Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Maria Siafaka
1747541
Dissertação de mestrado em Estudos Latino-americanos
Especialização em Políticas Públicas
Departamento de Estudos Latino-americanos
Universidade de Leiden
Junho de 2016
1
Fonte da imagem da capa: http://fernandesassis.blogspot.nl/2016/01/violencia-suas-causas-e-solucoes.html
2
Agradecimentos
Eu gostaria de agradecer principalmente ao meu supervisor da tese, ο Dr. Pablo Isla Monsalve,
pela confiança que me mostrou e pela sua paciência durante a implementação deste trabalho,
bem como para a ajuda preciosa e a orientação para resolver os vários problemas.
Eu também sou grata aos meus pais, Chrysanthi e Apóstolos, que sempre estiveram ao meu lado
e agradeço-lhes pela compreensão e o suporte durante todos os anos dos meus estudos. Dedico o
presente trabalho para a minha mãe e o meu pai.
3
Sumário
Introdução 6
Capítulo 1
APROXIMAÇÕES TEÓRICAS E CONCEITUAIS SOBRE CRIMINALIDADE,
VIOLÊNCIA URBANA E SEGURANÇA PÚBLICA 8
1.2.1 O crime 9
1.2.2 A criminalidade 11
Capítulo 2
A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL 18
2.2.1 Criminalidade 25
4
2.2.3 Homicídios 26
Capítulo 3
ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS DA PESQUISA 33
Conclusões 44
Anexos 46
Bibliografia 49
5
INTRODUÇÃO
O presente estudo consiste no resultado duma pesquisa com o intuito de examinar fenômenos
sociais que acontecem hoje no Brasil. O trabalho trata do tema da violência urbana em relação
com a segurança pública no estado de São Paulo. Em particular, se analisa a delinquência juvenil
como resultado das políticas públicas aplicadas à desigualdade, à exclusão social e aos
problemas socioeconômicos.
O estudo foi baseado em três eixes: analisar a terminologia e os conceitos básicos sobre o tema
de criminalidade, violência e delinquência; examinar os fatores do fenômeno a nível federal e
local; e identificar a maneira em que podem ser previstos. A investigação foi estabelecida nos
objetivos que destinam-se responder ao problema social. Especificamente, examinar a relação
entre violência urbana e exclusão social, revelar as causas da violência e delinquência juvenil e
analisar as políticas públicas para a prevenção. Estes eixos foram orientados através das
seguintes perguntas: Qual é a relação entre violência urbana e exclusão social?; Quais fatores
explicam o fenômeno da violência e a delinquência juvenil no estado de São Paulo?; Quais são os
instrumentos para a prevenção da violência e a delinquência juvenil no marco da atuação
policial?
O trabalho de campo da pesquisa foi realizado entre os meses de novembro de 2015 e janeiro de
2016 no estado de São Paulo.
A técnica de pesquisa qualitativa aplicada foi entrevista semiestruturada com perguntas abertas
e hipotéticas. As entrevistas foram baseadas em doze perguntas centrais, mas dependendo do
tema, o contexto, a profissão ou a especialidade do entrevistado, foram realizadas outras
perguntas mais específicas para obter informação de qualidade. Todos os entrevistados eram
conhecedores do tema da pesquisa. Os recursos estratégicos usados para o desenvolvimento da
pesquisa tiveram o objetivo de identificar e visualizar de maneira mais completa e efetiva o tema
pesquisado:
6
- fontes bibliográficas primárias e secundárias especializadas na segurança pública, a
violência e a criminalidade: livros, artigos acadêmicos, papers, revistas e outras
publicações com indicadores e dados estatísticos, macroeconômicos, políticos, históricos
e sociais do estado e da cidade de São Paulo.
O estudo está dividido em duas partes, a teórica e a pesquisa. No primeiro capítulo se analisam
conceitos como criminalidade, violência urbana, delinquência juvenil e segurança pública. São
apresentadas as aproximações teóricas, enquanto é feita uma tentativa da análise. Além disso, no
mesmo capítulo, se faz referência ao papel dos meios de comunicação e a sua influência. No final,
se analisa o desempenho da política anticriminal como uma medida para lidar com o fenômeno.
O terceiro capítulo contém os resultados registados com base nas entrevistas que ocorreram no
estado de São Paulo durante a investigação de campo. Através das respostas dadas pelos
especialistas, são apresentados todos os elementos relativos à violência urbana e à delinquência
juvenil. Igualmente, são registradas e avaliadas todas as medidas aplicadas pelo estado, bem
como se analisa a contribuição da polícia e da sociedade civil e qual é o seu papel na resolução
do problema. Finalmente, se realiza avaliação do trabalho de pesquisa com a exportação das
conclusões.
Terminando, eu gostaria de mostrar os meus agradecimentos a todas essas pessoas que têm
cooperado de forma significativa no desenvolvimento da pesquisa no Brasil. Os acadêmicos, os
pesquisadores, os membros das organizações privadas e os policiais militares. À Capitã Ana
Benevenuto Queiroz cabe especial agradecimento pela sua valiosa ajuda e mediação para
conseguir os contatos adequados para as entrevistas realizadas.
7
Capítulo 1
Aproximações teóricas e conceituais sobre
criminalidade, violência urbana e segurança
pública
A época em que vivemos é caracterizada como temporada de desgaste e utilitarismo. É uma era
em que os valores e os ideais já têm mudado. Observa-se uma crise nas relações humanas,
enquanto a civilização tecnológica foi atingida e deveria acompanhar, melhorar e facilitar a
qualidade da vida humana. As intensas contradições multiplicam-se cada vez mais pela falta de
comunicação e pela importância do materialismo que predomina o ser humano com o único
objetivo a felicidade hedonista. Esta situação favorece o fenômeno da violência e da
criminalidade que repetem-se, pioram e espalham-se por causa da contínua visualização pelos
meios de comunicação.
O fato de que esses fenômenos estão aumentando nos últimos 10-15 anos, não significa que
antigamente não existia sociedade sem violência e situações perversas. Hoje em dia há uma
maior visibilidade da criminalidade, uma consciência de essa realidade que deve ser pesquisada
e sancionada legalmente. A visibilização da criminalidade como perigo é maior que antes, bem
como o mundo virou consciente, capaz de ver e identificar esses problemas sociais que devem
ser abordados pelas políticas públicas, o ensino, a mídia e os políticos. Efetivamente, os crimes
contra a mulher ou o abuso contra as crianças eram problemas da esfera privada e o mesmo
conceito de dano, de crime e de ato ilegal não existia neste respeito.
A violência está espalhada, manifesta-se em todos os níveis da vida individual e social e afeta às
relações humanas. A maneira em que a violência e a criminalidade aparecem, levam à conclusão
de que um conjunto de fatores sociais e econômicos favorecem estes fenômenos (Armani e Cruz-
Silva, 2010; Pino, 2007).
A fase atual do desenvolvimento social, conhecido como sociedade do risco (Beck, 1986) é o mais
amplo quadro teórico para a definição, compreensão, análise e abordagem de problemas sociais
contemporâneos, incluindo os de segurança pública e crime que se concentram na breve análise
seguinte.
8
1.1 O comportamento divergente
O conceito do comportamento divergente foi criado pela mesma sociedade bem como ela
determina as regras para o comportamento pretendido. Cada sociedade forma uma ideologia
que predomina na classe social. A estrutura dessa ideologia organiza-se através das leis que se
aplicam pelo Estado com o objetivo de melhorar as relações sociais e o poder estadual. A Lei
expressa de certa maneira as regras de conivência e apresenta os limites do comportamento
criminoso. O crime é uma conduta divergente que se perturba pela aplicação da penalidade.
Juntamente com a polícia, a justiça, o sistema penitenciário e as penas, a Lei constitui a
instituição de prevenção do crime.
Concluindo, a relação entre o comportamento divergente e o crime poderia ser definida como: O
crime é uma conduta desviante que se opõe com os valores sociais de acordo com a percepção
da sociedade humana e, portanto, a sociedade trata de pedir penas, punições e sanções contra o
perpetrador (Giotopoulos, 1984).
1.2.1 O crime
O crime tem sido estudado por várias ciências e o seu conceito é multidimensional. A
Criminologia é a ciência que examina os fatores causadores de crime e a maneira de proteger à
sociedade contra as pessoas perigosas por causa da sua dificuldade de adaptação. É o estudo
sistemático do crime como fenômeno social e procura as medidas relativas ao seu combate. Em
particular, o campo científico da Criminologia analisa as caraterísticas do ato criminoso e dos
protagonistas que estão envolvidos, o comportamento criminoso do perpetrador e da vítima. Ao
mesmo tempo, investiga a função do sistema da justiça criminal.
A Criminologia é uma ciência complexa que precisa do conhecimento no que contribuem outras
ramas científicas como a Sociologia, a Psicologia, a Antropologia, o Direito e a Psiquiatria. O
termo foi criado pelo italiano Garofalo (1885). Ao referir-se ao crime, aponta que é a violação da
ordem necessária para a convivência e definiu-o como ato danoso que afeta à percepção moral
duma sociedade determinada.
Durkheim (2002), por sua vez, indica o fenômeno de crime como um evento social e proporciona
um conceito de sentido social.
9
‘‘Le crime ne s'observe pas seulement dans la plupart des sociétés de telle ou telle espèce, mais
dans toutes les sociétés de tous les types. Il n'en est pas où il n'existe une criminalité. Elle change
de forme, les actes qui sont ainsi qualifiés ne sont pas partout les mêmes ; mais, partout et
toujours, il y a eu des hommes qui se conduisaient de manière à attirer sur eux la répression
pénale’’ (Durkheim, 2002: 45).
O conceito do crime relaciona-se com o Direito Penal, bem como o cumprimento das regras
estabelecidas resultam na convivência social harmoniosa. Com outras palavras, o crime depende
das leis que determinam o ato legal e ilegal de acordo com a percepção social. Por um lado,
segundo a definição jurídica do crime, é o ato injusto ou ilegal que está previsto ou punido pelo
Direito Penal. Por outro lado, segundo a definição essencial, é o ato que afeta os valores
convencionais da sociedade que são popularmente aceitos.
Do mesmo modo, ofensa considera-se um ato humano que está incluído e controlado pelo
Direito Penal. Não obstante, há casos em que afetam algumas normas sociais sem ser incluídas
no âmbito do Direito Penal, mas ainda se caracterizam como desviantes. Portanto, a definição do
crime depende da legislação de cada Estado. Contudo, existem alguns valores reconhecidos e
protegidos universalmente (vida humana, liberdade pessoal, família, propriedade, etc.).
Por seu turno, O’Connor (2009), tentando explicar a natureza e as causas do crime, distingue
três tendências teóricas básicas ilustrando o fenômeno da criminalidade. A primeira tendência é
a abordagem individualista, que considera que o crime é um resultado de características
individuais e únicas em cada criminoso. O crime existe porque os criminosos são determinados
por características biológicas ou psicopatológicas e a política que se aplica contra o crime foca-se
na imposição de medidas que vão contribuir para a mudança da personalidade do criminoso
durante do seu encarceramento na prisão. Logo, a segunda tendência é a abordagem
sociocêntrica que considera o crime como resultado do ambiente social e o criminoso como um
peculiar caso da sociedade. À vista disso, aplicam-se medidas relacionadas com a política social e
modos de ação do Estado de bem-estar social: benefícios sociais, medidas contra o desemprego,
cuidado, segurança, etc. Finalmente, existem teorias que enfocam-se na reação social contra o
crime e o criminoso argumentando que nenhuma diferença distingue ao perpetrador do não
perpetrador ou a vítima, mas o que os conecta é apenas o envolvimento com os atores do
controle social do crime. A política contra o crime, neste caso, volta-se para a descriminalização e
adopção de medidas que reduzam os efeitos do sistema penal. Em conclusão, dependendo de
como aproximar, interpretar e aceitar o fator do comportamento criminoso é determinada a
forma de enfrentar este fenômeno.
Estes aspectos da relação entre a natureza e as causas que provocam o crime, também são
mencionados por outras teorias. Mesmo assim, Lombroso (1876) defensor da abordagem
individualista, argumentou a existência nata da predisposição criminal, teoria considerada hoje
como não científica, enquanto Lagache (1949), baseado na abordagem psicológica, afirmou que a
conduta criminal é a maneira do perpetrador de reagir voluntariamente. Em seguida, Marx, com
sua abordagem sociocêntrica, atribui as causas nas horríveis condições de vida da classe
trabalhadora.
