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Feira de Santana
2010
1
Feira de Santana
2010
2
_______________________________________________
Prof. Ms. Riccardo Cappi (UEFS)
Orientador
________________________________________________
Prof. Dr.ª Marília Lomanto Veloso (UEFS)
Membro -Titular da Banca
________________________________________________
Prof. Dr.ª Luiza Bairros (UFBA)
Membro -Titular da Banca
________________________________________________
Profª. Msc. Ludmila Cerqueira Correia (UEFS)
Membro –Suplente da Banca
3
AGRADECIMENTOS
A Jusandra, por ser a irmã que escolhi no coração, ajuda constante em todos os
momentos deste trabalho; a Elis Souza, por me dar a certeza de que nunca estarei
sozinho e por me lembrar que é possível viver, amar e ser feliz sendo carinho e
cuidado nas minhas aventuras mais audaciosas; a Maria Priscila, com quem vivi
encontros e despedidas marcadas por dores e delícias que, de algum modo,
alegram (ou não) este texto e a Vanessa Mascarenhas e Lilian Gomes, que entraram
e saíram como minhas companheiras nessa árdua caminhada do curso e da
monografia sendo, de algum modo, co-autoras da minha graduação.
valorosa contribuição à minha reflexão acadêmica sobre o povo negro sendo sempre
a vanguarda de minhas tímidas reflexões, a Hamilton Borges, por sempre convidar-
me, pela prática, a um engajamento efetivo na luta e a Vilma Reis, por denunciar
toda a branquitude machista impregnada nos porões da sociedade brasileira a que
temos sido relegados e relegadas.
A Prof.ª Luiza Bairros, por ter aceitado participar da banca examinadora deste
trabalho, apesar das suas inúmeras atividades como Secretária de Estado.
Ao MAIS UEFS, pela luta por uma universidade autônoma e democrática agradeço
em nome dos Magníficos Companheiros Zé Carlos Barreto e Washington Moura.
RESUMO
O presente trabalho estuda a noção de segurança pública entre 1988 e 2009, a partir
das políticas públicas em nível federal, destacando as tendências apontadas no
campo da política criminal e as representações produzidas pela sociedade civil e
pelo poder público na construção da idéia de segurança no país. Com base na
pesquisa qualitativa, com referência da análise indutiva dos dados o presente estudo
analisou o Plano Nacional de Segurança Pública (2000), Projeto Segurança Pública
para o Brasil (2002) e Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
(2007), identificando as categorias pelas quais estes programas interpretam,
explicam e intervém na questão da violência, enfatizando as tendências políticas
dessas classificações. No primeiro capítulo, faz-se uma apresentação dos principais
eventos sobre segurança pública, com destaque para a cobertura da mídia nacional,
com base em revisão bibliográfica e consulta às fontes escritas de jornais, revistas e
bases de dados digitais do período. No segundo capítulo, são apresentados os
programas nacionais investigados, indicando as estruturas e temas abordados,
assim como as leituras da violência e propostas de intervenção apresentados. No
terceiro capítulo, uma discussão teórica sobre neoliberalismo e democracia,
refletindo sobre a formação política do estado brasileiro, com ênfase na sua
caracterização autoritária e racista, constitutivas da idéia de “estado penitência”
formulado por Loïc Wacquant, e, por fim, uma reflexão sobre as modalidades
hegemônicas de violência – interpessoal, institucional e estrutural – em
contraposição à tese do mito do Brasil não violento formulado por Marilena Chauí,
apontando para a um novo conceito de segurança pública, a partir das abordagens
da reação social.
LISTA DE QUADROS
Cidadania ................................................................................... 81
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 12
2 UM PANORAMA DA TEMATIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA NO
BRASIL: (1988 a 2009) .................................................................................. 18
2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS: DE QUE MESMO ESTAMOS FALANDO? ............ 18
2.2 UM HISTÓRICO DO CENÁRIO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL
(1988 – 2009) ............................................................................................... 20
2.2.1 Entre a Ditadura e a Democracia: Abertura Democrática e
Segurança Pública no Brasil (1970 a 1982) ............................................ 20
2.2.2 As experiências locais e o esforço de inovação: o caso do rio de
janeiro e a eleição de Brizola (1982 – 1988) ........................................... 25
2.2.3 A Constituição Federal e a segurança pública: poucos avanços e
muitas demandas (1988) .......................................................................... 28
2.2.4 Neoliberalismo, crescimento da violência e repressão penal (1989 –
1994) ........................................................................................................... 31
2.2.5 A Era FHC e os descaminhos da segurança pública: o começo da
institucionalização e poucos avanços na integração das políticas
(1995 – 1998) .............................................................................................. 38
2.2.6 A criação da primeira Política Nacional e passos na construção da
segurança como tema nacional (1998 – 2002) ....................................... 40
2.2.7 O primeiro Governo Lula: muitas expectativas, um bom plano e
poucos avanços (2003 a 2006) ................................................................ 46
2.2.8 O segundo Governo Lula: O PRONASCI e o novo começo do debate
nacional ..................................................................................................... 49
2.3 O OBJETO TEÓRICO ................................................................................... 59
11
1 INTRODUÇÃO1
1
O Decreto nº 6.583, de 29 de setembro de 2008, que promulga o Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, assinado em Lisboa, em 1990, dispõe como período de transição o compreendido entre
1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2012, lapso este em que coexistem as duas normas
ortográficas no país. Dessa forma, é importante registrar que o presente trabalho não respeita o novo
acordo ortográfico, se baseando nas antigas regras de ortografia ainda válidas no território nacional.
2 A este respeito, é clássica na Brasil a definição do jurista Miguel Reale segundo a qual o direito é
“ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segunda uma
13
integração normativa de fatos segundo valores.” REALE, Miguel. Lições Preliminares de direito. 20ª
Ed., São Paulo: Saraiva, 1975, p.67.
3 Neste sentido, cumpre destacar as reflexões do Prof.º Augusto Sérgio São Bernardo, em sua
dissertação de mestrado defendida em 2006 na UnB, sobre a relação entre identidade e direito a
diferença, na perspectiva de refletir sobre os conceitos de raça, estado, direito e intersubjetividade.
Tal pesquisa de mestrado traz importantes contribuições na construção de outras narrativas sobre o
direito e seu lugar na modernidade, inclusive no que se refere à contestação da clássica definição de
direito como fato, valor e norma defendida pelo jurista Miguel Reale. A leitura e a discussão deste
trabalho, ao lado da leitura da obras consagradas do direito crítico brasileiro (Antonio Carlos Wolkmer,
Luis Alberto Warat, José Geraldo de Souza Júnior, Edmundo Arruda Jr. e Boaventura de Souza
Júnior), foram decisivos para a concepção de direito e de fato jurídico que orientam esta monografia,
posto que permitiram uma abordagem mais ampla e contextualizada da temática da emancipação e
da alteridade no mundo jurídico, fundamentais para os pressupostos teóricos e políticos da presente
reflexão. Ver: BERNARDO, Augusto Sérgio S.. Identidade racial e direito a diferença. Xangô e
Thémis. Dissertação (Mestrado em Direito, Estado e Sociedade) – Mestrado em Direito, Universidade
de Brasília – UnB, Brasília: 2006.
14
4 Quanto a questão das mortes ocorridas em operações policiais e/ou pela ação de milícias ou grupos
de extermínio destaquem-se as várias denúncias ocorridas nos últimos 20 anos como o Relatório da
CPI dos Grupos de Extermínio do Nordeste da Câmara dos Deputados, que demonstrou a
sistemática de execuções ilegais na região; o Relatório da CPI das Milícias na Assembléia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro, que diagnosticou o funcionamento de grupos paramilitares de execução
em mais de 171 comunidade cariocas; os indicativos de violência policial contra comunidades rurais
apontados pela CPMI da Terra, em 2005; ou ainda as insistentes denúncias de Organizações Não
Governamentais como a Human Rights sobre a Força Letal e a Violência Policial nos estados do Rio
de Janeiro e São Paulo, apontando o aumento do número de homicídio praticados por policiais entre
2000 - 2009 e o Relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre execuções sumárias,
extrajudiciais ou arbitrárias no Brasil, apresentado à sociedade em novembro de 2007 que
recomendou medidas urgentes para o combate à violência policial no país.
