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2021
COORDENAÇÃO DO CESEC
Julita Lemgruber
Leonarda Musumeci
Silvia Ramos
Coordenador adjunto
Conselho de Pesquisa
Pablo Nunes
Cecília Olliveira
EQUIPE ELEMENTO SUSPEITO Danielle Magalhães
Coordenação Joel Costa
Silvia Ramos Jota Marques
Pesquisadores Marcelle Decothé
Diego Francisco, Pedro Paulo da Silva, Itamar Silva Monica Cunha
Comunicação Rachel Barros
Juliana Gonçalves Thiago Nascimento
Gerente Thuane Nascimento
Ana Paula Andrade Wesley Teixeira
Ramos, Silvia
10 mb ; PDF
ISBN: 978-85-5969-009-5
CDD-305.8
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Anatomia das abordagens
Em 2003, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) con-
duziu a pesquisa Elemento suspeito, abordagem policial e discrimina-
ção na cidade do Rio de Janeiro (Record, 2005)[1] e encontrou resultados
surpreendentes. Aproximadamente 38% dos entrevistados tinham sido
parados alguma vez, mas as revistas corporais ocorriam em 77% das
pessoas paradas a pé na rua e em apenas 20% dos parados em carros
particulares. Brancos só tinham sido revistados em 33% das abordagens,
e pretos, em 55%. A possibilidade de comparação dos resultados de 2021
com os resultados obtidos em 2003 é uma rara e preciosa oportunidade
de pesquisa que não ocorre com frequência a um grupo de estudiosos.
Além disso, possivelmente não existe momento em que um projeto sobre
policiamento e racismo seja mais necessário no Brasil do que o atual.
Além da revisão da literatura e do levantamento de trabalhos sobre po-
liciamento e racismo realizados nos últimos anos, o CESeC está desen-
volvendo uma pesquisa que inclui um esforço de levantamento quanti-
tativo sobre proporção de pessoas abordadas; qualidade da interação
policial e opiniões a respeito das polícias e das operações policiais. Será
aplicado questionário a uma amostra aleatória e representativa em pon-
tos de fluxo. Também serão usadas técnicas qualitativas de pesquisa
(grupos focais e entrevistas). Nas pesquisas qualitativas, exploraremos
aspectos como as perguntas que os policiais fazem nas abordagens; o
que caracteriza uma revista humilhante; qual é a sensação de ter uma
arma apontada para si e como é se sentir o elemento suspeito em uma
abordagem policial.
Em resumo, a pesquisa pretende conhecer a incidência de abordagens
policiais nas ruas da cidade do Rio de Janeiro nos diferentes grupos
geracionais, raciais e territoriais; a qualidade dessas interações e as
opiniões de diferentes setores da população sobre a polícia.
Em 2021, a investigação ocorrerá apenas na cidade do Rio de Ja-
neiro. No futuro, a depender de possibilidades de apoio e financia-
mento, pretendemos realizar a pesquisa em outras cidades do país,
a partir do estabelecimento de parcerias com centros de estudos e
organizações civis.
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Falta de transparência e dificuldade
de diálogo com as polícias
Quantas abordagens, em média, um policial faz por dia? Quantas abor-
dagens os policiais de um batalhão fazem por mês? Quantas prisões,
apreensões e quantos incidentes violentos ocorrem, em média, nessas
abordagens? Qual o sentimento de um policial ao fazer uma abordagem
na rua? O que o leva a suspeitar de uma pessoa e não de outra? Quais são
os procedimentos padrão que policiais devem obrigatoriamente seguir
nas abordagens?
Ouvir policiais e obter dados das corporações têm se tornado crescen-
temente difíceis ao longo dos anos. Na pesquisa “Elemento suspeito”, há
quase 20 anos, apesar das dificuldades o CESeC teve acesso a documen-
tos internos, fez dezenas de entrevistas com oficiais, conversou com pra-
ças e fez visitas a batalhões da Zona Sul, da Zona Norte e da Zona Oeste. A
descrição desses encontros e dados está registrada no livro publicado em
2005. Nos últimos anos, o CESeC tem tido grande dificuldade de acesso
a informações das polícias e de entrevistas com membros da corporação.