Estudando a literatura observa-se que existem várias teorias criminológicas para a compreensão
do fenômeno que, na realidade, muitas vezes são conflitantes. As opiniões que desenvolvidas
10
pelos autores no século anterior evidentemente influíram as visões contemporâneas sobre a
interpretação do fenômeno criminal.
1.2.2 A criminalidade
É difícil aproximar o conceito da criminalidade por causa dos confusos fatores que a influem.
Basicamente, constitui o conjunto de atos criminais numa região num tempo determinado e
possui fortes caraterísticas sociais e políticas. A criminalidade depende da hierarquia dos
valores e regras aceitos por cada sociedade humana. De acordo com as teorias criminológicas a
criminologia separa-se em duas categorias: a criminalidade visível, ou seja, os crimes relatados e
registrados pelas autoridades, e a criminalidade implícita, ou seja, todos os crimes que não são
divulgados ou relatados e que nunca aparecem nos documentos sociais (Ieronymaki, 2007).
Nada obstante, o registro e a medida dos dados de criminalidade são complexos porque se
devem a fatores como a gravidade do crime, o medo de extorsão, o comportamento das
autoridades frente às vitimas, etc. Por conseguinte, nota-se dificuldade e incerteza nos
resultados relativos aos atos criminais já que talvez não sejam reais e confiáveis e, ainda assim,
não se podem comprovarcientíficamente.
A respeito da historia da violência urbana, Burke (2002) relata a historia global caracterizando-a
como estrutural e conjuntural. O historiador identifica os tipos, os locais e as ocasiões em que
aparece a violência nas grandes cidades tradicionais e modernas, comparando o antigo e o
moderno. Ao referir-se ao desenvolvimento da violência, Burke menciona que existem mudanças
em relação com o passado que se relaciona com o avance tecnológico. Primeiro, no passado os
perpetradores usavam como armamento o óleo fervente, mas com o passar dos tempos e graças
à inovação apareceram novos tipos de armas como o florete e a bomba no século dezenove. Hoje
em dia, ele caracteriza a violência hightec porque se usam médios como bombas, lança-foguetes,
gás venenoso, camburões, escudos, balas de borrachas, gás lacrimogêneo, etc. Igualmente,
destaca-se a importância dos automóveis que já têm sido a causa por muitos homicídios.
Finalizando, segundo Burke: 1) a violência não constitui uma novidade, nem se expressa com o
mesmo modo em todas as sociedades durante as diferentes fases históricas; 2) destaca-se o
deslocamento e realocação da violência na cidade, e 3) a violência pode ter o caráter
profissionalizado.
Uma teoria explicativa sobre a existência e o acabamento da violência urbana fora dada por
McNeill (1994) que considera que será muito difícil que a violência possa desaparecer pelo
motivo de que sempre tem sido parte da vida humana. Provavelmente, esse fenômeno vai existir
e continuar se desenvolvendo no futuro porque as pessoas sempre conviveram com a violência.
McNeill assinala que a violência é um problema insolúvel. Igualmente, este aspecto é comentado
por Durkheim (2002) que descreveu a violência como uma natureza inerente da sociedade, que
11
o crime é parte de todas as sociedades. O sociólogo enfatiza que não há nenhuma sociedade
humana que não tinha lutado contra o problema do crime.
Entretanto, observa-se que a tática certa para confrontar e abordar a prevenção da delinquência
juvenil não se segue pela sociedade. É interessante notar que os esforços para combater a
delinquência juvenil são infalíveis, desde que não se adotam medidas de prevenção para reduzir
o fenômeno. Além disso, as medidas preventivas são mais eficazes do que as medidas
repressivas de comportamento.
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança define como crianças ‘‘todos os seres
humanos com menor idade os dezoito anos segundo o Direito Nacional’’. Por tanto, de acordo
com as teorias da psicologia evolucionista, a maturação física, mental e intelectual é um processo
personalizado e, por conseguinte, a adolescência não começa de certa idade. A criança é uma
pessoa que já não tem completado a sua personalidade, que ainda se está desenvolvido e que
qualquer atitude poderia afetar o seu caráter. Por isso, deve ser tratado de uma forma diferente
por parte dos adultos.
12
sociedade moderna, como a família, a escola, a igreja e a comunidade. Essas instituições não
estariam conseguindo socializar os jovens e adaptá-los às normas de convivência social.
Os delinquentes juvenis são entre 13-17 anos. As principais categorias de delitos cometidos
pelos jovens são as lesões, os crimes contra a propriedade (roubo de motocicletas ou carros) e
violações das leis penais (violações da Legislação do Código da Estrada) (Georgiou, 2007).
Igualmente, os jovens cometem ofensas que incluem violações das leis contra o consumo de
drogas, abusos sexuais e violência. Vale notar que nos últimos anos é desconcertante o
fenômeno da violência nos estádios e os centros desportivos (Georgiou, 2007).
Quais são esses elementos que levam a uma criança atingir um ato delinquente? A personalidade
e o comportamento de cada indivíduo são formados durante da sua infância com a influência de
alguns fatores pessoais ou ambientais. Hoje em dia, as crianças e os jovens mantêm esse contato
com instituições de socialização que já têm diversificado. A instituição da família rege-se por
uma crise, a escola diversificou muito e os professores têm problemas com os alunos, pois
acreditam que eles não podem ter um papel mais ativo, a igreja tem sido enfraquecida, enquanto
a sociedade torna-se cada vez mais conflitiva (Georgiou, 2007).
O sociólogo Merton (1968) argumenta que a conduta delinquente aparece em certos grupos da
população que não têm à sua disposição os meios legais para atingir seus objetivos. Portanto,
esse fenômeno não se deve à pobreza, mas é causada pelo sistema que nega a possibilidade da
igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. O acesso às oportunidades para a realização
e aquisição dos objetivos e os bens materiais aparece nas classes sociais superiores e desaparece
nas classes inferiores. Assim, as pessoas de classes sociais mais baixas muitas vezes tornam-se
num comportamento criminoso.
13
De acordo com a teoria da anomia de Merton, os jovens que não têm a capacidade de obter os
produtos anunciados por meios legais tornam-se comportamentos ilegais para a sua aquisição. A
maneira de ser comportados pelos adultos é um elemento que certamente afeta seu
comportamento. A adolescência é provavelmente o período mais complexo e multifatorial do
desenvolvimento humano. A adolescência é a idade durante a qual o jovem prepara-se para
passar à idade adulta desde a infância. Nesta idade tenta formar uma ideia clara do papel que vai
desempenhar na sociedade. A pessoa vai dar prioridade aos objetivos e aos valores da sua vida e
deve fazer escolhas sobre a sua educação, ocupação e relações interpessoais.
A maneira dos adultos se comportarem com os jovens é outro elemento que certamente afeta o
comportamento. Os jovens buscam aceitação, reconhecimento e apoio por parte dos adultos e
procuram a forma de consegui-lo. É provável que os jovens crescidos com as normas sociais e os
valores corretos alcançarem este reconhecimento por meios legais. Por outro lado, os que
viveram num difícil ambiente social sem socialização proporcionada pela família ou a escola, vão
procurar outra maneira de obter o reconhecimento por meios ilegais. Além disso, quando os
jovens têm menor idade, apresentam uma tendência à imitação mais desenvolvida (Georgoulas,
2000).
Hoje em dia, observa-se um grande conflito de gerações, após os novos comportamentos dos
jovens, que na maioria dos casos não são aceitáveis pelos adultos e são estigmatizados como
antissociais criando assim, uma maior distancia entre os dois grupos etários. Durante a
adolescência, o jovem aparece como ‘revolucionário’, nega os ideais, os princípios e as
autoridades e critica as gerações anteriores. Por este motivo, a adolescência caracteriza-se como
comportamento pré-delinquente, que se o jovem não tem recebido os valores e os princípios pela
família, vai ser introduzido em comportamentos delinquentes.
Nos últimos anos, os meios de comunicação têm uma forte influência. Segundo Debord (1986) o
papel da televisão é significativo porque está dirigida à grande parte do público, criando uma
relação entre ela e os espetadores. Como faz notar Lichtenberg, Gurevitch e Blumler (1990) o
funcionamento adequado da mídia deveria ter sido baseado no cobrimento das noticias de
tópicos sociais e políticos. Não obstante, durante os últimos anos, existem duvidas sobre se a
mídia cumpre o seu papel informativo. Desta forma, entende-se a sua obsessão com temas
relacionados com o crime e a insegurança pública, que são apresentados superficialmente
criando estereótipos (Altheide, 1997).
14
Os meios de comunicação (rádio, TV, Internet, etc.) não só afetam o comportamento de seus
receptores, mas também dominam na organização social através das normas mostradas. As
crianças e os jovens, os menores de idade, foram identificados como a parte social mais
vulnerável à influência dos meios de comunicação, bem como adotam comportamentos
agressivos ou antissociais. De acordo com os psicólogos, os meios de comunicação têm um
impacto significativo sobre os jovens, bem como a televisão cria novas emoções através da
imitação e identificação com os heróis (Neves Milerio, 2008). Os jovens estão viciados na
violência e as infracções, e assim, cresce o medo do crime na população. Consequentemente,
através da exposição da violência à midia, aumentam-se as taxas de criminalidade (Rangel,
2004). A televisão tem dinamismo e imagens de ação, por isso que alguns psicólogos
argumentam que as crianças são fascinadas. A mídia afetam as pessoas com abundancia de
informações e imagens que não é possível para as crianças e os jovens a compreender, filtrar e
absorver (Rangel, 2004; Comstock e Lindsey, 1995).
Às vezes, especialmente nas últimas décadas, várias teorias criminológicas concluíram que os
meios de comunicação perturbam o processo de maturação social e levam os jovens à adoção de
violência ou de uma conduta ilegal através da visualização da violência. Além disso, os anúncios
foram acusados de contribuir para a adopção de normas antissociais e a criação de necessidades
artificiais para os bens de consumo (Cruz e Kaulfuss, 2014).
15
Hoje a insegurança não resulta apenas por causa do aumento quantitativo de certos crimes, mas
principalmente pela mudança da qualidade dos crimes, tornando-se mais organizados, violentos
e lucrativos, e pela modificação do caráter do criminoso que se converte em mais cruel e
provocante. Da mesma forma, os cidadãos sentem mais medo e insegurança enfrente ao crime, e
isso se exterioriza principalmente pela demanda para maior repressão criminal, e a crença que o
Estado é incapaz de protegê-los (Adorno, 1997).
O problema de segurança tem uma longa história e relaciona-se com as funções básicas do
Estado e a sua forma democrática de organizar-se legalmente e legitimamente. A condição
primordial do Estado democrático é proporcionar segurança e ordem pública, segurança para
todos os membros da sociedade e proteção dos direitos humanos (Katsmidou, 2006).
Leitão e Teixeira dos Reis (2008) sublinham o caráter interdisciplinar da segurança pública.
Como ciência política, é o objeto de estudo da sociologia que trata de examinar o controle social
da criminalidade, o Direito Público, a preservação da ordem e a resolução de problemas sociais
que deveriam ser evitados na vida cotidiana.
Efetivamente encontram-se várias teorias sobre a segurança cidadã. Por um lado, é um tipo de
ligação entre os cidadãos que a partir da qual eles constituem uma única entidade política e
social. Dentro de este esquema, os cidadãos formam a identidade e desenvolvem a personalidade.
Essa ideia foi argumentada pelo Aristóteles que apontou que entre os membros de sociedade
deve existir uma relação psíquica. Outro apoiante da historia da filosofia política, Hobbes,
afirmou que dentro da sociedade os cidadãos devem sentir uma força que impede os conflitos
graves que não põem em risco a continuação da coexistência. Por outras palavras, a segurança
cidadã é o meio para atingir a coesão social e apoiar a participação de todos os membros. A
responsabilidade social é necessária para convivência social das pessoas e do progresso da
sociedade.
Todas as sociedades definiram algumas regras sociais segundo as quais os membros devem
comportar-se. Estas regras refletem os valores da sociedade e algumas delas são regras jurídicas
e legais. As normas legais são os meios para a aplicação do controle social no comportamento
dos membros de uma sociedade.