5 Segundo pesquisa elaborada pela UNESCO em parceria com o Ministério da Justiça e o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública o Brasil é o quarto país em taxas de homicídio (27 por 100mil) num
ranking composto por oitenta e quatro nações, sendo que, entre os jovens, o Brasil sobe para a
terceira posição internacional apresentando uma taxa de homicídios de 51,7 por 100 mil habitantes,
um número extremamente alto em comparação com os padrões mundiais. Segundo esta mesma
pesquisa tais índices de letalidade obedecem a uma “geografia de vulnerabilidade” de modo que,
segundo o Projeto Juventude e Prevenção da Violência “a vítima de homicídio no Brasil tem um perfil
bem definido: ela é jovem, masculina, negra e mora em áreas marcadas pela exclusão
socioeconômica e pela precária presença do Estado, com destaque para municipalidades com alta
proporção urbana.”
15
pesquisa, uma mediação interativa em que a realidade pode ser analisada com tudo
o que de complexo ela apresenta.
Busco, neste trabalho, o rigor científico e metodológico necessários à
validação científica do mesmo e não prescindo, portanto, da busca pelo rigor
metodológico, pela boa utilização das técnicas e pelo aprofundamento teórico
exigido para uma monografia de conclusão de curso. Contudo, o que tento fazer
inicialmente é zelar pelo pressuposto ético de dizer claramente de onde se fala e,
com isto, afastar, desde logo, qualquer interpretação reducionista daquilo que
gostaria de chamar de engajamento intelectual.
A investigação que ora se apresenta em forma de monografia é uma
incursão sobre a forma pela qual o tema da segurança pública foi sendo
apresentado na agenda pública nacional (entre 1988 e 2009) compondo-se, então,
como um trabalho dividido em três capítulos cuja articulação passamos a apresentar.
No primeiro capítulo faz-se uma apresentação da forma com que, no
Brasil, a questão da segurança pública foi sendo tematizada a partir da Constituição
de 1988, indicando o cenário no qual se desenrolaram os processos de elaboração
dos documentos objeto desta investigação científica – os planos nacionais de
segurança pública. Do ponto de vista metodológico, construiu-se tal cenário a partir
de uma pesquisa nos jornais e revistas da época e, sobretudo, através da consulta
dos dados eletrônicos sistematizados nos portais de notícia de circulação nacional
possibilitando a recomposição da representação midiática da violência e da
segurança pública nos últimos 22 anos.
No segundo capítulo, pretende-se uma apresentação dos dados obtidos
na pesquisa empírica, com a descrição sistematizada da estruturação dos
programas, associada a análise da sua estrutura, dos temas abordados, das
explicações da violência e das propostas de intervenção para o controle da violência,
com o objetivo de oferecer ao leitor um panorama do que dizem os programas e, de
quais as grandes tendências – explicativas e de intervenção – identificadas na
apreciação dos próprios documentos.
Por fim, no quarto e último momento busca-se retomar alguns elementos
teóricos da conjuntura de formação da política criminal brasileira, com ênfase na
formação autoritária do estado brasileiro e na articulação da idéia de “estado
penitência”. Dentro da perspectiva de uma sociedade racista e neoliberal, pretende-
se analisar as modalidades de violência praticadas no Brasil, bem como as suas
17
Significa, como bem analisa Vera Malaguti, uma base político ideológica
sobre a qual vai se estruturar o modelo de formulação e gestão em segurança
pública no país, inclusive nos anos posteriores à Constituição de 1998, pois,
9 Scuderie Le Cocq ou Esquadrão Le Cocq é uma organização extra-oficial criada por policiais no Rio
de Janeiro, por volta de 1965, e que atuou nas décadas de 60, 70, 80 e no começo de 90.
10 O Esquadrão da Morte foi uma organização surgida no final dos anos 1960 que eliminava supostos
1978, ocorreu uma manifestação de vários grupos negros em São Paulo. Reunidos nas escadarias do
23
Teatro Municipal protestaram contra a morte sob torturas do trabalhador negro Róbson Silveira da Luz
e a discriminação sofrida por quatro atletas juvenis negros, expulsos do Clube de Regatas Tietê, em
São Paulo. Durante o ato público que acompanhou a manifestação, ocorreu a unificação de várias
organizações negras, nascendo assim o Movimento Negro Unificado, mais conhecido como MNU
(...).MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. O Negro no Brasil de hoje. São Paulo: Global,
2006, p. 129.
12 A formação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, que depois passou a se
intitular apenas Movimento Negro Unificado (MNU), contestava a idéia de que se vivia uma
democracia racial brasileira, idéia que os militares adotaram na década de 1970. Mas a questão racial
também não encontrava lugar nas organizações de esquerda. Para a maioria delas, a desigualdade e
o preconceito raciais eram decorrentes da exploração da classe dominante no sistema capitalista.
Para a esquerda, só a revolução socialista poderia aniquilar toda e qualquer desigualdade, por isso
não fazia sentido uma luta específica contra o racismo. Ao eliminar a desigualdade social,
automaticamente se eliminaria a desigualdade racial – era assim que a maioria da esquerda pensava.
ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de, FILHO, Walter Fraga. Uma História do Negro no Brasil. Brasília:
Fundação Palmares, 2006, p. 290.
13 Destaque-se nesse período a legalização de partidos políticos que sobreviveram clandestinamente
no país como o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e o PSB (Partido Socialista Brasileiro), a
fundação do Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos Trabalhadores e do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra, bem como uma evidente revitalização das Pastorais Sociais da
Igreja Católica, das Pastorais da Juventude, das Comunidades Eclesiais de Base, das Comissões
Brasileiras de Justiça e Paz, bem como de várias outras importantes organizações populares no país.
24
14Dentre as lideranças que foram exiladas e que retornaram no fim da década de 70 por conta da Lei
de Anistia destacam-se Miguel Arraes, que em 1982 fora eleito Deputado Federal pelo PMDB e em
1986 eleito Governador de Pernambuco; Waldir Pires, que regressara em 1970 tendo sido eleito
Governador da Bahia em 1986; Leonel Brizola que fora eleito Governador do Estado do Rio de
Janeiro em 1982 após o exílio em Paris e João Capiberibe que fora eleito Prefeito de Macapá em
1988 e em seguida Governador do Amapá em 1994 e 1998.
25
Assim, neste estudo que pretende analisar a forma pela qual a questão da
segurança foi tematizada no país o Rio de Janeiro assumirá muitas vezes um
destaque maior como forma de demonstrar aquilo que, mesmo tendo acontecido em
nível estadual foi alçado pela representação da mídia como caso nacional
merecendo uma análise destacada neste estudo.
Além disso, Brizola desenvolveu ainda ações “de caráter social” com
destaque para os CIEP’s (Centros Integrados de Educação Pública) e o “Cada
Família um lote”, programa de habitação popular, ambos destinados a promover
inclusão social e reduzir os índices de segregação nas favelas alterando os rumos
das políticas de educação antes desenvolvidas no Rio de Janeiro.
