe social, estrato,
etnia, religião, mundo urbano ou rural. Saltam subcategorias de indivíduos jovens, com
características, símbolos, comportamentos, subculturas e sentimentos próprios (Groppo,
2000: 5).
Por conseguinte, o jovem é um sujeito com valores, comportamentos, visões de
mundo, interesses e necessidades singulares. Logo, ser Jovem é estar imerso numa
sociedade com processos transitórios, a partir de uma nova conjuntura familiar, política e
social estabelecida. É, portanto, estar no meio de diversas formas de leitura do mundo, que
o rodeia, pois, o mundo mudou, novos actores tomam conta dos grupos e das comunidades,
a sociedade aceitou o que antes não aceitava, abriu o que antes estava fechado, apagou o
que antes escrevera e, hoje, tenta-se definir o seu perfil (idem).
1.2 Factores impulsionadores da delinquência juvenil em Angola
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A partir do seu vasto trabalho e experiência científica nos Centros Educativos do
Instituto de Reinserção Social, Pedro Strecht (2005:177) concluiu que “a evolução
delinquente representa um longo trajeto de mal-estar psicossocial que começou nos
primeiros anos de vida”.
Na verdade, as histórias de vida de muitos jovens estão recheadas de traumas,
como tratamento negligente por parte dos progenitores, abandono familiar e profundos
abusos psicológicos e emocionais. Ora, estas vivências permitem prescrever “um nexo de
causalidade entre os maus-tratos e delinquência futura, pois os comportamentos desviantes
cometidos por crianças e jovens consubstanciam-se na exteriorização de um sofrimento
interior não aliviado” (Strecht, 2005: 177).
1.3 A disfunção familiar
Para o estudo em apreço consideramos a disfunção familiar como sendo a
insusceptibilidade ou a incapacidade de planeamento administrativo elaborados pelos
cônjuges ou companheiros no âmbito de uma família, tendo em vista a educação e o
desenvolvimento social sadio dos seus filhos quer no âmbito da família quer fora dele.
Assim, quando nos referimos ao círculo familiar, referimo-nos às relações vivenciadas
entre os cônjuges ou companheiros e a prole. Por outro lado, o ambiente externo à família
alude às relações estabelecidas entre os pais, os encarregados de educação, a Escola e
outras instituições sociais, Ferreira, (1997: 913-924).
Dadas as características específicas da família, um dos seus objectivos centrais
reside no aperfeiçoamento exigido quanto às suas relações internas e externas, que se
fortalecerão uma vez que estejam sustentadas no amor, no afecto, no companheirismo e em
actos que fortaleçam emocionalmente os seus membros. De facto, é no âmbito familiar que
as crianças vêm os seus progenitores e responsáveis como entidades basilares das suas
vidas, (idem).
Neste sentido, e conforme discorrido no parágrafo anterior, a administração familiar
é legalmente exercida pelo instituto do poder paternal (tanto no Direito angolano como no
Direito português), daí que aos pais seja sempre atribuída a obrigação de educar os filhos
segundo a capacidade legal que lhes foi atribuída. Consequentemente, essa capacidade
implica o direito de os progenitores exigirem dos filhos o cumprimento dos deveres que
lhes são imputados, (idem).
Apesar das agruras da vida, os progenitores e os tutores de menores não poderão
desistir do exercício pleno deste poder que lhes é concedido para a educação e formação
dos seus filhos ou tutelados. De facto, é com base numa saudável inter-relação entre ambos
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que se poderá formar uma identidade infanto-juvenil e uma personalidade equilibrada
fortes, favorecendo a estabilidade emocional, preparando-os para o desempenho, na idade
adulta, de papéis sociais que lhes serão exigidos e para contribuir para a construção de uma
sociedade menos dissemelhante e iníqua, embora as condições económicas não favoreçam
as melhores condições de subsistência humana, (idem).
Num Estado Democrático de Direito, como é Angola, em que a dignidade e o valor
da pessoa humana são, ou deveriam ser, princípios estruturantes e fundamentais, o sistema
jurídico jamais poderá ser, de acordo com os pressupostos positivistas, algo estático ou
rígido, pois urge a necessidade de haver convergência entre áreas científicas que
contribuam para o progresso humano, como é o caso da Psicologia, da Psicanálise, da
Sociologia, da Antropologia, da História ou da Criminologia, para que o Direito se aplique
de acordo com a dignidade da pessoa humana. Assim, defendemos que a penalização e o
tratamento a serem aplicados ao “menor” infractor deverão ser minorados, na média em
que este se encontra em plena construção da sua identidade e personalidade, (idem).