Conforme os princípios da criminologia, o Estado deve elaborar uma política que aplique
medidas com o objetivo de combate do crime. A política anticriminal é o sistema básico dos
16
princípios que regem os Estados para a redução, a repressão e a prevenção do crime. Α política
anticriminal pretende garantir a segurança pública, aplicar o sistema de controle social, manter a
paz e a ordem, diminuir as desigualdades entre os cidadãos, respeitar e proteger os direitos
humanos. Além disso, a política anticriminal considera-se como integral, intersetorial, universal,
intergovernamental e sustentável (Diez, 2013).
As medidas especiais são selecionadas a fim de suprimir o crime. Entretanto, se as medidas não
sejam aplicadas corretamente ou apropriadamente, esta política será considerada ineficaz, e a
aparição de condutas divergentes, declara o fracasso do controle durante a aplicação da política
anticriminal que não consegue criar os mecanismos adequados.
É evidente que o Estado deve organizar a política anticriminal a fim de manter a coesão social.
Desta maneira, o controle sobre a sociedade contribui para a paz, já que tem os mecanismos para
a resolução de tensões e conflitos sociais. O Estado, portanto, deve promover e concentrar-se no
fortalecimento do controle social para atingir os objetivos da política anticriminal (Ieronymaki,
2007).
Um enfoque integrado para a segurança pública e política anticriminal deve incluir toda a
comunidade e as instituições. A família, as instituições educacionais, religiosas, políticas,
econômicas e culturais, devem formar uma rede de intervenções em níveis diferentes, tanto
relativamente à criminalidade e sua prevenção, como em relação ao crime individual e sua
prevenção (Ieronymaki, 2007).
17
Capítulo 2
A segurança pública no Brasil
Na década de 1990, com a transição para a democracia na maioria dos países da América Latina,
a opinião pública começou a se preocupar pelos fenômenos da criminalidade e da violência.
Através de manifestações, os cidadãos exigiram medidas rigorosas para combater o crime,
políticas que se tornaram conhecidas pela tolerância zero da violência e o crime. Os resultados
da criminalidade afetam a toda a sociedade humana. Efetivamente, deve ser dada atenção não só
para o Código Penal e a aplicação das leis, mas também para a prevenção da criminalidade.
Não há dúvida de que no Brasil o crime e a violência têm sido um dos principais problemas e
questões de debate e controvérsia. No estudo que se segue, se vão examinar as principais formas
de crime e sua evolução no Brasil, observar os fatores e os procedimentos que formam a
criminalidade, apresentar os indicadores da criminalidade através das suas manifestações, bem
como analisar as tendências da política anticriminal moderna tanto a nível estadual, como local
visando reprimir e tratar de maneira eficaz, assim como prevenir este fenômeno (Estado, polícia,
sociedade civil).
A violência é inerente à civilização, bem como faz parte integrante de cada ser humano. A
criminalidade e a violência são fenômenos já conhecidos, bem como obtêm caraterísticas
provenientes da historia social, educativa e econômica. A história da criminalidade no Brasil e na
América Latina começa com a chegada dos portugueses e os espanhóis no Novo Mundo que
trouxeram a escravidão durante o período da colonização (Pino, 2007; Armani, Cruz-Silva, 2010).
O Brasil foi o último país nas Américas que aboliu a escravidão em 1888. O regime de escravidão
e de monarquia durou 300 anos, e nesse tempo os escravos africanos foram aproximadamente
quatro milhões. O sistema escravista, sobretudo, foi baseado na violência e a barbárie veja-se por
meio do mercado de escravos e a vida dura nas plantações, onde os escravos trabalhavam até a
morte. Quando este período chegou ao seu fim e os escravos ganharam sua liberdade, os
proprietários dos escravos não o aceitaram porque queriam manter este sistema (Machado,
2009). Nomeadamente, observa-se que a história brasileira está cheia de conflitos sociais e de
violência como ocorreu com as rebeliões e revoltas na Bahia (Sabinada, 1837-1838) e no interior
de Maranhão (Balaiada, 1838-1841).
18
A criminalidade, o conjunto de atos criminais que são desaprovados pelo Direito Penal,
apresenta diversidade relativamente às formas de expressão. Especificamente o tipo de crime
deve ser examinado principalmente analisando desde o lugar, a região ou o país, o tempo, a
dimensão, a estrutura e a sua evolução, até o gênero e a idade da vítima. A criminalidade, hoje
em dia, manifesta-se com diversas formas e exterioriza-se com numerosas maneiras no Brasil.
Os atos criminosos mais frequentes da violência urbana brasileira são:
Violência corporal: Abarca de simples gestos que causam dor, traumas, ferimentos
graves, abusos, tortura e perda de vida. Nesta categoria pertence o estupro ou qualquer
outra conduta violenta e opressiva para o corpo (pancadas, queimaduras, empurrões,
lesões corporais, etc.).
Violência psicológica e emocional como uma tentativa de humilhar a dignidade
humana e a autoestima. Devastação da psicologia positiva e uso de pressão psicológica e
intimidação pela dependência emocional que atinge até danos irreversíveis em longo
prazo na personalidade humana. Abarca atos como comportamentos degradantes,
opressões e restrições que aproveitam a situação psicológica e emocional da vitima,
talvez por meio de ameaças ou extorsões. Esse tipo de violência é particularmente grave
para os jovens, as crianças e qualquer pessoa marginalizada pela sociabilidade.
Violência verbal, ameaças e intimidações: Abarca atos de humilhações a fim de
aterrorizar a vítima ou seus parentes, as crianças, a família, etc. Ademais, pode ser
desvalorização da personalidade da vítima e denuncia nas autoridades, na família ou no
trabalho da vítima.
Violência sexual e assédio: Ato de violência com base no sexo que resulta em dano físico,
sexual ou psicológico, inclusive ameaças de tais atos. Inclui a imposição ou o
comportamento sexual contra a vontade da vítima ou a pressão por condutas sexuais
que tornam a vítima a sentir mal. Também, aborda extorsão e intimidação para alcançar
relação sexual. Muitas vezes acontece no âmbito doméstico.
Coerção: Muitas vezes está imposta com ameaças, extorsões ou qualquer outro tipo de
violência.
Violência econômica e assédio: Abarca não só o controle econômico da propriedade e
da renda da vítima, mas também o trabalho forçado por parte da vítima com o objetivo
do lucro do perpetrador.
Destruição de propriedade: O criminoso destrói objetos de valor pessoal ou público e
de valor sentimental. Esse ato torna-se violento para aterrorizar o tanto possível.
Violência do Estado por meio dos seus órgãos executivos (polícia) com o intuito do
correto funcionamento do Estado e punição dos cidadãos. O abuso de poder é o meio
para suprimir legítimas atividades coletivas (Novais, 2013).
Para Soares (2006), além desses tipos de atos violentos, no Brasil aparecem outros casos de
criminalidade; o furto, o roubo com uso ou ameaça de violência, os homicídios dolosos, os
assassinatos, a prostituição ilegal, o sequestro, a evasão fiscal, o crime eletrônico, a falsificação
de documentos públicos, o fraude, o terrorismo, o abuso de drogas, as violações de tráfego. Estas
formas de crime e de violência agridem a ordem social.
Todos esses tipos e manifestações da criminalidade constituem parte da vida cotidiana brasileira
que em muitos casos parecem exagerados em outros países no mundo. No entanto, sem dúvida,
pertencem na realidade brasileira do século XXI.
Hoje em dia, a violência no Brasil tem tomado enormes dimensões, bem como se manifesta em
todos os níveis da vida individual e social e afeta a sociedade. As manifestações anteriores da
violência e da criminalidade levam a conclusão de que um número de fatores estruturais a
favorecem (Armani e Cruz-Silva, 2010) . Eles são os dados empíricos da realidade, são os fatores
concretos que se acha em geral no Brasil para entender e explicar o problema da criminalidade.
Soares (2006) sublinha que o nível econômico e a desigualdade social não são os fatores
fundamentais para a aparição da criminalidade. De acordo com o autor, os pais que crescem com
abuso ou com algum tipo de comportamento antissocial os filhos ou as pessoas que foram
expostas à violência doméstica ou à violência de gênero contra mulheres e crianças, têm essa
pré-disposição a se envolver no crime no futuro, porque, por sua vez, seguem os mesmos
padrões. Quase o 60% dos casos são praticados por pessoas conhecidas das vitimas (marido, pai,
parente) (Soares, 2006). Sem dúvida, atualmente, a relação parental agita-se por causa da
perturbação da comunicação e a falta de diálogo na família. A falência da instituição da família, o
divorcio, a falta de carinho, a incapacidade dos pais de educar e cuidar adequadamente as
crianças, a indiferença, a falta de necessária supervisão pelo Estado, aumentam a onda de
criminalidade. Além disso, as crianças que foram negligenciadas, abandonadas ou abusadas, são
susceptíveis de cometer crimes mais tarde na vida. Também, a falta de planejamento familiar ou
natalidade irresponsável, aumenta sensivelmente a criminalidade nas próximas décadas
(Massera Ribeiro, 2011).
20
No entanto, os fatores sociais contribuem ao aumento da criminalidade. O rápido aumento da
população (aumento de um bilhão de pessoas a cada 10 anos),2 a má distribuição demográfica
como resultado das migrações pela falta da infraestrutura, a superlotação que se note
comumente nas grandes cidades do Brasil, tais como o São Paulo (21.090.791 habitantes) e Rio
de Janeiro (12.909.607 habitantes), as condições e a qualidade de vida que geralmente
prevalecem nas cidades, fortalecem o problema da criminalidade. A má distribuição de riquezas
e a crise econômica que têm influído no Brasil levam a desigualdade socioeconômica da
população. Os pobres foram empurrados pelo processo da urbanização e morreram ignorados
nos lugares marginados, na periferia e nas favelas.3 Desta maneira, o crime surge nesta
atmosfera urbana (Misse, 1999).
O alto índice de crimes no Brasil explica-se também pela crise no sistema de Justiça Criminal que
permanece o mesmo há umas duas décadas. Adorno (2002) afirma que a Justiça brasileira é
fraca e o Estado é incapaz a impor leis e ordem social. Essa crise deve-se ao ato da insuficiência
de impunidade penal. Por conseguinte, o medo dos cidadãos cresceu os últimos anos por causa
do excessivo número dos crimes não punidos. Como o autor explica
“a imagem flagrante do sistema de Justiça criminal é de um funil: largo na base- área na qual os
crimes são oficialmente detectados- e estreito no gargalo, região onde se situam aqueles crimes
cujos autores chegaram a ser processados e por fim acabaram sendo condenados” (Adorno, 2002:
50).
Por outro lado, para Oliver Garrido (2006) ‘a carência de programas de assistência e do auxilio
governamental’ contribuem nas elevadas taxas da criminalidade. Efetivamente, a educação e a
saúde são instituições que apresentam abundantes problemas no Brasil porque não se aplicam
as políticas públicas certas. A falta de infraestrutura, o financiamento inadequado, a falta de
planejamento e programação de longo prazo, resultaram na desvalorização das instituições
públicas. No entanto, apesar de que a camada social baixa ou inferior sofre mais por estas
carências, notem-se casos de criminalidade igualmente na classe social alta e média (Oliver
Garrido, 2006).
2 Índice dado pela Polícia Comunitária da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
3 De acordo com Renato Meirelles, ‘12 milhões de pessoas vivem atualmente em favelas em todo o país o que corresponde
tamanho do Rio Grande do Sul. No total, 67% dos moradores são de negros, 42% dos lares são chefiados por mulheres e 52%
já passaram fome’ (O Globo, 2014).
21
sua necessidade de tomar drogas. Efetivamente, cometem crimes contra a propriedade ou estão
envolvidos no tráfico de drogas e de armas ou formam grupos para cometer crime organizado.
Aparentemente, nas grandes cidades, nas favelas do Rio de Janeiro (Rocinha, Alemão) ou de São
Paulo (Heliópolis), onde as organizações criminosas operam, a máfia e o tráfico de drogas estão
presentes (Leal e Almeida, 2012).