15 A noção de “sentimento de segurança” é uma noção complexa que neste trabalho é usada como
forma de identificar uma certa representação hegemônica sobre o assunto sem contudo afirmar que
este “sentimento” fora aferido empiricamente através de pesquisas científicas, pois, em matéria de
vitimologia, são raras no país as pesquisas abalizadas tratando do período. Ao afirmarmos que não
se produzira um sentimento de segurança referimo-nos à representação majoritária de jornalistas da
época que falavam de um forte “medo social” sem pretender esgotar os usos acadêmicos da
expressão. Sobre o assunto valemos prioritariamente dos achados do Prof. Luiz Eduardo Soares
indicados no texto: SOARES, Luiz Eduardo; SENTO-SÉ, João Trajano. Estado e segurança pública
no Rio de Janeiro: dilemas de um aprendizado difícil. Janeiro de 2000. Publicado no site:
http://www.ucamcesec.com.br
16 A trajetória política do governador Leonel Brizola tem sido objeto de inúmeras investigações
acadêmicas não só na área de segurança pública, mas também no campo da ciência polícia,
27
sociologia e história em pesquisas que buscam compreender o significado das suas gestões a frente
do governo do Rio de Janeiro bem como o impacto político de suas idéias no cenário político
nacional. Sobre o brizolismo, nome pelo qual se designa a corrente política liderada por Brizola, ver:
SENTO-SÉ, João Trajano. Brizolismo: estetização na política e carisma. Rio de Janeiro: Fundação
Getúlio Vargas, 1999.
17 Novamente cumpre ressaltar que ao afirmarmos que há um aumento da sensação de insegurança
não estamos minimizando o significado do conceito de “sensação de segurança”, idéia muito cara à
reflexão vitimológica. Usa-se a expressão apenas como forma referenciar uma maior cobertura da
violência pela mídia e, portanto, uma maior inserção do tema na agenda pública, aspecto fundamental
para os fins deste trabalho.
28
18O governo do presidente João Baptista Figueiredo (1979 – 1985), apesar das resistências, deu
continuidade à abertura política iniciada no Governo anterior [Governo Geisel 1974 – 1979]. “(...)Sob
pressão, cada vez maior da sociedade. Além do MDB, a oposição ao regime era liderada pela Igreja
Católica e outras instituições, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação Brasileira
de Imprensa (ABI) e vários sindicatos, entre eles o dos Metalúrgicos do ABC, liderados por Luís Inácio
da Silva, o Lula.
O governo Figueiredo foi marcado por intensa mobilização popular, destacando-se, além das greves
por melhoria de salários e pela democracia, inúmeras manifestações, reivindicando o fim do regime
29
de exceção, a anistia aos condenados por razões políticas e as eleições direitas para todos os níveis
de governo.
A pressão popular surtiu efeito, e as conquistas vieram gradativamente: fim do bipartidarismo, em
1979 (...); anistia a todos os punidos pelo regime militar, sendo esta lei de iniciativa do Executivo
(1979), possibilitando o retorno imediato ao Brasil de numerosos exilados políticos; reestabelecimento
das eleições diretas para governados (1982).
Aos pouco, a ditadura militar definhava, enquanto o ideal da redemocratização se fortalecia. Apesar
dos esforços de Figueiredo para eleger um sucessor militar ou um civil controlável pelos militares, seu
governo seria o último da ditadura, que terminaria com as eleições presidenciais de 1985.” DUARTE,
Gleuso Damasceno. Jornada para o nosso tempo: o mundo contemporâneo. Vol. 4, Belo Horizonte:
1997, p. 141.
19 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para
20 Fala-se em sintoma como forma de identificar que a questão da segurança pública não era
tematizada na fala dos candidatos como uma questão sobre a qual repousavam reclamos por direitos
sociais, estabilidade política, cidadania e participação social, mas, pelo contrário, apenas como uma
percepção sensorial da criminalidade registrada, como uma demanda por proteção por parte da
classe média ou como uma sensação de que era preciso estabelecer limites aos setores sociais
desenfreados ou estabilidade à falta de coesão social.
32
21 Neste cenário, de derrocada dos regimes do Leste Europeu e queda do Muro de Berlim nascia
como receituário em matéria econômica o neoliberalismo que influenciou decisivamente o programa
do presidente Collor que, influenciado pelas tendências econômicas norte-americanas, proponha uma
inserção brasileira no mundo neoliberal.
33
22 Para as finalidades deste estudo referimo-nos ao período de 1990 a 1993 como um único governo,
contudo, é importante esclarecer que o governo do Presidente Fernando Collor de Melo vai de 01 de
janeiro de 1990 a 02 de outubro de 1992 quando assume o seu vice-presidente, Itamar Franco que
comanda o país até 31 de dezembro de 1993.
23 Tais dados são apresentados no livro “Por um novo modelo de polícia no Brasil” de autoria de
Benedito Domingos Mariano. Segundo o autor, estes números foram publicados conforme
determinado pela Resolução n.º 168 da Secretaria de Segurança Pública, de 7 de maio de 1998. Tais
resolução foi elaborada pelo secretário interino de Segurança Pública, após a Ouvidoria de Polícia do
Estado de São Paulo descobrir que os dados oficiais publicados anteriormente não eram completos.
34
Direta, transmitido pela Rede Globo de Televisão e o Brasil Urgente, transmitido pela
Rede Bandeirantes de Televisão a partir de dezembro de 2001.
que crescem os famosos “arrastões” nos bairros de classe média com forte
cobertura midiática; por outro, avança a idéia de uma criminalidade controlando o
estado, notadamente através dos magnatas do jogo do bicho com forte penetração
nas comunidades populares e poder de influência nos poderes públicos e, por fim,
crescem visivelmente as ocorrências de chacinas com participação de agentes da
força policial (SOARES; SENTO-SE, 2000).
26 Em amplos setores dos movimentos sociais o Viva Rio é conhecido como “Viva Rico” numa
referência à sua formação majoritariamente composta por setores empresariais e da elite fluminense
inseridos no movimento de terceiro setor, sem enraizamento e relação com movimentos sociais mais
populares. Sobre esse assunto, o pesquisador Nilo Batista pronunciou-se de modo peremptório
afirmando que o Viva Rio era um “movimento social de proveta (...) para ajudar a alavancar 1994,
quando o neoliberalismo ia se estabelecer com Fernando Henrique e Brizola ia ser ferrado.” BATISTA,
Nilo. “Todo crime é político”. Caros Amigos, São Paulo, v. 77, p. 28-33, ago. 2003. Entrevista
concedida a Hugo R. C. Souza, Luciana Gondim, Maurício Caleiro, Paula Grassini, Rodolfo Torres e
Sylvia Moretsohn.
27 Sobre a crítica ao marketing social e a exploração de situações de desigualdade e injustiça ver o
filme “Quanto vale ou é por quilo” faz uma grande crítica as ONGs e suas capitações de recursos
junto ao governo e empresas privadas
37
estado democrático de direito. Sob esse contexto foi eleito, novamente, tendo como
principal oponente o candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, o ex-Ministro da
Fazenda do Governo Itamar, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso que, numa
controvertida aliança com o pernambucano Marco Maciel (PFL) que, diferentemente
do FHC, não só atuou como colaborou na articulação política dos governos militares
tendo sido deputado federal pelo ARENA, partido de apoio à ditadura, eleito
presidente da Câmara dos Deputados em 1977 e, em seguida, Senador biônico por
indicação do presidente Geisel.28
28A eleição presidencial brasileira de 1994 foi decidida no primeiro turno quando Fernando Henrique
Cardoso, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), elegeu-se com 55% dos
votos válidos seguido por Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), que
obteve 27,04% dos votos e por Leonel Brizola, Partido Democrático Trabalhista (PDT), com apenas
3,18% da preferência do eleitorado. Nesta eleição, candidataram-se ainda: Enéas Carneiro (PRONA);
Orestes Quércia (PMDB); Esperidião Amin (PPR); Carlos Antônio Gomes (PRN) e Hernani Goulart
Fortuna (PSC).
39
tratar de um mendigo.
29 Sobre o caso do índio Galdino ver: FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas
e outros escritos. São Paulo, SP: Ed. UNESP, 2000.v.
30 O presidente Fernando Henrique Cardoso, Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), foi
reeleito em primeiro turno com 53% dos votos válidos, com o apoio do Partido da Frente Liberal (PFL)
e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) tendo em segundo lugar Luiz Inácio Lula
da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT) com quase 32% dos votos. Além dos dois primeiros
colocados a disputa pela presidência em 1998 contou com outras dez candidaturas: Ciro Gomes
(PPS); Enéas Carneiro (PRONA); Ivan Moacir da Frota (PMN); Alfredo Sirkis (PV); José Maria de
Almeida (PSTU); João de Deus Barbosa de Jesus (PT do B); José Maria Eymael (PSDC); Thereza
Tinajero Ruiz (PTN); Sergio Bueno (PSC); Vasco Azevedo Neto (PSN).