Os efeitos nocivos que a globalização, os meios de comunicação de massas e o
consumismo exacerbado geram na nossa sociedade têm-se revelado devastadores. Com
efeito, a falta da escolaridade básica e a incapacidade de filtrar a informação veiculada por
esses meios influencia os jovens a adoptar uma postura contrária aos valores transmitidos
pela família. Os pais vêm-se num conflito entre a necessidade de aplicação dos bons
princípios veiculados no seio familiar, por um lado; e a incapacidade de os menores
filtrarem as influências potencialmente perniciosas associadas à utilização das tecnologias,
como a televisão ou a Internet, por outro. Ora, encontrando-se numa faixa etária em que a
sua personalidade está em plena formação e evolução, os jovens apresentam-se como
especialmente vulneráveis a estas influências. Assim, o exercício do poder paternal é ferido
na sua génese e o dever que os progenitores o poderiam exigir dos seus filhos não é
cumprido na íntegra, (idem).
O espaço para o diálogo entre os membros de uma família deveria, e deve ser, mais
amplo, assim como a generosidade entre os seus membros na definição das regras que
regem o lar. A ética e a moral, conceitos que infelizmente parecem ter-se extinguido com
os longos anos de guerra, deverão ressurgir para que construamos uma sociedade mais
justa, equilibrada e solidária. Infelizmente, nas discórdias familiares ainda impera o
autoritarismo e a violência verbal e física. Os progenitores não exercem o seu poder
paternal democraticamente, actuando sem coerência ou equilíbrio quanto às decisões
familiares (por exemplo, satisfazem os filhos com bens materiais, não sabendo dizer “não”
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nas situações adequadas). Não descartamos, portanto, a possibilidade de aplicação de
técnicas educativas mais severas, desde que proporcionais às acções praticadas pelos
filhos. Infelizmente, por motivos de segurança e de estabilidade nacional, a polícia
angolana não foi autorizada a facultar-nos dados mais recentes sobre o índice de
criminalidade no País (idem).
A partir de 2002, com o cessar do conflito civil que dilacerava Angola e o seu
tecido social, humano e económico, assistimos a um avanço significativo no que respeita
ao desenvolvimento e à melhoria das condições básicas de saúde, educação e segurança,
porém ainda insuficientes para a satisfação da comunidade. Infelizmente, a taxa de
mortalidade infantil é hoje extremamente elevada: uma em cada quatro crianças morre
antes de completar cinco anos. Por outro lado, mais de metade das crianças em Angola não
frequentam o sistema de ensino e a maioria das que logram fazê-lo somente o conseguem
por dois anos. Finalmente, 45% padecem de mal nutrição crónica (UNICEF, 2005). A taxa
de mortalidade infantil em Angola é a oitava mais elevada no mundo (IDH, 2012).
De acordo com as palavras proferidas por Malloch-Brown5 no 10º Fórum Angola
na Chathan House, os “altos níveis de riqueza gerados pela indústria petrolífera angolana
ainda não se traduzem em ganhos para os mais pobres” (Malloch-Brown, 2009). Embora
assistamos a um grande esforço do executivo no investimento e na construção de
infraestruturas, ainda são parcas as melhorias verificadas no combate à pobreza.
Segundo Yong (1997) o fenómeno social que está a verificar-se em Angola
designa-se “transição da modernidade tardia”, pois cada vez mais a sociedade angolana
tenderá a transformar-se numa sociedade excludente. Estabelecendo um nexo causal entre
a violência e a exclusão social a que os mais desfavorecidos estão votados, o autor defende
que a “privação crónica pode conduzir os pobres ao crime, do mesmo modo que a
insegurança pode levar os que vivem bem à intolerância e à perseguição (Hespanha, 2001).
O aumento do fosso entre ricos e pobres em Angola começa a assumir contornos
preocupantes, dado que os elevados índices de desenvolvimento económico não se
coadunam com a melhoria do modo de vida dos angolanos. Nesta medida, os níveis de
violência vêm aumentando drasticamente, originando estratégias de apartheid social
(Martin e Schumann, 1996). Ou seja, assistimos a uma proliferação de condomínios
fechados que materializam uma acentuada separação entre ricos e pobres, bem como a
disseminação de empresas especializadas em segurança privada, particularidades muito
específicas de sociedades em transição (Martin e Schumann apud Hespanha, 2001).