De acordo com os dados do relatório de Índice de Progresso Social (IPS), para o ano 2014, o
Brasil está na 122ª posição na classificação sobre a segurança pessoal, considerando-se como o
11º país mais inseguro entre 132 países em diferentes regiões do mundo, seguindo pela
República Dominica, o México e Honduras (O Globo, 2014). Por outro lado, notem-se seguros os
países de América do Sul (Venezuela, Colômbia, Paraguai, Argentina, Uruguai, Chile entre outras).
Esse resultado explica-se através da taxa de mortes violentos, que o Brasil está entre os 24
países com maior criminalidade. De acordo com os resultados publicados no relatório da
4
Como foi afirmado no relatório, o aumento da criminalidade na América Latina, sobre tudo, refere-se no grupo etário dos
jovens entre 15 e 25 anos de idade que não trabalham, nem estudam.
22
Universidade de Inteligência,5 no Brasil cometem-se mais de 20 homicídios por 100.000
habitantes. A América Latina é a única região do mundo onde o número de homicídios aumentou
entre os anos 2000 e 2010, com mais de um milhão de mortos dentro de uma década, de acordo
com o relatório do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) em 2013. Na
mesma década, a proporção de homicídios na região aumentou 11%, quando na maioria das
outras regiões do mundo este percentagem caiu. Dentro deste período, mais de um milhão de
pessoas foram mortas na América Latina e no Caribe como resultado do crime.
Como se observa no relatório, na década 2000-2013, a América Latina tem sido fonte de
criminalidade que tenta dar o panorama da situação relativamente à segurança pública de 18
países inclusive o Caribe. Baseando nos dados estadísticos recolhidos pela organização das
Nações Unidas, em Venezuela, Brasil, Guatemala, República Dominicana, Equador, Colômbia,
México, Honduras, El Salvador, Panamá e Paraguai, registra-se nível elevado de assassinatos com
taxas acima de 10 por 100,000 habitantes. Essa percentagem de tal grau é considerada como
uma ‘epidemia’ pela Organização Mundial de Saúde. Por outro lado, os assassinatos são
registrados em níveis mais baixos (21 por 100.000 habitantes) em Argentina, Bolívia, Costa Rica,
Nicarágua, Uruguai, Peru e Chile. Em particular, a taxa das mortes violentas aumentou 11% na
América Latina, enquanto caiu em outros países, e relativamente aos assassinatos cometidos por
armas de fogo, a taxa da média no mundo é 43%, na América Central 78% e na América do Sul
83% (O Globo, 2013).
Os estupros, ou seja ‘cada ato libidinoso que inclui conjunção carnal ou qualquer outro tipo de
abuso’6, é outro tipo de crime que infesta à sociedade brasileira. No relatório das Nações Unidas,
entre 2005-2010 houve um crescimento de 106,2% nas taxas, que classifica o país na terceira
posição em América Latina. Mais precisamente, em 2005 os índices eram 7,1 por 100.000
habitantes, enquanto em 2010 14,7 por 100.000 habitantes. Países como Argentina, Panamá,
Colômbia e Uruguai apresentam índices mais baixos durante a mesma etapa (O Globo, 2013).
O Brasil, também, tem umas das mais violentas cidades no mundo. Segundo o Levantamento do
Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas, baseado com os índices de homicídios, 11
cidades brasileiras (Maceió, Fortaleza, João Pessoas, Natal, Salvador, Vitória, São Luís, Belém,
Campina Grande, Goiânia, Cuiabá) estavam na lista de 2012, mas dentro de dois anos a sua
situação piorou, obtendo 16 das mais violentas cidades no mundo. No entanto, na pesquisa que
foi realizada pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal em 2016, a posição
do Brasil continuou sua tendência descendente tendo 21 das 50 cidades mais violentas no
mundo (UOL, 2016).
5
Fonte: The Economist.
6
Definição dada pela Legislação de 2009.
23
Quadro 1: Cidades mais violentas no Brasil em 2014:
Posição Cidade Taxa
5 Maceió 79,76
7 Fortaleza 72,81
9 João Pessoa 66,92
12 Natal 57,62
13 Salvador (e Região Metropolitana) 57,51
14 Vitória 57,39
15 São Luís 57,04
16 Belém 48,23
25 Campina Grande (PB) 46,00
28 Goiânia (e Aparecida de Goiânia) 44,56
29 Cuiabá 43,95
31 Manaus 42,53
39 Recife 36,82
40 Macapá 36,59
44 Belo Horizonte 34,73
46 Aracaju 33,36
*taxa por cada 100 mil habitantes
Fonte: Levantamento do Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas, abril, 2014
12 Fortaleza 60,77
13 Natal 60,66
14 Salvador (e Região Metropolitana) 60,63
16 João Pessoa 58,40
18 Maceió 55,63
21 São Luís 53,05
22 Cuiabá 48,52
23 Manaus 47,87
26 Belém 45,83
27 Feira de Santana (BA) 45,50
29 Goiânia (e Aparecida de Goiânia) 43,38
30 Teresina 42,64
31 Vitória 41,99
36 Vitória da Conquista (BA) 38,46
37 Recife 38,12
38 Aracaju 37,70
39 Campos dos Goytacazes (RJ) 36,16
40 Campina Grande (PB) 36,04
43 Porto Alegre 34,73
44 Curitiba 34,71
48 Macapá 30,25
*taxa por cada 100 mil habitantes
Fonte: Pesquisa do Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, janeiro, 2016.
24
Apesar do fato de que os países latino-americanos têm economias potentes com políticas
democráticas desenvolvidas, os fenômenos de violência e criminalidade, que foram
acompanhados pelo crescimento e a difusão das práticas violentas, bem como o sentimento de
medo entre os cidadãos, são os maiores problemas que preocupam a realidade brasileira. No que
concerne à satisfação dos cidadãos brasileiros com a organização e atuação da Polícia Militar,
para o ano 2015, 97% dos cidadãos brancos e 62% dos não brancos sentiram-se mais satisfeitos
com o atendimento policial, enquanto 33% dos brancos e 38% dos não brancos sentiram-se
infelizes (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2015).
Não obstante, segundo uma pesquisa realizada em 2013, os cidadãos de América Latina, 40%
dos cidadãos latino-americanos sentem inseguros. Portanto, é surpreendente que os dados
sobre se eles são satisfeitos com a sua vida, as taxas são muito elevadas: 88% em Costa Rica, 87%
em Panamá, 83% em Colômbia, 82% no Brasil, 80% em Venezuela, 79% em Uruguai e 77% na
Argentina. Os menos satisfeitos cidadãos são os de El Salvador e Bolívia com 51% e o Peru com
57% (O Globo, 2013).
2.2.1 Criminalidade
A criminalidade brasileira consiste uma questão que tem aumentado excessivamente nos
últimos anos. A criminalidade pode ser dirigida contra coisas e não só contra pessoas ou contra o
patrimônio. Por exemplo, neste caso, registram-se delitos como o furto, o roubo de carga, a
estafa, o fraude, delitos contra o meio ambiente, delitos bancários, fiscais (malversação do
dinheiro público e roubos a instituição financeira), tributários, etc. No Estado de São Paulo os
crimes mais frequentemente encontrados são o furto e roubo de veículos (De Lima, 2016).
Do mesmo modo, os índices relevantes sobre o furto de veículos apresentam a mesma tendência
ascendente no mesmo período. Em 2013 no Brasil foram registrados 240.168 casos, dos quais
25
116.784 no Estado de São Paulo e 13.689 no Estado de Minas Gerais, enquanto em 2014 foram
inscritos 263.723 no Brasil, 122.769 no Estado de São Paulo e 26.934 no Estado de Minas Gerais.
Apesar desse notável aumento, os Estados de Goiás e Roraima apresentam taxas declinantes.
Segundo os dados do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública baseados nas estatísticas das
Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defensa Social (SINESP) e o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013 foram registradas no total 51.063 vítimas de
homicídios dolosos, das quais 4.739 em São Paulo, 4.745 no Rio de Janeiro e 4.095 em Minas
Gerais. No ano seguinte, apontaram-se 53.240 vítimas no Brasil, 4.526 em São Paulo, 4.942 no
Rio de Janeiro e 3.958 em Minas Gerais.
Portanto, no Estado de São Paulo registram-se umas das taxas mais baixas no Estado Federal. O
Estado de São Paulo é o segundo Estado mais seguro relativamente aos homicídios, ainda assim,
este fato não consiste razão de complacência, mas precisa-se vigilância e cuidado para prevenir
o agravamento do fenômeno de criminalidade.
Seguidamente, de acordo com os dados sobre os crimes contra a liberdade sexual, em 2013
foram apontados 51.090 casos no Brasil, dos quais 12.057 sucederam no Estado de São Paulo e
874 no Estado de Minas Gerais. Sem embargo, em 2014 houve uma redução de 6,7% no total
(47.646 no Brasil, 10.026 no Estado de São Paulo, 1.475 no Estado de Minas Gerais). Mesmo
assim, 61,7% da população brasileira tem medo de ser agredida sexualmente. Adicionalmente,
em 2013 as tentativas de estupros de pessoas vulneráveis aproximam as 4.897 no Brasil e 739
no Estado de São Paulo em relação ao ano seguinte que forma registrados 5.042 tentativas no
total e 634 no Estado de São Paulo. Não obstante, 90,2% das mulheres e 73,7% dos jovens de
idade entre 16 e 24 afirmam que se sentem o medo de sofrer uma tentativa de estupro.
2.2.3 Homicídios
O estado de São Paulo é uma região bem diferente do resto dos estados do Brasil, porque ainda
dentro do mesmo estado existem cidades que se diferenciam muito. Não se consegue falar da
violência e criminalidade no Brasil, se não se dá ênfase na heterogeneidade e a historia destes
26
lugares. O estado de São Paulo é dos estados mais violentos que se tornou um dos menos
violentos (Batista Nery, 2016). Ate 1999-2000, o estado apresentou um continuo crescimento
das taxas de homicídios. Nesse período 6,000 pessoas foram mortas em um ano, vitimas de
homicídios dolosos (taxa de 55 por 100,000 habitantes). Mas, a partir desse momento, as taxas
apresentaram descida com uma taxa de 10 por 100,000 habitantes (Batista Nery, 2016).
O estado de São Paulo, em 1999, era o segundo estado mais violento do país em número de
homicídios. Num período de 10 anos, o estado se tornou o segundo estado menos violento do
Brasil. Por tanto, dos 96 distritos administrativos, uns são historicamente muito violentos;
Brasilândia, Campo Limpo, Cidade Tiradentes, Campo Redondo, Jardim, São Luis, São Rafael, São
Mateus; Heliópolis e Paraisópolis, onde ficam as duas maiores favelas da cidade (Batista Nery,
2016).
A sociedade e sua estrutura são aquelas que geram a criminalidade. Esse comportamento juvenil,
no entanto, não pode ser considerado independente das instituições fundamentais, a família e a
educação. Soares (2006) afirma que a não acessibilidade e a exclusão dos jovens da educação são
os principais fatores da criminalidade juvenil no Brasil. A escola brasileira é insuficiente para
proporcionar soluções para o problema porque enfrenta muitas dificuldades na sua
organização8. No obstante, o principal papel da educação é formar caráter e condutas nos
futuros cidadãos. Contudo, a decadência da instituição colabora no analfabetismo porque
contribui no abandono da escola pelas crianças e os jovens. Devido à falta de educação, observa-
se a criminalidade juvenil. No Brasil, um fenômeno comum é a formação de grupos criminosos e
gangues (Spagnol, 2005). Os ataques criminosos fazem parte da realidade brasileira e provocam
não só instabilidade e medo na sociedade, mas também insegurança entre os cidadãos. No crime
organizado, os lideres são geralmente pessoas adultas que promovem a ideologia e os atos de
7
Para definir uma pessoa como criança e adolescente, é preciso considerar como critério a idade da pessoa. Como se
afirma pelo ECA (BRASIL, 1990), ‘criança é a pessoa com até 12 anos de idade incompletos, e adolescente é a pessoa com
idade de 12 a 18 anos, enquanto o Estatuto da Juventude, disposto na Lei n. 12.852, de 05.08.2013 (BRASIL, 2013b), define
como jovens as pessoas de 15 a 29 anos de idade’. (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, 2015: 25).