41
31NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR. Direção: Kátia Lund, João Moreira Salles. Roteiro:
Kátia Lund, João Moreira Salles. Elenco Original: Nilton Cerqueira, Carlos Luís Gregório, Paulo Lins,
Hélio Luz, Rodrigo Pimentel e Itamar Silva. Rio de Janeiro: 1999. 1 DVD (57min), color.
43
não atendia aos requisitos mínimos que o tornassem digno daquela designação.”
(SOARES, 2007, p.26) ressalta Luiz Eduardo Soares apontando os limites desta
pretensa política do Governo FHC produzida como resposta às demandas
insistentemente apresentadas como drama cotidiano da sociedade brasileira.
32 ÔNIBUS 174. Direção: José Padilha. Roteiro: José Padilha. Produção: José Padilha e Marcos
Prado. Rio de Janeiro: Rio Filme, 2002. 1 DVD (150min), color.
33 CIDADE DE DEUS, Direção: Fernando Meirelles. Roteiro: Bráulio Montovani. Elenco original:
Leandro Firmino da Hora, Douglas Silva, Alice Braga e Matheus Nachtergaele. Rio de Janeiro: O2
Filmes, 2002. 1 DVD (130min), color. Baseado no livro “Cidade de Deus” de Paulo Lins.
46
34 Em 2002, Lula (PT) venceu José Serra (PSDB) no segundo turno, tendo obtido 61,27% contra
38,72% do seu oponente. No primeiro turno, Luis Inácio Lula da Silva (PT) havia obtido 46,44%,
seguido de José Serra (PSDB), com 23,19%; Anthony Garotinho (PSB) com 17,86%; Ciro Gomes
(PPS) com 11,97%; José Maria de Almeida (PSTU) com 0,47%; e, Rui Costa Pimenta (PCO) com
0,04%.
47
no país ou, mesmo, uma nova gramática para a tematização deste assunto. Pelo
contrário, persistiram vários cacoetes oriundos de outras experiências institucionais
e, dentro do próprio governo, faltou empenho na incorporação dos avanços políticos
por ele mesmo anunciados. Ainda em 2003, no primeiro ano do Governo Lula, no
mês de outubro, fora demitido o então Secretário Nacional de Segurança Pública,
alegando não ter encontrado espaço para a aplicação do plano que fora construído
para subsidiar a intervenção do Governo Federal no setor. (SOARES, 2007, p. 90)
35 Em 2006, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi reeleito no segundo turno com 60,83% dos votos válidos
contra 39,17% do seu adversário, o ex Governador de São Paulo, Geraldo Alckmim (PSDB). No
primeiro turno foram candidatos: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que obteve 48,61% da preferência do
eleitorado; Geraldo Alckmin (PSDB) com 41,64%; Heloísa Helena (PSOL), com 6,85; Cristovam
Buarque (PDT) com 2,64%; Ana Maria Rangel (PRP) com 0,13%; José Maria Eymael (PSDC) com
0,07%; Luciano Bivar (PSL) com 0,06% e Rui Costa Pimenta (PCO) com 0,00%.
50
filme Tropa de Elite36 e pela divulgação dos dados da Operação Pan, no Rio de
Janeiro, chefiada pela Força Nacional de Segurança, que, só em 27 de junho, foi
responsável pela morte de vinte e uma pessoas em uma operação que contou com
1.350 agentes policiais e 1.080 fuzis, pondo em evidência nacional o caso do
Complexo do Morro do Alemão37 e motivando a reação política de amplos setores do
movimento social das favelas.
36 TROPA DE ELITE. Direção: José Padilha. Roteiro: José Padilha, Rodrigo Pimentel, Bráulio
Montovani. Produção: Marcos Prado e José Padilha. Co-Produção: Elianee James D’Arc. Rio de
Janeiro: 2006. 1 DVD (117min.), widescrem, color. Baseado no livro “Elite da Tropa” de Luiz Eduardo
Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel.
37 O Complexo do Alemão é um complexo de várias favelas na Zona Norte do Rio de Janeiro, que
tem como núcleo o Morro do Alemão. O bairro foi construído sobre a serra da Misericórdia, uma
formação geológica de morros e nascentes naturais, quase toda destruída pela construção do
Complexo. Restam poucas áreas verdes na região, apesar dos esforços de preservação
empreendidos por determinadas organizações atualmente. Ainda há poucas áreas de mata e alguns
pontos de nascentes de rios que são usados como fonte de água pela população. Todavia, logo após
a nascente, os rios já se tornam valões de esgoto. Boa parte da serra foi destruída devido às
pedreiras, muito comuns na segunda metade do século XX. Hoje em dia tal empreendimento é
proibido na região, considerada Área de Proteção Ambiental, embora subsistem algumas ilegamente.
Nacionalmente, a região ficou conhecida pelos altos índices de criminalidade e tráfico de drogas,
notadamente após a exibição da reportagem “Feirão das Drogas” exibida pelo programa televisivo
semanal Fantástico (Rede Globo) na qual mostrou a venda de drogas no Complexo. A matéria foi
produzida pelo jornalista Tim Lopes que foi morto supostamente a mando de Elias Maluco, um
comerciante de drogas da região.
51
Nacional.
38
Esta é uma versão resumida. A versão completa da tabela elaborada para subsidiar este capítulo
encontra-se no Anexo A desta monografia.
55
Erradicação do trabalho infantil, com vistas a uma ação particularmente voltada para
crianças de área urbana em situação de risco, à semelhança do que já ocorria na
área rural.
Acerca da redução do consumo de drogas e apoio à recuperação de
dependentes o programa previa a formação na modalidade e ensino a distância de
agentes multiplicadores, numa parceria entre a SENAD e a UnB com a distribuição
de 90mil bolsas de estudo para tal finalidade. Quanto à assistência de mulheres
vítimas de violência a previsão do PNSP foi de um programa de construção de
"Abrigos para Mulheres em Situação de Risco" renovando os esforços para
disseminação da campanha "Uma Vida Sem Violência é Um Direito Nosso".
Quanto à promoção do esporte, cultura, lazer, cidadania e formação
comunitária são apresentadas ações ligadas a reforçar o programa "Agente Jovem
de Desenvolvimento Social e Humano", cujo público alvo são jovens de 15 a 17 anos
residentes na periferia urbana; bem como desenvolver programas de promoção de
atividades esportivas, culturais e de lazer, voltados preferencialmente ao público
jovem e à população em situação de risco; além da implantação de Centros
Integrados de Cidadania em áreas críticas da Grande São Paulo, Grande Rio de
Janeiro e cidades do entorno do Distrito Federal, onde funcionarão unidades
integradas do Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e polícias, e
de outros serviços públicos voltados para as demandas básicas do cidadão como
implementação do programa bolsa escola e incentivo as ações de articulação e
cooperação entre a comunidade e autoridades públicas com vistas ao surgimento de
grupos de autoproteção comunitária que possam desenvolver estratégias de ajuda
mútua e de requisição de serviços policiais.
Ainda na esfera das parcerias com os governos estaduais o PNSP previu
um eixo ligado à capacitação e ao aparelhamento das polícias (B.6) com iniciativas
como a criação do Fundo Nacional de Segurança Pública, apoio a polícias estaduais
e comunitárias, de fortalecimento dos direitos dos policiais (moradia, salário,
estímulo a formação etc.), reaparelhamento as polícias, estímulo à terceirização dos
serviços burocráticos dentro das corporações, núcleo de combate a impunidade e
criação de órgãos de controle externo da atividade policial.