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Apesar de Angola ser uma nação rica, não só a nível económico e financeiro, mas
também ao nível dos seus recursos naturais e humanos, a verdade é que a maior parte da
população vive em condições de extrema pobreza. A guerra civil, o êxodo rural, a
inexistência de infra-estruturas sociais e de meios e vias de comunicação conduziram o
país a uma catástrofe humanitária, geradora de uma pesada desvalorização e
desclassificação do angolano.
As feridas causadas pela guerra tardam a sarar. Como tal, neste longo processo de
cura os casos de corrupção, prostituição, delinquência juvenil e abuso de drogas e de álcool
têm aumentado vertiginosamente. Embora tendo em vista a resolução destes flagelos, o
estado e o governo angolanos não conseguem dar resposta imediata e real às necessidades
básicas do povo.
Deste modo, e segundo António de Sousa, (2006) a delinquência juvenil em Angola
deve-se em particular ao estado de “pré-delinquência do menor, como aquela que engloba
toda a conduta desviante, cujas causas podem ser multiformes: a pobreza, as condições de
vida sub-humanas dentro dos centros urbanos, as dificuldades de acesso ao progresso
educacional, dificuldades de inserção no mundo do trabalho (...) mais ainda as que estão
ligadas à própria pessoa do menor, como o desejo incontrolado do consumismo, o uso de
drogas, o abuso de bebidas alcoólicas, que propiciam o furto e a violência.
A desadaptação juvenil é causada por múltiplas formas de desvio de conduta e
muitas vezes a origem do comportamento criminal encontra as suas causas em: factores
macro sociais, como as transformações sociais, crises de estruturas e de instituições
tradicionalmente vocacionadas para a socialização; em factores micro sociais, como a
incapacidade e a desagregação da família e a irradiação do próprio grupo social; e factores
individuais de natureza psicopatológica e ambiental, como dificuldades de socialização,
dificuldades com a figura de autoridade, desadaptação escolar, desadaptação ao trabalho,
fuga e vagabundagem, associações em bandos juvenis, prostituição e outros desvios”
(Sousa, 2006).
Estes desvios são bem reveladores da necessidade urgente da elaboração e
aplicação de leis que protejam e previnam a incursão dos jovens no mundo do crime.
Normalmente, os principais tipos de crime cometidos por estes jovens (muitos com idade
inferior aos 16 anos) são o furto, o roubo, o tráfico e o consumo de drogas, leves e pesadas.
A família será sempre a instituição social de maior primazia. Como vimos
anteriormente, é no seu cerne que a gestão familiar deve concretizar-se, pois a formação de
cidadãos equilibrados e íntegros, que contribuirão para uma sociedade mais harmoniosa,
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são frequentemente o resultado do tipo de relação estabelecida, da qualidade dessa relação
e dos comportamentos que a mesma fomenta, (idem).
Por isso, se a dado momento a família carecer de meios de subsistência, mas devido
a um aumento substancial do rendimento conseguir melhorar a qualidade de vida, tal
contribuirá para uma maior abertura ao conhecimento e à satisfação das necessidades
básicas, outrora inexistentes. Ora, está melhoria das condições de vida irá fortalecer
emocional e afectivamente a personalidade da criança, inibindo-a de enveredar pelo crime,
(idem).
No entanto, sabemos que, independentemente das condições financeiras, a gestão
de um agregado familiar revela-se sempre uma tarefa árdua no que respeita à educação dos
descendentes e à formação das suas personalidades. De facto, as relações desenvolvidas
pelos jovens com o exterior influenciam particularmente a qualidade dos laços criados,
bem como a forma como estes se estabelecem entre os seus membros, contribuindo para o
fortalecimento ou o enfraquecimento do vínculo familiar entre os pares. Este argumento
coaduna-se com a tese de que quanto melhores forem as relações travadas, quer a nível
familiar quer social (mas essencialmente familiar), mais profundo e de melhor qualidade
será o vínculo entre os elementos de uma família, (idem).
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o mesmo por adoptar, em determinadas alturas, uma postura decisiva que o leve a
enveredar por um caminho desviante.
Neste sentido, verifica-se com isto que, apesar de actualmente se continuar a
afirmar que os jovens não possuem ainda “os instrumentos necessários devidamente
desenvolvidos” (Pais & Oliveira, 2010: 39) para decidir relativamente aos seus
comportamentos, a verdade é que as mais recentes teorias, no âmbito da tomada de
decisão, demonstram que o jovem consegue e tem capacidade para discernir, apesar de lhe
quererem mostrar o contrário. Porém, estas mesmas decisões são susceptíveis de serem
influenciadas, tendo em conta o período de vida em que o jovem se encontra.