8
De acordo com as estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto Data Popular, Pesquisa Educação,
motor de um país melhor, os principais problemas da educação no Brasil são: Falta de segurança na escola/Violência,
alunos desrespeitosos, professores que ganham pouco, professores desmotivados, falta de infraestrutura, professores mal
preparados, alunos que não aprendem, falta de interesse por parte dos alunos, não ter reprovação, falta de professores,
falta de escolas, ausência dos professores, etc.
27
violência aos jovens para cometer delitos de roubos e furtos de veículos até traficar drogas e
armas (Spagnol, 2005; Jankowski, 1991; Cohen: 1955).
Segundo Moura Ferreira (1997) a falta do cuidado pela família, bem como a limitada supervisão,
se podem considerar outros fatores que levam a delinquência juvenil. A ausência de diálogo e
comunicação caracteriza a família moderna e, assim, diminui o seu papel. Os pais que não
dialogam com as crianças e os adolescentes, não conseguem conversar sobre o tema da
criminalidade. A falta de orientação do jovem pelos seus pais torna-lhe uma pessoa vulnerável à
manipulação e o comportamento agressivo, porque ele não tem a educação oferecida e precisa
atrair a atenção dos pais. Do mesmo modo, outro fator que contribui na delinquência, é a
violência domestica que pode sofrer uma criança desde a sua infância, porque essa situação
familiar oferece frequentemente normas e exemplos de violência.
28
violência. Finalmente, 4,4% dos alunos do Estado de São Paulo frequentam as aulas portando
armas brancas (facas, canivetes), enquanto apenas 0,8% portam armas de fogo.
Todas estas estatísticas mostram que a delinquência juvenil faz parte da realidade no Brasil que
cada vez mais são percebidos vários casos da criminalidade.
Como qualquer outro Estado, assim o Brasil exerce política anticriminal, a nível federal e local,
que pode ajudar a prevenir o comportamento criminoso por meio da organização e
implementação de programas específicos destinados aos cidadãos com o objetivo de manter a
coesão social. Além disso, o Estado deve limitar os fatores sociais melhorando as condições de
vida de todos os seus cidadãos, e especialmente a parte mais vulnerável da sociedade, as
crianças, os jovens e as mulheres.
“São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição” (Brasil, 1988).
O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) consiste uma das
iniciativas adotadas no Brasil juntando o Governo Federal, os Estados e os municípios inclusive a
participação e a parceria da sociedade civil (serviços públicos ou privados, organizações não
governamentais e organismos internacionais). Programa nacional, implementado pelo
Ministério de Justiça, foi instituído pela Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007, e alterado pela
Lei no 11.707, de 19 de julho de 2008, com o intuito da redução, prevenção, controle e repressão
da criminalidade e da violência na sociedade brasileira.
9
Bolsa-Formação, Formação Policial, Sistema Prisional, Plano Nacional de Habitação para Profissionais de Segurança Pública,
Ministérios e Secretarias Parceiras.
29
Os critérios para a participação das ações são específicos. Por um lado, Mulheres da Paz destina-
se a mulheres que se treinam adequadamente na área que o PRONASCI atua. O seu objetivo é
construir uma nova relação com os jovens, aproximando-lhes articulando assuntos éticos, de
direitos humanos e cidadania. O público-alvo são adolescentes e jovens que estão em risco, em
conflito com a lei ou que são vítimas de criminalidade. Por outro lado, Protejo dedica-se à
proteção dos adolescentes e jovens que foram vítimas de violência urbana e domestica a fim de
ser de novo incluídos na sociedade brasileira. Com efeito, se oferece assistência social,
acompanhamento e realizam-se atividades educacionais, esportivas e de lazer dando-lhes
oportunidades de desenvolvimento. Certamente, assim, promove-se a cidadania nas
comunidades e resgata-se a segurança.
O PRONASCI desempenha-se nas 13 mais violentas regiões metropolitanas do país (Belém, Belo
Horizonte, Brasília, Curitiba, Maceió, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo,
Vitória, Fortaleza e Santa Catarina) segundo a pesquisa executada pelo Ministério de Justiça e o
Ministério de Saúde. O investimento dado para a implementação do PRONASCI pelo Governo
Federal atingiu R$ 6.707,00 bilhões até o fim de 2012.10 Os beneficiários do programa receberam
bolsa de R$ 190,0011 por mês no caso de Mulheres de Paz e R$ 100,00 por mês no caso do
Protejo (Paiva Forte, 2008).
Bello da Cruz (2013), por seu lado afirma que a polícia não tem que ser o único mecanismo do
Estado para a redução da criminalidade, senão a participação da sociedade civil deve ser
‘promotora’ de segurança pública. A problemática da redução da insegurança é de todos os
cidadãos que precisam ser motivados a coadjuvar as ações preventivas da Federação. Como o
autor finaliza, o PRONASCI consiste um avanço estratégico de política pública na historia do
Brasil que tenta organizar a segurança de maneira eficiente incluindo a ativação dos cidadãos e
as organizações e instituições civis. O PRONASCI é um método de política anticriminal que
promove a inclusão social, a justiça e a igualdade protegendo as pessoas afetadas.
A cidade de São Paulo é a mais populosa região do Brasil e da América Latina com 11.895.893
habitantes. Os índices de criminalidade, violência e homicídios foram significativamente
elevados nos últimos anos. Hoje em dia apresenta as taxas mais baixas em todo o Brasil, no
10
A equivalência atual é 1.832 bilhão de euros.
11
A equivalência atual do real em euros é 51,89 €.
30
entanto, consiste uma grande problemática. Evidentemente, o estado de São Paulo para
enfrentar o fenômeno executou ações e políticas públicas de prevenção a nível local.
O programa São Paulo Contra o Crime realizado pelo Governo do Estado de São Paulo foi uma
das mais eficientes políticas públicas. É uma iniciativa desenvolvida pelas três forcas policiais
(Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Científica) em parceria com organizações, pesquisadores e
a Universidade. Concretamente, o Instituto Sou da Paz, uma organização da Sociedade Civil de
interesse público em companhia de outros instrumentos fundamentais, tais como o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto São Paulo Contra a Violência e a Fundação Seade,
realizam estudos e pesquisas relativas à redução da criminalidade.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, o programa São Paulo
Contra o Crime destina-se a assegurar a segurança pública reduzindo as tendências e os
números de crimes em São Paulo (homicídios dolosos, latrocínios, roubos com uso de violência,
furtos ou roubos de veículos e motos). No mesmo tempo, os policiais que contribuem as medidas
de gestão recebem prêmios pelo bom desempenho. O valor padrão da beneficiação é R$ 2.000
por policial e pode ser expandido até R$ 3.000 com um aumento adicional dependendo o tipo do
crime. As metas do planejamento devem ser atingidas em curto ou longo prazo.
Outra ação de políticas públicas no Estado de São Paulo foi a implementação do Programa
Educacional de Resistencia às Drogas e à Violência (Proerd)12. O programa constitui um modelo
exemplar com significativo sucesso em São Paulo. Neste Estado, o Proerd está aplicado pela
Policia Militar, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo e a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo. O programa educativo está presente nas escolas para orientar
de modo divertido as crianças, os adolescentes e os jovens informando como evitar a drogadição
e fortalecendo lhes a resistir à violência (bullying). Em outras palavras, é uma ação de alerta e
prevenção sobre os perigos do uso de drogas e suas consequências. Uma boa política de
segurança pública com grande importância de transmitir desde cedo os hábitos saudáveis que as
crianças levam consigo para toda a vida (Ribeiro Alckmin, 2013).
O Proerd não está destinado só às crianças, mas também aos familiares, para que os pais
tornam-se cuidadosos e atentos, protegendo os filhos da violência através de estratégias,
técnicas de resistência e dramatização de resolução de conflitos. Os cursos são dados pelos
policiais militares nas escolas das redes pública e privada. Sua missão é combater o crime e
evitar as praticas criminosas associadas à violência escolar e cidadã. Ademais, desta maneira, a
Polícia Militar tem a possibilidade de aproximar a comunidade e estreitar seu relacionamento
participando nas escolas e apoiando as famílias (Grella Vieira, 2013). O policial vira instrutor
que o seu intuito é formar cidadãos conscientes e participativos enfatizando a noção de
cidadania de forma coerente e fortalecer o espirito da responsabilidade social e o respeito às leis.
O policial educa os cidadãos de amanhã contribuindo no processo educacional ajudando as
crianças a desenvolver sua identidade. Também, o policial trata dos mais graves problemas a
afligir a saúde dos jovens e tenta construir indivíduos melhores por meio de uma convivência
harmônica e de respeito ás diferenças sociais.
12
O Programa é desenvolvido nos 26 Estados da Federação Brasileira. Originou-se nos Estados Unidos em 1983, pelo nome
D.A.R.E (Drug Abuse Resistance Education) no Departamento de Polícia de Los Angeles, e depois foi espalhado em todo o
mundo. Em 1992, foi aplicado pelo Estado do Rio de Janeiro e em 1993 pelo Estado de São Paulo nas escolas de Sistema
Anglo de Ensino.
31
Nos últimos 20 anos, durante as décadas de 1993-2013, mais de sete milhões de crianças foram
atendidas no Proerd no Estado de São Paulo e quase 15 milhões no Brasil. Participaram 2610
instrutores e mentores e hoje 732 policiais militares são envolvidos voluntariamente. Espera-se
que cada vez este número seja maior.
32
Capítulo 3
Análise de dados e resultados da pesquisa
O perfil dos entrevistados correspondia a três grupos de pessoas que têm conhecimento e
especialização no assunto da violência e criminalidade: agentes da Polícia Militar, acadêmicos e
membros de organizações civis conhecedores de política pública, programas contra a violência e
projetos de prevenção da criminalidade. Para assegurar, tanto quanto possível, a validade da
investigação, o número de entrevistados era 27, mas só 14 foram selecionados segundo os
critérios de clareza da argumentação, o conhecimento, o nível de conteúdo e a qualidade das
respostas.
Segundo a maioria do coletivo dos entrevistados, a relação entre violência urbana e exclusão
social é estreita e tem a ver principalmente com a pobreza como resultado das políticas
estaduais aplicadas. Para eles, a exclusão é quase exclusivamente gerada pelos setores mais
pobres que sentem-se excluídos. Então, o desinteresse do estado pelas camadas pobres apoia
essa correlação que pode ser dissolvida com políticas públicas eficientes de inclusão social.
“A exclusão social, sem dúvida, possibilita a prática da violência com todo o sentido da palavra
porque a partir do momento em que o estado exclui os horizontes, já comete uma violência.
Quando o Governo não possibilita a amplitude dos horizontes e o desenvolvimento individual,
acho que há uma possibilidade da prática de violência nas cidades. O que é discutível é como
transformar o circulo vicioso em circulo virtuoso com políticas estaduais eficazes” (M. Lacerda
Soffner, 13 entrevista com a autora).
Apesar disso, se acha que por outros fatores a classe baixa acaba pulando a criminalidade. Na
configuração desta relação, um papel muito notável desempenha a falta de opções e
oportunidades, a desigualdade e a discriminação social, econômica e cultural. Esses aspectos
consideram-se uns dos motivos significativos para essa relação segundo as respostas dos
entrevistados.
13
Coronel da Polícia Militar em Diadema.
33
“A exclusão social está ligada com a violência urbana devido a muito elevada desigualdade social
nos territórios abandonados pelo Estado que são habitados pelos pobres. A periferia das grandes
cidades é caraterizada pela miséria. Nos bairros com melhores condições de vida, bairros mais
privilegiados, o estado está presente (limpeza pública, serviços públicos, transporte, hospitais,
escolas). No Brasil, prevalece a ideia de duas categorias de cidadãos. As pessoas com uma
escolaridade maior se consideram como cidadãos de primeira categoria e os que moram nos
bairros pobres se consideram como cidadãos de segunda categoria” (A. Paes de Souza, 14
entrevista com a autora).
“No Brasil a concentração de riqueza e muito grande, e ao mesmo tempo milhões de pessoas estão
em condições de pobreza. A classe mais baixa acaba cometendo mais crimes. Eu acho que a classe
mais alta [comete crimes] muito menos pela cultura, eles têm uma visão diferente para a vida.
Eles têm uma meta, ter estudos, um bom emprego. No nosso país falta muito da cultura e a cultura
começa na escola” (P. C. Herrera,15 entrevista com a autora).