Por fim, é apresentado na esfera de cooperação com os governos
estaduais o eixo do aperfeiçoamento do sistema penitenciário (B.7) com o propósito
de reduzir os altos índices de reincidência e o déficit de vagas então identificado.
69
Por fim, o PNSP prevê ainda uma quarta esfera de atuação destinada às
medidas institucionais ligadas à criação do Sistema Nacional de Segurança Pública
que pretendia a construção de uma base de dados mais sólida, por meio da criação
de um sistema nacional de segurança pública que aprimore o cadastro criminal
unificado – INFOSEG, e da criação do Observatório Nacional de Segurança Pública,
dedicado à identificação e disseminação de experiências bem sucedidas na
prevenção e no combate da violência.
70
41 Assessor Especial para Segurança Pública da Prefeitura de Porto Alegre (2001); professor
Licenciado do IUPERJ e da UERJ e professor visitante das Universidades de Columbia, de Pittsburg
e de Vírginia, Instituto Vera de Justiça, Nova York; ex-Subsecretário de Segurança e Coordenador de
Segurança, Justiça, Defesa Civil e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro (entre janeiro de 1999 e
março de 2000)
42 Professor de Direto Processual Penal da Universidade Cândido Mendes (1975); ex-Deputado
Federal pelo Partido dos Trabalhadores do Rio de Janeiro (1999 – 2000); foi Procurador Geral de
Justiça do Estado do Rio e Janeiro (1984 – 1986; 1991 – 1995) e Assessor Jurídico da Comissão
Justiça e Paz – Rio de Janeiro
43 Foi Ouvidor Geral do Município de São Paulo (2001 – 2002); Ouvidor da Polícia do Estado de São
Paulo (1995 – 2000) e primeiro Coordenador Executivo do Fórum Nacional de Ouvidores; Fundador
do Movimento Nacional de Direitos Humanos.
44 Ex-Prof. Titular de Filosofia do Direito no Curso de Graduação e no Mestrado em Direito Público do
Departamento de Direito da Universidade de Brasília (1989 – 2009); foi Consultor Jurídico do Governo
do Distrito Federal; ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; ex-Coordenador de
Extensão da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília..
71
45 Período em que o Governo contava com as indicações orçamentárias do Plano Plurianual 1999 –
2003 e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2003, aprovada em 2002 ainda com a Legislatura
anterior no Congresso Nacional
72
Eixo Ações
A.1 Reformas substantivas na esfera da
união e dos estados,
A.2 Reformas substantivas na esfera
municipal;
A - Reformas estruturais A.3 Mudanças constitucionais relativas às
agências policiais,
A.4 Mudanças relativas a persecução penal:
o inquérito e o Ministério Público.
No segundo eixo, dos temas prioritários, o PSP 2002 trouxe uma série de
indicações, metas, objetivos, prazos e ações organizados segundo grupos
estratégicos de intervenção com base na articulação entre prevenção e repressão
dentro da proposta de uma resposta ampla e sistêmica à questão da segurança
pública. Já no seu capítulo introdutório o PSP 2002 apresenta como tema relevante
a questão da prevenção da violência (B.1), da problemática das drogas (B.2), do
combate ao seqüestro(B.3) e dos princípios para uma Nova Polícia (B.4), temas
centrais à compreensão deste Projeto.
Eixos Temáticos
Modalidade de Intervenção
A.1 Modernização das instituições de
segurança pública e do sistema prisional
A.2 Valorização dos profissionais de
A - AÇÕES ESTRUTURAIS
segurança pública e agentes penitenciários
A.3 Enfrentamento à corrupção policial e
ao crime organizado
B.1 Território da Paz
B - PROGRAMAS LOCAIS B.2 Integração do jovem e da família
B.3 Segurança e convivência
Fonte: Coleta de dados - 2010.
Elaboração: Felipe Freitas
Quadro 4 – Estrutura do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
A – Ações Estruturais
B – Programas Locais
Ainda no campo das ações dos programas locais o Pronasci prevê o eixo
integração do jovem e da família com ações estabelecidas através dos programas:
a) Protejo – Proteção dos Jovens em Território Vulnerável , que prevê ações de
assistência, formação e inclusão social mediante o pagamento de bolsas de R$
100,00 por mês durante o ano para os jovens atendidos, b) Reservista Cidadão que
prevê a formação de jovens oriundos do serviço militar como multiplicadores em
oficinas sobre direitos humanos, cidadania e ética, em áreas conflagradas pela
84
Ademais, cabe ainda destacar que o PSP 2002 traz – com exclusividade
em relação aos demais documentos – o tema da política nacional de acesso a
justiça, de um programa nacional de redução dos homicídios de jovens e da
necessidade de reforma no atual sistema de persecução penal.
Por fim, temos ainda o Pronasci que traz, como inovação temática, as
questões das tecnologias não-letais, da força nacional de segurança pública e da
necessidade de um programa de combate ao tráfico de pessoas.
48 “Por ‘biopolítica’ Foucault entende ‘a maneira como se tentou, a partir do século XVIII, racionalizar
os problemas postos à prática governamental pelos fenômenos próprios a um conjunto de viventes
constituídos em população: saúde, higiene, natalidade, longevidade, raças...’ Não podemos dissociar
todos esses problemas específicos da vida e da população do quadro da racionalidade política no
interior do qual eles apareceram e adquiriram sua acuidade. A saber, diz ele, o ‘liberalismo’
(FOUCAULT, Michel. Naissance de la biopolitique. Cours au Collège de France (1978 – 1979). Paris:
99
Seuil/Gallimart, 2004, p. 323)” MAGALHÃES, Theresa Calvet de. Violência e/ou Política. In: PASSOS,
Izabel C. Friche (org.). Poder Normalização e Violência: incursões foucaultianas para a atualidade.
Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008, p. 24 -2 25
100
Uma vez (que, os negros) atrás das grades, são ainda submetidos às
condições de detenção mais duras e sofrem as violências mais
graves. Penalizar a miséria significa aqui “tornar invisível” o problema
negro e assentar a dominação racial dando-lhe o aval do Estado.
(WACQUANT, 2001, p. 77).
49 Poderíamos ainda refinar mais a análise para falar de violência simbólica ou outros tipos de
violência, mas, para as finalidades e limitações deste trabalho restringimo-nos à três formas citadas
como suficientes para apresentar um panorama do que aqui se pretende analisar.
50 Este quadro está publicado em: CAPPI, Riccardo. Mediação e Prevenção da Violência. In:
VELOSO, Marília Lomanto, AMORIM, Simone, LEONELLI, Vera (org). Mediação Popular: uma
alternativa para a construção da justiça. Salvador: 2009, p. 30.
105
51
Ao enfatizarmos que esta análise refere-se ao caso brasileiro não estamos excluindo a hipótese de
que, em outros países tais tendências se confirmem e se reforcem, mas, apenas ressaltando que os
estudos feitos nesta monografia circunscrevem-se ao caso nacional, não permitindo generalizações
internacionais sobre o tema.
106
52 Em termos criminológicos tal questão tem sido formulada em termos de “sociedade do bem” contra
“sociedade do mal” referindo-se à hegemonia maniqueísta que associa a violência a uma idéia de mal
e o crime à noção ontologizada de pecado, culpa, dívida. Tal questão é reeditada mais
contemporaneamente seja nas perspectivas de “neutralização/eliminação” seja nas perspectivas de
“direito penal do inimigo”. Ver: ZAFFARONI, Eugênio R.. O inimigo do direito penal. Trad.: Sérgio
Lamarão, 2ª Ed.,Rio de Janeiro: Revan, 2007.
107
53 Tal expressão refere-se ao tipo de organização em que a noção de pena ocupa lugar central.
110
O PSP 2002, ao seu passo, inclusive por causa dos elementos presentes
à sua elaboração – devidamente destacados nos capítulos precedentes, aborda a
questão das “violências contra as minorias” enfatizando o seu papel na constituição
do fenômeno da violência no país, incorporando, portanto, a dimensão da violência
estrutural e da violência simbólica.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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GOMES, Luiz Flávio. Ano de eleição: mais uma lei dos crimes hediondos?