Segundo Sá (2001), o comportamento desviante pressupõe a existência de normas
sociais que ajuízem e identifiquem certas atitudes como normativas, sendo que um
comportamento desviante “corresponde ao outro lado da norma” (Sá, 2001: 38).
De acordo com esta interpretação, um comportamento desviante não implica
necessariamente que se esteja perante uma atitude delinquente, apenas significa que houve
um comportamento levado a cabo por um jovem que não correspondeu à normatividade
dos comportamentos sociais, podendo não ser censurado do ponto de vista criminal mas
sim, por exemplo, do ponto de visto moral e ético.
Para Becker (1963) o desvio é criado através da sociedade, isto porque, “os grupos
sociais criam desvios através da fixação de regras cujas infracções constituem um desvio”
(Becker, 1963: 9), entendendo-se com isto, que o desvio é a própria sociedade que cria as
regras e, consequentemente, os próprios desvios (Becker, 1963).
Sá (2001: 39) acrescenta ainda que o comportamento desviante “tem a ver com a
frequência com que ocorre, não é um comportamento habitual e, quando passa a ser
habitual, põe em causa a norma que o tornava desviante”.
Seguindo esta linha de pensamento, Cusson (cit. in Sá, 2001: 39) descreve o
comportamento desviante como sendo “uma diferença entendida negativamente”. Ao citar
Cusson (cit. in Sá, 2001), Sá refere que o comportamento desviante pode resultar em actos
voluntários ou não-voluntários.
Esta categorização elaborada por Cusson (cit. in Sá, 2001) vai distinguir três tipos
de acção social desviante: a acção voluntária, acção voluntária/involuntária e a acção não-
voluntária.
Tal como foi referido anteriormente, um comportamento desviante não implica
necessariamente que estejamos perante um comportamento criminoso.
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Para Sá (2001), pode-se constatar em determinados comportamentos desviantes a
existência de um crime, contudo, nem todos os crimes advêm protagonizada pelos
desviantes sub-culturais e os transgressores. Protagonizada pelos alcoólicos, e pelos
toxicómanos. Protagonizada pelos deficientes comportamentos desviantes, podendo-se
constituir, alguns comportamentos, como incivilidades.
O desvio é visto assim como o outro lado da norma construída pela colectividade,
isto é, todo o comportamento que não coincida com a “consciência colectiva” (Durkheim,
cit. in Sá, 2001) ou pela maioria social torna-se marginalizado, sendo apelidado e
categorizado como um desvio comportamental face ao que é maioritariamente seguido.
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Nesta perspectiva, a análise qualitativa permitiu-nos aprofundar os aspectos
inerentes sobre a delinquência juvenil. Considerando, os adolescentes e jovens
delinquentes como sujeitos activos da sua realidade buscamos compreender como fonte de
estudo a óptica dos indivíduos que vivenciam o fenómeno, seu universo de significados,
aspirações, crenças, valores e atitudes.
3.2. Entrevista Semi-estruturada
È uma técnica de recolha de dados em que o entrevistador segue um esquema de
perguntas previamente estabelecido, ou seja, as perguntas feitas aos entrevistados são
rigorosamente seleccionados pelo investigador [Lakatos e Marconi 2009: 199].
Na asserção, Trivinos [1987], a entrevista Semi-estruturada é aquela que
ajuda o investigador a ter acesso a dados da realidade de carácter subjectivo,
como ideias, crenças, maneiras de pensar e actuar, opiniões, sentimentos,
conduta ou comportamento e razões conscientes ou inconscientes. Portanto,
a entrevista Semi-estruturada é adequada na medida em que, faz com que os
entrevistados participem na elaboração do conteúdo da pesquisa,
enriquecendo deste modo a investigação.
17
De acordo com Hair, Bush e Ortinau [2003], nas amostras não probabilísticas,
como as amostras por conveniência, não é possível utilizar as formulas para determinar o
tamanho da amostra. Assim, o tamanho da amostra é determinado de forma subjectiva e
intuitiva pelo investigador que se baseia em estudos anteriores, pelas normas do sector ou
pela quantidade de fontes disponíveis.
Outros autores, [Kinnear & Taylor: 187; Churchill, s/d: 30], sugerem que a amostra
por conveniência é adequada e frequentemente utilizada para geração de ideias
principalmente em pesquisas.