Mesmo assim, outros entrevistados não acham que por si só a exclusão social seja um sinônimo
de desigualdade. Neste sentido, existem opiniões que falam de migração pobre na cidade,
pessoas que moram na periferia, como principal causa da violência em grupos em condições
econômicas precárias.
“Na década de 80, o Brasil estava saindo do regime militar. Neste momento, a gente passou por
um processo de mudança urbana nos grandes centros. Pessoas do país inteiro vieram para São
Paulo para um futuro melhor. Mas, as pessoas pobres foram deslocadas nas periferias da cidade
porque São Paulo não tinha infraestrutura adequada. Com a migração, se tornou a uma cidade
heterogênea. (...) A periferia não tinha nada. Dentro deste contexto, as pessoas não tinham acesso
a serviços e a introdução de drogas e armas foi cada vez mais frequente. A periferia sempre foi
violenta” (M. Batista Nery,17 entrevista com a autora).
Nada obstante, há outra postura que sustenta que, na verdade, o crime faz parte da sociedade.
Especificamente, no Brasil o crime integra na história da sociedade brasileira, e não é um
fenômeno exclusivamente socioeconômico. Uma parte dos entrevistados afirma que, a sociedade
tem a impressão de que somente as camadas mais pobres são os atores de violência e crime.
“No Brasil, historicamente, a questão da criminalidade é muito complexa, coisa muito estrutural e
de varias esferas. Não é verdade que os crimes são cometidos só pelas camadas mais pobres,
talvez alguns tipos de crimes, mas o crime acontece nos dois lados. O ato que as camadas mais
ricas da população cometem crimes é algo que também chama a atenção. Por exemplo, negar
pagar impostos é algo absolutamente corriqueiro nas pessoas no Brasil. Acontece com muita
14
Tenente-Coronel da Reserva da Polícia Militar.
15
Sargento da Polícia Militar.
16
Professor de Sociologia da Universidade Estadual Paulista, membro do Observatório de Segurança Pública, São Paulo.
17
Pesquisador no Núcleo de Estudos de Violência.
34
naturalidade porque é visto como ato de necessidade diante do alto número de impostos. Esse é
um ponto discutível” (R. Custodio,18 entrevista com a autora).
3.1.2 As políticas públicas do estado de São Paulo para reduzir a violência urbana
A violência urbana consiste uma questão de debate, uma questão mais complexa do que simples.
Nos discursos sobre o fenômeno, a totalidade dos especialistas entrevistados concorda que é
mais fácil falar sobre redução que eliminação da violência e criminalidade em São Paulo.
Portanto, a violência seguirá existindo, uma vez que
É possível reduzir a violência criminal em São Paulo a níveis comparáveis a de outras cidades e
países. Efetivamente, consiste um assunto que está muito em discussão pelos especialistas
porque, apesar de que existem modelos bem sucedidos (Diadema, Nueva York, Francia, Espanha,
etc.) que a cidade de São Paulo poderia imitar, infelizmente, dadas as condições específicas do
país, os modelos existentes são pouco capazes de serem adaptados. É evidente que os
entrevistados enfatizam que cada realidade é única, mas esses casos poderiam ser exemplos
para inspirar.
“A cidade de São Paulo é diferente da realidade da cidade de Diadema. Mas, nos temos bairros em
São Paulo que são parecidos com Diadema. Mas, aplicar uma lei só a uma região de São Paulo, não
dá. Então, cada região deve ser estudada porque para cada localidade deve ter um remédio
especifico” (M. Lacerda Soffner, entrevista com a autora).
“Existem modelos interessantes, mas servem para a gente estudar e compor o nosso modelo,
porque o nosso modelo reflete a nossa realidade. (...) Essa política que a gente tem é difícil tirar e
colocar outra. A gente precisa um modelo factível que seja capaz de ser construído segundo a
nossa política” (A. Zanetic, entrevista com a autora).
Ainda nesta mesma linha de considerações, vários acadêmicos propõem políticas públicas e
avaliam as políticas já existentes. De acordo com eles, o que pode acontecer para reduzir o
fenômeno da violência urbana é ser controlada pelo estado de São Paulo através de políticas
públicas de segurança que vão apoiar a inclusão no âmbito social voltadas para a redução de
problemas sociais crônicos que afetam milhões de cidadãos.
“São Paulo deve aplicar políticas amplas voltadas ao acesso à justiça e aos direitos humanos,
assim como políticas constantes e permanentes de aumento de emprego e renda. (...) Também, é
preciso dar mais espaço para o Governo Federal interferir nas políticas locais, ampliando o
estoque de projetos e iniciativas bem-sucedidas de segurança, sobretudo aquela que envolvam a
18
Coordenador do Programa Justiça da Conectas Direitos Humanos.
19
Pesquisador e sociólogo do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo.
35
população em sua segurança. Por enquanto, as nossas políticas de segurança são apenas
repressivas” (L. A. F. de Souza, entrevista com a autora).
“Um ponto importante seria um processo de desencarceramento para reduzir o numero de presos.
Tirar pessoas da prisão e cobrir a curva, que é cada vez maior, de mais prisões. O estado de São
Paulo tem mais de 200.000 presos. É a maior população carcerária do país e, notoriamente, o
sistema prisional de São Paulo é controlado por facções criminosas que agem dentro e fora dos
presídios. Então, se precisa uma política anticriminal para tentar quebrar essa dinâmica entre
facções criminosas e corrupção nas ruas” (R. Custodio, entrevista com a autora).
Outra questão discutível que surge sobre a segurança cidadã é a lei de controle de armas. O
fenômeno de uso de armas pela população considera-se um problema de importância especial e,
como o conjunto dos entrevistados afirma, contribui no aumento da violência urbana e cresce o
sentimento de insegurança dos cidadãos.
“A população acha que essa lei é para tirar a arma do bandido. Então, o ato que você tem uma
arma em casa, você tem uma falsa proteção. A grande maioria da população não quer tirar a arma.
Para enfrentar o bandido, você deve ter habilidades. (...) O porte não é permitido. Se permite usar
só em uma situação de emergência. Isso cria uma falsa segurança e em uma forma gera o crime.
Armar a população não é a saída do problema. Mais armas significa maior barbaridade” (M.
Vendrell Royo,20 entrevista com a autora).
“O Estado é incapaz a garantir a segurança pública. Como vai facilitar o controle, se não tem
mecanismos de controle? Hoje, a sociedade não está preparada para o uso de armas. O problema
da liberação é que os bandidos estão armados, mas os cidadãos não. Isso é o grande problema
porque as armas trazem mais violência” (M. Lacerda Soffner, entrevista com a autora).
Mesmo assim, uns entrevistados indicam que o estado prevê a limitação do problema da venda e
a aquisição de armas por meio de medidas de adequadas políticas públicas, como a legislação
penal e a justiça.
No entanto, alguns entrevistados são bastante céticos expressando sua dúvida e pessimismo
sobre a redução da violência e afirmam que constitui uma tarefa difícil, quase impossível devido
ao desprendimento do estado que por dentro das suas políticas alcança o efeito oposto.
“O estado não se interessa em acabar com a violência. Acredita que usando a violência estatal, vai
conseguir trazer segurança pública e controle na sociedade, e isso é uma posta errada porque a
violência gera violência. Os estudos e as estatísticas mostram que a violência estadual, aumenta a
criminalidade e a delinquência” (A. Paes de Souza, entrevista com a autora).
20
Gerente de Projetos do Instituto São Paulo Contra a Violência.
36
“O grande obstáculo para a redução é político e econômico na medida em que os crimes que são
mais lesivos ao público, encontram pouco espaço na justiça criminal. Por exemplo, o estado de São
Paulo faz uma guerra à violência e ao comércio varejista das drogas, mas não ataca os grandes
esquemas de lavagem de dinheiro, de evasão e sonegação fiscal etc. Ou seja, os peixes graúdos do
crime continuam impunes” (L. A. F. de Souza, entrevista com a autora).
“Em São Paulo as diferencias sociais são muito elevadas. (...) A nossa legislação é muito deficiente
e branda para poder combater o fenômeno” (R. Andriolli,21 entrevista com a autora).
“Muitas organizações têm esse tipo de participação, ONGs, organizações acadêmicas, institutos
universitários, como o mesmo Núcleo de Estudos de Violência da Universidade de São Paulo, as
instituições que trabalham com os direitos humanos, a violência e a questão de inserção social da
periferia” (A. Zanetic, entrevista com a autora).
“Acho que a sociedade civil é importante e pode contribuir na redução do fenômeno. Precisam ser
organizadas, as universidades podem produzir informação, melhorias, etc. O Brasil tem um
problema. O Estado não tem competência para mudar as reformas legais. Uma das coisas que
defendemos em Conectas é que o Brasil precisa repensar esse modelo” (R. Custodio, entrevista
com a autora).
“O Instituto Sou da Paz é uma organização importante em São Paulo que estuda a violência e tem
foco específico na campanha do desarmamento da população. (...) O Instituto São Paulo Contra a
Violência é uma instituição de baixo perfil. Contribui com um projeto no âmbito de prevenção
relativo a denuncias de crimes pelos cidadãos sem a intervenção da policia. Tem o objetivo de
abrir para a população uma forma de comunicação e ajuda para resolver o crime mantendo o
anonimato porque a gente tem medo de fazer denuncia a policia. (...) Faz dois anos nos temos o
www.webdenuncia.ogr.br onde a gente pode denunciar casos de crime pelo internet. Mais de 85%
das denuncias são de trafico de drogas” (M. Vendrell Royo, entrevista com a autora).
Ainda assim, dadas as respostas, o terceiro setor mais importante de prevenção, depois do
próprio Estado e a polícia, enfrenta dificuldades de complementar as políticas públicas. Apesar
dos esforços dos seus projetos para reduzir a violência e prevenir o fenômeno, o financiamento é
carente e os recursos devem ser cobrados pelas mesmas organizações não governamentais.
“Os projetos sociais ajudam mas não têm recursos. Patrocinadores são poucos e sempre os
mesmos. Se precisa muito tempo e a burocracia para receber financiamento pelo Estado demora.
Os orçamentos são muito pequenos” (M. Vendrell Royo, entrevista com a autora).
21
Comandante da Corregedoria da Guarda Civil Municipal de Diadema.
37
3.2 Percepções sobre delinquência juvenil e segurança cidadã
As principais considerações encontradas pelo estudo das respostas dos entrevistados sobre os
motivos e as características da delinquência juvenil no estado de São Paulo, consistem uma
consequência da desigualdade social, a incapacidade de políticas públicas, o mau funcionamento
das instituições e a falta de cuidado substancial pelo estado. De acordo com o conjunto de
respostas dos especialistas, estas são as principais causas levam à delinquência juvenil.
“Existem varias pesquisas que afirmam como fatores negativos as carências sociais e a falta de
opção e de uma vida digna que levam essas pessoas no senário de crime. Esse quadro de
desigualdade social e de carência social, empurre a juventude para o mundo de crime” (A. Paes de
Souza, entrevista com a autora).
“Eu acho que o cidadão comum tem desconfiança de todo o que é público. O sistema de saúde é
ruim, a polícia violenta e corrupta, a falta de transporte público, o emprego de má qualidade, os
baixos salários, a escola pública é de baixa qualidade, a falta de lazer. O estado não oferece essas
atividades aos jovens. Isso gera nas pessoas um estancamento muito grande” (R. Custodio,
entrevista com a autora).
“Outra questão é a questão financeira. O adolescente de uma camada pobre que não tem educação,
não tem acesso à riqueza, com baixo poder aquisitivo, se torna difícil ter o acesso aos bens
materiais. Então, a única maneira de poder conseguir os objetos de desejo é por meio de crimes e
a expansão do crime organizado. Hoje, o salário mínimo é R$ 880, ou seja por volta de $ 220. Só
com esse salário, nunca conseguiria os bens fundamentais” (M. Batista Nery, entrevista com a
autora).
“Os delinquentes são pessoas de famílias desestruturadas, desorganizadas ou com pais que não
têm rendimento, famílias com poucas possibilidades de ascender na vida. Então, se torna sedutor
essa saída, essa possibilidade de entrar no mundo do crime e conseguir mais na vida. Eu acho que
é um fator bem material” (P. C. Herrera, entrevista com a autora).