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KAMINSKI, Dan. Contrôle social et réaction sociale. Bruxelas. UCL, 14 abr -24
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ÔNIBUS 174. Direção: José Padilha. Roteiro: José Padilha. Produção: José Padilha
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REALE, Miguel. Lições Preliminares de direito. 20.ed., São Paulo: Saraiva, 1975.
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RODRIGUES, Lúcia. Quatro anos depois da maior chacina, ninguém foi punido.
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SANTANA, Inocêncio de C. Direito Penal Brasileiro: 500 anos depois. In: Revista
Jurídica da UNEB. Ano I, n.º 1, Juazeiro, p. 129 – 139, jun./2003.
TELLES, Vera da Silva. Direitos Sociais: afinal do que trata?. Belo Horizonte: Ed.
UFMG, 1999.
TROPA DE ELITE. Direção: José Padilha. Roteiro: José Padilha, Rodrigo Pimentel,
Bráulio Montovani. Produção: Marcos Prado e José Padilha. Co-Produção: Elianee
James D’Arc. Rio de Janeiro: 2006. 1 DVD (117min.), widescrem, color. Baseado no
livro “Elite da Tropa” de Luiz Eduardo Soares, André Batista e Rodrigo Pimentel.
ÚLTIMA PARADA – 174. Direção: Bruno Barreto. Roteiro: Bráulio Montovani. Elenco
Original: Michel Gomes e Marcello Melo Jr.. Rio de Janeiro: Globo Filmes, 2008. 1
DVD (110min), color.
VARELLA, Drauzio. Estação Carandiru. 2. Ed., São Paulo: Companhia das Letras,
2001.
ZARAFONI, E. Raul. O Inimigo do Direito Penal. Trad.: Sérgio Lamarão. 2.ed., Rio
de Janeiro: Revan, 2007.
ANEXO
123
Fatos marcantes da política nacional Planos nacionais de Fatos e eventos do meio acadêmico
Fatos ligados a violência e segurança pública
ANO relacionados à temática da segurança Direitos Humanos e ligados à temática da segurança
com ampla cobertura da mídia nacional
pública e direitos humanos Segurança Pública pública
1988 - 05/out. Promulgação da Constituição Federal
- 15/nov. Eleições Presidenciais (1º Turno) - Dez. Sequestro do empresário Abílio Diniz
- Durante as eleições presidenciais Maluff fez
uma campanha que tinha entre seus propósitos
agravamento das penas para crime de estupro
seguido de morte em que ele afirmava: Tá
bom, está com vontade sexual, estupra mas
não mata”que foi entendido como uma
1989
apologia ao estupro e gerou grande comoção
social contra o candidato,
- 17/dez. Eleições Presidenciais (2º Turno)
- Aprovada no Congresso Nacional a Lei
8.072/90 que altera a definição de crimes
hediondos
- 15/mar. Posse do Presidente Fernando Collor - Jul./90 – Chacina de Acari RJ – Onze Jovens
-15/ nov. Eleições Estaduais – Brizola seqüestrados por policiais
(segundo mandato RJ) e Fleury (SP)
- Em 25/jul. sancionada a Lei 8.072 que dispôs
1990 sobre os crimes hediondos e determinou o
cumprimento de pena privativa de liberdade
em presídios de seg. máxima, proibiu fiança e
ampliou o prazo de prisão temporária,
- Out./1994 – Vitória de FHC Primeiro Turno - O então Promotor de Justiça Biscaia desbarata
- O homicídio qualificado foi incluído no rol a fortaleza do bicheiro Castor de Andrade
1994
dos crimes hediondos (Lei Daniela Perez) Lei - out. – Castor de Andrade é preso em Curitiba
8.930/94
- 01/jan - Posse de FHC - Criação da Secretaria -Ago. – Massacre de Corumbiara - Loïc Wacquant leciona por cinco
- Hélio Luz (PT) dirige a Divisão anti- de Planejamento de - Dez. – Início das transmissões do Cidade semanas como professor visitante da
seqüestro do RJ e em seguida parte para a Ações Nacionais de Alerta (Rede Record) UFRJ
Chefia da Polícia Civil. A partir deste ano o Segurança Pública –
RJ passa a verificar uma queda no número de SEPLANSEG, MP 813,
1995
seqüestros. de 1º de janeiro de 1995
- Jan./95 – Operação de Ocupação das favelas
cariocas pelo Exercito Brasileiro (Operação
RIO)
- Entre 1995 e 97- O Sec. de Segurança
125
Pública do RJ instituiu a “gratificação
faroeste”como ficou conhecida entre os
movimentos sociais a “promoção por
bravura”, “gratificação por mérito” concedida
aos PM’s nas operações “contra o tráfico no
RJ,
-Out./96 Eleições Municipais - Plano Nacional de - Lançamento do Filme “Quem matou Pixote?” - Sérgio Adorno defende tese de livre
- realizada a 1ª Conferência Nacional de Direitos Humanos 01 - Spike Lee e Michael Jackson pediram docência sobre A gestão Urbana do
Direitos Humanos autorização a Marcinho VP (Dona Marta) para Medo e da Insegurança
gravar um clipe e isso vira caso de investigação
no RJ – nesse episódio João Moreira Sales
1996 conhece Marcinho VP
- Abr. – Massacre de Eldorado dos Carajás
- jun. – Assassinato de PC Farias
- Primeira prisão de Fernandinho Beira Mar
(BH)
- Set./97 – O Sec. de SEc. Pública do RJ Hélio - 17/abr. - Criação da - 20/abr. – Assassinato do índio Galdino
Luz fora demitido em episódio midiático Secretaria Especial de - Campanha da Fraternidade sobre a questão
Direitos Humanos carcerária
- Set./1997 – Criação da - É criado no Brasil um escritório do Instituto
Secretaria Nacional de Latino-Americano das Nações Unidas para
Segurança Pública Prevenção do Delito e Tratamento do
Delinqüente (Ilanud)
1997 - Ago – Estudante de Direito de SP fazem
campanha pelo recolhimento de armas de fogo,
- Jan. – Foi criado o Instituto Sou da Paz
- Nov. Durante Seminário São Paulo sem medo,
promovido pela Rede Globo, NEV – USP e
Roberto Marinho foi lançado o Instituto SP
contra Violência,
- Eleições Presidenciais – FHC Eleito - Publicação da Lei nº - Dez. – Seqüestro de Wellington Camargo - Apresentação do texto “Difíceis
Primeiro Turno 9.649, de 27 de maio de (Irmão de Zezé di Camargo) – até março de Ganhos Fáceis – drogas e juventude
- Eleição de Garotinho tendo Luiz Eduardo 1998 que dispõe sobre a 1999 pobre do Rio de Janeiro”
1998
Soares como Sec. de Segurança Pública estrutura da SENASP - Uma série de estupros e assassinatos
- No Amapá o Governador João Capiberibe praticados por Francisco de Assis conhecido
adota um plano inovador em matéria de como o Maníaco do Parque em SP
126
segurança pública com bolsas formação para
policiais e adoção do Sistema Unificado de
Seg. Pública
- 19/Jun Por meio de MP 1669 e do Decreto
2632 foi criada a Secretaria nacional de
políticas sobre drogas e
- Aprovadas no Congresso Nacional as Lei
Leis 9.677/98 e 9.695/98 que tratam do
conceito de crimes hediondos,
- Eleições Municipais - 20/06/2000 - - 12/jun. – Seqüestro do Ônibus 174 - Luiz Eduardo Soares publica Meu
- Luiz Eduardo Soares foi demitido pelo Gov. Lançamento do PNSP - ago. – Assassinato de Sandra Gomide Casaco de General
Garotinho (Governo FHC) com os praticado pelo jornalista Pimenta da Veiga - Foi criado o CESEC – Centro de
- Posse de José Gregori como Ministro da PIAPS - A Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Estudos Segurança e Cidadania
Justiça Arquidiocese de Salvador lançam, como livro, o ligado a Universidade Cândido
- 20/ago. - Publicado no DOU portaria do relatório “A outra face da moeda” que trata do Mendes
CNPCP instituindo comissão para elaborar aumento significativo do número de mortes na - O NEV lança a Coleção “Polícia e
Documento 'referente ao Plano Nacional de cidade de Salvador. Este relato torna-se Sociedade” que publicou uma série
2000 Segurança Pública, constituída pelos emblemático em todo o país e é usado como de traduções clássicas do estudo da
Conselheiros Jose Benedicto De Azevedo fonte de informações para militantes do polícia no Brasil, bem como lançou
Marques (Presidente), ANA SOFIA Schmldt movimento social contra a violência policial. livro brasileiro pioneiros na temática,
DE OLIVEIRA (Relatora), Rosa Maria
Cardoso De Oliveira, Eleonora De Souza Luna
E Eduardo Real
21/Dez. – Decreto 3695 cria os Subsistemas
de Inteligência de Segurança Pública no
âmbito do Sistema Brasileiro de Inteligência,
127
– Experiência da administração de Porto - fev./2001 – Institui o - Campanha da Fraternidade sobre a questão das - A ativista do movimento social
Alegre – Tarso Genro Fundo Nacional de drogas Cecília Coimbra publica o livro:
- Realização da CPI do Narcotráfico Segurança Pública Operação Rio – o mito das classe
- Posse de Aloysio Nunes Ferreira Filho como - Entre 1996 e 2001 há entre RJ e SP uma perigosas: um estudo sobre a
Ministro da Justiça alteração no perfil do número de seqüestros. violência urbana, a mídia impressa e
Enquanto em SP esse tipo de crime cresceu em os discursos de segurança pública.