Por outro lado, a amostras por conveniência podem ser facilmente justificadas em
um estágio exploratório da pesquisa, como uma base para geração de hipóteses e insights e
para estudos conclusivos onde o gerente aceita os riscos da imprecisão dos resultados do
estudo [Kinnear, T.C. e Taylor, s/d: 187].
Portanto, este tipo de amostra, emprega-se quando se deseja obter informações de
maneira rápida e barata. Segundo Aaker, Kumar e Day [s/d: 376], uma vez que esse
procedimento consiste em simplesmente contactar unidades convenientes da amostragem,
é possível recrutar respondentes tais como na rua, paragens de táxi, mercados, alguns
amigos e vizinhos, entre outros.
Neste caso as entrevistas foram realizadas durante 30 dias do mês de Outubro de
2022. Neste contexto, na nossa pesquisa, selecionamos simplesmente os jovens
pertencentes ao distrito do Mulenvu de Baixo do bairro Paraíso, pela facilidade de acesso
aos nossos entrevistados por serem residentes do mesmo distrito. Para a entrevista, o
critério utilizado por nós foi de selecionar jovens dos 12 aos 21 anos de idade, dentre eles
indivíduos do sexo masculino e feminino, na qualidade de sermos jovens, os acessos a
estes mesmos indivíduos para as nossas entrevistas foram mais facilitadas no sentido de ter
uma conversa mais saudável.
3.4. Perfil dos entrevistados
A amostra foi composta por 12 indivíduos 7 do sexo masculino e 5 do sexo
feminino com idades compreendidas entre 12 a 21 anos de idades por adolescentes e
jovens que vivem no município de Cacuaco, no bairro Paraíso, distrito urbano de Mulenvu
de baixo. Para a distinção dos entrevistados levamos em conta algumas características
sociodemográficas que se encontram descritas segundo; Sexo, Idade, Ocupação, Nível de
escolaridade e Local de residência.
Tabela nº 1 Caracterização dos entrevistados segundo sexo e idade
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Faixa etária Masculino Feminino Total
12-16 2 1 3
17-20 4 2 6
21 ou + 1 2 3
Total 7 5 12
Fonte: Autor
A tabela nº 1 acima, mostra que na faixa etária dos 12 aos 16 anos de idade, foram
entrevistados 2 indivíduos do sexo masculino e dos 17 aos 20 anos de idade foram
entrevistados 4 do sexo masculino e por último dos 21 ou + foi entrevistado apenas 1
indivíduo do sexo masculino. Ao passo que dos 12-16 anos de idade foi entrevistado 1
indivíduo do sexo feminino e dos 17-20 anos de idade foram entrevistados 2 indivíduos do
sexo feminino. Por último na faixa etária dos 21 ou + anos de idade foram entrevistados 2
indivíduos do sexo feminino. Isto mostra que a nossa mostra é constituída por indivíduos
maioritariamente jovens.
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10ª classe 1 - 1
Total 7 5 12
Fonte: Autor
20
CAPÍTULO III- APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS
“O que me motivou são os maus tratos eram demais mesmo a fazer todos trabalhos de
casa daí que veio a ideia de entrar no grupo” (E2).
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“Foi influência dos amigos, porque um certo dia estávamos a organizar uma festa e não
tínhamos dinheiro daí que preparamos alguns roubos para conseguir o dinheiro daí até
agora a vibe colou” (E3).
“As minhas amigas influenciaram-me muito e por outra a falta de emprego até porque
vivo apenas com a minha filha” (E11).
“O que me influenciou-me são os maus tratos quer na família como no bairro através dos
grupos” (E6).
Diante das análises apresentadas, percebe-se que vários factores proporcionam aos
jovens do bairro Paraíso a entrarem no mundo da delinquência tais como: factores
familiares, violência doméstica ou maus tratos, dificuldades da vida ou meio de
sobrevivência, influências das amizades ou mais companhias. Aliando-se na ideia de Pedro
Strecht (2005:177) concluiu que “a evolução delinquente representa um longo trajeto de
mal-estar psicossocial que começou nos primeiros anos de vida”. Na verdade, as histórias
de vida de muitos jovens estão recheadas de traumas, como tratamento negligente por parte
dos progenitores, abandono familiar e profundos abusos psicológicos e emocionais.
Ora, estas vivências permitem prescrever “um nexo de causalidade entre os maus-
tratos e delinquência futura, pois os comportamentos desviantes cometidos por crianças e
jovens consubstanciam-se na exteriorização de um sofrimento interior não aliviado”
(Strecht, 2005: 177).