“Em São Paulo não tem famílias nuclearias, não são paternalistas. É mais comum ter mães
solteiras, jovens criados pelos avós, tios, etc. Já o pai não consiste a ideia da liderança, não
mantem o respeito. Numa situação desagregada, não existe o conceito da família tradicional” (M.
Lacerda Soffner, entrevista com a autora).
22
Sargento da Polícia Militar em Ribeirão Preto.
38
Os policiais militares argumentam também que a explosão de drogas na sociedade moderna de
São Paulo durante os últimos anos é um fator particularmente preocupante através do qual os
adolescentes encontram uma solução por vias ilegais.
“Eu diria que a questão da delinquência juvenil tem muitas razões diferentes que podem levar o
jovem cometer o crime. A primeira questão que aparece é a questão de tráfico de drogas que
explodiu no Brasil nos últimos 20-30 anos. Eu acho que é sedutor para o jovem. Os jovens pobres
da periferia de São Paulo, eles muitas vezes são carentes de serviços e por isso, muitas vezes se
envolvem no crime” (L.Quemello Borges,23 entrevista com a autora).
“É normal que o jovem que carece de dinheiro, ele vai buscar de outro jeito. Ele vai ter a única
saída no comercio e tráfico de drogas, por vias da criminalidade, O grande desafio é como evitar
que esse jovem não se sinta atraído por esse caminho paralelo. Dá muito trabalho lidar com isso
tudo. Na verdade, falta de uma vida digna com os direitos básicos garantidos. (...) Esses setores
vulneráveis e pobres, não têm voz ativa na política brasileira. O sistema político é muito distante
da realidade” (M. Lacerda Soffner, entrevista com a autora).
Outro aspecto levantado pelos policiais entrevistados é que a participação na violência e o crime
não é exclusivamente resultado inevitável dos fatores já mencionados. Para algumas pessoas, o
envolvimento no mundo de crime é uma escolha, dando assim uma abordagem mais complicada
no fenômeno. Como eles explicam, existem as duas situações: Pessoas que nasceram na situação
de miséria e viveram essa realidade de crime e, provenientes de famílias de muito dinheiro que
escolheram esse caminho.
“O meu pensamento é que algumas pessoas realmente escolheram a entrar nessa vida. Pessoas de
classe meia ou alta que escolheram cometer crimes. (...) Muitas crianças estão fadadas a ter essa
vida porque elas crescem neste meio, elas crescem nessa forma, têm esse tipo de vida que o seu
pai rouba, a mãe usa droga, se prostitui, etc. Então, que perspectiva tem essas crianças? Em minha
opinião é nua por falta do estado para tirar essas crianças da rua e colocar na escola, para dar
toda a assistência” (B. Miscow,24 entrevista com a autora).
“A delinquência por parte da própria sociedade tenderá a diminuir, se o estado investir no social.
Ampliar os horizontes, desenvolver os indivíduos e a sociedade. Falta a ampliação dos horizontes
onde os jovens estão inseridos. O aspecto cultural é muito importante também, porque hoje essa
política só favorece qualquer manifestação cultural” (M. Lacerda Soffner, entrevista com a autora).
23
Capitão da Diretoria de Polícia Comunitária e de Direitos Humanos.
24
Tenente da Polícia Militar.
39
“Alternativas viáveis ao modelo atual que é meramente punitivo e encarcerador. Estas
alternativas devem caminhar na direção do Estatuto da Juventude” (L. A. F. de Souza, entrevista
com a autora).
“Algumas políticas municipais envolvidas contra crime são importantes. Eu acho que o estado
deve investir em projetos de prevenção relativos ao esporte. A socialização é significativa para
que os jovens aprendam lidar com regras em ambientes competitivos” (R. Custodio, entrevista
com a autora).
“O estado deve trabalhar fortemente com os jovens. Assistentes sociais, conselhos tutelares, juízes
devem atuar também. Visitar as famílias, oferecer assistência psicológica, acompanhamento.
Projetos que promovem a ação dos pais. Mudar o papel da escola, que seja um núcleo da
comunidade que todos pudessem participar. Existe um projeto 'Abrace Seu Bairro' que trabalha
com os conflitos dentro da escola e a violência escolar” (R. Custodio, entrevista com a autora).
“Uns eixos que deve trabalhar o Governador, são os projetos de cultura. A dança, a literatura, a
música, o teatro, o lazer e os esportes são o que o jovem quer. O primeiro passo para uma
organização conseguir recursos e tentar verificar quais são os incentivos que o governo dá para
esses projetos. Todas essas organizações que trabalham com cultura sabem isso. Mas é muito
complicado. As pessoas das organizações civis se sentem desestimuladas porque não existem
políticas públicas eficientes que diminuem a miséria. Não têm recursos. Os governos não têm
continuidade no âmbito de políticas públicas e de infraestrutura. Não existe um plano futuro” (M.
Vendrell Royo, entrevista com a autora).
“Eu acho que falta principalmente vontade política dos governantes que são os responsáveis para
a sociedade. Em minha opinião, essas políticas levam tempo para dar resultado. E os nossos
governantes não se preocupem estabelecer políticas públicas efetivas de inclusão social e para a
diminuição do fenômeno. Muitas vezes, têm medidas muito mal implementadas de caráter
eleitoreiro rápido. Então, essa atuação acaba com o agravamento desta situação social, da
delinquência juvenil. O estado não tem medidas de ressocialização destes indivíduos, e considera
essas pessoas como seres humanos de segunda categoria” (A. Paes de Souza, entrevista com a
autora).
Uma das políticas públicas aplicadas pelo estado de São Paulo para prevenir e combater a
delinquência juvenil é o estabelecimento da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao
40
Adolescente (FUNDAÇÃO CASA/SP). Para muitos especialistas consiste uma política pública
problemática que precisa de mudança e melhoria nas suas medidas socioeducativas aplicadas.
“É muito comum que muitos jovens vão para a Fundação Casa fora do sistema penitenciário de
adultos. A Fundação Casa não tem condições de socializar os jovens porque não tem projetos
educacionais, atividades, não tem estrutura” (M. Batista Nery, entrevista com a autora).
“A Fundação Casa está associada com a Secretaria de Estado da Justiça e da Defensa da Cidadania.
Tem várias unidades em todo o São Paulo. O jovem até os 18 anos é imputável, ele vai para a
Fundação Casa que é um sistema de recuperação. (...) O sistema precisa imediatamente de uma
mudança. Primeiramente, políticas públicas para diminuir a maioridade penal de 18 para 16 anos”
(M. Vendrell Royo, entrevista com a autora).
A análise de conteúdo das respostas dos entrevistados sobre o tema da atuação das polícias em
São Paulo fica evidente, bem como existem duas percepções contrastantes. A primeira postura, a
dos acadêmicos e sociólogos, admite um desempenho improdutivo das polícias que às vezes
acaba ser violenta frente aos cidadãos. Além disso, identificam problemas de cooperação entre a
Polícia Militar e a Polícia Civil. Muitos especialistas criticam a organização e propõem uma
polícia não militar com uma nova estrutura bem como nada mudou de forma substantiva nos
últimos anos.
“Não existe reforma policial em São Paulo. Continuamos com o mesmo modelo adotado na década
de 1940! Se for no plano normativo, nada muda desde a Constituição Federal de 1988, o que há
são medidas de caráter incremental, o policiamento comunitário entre outras” (R. S. de Lima,25
entrevista com a autora).
“A maior parte dos países democráticos do mundo possuem polícias não militares. Em São Paulo
existem duas polícias, a militar e a civil. Dentro de cada polícia tem algumas iniciativas
modernizadoras, mas nunca mudou a organização da polícia. No Brasil uma reforma profunda só
pode ser feita se mudar a Constituição Federal que obriga os estados a ter essas polícias” (A.
Zanetic, entrevista com a autora).
“A polícia militar trata o cidadão como inimigo. Um grande número de homicídios é praticado
pelos policiais. Em São Paulo sucedem mortes pela policia, as denuncias de violência e tortura são
comuns. (...) A Conectas defende uma Proposta de Emenda à Constituição que pretende reformar
esse modelo de policias. Essa proposta defende que todas as polícias não sejam militares, com
ouvidorias externas. Uma polícia que investiga e reprime e com carreiras únicas. (...) A historia de
criação da policia é uma historia que fica muito evidente. Desde sempre foi criada para lidar com
grupos vulneráveis da sociedade brasileira. A primeira polícia brasileira tinha a ideia de proteger
o império português. Então, desde a sua historia não tem essa ideia de proteger o cidadão, mas
represar o cidadão” (R. Custodio, entrevista com a autora).
25
Vice-presidente do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
41
“A policia se vê como o instrumento que está em guerra com o cidadão. A desconfiança e o medo é
algo muito forte em São Paulo. A Polícia Militar é uma das mais violentas do Brasil com uma das
maiores taxas de letalidade policial, ou seja policia que mais mata. A capital se tem uma estrutura
de segurança muito forte e nas periferias da cidade quase não existe isso. Na periferia a policia é
violadora de direitos. Então, existe uma falsa sensação de segurança que as coisas estão
resolvidas” (M. Vendrell Royo, entrevista com a autora).
“Na relação das duas polícias existem conflitos desde muito tempo. Muitas pessoas defendem que
a polícia poderia melhorar se tivesse uma unificação. É verdade que a polícia melhorou mas ainda
é ruim. Ela se tornou menos violenta, mas ainda é muito violenta. Aqui, a polícia tem caraterísticas
diferentes em diferentes regiões do estado. Então, se observa que o comportamento e o discurso
dos policiais nas cidades do interior e em São Paulo são diferentes, são ainda mais autoritários
porque estão ligados com a hierarquia, com a necessidade de uma visão militar da polícia. Em São
Paulo se observam muitos casos de uma necessidade de uma polícia comunitária que se torna
com as necessidades da comunidade” (M. Batista Nery, entrevista com a autora).
Outra questão que os especialistas enfatizam sobre a atuação da polícia é que tem um viés racial
forte e que tem uma atuação seletiva. No imaginário dos policiais há uma imagem de que o
criminoso vai ter umas caraterísticas específicas, como ser jovem e negro, de uma região da
periferia, vestido e comportando de certa maneira. Efetivamente, os especialistas concordam
que os policiais discriminam os jovens sem ter as provas que esses jovens efetivamente
cometem o crime.
“Os jovens negros das periferias são os mais vulneráveis e mais visados pelos criminosos e pela
polícia” (L. A. F. de Souza, entrevista com a autora).
Por outro lado, a opinião dos agentes policiais aparece mais similar e homogênea que tencionam
dar uma explicação distinta. Para eles a polícia pretende ser mais cidadã e próxima à sociedade
aplicando mecanismos de patrulhamento e projetos de direitos humanos. No entanto, os fatores
da criminalidade tal como a prevenção do crime e a delinquência juvenil não consiste somente
sua responsabilidade.
“Sinceramente a polícia está bem organizada, tendo como relação o restante do serviço público.
Eu acho que o poder público precisa-se organizar muito melhor em dois pontos; o que estão antes
e depois da polícia. Nos precisamos investir bastante em educação para que a polícia não precisa
trabalhar tanto. Então, precisamos de legislação que seja cumprida, além de ser fraca. A polícia
está no meio, a educação vem antes da polícia e o setor penitenciário e judiciário vêm depois.
Segurança pública não é só a polícia. Começa na escola e nos estamos a frente da educação no
Brasil” (F. Carvalho Ricardo,26 entrevista com a autora).
“Nos temos alguns organismos importantes para o controle, a própria polícia, o próprio poder
judiciário, ministério público, etc. Todas essas instituições são importantes para o controle. Mas
não só controlar o fenômeno com a polícia. Você controla com o investimento social” (M. Lacerda
Soffner, entrevista com a autora).
“Eu não aceito que as pessoas digam que a polícia não seja importante para reduzir a violência.
São Paulo teve uma queda de 70% de violência desde 2002. Então, a polícia tem um papel
importante neste processo. Junto com o sistema de justiça criminal, a polícia faz a prevenção
efetiva. É uma polícia muito eficiente, ela tem impactos na redução da violência, porque a polícia
26
Capitão da Polícia Militar em Diadema.