RJ essas ações diminuíram – Abr/2001 com a presença do autor,
- Seqüestro da Filha de Silvio Santos. No o Instituto Carioca de Criminologia
primeiro trimestre de 2001 – 154 casos de lança simultaneamente no Brasil três
seqüestro em SP livros de Loïc Wacquant: As prisões
- fev./2001 – Uma série de rebeliões em da miséria, Os condenados da cidade
presídios de SP 4coordenadas pelo PCC e Punir os pobres
- Greve da PM BA, CE, MG e SP
- Prisão de Fernandinho Beira Mar na Colômbia
onde tinha apoio da Guerrilha - abr./2001 – As
2001
autoridades discutem qual será a destinação de
Beira Mar
- mai./2001 – Fernandinho Beira Mar depõe na
CPI do Narcotráfico
- jun./2001 – Fernandinho Beira Mar depõe na
CPI do Roubo de Cargas
- Ago./2001 – A Rede Globo exibe a reportagem
“Feirão das Drogas” produzida pelo jornalista
Tim Lopes, retratando o comércio de drogas no
Complexo do Alemão – RJ;
- Nov. – 106 presos fogem do presídio do
Carandiru – A maior fuga da história
- dez./2001 – Estréia do programa Brasil
Urgente (Rede Bandeirantes)
- Eleições presidenciais – Vitória do Lula - Fevereiro de 2002 - - Lançamento do Filme Cidade de Deus
- Introdução do Blindado Caveirão nas Apresentação do Plano - Lançamento do Documentário Ônibus 174
políticas de segurança públicas do RJ Nacional de Segurança - Em jun./02 Elias Maluco, tido
2002 - Posse de Miguel Reale Jr. como Ministro da Pública (Instituto como sócio de Beira Mar, é acusado de torturar
Justiça Cidadania) e matar o repórter da Globo Tim Lopes
- Posse de Paulo de Tarso Ramos como - Lançamento do PNDH - Beira Mar comanda uma rebelião no Presídio
Ministro da Justiça 02 Bangu I
128
-Em set./02 prisão de Elias Maluco
- Out./2002 – Suzane Von Richthofen e os
irmãos cravinhos matam os pais de Suzane sob
coordenação da mesma,
- Jan./Posse de Lula - Apresentação da 1ª - Jan/2003 – O homicídio da Sr.ª Maria do - O NEV desenvolve o projeto “O
- Aprovação do Estatuto do Desarmamento; Versão da Matriz Carmo Alves praticado por Farah Jorge Farah Policiamento que a sociedade deseja”
- Fev./2003 – o Secretário de Seg. Pública do Curricular de Formação com requintes de crueldade em SP na cidade de São Paulo,
RJ, Josias Quintal, declara: “Nosso bloco está - Mar./2003 – Morte de Marcinho VP (Dona - Apresentação da tese de Doutorado
na rua e, se tiver que ter conflito armado, que Marta) da Prof.ª Vera Batista “O Medo na
tenha. Se alguém tiver que morrer por isso, - 16/04/2003 – Chacina do Borel – Quatro cidade do Rio de Janeiro”
que morra. Nós vamos partir pra dentro” por jovens mortos pela polícia na entrada da favela
ocasião da implantação da Operação Rio – RJ
Seguro - Out./2003 – Os jovens que mataram o índio
- 28/04/2003 – Posse de ‘'Garotinho como Galdino são encontrados bebendo fora do
2003 Secretário de Segurança Pública do RJ (até horário permitido no livramento condicional por
set. / 2004) uma equipe de reportagem do Correio
- CPI dos Grupos de Extermínio NE Braziliense,
– Jan. / 2003 - Luiz Eduardo Soares a frente da - Nov./2003 – Assassinato de Liane Friendebach
SENASP; e Felipe Caffé por um adolescente fugido da
- Entrevista de Nilo Batista a Caros Amigos CASE – SP, este episódio reascendeu o debate
- Posse de Márcio Thomas Bastos como sobre redução
Ministro da Justiça
- Out./2003 – Demissão de Luiz Eduardo
Soares
- Out./02 – Eleições Municipais - Criação da Força - A PF desencadeia a Operação Sathiagara que - Lançamento do livro Guerra Civil –
- Em 2004, a Força Nacional realizou sua Nacional de Segurança resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas; Luis Mir
primeira operação de ajuda no Pública - Morte do dentista negro Flávio Sant’Anna - Lançamento do livro Abusado –
restabelecimento da ordem pública – Espírito morto por PM’s no aeroporto de SP Caco Barcellos
Santo - O CESeC UCAM inicia pesquisa
pioneira sobre a forma pela qual a
2004
imprensa cobre a questão da
violência no país.
- Vera Batista publica o livro “O
medo na cidade do Rio de Janeiro:
dois tempos de uma história”
discutindo a historiografia da
129
violência na cidade,
- Realização do Referendo das Armas - Primeira revisão da - Assassinato da Ir. Dorothy Stang - É publicado o livro Cabeça de
- Realização da CPI das Armas – Câmara dos Matriz Curricular - 30/03/2005 - Chacina da Baixada (RJ) Porco
Deputados Nacional supostamente em retaliação pela morte de 2 - Vilma Reis defende a dissertação de
- Jun. 2005 - Realização da CPI dos Bingos – PM’s mestrado intitulada Atucaiados pelo
Senado Federal - mai. / Lançamento da Campanha Reaja na BA Estado – As políticas de segurança
- Apresentação do Relatório da CPI dos como reação ao aumento do número de mortes implementadas nos bairros populares
Grupos de Extermínio no Nordeste de jovens no estado. de Salvador e suas representações
- Lançada a Política Nacional sobre Drogas (1991-2001)
2005 coordenado pelo Gabinete de Segurança - Mai./2005 – Cristina Buarque de
Institucional da Presidência da República Holanda publica o livro Polícia e
(Resolução 03/2005) direitos humanos
Política de Segurança Pública no
Primeiro Governo Brizola (Rio de
Janeiro: 1983-1986) fruto de sua
dissertação de mestrado orientada por
João Trajano Sento Sé.