Quem dá mais ênfase é António de Sousa, (2006) a delinquência juvenil em Angola
deve-se em particular ao estado de “pré-delinquência do menor, como aquela que engloba
toda a conduta desviante, cujas causas podem ser multiformes: a pobreza, as condições de
vida sub-humanas dentro dos centros urbanos, as dificuldades de acesso ao progresso
educacional, dificuldades de inserção no mundo do trabalho (...) mais ainda as que estão
ligadas à própria pessoa do menor, como o desejo incontrolado do consumismo, o uso de
drogas, o abuso de bebidas alcoólicas, que propiciam o furto e a violência.
22
de vida mesmo vivendo uma vida ligada a criminalidade e no âmbito social tiveram um
impacto negativo porque não são aceites pela sociedade nem bem vistos onde muitos
afirmaram ter ido parar na cadeia várias vezes e sofre represálias no meio onde vivem.
Podemos confirmar na transcrição das entrevistas abaixo:
“Na minha vida o impacto tem sido normal porque ajuda-me a atingir os meus objectivos já
na sociedade é negativo porque não sou bem visto” (E3).
“Digo que sim porque ganho lá dinheiro apesar do nosso meio me falarem mal por causa
dessas práticas” (E11).
“Teve um impacto positivo porque consigo pagar as minhas propinas da escola e é negativo
porque já parrei na cadeia por causa de roubos e lutas de rua” (E9).
Diante das análises apresentadas, podemos então constatar que a maioria dos nossos
jovens entrevistados tem quer boa vida e fama à custa do dinheiro vindo do roubo ou do
esforço do outro. Como nos diz, Sá (2001) que durante o seu trajecto de maturação social e
ao lutar por um lugar num grupo que lhe ofereça a segurança e confiança que o jovem
tanto procura, este ver-se-á perante a obrigação de tomar decisões relativamente a
determinados comportamentos que o levem a ponderar qual o caminho mais correcto a
seguir para alcançar os seus objectivos. Este conflito ao nível da decisão, encontra-se
muitas vezes patente nas situações em que o jovem se vê confrontado com dois possíveis
caminhos a seguir para atingir uma meta, ou se encontra num grupo que apesar de marginal
lhe trará benefícios sociais (como “fama”, dinheiro, bens materiais, etc.), ou criará a sua
própria identidade correndo o risco de afastamento social.
As acções dos jovens delinquentes tendem a ser motivadas por princípios ilusórios
ou pulsões primitivas. Estes jovens aproveitam-se do estatuto de delinquente para
conseguir satisfazer suas necessidades com drogas, roupas, diversão bem como para
superar seus medos, sua baixa auto-estima, descriminação ou estigmatização vivenciadas
quando criança.
Como afirma Hutz (2002, p.168) a prática de actos ilícitos, infelizmente, é para
esses jovens fonte imediata de reforçadores importantes como dinheiro e tudo o que ele
pode comprar: drogas, roupas novas, carros, equipamentos de lazer, reconhecimento, têm
uma força grande como controladora do comportamento.
23
3.3- Consequências resultantes da prática da delinquência.
Em relação as Consequências resultantes da prática da delinquência os jovens do
bairro paraíso procuramos primeiramente questionar aos nossos entrevistados quais são as
consequências nefasta do crime nas suas vidas após entrar nesse mundo onde dificilmente
se te benefícios positivos. Assim sendo, dos doze (12) entrevistados todos os jovens,
falaram sobre perseguições da polícia, morte, cadeia e perca de valorização na sociedade.
Vejamos em seguida as respostas dos entrevistados em destaques:
“Morte por uma doença prolongada proveniente das pessoas que a saltamos, pela
população e pela polícia” (E1).
“Morto pela população por uma acção de queimada com pneu e gasolina, polícia ou
Cadeia” (E3).
“Papoite, as consequenciais todos nós sabemos morte ou cadeia, mas também ela onde sai
o meu pão” (E4).
“São tantas ex. a polícia está sempre a minha trás, a família me desprezou e a cadeia
comigo” (E5).
“Está pratica só tem 2 caminhos se não for a morte vai a cadeia” (E6).
“As consequências da pratica da delinquência são, ser mal visto no meio em que vivo,
cadeia e morte” (E7).
“As consequências da pratica da delinquência são várias como cadeias, morte e a falta de
consideração na sociedade” (E10).
“As consequências da pratica da delinquência são, a morte, cadeia e os outros males que
enfrentamos” (E12).