42
uniformizada é a visão mais clara da presença do estado na rua. Quando a polícia está presente,
significa que o estado está atento. (...) A polícia comunitária prende 12.000 pessoas por mês. Os
policiais trabalham com os mapas de violência, então eles sabem onde tem concentração de
atividade criminosa” (José Vicente da Silva Filho,27 entrevista com a autora).
Nada obstante, os agentes policiais sublinham o ato que a polícia deve avançar e que o estado
deve investir mais no equipamento, as viaturas, as armas e sobre todo no número de policiais. A
proporção é de 90.000 policiais por 40.000.000 habitantes. Da mesma forma, eles mencionam
como problema o baixo salário mensal que recebem.
“Os funcionários são mal pagos. O policial militar para complementar a renda pelo baixo salario
acaba a fazer várias atividades fora do serviço. Então, os policiais trabalham como guardas sem
farda em postos de gasolina, numa farmácia, etc. Assim, muitos policiais começaram a morrer.
Foram assassinados nestes trabalhos. Só no ano passado foram mortos 94 policiais de fogo no
estado de São Paulo. É um número muito elevado. Se sacrificam para aumentar a renda, o seu
salário familiar que é uma necessidade. É uma luta diária. (...) Eu acho que o Governo poderia
investir mais” (L. Quemello Borges, entrevista com a autora).
“Se precisa uma polícia mais presente na rua, mais participativa e mais eficiente para a sociedade.
Mas, na prática, eu não vejo uma polícia de maneira efetiva na prevenção de delitos, ou de uma
maneira para combater a violência e reduzir o número de delitos. (...) Se precisa uma polícia que
atua de maneira rápida e de justiça eficiente. Uma polícia mais presente na rua de uma maneira
mais cidadã, mais confiável, que vai ter o seu papel, o seus limites de atuação e as suas atividades.
Uma polícia que vai ouvir o cidadão e atender as demandas que ele tem” (A. Paes de Souza,
entrevista com a autora).
“Ao mesmo tempo, é preciso diminuir a violência policial e a ferocidade das prisões em flagrante e
provisórias, que afetam as classes sociais mais baixas da população. Estas políticas agressivas, que
chamamos de estado penal e encarceramento em massa, dão ênfase à apreensão de suspeitos de
crimes, sobretudo roubos e drogas, julgamentos sumários e encarceramento ostensivo. Para
mudar este quadro mais específico, é preciso desmilitarizar as polícias, aprofundar programas de
policiamento comunitário, implementar mecanismos de controle e transparência, bem como
ampliar o escopo de medidas alternativas à prisão” (A. Zanetic, entrevista com a autora).
27
Coronel da Reserva da Polícia Militar, ex-Secretário Nacional de Segurança Pública e Membro do Fórum Brasileiro da
Segurança Pública
43
CONCLUSÕES
Hoje em dia, as violações das normas sociais, no sentido mais amplo, é uma realidade que é
influenciada por muitos fatores que, por sua vez, influem nas manifestações de convivência
social. Os delitos leves dos membros da sociedade contra a estrutura moral e legal dentro da
qual funciona a sociedade, têm muitas e várias consequências tanto na sociedade como nos
criminosos e suas relações com o resto da sociedade. Consiste uma manifestação de um modo de
vida que dificulta a convivência social e provoca a reação do estado.
Tanto a criminalidade, como a violência urbana são fenômenos sociais no sentido de que afetam
à atividade e às relações das pessoas que vivem em uma determinada comunidade. Mas,
enquanto a violência faz parte da vida, o crime é um fenômeno social complexo com diversos
aspectos.
A ciência da Criminologia ainda não conseguiu provar a existência de regras gerais para
interpretar e definir como cria-se o comportamento criminoso. No entanto, é importante
ressaltar que, finalmente, a externalização desta conduta contrapõe-se ao conceito de
normalidade em conformidade com as regras e os valores morais e convencionais.
44
Nos termos de enfrentar os problema da violência urbana e delinquência juvenil, o estado de São
Paulo formula políticas públicas específicas com o intuito da política anticriminal. A política
anticriminal pode incluir vários aspectos que contribuem para a prevenção e repressão do crime.
Concluindo as observações dos entrevistados, se o estado vai mudar a política atual, vai
conseguir a redução do fenômeno aplicando políticas públicas que apoiam a inclusão eliminando
a desigualdade e a exclusão social, apoiando os direitos humanos e melhorando o sistema de
educação e de saúde. É evidente que, através destas medidas, o objetivo é contribuir para
favorecer as condições da vida e suprimir os fatores que contribuem para a violência.
Assim, algumas das medidas tomadas para combater a violência apresentam uma mudança para
uma política anticriminal participativa e uma coprodução da segurança pública de todas as
partes interessadas no problema de controle da violência. Todas tendem a completar a
reestruturação da estrutura organizacional da polícia, melhorar a capacidade operacional para a
acusação do crime organizado adaptando a lógica de tolerância zero. Isto significa que existe
eficácia nas medidas que não pode ser completas.
Pode-se concluir que foram comprovadas as hipóteses expostas desde o inicio da pesquisa
enquanto a: [1] que as desigualdades socioeconômicas, educacionais e culturais na vida dos
excluídos e marginalizados são fatores principais para o aumento da violência urbana; [2] que os
fatores de marginalização, exclusão social e discriminação gerada pelas enormes desigualdades
sociais configuram as principais causas da criminalidade urbana juvenil no Brasil que
determinam uma reforma na polícia; [3] que, aliás dos problemas econômicos que o país tem e
que leva à violência, o papel da família é determinante já que permite ou impede a participação
na delinquência juvenil; [4] que a reforma policial no estado de São Paulo é um dos instrumentos
para a prevenção da criminalidade e a luta contra a insegurança pública, a violência urbana e a
delinquência juvenil junto com outros elementos como o apoio social e financeiro para as
famílias vulneráveis.
O Brasil não pode ser indiferente sobre o tema da prevenção e tratamento da violência urbana e
a delinquência juvenil especialmente durante a atual situação política e social. O planejamento e
a implementação de uma política anticriminal apresentam-se como necessidade para melhorar a
sensação de insegurança pública. Por conseguinte, o desafio é projetar uma estratégica política
pública integrada no setor de segurança pública, que vai dar respostas confiáveis no
enfretamento da criminalidade.
45
Anexos
1. Qual é a relação entre violência urbana e exclusão social? Existe uma relação entre violência e
pobreza?
2. É possível acabar com a violência em São Paulo? Quais as principais políticas públicas para
alcançá-lo?
3. Existem tipos de ações que podem ajudar a diminuir a violência? Existe algum modelo a imitar?
4. As parcerias do Estado de São Paulo com as organizações sociais da sociedade civil também
podem contribuir?.
5. Quais fatores explicam o fenômeno da delinquência juvenil em São Paulo?
6. Que falta nas políticas públicas de seguridade e de juventude para diminuir as taxas?
7. Como se explica o número de homicídios de jovens em São Paulo?
8. Como você avalia a reforma policial em São Paulo?
46
Lista de entrevistas realizadas
a
Miscow, Bia 1 Tenente da Polícia Militar da Base Comunitária Nova Aliança 16/12/2015
Vendrell Royo, Mario Gerente de Projetos do Instituto São Paulo Contra a Violência 16/12/2015
47
Zanetic, André Sociólogo, Pós-Doutorado em Ciência Política e pesquisador do 19/1/2016
Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo
48
Bibliografia
ADORNO, SÉRGIO (2002). ‘Crise no sistema de justiça criminal’, Ciência e Cultura; Vol. 54, No. 1;
pp. 50-51.
ADORNO, SÉRGIO; BODRINI, ELIANA B.T. e DE LIMA, RENATO SÉRGIO (1999). ‘O adolescente e
as mudanças na criminalidade urbana’, São Paulo em Perspectiva, Vol. 13, No. 4, pp. 62-74.
BEATO FILHO, CLÁUDIO (1999). ‘Políticas públicas de segurança e a questão policial’, São Paulo
em perspectiva, Vol. 13, No. 4, pp. 13-27.
CARVAHLO, JOSÉ RAIMUNDO e LAVOR, SYLVIA CRISTINA (2008). Repeat criminal victimization
and income inequality in Brazil, Revista EconomiA, Selecta, Vol. 9, No. 4, pp. 87-110.
FRAZER LIEUTENANT, DAVID (2007). The public safety concept: An alternative approach to
protecting your community, California: Commission on Peace Officer Standards and Training.
FUENTE ROMERO, DAVID (2003). ‘Políticas púbicas y seguridad ciudadana: La violencia como
problema público’, Estudios Fronterizos, Vol. 4, No. 8, pp. 13-31.
49
GEORGIOU, SOFIA (2007). Prevenção da delinquência juvenil: Violência escolar e o papel da escola.
Dissertação de Mestrado em Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e Políticas, Universidade
Panteion de Atenas.
GONÇALVES, MARCOS AUGUSTO (2013). ‘SP contra o crime’, Folha de São Paulo, São Paulo,
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcosaugustogoncalves/2013/05/1285402-sp-
contra-o-crime.shtml
LEAL, GLAUBER ANDRADE SILVA e ALMEIDA, JOSÉ RUBENS MASCARENHAS DE (2012). ‘Estado,
crime organizado e território: poderes paralelos ou convergentes? ’, XIII Jornada do Trabalho.
LEITÃO, LUIS DA COSTA e TEIXEIRA DOS REIS, HILTON (2008). ‘Teoria geral da segurança
pública’, Sitientibus, No. 38, pp. 25-33.
LIMA, RENATO SÉRGIO DE (2011). Entre palavras e números: Violência, democracia e segurança
pública no Brasil. São Paulo: Alameda editorial.
MADEIRO, CARLOS (2016). ‘Brasil piora em ranking e tem 21 das 50 cidades mais violentas do
mundo’, UOL Noticias, Maceió, http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-
noticias/2016/01/25/brasil-piora-em-ranking-e-tem-21-das-50-cidades-mais-violentas-do-
mundo.htm
MATZA, DAVID (2014). Delincuencia y deriva: Cómo y por qué algunos jóvenes llegan a
quebrantar la ley. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores.
MCNEILL, WILLIAM H. (1994). ‘A onda crescente de violência urbana: As gangues de rua são
uma antiga herança da civilização’, Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, Braudel
Papers; No. 7; pp. 3-5.
50
MISSE, MICHEL (1999). Malandros, marginais e vagabundos. A acumulação social da violência no
Rio de Janeiro. Tese em Sociologia, Faculdade de Ciências Humanas, Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro.
NJAINE, KATHIE e DE SOUZA MINAYO, MARIA CECÍLIA (2004). ‘A violência na mídia como tema
da área da saúde pública: revisão da literatura’, Ciência e Saúde Coletiva; Vol. 9, No. 1; pp. 201-
211.
O GLOBO (2014). ‘Brasil é o 11º país mais inseguro do mundo no Índice de Progresso Social’
[versão eletrônica], O Globo, São Paulo, http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/04/brasil-e-
o-11-pais-mais-inseguro-do-mundo-no-indice-de-progresso-social.html
PAZIANI PEREIRA, FERNANDA RENATA (2002). Jovens em conflito com a lei: a violência na vida
cotidiana. Dissertação de Mestrado em Psicologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
RANGEL, JAIR G. (2004). ‘Televisão em foco: a violência e suas relações psicossociais no contexto
dos telespetadores’, Revista ALCEU; Vol. 4, No. 8, pp. 51-64.
SOARES, LUIZ EDUARDO (2006). ‘Segurança pública: presente e futuro’, Estudos Avançados; Vol.
20, No. 56; pp. 91-103.
SOARES, LUIZ EDUARDO (2007). ‘A política nacional de seguridade pública: histórico, dilemas e
perspectivas’, Estudos Avançados, Vol. 21, No. 61, pp. 77-97.
SPAGNOL, ANTONIO SERGIO (2005). ‘Jovens delinquentes paulistanos’, Tempo Social, Revista de
sociologia da USP; Vol. 17, No. 2; pp. 275-299.
51
1950, 1960, 1979, 1985, 1995, 2000, 2001 e 2002. Dissertação de Mestrado em Psicologia,
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
VIEIRA OLIVEIRA, NILSON et al. (2002). Insegurança pública: Reflexões sobre a criminalidade e a
violência urbana. São Paulo: Editora Nova Alexandria Ltda.
52