- Eleições Presidenciais – Vitória do Lula - mar./06 – A Anistia Internacional inicia uma - É publicado o livro Elite da Tropa
- Aprovação da Nova Lei de Drogas campanha com entidades brasileiras contra o - É publicado livro Segurança tem
- CPI do Tráfico de Armas uso do Caveirão no RJ saída
- Gestão de Luiz Eduardo Soares na Pref. De - Em 19 de março de 2006, o Fantástico passou - É publicado o livro Síndrome da
Nova Iguaçu como Sec. de Prevenção da a exibir o documentário Falcões – Meninos do Rainha Vermelha
Violência e Valorização da Vida Tráfico - É criado o Fórum Brasileiro de
- Sancionada a Lei Maria da Penha - 21 e 28 de março de 2006 – O PCC coordena Segurança Pública
- Por meio do Decreto 5.912/2006 se alteraram uma série de atentados em SP
as competencias da SENAD (Secretaria - Abr./2006 – O Fantástico exibe uma entrevista
Nacional Sobre Drogas) de Suzane Von Richtofen em que ela é orientada
2006
pelo advogado a encetar um teatro como forma
de se inocentar do crime. Tal entrevista gera
grande comoção nacional,
- Jun./2006 – Advogado do PCC é preso
- jun./2006 – Na sede da Bovespa reuniram-se
organizações de SP para combater a violência e
discutir os atentatos de maio na cidade. Diante
da conjuntura foi criado o Fórum de Cidadania
Contra a Violência coordenado pelo Inst. SP
contra violência,
130
- 13/08 a Rede Globo é obrigada a exibir o
manifesto do PCC
- Set. a out. 2005 – Prisão de Maluff
- Nov. – Sergio Cabral, Governador Eleito do
RJ, declara-se contra a utilização do Caverão,
- Posse de Lula - 20/08/2007 - - Lançamento do Filme Tropa de Elite - Pela Editora Revan é publicado o
- Posse de Tarso Genro como Ministro da Lançamento do - Fev./2007 – Um policial pisa na cabeça de um livro Acionistas do Nada do
Justiça PRONASCI jovem negro que estava sendo acusado de Delegado Carioca Orlando Zaconne,
- Antonio Biscaia assume a SENASP assaltar uma turista espanhola, contudo, se com prefácio de Vera Malaguti,
- Mai/07 – Está sendo lançada por meio da comprova que o jovem não havia feito nada. A
SENAD a Política Nacional sobre Álcool foto aparece na mídia e os movimentos sociais e
- Posse de Beltrame como SSP – RJ (até o reagem com várias manifestações.
presente momento) - Fev./2007 Assassinato do menino João Hélio-
- Realização da Operação Pré-Pan Coordenada - 27/jun – 21 pessoas são mortas e 09 feridas em
pela Força Nacional operação conjunta da SSP RJ com a Força
- Operação para atuar no auxílio da Nacional no Complexo de Morros do Alemão, A
2007 preservação da Ordem Pública dos municípios operação contou com a participação de 1.350
goianos de Luziânia, Novo Gama, Valparaíso agentes policiais, a utilização de 1.080 fuzis,
de Goiás e Cidade Ocidental. A operação 180.000 balas e teve duração de cerca de oito
começou em outubro de 2007 e terminou em horas. Após o término da operação, o Estado
agosto de 2008. – Força Nacional divulgou a apreensão de 14 armas, 50
explosivos e munição de 2.000 balas,
supostamente em poder de traficantes.
- Nov./2007 – É descoberta em Abaetetuba no
Pará uma adolescente de 15 anos presa em uma
cela com 30 homens e sendo abusada
sexualmente.
- Set./2008 – Greve da Polícia Civil de SP - Lançada a 3ª Versão da - Término da exibição do programa Linha
- Out./08 – Eleições Municipais Modificada e ampliada Direta
- Primeira reunião de Ministros de Segurança da Matriz Curricular - Lançado o filme “Ultima Parada 174”
das Américas Nacional para Formação - fev./2008 – A Revista Carta Capital lança
- Instalada a CPI das Milícias na ALERJ – O de Professores de matéria de capa sobre a violência policial
2008
Dep. Marcelo Freixo fora ameaçado Segurança Pública destacando o caso do jovem Djair de 16 anos,
- CPI do Sistema Carcerário morto pela polícia baiana. A matéria repercutiu
- Operação Jogos Para e Panamericanos e ao nacionalmente e foi amplamente divulgada por
término dos jogos, foi criada a Operação setores da sociedade civil,
específica para atuação na orla e pontos - Mar. 2008 – Prisão de Juan Carlos Abadia
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turísticos do Rio de Janeiro, vias expressas e traficante colombiano preso em SP
Complexo do Alemão - Mar./2008 – Morte de Isabela Nardoni,
-Agosto - Apresentação do Relatório do estrangulada pela madrasta e jogada da janela
Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre pelo pai,
execuções sumárias extrajudiciais, sumárias - 30/mar. – O Fantástico exibe uma entrevista
ou arbitrárias no Brasil com foco para os casos em que o casal Alexandre e Anna Carolina
do RJ e de SP, Jatobá falam sobre o ocorrido. A entrevista
- Operação realizada no período de abril a alcança altos níveis e audiência e causa grande
novembro de 2008, no intuito de apoiar o comoção nacional.
Sistema Estadual de Segurança Pública, - 15/abr. – O comandante do 1° Comando de
através de patrulhamento motorizado visando Policiamento de Área (CPA) coronel Marcus
a diminuição do índice de criminalidade, Jardim declarou que “A PM é o melhor
principalmente dos crimes contra a vida, na inseticida social” em referência à ação da
região metropolitana de Maceió e adjacências. polícia militar na Vila Cruzeiro, onde foram
– Força Nacional mortas nove (9) pessoas e feridas seis (6).
- No período de 24 de novembro e terminou - 14/jun. – Três jovens são mortos após terem
dia 21 de dezembro de 2008, executando sido presos por policiais do exército e entregues
ações de policiamento de proximidade com a a traficantes no Morro da Providência – RJ
comunidade nas Capitais dos Estados do Rio - Out./2008 – O seqüestro da Jovem Eloá que
de Janeiro e Acre, e no Distrito Federal; a fim ficou por oito dias em poder do namorado e
de apoiar os órgãos componentes do sistema acabou morta quando da invasão da polícia,
de segurança pública locais na segurança do - A polêmica envolvendo a liberação do
lançamento do Projeto “Territórios de Paz”. banqueiro Daniel Dantas ocupa parte
- Em 04/dez. – O Presidente Lula visitou o significativa da imprensa nacional.
Complexo do Alemão, junto com um forte - PM’s matam o menino João Roberto no RJ;
aparato de segurança mobilizado pela Força - dez./2008 – o Programa Domingo Espetacular
Nacional, em que lançou o programa da Rede Record exibe entrevista com Beira mar
“Territórios da Paz” sobre sua vida no presídio
- Constituição da CPI da Violência Urbana - Lançamento do PNDH - Campanha da Fraternidade sobre a questão da - O Laboratório de Análise da
- Mar./2009 – Prisão do ex-Comandante da 03 Segurança Pública Violência da UERJ lança relatório
PM BA - A Favela de Paraisópolis SP é ocupada por sobre o índice de homicídios de
- Ago./09 – realização da 1ªCONSEG uma operação militar em parceria entre PM SP e adolescentes demonstrando as
2009 Governo Federal (PRONASCI). As invasões de tendência de aumento da letalidade
casa pela PM e a reação dos Policiais cria um das ações policiais nos últimos anos.
crime de terror na comunidade. Em março/2009 O Relatório tem grande impacto na
a Caros Amigos traz matéria em que afirma que mídia.
o “ar está irrespirável” na favela. - O Fórum Brasileiro de Segurança
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- Morte de Isabela Nardoni Pública apresenta, em parceria com o
- Dezembro – Apresentação do Relatório da PRONASCI, os primeiros resultados
ONG Human Rights Watch sobre Violência do programa Juventude e Prevenção
Policial e Segurança Pública no RJ e em SP da Violência com o índice de
vulnerabilidade juvenil a violência
em municípios com mais de 100mil
hab.