De acordo com as análises feitas dos nossos entrevistados, podemos então perceber
que a delinquência juvenil acaba arrastando os jovens para um fim trágico como a morte
afastamento da rede familiar e de amigos ou até mesmo acabam por cumprir cadeia por
resto das suas vidas e nunca conseguir ter um futuro promissor ou digno. A liando-se assim
na ideia de Hutz (2002: 166), afirma que, “a delinquência é considerada uma consequência
24
negativa, que gera desadaptação e prejudica o desenvolvimento posterior do jovem, uma
vez que ela acarreta prejuízos sociais, económicos e cognitivos para o adolescente”.
Implica dizer que ao entrar para à delinquência o indivíduo espera como
consequências a morte, a prisão, as cicatrizes, vícios, danos psicológicos, descriminação ou
estigmatização, desistência às aulas. De acordo com o nosso entrevistado pode se entender
que a delinquência traz consequências drásticas, uma vez que, o adolescente metido a esta
prática pode ser morto por agentes da polícia ou então por adolescentes de gangues rivais,
deixando para as famílias e a sociedade uma desolação e ao mesmo tempo um alívio.
Nota-se que à prática da delinquência deixa sequelas para o carácter do indivíduo,
de tal modo que as pessoas na sociedade, acabam sendo incapazes de perdoar pelos desvios
de conduta e acreditar na ressocialização do indivíduo que anteriormente cometeu vários
delitos
Na opinião de Sá (2015) uma das consequências, inegavelmente terrível, que mais
frequentemente ocorre é rompimento com o pacto social e a lei da cultura, torna-se iníquo
e sem sentido, para o indivíduo, pelo que tenderá a retomar e actualizar suas pulsões
primitivas.
CONCLUSÃO
25
amizades e meio social e afirmaram que tem um impacto negativo a delinquência juvenil
porque não são aceites pela sociedade e como consequências estão propensos a mortes,
prisões, desistência das aulas, desprezo por parte dos familiares e outros agentes sociais,
rompimento com o pacto social e as leis da cultura do seu meio, falta de perspectiva de
futuro, diminuição do auto estima assim somo dificuldade de se relacionar.
Tendo em conta as consequências da prática da delinquência, é importante lembrar
que a supervisão familiar e das comunidades bem como a existência de laços familiares e
sociais saudáveis inibem ou controlam a delinquência, pois, o adolescente não deseja pôr
em causa as boas relações que mantém com os familiares e a comunidade.
Convém, verificar na prática da delinquência não somente o mal que tem causado
aos jovens e a sociedade mas também uma oportunidade de repensar as políticas públicas,
bem como os programas que contribuem para a garantia dos direitos básicos e
fundamentais do cidadão tais como: saúde, educação, liberdade, dignidade, trabalho, lazer
e de segurança.
Com os resultados obtidos podemos afirmar que foi verificada e comprovada a nossa
hipótese segundo a qual, “ A pobreza, o desemprego, o tipo de gestão familiar, violência
física e outros maus-tratos contribuem para delinquência. Do mesmo modo, os objectivos
desta pesquisa foram alcançados tal como preconizados no princípio, face o trabalho
desenvolvido e sustentado pelas narrativas dos nossos entrevistados.
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28
APÊNDICE
ANEXO I
GUIAO DE ENTREVISTA
Sexo:
Idade:
Ocupação:
Nível de escolaridade:
Local de residência:
29
1. Com quem cresceste?
30
ANEXO II
Transcrição das entrevistas
ENTREVISTA nº 1
Sexo: M
Idade:13
Ocupação: Estudante
Nível de escolaridade: 6ª
31
E1: Cresci com os meus pais
E1: E só a aquela ilusão de quere a acudir ou proteger o bairro, quando um outro grupo
aparece para invadir o nosso território. Daí levou-me ao mundo da delinquência.
E1: Morte por uma doença prolongada proveniente das pessoas que a saltamos, pela
população e pela polícia.
ENTREVISTA nº 2
Sexo: F
Idade: 21
Ocupação: Domestica.
Nível de escolaridade: 8ª
32
E2: Cresci com meu tio
E2: Sim
E2: Já, como a adolescente, ofensas morais antes de comer, dormíamos por de baixo do
camião com outros irmãos, patos, galinhas, mas os filhos deles dentro de casa com chuvas
sem chuvas.
E2: O que me motivou são os maus tratos eram demais mesmo a fazer todos os trabalhos
de casa, daí que veio a ideia de entrar no grupo
ENTREVISTA nº 3
Sexo: M
Idade: 15
Ocupação: Lotador
Nível de escolaridade: 6º
33
E3: Cresci com os meus pais
E3: Nunca sofri maus tratos, até porque, mesmo com essas minhas praticas nunca me a
abandonarão
E3: Foi influência dos amigos, houve um certo dia estávamos a organizar uma festa e não
tínhamos dinheiro daí que preparamos alguns a saltos para conseguirmos o dinheiro dali
até agora a vibe colo.