Essa não é uma dificuldade específica do CESeC. Projetos são inviabiliza-
dos e etapas de pesquisas são canceladas porque aguardam autorizações
que não são concedidas.
É comum que pedidos de entrevistas e visitas fiquem meses nas gavetas de
comandos sem serem respondidos. Pedidos de LAI têm sido respondidos
frequentemente com negativas baseadas nos seguintes argumentos: “Este
pedido enquadra-se no art 14, inc II e III, do Decreto Estadual nº 46.475/18,
tendo em vista caracterizar-se como trabalho adicional, por necessitar
de interpretação e consolidação dos dados das Operações, por
OPM”. Isso é comum até mesmo em estados com governos
que se dizem progressistas.
Na presente pesquisa “Policiamento e racismo no Rio de
Janeiro em 2021”, decidimos não depender das respostas
da polícia militar para dar seguimento às etapas. Deposi-
tamos os pedidos de entrevistas, documentos e dados e
publicaremos o que for respondido pelas autoridades da
polícia militar.
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Uma estratégia que respeita
os avanços do nosso tempo
Duas importantes mudanças em relação às nossas estra-
tégias de investigação em 2003 são: em primeiro lugar,
todos os pesquisadores contratados para esta pesquisa
no CESeC são negros e especializados ou interessados na
temática do racismo. A segunda mudança é que em 2003
tivemos o apoio de ativistas do AfroReggae e da Cufa e de
estudantes do Coletivo Negro do Instituto de Filosofia e
Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ para nos explicar o que se
passava com jovens negros nas ruas do Rio. Desta vez, cria-
mos um conselho para nos ajudar a compreender, articular
e analisar em profundidade os resultados dos levantamen-
tos (ver página 18).
O presente boletim é um primeiro gesto no sentido de mobi-
lizar parceiros, aliados e interlocutores em relação ao pro-
cesso que iniciamos. Sabemos que a polícia não vai mudar
por ela mesma.
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UMA ANÁLISE DO RACISMO
SOB A ÓTICA DE NOVOS
INTERLOCUTORES
Diego Francisco
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NÃO DEBATER RAÇA
É RACISMO
Pedro Paulo da Silva
1
Renato Sérgio de Lima e José Luiz Ratton falam do campo da segurança pública
no livro “As Ciências Sociais e os pioneiros nos estudos sobre crime, violência e
direitos humanos no Brasil”
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Não debater raça é racismo_Pedro Paulo da Silva
2
O entendimento de que a polícia é uma instituição necessária em um Estado
Democrático de Direito porque garante o direito à segurança pública por ação
técnica e neutra.
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O FAVELADO PODE
SE IDENTIFICAR?
Itamar Silva
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O favelado pode se identificar?_Itamar Silva
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A POLÍCIA NÃO
MUDA, MAS A
PRESSÃO DA
SOCIEDADE, SIM
Silvia Ramos
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http://observatorioseguranca.com.br/as-policias-fluminenses-escolheram-o-confronto-e-a-
letalidade-como-metodo/
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A polícia não muda, mas a pressão da sociedade, sim_Silvia Ramos
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CONHEÇA
O NOSSO
CONSELHO
DE PESQUISA
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CONSELHO DE PESQUISA
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CONSELHO DE PESQUISA
MONICA CUNHA
Coordenadora e Cofundadora
do Movimento Moleque
“A pesquisa desnaturaliza
procedimentos baseados em
estereótipo, racismo e discriminação.
Possibilita identificar marcadores,
recorrências e efeitos pouco
considerados nas análises
quantitativas sobre a questão.”
RACHEL BARROS
Doutora em Ciências Sociais
e moradora de Manguinhos
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CONSELHO DE PESQUISA
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SOBRE ESTE RELATÓRIO
Edição - Juliana Gonçalves
Revisão - Táia Rocha
Ilustração - Miguel Morgado
Design Gráfico - Refinaria Design
Realização Apoio Apoio institucional