E3: Na minha vida o impacto tem sido normal, porque a ajuda-me a tingir os objectivos. Já
na sociedade e negativo
E3: Morto pela população por uma acção de queimada com pneu e gasolina, polícia ou
cadeia.
ENTREVISTA nº 4
Sexo: M
Idade: 17
Nível de escolaridade: 8ª
Ocupação: Motoqueiro
34
1. Com quem cresceste?
E4: Já presenciei várias vezes, a ponto de perder a minha mãe e a irmã de tanto estresse
E4: Sim, por um pai não presente, sempre que que se fazia presente era graves problemas
em casa
E4: A motivação foi por parte dos amigos, tentei no primeiro dia deu certo e lá fiquei.
E4: Papoite , as consequências todos nós sabemos morte ou cadeia, mas também ela onde
sai o meu pão .
ENTREVISTA nº 5
Sexo: M
Idade: 17
Ocupação: Cobrador
Nível de escolaridade: 8ª
35
E5: cresci com os meus pais e depois de um tempo passei a viver sozinho ate a data
presente.
E5: Quando eu vivia com os meus pais não, mas, após morte dos meus pais por acidente
daí começou tudo
E5: Eu digo que sim, porque, e deste dinheiro que consigo cobrir com as minhas
necessidades pois que não a emprego
E5: São tantas ex: a polícia está sempre a minha trás, a família me desprezou e a cadeia é
comigo.
ENTREVISTA nº 6
Sexo: M
Idade: 17
Ocupação: Cobrador
Nível de escolaridade: 6ª
36
E6: cresci com os meus avos
E6: Não
E6. Foi uma influência do meio em que vivo, pois que a saltavam-me por 2 vezes logo, tive
que me enquadrar num grupo.
E6: Esta pratica so tem 2 caminhos se não for a morte vai a cadeia.
ENTREVISTA nº 7
Sexo: M
Idade: 21
Ocupação: Lotador
37
E7: Cresci com o meu tio
E7: Sim
E7: O que me motivou são os maus tratos quer na família e no bairro através dos grupos.
E7: As consequências da pratica da delinquência são, ser mal visto no meio em que vivo,
cadeia e morte.
ENTREVISTA nº 8
Sexo: F
Idade: 17
Ocupação: Domestica
Nível de escolaridade: 8º
38
E8: cresci com a minha mãe
E8: Não
ENTREVISTA nº 9
Sexo: F
Idade: 17
Ocupação: Estudante
Nível de escolaridade: 8ª
39
E9: Cresci com a minha mãe
E9. Sim
E9. Também já, por parte da família do meu pai. Eles não queriam saber de mim após a
morte do meu pai sendo órfão de pai que só.
E9: teve um impacto positivo porque, consigo pagar as minhas propinas da escola e e
negativo porque, já parei na cadeia por causa de roubo e lutas de ruas.
ENTREVISTA nº 10
Sexo: M
Idade:15
Ocupação: Lotador
Nível de escolaridade: 5ª
40
E10: Cresci com os meus pais e depois foi viver com outros familiares.
E10: Teve um impacto muito grande, por perder tempo em cadeias e a boa reputação na
sociedade
E10: As consequências da pratica da delinquência são várias como cadeias, morte e a falta
de consideração na sociedade.
ENTREVISTA nº 11
Sexo: F
Idade: 21
Ocupação: Domestica
Nível de escolaridade: 5ª
41
E11: cresci com os meus pais e posteriormente passei aviver sozinha
E11: Não
E11: Não
E11: As minhas amizades influenciaram-me muito e por outro a falta de emprego até
porque, vivo só com a minha filha.
E11: Digo que sim, porque, ganho lá dinheiro apesar do nosso meio me falarem mal por
causa dessa pratica.
ENTREVISTA nº 12
Sexo: F
Idade.16
Ocupação: Domestica
Nível de escolaridade: 5ª
42
E12: Cresci com os meus Avos materno
E12: Sim
E12: Sofro até agora. por causa dessas coisas resolvi sair dela e vivo sozinha a fazer
aminha vida.
E12: Sim. Maus companinhas me levaram aos maus caminhos, porque, temos que ir
procurar o nosso pão de cada dia e vimos que está vida não presta.
43